GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NA GESTÃO POPULAR Prefeitura de Angra dos Reis Entrevista com Jorge Luís Carrera Jardineiro A partir da década de 80, a crise no setor da construção naval se relletiu no município de Angra dos Reis (RJ) através da demissão de 6 mil funcionários e 600 trabalhadores do Estaleiro Verolme. Desde então já se colocava a questão da geração de trabalho e renda. Em 1988, o PT, com Neirobes Nagae, concorre às eleições para a prefeitura e consegue vencer. Em 1992, numa coligação PT/PSB, Luiz Sérgio Nóbrega, do PT, é eleito prefeito de Angra. Com o agravamento da crise do modelo de desenvolvimento brasi. leira - e frente ao paradoxo de que a economia local de Angra dos Reis está em crescimento mas não consegue absorver o contingente de desempregados (muitos dos quais qualificados) - a assistente da sub-área de Trabalho e Renda do PIC-FASE Nacional, Rosemary Gomes, foi até lá entrevistar o atual gerente da Divisão de Desenvolvimento da Secrelalia de Planejamento. Jorge Luís Carrera Jardineiro falou à Proposta sobre a política de geração de emprego e renda que a Aliança Popular PT/PSB está implementando no município de Angra. Proposta: Quais as iniciativas da prefeitura de Angra dos Reis na área de geração de emprego e renda? No que uma ONG como a FASE pode contribuir? Jorge: A prefeitura tem necessidade de estimular a questão da geração de renda vinculada à geração de emprego. A nossa pretensão é criar e estimular novas formas associaProposta n2 59 dezembro de 1993
"A nossa pretensão é criar e estimular novas formas associativas de produção." tivas de produção, onde as pessoas possam, a partir da sua qualificação profissional, garantir no mínimo a sua sobrevivência. Angra dos Reis é uma cidade relativamente pequena mas que se encontra hoje com uma taxa de desemprego bastante elevada, aliás como em todo o país. Paradoxalmente a economia local está em crescimento, mas os empreendimentos que têm vindo para Angra são poupadores de mãode-obra; portanto, ainda sobra um contingente bastante razoável de pessoas desempregadas. Proposta: Você está incluindo aí a questão do porto e do turismo? Jorge: Não. Nesta questão existe a atuação da prefeitura no sentido de trabalhar o turismo como produto. Isto tem gerado empregos diretos e indiretos, porém têm vindo para cá empreendimentos pequenos como, por exemplo, pequenas lojas e a construção civil que são geradores de empregos temporários. (Eles reativam o mercado de emprego por algum tempo depois acabam e fica somente um pequeno contingente empregado trabalhadores.) A cidade terr. potencialidade para absorver uma quantidade razoável desse contingente, mas não temos ainda uma política para resolver esse problema Nossa idéia é formular
uma política que estimule o emprego no setor produtivo existente e que crie novas alternativas. Existem outros problemas setoriais. Temos, por exemplo, o problema do estaleiro Verolme que já chegou a gerar 9 mil empregos e que com o processo de crise na década de 80, conta hoje somente com 2 mil e 400 empregos. Assim, há um contingente enorme de desempregados numa região de concentração operária de Angra que se chama Jacuacanga. É preciso recolocar essa mão-de-obra no mercado. O estaleiro vem se reativando através dos recursos do FA T. Proposta: O que é o F AT? Jorge: O FAT é o Fundo de Amparo ao Trabalhador. É um di nheiro dos trabalhadores que está sendo utilizado junto à indústria naval com o objetivo de reabilitá-la no Rio de Janeiro. A Verolme vai recorrer a esse fundo, que é controlado pelo BNDES, para poder contratar navios ou obras. Porém, não vai ter mais um número de empregos tão elevado como no passado até mesmo pela característica atual da indústria. Proposta: Essa comunidade de Jacuacanga, composta essencialmente por operários desempregados, também tem problemas de infra-estrutura como saneamento etc? Jorge: A infra-estrutura urbana da Vila Operária de Jacuacanga é razoável. O grande problema lá é o desemprego. 49