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a revolução molecular
O neodesenvolvimentismo lulista e a necessidade de radicalização da politização e da crítica
Cibele saliba rizek, socióloga, professora do iau-usp e pesquisadora do CeneDiC-usp
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Trago aqui é uma reflexão construída em cima do meu trabalho no Centro de estudos e Direitos à Cidadania da usp (CeneDiC), onde há muito tempo enfrentamos a discussão daquilo que chamamos de “lulismo” e “crise do lulismo”. Trago aqui a história desta reflexão, pois acredito que apontar a nossa própria reflexão dentro deste Centro de Pesquisa fundado pelo Professor Francisco de oliveira (cuja produção ainda inspira uma discussão importante entre nós) seja a melhor maneira de ajudar a pensar o que estamos vivendo.
gostaria de iniciar mencionando o trabalho de um pesquisador do Cnpq da unB que aponta alguns resultados do chamado “neodesenvolvimentismo lulista”. este professor, Marcelo Medeiros, se apropria de várias bases de dados como Censo, pnaD e imposto de renda para trabalhar a questão da distribuição de renda no Brasil. a conclusão a que este pesquisador chega é que 50% da população brasileira detêm 10% da renda; 90% da
população detêm 40% da renda; 5% dos mais ricos detêm 50% da renda; 2% dos mais ricos detêm 33,3% da renda; 1% dos mais ricos detém 25% da renda e 0,5% dos mais ricos, 20% da renda. estes 0,5% correspondem a 700 mil pessoas.
Trata-se de dados “escandalosos”, pois analisando estas bases de dados ele conclui que a desigualdade de renda diminuiu, mas que o processo de queda da desigualdade se estancou em 2012. a partir de 2012 temos, portanto, uma crise que já se anunciava claramente (ao menos da perspectiva da queda da desigualdade).
Começo apontando estes dados por acreditar que a questão do desenvolvimentismo e das propostas neodesenvolvimentistas são muito importantes para o que viemos discutindo desde 2003. andré singer, um de nossos pesquisadores, denominou este nosso recorte cronológico de pesquisa de “lulo-petismo” por conta dos governos Dilma. Há um elemento novo nisto tudo que é a chamada crise do lulismo, que dá seus primeiros sinais mais evidentes nas chamadas mobilizações de junho de 2013. No ano