w w w. o n f i r e s u r f m a g . c o m OUT.NOV.2013
nº65 _ ano XI
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bimestral _ pvp cont 3€ [iva 6% inc]
*O original, desde 1952
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#coverstory #localtrip Não poderá haver melhor situação possível do que ter um Spotlight alinhado para uma edição e esse surfista estar durante uma semana seguida com o nosso fotógrafo da casa num sítio com altas ondas. Foi exactamente este cenário que se tornou realidade para esta edição. Depois de passar uma semana em S. Miguel, Açores, para competir no Prime, juntamente com o fotógrafo da casa ONFIRE, que se encontrava na ilha para, além de toda a competição, captar o free surf, Zé Ferreira voltou para o continente e continuou o seu trabalho.
Não que nos Açores ambos não se tivessem certificado que tinham fotos de excelência para esta grande entrevista mas os dois queriam mais e melhor! E foi o que fizeram em Peniche!... Sabem quando é que nós, ratos do escritório, sabemos que um trabalho não poderia ter sido melhor feito? Quando além de excelentes fotos para o interior de uma edição temos a rainha, aquela foto que nos faz babar e que sabemos o seu destino de imediato, a capa! Zé Ferreira fez assim a sua segunda capa na ONFIRE com este técnico slob em Peniche, shot este que tem o posicionamento aquático de mestre do nosso homem das lentes! photo by carlospintophoto.com C R É D I T O S O N F I R E S U R F 6 5 The Freakin’ Director Nuno Bandeira | The Psycho Editor António Nielsen | Editores de Fotografia António Nielsen + Carlos Pinto + Nuno Bandeira | Arte & Design Marcelo Vaz Peixoto | Fotógrafo Residente Carlos Pinto [www.carlospintophoto.com] | Photo maniacs Bruno Smith . Diogo Soutelo . João Pedro Rocha . Jorge Matreno . Pedro Ferreira . Sérgio Villalba . Tó Mané | Escribas colaboradores João Rei . Marcos Anastácio . Miguel Pedreira . Mikael Kew . Ricardo Vieira . Zaca Soveral | Contabilidade Remédios Santos | Departamento Comercial António Nielsen | Proprietário Magic Milk Shake Produção Audiovisual, Lda | NIPC 506355099 | Impressor Lisgráfica | Distribuição Vasp | Tiragem MÉDIA 10.000 exemplares | Revista bimestral #65 | Registo no ERC nº 124147 | Depósito legal nº 190067/03 | Sede da Redacção|Sede do Proprietário Rua Infante Santo nº39, 1º Esqº, 2780-079 Oeiras | Mail staff@onfiresurfmag. com | Interdita a reprodução de textos e imagens.
Voltámos, aliás, António Silva, Nicolau von Rupp e Miguel Blanco, juntamente com alguns nomes internacionais, voltaram à Cave num daqueles raros dias em que a mais perigosa onda de Portugal, que no passado apelidamos de Backdoor Português, esteve épica! O resultado desta louca sessão de surf, que durou uma tarde inesquecível, é o que podes ver mais à frente! Mas antes de lá chegares, prepara-te bem para sentires o perigo a correr-te pelas veias! photo by André Carvalho|Goma
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#surftrip Além de Zé Ferreira, vários outros nomes do surf português competiram no Prime dos Açores, o SATA Airlines Azores Pro. Tiago Pires, Frederico Morais, Vasco Ribeiro, Marlon Lipke e o local Jácome Correia, além da competição, não desperdiçaram uma única sessão de free surf neste paraíso português! É o resultado desses momentos “behing the competition scenes” que podes ver nesta surf trip repleta de momentos fotográficos de sonho! photo by carlospintophoto.com
#spotlight #welovephotos O surfista do Guincho, Zé Ferreira, iniciou este ano um ataque à seria ao WQS, sendo, juntamente com Frederico Morais e Vasco Ribeiro, dos poucos que decidiram seguir o árduo caminho deste circuito. Neste seu Spotlight falanos de como é viver esse sonho (que muitas vezes é um pesadelo) e de como está a planear a sua carreira de surfista profissional! Sem dúvida uma inspiração para quem pretende seguir este caminho! photo by carlospintophoto.com
Acreditas se te dissermos que temos mesmo orgasmos quando temos pela frente fotos que sabemos que são perfeitas para o melhor artigo de fotografia de surf existente em Portugal? Descobre o que nos levou a esse climax já a partir da página 66! photo by carlospintophoto.com
Depois de termos feito um tributo à altura do ano mais divertida para ser surfista com a nossa edição #welovesummer, chegou a altura de fazer o mesmo pela altura mais intensa e recompensadora de estar no mar, o Inverno. Mas desta vez não será com uma edição especial dedicada ao tema mas sim com um desafio e um prémio para quem mais se destacar no Inverno. Para tal juntámos alguns parceiros e patrocinadores e criámos o Moche Winter Waves, um concurso que irá premiar dois dos surfistas mais destemidos do Inverno português. Dividido em duas categorias, maior onda e melhor onda, qualquer surfista nacional poderá participar e disputar um prize money bastante interessante. Para isso apenas terá que esticar os seus limites e, claro, ter a onda filmada. Poderás saber mais sobre este concurso a partir de dia 25 de Novembro em www.onfiresurfmag.com/ mochewinterwaves. Por isso já sabes, prepara as tuas “guns” que o prémio do Inverno pode ser teu!!! António Nielsen
As ondulações do Inverno começam a revelar-se... Será aqui que a melhor onda do Inverno vai ser surfada? photo by carlospintophoto.com
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Recentemente tive o prazer de ir filmar com o “louco” dos slabs gigantes e cavernosos, António Silva! Acordei às 5 da manhã para arrancar, juntamente com o Blanco e o Rámon (que é responsável por meter o Tony nestas ondas com a sua mota de água), em direcção à Ericeira para surfar na destemida Cave. O Blanco estava maluco desde a última sessão que lá tinha tido – que foi simplesmente épica – ah, e apenas “por acaso”, podes vê-la nesta edição! -, enquanto Tony, mais experiente, aparentava uma tranquilidade de quem faz aquilo todos os dias (e se não o faz é porque não há ondas dessas todos os dias). A sessão acabou por sair furada pois o vento entrou mais cedo que o esperado e a Cave estava simplesmente má. Um outro slab, algures para o norte da Ericeira, acabou por salvar a manhã mas durante estas horas que passámos juntos o Tony aproveitou para me “dar na cabeça”. “Então publicam um filme da Cave e nem metem os nomes dos portugueses?!? É só John John?”. Nesse excelente filme, os surfistas não estava identificados mas na realidade vacilámos quando o colocamos online pois no texto de introdução não falámos nem de Tony nem de Blanco. “Salvou-me” de mais “massacre” o facto de Tony e Rámon conhecerem o nosso trabalho suficientemente bem para saberem que foi mesmo um vacilo, daqueles que infelizmente acontecem mesmo que nunca queiramos que eles aconteçam, pois eles sabem que se há coisa que a ONFIRE representa é o surf português, e como sempre o digo, desde o nosso dia 1. Nesse dia comprovei mais uma vez o que já sabia, e é por isso que te digo com toda a honestidade que António Silva é genuinamente um daqueles surfistas que não faz o que faz para que o seu nome corra o mundo, seja quando apanha as maiores ondas na Nazaré ou se mete nos maiores slabs por esse mundo fora, como o mundo viu recentemente na Costa da Morte, Galiza. Ele acredita num tipo de trabalho que nós defendemos também desde o nosso primeiro dia: aquele que é feito com qualidade e profissionalismo. E esse tipo de trabalho é recompensado, infeliz e estranhamente, muitas vezes mais tarde do que outros tipos de trabalho... No caso da dupla António Silva e Rámon Laureano, essa recompensa traduz-se em patrocínios que lhes permita continuar a meter o nosso país no mapa dos maiores “malucos” de ondas gigantes” do mundo. Apesar desse dia ainda não ter chegado, sabemos e acreditamos, também por experiência própria, que chegará! Se tal não acontecer, comerei o meu chapéu com sal e pimenta! Nuno Bandeira
| 14 Foi este slab algures na Ericeira que salvou a sessão para António Silva, que inicialmente era para acontecer na Cave. Apesar desta direita estar longe da intensidade da Cave, não deixa de ser uma onda difícil, tanto de surfar como de acesso… photo by Vasco Lazaro
*Personaliza a cor do teu grip com mais de 60 combinações possíveis.
Sabemos que Tomás Valente adora várias coisas na vida. Obviamente que uma delas é surf. Outra é uma cervejinha gelada, principalmente se esta for bebida na praia depois de uma boa surfada, num dia de sol e na companhia da sua dama! Este shot capta na perfeição esses dois amores de Tomás, e deixou-nos a pensar se este não poderia ser um registo que de alguma forma mágica capta o Tomás no presente - a surfar - e, ao mesmo tempo, no seu futuro. Se assim for, olhando para a sua figura no futuro, a reforma do surfista de Caxias/ Carcavelos - como gosta de se intitular - parece perfeita pois espera-o uma bela cadeira de praia, uma bela companhia feminia e uma bela cerveja! Só é mesmo pena aquela barriga de cerveja e aquela curvatura de costas mas não se pode ter tudo! photo by Jorge Matreno _
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Muitos são, ao longo da História, os casos em que homens e animas gritam aos céus, seja por raiva, alegria, amor ou qualquer outro sentimento incontrolável. E esse ritual ainda hoje está presente nos genes de muitos dos seres que caminha à face do nosso planeta. Três exemplos do passado e do presente: os antigos druidas gostavam de bradar aos céus encantos místicos, os cães e lobos continuam a uivar à lua, principalmente em noites de lua cheia, e, também nos dias de hoje, Nicolau Von Rupp não consegue não deixar de berrar em extâse completo aos céus depois de dar um tubo de sonho em Supertubos. photos by Tobias Ilsanker _
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20 _ Numa altura em que procuramos fotos onde o enquadramento tenha mais do que surfista e onda, não continuam a deixar de aparecer fotos onde a simplicidade do triângulo surfista-onda-estilo é de tal forma equilátero que essa foto se torna numa daquelas obrigatórias para publicarmos na ONFIRE. Este aéreo de Alex Botelho em Marrocos é o exemplo perfeito dessa perfeição triangular, e é por isso que se encaixa nesta fabulosa XPression. photo by Al Mackinnon
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Dia 22 de Agosto chegava ao fim a prestação de Carina Duarte no Swatch Girls Pro, um WQS de 6 estrelas realizado em Capbreton, França. Em boas ondas de um metro, Carina eliminou algumas ex-tops do WWCT, garantindo um excelente 13º lugar. A grande vencedora da etapa foi a norte-americana Courtney Conlogue, pelo segundo ano consecutivo. Menos de uma semana depois, Carina estava de volta ao nosso país, mais propriamente a Aveiro, onde venceu o Miss Sumol Cup, uma etapa que contava para o ranking feminino nacional. Na final a surfista da Ericeira derrotava Camilla Kemp (2º), Ana Sarmento (3º) e Constança Coutinho (4º), e assumia a liderança do ranking! No mesmo dia seria Zé Ferreira a fazer o primeiro grande resultado da sua curta carreira no WQS. Foi no Pantin Classic, uma etapa de 3 estrelas em Espanha, que o surfista do Guincho mostrou o seu valor e fez vários heats com notas altíssimas. Na final, e apesar de ter feito uma nota de 9.2, Ferreira acabou em quarto lugar atrás de Billy Stairmand, Carlos Munoz e Steven Pierson. Marlon Lipke foi o segundo melhor atleta nacional e terminou em 7º lugar. | photo by ASPEurope A primeira etapa Prime do ano, em território nacional, o Sata Airlines Azores Pro, terminou no dia 8 de Setembro com a vitória do brasileiro Thomas Hermes, em boas ondas na Praia de Santa Bárbara, São Miguel, Açores. Seis surfistas portugueses participaram desta etapa, quatro deles como wildcards, ,mas foi Frederico Morais quem avançou mais, sendo eliminado no round 2. | photo by ASPEurope O Gran Canaria Santa Pro, uma etapa de 3 estrelas a contar para o circuito Pro Junior realizada entre 13 e 15 de Setembro nas Ilhas Canárias, teve algumas das piores ondas do circuito. Como agravante, este era uma etapa muito decisiva, pois os pontos que ofereciam seriam essenciais na disputa pelo título. Vasco Ribeiro mostrou muito surf ao longo do evento mas perdeu nas meias finais man-onman contra o italiano Leonardo Fioravanti, que acabou por vencer a etapa e ficar muito perto de conseguir o título. Carina Duarte também teve uma boa prestação neste evento, terminando em quarto lugar na final.
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Dia 22 de Setembro realizou-se a derradeira etapa do circuito Pro Junior, o Surf Rias Baixas Pro, de duas estrelas. Quando Vasco Ribeiro chegou à final o título já estava fora das suas mãos pois Leonardo Fioravanti tinha conseguido o primeiro título deste circuito alguma vez conseguido por um surfista italiano. Ao terminar em 3º lugar, Vasco acabou na mesma posição no circuito, ficando assim qualificado para o finalíssima onde será definido um campeão mundial júnior. Teresa Bonvalot também marcou presença na final, terminando em 4º lugar na prova feminina, que foi vencida por Johanne Defay. | photo by ASPEurope No mesmo dia mais alguns título Europeus seriam decididos no Azores Eurosurf 13. A selecção nacional teve uma boa prestação neste evento mas o último dia não correu bem, ficando assim na 3º posição. Ruben Gonzalez na Categoria Sénior juntamente com Hugo Pinheiro na BodyBoard foram os únicos a conseguir títulos individuais de campeão Europeu. Também Rodrigo Herédia esteve muito perto e quase levou a Categoria Master, ficando assim em segundo lugar atrás de Dani Garcia. | photo by Tiago Segurado
No dia 27 de Setembro o Allianz Cascais Pro, última etapa da Liga Moche, ia já no segundo dia de prova na Praia do Guincho. Ao vencer a sua bateria do round 3 Frederico Morais garantiu o seu primeiro título da Liga. Frederico eventualmente perdeu na fase seguinte para Marlon Lipke, que acabaria por conseguir a vitória na final contra Nicolau Von Rupp na final do dia seguinte! Também o título feminino seria decidido nesta etapa, e foi Carina Duarte quem conseguiu acabar na frente do ranking, sagrando-se assim campeã nacional. A final desta etapa seria vencida por Camila Kemp! | photos by Pedro Mestre/Liga MOCHE O EDP Cascais Girls Pro Presented by Billabong terminou no dia 5 de Outubro com boas ondas na Praia do Guincho. Este evento ficou marcado pelo título mundial de Carissa Moore, conseguido ao avançar mais que a sua adversária mais próxima, Tyler Wright. Moore conseguiu também vencer a etapa mostrando assim o seu domínio no circuito. Outro destaque vai para a jovem wildcard portuguesa Teresa Bonvalot que não passou do round 2 mas mostrou muito bom surf!
Dia 6 de Outubro, depois de alguns dias parado, o Moche Pro Portugal presented by Rip Curl voltava à água nos Supertubos, onde se iriam realizar alguns heats do round 2. Frederico Morais foi o surfista do dia ao eliminar o 11x campeão do mundo na segunda bateria. Ao perder este heat, Slater poderia ter ficado arredado da disputa pelo título mundial mas Mick Fanning não conseguiu capitalizar nesta derrota, arrastando a disputa para o Havai. O grande vencedor desta etapa seria Kai Otton, que derrotou na final Nat Young. Frederico Morais terminava em 13º lugar enquanto que o outro wildcard português, Francisco Alves, ficava com a 25º posição. | photo by ONFIRE
Guilherme Ribeiro a mostrar uma maturidade invulgar para a sua idade. _ 26
Guilherme Ribeiro é neste momento uma das maiores esperanças da escola de surf da Caparica. Surfista de segunda geração, filho de um nome de referência na Margem Sul, Guilherme é extremamente ambicioso a nível competitivo, apesar da sua tenra idade. Tem um surf muito criativo, inovador e com uma linha de surf bem definida sempre a esforçar-se para evoluir progressivamente. Dentro de água é muito exigente e lutador, sempre até ao último segundo de cada heat. Apesar da sua idade já é quase um veterano dos circuitos regionais e esperanças, e actualmente compete nas categorias de Sub12 (onde se encontra a disputar o título nacional) e Sub14. Também a nível europeu já deu que falar quando se qualificou para a finalíssima do VQS Tour da Volcom de sub10 e terminou em segundo lugar. O tempo dirá até onde este talentoso surfista poderá chegar mas o futuro parece bastante promissor!
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Nunca o Surf esteve tão “em alta” como hoje. Nunca se viu tanta gente a fazer surf, tanta publicidade com surf, tantas marcas não endémicas a quererem “estar” no Surf. O Surf tem boa imagem, é apelativo e as grandes empresas de fora do meio sabem disso. Portugal é um bom exemplo, com um circuito nacional de excelente qualidade, praticamente todo sustentado por marcas não endémicas... com uma “perna portuguesa” do circuito mundial da ASP a fazer corar de vergonha a antiga “perna europeia”... segundo João Capucho, antigo presidente da Associação Nacional de Surfistas e um homem muito atento aos números que envolvem o Surf, Portugal contribui com 11% do prize-money de todo o circuito mundial... Nunca houve tanto dinheiro no Surf em Portugal! E, no entanto, nunca houve tanto “desemprego” no Surf! Nunca houve tantos surfistas profissionais sem patrocínios, nunca os órgãos de comunicação social especializados tiveram tanta dificuldade em angariar publicidade e nunca tantos agentes do Surf deixaram de ser “interessantes” ou “importantes” para as entidades que gerem o Surf. Embora seja um feroz defensor da teoria sugerida por Shaun Tomson que ficou conhecida como “Pros before Bros”, também sei que há alguns “Bros” no meio do Surf que são muito “Pros”. Mas esses estão a “voar” para outros cargos, noutras indústrias, muito mais bem pagos. O Surf não tem capacidade para reter os seus melhores!... E assim se perdem recursos humanos de grande valor para o nosso crescimento!... E porque está isto a acontecer, quando a realidade sugere precisamente o contrário?!... Se há tanto dinheiro no Surf, o que raio está a acontecer?!... não tenho a veleidade de achar que tenho soluções para tudo, mas há alguns caminhos que gostava de ver sugeridos e debatidos, para bem do Surf.
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Miguel Blanco é um excelente exemplo de um surfista profissional que ficou sem patrocinador principal, isto numa altura em que o surf no nosso país nunca teve tanto dinheiro envolvido como até agora... | photo by carlospintophoto.com
texto by Miguel Pedreira
Por um lado, parece-me que a indústria do surf, que viveu anos dourados recentemente, “adormeceu no pico”, com a sobranceria de achar que a partir de agora todos os “sets” vinham direitinhos a si. Grande parte das marcas do Surf está a despedir pessoal, a reduzir budgets ou a redimensionar o seu negócio. Porque não soube investir nos pontos certos, numa altura de crise. E é na crise que se investe! Honra seja feita a algumas empresas/marcas (das quais a Despomar, em Portugal, é apenas um exemplo), que anteviram este “swell negro” e que souberam valorizar os seus recursos humanos, a grande mais valia, no fundo. E deve ser por aí, quanto a mim, que o Surf deve seguir – valorizando o que tem de bom, os seus melhores, não os deixando “fugir”, mas impondo um maior grau de profissionalização ao meio, incluindo as marcas não endémicas nas suas decisões e mostrando-lhes (pois não sabem bem como “estar” neste meio) o caminho. Abrangente. De todos. Como uma tribo que sempre fomos, mas com a exigência do amadurecimento! A nível internacional, da ZoSea, que tomou conta da ASP, muito se tem falado, algumas coisas foram reveladas mas muito pouco se sabe sobre o que vai ser o Surf Profissional em 2014. E estamos a pouco mais de um mês do ano novo... do que se sabe, algumas medidas parecem ser evolutivas, outras nem tanto... afastar ostensivamente bons profissionais da área, com provas dadas ao longo dos anos, não me parece muito inclusivo ou positivo para o Surf, mas aqui, mais uma vez, Portugal pode dar um bom exemplo de “savoir faire”!... os eventos da ASP que se realizaram recentemente em Portugal, organizados pela DAAZ e pela Ocean Events, só tiveram o sucesso que tiveram porque foram inclusivos. Ou seja, de uma forma inteligente, os responsáveis por estas organizações chamaram a si praticamente todos os agentes do Surf nacional, o que criou um sentido de comunidade e de missão ao longo dos meses de Setembro e Outubro, que por sua vez gerou o conceito de “perna portuguesa”. Se calhar a ZoSea devia olhar um bocadinho para este exemplo... De qualquer forma o Surf está a mudar, como toda a humanidade, a um passo muito acelerado. E estas podem ser as “dores de crescimento” típicas dessa velocidade. Mas o futuro do Surf Profissional, mesmo em Portugal, está dependente das decisões que todos tomarmos agora. Seguir uma via mais “profissional”, com muito dinheiro em jogo e as obrigações que isso acarreta... ou manter a alma intacta, seguir uma via mais “amadora” e mais livre, embora com menos dinheiro?... como em tudo, acho que no meio é que está a virtude!... mas para que esse equilíbrio seja atingido, todos nós, os “do Surf”, temos que dar ou ser chamados a dar o nosso contributo!
3x3
texto by Ricardo Vieira
[ ricardovieira30@gmail.com ]
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Se há coisa que se deve treinar sempre é o take off pois se este falha tudo o resto falhará, seja no surf ou na vida! E não há surfista que saiba melhor isto que Frederico Morais, que trabalhou para ter um dos take off mais seguros do país, garantindo assim que tem a base que necessita para concretizar os objectivos que procura atingir!...
A Inês escreveu-me. Escreveu-me numa carta vinda de França. Eu não conheço a Inês que tem dois filhos, mas ela endereçou-me um escrito saído do peito numa urgência de me dizer que continua a treinar take-off’s todos os dias, logo que acorda. É para não perder a prática quando o ensaio voltar a ser em água real. E quis confirmá-lo a um desconhecido. Ela não pôde mais surfar desde que aterrou num aeroporto Francês e apesar de nunca a ter visto, ouvido ou lido antes, parece-me que está melhor pessoa do que alguma vez possa ter sido. Parece-me que França está a fazê-la voltar à vida com sangue novo, a resgatá-la do mais fundo do seu ser, mais atenta ao que realmente importa, pessoas, natureza, amizade e, principalmente, liberdade. Na carta ela diz-me coisas certeiras, como “as pessoas desaparecidas não são só as que são dadas na polícia” e envolve-me em sensibilidades ora pueris, ora maduras, mas sempre próprias de quem está a nascer novamente, com consciência de uma nova oportunidade. De quem está a ganhar embalo para depois sair em forte disparo de canos serrados, rumo a tudo e todos. Fala-me de pessoas que se afastam quando se veem confrontadas com a necessidade de se chegar mais, de estar lá, por perto, na perpétua ronda dos que amam. De pessoas que “atiram a toalha ao chão” perante a simples visão do início do combate. Dos verdadeiros vencidos. Fala-me de uma geração descartável, que se esqueceu que o “amor se regenera na proximidade”, de pessoas que travam lutas de fracos, sem disposição de suor, sangue e lágrimas para oferecer a quem amam quando estes precisam. Que abandonam o que pensam ter antes de alguma vez o terem realmente possuído. Que entregam sem o mérito de terem recebido após dura batalha. Logo ela que tinha tudo para estar mais fraca que todos nós, mais debilitada, mais instável, mais condenável, menos pessoa. O mais notável que percebo na carta dela é que apesar do arrependimento ela não se autocondena, apesar de fazer diferente agora, ela sabe que o arrependimento se paga um poucochinho todos os dias e com isso nos libertamos e ganhamos o direito a seguir em frente. Sem qualquer fluorescência de vergonha, como ela tão claramente explicita. A Inês está arrependida e lúcida e isso para mim chega. De bónus tem dois filhos e isso só acrescenta. Treina take-off´s todos os dias num espaço 3x3 metros. O tamanho da cela dela. Se quiserem escrever à Inês, surfista e pessoa como nós, façam-no para: Larissa Peña proyecto.primavera@gmail.com
photo by carlospintophoto.com RV_ ...............................................................................................................................................................................
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Foi na ONFIRE Surf 25 que publicámos pela primeira vez em Portugal um artigo inteiramente dedicado àquela que é talvez a mais perigosa onda nacional, a Cave. Intitulado de“Cave, o Backdoor Português?”, esta edição marcou também, a segunda capa de Tiago Pires na ONFIRE num incrível shot na Cave e onde se via bem a proximidade que um surfista tem com a perigosa bancada de rocha quando está dentro do insano cilindro aquático dest pico. Essa capa, assim como todo o artigo, foi da autoria de André Carvalho, fotógrafo que não falhou a mais recente sessão épica na Cave e onde estiveram António Silva, Miguel Blanco, Nicolau Von Rupp e alguns nomes de peso internacionais, ou não acontecesse esta sessão em pleno WCT em Peniche! Foi uma sessão que durou uma tarde pois foi apenas nestas horas que todas as condições se conjugaram para um momento épico e, como poderás ver nas próximas páginas, foi uma sessão para ficar na memória de todos os que lá estiveram!
texto & photos by André Carvalho|Goma intro e legendas by ONFIRE
Regresso
O
à
Felicidade
da
Há ditados que me dão um certo gozo de contrariar, um deles é o “nunca voltes onde foste feliz”. Eu gosto de voltar onde fui feliz, não para procurar a mesma felicidade, mas para ser feliz de outra maneira, à minha maneira. Este ano resolvi meter uma semaninha de férias na altura do WCT, fazendo pontaria para no dia maior ir a Peniche fazer umas fotos. Mas a verdade é que nunca fui feliz no WCT. Gente a mais, fotógrafos a mais, carros a mais e neste ano surf a menos. Analisando as condições na quarta-feira à noite para perceber as alternativas de surf, reparei que a besta poderia acordar, mesmo sem a direcção perfeita de swell poderia dar qualquer coisa ali pela Cave. Pensando em Cave pensei imediatamente em António “Toni” Silva, e obrigatoriamente num artigo que fiz para a ONFIRE há uns anos atrás. Agarrei no telefone e liguei ao Toni. Tal como previra, o homem nunca diz não a um desafio destes. A única ressalva foi:“Eh pá, André, vamos na boa, mas eu não surfo há duas semanas! Deixa-me entrar nos Coxos primeiro, e depois vou a remar até lá”. Dito e feito! 10h da manhã! Chego à cave e na água já estava o Toni com o Alex Gray, Gony (Zubizarreta) e Pat Schmidt, um americano do team Volcom. A besta estava calminha, glass com ondas não muito grandes, ocasionalmente a dar uns tubos. Nada de mais, nem nada que nunca tivesse sido fotografado antes. Maré cheia, hora de almoço e lá estamos nós outra vez sentados em frente ao pico a rezar para vermos os dentes da menina. Conforme a maré ia vazando, os sets começavam a alinhar-se mais fora da laje e a esperança de bom surf começava a ganhar terreno. O único senão era neste momento estarmos sozinhos, e compreensivelmente o Toni não queria arriscar a pele sem mais ninguém por perto, ainda por cima com o acidente que já lá teve.
Nicolau Von Rupp adora esperar as bombas. Por isso não é de admirar que neste dia de sonho na Cave o surfista português tenha apanhado uma das maiores e mais pesadas ondas desta sessão memorável! _ 36
O viciado em slabs tubulares, António Silva, é um dos mais assíduos nas perigosíssimas sessões da Cave. Apesar desta onda não ser uma das maiores deste dia, este não deixa de ser um tubo intenso, e onde a bancada de rocha que no passado deixou António fora de água uns meses está, como sempre, a uma distância ridiculamente perigosa do surfista da Praia Grande. _ 38
No meio desta espera toca o meu telefone e eis que tínhamos mais um pretendente que já vinha a caminho... um pequeno grande surfista de seu nome Miguel Blanco!!! Muito sinceramente não imaginava o Blanco a meter-se nestas aventuras, mas quando o vi a correr pela laje percebi... “Ninguém corre para uma onda a esta velocidade se não estiver disposto a apanhar umas bombas!”. De sozinhos passámos a muito bem acompanhados, e o show estava prestes a começar... António Silva, Miguel Blanco, Nicolau Von Rupp, Gony, Pat Schmidt, Albee Layer, Alex Gray e John John Florence juntaram-se à festa, e remavam para fora dispostos a tudo para desafiar a Cave e os seus próprios limites. O António Silva abriu as hostes com dois wipeouts gigantes, sendo que um deles lhe deixou a prancha em dois e não lhe deixou o corpo da mesma maneira porque o homem deve ser feito de borracha! Mas se acham que se ficou por aqui desenganem-se, veio a terra, agarrou outra prancha e em menos de nada já tinha facturado dois bons tubos! O Miguel Blanco mostrou aqui a atitude e o foco que tem! Tiro-lhe o chapéu pelas bombas que apanhou e da maneira como meteu para dentro. Deixou-me a pensar porque será que não há mais surfistas do top português a irem lá surfar ou com a atitude dele, mas isso é outra conversa...
Miguel Blanco é um dos surfistas da nova geração que tem um gosto peculiar por ondas como a Cave. A sua atitude neste dia perante uma onda que John John Florence considera como das mais perigosas que já surfou foi inspiradora, e a prova disso é esta caverna onde Blanco se meteu sem dó nem piedade! _ 40
Quanto aos restantes não houve grandes surpresas, o Nicolau fez o que melhor sabe, esperar pelas bombas e arrancar sem medos. Sendo que era o único de backside, o nível de dificuldade era acrescido, mas isso para ele acho que não conta para nada, o homem vai a todas. O John John, mesmo não tendo apanhado as maiores do dia (talvez tivesse mais cauteloso com a queda do ano passado), mostrou que o à vontade que tem, a velocidade e a calma estão num nível muito superior. O Alex Gray... bem, o Alex Gray foi o homem do dia, sem sombra de dúvidas. Apanhou as maiores, andou mais fundo e arriscou mais. Quando todos saíram a remar, pois a maré estava quase no osso, Florence e Alex Gray mantiveram-se no pico e ainda apanharam três ondas cada um, com a laje seca a menos de meio metro deles. No final distribuíram-se sorrisos e abraços, e era notória a felicidade de todos os intervenientes. Pelas ondas, e pela ausência de acidentes. Não posso deixar de referir a humildade de Alex Gray, humildade essa que deveria servir de exemplo a muitos surfistas nacionais, profissionais e aspirantes a profissionais. Respect a todos os que lá andaram neste dia e quanto ao não voltar onde fomos felizes... isso é conversa da tanga. AC
Dos vários nomes internacionais presentes nenhum se destacou mais do que Alex Gray. Além de surfistas internacionais estavam também vários fotógrafos, e nada nos admira que numa das próximas edições da Surfing, Surfer ou Stab, a Cave apareça em grande destaque, como num capa por exemplo! Do nosso lado, se tivéssemos por hábito meter surfistas estrangeiros na capa da ONFIRE, esta seria muito provavelmente a capa desta edição! _ 42
Já se passou algum tempo desde que pedimos a este nosso colaborador de texto para embarcar numa das suas odisseia que parecem ter tanto de realidade como ficção! Mais uma vez ele não recusou a nossa proposta – neste caso para ir até S.Miguel reportar tudo o que se acontecia com os portugueses que passavam os seus dias entre heats do SATA Airlines Azores Pro e os free surf em água quente. Foi assim que Pisco , literalmente, embarcou nesta viagem pelo Atlântico! .............................................................................................................................................. photos by carlospintophoto.com
texto by Fernando Pisco ................................. Intro e legendas by ONFIRE ..................
Náufragos
Voluntários nos Açores
Vasco Ribeiro! _ s
u r f t rip
Foi através de uma antiga edição da ONFIRE que fiquei a conhecer o biólogo/político/explorador/louco/genial Alain Bombard e a sua brilhante obra que já salvou milhares de vidas, “Náufrago Voluntário”, um livro que aconselho todos a ler. Para quem não conhece a história verídica deste francês, eu conto-a em velocidade relâmpago: este senhor decidiu, em 1952, enfiar-se num minúsculo barco apenas com um sextante e algumas provisões, e atravessar o Oceano Atlântico ao sabor das correntes como se fosse um náufrago. Provou que é possível um náufrago viver mais de dois meses no mar comendo peixe cru, bebendo água salgada (em controladas quantidades diárias) e doce (da chuva). Concluiu também o que sempre pensou: que a maioria dos náufragos não morre de fome ou sede (pois o oceano acaba por providenciar a comida e água) mas sim pelo desgaste psicológico, que o leva a desistir. Quando atingiu as Américas, mais concretamente os Barbados, Bombard tinha viajado mais de 4000 quilómetros ao sabor das correntes (que previamente estudou) e perdido mais de 25 quilos. Foi inspirado nestas realidade que quis tentar a minha sorte! Assim, decidi não atravessar o Atlântico inteiro mais metade, mais concretamente até à espantosa ilha de S. Miguel, onde decorria o SATA Airlines Azores Pro, um evento Prime onde estavam os portugueses Tiago Pires, Zé Ferreira, Marlon Lipke, Vasco Ribeiro, Frederico Morais e o local Jácome Correia. Apesar de ter de reportar a competição, a ONFIRE pediu para me concentrar principalmente no dia a dia do free surf, opção que para mim não poderia ser mais certeira pois o que gosto mesmo é do free surf! Se Bombard tinha demorado cerca de dois meses a atravessar o Atlântico, e se eu só ia atravessar metade, então demoraria metade do tempo. Mas Bombard foi muito para sul e só depois rumou para oeste. Uma vez que eu ia mas em linha recta, calculei que 15 dias seriam suficientes. Depois olhei para o windguru e vi ventos fortes de leste. Tirei mais uma semana! Por fim vi que havia uma corrente que ligava “mais ou menos” Lisboa aos Açores, e vi que um barco de mercadorias, ou seja, lento que nem tartaruga, demora cerca de 4 dias. Resultado, conclui que três dias seriam mais do que suficientes!
Geralmente um surfista local faz sempre bom surf quando está em casa! Jácome Correia não é excepção e esta foto é o exemplo perfeito. Mas também quando está fora do seu paraíso, o surf de Jácome está sempre em alta performance. _ _ 46
48 _ _ Apesar de estar ainda em recuperação da lesão ao joelho, Tiago Pires não quis deixar de fazer um primeira aproximação à competição, escolhendo o Prime dos Açores. Concluiu que ainda tinha de ficar mais uns tempos sem competir mas mostrou que já começava a recuperar o nível que o coloca como um dos melhores do mundo!
E assim foi, pedi o insuflável de 4.5 metros (do mesmo tamanho do de Bombard), ao meu vizinho, pintei-o de preto para lhe tirar aquelas Barbies cor-de-rosa e arranjei uns remos mais resistentes. Juntei um rádio, uma bússola, mapas de navegação, kit de primeiros socorros, muita água e mantimentos (nunca disse que queria passar fome ou sede pois não?) e um iPad repleto de jogos. E foi numa bela segunda-feira, por volta das 8 da manhã, que me fiz ao mar... Arranquei do Cacilheiro de Lisboa não só para aproveitar a sua esteira para um primeiro empurrão mas também para me certificar que teria um bom público a aplaudir esta minha demanda! E foi assim que passado três horas – as correntes do bugio não são fáceis – me encontrei paralelo a Carcavelos, prestes a entrar em alto mar. Estava pronto para três dias de solidão, e quando já me preparava para dormitar, numa altura em que já não avistava terra, comecei a ouvir um estranho som do céu... Estaria já a sofrer de alucinações provocadas pela solidão?
Realmente o facto de não ouvir uma voz humana estava a deixar-me incomodado mas o ir falando com a Gina (a famoso girafa do iPad), ou de pelo menos ela ir repetindo o que eu dizia, estava a ajudar-me... Não, não podiam ser alucinações!... O barulho tornou-se mais intenso e passado um momentos percebi que era um helicóptero da Guarda Costeira! Lançaram um mergulhador à água, baixaram aquela engenhoca para apanhar pessoas mas, apesar de sempre ter sonhado em andar de helicóptero, disse-lhes para me deixarem em paz pois queira chegar aos Açores no meu barco! Em paz não me deixaram, deram-me um calmante e ouvi-os a falar com o Júlio de Matos. Meio azamboado lá lhes pedi para contactarem a ONFIRE para verem que não era louco... Acordei numa cama de hospital ainda meio zonzo. com uma enfermeira jeitosa ao meu lado mas com uma estranha pronúncia! “Quanto tempo
estive inconsciente?”, perguntei tão preocupado com o facto de falhar o trabalho para a OF como com o facto de poder ter sofrido um AVC,afinal estava a ouvir a voz da enfermeira num português distorcido e pouco comum... “Duas horas! Ah, e bem-vindo aos Açores senhor!”. Já no meu belo quarto com vista para a praia de Ribeira Grande, sentia o quente calor de S. Miguel na cara enquanto via ondas perfeitas partirem quase sem ninguém. Sabia que os portugueses já estavam presentes na ilha por isso decidi começar o trabalho que me tinham pedido! Os dias seguiram-se sempre da mesma forma, variando apenas uma coisa de uma forma tão regular como irregular, o estado do tempo. Acordava ora com chuva ora com sol, mas sempre com calor, comia umas saborosas tostas de bolo lêvedo com manteiga e leite açorianos, passava pela praia de Ribeira Grande que teimava em ter ondas perfeitas sem ninguém e chegava ao areal de Santa Bárbara onde
estava a imponentes estrutura do SATA Airlines Azores Pro. Bom, na competição já todos vocês sabem o que aconteceu: Tiago Pires fez a sua primeira tentativa de voltar a competir mas percebeu que não estava nem sequer perto de conseguir (a realidade é que neste momento não deverá ir nem à úlitma etapa do WCT, o Billabong Pipe Masters). Zé Ferreira, Marlon Lipke e Jácome Correia acabavam por perder logo no primeiro dia. No dia seguinte Vasco Ribeiro (e Tiago Pires) perdiam também no primeiro heat, mas o dia acabou por ser salvo por Frederico Morais, que seguia assim solitário Infelizmente Morais não conseguiu, no terceiro dia, continuar a sua travessia pelo oceano deste WQS, acabando por perder. Se já durante os três primeiros dias os portugueses não tinham falhado as sessões de treino de free surf, nos dias que se seguiram, e já libertos da pressão competitiva, parecia que ainda estavam com mais fome de surf! De surf, e de trabalhar com os fotógrafos de todo o mundo que se encontravam em S. Miguel.
Poderá haver surfista mais sortudo do que este? Não falamos de Marlon Lipke mas sim do surfista que está atentamente a olhar para o português! Resposta: Não! É mesmo impossível haver um surfista mais sortudo pois é aquele que consegue ver como nenhum outro todos os pormenores deste rentry de um dos melhores surfistas do mundo! _49
Sem dúvida nenhuma que Tiago Pires é uma das grandes inspirações de Vasco Ribeiro. A prova disso mesmo é que este layback de Vasco Ribeiro parece uma fotocópia de estilo e power daquele que é o melhor surfista português de sempre! _ _ 50
Durante a restante estadia o mar esteve sempre pequeno mas, apesar deste ano não ter presenciado as condições épicas que colocaram S.Miguel no mapa mundo do surf mundial, a perfeição das ondas, a temperatura da água e do ar, a deliciosa comida local e os micaelenses fizeram com que me apaixonasse por este grande pedaço de terra nacional! As sessões de free surf decorriam a alta velocidade, e ora optava por estar na água para vê-las bem de perto, ora subia a falésia dos areias para ver as sessões lá de cima de uma forma solitária, dando assim de alguma forma continuidade à viagem solitária a que me propus fazer para aqui chegar. Certo dia, enquanto via do meu promontório pessoal o Zé Ferreira continuar a trabalhar que nem um louco com o Carlos (Pinto) – logo concluí que haveria de vir uma entrevista deste grande surfista para breve nas páginas da ONFIRE -, destruindo as pequenas mas perfeitas ondas de Santa Bárbara, senti de perto o que há de mais característico em S. Miguel!... Estava sentado no meio das canas a trinchar um belo queijo de S. Jorge, que ia comendo com mais bolo lêvedo, quando senti um bafo quente no pescoço, seguido de uma gigantesca baba a escorrer-me pelo ombro abaixo... Fiquei em pânico por momentos mas depois lembrei-me que o animal mais selvagem que aqui existe é provavelmente o pássaro que parece uma águia – o Açor – que caça ratos e pequenos outros animais. Apesar de estar a comer queijo que nem um desalmado e de ter uns proeminentes incisivos centrais, de resto penso que não me pareço muito com um rato, muito menos com uma ratazana, por isso descansei... As minhas duvidas do que estaria a aquecer-me o pesoço e a salivar em cima de mim, e quase a fazer-me desmaiar com o potente cheiro a estrume, rapidamente se tornaram certezas quando o meu tímpano quase rebentou com um gigantesco “Muuuuuuuuuuu”!!!
Um dos truques de Zé Ferreira para passar mais horas dentro de água é ir bebendo pequenas quantidades de água salgada, uma lição que certamente tirou das descobertas de Bombard. Essas horas extra de surf permitem-no produzir mais momentos como este aéreo reverse de backside e que não poderia ser mais “in your (do fotógrafo) face” que isto! _53
Segundo vim a apurar umas horas depois com o dono dessa vaca, parece que esta vaca em específico é diferente de todas as outras, pois tem um voraz apetite por queijo. “Já a apanhei várias vezes à porta do mercado local junto à banca dos queijos! E por uma vez a Matilde – nome da vaca devoradora de queijo – quase me faliu pois quando cheguei ao mercado já tinha devorado metade dos queijos da loja! O que vale é que é esta que me produz o melhor queijo caso contrário já estaria na panela!”. Fora este grandioso encontro com o mais local dos locais do arquipélago açoreano, tive diariamente um encontro visual com o mais promissor surfista desta ilha. Jácome Correia, de 14 anos, é sem dúvida o primeiro surfista não continental que poderá mostrar ao mundo a raça dos Açores. Já com uma linha de surf muito sólida e um reportório de manobras muito actual, este puto, que já passa muito tempo no continente e a viajar pelo mundo, poderá ter tudo para representar as nossas cores em altos patamares. Acredito que tenha o Amor, dedicação e noção de sacrifício e trabalho que necessita para vingar, principalmente depois de o ver surfar dias e dias seguidos! A dupla dinâmica Vasco Ribeiro e Frederico Morais fizeram o que eu esperava deles: deixaram-me babado e novamente abismado - por muitos que os veja surfar o resultado é sempre este - com o seu nível de surf. Sem dúvida que Morais é, neste momento, o surfista com maior probabilidade para atingir o WCT, pois o trabalho que ele faz diariamente com a espantosa equipe que tem consigo, aliado a um inacreditável e raro foco, só poderá trazer mesmo um resultado grandioso. Aliás, sou mesmo daqueles que acredita que Kikas poderá este ano no Hawaii fazer uma temporada igual à de Sebastian Zietz no ano passado, o que resultará na qualificações para a elite do surf mundial de uma forma inesperada para o mundo. Alguns chamamme louco... vamos ver o que o destino nos traz. Ribeiro não fica atrás, e acredito que é uma questão de tempo até voltar a ter resultados que igualem o seu enorme potencial. Todos os surfistas do mundo, sem excepção, têm épocas menos boas e essas não são tempo de desmotivar mas sim de trabalhar mais e melhor. Desta forma, quando se sai dessa época menos boa, sai-se com uma força tal que quase nos tornamos imparáveis! Querem um exemplo, aliás dois, vão ver o que vai acontecer quando Owen Wright e Tiago Pires voltarem ao lugar que merecem... Também Marlon Lipke não ficou atrás no que a destruição de ondas em free surf diz respeito. Se o seu surf aéreo é bom, é mesmo o seu poderoso e incrível power surf que mete respeito em qualquer parte do mundo, como todos sabemos! Este grande surfista que já fez parte da elite do surf mundial continua a ser um dos melhores do planeta, e espero que agora com o novo patrocínio consiga as condições para atingir os objectivos que pretende. Sabem o que me sabia melhor depois de passar um dia inteira a surfar e a ver os nossos portugueses (e obviamente os internacionais – onde tenho mesmo de destacar a vitória de Thomas Hermes no evento)? Experimentar um novo restaurante da ilha por dia (porque acham que decidi ir de jangada? Não sou biólogo e muito menos louco ou génio; o que queria mesmo era poupar uns euros para garantir que conhecia a fundo a gastronomia local). Uma coisa vos digo: se o surf em S.Miguel é épico, os bons restaurantes são de sonho! Nota negativa para o facto d’ “O Gato Mia” – um dos que mais me aconselharam a visitar por ser, possivelmente, o melhor – ter fechado. Ao contrário de Bombard, não atravessei um oceano de jangada e não emagreci que nem um bulímico, mas andei de helicóptero e engordei que nem um Óbelix, e ainda vi do melhor surf do mundo diariamente e cravejado de performances de portugueses! Isto é ou não é uma aventura surfística (quase) irreal? FP
55 _ _ Quase que parece impossível não vermos uma manada de vacas naquele pedaço de terra ali atrás de Frederico Morais, afinal este é o quadrúpede mais famoso do arquipélago. No entanto, com um aéreo destes, e que dá o pormenor de luxo extra a esta foto, as vacas nada trariam de mais positivo!
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texto by photos by
N F I R E c a r l o s p i n t o p h o t o . c o m [ excepto quando assinalado ]
O surfista do Guincho, Zé Ferreira, é visto há vários anos como um dos mais promissores talentos da sua geração. Em 2012, enquanto os seus pares tiraram resultados expressivos, que resultaram em muita visibilidade, Zé parece ter “batido na trave” várias vezes. O seu surf estava lá, mas os resultados não apareceram com a regularidade que se esperava. Não se deixando abater, este surfista decidiu treinar ainda mais e voltar ao lugar onde sempre mereceu estar, entre os melhores. A ONFIRE entrevistou-o muito pouco tempo depois da sua primeira final no WQS para saber mais sobre este seu ano de progressão!
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Este Slob Air p t a do no ano passado prova que a fase que Zé Ferreira t r a v essa no momento é apenas uma s e q uência do trabalho que tem estado a n v o l ver nos últimos tempos. p
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Viu-se uma grande evolução nos teus resultados este ano em comparação a 2012. Fizeste alguma coisa diferente ou foi uma progressão natural do trabalho que já estavas a fazer? Sim, as coisas não estavam a acontecer como que eu queria por isso fui à procura de maneiras de as conseguir. Comecei a fazer jiu-jitsu, que é algo que sempre gostei mas que tinha deixado de fazer porque me podia lesionar, passei a surfar com mais gente, a fazer ginásio a fundo, ao ponto que até achei que as coisas até iam começar a acontecer antes. Também tive ajuda de pessoas como o meu tio que me abriram os horizontes e ajudaram inclusivamente na parte dos patrocínios e, claro, da Surftecnique com quem treino há muitos anos. Sei que também viajaste mais do que o normal este ano, achas que isso também ajuda a fezer a diferença? Este ano não quis ficar parado em Portugal por isso fui a todo o lado que consegui. Guardei todo o dinheiro que ganhei, privei-me de comprar coisas para mim, e investi tudo o que tenho. Fui à Austrália, África do Sul, EUA (Califórnia), México, El Salvador, França e Espanha, e sinto que isso foi muito bom para mim! Em 2012 estiveste sempre à porta de bons resultados, sentes que foi um ano mau para ti? Acabou por ser um ano mais de crescimento para mim como pessoa, o único resultado bom foi um terceiro lugar na final do Pro Junior de 3 estrelas, mais um ou outro. O importante é que agora sei o que preciso quando estou numa competição para me dar bem. Não mudava nada pois criei uma base bem sólida para crescer. Houve algum momento que tenha sido um ponto de viragem para ti? Mais ou menos. Aconteceu um episódio que me mudou um bocado a maneira de pensar. Treinei durante seis meses sem parar e sem beber um copo de álcool. Até que fui ao Lux uma noite e no dia a seguir fiz quase a melhor surfada da minha vida. Acho que isso ajudou a encontrar melhor o meu equilíbrio. Agora sinto que tenho a cabeça mais limpa, mais livre. Além disso tenho trabalhado com o psicólogo Miguel Moita, que me tem ajudado muito também. Foi um “click”, disto tudo junto, e as coisas simplesmente aconteceram. Qual é a viabilidade de correr o WQS partindo de Portugal neste momento? Hoje em dia os patrocinadores procuram muito a imagem, clips, spreads nas revistas, facebook e instagram. É preciso ter um para poder fazer o outro. Neste momento consigo fazer tudo o que eu quero mas se tivesse que fazer todos os seis estrelas e Primes, que necessitam de viagens, estadias, alimentação, se calhar não conseguia. Acredito que se atingir níveis mais elevados, que as condições também melhoram. Mas é viável. Com a crise, sendo um surfista português não é fácil, uma pessoa tem mesmo de querer, e depois arranjar outras maneiras de fazer. Fazer mais pelos patrocinadores para terem uma ajuda extra, mas acho que só não faz quem não quer.
Quais são os teus patrocínios? O’Neill, XCult, Fonte Viva, Ocean & Earth, Health and Rakket Club Quinta da Marinha. Vendo de fora parece que estás um pouco à parte do grupo de surfistas portugueses que está em maior evidência. Sentes que estás a fazer um percurso diferente? Sim, eu acho que até há dois anos estava inserido nesse grupo mas também sentia que estava um bocado na sombra dele. Mas acho que também foi bom para mim, ter-me afastado, porque pude fazer as coisas que eu queria, que eram melhores para mim e não para o grupo. No fundo o surf é um desporto individual, não é preciso estar inserido naquele grupo, há bastantes grupos. Tenho surfado muito com o Marlon (Lipke) e o Ruben (Gonzalez), mas acho que se calhar eu deixei de aparecer tanto nesse grupo porque, como disse, estava a treinar e a fazer uma coisa um bocado diferente do que eles estavam a fazer. Hoje acho que fiz a coisa certa, agora tive resultados e sinto que não é por estar dentro do grupo que apareci ou deixei de aparecer. Sei que correr o WQS era o teu sonho, agora que estás lá, é tudo o que esperavas? Sim, e acho que é a altura certa para fazer o que estou a fazer. Acho que faço cada coisa a seu tempo, sei que estou a construir uma coisa que até pode demorar mais algum tempo mas que é sólida. Tiveste grandes momentos ao longo do ano, mas a final em Pantin foi o mais marcante. Fala um pouco desse campeonato... Cheguei a Pantin bastante sereno. Estava a entrar para os heats e a acontecerem as coisas que acontecem sempre aos outros, virem as ondas. Elas vieram todas para mim. Logo no primeiro heat fiz um 8.5 e um 7. Fiz bons scores em todos os heats, o mais baixo que fiz foi “praí” 13 pontos. Depois cheguei às meias-finais e fiz uma coisa que, sempre que eu via alguém a fazer, dizia que isto não acontece muitas vezes e quando fazes isto é porque tens coração de campeão. Estás contra todas as adversidades, está toda a gente a ver, é a tua passagem para a final e tu chegas ali a cinco minutos do fim e em duas ondas viras o heat com score de 18.5. Honestamente sabia que tinha capacidade e nível e skill para fazer aquilo. Mas não acreditava que aquilo fosse acontecer. Apanhei uma onda e dei tudo por tudo, tive 9.6.
S u r f pro g r e s s i v não é só aci m a do lip, Zé s o l o tail nos Bel g a s . |61
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Mais um fim de tarde, mais um r a n d e shot. Zé Ferreira não perde t e m p o a produzir mais um g r a n de m o m e nto.
Como foi essa onda? Era uma onda que o Nuno Telmo chamaria uma “Ferreirinha”, uma onda intermédia, querida, com buraco, mas com onda para trabalhar, que é o que eu gosto. Trabalhei-a bem, com garra, força e variedade. Comecei com um floater, depois o lip estava a cair e dei uma batida, depois uma paulada com muita força, outra meio diferente, uma rasgada, uma subida na espuma e mais duas pauladas, sendo que a última foi na junção com muita água, saí e fiz um claim, que é algo que nunca faço. Recebi o 9.6 mas ainda precisava de 8.2. Fui lá para fora e estava convicto de que iria apanhar uma onda e que ia fazer o que precisava. E ela veio, uma onda parecida, fiz outro claim (risos) e fiz um 8.77 e é daquelas coisas que só se percebe bem o que se fez passado alguns dias. Depois na final quis fazer o mesmo, tive um 9.2 e precisava de menos para ir para primeiro lugar. Terminei em quarto, porque me faltou a segunda onda boa mas foi um turning point, sem dúvida. Foi isso que me fez tão contente, o facto de, este ano, terem vindo tantos bons sinais. Foi preciso acontecer isso para tu acreditares? Exactamente, foi isso mesmo, mesmo assim hoje em dia sei que preciso de mais vitórias em campeonatos grandes para saber que isto é mesmo o meu lugar. Na verdade é, mas eu preciso de eu mesmo perceber isso. Quais são as maiores dificuldades de correr o WQS? Este foi o meu primeiro ano mas acho que o mais difícil é arranjar condições durante o campeonato para te sentires confortável. Um hotel bom, uma boa companhia, acho que não é fácil encontrar uma pessoa que se dê bem contigo e que corresponda às tuas expectativas quando perdes, ou antes do heat. Alugar carros, saber onde são os sítios... acho que é o mais difícil. Estás fora de casa, dás tudo, voltas, ficas cá um dia, os teus amigos têm programas mas tu estás a arrancar de novo, perdes, voltas, tens de treinar... Não é aquele “tu trabalhas na praia, grande sorte”, és um desportista que hoje em dia se não dás o litro chegas aos 25 anos e és despedido da tua marca e não tens por onde te agarrar. Por isso ou dás tudo, como um atleta de ciclismo ou natação, ou não dá!
Tens algum timing definido para chegares ao WCT? Não tenho, eu sei que não vou demorar muito até estar a fazer Primes, este ano com dois ou três campeonatos estava em 120. Sinto que é uma questão de tempo. Uma vez nos Primes quero levar as coisas com calma e vou vendo como me vou sentindo. A minha prioridade na vida é ser feliz, acho que se formos felizes naquilo que estamos a fazer vai sair bem, realmente é ir vendo com os anos, não quero chegar aos 36 e ainda estar a fazer WQS de 2 estrelas porque nunca consegui entrar nos Primes, tenho noção que quero ser bem sucedido, seja no surf ou não. O que posso prometer é que quero dar tudo! Tens mudado bastante de pranchas nos últimos anos, o que estás a usar agora? Ultimamente tenho testado muitas pranchas, na Austrália tenho pranchas da Mt Woodgie, eles apoiam-me e eu gosto muito dessas pranchas. Mas a logística de eu ter pranchas para o ano inteiro era complicada e juntei-me novamente à XCult, que foi o meu primeiro patrocinador, na altura era Energia Tropical. Eles agora vão ser representantes da Chilli Surfboards para a Europa. O projecto é incrível, têm uma máquina de shape último modelo e vai ser incrível ter o Chilli e a sua equipa cá. São as pranchas que o Saca usa, não podia ser melhor e acho que isso me vai ajudar. Tu tens um surf que pode ser considerado “de linha”, mas também dominas o surf progressivo. Treinas muito esse parte do teu surf? Com as coisas que se vêem hoje em dia o surf progressivo já está noutro patamar e o que eu faço não é assim tão progressivo, dou uns aéreos reverse e uns slobs, são “uns aéreozitos”. Eu treino muito os aéreos mas faço uma estratégia diferente, se estão a dar aéreos reverse eu tenho aéreos mais clássicos mas que sejam melhores para o olho. Por exemplo um slob normal mas que depois consigas aterrar e dás logo um bottom e surfas o resto da onda. Estás a treinar algum específico? Sim, tento muito o Kerrupt flip e já acertei alguns, mas gostava que estivesse no meu repertório com mais facilidade. OF
Zé Ferr e i r a pa s s ou quase um mês nos Açores este ve r ã o e no fim já estava comp l e t a m e integ r a d o com a pai s a g e m local... | 65
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