Informativo do NACAB - 03 de agosto de 2015 - Ano 3, Edição: 21
Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem. Rosa Luxemburgo - Filósofa e Líder Política
A EDUCAÇÃO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS Por Tainara Emília Rosa
No seu sentido mais amplo, educação é um conjunto de influências e ações exercidas por um ser humano em outro. Essas ações pretendem alcançar um determinado propósito no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função nos contextos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade. Sendo assim, educação não se resume à educação
formal, realizada na escola propriamente dita, há educação e aprendizagens em outros espaços. Embora a escola enquanto instituição social tenha um papel privilegiado de formação e informação, onde a aprendizagem dos conteúdos deve estar em conformidade com as questões sociais possibilitando aos educandos apropriação dos conteúdos de
maneira crítica e construtiva, valorizando a cultura de sua própria comunidade, contribuindo para o exercício de cidadania compreende-se que há aprendizagem e produção de saberes em outros espaços. Desta forma, ressalta-se que a participação social em movimentos sociais também gera aprendizagens e saberes.
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instrumento primordial no processo de formação destes indivíduos. A prática de educação desenvolvida pelos movimentos sociais tem como principais eixos teóricos a formação da consciência, que engloba a problematização e compreensão dos fatos, identificação das reais condições e o reconhecimento dos indivíduos como sujeitos capazes de transformar a si mesmo e seu meio. Além disso, outro importante eixo teórico se refere à I Encontro Nacional de Educação Popular e organização do grupo no contexto Movimento de Mulheres 1985 - Piracicaba/São Paulo estrutural, com demandas práticas de mobilização e resistência. Segundo a socióloga Maria da Destaca-se, por fim, que a Glória Gohn, a relação entre movimentos sociais e educação ocorre educação pode ser compreendida para de duas formas: na interação dos muito além das dimensões curriculares, p o i sde Minas mescla-se com processos m o v i m e n t o s e m c o n t a t o c o m Foto: a s Estado instituições educacionais e no interior culturais, emancipação de classe e do próprio movimento social dado o principalmente com práticas sociais caráter educativo de suas ações, transformadoras. evidenciando que as duas formas de educação, a saber, a educação formal e a não formal não são excludentes. Nesse sentido, os movimentos sociais representam forças sociais organizadas que aglutinam pessoas não como uma força tarefa de ordem numérica, mas como campo de atividades e experimentação social geradoras de criatividade e inovações socioculturais, resgatando memórias que dão sentido à luta do presente, sejam essas lutas movidas pela necessidade do grupo ou pela busca da construção de uma sociedade democrática, igualitária e participativa. As lutas em sua maioria são pelo reconhecimento da diversidade cultural, pela inclusão social e, sobretudo na formação de cidadania. Os movimentos sociais constroem propostas e ações coletivas e ao realizar essas ações, projetam em seus participantes o sentimento de pertencimento social. Para isto, há um processo de formação e emancipação dos sujeitos para atuação em rede, tendo em vista que a educação é o
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COMUNIDADES SE MOBILIZAM CONTRA MINERADORA ANGLO AMERICAN Moradores que fecharam rodovia acusam empresa de cometer abusos e exigem o reconhecimento dos direitos de atingidos. Por Geovane Assis da Rocha e Juliana Deprá Stelzer De Conceição do Mato Dentro (MG)
Foto: Estado de Minas
Cerca de 80 pessoas das comunidades Turco, Cabeceira do Turco, Água Quente, Sapo e Serra da Ferrugem, em Conceição do Mato Dentro, a 167 km de Belo Horizonte, fecharam o trecho da rodovia MG-010, entre Conceição e Alvorada de Minas, principal acesso à mina da Anglo American, na tarde de terça (28) e quarta (29). Elas reivindicam o reconhecimento das comunidades como atingidas pela mineração e denunciam violação de direitos como a perda de córregos e nascentes, rachaduras nas casas causadas pelo mineroduto, poluição do ar, intensos ruídos, aumento de alcoolismo, de violência e até casos de estupro. Elias, que é morador da comunidade do Turco e uma das lideranças do movimento, diz que as comunidades já fizeram várias manifestações, mas suas reinvindicações ainda não foram atendidas pela empresa. “A primeira vez paramos por causa dos tremores que o mineroduto causa. A Anglo firmou um acordo com a gente para resolver a questão,
mas não resolveram. Agora queremos algo mais sério, uma reunião com a Supram, com a prefeitura, com o pessoal dos direitos humanos, com a empresa e Ministério Público Federal e Estadual, porque tem famílias aí que não têm água nem pra beber”, explica. “Queremos ser reconhecidos como atingidos e indenizados por todos danos que eles estão nos causando”, completa. Os moradores relatam que o mineroduto que liga a mina ao porto no Rio de Janeiro, com aproximadamente 450 km de extensão, está causando problemas nos lugares por onde ele passa. “Eu moro a 50 metros do mineroduto e não consigo nem colocar um quadro na parede por causa dos tremores. A Anglo disse que iria fazer um levantamento dos problemas, mas alegaram que as rachaduras nas casas não são causadas pela trepidação do mineroduto, mas porque nossas casas não estão nos parâmetros certos de fundação”, reclama Viviane, moradora da comunidade do Sapo.
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Proposta não agradou A empresa esteve no local da manifestação, porém a proposta apresentada não foi acatada pelos manifestantes por não apresentar garantias de que suas reivindicações serão atendidas. Eles aguardam a resposta dos órgãos públicos acionados para mediar as negociações e tomar providências em relação às denúncias. Cerca de 40 famílias foram reassentadas pela empresa, porém muitas ainda permanecem próximas à mina, sofrendo impactos ambientais e sociais sem serem indenizadas e reconhecidas como atingidas. O morador Renato, da comunidade Água Quente, diz que “está morando debaixo de uma barragem de rejeito enorme que foi construída pela Anglo, mas mesmo assim para ela a comunidade não é atingida”.
Presidente: Paulo Henrique Viana Secretário Executivo: Geraldo Magela Pereira Diretor Financeiro: José Roberto Fontes Castro Conselho Fiscal: Maria de Fátima Lopes e Irene Maria Cardoso Coordenadora Geral: Maria José de Souza Coordenador Administrativo: Bruno Costa da Fonseca Assessor Jurídico: Leonardo Pereira Rezende Coordenador Operacional do PRE Aliança: Antônio Maria Fortini Coordenador de Cooperativas: Riverson Moreira dos Santos Secretária Executiva: Taianara Emília Rosa Assessoria de Projetos: Juliana Padula Vilar Comunicação e Marketing: Jean Carlos M. Silva Estagiária de Formação em Cooperativismo: Fernanda Lessa de Souza. Estagiária de parcerias: Danusi Rodrigues VENHA NOS CONHECER Rua Benjamim Araújo - 56, Sala 1004, Centro, Viçosa - MG.
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