![](https://assets.isu.pub/document-structure/220420122237-bb5141aadca5e5eadb6dceae894b7a26/v1/345cf239f85c022ec65bfcb62021db0d.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
14 minute read
Entrevista: Paulo Araújo
Entrevista / Interview
Paulo Araújo
Advertisement
Cofundador e CEO da WiConnect Angola
A conversa desta edição traz o Cofundador e CEO da WiConnect Angola, Paulo Araújo, que ousou abdicar a actividade bancária para criar a sua própria marca. Paulo nasceu em Angola, concretamente em Luanda, onde fez até o quarto ano de escolaridade. Aos dez anos de idade foi estudar, numa sequência da decisão dos pais, na África do Sul, tendo concluído o ensino secundário na escola Americana Internacional de Joanesburgo. Com os 16 anos foi para a Inglaterra fazer o liceu no curso de International Baccalaureate, o que lhe permitiu obter dois diplomas. Todavia, entendeu dar continuidade ao seu background, fazendo a licenciatura no curso de Matemática e Gestão, na Loughborough University. Paulo acredita que o curso que escolheu ajudou-lhe muito durante a sua carreira profissional. This edition’s conversation features the Co-founder and CEO of WiConnect Angola, Paulo Araújo, who dared to give up the banking activity to create his own brand. Paulo was born in Angola, specifically in Luanda, where he completed his fourth year of schooling. At the age of ten he went to study, following his parents’ decision, in South Africa, having completed his secondary education at the American International School in Johannesburg. At the age of 16 he went to England to study at the International Baccalaureate, which allowed him to obtain two diplomas. However, he decided to continue his background, taking a degree in Mathematics and Management at Loughborough University. Paulo believes that the course he chose helped him a lot during his professional career.
O empreendedor considera-se um jovem que tem como missão deixar uma referência positiva no seu país e continente, com projetos de impacto alargado que beneficiem o máximo de pessoas. Paulo Araújo confessou ainda que gosta de fazer viagens turísticas, mas guarda no seu interior a vontade de crescer o suficiente na empresa em que comanda, tornando a internet mais barata, cumprindo, desse modo, o seu compromisso de pôr os angolanos ”ON”. The entrepreneur considers himself a young man whose mission is to leave a positive reference in his country and continent, with projects of wide impact that benefit the most people. Paulo Araújo also confessed that he likes to take tourist trips, but he keeps within himself the desire to grow enough in the company he runs, making the internet cheaper, thus fulfilling his commitment to putting Angolans “ON”.
Tendo estudado e vivido também na África do Sul e na Inglaterra, que experiências e conhecimentos lhe trouxe essas vivências?
Sem dúvida que, estudar e ter vivido na África do Sul, assim como na Inglaterra, foram essenciais para a forma como vejo a vida hoje. Tive a oportunidade e o privilégio de lidar com pessoas de toda parte do mundo e todo tipo de culturas. Esta experiência ensinou-me a ver e perceber que nós os humanos temos mais aspectos em comum, do que diferentes.
Depois destas vivências na diáspora, o que nos pode contar sobre o seu trajeto profissional? Qual e onde foi o seu primeiro emprego?
O meu primeiro emprego foi no Standard Bank de Angola, no departamento financeiro como técnico de contabilidade. Durante os seis anos na instituição, tive a oportunidade de desempenhar várias posições dentro do departamento financeiro e, nos últimos três anos do banco, trabalhei na Sala de Mercados como trader, com responsabilidades de gerir a liquidez e a posição cambial, referente a venda e compra de moeda estrangeira.
De que forma é que o empreendedorismo entra na sua vida? Como é que o descobriu? Teve alguma referência?
Na minha casa os meus pais sempre falavam de empresas, teorias económicas, teorias monetárias e sempre me deram uma visão da economia como o suporte das famílias, dos países e das nações. Na verdade, os meus pais sempre geriram empresas e eu pude conviver com a gestão dentro de casa. Acredito que daí nasceu o interesse de construir projetos de valor que melhorassem ou mesmo resolvessem problemas reais à minha volta. Entrei para o empreendedorismo de forma tímida, mas muito rapidamente fiz do empreendedorismo o meu sustento e hoje só vivo do meu projeto.
Quais foram os seus sonhos de infância?
Os meus sonhos de infância foram iguais a todos os sonhos de adolescentes. Sempre desejei construir uma empresa do zero. Lembro-me de gostar muito de acompanhar o negócio das bolsas.
Having also studied and lived in South Africa and England, what experiences and knowledge did these experiences bring you?
Undoubtedly, studying and having lived in South Africa, as well as England, were essential to the way I see life today. I had the opportunity and privilege to deal with people from all over the world and all kinds of cultures. This experience taught me to see and understand that we humans have more aspects in common than different.
After these experiences in the diaspora, what can you tell us about your professional path? What and where was your first job?
My first job was at Standard Bank of Angola, in the finance department as an accounting technician. During my six years at the institution, I had the opportunity to perform various positions within the financial department and, in the last three years at the bank, I worked in the Trading Room as a trader, with responsibilities for managing liquidity and foreign exchange position, referring to sales and purchase of foreign currency.
How does entrepreneurship enter your life? How did you discover it? Did you have any references?
In my house my parents always talked about companies, economic theories, monetary theories and they always gave me a vision of the economy as the support of families, countries and nations. In fact, my parents always managed companies and I was able to live with management at home. I believe that the interest in building value projects that would improve or even solve real problems around me was born from there. I entered entrepreneurship timidly, but very quickly I made entrepreneurship my livelihood and today I only live off my project.
What were your childhood dreams?
My childhood dreams were like all teenage dreams. I’ve always wanted to build a company from scratch. I remember really enjoying following the stock exchange business.
Uma vez, em 2009, quando tinha 17 anos de idade, pedi ao meu pai dinheiro emprestado para comprar ações na Coca-Cola, no pico da crise financeira mundial, porque acreditava que em cinco anos iria multiplicar o valor três vezes mais. No final, eu tinha razão!
E esses sonhos se reflectem no que faz hoje?
Hoje, posso dizer que sim, estou a viver o meu sonho porque dedico-me a 100% a uma empresa que sou cofundador do zero.
A WiConnect é uma plataforma de internet Wi-Fi grátis. Quais foram os primeiros passos para a sua criação? Como surgiu esta ideia?
Apercebi-me, desde que comecei a trabalhar, que existia um vazio grande na população do nosso país e, sobretudo, nos jovens em relação ao acesso à internet.
Once, in 2009, when I was 17 years old, I asked my father to borrow money to buy shares in Coca-Cola, at the height of the global financial crisis, because I believed that in five years I would multiply the value threefold. In the end, I was right!
And are these dreams reflected in what you do today?
Today, I can say that yes, I am living my dream because I dedicate myself 100% to a company that I co-founded from scratch.
WiConnect is a free Wi-Fi internet platform. What were the first steps towards its creation? How did this idea come about?
I realized, since I started working, that there was a big void in the population of our country and, above all, among young people in relation to internet access.
Era necessário ocupar esse espaço e permitir aos jovens o conhecimento e a ligação ao mundo com as novas tecnologias. Depois de ensaiar vários modelos, aos poucos aprendemos a aperfeiçoar o trabalho com as necessidades que encontramos no mercado e chegamos ao modelo que somos hoje. It was necessary to occupy this space and allow young people to know and connect to the world with new technologies. After testing several models, little by little we learned to improve the work with the needs that we found in the market and we arrived at the model we are today.
A WiConnect foi vencedora do prémio “Seedstars”, conhecida como a startup mais inovadora, em 2016. De lá para cá, houve mais prémios ou reconhecimentos?
Depois dos Seedstars preferimos orientar a empresa e os seus recursos para os clientes e resolver o problema da limitação no acesso à internet no país. Desde então, já conectamos mais de 200 mil angolanos com internet grátis.
Actualmente, em que fase se encontra a WiConnect? E quantos pontos de internet grátis é que já foram criados?
Encontramo-nos na fase de scale ou escala, onde estamos a levar a marca para as 18 províncias do país e além fronteiras, a equipa está focada em consolidar a empresa no sentido de satisfazer plenamente os nossos clientes e suprir as suas necessidades. Nesse momento a WiConnect tem presença em Angola, São Tomé e Uganda e contamos com mais 300 hotspots activos em África.
WiConnect won the “Seedstars” award, known as the most innovative startup, in 2016. Since then, have there been more awards or recognitions?
After the Seedstars, we preferred to orient the company and its resources towards customers and solve the problem of limited internet access in the country. Since then, we have connected more than 200 thousand Angolans with free internet.
What stage is WiConnect currently in? And how many free internet points have already been created?
We are in the scale phase, where we are taking the brand to the 18 provinces of the country and beyond, the team is focused on consolidating the company in order to fully satisfy our customers and meet their needs. At the moment, WiConnect has a presence in Angola, São Tomé and Uganda and we have over 300 active hotspots in Africa.
Para além das parcerias com as instituições como o Banco Angolano de Investimento (BAI), Unitel, IPWorld e entre outras, a Total Energies escolheu, recentemente, a WiConnect como parceira tecnológica para o projeto de Wi-Fi gratuíto nos postos de abastecimentos e lojas de conveniência. O que representa mais este ganho para si e para a empresa?
A WiConnect quando foi pensada como projeto de negócio, era dirigido ao fornecimento de internet grátis a todos quanto pudessem usufruir dela. O facto de hoje podermos estender Wi-Fi gratuito pelos vários pontos dos nossos clientes, vem confirmar que estávamos certos desde o princípio. Afirmamos sempre que quem ganha não são os donos das empresas, mas todos aqueles que usufruem do trabalho desta empresa. Quem ganha é Angola. Além das empresas nacionais, conseguir parcerias com empresas multinacionais, reafirma que estamos em condições de competir com outras empresas multinacionais no mesmo ramo e reforça o nosso compromisso em prestar um serviço cada vez melhor.
A WiConnect está à procura de investidores para alavancar o projeto? Se sim, que género de investidores procuram e que valores de investimentos estamos a falar? E, ainda, que impacto teria esse investimento no progresso da empresa?
Não estamos a procura de investidores, continuamos apostar no crescimento orgânico e sustentável que tem funcionado nos últimos anos, mas, tal como qualquer startup, estamos abertos para ideias exploratórias e considerar propostas que possam surgir.
Para além da WiConnect, Paulo tem outros projetos criados? E olhando para o futuro, podemos contar com mais projetos inovadores?
Não tenho outros projetos, porque a transformação digital do nosso país e continente é tão grande que nos obriga a focar constantemente no nosso objetivo.
In addition to partnerships with institutions such as Banco Angolano de Investimento (BAI), Unitel, IPWorld and among others, Total Energies recently chose WiConnect as a technological partner for the free Wi-Fi project at gas stations and convenience stores. What else does this gain represent for you and for the company?
When WiConnect was conceived as a business project, it was aimed at providing free internet to all who could use it. The fact that today we can extend free Wi-Fi to the various points of our customers confirms that we were right from the beginning. We always say that whoever wins are not the owners of the companies, but all those who benefit from the work of this company. Who wins is Angola. In addition to national companies, establishing partnerships with multinational companies reaffirms that we are in a position to compete with other multinational companies in the same field and reinforces our commitment to providing an increasingly better service.
Is WiConnect looking for investors to jumpstart the project? If so, what kind of investors are you looking for and what investment values are we talking about? And what impact would this investment have on the company’s progress?
We are not looking for investors, we continue to focus on the organic and sustainable growth that has worked in recent years, but, like any startup, we are open to exploratory ideas and considering proposals that may arise.
In addition to WiConnect, does Paulo have other projects created? And looking to the future, can we count on more innovative projects? I have no other projects, because the digital transformation of our country and continent is so great that it forces us to constantly focus on our goal.
Ainda existem mais de 800 milhões de africanos sem acesso a internet e não me vejo a fazer outra coisa a não ser WiConnect.
Quais são as suas outras ambições pessoais e profissionais?
A minha responsabilidade e foco estão voltados para a empresa, no sentido de satisfazer os nossos clientes que são os nossos parceiros preferenciais, criar um ambiente de trabalho em que todos sintamos que somos uma equipa. Neste momento é esta a minha ambição pessoal e profissional.
Como caracteriza o ecossistema empreendedor em Angola? E qual é a apreciação que faz sobre as fintechs, aceleradoras e incubadoras no mercado angolano?
O ecossistema de empresas privadas ainda é demasiado pequeno para o tamanho e potencial do nosso país, mas estamos em fase de criação de mercado e, como consequência, a criação e consolidação do ecossistema.
Na sua opinião, que tipo de ajuda precisam, especificamente, as startups angolanas?
As empresas em Angola, não apenas as startups, precisam de melhores políticas fiscais que incentivam a criação de empregos e acesso ao crédito.
Em relação ao empreendedorismo, o que aconselha à nova geração de gestores, empresários e líderes?
Que para empreender é necessário correr riscos calculados, ser humilde e muito prudente. Nunca se deve perder o foco do negócio que é servir cada vez melhor os seus clientes. O que permite que uma empresa seja saudável e sobreviva é exatamente a satisfação dos seus clientes. O verdadeiro patrão de uma empresa são os seus clientes, são eles que ditam a sobrevivência e a continuidade de qualquer empresa. There are still over 800 million Africans without internet access and I can’t see myself doing anything other than WiConnect.
What are your other personal and professional ambitions?
My responsibility and focus are on the company, in the sense of satisfying our customers who are our preferred partners, creating a work environment in which we all feel that we are a team. At the moment, this is my personal and professional ambition.
How do you characterize the entrepreneurial ecosystem in Angola? And what is your assessment of fintechs, accelerators and incubators in the Angolan market?
The ecosystem of private companies is still too small for the size and potential of our country, but we are in the market creation phase and, as a consequence, the creation and consolidation of the ecosystem.
In your opinion, what kind of help do Angolan startups specifically need?
Companies in Angola, not just startups, need better tax policies that encourage job creation and access to credit.
In relation to entrepreneurship, what do you advise the new generation of managers, entrepreneurs and leaders?
That to undertake it is necessary to take calculated risks, to be humble and very prudent. One should never lose the focus of the business, which is to better serve its customers. What allows a company to be healthy and survive is exactly the satisfaction of its customers. The true boss of a company is its customers, they are the ones who dictate the survival and continuity of any company.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/220420122237-bb5141aadca5e5eadb6dceae894b7a26/v1/3fc883391fee0e0e3d7477c7e19ffb15.jpeg?width=720&quality=85%2C50)