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Crónica

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Be On

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Isabelle de Oliveira

O poeta Friedrich Von Schiller, escreveu um dia que “A língua é o espelho de uma nação.” E é neste espelho de nações com convidados oriundos de várias partes do Mundo, mas com a questão da Lusofonia bem presente e no centro das nossas preocupações e motivações, que aconteceu o Fórum Internacional Económico, dando também impulso à missão do Instituto do Mundo Lusófono (IMLus). Foi este Fórum um palco de análise, debate de ideias e propostas na prossecução de uma dinâmica de construção de um espaço económico lusófono, que é reflexo também do melhor que fazemos no mundo lusófono a muitos outros níveis.

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Em boa hora decidiu o Departamento de Estratégia e Desenvolvimento Económico do Instituto do Mundo Lusófono, organizar esta iniciativa, tornando possível o caminho da intensificação de laços e promoção de oportunidades de negócio. A lusofonia representa uma economia-mundo, emergente sob diversos aspetos e forma uma área geográfica de fronteiras estáveis e um ecossistema político, linguístico e cultural. O denominador comum deste grande conceito lusófono de prosperidade é, sem dúvida, a língua portuguesa, uma língua de cultura e diplomacia, mas também uma língua empreendedora do futuro, falada por 60% por jovens com menos de 30 anos, aprendida diariamente por mais de 100 milhões de alunos e a quarta língua mais usada na Internet. Foi instituído pela Unesco o dia cinco de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, algo muito importante mas é preciso fazer mais pois sabemos a influência da língua portuguesa no mundo em todas as suas dimensões: política, cultural, educativa, económica, mediática, científica, técnica, geográfica, desportiva, entre outras, assegurando simultaneamente a promoção dos valores comuns dos povos lusófonos. Sabemos que a partilha de uma língua é um importante facilitador negocial. A língua portuguesa poderia tornar-se uma rede fluida e radiante de uma cooperação económica solidária entre as suas centenas de milhões de falantes, algo que não tem sido devidamente desenvolvido.

Neste Fórum, foi muitas vezes abordado esta questão e o facto de não ter sido feito ainda um verdadeiro investimento e valorização da língua como potencial enorme para outras dimensões como antes referi, muito para além da economia, caso da cultura, da cidadania, entre outras… Mas neste Fórum internacional, a economia foi o tema em análise, envolvendo ilustres oradores e participantes: diplomatas, responsáveis políticos, economistas, especialistas na área das finanças, empresários , estudiosos no âmbito da sociologia, comunicação, académicos, dirigentes associativos, gestores públicos e privados do mundo lusófono e francófono, ou seja, dar voz à latinidade. Ficou bem marcado o quão fundamental é olharmos para os desafios que temos pela frente, mas também para as nossas capacidades, idiossincrasias, capacidade de diálogo e a capacidade de sonhar. Sim, muitas intervenções centraram-se nesta capacidade de sonhar num futuro mais sustentável e humanista , valores que o mundo lusófono e francófono abraçam.

Na verdade, após duas crises seguidas, como é o caso da pandemia da COVID-19 e a guerra na Ucrânia, não podíamos, não devíamos, fechar os olhos às consequências globais que daí resultaram e impunha-se a questão, como pode a Lusofonia posicionar-se neste mundo em mudança? As crises, como foi salientado em várias intervenções, mostraram fragilidades, revelaram parcerias não confiáveis, investimentos errados, mas elas são também janelas de oportunidade singulares, e devem ser vistas não apenas pelo lado da fatalidade, mas também pela oportunidade. Oportunidade para fazer diferente, para fazer mais, para transformar, para nos reinventarmos. Olhar para outros parceiros, confiar em países que têm a mesma identidade e valores e não permitir dependências como aconteceu até aqui com as vacinas, e depois, com o petróleo, gás e cereais . Na verdade, se a fraca autonomia dos países levou a uma situação crítica, o mesmo aconteceu com países que ficaram extraordinariamente focados numa única área do desenvolvimento, caso do turismo, por exemplo. É preciso, assim concluíram os nossos ilustres oradores, haver maior pluralidade e menos dependência.

Muitos oradores apresentaram o potencial dos seus países, caso do Brasil ou Angola, com tantos recursos a aguardar uma maior cooperação entre o mundo lusófono . Esta urgência na cooperação, palavra que foi repetida muitas vezes, tal como a palavra inclusão, fez trazer para o debate o provérbio africano muito sábio : “ Se queres ir depressa vai sozinho , se queres ir longe vai em grupo”. Havemos de ir longe com parceiros que prezam valores comuns, como a democracia e os direitos humanos e estão ligados por afetos. Também a formação e a educação (jovens e adultos), a transformação digital, foram definidos como pilares neste novo mundo. Na verdade, o potencial de cada país e desejos de investimento em cooperação, permitem reequilibrar o mundo de outra forma, através de parcerias que promovam uma economia sustentável, perspetivada para o Desenvolvimento mais do que o crescimento, guiada pela defesa dos Direitos Humanos.

O IMLus é também a prova que se podem criar projetos nobres a partir da sociedade civil e com o apoio do mundo empresarial que tem aqui um papel determinante, e só assim podemos levar as cores da lusofonia ainda mais longe, escrevendo uma nova página da Lusofonia, mais moderna e progressista. Poderei concluir que com este Fórum Internacional Económico conseguimos cumprir os objectivos propostos pelo IMLus: desenvolver o conhecimento nas grandes apostas da mundialização das economias, acentuando as relações entre o mundo lusófono, fortalecer laços entre a comunidade lusófona e francófona - uma oportunidade para o encontro de decisores económicos e de empreendedores, a fim de trocar ideias sobre novas perspetivas de empreendedorismo, dando visibilidade às empresas, encorajando e facilitando oportunidades de negócio (economia de mercado, economia verde, economia azul, economia social, economia do desporto, economia do turismo, indústrias culturais e criativas. Da análise da situação ao debate de ideias passou-se a propostas muito interessantes. O desejo comum foi o de realização de um Fórum já com tema sugerido. Neste mundo em permanente mutação, de desafios constantes que nos obrigam a fazer da resiliência, por vezes, a única arma possível para enfrentar os desafios, existem pessoas e instituições de excelência e, diria eu, extraordinárias, que se movem pela filantropia e pelos valores do humanismo, que fazem mudar a forma como vemos e percecionamos o mundo e que, no limite, nos levam a acreditar no sonho de uma sociedade e de um mundo melhor!

Assim, o IMLus quis homenagear individualidades que se destacam em várias áreas, Pessoas inspiradoras, a quem entregamos troféus e se tornaram nossos Embaixadores: o grande jogador internacional Daniel Alves do FC Barcelona, o empresario Luís de Sousa conhecido como o nosso Bill Gates português, a fantástica Maria Alice Medina, Fundadora do Rock in Rio e a ilustre socióloga Sabah Abouessalam Morin, esposa do pensador universal Edgar Morin. Considerou Membros honorários as distintas personalidades pela sua missão em prol dos valores do Instituto tal como Vítor Ramalho, Horácio Barra, João Pimenta, António Laranjeira, Dominique Restino, Aguinaldo Jaime, Bruno Lair, Gonçalo Nuno Santos, Maurício Santos, Tomás Pinto Gonçalves, Paulo Pereira.

E agradeceu-se aos Sponsors pois sem eles não seria possível a concretização deste evento memorável, atribuindo-lhe medalhas pela sua nobre ação em prol da Lusofonia.

Por fim, queria ainda salientar que esse Forum foi também um marco para a história do Instituto : criação , em Portugal, do IMLus que contará no seu caminho com o apoio da instituições e das empresas para continuar a crescer rumo a uma lusofonia universal em parceria com todos aqueles que já trabalham pela mesma causa. Não poderei deixar de mencionar a chave de ouro reservada para a sessão de encerramento: a presença virtual do ex Presidente do Brasil, Dr. José Sarney, com uma mensagem emotiva, plena de significado e inspiradora para todos nós a quem muito agradecemos. Agradeço a todos os que acreditaram nesta ideia, que disseram presentes e que se disponibilizaram para partilhar, no belíssimo Centro Cultural de Belém, todo este conhecimento pró-ativo e certamente diferenciador.

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