Informativo do NACAB - 18 de maio de 2015 - Ano 3, Edição: 12
Água, mulher e energia, não são mercadoria! Movimento dos Atingidos por Barragens
MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS - HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA, LUTAS E CONQUISTAS!
São 24 anos de movimento nacional em defesa dos direitos dos atingidos e atingidas, em defesa da água e da energia e pela construção de um Projeto Popular para o país. Foto: Maíra Gomes/Brasil de Fato.
De acordo com o site do m ov i m e nto, o M A B “é u m movimento nacional, autônomo, de massa, de luta, com direção coletiva em todos os níveis, com rostos regionais, sem distinção de sexo, cor, religião, partido político e grau de instrução. Somos um movimento popular, reivindicatório e político. Nossa prática militante é orientada pela pedagogia do exemplo e nossa luta se alimenta no profundo sentimento de amor ao povo e à vida.” O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nasceu em março de 1991, quando os participantes do I Congresso dos Atingidos de todo o Brasil decidem q u e o M A B “d e v e r i a s e r u m
movimento nacional, popular e autônomo, organizando e articulando as ações contra as barragens a partir das realidades locais, à luz dos princípios deliberados pelo Congresso.”A partir daí a luta se intensificou por todo o país e continuou com a compreensão de que é possível ter dignidade sem necessitar construir as barragens. Um elemento que perpassou anos na história do MAB e que mais recentemente tem se intensificado é o debate sobre gênero e as violações de direitos das mulheres atingidas por barragens. Esse tema foi tomando corpo dentro da organização e em abril de 2011 foi realizado em Brasília o primeiro Encontro das Mulheres Atingidas por Barragens. O encontro
contou com a presença de 500 mulheres, que debateram a situação de violência, as lutas que travam e saíram mais fortalecidas para se engajarem na organização. Atualmente o MAB está organizado em dezesseis estados do Brasil (RS, SC, PR, SP, MT, MG, BA, PE, PB, CE, PI, GO, TO, MA, PA e RO) e segue erguendo bandeiras contra as injustiças, pelos direitos dos atingidos por barragens, por um modelo energético popular que leve em conta as necessidades do povo, e por um projeto popular para o Brasil. Veja a seguir entrevista com Pe. Antônio Claret Fernandes, militante do MAB que conta como surgiu o movimento na Zona da Mata de Minas Gerais.
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Pe. Antônio Claret, militante do MAB, conta como surgiu o movimento na Zona da Mata NACAB: Como foi o surgimento do MAB da Zona da Mata. Quando em termos de data e ocasião ele surgiu? Pe. Claret: bom, ele surgiu no inicio da década de 90, a partir do momento que começaram a aparecer b a r ra ge n s e m a l g u n s lugares principalmente na região de Casa Nova, em Guaraciaba e lá na região de Emboque e Granada [Raul Soares e Abre Campo].
conseguimos abrir a secretaria em Ponte Nova, conseguimos o apoio da Região Pastoral da Mariana Leste [da Arquidiocese de Mariana]. Na época era o Pe. Zé Antônio que estava lá e ele conseguiu recurso para fazermos camisas e abrir a secretaria. Assim foi dando passos e hoje eu vejo que essa romaria foi uma referência interessante. NACAB: Então houve participação ativa da Comissão Pastoral da Terra nessa fundação do MAB.
Pe. Claret: ativa não, por que assim, essa atividade específica ela é da CPT, mas quem assume é localmente [organizações locais], então a participação realmente foi do pessoal daqui da região. Já existia um processo anterior e nós aproveitamos bem esse momento da Romaria e conseguimos essa conquista. E eu me lembro também que isso coincidiu com a vitória lá em Casa Nova, foi exatamente na Romaria que chegou a notícia NACAB: E essa iniciativa partiu dos próprios atingidos de que o projeto tinha sido indeferido. E isso também ou teve alguma coisa por parte do movimento, de marcou deslocar militantes para cá pra organizar o pessoal? Foto: Estado de bastante. Minas Pe. Claret: houve um grande tempo de transição. Na época o Pe. Juca estava aqui em Ponte Nova e ele foi lá em Casa Nova, ouvir o pessoal. E o Zé Roberto, da ASPARP, ele também ia muito em Casa Nova e fazia esse debate. Eu morava na Colônia Vaz de Melo em Viçosa. E o Franklin [professor da UFV] coordenava um grupo de profissionais que fazia trabalhos nos Nobres, na Colônia e por acaso nós nos encontramos, conversamos e começamos também a andar juntos. Houve deslocamento de militantes assim, esporadicamente, mas isso foi uma participação menor. O MAB foi nascendo a partir de um movimento mais espontâneo dessas diversas entidades e de religiosos que começaram a participar das campanhas nacionais. E nacionalmente também com esse caráter, o MAB estava nascendo e aí foi tendo esse entrosamento até com o tempo ir tendo essa identidade de movimento popular. NACAB: E tem algum evento ou ação que marca oficialmente o nascimento do MAB na Zona da Mata? Pe. Claret: o nascimento exatamente não, vamos dizer assim, uma referência que a gente coloca como legitimação da luta foi a Romaria das Águas e da Terra. Ela é organizada pela Comissão Pastoral da Terra Estadual e como havia já essa iniciativa de debate com os atingidos eles decidiram fazer naquele ano aqui na região. E então nós participamos ativamente, todo mundo. Ela aconteceu no dia 22 de agosto de 1996 e foi umas das maiores atividades aqui na região reunindo 12 mil pessoas e isso legitimou a luta e a partir daí
NACAB: E após Granada e Emboque e Casa Nova, como foi o movimento de chegada nas outras comunidades? Pe. Claret: na região de Emboque foram os padres e nós fomos juntos e aí continuou. Na região de Fumaça, era o Pe. João Batista que estava lá e ele trabalhava muito com a CEB's e nós fomos nos aproximando. Tinha o Claudiano que participava aqui e também das atividades a nível nacional. Tinha o Paulo Viana que também chegou a participar nacionalmente de algumas atividades, aí apareceu Candonga, entre os municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, pra baixo de Ponte Nova. Então foi através das comunidades e deste grupo de estudantes da UFV coordenados pelo professor Franklin e de alguns padres que estas portas foram se abrindo. NACAB: Claret, há algo mais que você ache interessante acrescentar e que a entrevista não contemplou? Pe. Claret: eu acho que em termos de marco enquanto movimento a luta de Fumaça foi bem interessante, foi a primeira ocupação que houve aqui na região e por isso é muito importante, não me lembro agora a data, mas foi uma ação marcante no processo. Foi a primeira vez que se ocupou um canteiro de obras de uma barragem aqui na região. NACAB: muito obrigado, Claret, pela atenção e pelas informações. Pe. Claret: por nada. Estamos à disposição!
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NACAB defende campanha pela energia solar
O debate sobre mudanças climáticas trouxe a necessidade de lançar um olhar diferenciado sobre a questão energética, no sentido da substituição progressiva das fontes de energia até agora utilizadas por outras menos poluentes e, principalmente renováveis. Assim, com relação à energia elétrica, muitos países do mundo vêm buscando ampliar sua oferta visando atender a uma demanda crescente e ao mesmo tempo diminuir as emissões de gases de efeito estufa apontando para a redução dos impactos ambientais na Presidente: Paulo Henrique Viana Secretário Executivo: Geraldo Magela Pereira Diretor Financeiro: José Roberto Fontes Castro Conselho Fiscal: Maria de Fátima Lopes e Irene Maria Cardoso Coordenadora Geral: Maria José de Souza Coordenador Administrativo: Bruno Costa da Fonseca Assessor Jurídico: Leonardo Pereira Rezende Coordenador Operacional do PRE Aliança: Antônio Maria Fortini Coordenador de Cooperativas: Riverson Moreira dos Santos Secretária Executiva: Taianara Emília Rosa Assessoria de Projetos: Juliana Padula Vilar Comunicação e Marketing: Jean Carlos M. Silva Estagiária de Formação em Cooperativismo: Fernanda Lessa de Souza. Estagiária de parcerias: Danusi Rodrigues VENHA NOS CONHECER Rua Benjamim Araújo - 56, Sala 1004, Centro, Viçosa - MG.
produção de energia. Alguns países avançam na produção de energia solar e eólica, menos poluentes, e estimulam pesquisas que busquem novas tecnologias verdadeiramente mais limpas. Dentre as fontes de energias alternativas que defendemos a geração de energia através do sol certamente tem centralidade. Dados do atlas Solarimétrico do Brasil (2004) indicam que o país tem uma média anual de radiação no território nacional entre 1.642 e 2.300 KWh/m2/ ano. Se apenas 1% dessa energia fosse aproveitada, toda a demanda brasileira por eletricidade poderia ser atendida. No Brasil, alguns pequenos passos têm sido dados no sentido da diversificação e descentralização da produção de energia. Alguns programas e políticas, apesar de bastante limitadas, regulamentam a pequena produção. Mas ainda há duas questões fundamentais a serem resolvidas – o financiamento para a aquisição desses equipamentos de microgeração e a quebra do monopólio das grandes produtoras e distribuidoras de energia no país.
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