Informativo do NACAB - 01 de junho de 2015 - Ano 3, Edição: 14 Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio. Mahatma Gandhi
REUNIÃO DA COOPERLAR DEBATE REGIMENTO INTERNO
A Cooperativa de Produtores Rurais de Laranjal, constituída em fevereiro desse ano, passa agora pelo momento de construção do seu regimento interno. Foto: NACAB.
Com o objetivo de dar inicio ao processo de construção do regimento interno os membros da COOPERLAR - Cooperativa de Produtores Rurais de Laranjal juntamente com seus familiares se reuniram no galpão do PRE Aliança neste último sábado dia 29/05. A reunião, que teve inicio por volta das 15h e durou cerca de duas horas, contou com a participação de aproximadamente 35 pessoas.
Logo no inicio foi feito um repasse a todos e todas das discussões ocorridas na reunião da COGESTÃO, realizada em maio. A COGESTÃO é o grupo formado por representantes do NACAB, da empresa Brookfield e das cooperativas e tem como objetivo administrar o PRE Aliança. Em seguida, Riverson Moreira, coordenador de cooperativas do NACAB, deu inicio ao debate do regimento interno discorrendo sobre cada ponto:
reuniões, número de faltas, justificativas, tolerância de atrasos, representação dos cooperados/as além de outros pontos mais organizativos como as sobras e retiradas, fundo de reserva e fundo rotativo. Nova reunião foi marcada para que se de continuidade ao debate do regimento interno. Após o término dos debates, será elaborada uma proposta de regimento que deverá ser votada em plenária pelo cooperados/as mais adiante.
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ENTREVISTA COM REINALDO BARBERINE SOBRE O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO E LUTADAS FAMÍLIAS ATINGIDAS PELA UHE BARRA DO BRAÚNA. 1. Reinaldo, para começar, vamos pedir que conte aos nossos leitores um pouco de quem você é, um pouco da sua história. E, se possível, também sobre o seu envolvimento com as famílias atingidas pela UHE Barra do Braúna. Reinaldo: Sou filho de trabalhador Rural, nasci em Silveira Carvalho - Barão do Monte Alto-MG. Desde meus 17 anos me interessei pelas lutas populares. Sou Cristão e minha formação é originárias das CEB's Comunidades Eclesiais de Base e do MOBOM Movimento do Boa Nova. Meus pais se separaram quando eu ainda tinha 04 anos, passei por duas famílias e graças à Deus enfrentei as rupturas causadas pela vida bem cedo. Fui educado na vida cristã. Minha infância foi sofrida, mas, com ajuda de muitos(as) ainda me considero uma pessoa privilegiada nesse mundo tão injusto e individualista. Fiz experiência religiosa e também fui militar por quatro anos, valeu as amizades. Trabalhei como Secretário no STR de Muriaé por mais de 9 anos. Fui agente voluntário da Comissão Pastoral da Terra por mais de 10 anos (95 a 2005) e hoje estou como agente liberado. Nessa articulação enquanto CPT - ZM andando, visitando, celebrando e conversando e escutando o povo, em especial as comunidades rurais sobre os problemas cotidianos, apareceram vários problemas que ameaçam a Vida. Um deles foi a Barragem da Barra do Braúna em Laranjal, entre 2005 e 2007 nós do coletivo da Pastoral juntamente com o Geraldo do STR de Palma fizemos algumas visitas a área supostamente afetada, percebemos que as pessoas não estavam interessadas em discutir sobre a "novidade". Naquele momento não conseguiu perceber os impactos que o Empreendimento traria para aquela região, para as comunidades e famílias. Sendo assim, deixamos no "cabide" tal assunto, logo-logo em 2008 a coisa veio a tona, os impactos começam aparecer. A Empresa começa a "mostrar os dentes". Muitas famílias ameaçadas fazem "acordos" na
pressão. No aperto um grupo de famílias liderado por Zé do Fotim, clama por ajuda, faz contato com Dr. Leonardo Pereira Rezende, que já nos assessorava desde 2003 com a questão da Mineração de bauxita. O Dr. Leonardo nos liga falando da problemática e a partir daí a CPT retorna a Laranjal para acompanhar e escutar as várias famílias atingidas pela Barragem Barra do Braúna 2. Sobre o processo de resistência das famílias atingidas, como se iniciou a luta? A organização partiu das próprias famílias? Houve participação de organizações sociais externas à comunidade? Reinaldo: O Processo de resistência inicia-se a partir de um grupo de famílias lideradas pelo Zé do Fotim. Eles solicitam ajuda, a gente se compromete em ajudá-los e eles se comprometem com gente. Houve uma mobilização com o MAB Movimento dos Atingidos por Barragem juntamente com a CPT, depois o MAB não pode continuar e a CPT continuou acompanhando as famílias atingidas. Houveram Audiências com a Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Meio Ambiente da ALMG; houveram duas reuniões importantíssima com o CEAS - Conselho Estadual de Assistência Social, onde eles ouviram atentamente todas as famílias o que foi decisivo na hora de "virar a mesa", ou seja mostrar que a empresa estava de fato cometendo abusos e ferindo os direitos humanos. Tiveram as sabias orientações do Dr. Leonardo Pereira Rezende do NACAB, que até hoje acompanha e orienta os grupos participantes desse processo. Houveram também Audiências no COPAM Regional ZM e como conseqüência dela a visita do Conselheiro do COPAM ZM Sr. Robim Lebretom. Houveram outras Audiências na ALMG, várias reuniões no CEAS-MG. m Tinha um grupo de famílias lideradas pelo Zé do Fortim, que acreditava na luta e acreditava nas orientações da gente. No entanto, tinha um grupo maior que achava que era besteira ficar reunindo, era perca de tempo, a coisa já não tinha mais solução.
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3. Como foi o processo de negociação com a empresa? Foi conflituoso? Reinaldo: Muito conflituoso, desrespeitoso, sem critérios claros, ou seja, pressionou de todas as formas as famílias, ameaçou de todas as formas. Muitas famílias fizeram acordos de medo e sobre as ameaças da Empresa, da Polícia Militar e Poder Público local. Só depois de muito sofrimento, choros, reclamações, denuncias, ainda assim se faziam ameaças. Somente depois de muita luta, de muita resistência, de muitos enfrentamentos passaram a ter respeito com as famílias e com a Comissão dos Atingidos e Atingidas eleita em assembleia. 4. Quantas famílias aproximadamente foram atingidas?
Reinaldo: Apesar do processo de sofrimento vivido e experimentado pelas famílais, olhando para trás e refletindo, acredito que houve sim um grande avanço, uma grande "travessia" aconteceu. Talvez afirmar que está consumado como vitorioso, seria um otimismo exagerado, pois as coisas ainda estão em andamento. Mas temos que afirmar que a coisa estava numa luta desproporcional e valeu acreditar , ter fé e sobre tudo lutar coletivamente para enfrentar o problema, se olharmos nesse sentido, aí foi uma vitória, como o conto narrado na Bíblia de Davi contar Golias. 7. Como você avalia o envolvimento do NACAB na assessoria das famílias atingidas pela UHE Barra do Braúna?
‘‘Na verdade a vida e os costumes foram sufocados pela barragem. "Indenizações" forçadas sob ameaças.’’
Reinaldo: Mais de 80 famílias. 5. Quais os principais impactos sociais e ambientais gerados localmente p e l a barragem?
Reinaldo: Eficiente e eficaz, tanto na a t u a ç ã o d o D r. Leonardo no primeiro momento, quanto pela a ç ã o e trabalho realizado t o d a equipe do NACAB posteriorme nte. O NACAB é fundamental nesse processo de assessoria e empoderamento das famílias.
Foto: Estado de Minas
Reinaldo: Sofrimento das F a m í l i a s ; P r o b l e m a s Emocionais; Brigas familiares; Ofensas pessoais e coletivas; Perca de produção; percas das terras; não retiraram a vegetação para encher o lago; mortandade de animais quando encheu o lago; Destruiu o ganha pão dos pescadores; Destruíram pomares com variados tipos de frutas; houve um pressão Policial desnecessária; Proprietários ficaram sem estrada por um período, com isso os produtores de leite não tiveram com transportar e perderam o leite. Na verdade a vida e os costumes foram sufocados pela barragem; "Indenizações" forçadas sobre ameaças. 6. Hoje, olhando pra trás, você acha que podemos considerar o processo vitorioso?
Área do PRE Aliança Laranjal-MG
8. Você acredita que o processo de luta e organização das famílias atingidas pela UHE Barra do Braúna pode servir de exemplo para outras comunidades Brasil afora? Reinaldo: Acredito que já o é. Onde Eu falo sobre a luta contra os grande projetos, sempre faço referências à luta travada e conquistada pelo grupo. NACAB: Muito Obrigado Reinaldo. Reinaldo: Agradeço a oportunidade. Conhecer o Leonardo e a Equipe e o trabalho do NACAB só faz bem para a gente e a luta.
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NACAB REALIZA REUNIÃO TRIMESTRAL DE PLANEJAMENTO Na última sexta-feira, 29/05, a equipe do NACAB se reuniu na sede da ONG para avaliar o planejamento anual e fazer os devidos ajustes. A reunião contou com a participação, além da equipe interna, de Paulo Henrique Viana, presidente do NACAB, José Roberto Fontes Castro, diretor financeiro, Leonardo Pereira Rezende, assessor jurídico, Maria José de Souza, da coordenação geral e Antônio Maria Fortini, coordenador operacional do PRE Aliança. Utilizando-se do planejamento da ONG para o ano, construído em fevereiro passado, foram apresentadas por cada setor as metas cumpridas e as não cumpridas, sendo feitas as devidas justificações e colocado um novo prazo para o cumprimento de tais metas.
Presidente: Paulo Henrique Viana Secretário Executivo: Geraldo Magela Pereira Diretor Financeiro: José Roberto Fontes Castro Conselho Fiscal: Maria de Fátima Lopes e Irene Maria Cardoso Coordenadora Geral: Maria José de Souza Coordenador Administrativo: Bruno Costa da Fonseca Assessor Jurídico: Leonardo Pereira Rezende Coordenador Operacional do PRE Aliança: Antônio Maria Fortini Coordenador de Cooperativas: Riverson Moreira dos Santos Secretária Executiva: Taianara Emília Rosa Assessoria de Projetos: Juliana Padula Vilar Comunicação e Marketing: Jean Carlos M. Silva Estagiária de Formação em Cooperativismo: Fernanda Lessa de Souza. Estagiária de parcerias: Danusi Rodrigues VENHA NOS CONHECER Rua Benjamim Araújo - 56, Sala 1004, Centro, Viçosa - MG.
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