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o prosavana e a exploração global de recursos naturais | Clemente Ntauazi

Apresentação

ao longo de 2015, a Fase realizou um conjunto de oficinas sobre desenvolvimento e movimentos sociais no Brasil, como parte de um ciclo de debates que culminou na realização de um seminário nacional sobre o tema, envolvendo a assembleia da Fase e parceiros. o objetivo desse ciclo era explicitar as disputas em torno do modelo de desenvolvimento, combinando planos e distintas perspectivas analíticas, explorando controvérsias e convergências, visibilizando os impactos e as lutas de resistência nos territórios e desafiando os participantes a avançarem na construção de alternativas.

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Como parte desse ciclo foram realizadas inicialmente duas oficinas. A primeira delas pretendeu ampliar o debate público sobre os fins que orientam a extração intensiva dos recursos naturais e seu papel no modelo de desenvolvimento brasileiro à luz de experiências internacionais de resistência, restrição e proibição ao extrativismo mineral. O balanço dessa primeira oficina mostrou a relevância da discussão conceitual acerca da pertinência e do conteúdo de conceitos como desenvolvimentismo e neodesenvolvimentismo, que não se reduzia a meras questões semânticas. Pelo contrário, ficou patente que para avançarmos nessa discussão era preciso estabelecer com o maior rigor possível o conteúdo de cada conceito e as implicações das distintas posições em disputa. no debate, houve quem reivindicasse o abandono de termos como neodesenvolvimentismo e neoextrativismo e o uso de “termos clássicos”, explicitando a vinculação do campo desenvolvimentista no Brasil ao avanço da acumulação de capital e à implantação de um projeto nacional.

Em seguida, realizamos uma segunda oficina onde aprofundamos algumas questões sobre os BriCs, a cooperação sul-sul e o lugar do Brasil na geopolítica internacional, tendo como referência central o debate sobre o modelo de desenvolvimento, seus impactos nos territórios, as formas de resistência e as articulações nacionais e internacionais que surgem deste campo de conflitos.

Para uma compreensão mais apurada dos limites e das inflexões dos debates realizados no curso desse ciclo, não podemos perder de vista o contexto político em que ele se realizou, marcado pela deflagração da crise política e institucional que coincidiu com o início do segundo mandato da presidente Dilma roussef, com a abertura do processo de impeachment pelo então presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, a deflagração das manobras golpistas e a imposição das políticas de ajuste neoliberal. esse cenário de ofensiva da direita visando o retrocesso dos avanços sociais, mesmo limitados, dos governos petistas tinha, em 2015, um inequívoco efeito inibidor da abertura para o debate crítico, sobretudo por parte dos atores do campo democrático-popular mais identificados com o governo.

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