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Entrevista: Ricardo Ferreira

Diretor Geral Distribution Business Unit JP Sá Couto, S.A.

Ricardo Ferreira é o diretor geral da Distribution Business Unit (jp.di), na JP Sá Couto, S.A., uma das maiores unidades de distribuição de tecnologias de informação em Portugal. Ao longo da sua conceituada carreira profissional, foi sempre acompanhado pela paixão pelo trabalho e, acima de tudo, pelo desejo de fazer acontecer. Ricardo Ferreira considera que o tamanho da sua ambição só o poderia ter guiado até aqui.

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Ricardo Ferreira is the general manager for the Distribution Business Unit (jp.di) at JP Sá Couto, S.A., one of the largest IT distribution units in Portugal. Throughout his highly regarded professional career, he has always been associated with a passion for work and, above all, a desire to make it happen. Ricardo Ferreira considers the size of his ambition could only have guided him here.

Existem dois dias iguais na vida do diretor geral da maior empresa de distribuição de tecnologias de informação em Portugal?

Considero que, nos dias de hoje, não existem dois dias iguais na vida de ninguém. De facto, a Pandemia que todos vivemos, a turbulência com que as nossas vidas se depararam, os miúdos que têm de se afastar da escola, o conciliar o teletrabalho com os afazeres domésticos, o conseguir manter a vida pessoal equilibrada com a profissional quando as mesmas se misturam… acho que o dia-a-dia da grande generalidade das pessoas passa por grandes dificuldades e não existirão seguramente dois dias iguais. Num caso mais específico da minha vida particular enquanto profissional, enquanto diretor geral… não ainda da maior distribuição, mas de uma das grandes empresas e das maiores empresas de distribuição de tecnologia e informação, de facto também não existem dois dias iguais. A velocidade a que o mundo da tecnologia avança, a diversidade de situações com que temos de lidar e gerir, a dimensão da própria estrutura de colaboradores e a atenção permanente que a gestão da mesma exige tornam todos os dias desafiantes e, de facto, quando acordamos e quando iniciamos o dia, não sabemos o que nos espera na grande parte dele. Procuramos ter um planeamento mais ou menos eficaz, mas a realidade é que é um ato de gestão constantemente interrompido por diversas situações. Portanto, acho que é a vida de um gestor e, no meu caso em particular, é também um pouco a minha vida. Procurar planear, mas, consciente de que as interrupções e a atenção a um grande número de fatores é uma realidade incontornável.

Are there two identical days in the life of the general manager of the largest information technology distribution company in Portugal?

I believe that nowadays no two days are the same in anyone’s life. In fact, the Pandemic that we all live, the turmoil our lives have gone through, the kids that have to get away from school, the balance between telework and domestic tasks, the ability to balance personal life with professional life when they mix... I think the daily life of the great majority of people goes through great difficulties and there will certainly not be two equal days. In a more specific case of my private life as a professional, as a general manager... not yet of the biggest distribution, but of one of the big companies and of the biggest technology and information distribution companies, in fact, no two days are the same either. The speed at which the world of technology advances, the diversity of situations we have to deal with and manage, the size of the staff structure itself, and the permanent attention that its management demands make every day challenging and, in fact, when we wake up and when we start the day, we don’t know what awaits us in most of it. We try to have effective planning, but the reality is that it is an act of management constantly interrupted by several situations. So I think it’s a manager’s life and, in my particular case, it’s also a little bit my life. To try to plan, but, aware that the interruptions and the attention to a huge number of factors are an unavoidable reality.

O Ricardo é responsável pela unidade de Negócio Distribuição (jp.di) da JP Sá Couto desde 2017, tendo trazido uma vasta experiência empresarial consigo para o cargo, incluindo 10 anos de funções enquanto diretor financeiro da JP Sá Couto. Que ambições nunca deixou para trás na sua vida profissional?

A minha grande ambição, desde sempre, é dar um contributo para que a economia real possa desenvolver-se e que eu possa, de alguma forma, participar nesse desenvolvimento económico, que pode passar desde a realização de negócios, criação de novos projetos, sei lá, um conjunto vasto de situações que, quem opera na economia real tem ao seu alcance. Eu ainda antes de ser diretor financeiro do grupo JP Sá Couto, também trabalhei no sector financeiro, que foi, aliás o meu primeiro emprego, e passados poucos anos de eu estar no setor financeiro percebi que o meu futuro não poderia continuar nessa área. Tenho um perfil muito, muito prático, tenho um desejo muito grande de fazer acontecer e é essa ambição de realizar coisas, de conseguir ver os resultados do meu trabalho em algo palpável, de poder contribuir para a criação de sinergias, para a criação até de postos de trabalho, essa é a grande ambição que eu sempre tive. Felizmente, hoje tenho a possibilidade de poder dar um contributo maior do que dei até então. Portanto, essa é de facto a minha grande ambição.

You are the Head of the Distribution Business Unit (jp.di) of JP Sá Couto since 2017, you brought vast business experience with you to the position, including 10 years as financial director of JP Sá Couto. What ambitions have you never left behind in your professional life?

My greatest ambition has always been to make a contribution so that the real economy can develop and that I can somehow participate in that economic development, which can include doing business, creating new projects, I don’t know, a vast set of situations that those operating in the real economy have within their reach. Even before I was the financial director of the JP Sá Couto group, I also worked in the financial sector, which was, by the way, my first job, and, after a few years of being in the financial sector, I realized that my future could not continue in this area. I have a very, very practical profile, I have a very great desire to make it happen, and it is this ambition to accomplish things, to be able to see the results of my work in something tangible, to be able to contribute to the creation of synergies, to the creation even of jobs, this is the great ambition that I always had. Fortunately, today I have the possibility of being able to make a greater contribution than I have done so far. So that’s really my great ambition.

Sabemos que o ramo das tecnologias da informação está em constante mutação e adaptação e requer um olhar sempre muito atento de quem está à frente no sector tecnológico. Em que se destaca a jp.di das outras grandes empresas de distribuição de tecnologias de informação em Portugal?

Eu considero que o que destaca a jp.di das outras grandes empresas de distribuição de tecnologias é a sua própria cultura e a forma de estar presente no mercado. E como é que é essa forma? É basicamente assente em 3 grandes vetores: proximidade, agilidade, simplicidade. O que nós procuramos é tornar a vida e o negócio simples para os nossos parceiros. Procuramos ser um elemento impulsionador e, ao mesmo tempo, que sejamos capazes de dar valor para os nossos parceiros, não só com os produtos e soluções que vendemos, mas acima de tudo pela forma como o fazemos. O nosso propósito é bem claro e passa por estas palavras que referi há pouco: com a simplicidade, com a agilidade, com a capacidade de adaptação aos desafios constantes que o dia-a-dia nos vai trazendo. E, claro, não nos podemos esquecer que somos uma empresa nacional de origem familiar, aliás, ainda somos uma empresa familiar, com uma cultura que os nossos acionistas implementam muito forte, e que, felizmente, todos respiramos e que eu acho que nos distingue do mercado. Temos uma equipa que é muito feliz no local onde trabalha, o que nem sempre acontece, temos equipas muito agradadas com as condições de trabalho que têm e, assim, conseguimos ter o compromisso de toda a gente e somos uma equipa alinhada na prossecução dos nossos objetivos, que passam exatamente por aquilo que referi.

We know that information technologies are constantly changing and adapting a lot of attention from those who are ahead in the technological sector. What stands out jp.di from other large IT distribution companies in Portugal?

I consider that what highlights jp.di from the other big technology distribution companies is its own culture and its way of being present in the market. And how is this way? It is basically based on 3 major vectors: proximity, agility, simplicity. What we seek is to make life and business simple for our partners. We seek to be a driving force and, at the same time, to be able to give value to our partners, not only with the products and solutions we sell but above all by the way we do it. Our purpose is very clear and goes through these words that I mentioned earlier: with simplicity, with agility, with the ability to adapt to the constant challenges that daily life brings us. And, of course, we must not forget that we are a national company of family origin, in fact, we are still a family company, with a very strong culture that our shareholders implement, and that, fortunately, we all breathe and that I think distinguishes us from the market. We have a team that is very happy where it works, which does not always happen, we have teams that are very pleased with the working conditions that they have and, therefore, we can have the commitment of everyone and we are a team aligned in the pursuit of our goals, which go through exactly what I said.

Um dos grandes marcos da JP Sá Couto foi a sua participação na criação e distribuição dos computadores Magalhães, em 2008. A área da educação foi uma grande aposta para a empresa. Considera que esta foi uma viragem na sua História?

Eu considero que todas as organizações têm de estar constantemente a analisar o contexto em que estão inseridas, a analisar a sua proposta de valor, os seus fatores diferenciadores da concorrência e, com isso, definir a estratégia para o futuro. E com a JP Sá Couto foi o que aconteceu. Depois de uma presença consistente no negócio da distribuição percebemos que havia uma oportunidade na área da educação e, desde, cedo, começamos a trabalhar nessa área, tendo sido a empresa pioneira a lançar iniciativas de introdução de tecnologia em ambiente de sala de aula. Portanto, aí, orgulho-me imenso de ter feito parte de um projeto que, não só a nível nacional, mas também a nível internacional, se destacou, e teremos sido dos primeiros a avançar com projetos dessa natureza. Agora, se foi uma viragem na sua história… foi um marco. Foi um marco importante como outros pelos quais outras organizações passam. Hoje em dia, a parte da educação tem uma gestão própria, é conhecida como a jp.ik, outra unidade de negócio da JP Sá Couto, e eu estou mais presente na unidade de negócio da distribuição, onde, felizmente, este ano foi um ano muito positivo para as duas áreas de negócio e estou em crer que o futuro, quer do negócio da educação, quer do negócio da distribuição será muito promissor e teremos a capacidade de trazer muitos sucessos para nós e para todos os stakeholders que nos acompanham nesta jornada.

One of JP Sá Couto’s major achievements was its participation in the creation and distribution of Magalhães computers, in 2008. The education area was a great bet for the company. Do you think this was a turning point in its history?

I believe that all organizations have to be constantly analyzing the context in which they are inserted, analyzing their value proposition, their differentiating factors from the competition, and, with this, defining the strategy for the future. And with JP Sá Couto that’s what happened. After a consistent presence in the distribution business, we realized that there was an opportunity in the education area. Since early, we started working in this area, having been the pioneer company to launch initiatives of technology introduction in the classroom environment. Therefore, I am very proud to have been part of a project that, not only at a national level but also at an international level, stood out, and we will have been among the first to advance with projects of this nature. Now, if it was a turning point in your history... it was a milestone. It was an important milestone like others that other organizations go through. Today, the education part has its own management, it is known as jp.ik, another business unit of JP Sá Couto, and I am more present in the distribution business unit, where, fortunately, this year was a very positive year for both business areas, and I believe that the future of both the education and distribution business will be very promising, and we will have the capacity to bring many successes for us and for all the stakeholders that accompany us on this journey.

Quem são os principais clientes da jp.di?

Os clientes da jp.di basicamente dividem-se em 4 verticais: trabalhamos com os grandes integradores de tecnologia, a que chamamos o segmento corporate, trabalhamos também com o mercado small and medium business – a que chamamos SMB, que são os revendedores que trabalham clientes de mais pequena e média dimensão -, e estes dois segmentos fazem parte do que nós chamamos o departamento Business to Business, portanto são os clientes que trabalham o mercado empresarial. Depois, temos também equipas dedicadas ao mercado de consumo – mercado de consumo numa vertente sempre B2B2C, ou seja, nós só vendemos para revenda, e aí temos como clientes os grandes players do retalho nacional e também os grandes e-tailers, portanto, as grandes empresas que hoje em dia já têm a sua atividade mais assente no online e no e-commerce. Portanto, diria que estes 4 verticais são os grandes clientes da jp.di

Who are jp.di’s main customers?

jp.di’s customers are basically divided into 4 verticals: we work with the large technology integrators, which we call the corporate segment, we also work with the small and medium business market - which we call SMB, which are the resellers who work with smaller and medium-sized customers - and these two segments are part of what we call the Business to the Business department, so they are the customers who work with the business market. Then, we also have teams dedicated to the consumer market - consumer market in an always B2B2C aspect, that is, we only sell to resell, and there we have as costumers the big national retail players and also the big e-tailers. Therefore, the big companies nowadays have their activity more based on online and e-commerce. Therefore, I would say that these 4 verticals are the big customers of jp.di.

A velocidade com que empresas fracassam ou dão certo no mercado da tecnologia é, talvez, uma das características mais marcantes do sector. Qual é o segredo para que uma empresa desta natureza tenha mais hipóteses de prosperar?

É ter bem definido o seu why?. O porquê da sua existência. Muitas empresas são baseadas num produto, são baseadas numa forma de fazer determinada coisa, mas muitas vezes é esquecido o porquê, o porquê de existirem, qual o real propósito. Eu acho que quando uma empresa tem um propósito bem definido, é entendida, e acima de tudo coincide com necessidades sentidas no contexto onde a mesma se insere, é meio caminho andado para ter sucesso. Depois, é um misto de competência e oportunidades que vão surgindo no caminho das organizações.

The speed with which companies fail or succeed in the technology market is, perhaps, one of the most striking features of the sector. What is the secret for a company of this nature to have more chances to prosper?

The secret is to have its why well defined. The why of its existence. Many companies are based on a product, they are based on a way of doing a certain thing, but many times it is forgotten why, why they exist, what the real purpose is. I think that when a company has a well-defined purpose, it is understood, and above all, it coincides with needs felt in the context where it is inserted, it is halfway to success. Then, it is a mixture of competence and opportunities that arise in the path of organizations.

Quais são as recomendações que alguém com o seu caminho profissional em diversas empresas pode deixar aos jovens empresários de hoje?

Bem, em primeiro lugar, ainda me considero um jovem empresário, portanto, um jovem empresário a deixar recomendações a jovens empresários é sempre um pouco difícil de realizar. Não obstante, a experiência que eu já trago, acima de tudo que trago hoje… o que eu posso recomendar é uma capacidade de resiliência muito forte, as dificuldades vão sempre surgir, nunca vão desaparecer, mas também não há tempestade que nunca acabe, nem bonança que sempre dure, por isso, a resiliência, a capacidade de resistir, e de procurar sempre encontrar o caminho certo, diria que é a grande recomendação que eu posso deixar. Pelo menos, é o que eu tenho procurado fazer ao longo da minha carreira profissional.

What are the recommendations that someone with your professional path in several companies can give to young entrepreneurs today?

Well, first of all, I consider myself still a young entrepreneur, so a young entrepreneur giving recommendations to young entrepreneurs is always a little difficult to accomplish. Nevertheless, the experience that I already bring, above all that I bring today... what I can recommend is a stronger capacity of resilience, the difficulties will always arise, never disappear, but, also no storm never ends, nor bonanza that always lasts, so the resilience, the capacity to resist, and to always try to find the right way, I would say it is the great recommendation that I can give. At least, it’s what I’ve been trying to do throughout my professional career.

Na sua opinião, existem diferenças entre um empreendedor que deseja começar a atuar no sector da tecnologia e empreendedores de outras áreas?

Eu acho que um empreendedor é um empreendedor e, portanto, não acho que haja grandes diferenças entre empreendedores da área da tecnologia e empreendedores de outras áreas. Um empreendedor tem de ter, em primeiro lugar, um grande espírito de sacrifício, o início de qualquer projeto é carregado de dificuldades, tem de estar preparado para vir ao terreno fazer a tarefa mais simples para, na hora seguinte, estar a pensar em estratégias para o futuro, mas ao mesmo tempo tem de ter um gosto e uma paixão enorme em conseguir criar algo e de alinhar equipas em torno de um objetivo comum. E, portanto, este espírito que algumas pessoas têm eu acho que é comum seja qual for a área onde a pessoa esteja a procurar desenvolver o seu projeto.

In your opinion, are there any differences between an entrepreneur who wants to start working in the technology sector and entrepreneurs from other sectors?

I think an entrepreneur is an entrepreneur. I don’t think there are big differences between entrepreneurs in the technology area and entrepreneurs in other areas. An entrepreneur must, first of all, have a great spirit of sacrifice, a beginning of any project is fraught with difficulties, he must be prepared to come to the field to do the simplest task and, in the next hour, be thinking about strategies for the future, but at the same time, you have to have an enormous taste and passion, to create something, and to align teams around a common goal. And therefore, this spirit some people have, I think is common whatever the area where a person is looking to develop their project.

O que considera necessário ter para além de uma boa ideia?

Além de uma boa ideia, aquilo que eu considero que se deve ter é paixão, paixão por aquilo que se faz, paixão por realizar aquilo que se espera vir a alcançar, em concretizar, transformar ideias em atos, o fazer acontecer. Eu considero que há muitas pessoas que têm excelentes ideias, mas depois têm uma dificuldade enorme em conseguir concretizar essas ideias. E esta capacidade executiva, esta capacidade de concretizar é essencial, na minha opinião. Portanto, as boas ideias são essenciais, mas a concretização das mesmas acho que se revestem de igual importância. Por isso é que eu considero que há pessoas com perfil mais para ter ideias e que muitas vezes, depois de ter essa ideia, o melhor a fazer é passar a responsabilidade, a concretização da mesma, a outras pessoas e darem autonomia para que essa execução possa ser feita com sucesso.

What do you think is necessary besides a good idea?

Besides a good idea, what I think one should have is passion, passion for what one does, passion for accomplishing what one expects to achieve, concretizing, transforming ideas into acts, making it happen. I think many people have excellent ideas, but then they have a huge difficulty in making those ideas come true. And this executive capacity, this capacity to make it happen is essential, in my opinion. Therefore, good ideas are essential, but the concretization of them I think are equally important. That’s why I think that there are people who have the profile to have ideas and that often, after having that idea, the best thing to do is to pass the responsibility, the concretion of it, to other people and to give autonomy so that that execution can be done successfully.

Qual é a opinião do Ricardo em relação às tecnologias de informação nas startups?

Eu acho que as tecnologias de informação são vitais não só nas startups como em empresas já estabelecidas há muito tempo. Se calhar em startups são ainda mais importantes porque permitem já iniciar um negócio com uma sistematização de dados que permita chegar-se ao conhecimento de uma forma mais rápida do que sem esses instrumentos de tecnologia. Repare-se que hoje em dia, o mundo dos negócios… no dia-a-dia, somos inundados por dados, dados, dados, dados, dados… depois, a dificuldade está em transformar esses dados em informação e, mais além, em conhecimento e, eu diria que, hoje ainda temos o desafio de transformar o conhecimento em ação e, portanto, as tecnologias de informação, na minha opinião, permitem e facilitam esse processo que, do simples dado, dado de vendas, dado de clientes, dado de mercado, consigamos chegar à capacidade de ação. E, para isso, é necessário passar por esta indústria de transformação, que é, como eu referi no início, passar de dados de informação a conhecimento, a ação, daí que a tecnologia de informação é, na minha opinião, essencial.

What is your opinion regarding information technologies at startups?

I think information technologies are vital not only in startups but in companies that have been established for a long time. Maybe startups are even more important because they allow you to start a business with a systematization of data that allows you to get to know more quickly than without these technology tools. Note that today, the business world… in everyday life, we are inundated by data, data, data, data, data… then, the difficulty is in transforming that data into information and, further, in knowledge and, I would say, today we still have the challenge of transforming knowledge into action and, therefore, information technologies, in my opinion, allow and facilitate this process which, from simple data, sales data, customer data, market data, we can reach the capacity for action. And, for that, it is necessary to go through this transformation industry, which is, as I mentioned at the beginning, moving from information data to knowledge, action. Information technology is, in my opinion, essential.

Para si faz sentido que uma empresa como a que lidera seja investidora numa startup, sendo possível aportar valor para ambas?

Se faz sentido ou não que uma empresa como aquela da qual faço parte seja investidora numa startup… depende de variadíssimos fatores. Acho que não há uma resposta direta a essa pergunta.

Depende do contexto onde a mesma está inserida, dependo do tipo de estratégia que quer aportar para o futuro, o tipo de sinergias que é possível ou não estabelecer com eventuais alvos de investimento e, portanto, acho que requer análises mais profundas para se dar uma resposta a esse contexto. Eu sou muito adepto de cooperação, acho que Portugal peca por haver um défice de cooperação entre organizações, um défice de startups que possam ser acolhidas com sucesso, mas também resulta um pouco do nosso próprio perfil cultural. Repare que, infelizmente, se um empreendedor fracassa com um primeiro projeto de startup, tem muitas dificuldades em poder arrancar com um segundo projeto. É visto como alguém que já fracassou e fica com esse rótulo durante muito tempo, é algo que por exemplo não acontece noutros locais. Se formos, por exemplo aos EUA, é exatamente ao contrário. Eu há uns anos participei numa ação de formação em Stanford, onde tive a oportunidade de fazer um Pitch para Business Angels, e um dos aspetos que eles mais valorizavam era de facto a experiência passada em projetos que fracassaram e essa experiência de fracassos era valorizada, pois no fracasso cometem-se erros que são mais do que erros, são fatores de aprendizagem enorme. Na nossa cultura, continuamos infelizmente a considerar o erro como algo que nos vai marcar para o resto das nossas vidas e, portanto, daí a dificuldade de se calhar, existir um verdadeiro ambiente propício à criação de startups e de novos projetos empresariais em Portugal.

Does it make sense to you that a company like the one you lead is an investor in a startup, being possible to contribute value to both?

Whether or not it makes sense for a company like the one I am part of to be an investor in a startup ... depends on many factors. I don’t think there is a direct answer to that question. It depends on the context in which it is inserted, depending on the type of strategy you want to contribute to the future, the type of synergies that are possible or not to establish with possible investment targets and, therefore, I think it requires more in-depth analysis to give a response to that context. I am a fan of cooperation. I think Portugal suffers from a lack of cooperation between organizations, a deficit in successfully hosting startups, but this also results in a little from our own cultural profile. Note that, unfortunately, if an entrepreneur fails with a first startup project, he has many difficulties in starting a second project. He is seen as someone who has already failed and remains with that label for a long time, something that, for example, does not happen elsewhere. If we go, for example, to the USA, it is exactly the opposite. A few years ago, I participated in a training course at Stanford, where I had the opportunity to make a pitch for Business Angels. One of the aspects that they valued most was the experience in failed projects. Because, in failure, there are mistakes that are more than mistakes, they are huge learning factors. In our culture, unfortunately, we continue to consider error as something that will mark us for the rest of our lives and, therefore, hence the difficulty in having a real environment conducive to the creation of startups and new business projects in Portugal.

Em modo conclusivo, gostaríamos que o Ricardo nos desse a sua visão pessoal sobre o futuro da tecnologia.

Eu hoje tenho uma visão se calhar ainda mais otimista sobre o futuro da tecnologia do que tinha há uns tempos atrás. Há muito tempo que se tem vindo a falar de termos como transformação digital, clouds, sistemas supersofisticados e inteligência artificial. A realidade é que muitos desses termos não saíram de power-points bonitos, que foram sendo apresentados. Este ano, e infelizmente pelos motivos que o originaram, assistiu-se a um verdadeiro processo de colocar em prática muitos dos conceitos que temos vindo a abordar e a assistir. E, portanto, eu acho que a tecnologia hoje tem um papel nas nossas vidas mais importante do que alguma vez teve. É através da tecnologia que, infelizmente, nós conseguimos contactar com outras pessoas, esta situação pandémica, este isolamento que nos foi pedido e que não há outra forma de ultrapassar o momento atual, só não é mais pesado e penalizador para as pessoas porque temos tecnologia. É com tecnologia que as minhas filhas conseguem estar em casa e assistir às aulas, que conseguem ter conversas com as suas amigas, que não sentem tanto o peso de estar fechadas dentro de quatro paredes durante tantos dias seguidos. Portanto, eu acho que no futuro pessoas, empresas, vão olhar com outros olhos para a tecnologia e vão, de facto, encontrar formas para que a mesma acrescente um verdadeiro valor ao seu dia-a-dia. Portanto, é com agrado que trabalho na área da tecnologia, pois estou claramente convicto de que será um setor que, não só terá sucesso no futuro, mas que trará sucesso. E trará possibilidades inimagináveis hoje, mas que seguramente o futuro nos mostrará.

In conclusion, we would like you to give us your personal vision about the future of technology.

Today I have a vision, maybe even more, optimistic about the future of technology than I had some time ago. For a long time, we have been talking about terms like digital transformation, clouds, supersophisticated systems, and artificial intelligence. The reality is that many of these terms have not come out of beautiful power-points, which have been presented. This year, and unfortunately for the reasons that originated it, we have witnessed a real process of putting into practice many of the concepts that we have been approaching and watching. And therefore, I think that technology today has a more important role in our lives than ever before. It is through technology that, unfortunately, we can contact other people, this pandemic situation, the request they made us isolate ourselves, which is the only way to overcome the current moment ... all this just is not heavier and penalizing for people because we have the technology. It is with technology that my daughters can be at home and attend classes, that they can have conversations with their friends, and do not feel so much the weight of being closed inside four walls for so many days in a row. So, in the future, people, companies will look with other eyes to the technology and will, in fact, find ways for it to add real value to their daily lives. So I’m pleased that I work in the technology area because I’m clearly convinced that it will be a sector that, not only will succeed in the future, but that will bring success. And it will bring possibilities unimaginable today, but that surely the future will show us.

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