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ISSN: 2177-6504
SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade ano 14 • número 52 • Divisão C • Abr-Jun 2017
os desafios e as evoluções agrícolas
do sistema sucroenergético
Se investir na sua produção está nos seus planos, conte com o Banco do Brasil na Agrishow. Visite nosso estande e faça bons negócios. De 1 a 5 de maio Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Km 321 Ribeirão Preto - SP
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índice
os desafios e as evoluções agrícolas do sistema sucroenergético
Editorial:
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Antonio de Padua Rodrigues Diretor Técnico da Unica
Ensaio especial:
52
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli
Gerente de Marketing-AL da John Deere
Produtores:
8 10 14 16
Ian Dobereiner
Diretor Agrícola da Raízen
Fernando Eduardo Amado Tersi
Diretor Agroindustrial da Cerradinho Bionergia
Ricardo Lopes Silva
Diretor Agrícola e de Originação da Biosev
Jaime José Stupiello Diretor Agrícola da Tereos
Especialistas:
36 40 42
Dib Nunes Junior
Presidente do Grupo Idea
Manoel Carlos de Azevedo
Cientistas:
18 22 24 30 32 34
Diretor da Datagro Alta Performance
Cientista da Vignis S/A
Gonçalo Amarante Guimarães Pereira Diretor do CTBE/CNPEM
José Eduardo Marcondes de Almeida Pesquisador Científico do IE do APTA/SAA-SP
Marcos Guimarães de Andrade Landell
Pesquisador Científico do Instituto Agronômico – IAC
Marcos Cesar Gonçalves
Pesquisador Científico do Instituto Biológico
José Otavio Menten
Professor de Fitopatologia da Esalq-USP
Consultores:
Presidente da CanaOeste
Paulo Zancaner Castilho
Sizuo Matsuoka
44 46 50
João Rodrigues e Aníbal Almeida Prado Diretores da Saccharum Consultoria
Alceu Donizette Donegá
Consultor de Mecanização da ASA
Enrico De Beni Arrigoni
Consultor da Consultoria Enrico Arrigoni
Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: Opinioes@RevistaOpinioes.com.br n Diretor Geral de Operações e Editor Chefe: William Domingues de Souza - 16 3965-4660 - WDS@RevistaOpinioes.com.br nCoordenadora Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Souza - Fone: 16 3965-4606 - VRDS@RevistaOpinioes.com.br nVendas: Lilian Restino - 16 3965-4696 - LR@RevistaOpinioes.com.br • Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@globo.com nJornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@RevistaOpinioes.com.br nProjetos Futuros: Julia Boniceli Rolo - 2604-2006 - JuliaBR@RevistaOpinioes.com.br nProjetos Avançados: Luisa Boniceli Rolo - 2304-2012 - LuisaBR@RevistaOpinioes.com.br nConsultoria Juridica: Priscilla Araujo Rocha nCorrespondente na Europa (Augsburg Alemanha): Sonia Liepold-Mai Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de nExpedição: Donizete Souza Mendonça - DSM@RevistaOpinioes.com.br nCopydesk: Roseli Aparecida de Sousa - RAS@RevistaOpinioes.com.br nEdição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@globo.com nTratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues, Careca - LuisCar.rodrigues@gmail.com - 16 98821-3220 n Finalização: Douglas José de Almeira nArtigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões pessoais sob a responsabilidade de seus próprios autores nFoto da Capa: Tadeu Fessel Fotografias- 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com nFoto do Índice: Tadeu Fessel Fotografias - 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com nFotos das Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 98111-8887- paulo@pauloaltafin.com.br • Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck.com.br • Tadeu Fessel Fotografias - 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com • Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas nFotos dos Articulistas: Acervo Pessoal dos Articulistas e de seus fotógrafos pessoais ou corporativos nVeiculação Comprovada: Através da apresentação dos documentos fiscais e comprovantes de pagamento dos serviços de Gráfica e de Postagem dos Correios nTiragem Revista Impressa: 7.000 exemplares nExpedição Revista eletrônica: 11.000 e-mails cadastrados - Cadastre-se no Site da Revista Opiniões e receba diretamente em seu computador a edição eletrônica, imagemn fiel da revista impressa nPortal: Estão disponíveis em nosso Site todos os artigos, de todos os articulistas, de todas as edições, de todas as divisões das publicações da Editora WDS, desde os seus respectivos lançamentos nAuditoria de Veiculação e de Sistemas de controle: Liberada aos anunciantes a qualquer hora ou dia, sem prévio aviso nHome-Page: www.RevistaOpinioes.com.br South Asia Operation: Opinions Magazine-India: Specific publication on agricultural, industrial and strategic issues of Indian regional market. Editorial language: English. Advertising language: English and Hindi n Business Researcher: Marcelo Gonçalez - +91 9559 001 773 - MG@RevistaOpinioes.com.br nMarketing Researcher: Eliete Aparecida Alves Goncalez - +91 9580 824 411 - EG@RevistaOpinioes. com.br nChief Editor Assistant: Gabrielle Gonçalez - +91 9580 824 411 - GG@RevistaOpinioes.com.br n
Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Pedro Robério de Melo Nogueira • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano
editorial de abertura
gestão agrícola e criatividade
em tempos de crise
Coautor: Luciano Rodrigues, Gerente de Economia e Análise Setorial da Unica
Desde 2008, aproximadamente 80 usinas e destilarias em todo o País já fecharam as portas, e dezenas estão em recuperação judicial. "
Antonio de Padua Rodrigues Diretor Técnico da Unica
Todos sabem que o setor sucroenergético vivenciou uma trajetória absolutamente atípica nos últimos 15 anos. O início dos anos 2000 foi um período de intenso investimento, com a ampliação da capacidade produtiva existente e a construção de mais de 100 novas unidades no Brasil. Múltiplos fatores contribuíram para esse cenário: o lançamento dos veículos flex-fuel, as perspectivas de aumento na cotação internacional do petróleo, o crescimento do interesse global pelos biocombustíveis e o diferencial tributário existente entre o etanol hidratado e a gasolina no mercado doméstico. Esse movimento se alterou drasticamente após a recessão mundial de 2008, dando origem a uma das maiores crises da história da indústria canavieira. O aumento nos custos de produção do etanol e o teto de receita imposto pelo controle dos preços da gasolina ampliaram o endividamento do setor, que, hoje, supera a receita média anual das empresas e compromete cerca de 15% do faturamento somente com o pagamento das despesas financeiras. Resultado: desde 2008, aproximadamente 80 usinas e destilarias em todo o País já fecharam as portas, e dezenas estão em recuperação judicial. Nesse mesmo período, de forma menos evidente para o grande público, houve uma transformação significativa nas atividades agrícolas da cadeia canavieira.
6
Além do avanço da produção para regiões de fronteira, a pressão para o fim do uso do fogo como método de despalha da cana-de-açúcar promoveu um rápido avanço na mecanização da colheita, com repercussão em inúmeras operações no campo. O uso das colhedoras impôs uma nova curva de aprendizagem ao setor ao suscitar alterações nas técnicas de plantio, nos sistemas de conservação de solo, nas pragas e doenças na lavoura, etc. Essas mudanças promovidas pela mecanização, aliada à dificuldade de investimentos diante da crise setorial e ao clima atípico em algumas safras, impactaram negativamente a produtividade agrícola, gerando inúmeras críticas à indústria sucroenergética e, em especial, à área agrícola das empresas. De fato, o rendimento dos canaviais diminuiu sensivelmente nos últimos anos, atingindo, em 2011, índice médio inferior a 70 toneladas por hectare na região Centro-Sul do Brasil (Figura 1). Essas cifras incorporam, ainda, um alto teor de impurezas vegetais, o que superestima a real produtividade. Seguindo a mesma tendência, a concentração de açúcares na matéria-prima reduziu significativamente nesses últimos anos, com queda próxima a 12 kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana quando comparada aos valores observados antes ; da expansão do setor (Figura 2).
Opiniões 1
PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA MÉDIA DA LAVOURA COLHIDA NA REGIÃO CENTRO-SUL 90 90
80 80
70 70
2016 2016
2015 2015
2014 2014
2013 2013
2012 2012
2011 2011
2010 2010
2009 2009
2008 2008
2007 2007
2006 2006
2005 2005
2004 2004
CONCENTRAÇÃO MÉDIA DE ATR NA CANA COLHIDA NA REGIÃO CENTRO-SUL
150 150
140 140
kg ATR/t cana
kg ATR/t Cana
2
2003 2003
50 50
2002 2002
60 60
2016 2016
2015 2015
2014 2014
2013 2013
2012 2012
2011 2011
2010 2010
2009 2009
2008 2008
2007 2007
2006 2006
2005 2005
2004 2004
2003 2003
120 120
2002 2002
130 130
Nesse caso, sequer se tem clareza do real efeito do manejo da colheita, da extensão do período de moagem e do maior volume de impurezas vegetais nas cargas – dentre outras variáveis, sobre esse recuo no teor de açúcares na planta. Esse cenário impõe um enorme desafio: como ampliar a eficiência produtiva em um contexto de recursos limitados para investimento em novas tecnologias e para o uso adequado daquelas já disponíveis? Obviamente, não existe uma receita única para transpor essa situação, que exigirá criatividade, conhecimento, gestão e empenho das empresas sucroenergéticas. Felizmente, a melhoria das margens observada na safra 2016/2017 – derivada do aumento dos preços do etanol e, principalmente, da melhor remuneração do açúcar – permitiu um primeiro movimento de retomada dos investimentos nas lavouras. Para citar um exemplo típico, neste ano, se espera uma expansão na área de renovação dos canaviais próxima a 30% comparativamente ao índice registrado em 2016, quando representou o equivalente a pouco mais de 14% da área total colhida. O avanço observado na gestão dos recursos disponíveis e a perspectiva de novas tecnologias devem contribuir de forma decisiva para a retomada eficiente da capacidade produtiva da indústria canavieira.
Especificamente no segmento agrícola, essa recuperação passa pelo uso de variedades mais adaptadas ao sistema produtivo, de maquinários mais modernos, de ferramentas de agricultura de precisão com eletrônica embarcada, dentre outros. Observa-se, ainda, o emprego de novas tecnologias de plantio, como o uso de mudas pré-brotadas, e a sinalização de possível ruptura tecnológica diante do desenvolvimento da semente artificial de cana-de-açúcar. A cana-de-açúcar transgênica resistente a insetos também deverá ser uma realidade comercial no futuro próximo. Variedades com maior tolerância à seca, maior produção de açúcares e maior eficiência fotossintética também poderão surgir. Nesse contexto, eventuais estímulos gerados por mudanças no ambiente institucional são fundamentais para acelerar o processo de inovação e difusão de novas tecnologias. Cita-se, por exemplo, a concessão de financiamentos para a expansão e a renovação de canaviais, contemplando a exigência do uso de material protegido. Outro exemplo consiste em uma tributação diferenciada para máquinas e equipamentos com maior eficiência nas operações agrícolas, incentivando os fabricantes de colhedoras e plantadoras a aperfeiçoarem seus produtos. Outro sólido estímulo se refere à disponibilização de financiamentos para a pesquisa de doenças e de pragas e de novos sistemas de plantio. A valorização dos benefícios econômicos e ambientais associados à bioeletricidade também é crucial para a adoção de sistemas de aproveitamento da palha, incluindo técnicas de recolhimento no campo e de processamento nas indústrias. Na mesma linha, estão os estímulos à produção de biogás e biometano pelo setor sucroenergético. Um momento importante para a definição do futuro desse setor está em curso, com o etanol despontando como uma solução para reduzir o déficit doméstico de combustíveis, para atender aos compromissos assumidos pelo Brasil para a mitigação dos efeitos do aquecimento global e para gerar benefícios secundários expressivos à sociedade – com investimentos, geração de empregos e de renda. As tecnologias disponíveis e em desenvolvimento, a indicação de novos ganhos de produtividade e eficiência e o esforço mantido pela cadeia sucroenergética para romper com o estado desordenado vigente nos últimos anos podem garantir um caminho menos tortuoso na busca pela consolidação da cana-de-açúcar como fonte de energia limpa para o futuro. n
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produtores
Opiniões
de olho no futuro:
gestão eficiente garante sustentabilidade do setor A história de sucesso do setor sucroenergético brasileiro é evidente. Essa trajetória é marcada por profundas mudanças nos últimos anos em termos de eficiência, principalmente por causa da tecnologia. A força e a grandiosidade da agroindústria refletem a sua representatividade na economia do País. Fato esse que incentiva e projeta um futuro ainda mais próspero. Atingir a sustentabilidade do setor a longo prazo é, sem sombra de dúvidas, o maior desafio de quem milita nessa área. Para tanto, equilibrar o binômio custo de operações e produtividade do canavial é matéria fundamental. Na busca por aperfeiçoar seus processos, reduzindo cada vez mais os custos operacionais, uma alternativa encontrada pela Raízen foi alinhar as práticas agronômicas já estabelecidas a um novo modelo de operação, com uma visão muita mais logística de todo o processo de colheita e de produção. Um bom exemplo desse conceito foi a implementação no último ano do Pentágono, uma torre de comando capaz de monitorar todas as operações de um único ponto, garantindo que sejamos capazes de extrair o máximo de produtividade de cada equipamento. A operação funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, em tempo real. Dentro desse mesmo conceito de otimização, a Raízen promoveu uma profunda reformulação do seu modelo de transporte. Passou a operar com 8 transportadoras, ao invés das 216 anteriores. Isso possibilitou dar escala a seus fornecedores e discutir as oportunidades de incremento de produtividade nessa área, com muito mais proximidade. Ainda na visão de redução de custos, a Raízen foi buscar, fora do setor, inspiração para aprimorar outros tantos processos que não tinham uma referência tão forte dentro do nosso mercado. Um bom exemplo dessa ação é a área de manutenção automotiva, que tem, em outros setores, processos muito mais amadurecidos. Buscar aprendizados com esses segmentos nos trouxe
velocidade no desenvolvimento de uma manutenção que fosse efetivamente de classe mundial, em um intervalo de tempo muito mais curto. Garantir a sustentabilidade do nosso setor não passa apenas por montar um processo otimizado, mas também por garantir que sejamos capazes de extrair mais valor dos nossos canaviais, com o intuito de ter cada vez mais produtividade por hectare. Nesse sentido, fica latente que devemos separar esse desafio em duas etapas muito claras. No curto prazo, o nome do jogo é execução, ou seja, garantir que sejamos capazes de implementar todos os conhecimentos que já são amplamente estabelecidos. Podemos citar como exemplo a redução nas falhas de plantio, a aplicação correta de fertilizantes e herbicidas, a operação de colheita que não danifique o canavial, o manejo adequado do planejamento de colheita, bem como outras tantas ações que são de amplo conhecimento do mercado. Não tenho dúvidas de que a simples implementação desses processos, com excelência, tem a capacidade de ampliar, de forma considerável, a produtividade do nosso canavial. Juntamente com as ações de curto prazo, fica também evidente que o setor precisa se preparar para o longo prazo com práticas estruturadas. É necessário o suporte ao desenvolvimento de novas variedades, discutir profundamente nossos equipamentos agrícolas, trazer novas tecnologias para o setor, entre outras iniciativas que irão garantir os próximos saltos de produtividade. Precisamos buscar, de forma incansável, que o setor seja capaz de produzir mais e melhor, levando os nossos negócios para um novo patamar de produtividade e de custos. Caso contrário, as variações de preços das commodities do mercado sempre interferirão profundamente na dinâmica do setor. Nesse sentido, é fundamental que sejamos atores dessa revolução. n
No curto prazo, o nome do jogo é execução, ou seja, garantir que sejamos capazes de implementar todos os conhecimentos que já são amplamente estabelecidos. "
Ian Dobereiner Diretor Agrícola da Raízen
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produtores
Opiniões
os desafios
e as evoluções operacionais da área agrícola
O sistema brasileiro de produção agrícola de cana-de-açúcar apresentou inúmeros avanços tecnológicos e forte modificação nos últimos 20 anos. Novos tratores e equipamentos providos de localização geográfica, que monitoram a aplicação de insumos em taxa variável e em tempo real, propiciaram maior eficácia no uso de corretivos, fertilizantes e defensivos agrícolas. Outras evoluções importantes percebidas referem-se ao aumento da disponibilidade da informação, do volume de congressos, eventos técnicos, boletins, periódicos – muitos deles on-line –, com informações de técnicas relacionadas a novas variedades, preparo de solo, nutrição de plantas e controle de plantas daninhas, compactação de solo durante a colheita mecanizada, entre outros assuntos específicos, estão fartamente divulgados e discutidos, sendo que a grande maioria das empresas possibilita e estimula, de forma intensiva, que seus funcionários participem e tenham acesso a toda essa nova fronteira de conhecimento. Apesar de todas essas novas possibilidades tecnológicas disponíveis no mercado, poucas usinas ainda conseguem obter elevada produtividade agrícola nos canaviais
– acima de cem toneladas por hectare –, a um custo competitivo. Fazendo uma análise das principais causas dessas dificuldades, entendo que os principais fatores estão relacionados ao preparo primário, à nutrição, ao controle de pragas, ao manejo das plantas daninhas, ao direcionamento do tráfego e à taxa anual de reforma. O preparo primário do solo é o passo mais importante do conjunto de operações que devem acontecer na implantação inicial ou na reforma do canavial. Esse procedimento é o alicerce para o desenvolvimento da cultura. Nesse começo, os principais problemas que, eventualmente, são verificados referem-se ao baixo nível de investimento nas operações de preparo primário, principalmente na necessidade de utilização de doses adequadas de corretivos e fertilizantes minerais, adubos verdes, material orgânico ou plantio de leguminosas durante esse fundamental processo de melhoria do solo antes da implantação da cana-de-açúcar. Com isso, o que parecia inicialmente ser uma economia de custos evitada por utilizar um menor volume de insumos, máquinas e mão de obra, poderá limitar o potencial de desenvolvimento do canavial ao longo do ciclo dos cinco ou mais cortes da cultura, ;
Muitas atividades que não forem executadas corretamente na implantação do canavial, somente poderão ser corrigidas depois de cinco ou seis anos após uma nova reforma. "
Fernando Eduardo Amado Tersi Diretor de Operações Agroindustriais da Cerradinho Bionergia
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produtores o que somente poderá ser modificado no próximo ciclo de implantação no momento da reforma para renovação do canavial. Na reforma do canavial, é fundamental a correção do solo do ponto de vista químico e físico, mas também a utilização de rotação de cultura deve ser considerada prática obrigatória para a obtenção de elevada produtividade agrícola, de forma sustentável ao longo dos futuros cortes do canavial. Ocorreu uma grande evolução das máquinas utilizadas na implantação, no cultivo e na colheita da cana-de-açúcar. Na área de plantio, as novas plantadoras são providas de sistema de imagem diurna e noturna que balizam a qualidade da operação em tempo real. Essas máquinas estão disponíveis para o plantio da cana em toletes, apesar de ainda terem elevado consumo de cana-de-açúcar por hectare, têm possibilitado um estande inicial de plantas suficiente para alta produtividade, desde que a qualidade esteja sendo bem acompanhada e com um bom sistema de controle da confiabilidade da qualidade do serviço executado. Seguindo altos princípios de qualidade, o plantio mecanizado de toletes tem tido desempenho equivalente ao plantio de mudas pré-brotadas, que é realizado de forma bem mais individualizada. Com o canavial implantado, o monitoramento da fertilidade do solo e dos teores de macronutrientes e micronutrientes nas folhas é bastante importante. A baixa quantidade de micronutrientes, ou mesmo a sua não utilização durante o plantio e nos tratos culturais, além da padronização exagerada das doses de corretivos, gesso e macronutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio, após os cortes, tem causado redução do potencial produtivo em vários canaviais; essa queda pode ser melhorada através de um programa nutricional que leva em conta os diferentes tipos de solo, o potencial de cada idade, a variedade e o ajuste nas doses de nutrientes de acordo com as diferenças encontradas. O controle de pragas deve ser efetuado no momento correto, quando as mesmas forem encontradas numa região, área ou talhão, sendo definidas, primeiramente, através da implantação de um sistema de informação do nível de dano econômico de dada praga ou doença e seu monitoramento, com a ajuda de uma auditoria técnica que possa acompanhar a qualidade e o momento em que esses controles estão sendo efetuados. O atraso nesse processo de controle das pragas e doenças pode causar danos significativos à produtividade e à soqueira.
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Opiniões Com relação ao manejo das plantas daninhas, além do controle com o herbicida correto definido através de um levantamento prévio no bloco, o momento do controle também deve ser considerado, o atraso na utilização de herbicidas e outras formas de controle das plantas daninhas podem ocasionar elevado prejuízo à produtividade e também dificuldade na capacidade operacional das colhedoras no momento da colheita. O custo do controle dessas plantas pode ser considerado baixo quando comparado com as outras atividades dos tratos culturais do canavial, tais como aplicação de corretivos e fertilizantes, o que não deveria explicar eventual atraso no seu manejo, ou mesmo a utilização de herbicidas inadequados, com baixo percentual de controle das ervas daninhas presentes em uma determinada área ou talhão. A melhoria da técnica de colheita de cana mecanizada é uma área nas usinas com elevado potencial de ganhos em produtividade, principalmente relacionada ao não direcionamento do tráfego de máquinas, ocasionando o pisoteio da soqueira de cana e a compactação do solo. O carregamento mecanizado sem a utilização do devido controle da bitola dos tratores ou dos caminhões ainda causa elevada perda de produtividade devido ao pisoteio da soqueira de cana e à compactação do solo em algumas usinas, destruindo parte dos benefícios que foram obtidos através de um preparo primário de solo de qualidade, realizado anteriormente. Uma das formas de minimizar os efeitos do pisoteio e a compactação tem sido a utilização de tratores e caminhões com bitola adequada e a utilização de máquinas de colheita de duas linhas, que, apesar de ainda gerarem uma maior perda de cana no campo na operação, quando comparada às máquinas de linha simples, o que ainda necessita de maciço investimento em desenvolvimento e incorporação tecnológica pelos fabricantes de colhedoras para redução dessas perdas, mas que possibilitam uma redução expressiva da área compactada, o que poderá aumentar a produtividade e a longevidade do canavial ao longo do tempo. Muitas atividades que não forem executadas corretamente na implantação do canavial somente poderão ser corrigidas depois de cinco ou seis anos após uma nova reforma. A formação de equipes internas com a capacidade de realizar toda essa análise e correção dos pontos que estão limitando a produtividade e que precisam ser melhorados na condução operacional da área agrícola tem sido um dos principais gargalos das usinas hoje. As oportunidades de melhoria são muito grandes. O equilíbrio entre o conhecimento, o custo do que precisa ser feito e o retorno de cada ação executada é o que irá determinar quais serão as empresas que conseguirão um maior retorno do investimento realizado em cada atividade na implantação e condução do canavial, o que poderá ser decisivo na manutenção da lucratividade, principalmente em anos de safra de baixos preços do açúcar, etanol e/ou energia. n
produtores
Opiniões
evolução operacional é meta diária Evolução operacional agrícola não é apenas um desafio ou um diferencial nas empresas do setor sucroenergético. O desenvolvimento de novas tecnologias no campo é uma necessidade que o produtor de cana-de-açúcar precisa ter como meta para continuar produtivo e com canaviais que gerem lucro no fim de uma safra. E justamente a tecnologia empregada no campo é aquela que mostrará os maiores e os melhores retornos em produtividade. Na Biosev, após a adoção e a intensificação de boas práticas agronômicas, que se reverteram no aumento de produtividade e da qualidade dos canaviais, o foco está na busca de excelência e de qualidade operacional, de novas tecnologias e de segurança dos colaboradores. A busca por esses três pilares vem trazendo resultados significativos e duradouros no decorrer das safras e que será intensificado a partir da Safra 2017/2018. A gestão de pessoas e a formação de equipes de alto desempenho é um grande desafio para o setor, e nós estamos trabalhando isso com muita disciplina e dedicação, baseando-se em programas de gestão de desempenho e de desenvolvimento de talentos. Investimentos em treinamentos operacionais estão sendo feitos para elevar o nível de capacitação das equipes, para que o máximo resultado possa ser extraído dos ativos da companhia. Um exemplo prático do que está sendo realizado pela companhia é o programa de trainees, cuja intenção é formar equipes multiWag disciplinares e de alto desempenho e que novos líderes surjam. ações da A excelência e a qualidade operacional,Amata sem dúvidas, são dos fatores mais importantes para aumentar a produtividade do canavial e os resultados de empresas do setor. Na Biosev, indicadores operacionais e de qualidade de todas as operações agrícolas são monitorados diariamente, desde o preparo de solo, o plantio, os tratos culturais, até a colheita, objetivando a tomada de decisão imediata para que cada operação seja realizada de acordo com padrões estabelecidos e com a máxima qualidade. As prioridades são: alta qualidade no plantio mecanizado para reduzir falhas de plantio e colheita com zero de pisoteio e erradicação de soqueira, buscando a efetividade total das operações, garantindo, assim, longevidade ao canavial devido à elevada população de plantas. Outro fator determinante para a garantia da evolução da produtividade nos nossos canaviais é a modernização do plantel varietal, buscando materiais de maior perfilhamento, adaptados à mecanização, mais produtivos e com maiores teores de sacarose, garantindo, assim, a base genética da longevidade do canavial. Além de buscar a modernização do plantel varietal, estamos trabalhando intensamente na alocação e no manejo desses materiais
estamos alcançando níveis de evolução importantes ao longo das safras, garantindo evoluções superiores a dois dígitos, percentualmente, em produção de açúcares por hectare em relação à safra anterior "
Ricardo Lopes Silva
Diretor Agrícola e de Originação da Biosev
de maneira estratégica, para maximizar o potencial produtivo de seus ambientes edafoclimáticos. A formação de viveiros estratégicos exerce um papel fundamental para que esse trabalho evolua ao longo das safras, e, para isso, a companhia investe no plantio de mudas pré-brotadas, atribuindo qualidade e sanidade aos seus viveiros. O investimento na manutenção do canavial se faz necessário e deve ser tratado com prioridade pelo setor. Além disso, o controle fitossanitário é acompanhado detalhadamente pela equipe agrícola, visando garantir a manutenção da produtividade embasada nas melhores práticas agronômicas, dentre elas: adubação para elevadas produtividades, correção da fertilidade do solo, manejo integrado de pragas e doenças, adubação foliar, controle de plantas daninhas, aplicação de maturadores e inibidores de florescimento. Nesse caminho, a busca por inovações e por novas tecnologias é um pilar essencial para a elevação dos patamares atuais de produtividade no setor, e a Biosev investe em práticas como agricultura de precisão, uso de VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) para mapeamento de falhas e replantio, uso de softwares e de sistemas em todos os processos agrícolas e em pesquisas dedicadas à avaliação e à definição de novas tecnologias, as quais são difundidas de forma orientada para todo o grupo. Com a disciplina diária na implementação dessas ações, estamos alcançando níveis de evolução importantes ao longo das safras, garantindo evoluções superiores a dois dígitos, percentualmente, em produção de açúcares por hectare em relação à safra anterior. A efetividade de suas boas práticas agronômicas sustenta o plano de negócio e garante a evolução da produtividade e da longevidade do canavial.n
produtores
Opiniões
a cana de três dígitos De 1975 e 1990, o setor sucroenergético vivenciou uma grande evolução. E, ao longo da década de 1990, a desregulamentação desse segmento da economia impulsionou um novo salto de produtividade da cana-de-açúcar, orientado por eficiência e competitividade. Se recortarmos o período 1995/1996, chegaremos ao momento em que a participação do açúcar brasileiro no mercado exterior aumentou de 8% para 30% do total comercializado. Esse movimento de escalada da exportação do açúcar ocorreu na contramão dos preços do mercado internacional, em queda à época, e afetou a cotação externa da commodity. Outro feito histórico dos canaviais brasileiros foi alcançado em 2007, por meio da produção de 11.200 kg de Açúcares Totais Recuperáveis por hectare (ATR/ha), nível quase 130% superior ao verificado em 1975, no início do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Tal desenvolvimento atribui-se às tecnologias agrícolas de produção, associadas à introdução de novas variedades de cana. No entanto, em 2011 e em 2012, a indústria de cana brasileira deixou de ser a mais competitiva do mundo. Nossa produtividade ficou estagnada na média de 80 t/ha. Fala-se muito em “cana de três dígitos”, e a pergunta que se faz é se podemos atingir esse patamar. E como? A discussão sobre como aumentar a produtividade agrícola da cana-de-açúcar não é nova. Mas há um consenso: a agricultura do novo milênio exige a capacidade de investimentos em tecnologia. É verdade que a colheita mecanizada trouxe, além de mais perda por causa do pisoteio e da compactação, a ocorrência de novas pragas (em razão do ambiente de cana crua). Também permitiu o aumento de pragas conhecidas com um poder de disseminação elevado, gerou ambientes mais restritivos e safras mais longas. Especialistas afirmam que a mecanização da cana reduziu, em média, 15% da produtividade no primeiro corte, que equivale a cerca de 22 toneladas.
o foco do setor deve ser adotar a agricultura de precisão e o uso do piloto automático na colheita mecanizada para conquistar ganhos imediatos de produtividade "
Jaime José Stupiello Diretor Agrícola da Tereos
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O único caminho para quem deseja vencer as adversidades nos canaviais e estar entre os produtores capazes de produzir acima de 100 t/ha é a adoção do que há de mais moderno em recursos tecnológicos. Dentre as várias tecnologias disponíveis para o setor, a mais promissora é, sem dúvida, o uso da agricultura de precisão, atuando em diversos estágios e operações da cultura. Eu destaco duas importantes ferramentas dentro desse tema. A primeira é a aplicação de corretivos e de fertilizantes em taxa variável, tanto no plantio, quanto na soqueira. Ela diminui custos, pois racionaliza a aplicação de corretivos e fertilizantes em pelo menos 20% e garante um solo equilibrado, o que traz um ganho na ordem de 15% em produtividade. O aumento da produtividade traz um benefício direto na redução de custos para a atividade, principalmente nas operações de CT (corte e transbordo). Também diminui o custo por arrendamento. A segunda é o uso de piloto automático na operação de colheita mecanizada, que auxilia no controle de tráfego e aumenta o rendimento operacional da colhedora. A diminuição de produtividade agrícola por não utilizar o piloto automático gira em torno de 10% e isso é consequência do fato de a colhedora avançar em cerca de 25% sobre a linha da cana. Além dessas ferramentas tecnológicas que destaquei, não posso deixar de citar o trabalho que o melhoramento genético tem feito pelas entidades, ampliando o leque de variedades com melhores performances, uma prática vital para o sucesso da cultura da cana. Por isso, quero parabenizá-los pelo trabalho sério, comprometido e de alta qualidade. Outras alavancas inovadoras estão chegando e sendo analisadas. Em um futuro próximo, serão de grande valor para o aumento de produtividade. Mas, no momento, o foco deve ser garantir que a agricultura de precisão e a colheita automática sejam adotadas em larga escala no nosso mercado. n
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teor de fibra é a trava da produtividade da cana “A cana-de-açúcar é uma fonte de energia renovável cujo potencial está agora passando a ser reconhecido como tal, tanto por nações industrializadas como essencialmente agrícolas. Ela é a mais elegante coletora viva dos raios solares e que opera 24 horas por dia durante o ano todo. Mais do que qualquer outra planta, a cana-de-açúcar aperfeiçoou a arte de colher a luz radiante do sol e armazená-la na forma de massiva quantidade de sólidos fermentáveis e fibra. Nas regiões tropicais ela tem sido cultivada por séculos como fonte de sacarose. Embora menos produtiva fora dos trópicos, ela tem sustentado indústrias de açúcar em latitudes mais altas do Norte e do Sul, onde o ciclo de crescimento dura apenas de 7 a 10 meses. Soa um pouco irônico o fato de muita ênfase ser colocada em sacarose, ignorando o restante da biomassa que ela produz. A cana-de-açúcar tem a tendência natural de produzir fibra ao invés de sacarose; de fato, a maioria das espécies e subespécies de Saccharum se destacam em produzir novos tecidos e pouco ou nenhuma capacidade de produzir sacarose. Mesmo os híbridos cultivados têm a tendência de utilizar seus açúcares como suporte para os processos de crescimento quando água e nutrientes são devidamente supridos. Historicamente, a fibra dessas plantas tem sido subutilizada, ou mesmo não utilizada.” O texto acima é uma tradução ipsis litteris da introdução de uma apresentação feita por Alex G. Alexander, ao iniciar sua cruzada durante toda a década de 80 do século passado para mudar o paradigma, vigente milenarmente, de que a cana-de-açúcar serve apenas para produção de açúcar. Ele atuava em Porto Rico, como fisiologista de cana-de-açúcar e, ao mesmo tempo em que o Brasil já estava com seu Proálcool em plena ascensão (embora, naquela época, ainda sem atinar exatamente para o lado essencialmente energético da planta), levantou a bandeira da cana energia e a potencialidade desse novo enfoque. Naquela época, o mundo se surpreendia com o embargo do petróleo e a guerra do Golfo Pérsico, com consequentes efeitos em toda a economia.
Na base, tudo se resume a um fator: produtividade da lavoura. Sem produtividade nos canaviais, não haverá remédio, mesmo milagroso. "
Sizuo Matsuoka Cientista da Vignis
Particularmente, o setor açucareiro se defrontava com baixo preço internacional do açúcar, abaixo do custo de produção em muitos países, colocando em sério risco financeiro as empresas açucareiras. O Brasil tinha encontrado uma alternativa interessante com o seu Proálcool, mas essa não era a situação dos demais países. No caso de Porto Rico, a associação do alto custo de produção com baixa produtividade tinha tornado as indústrias altamente deficitárias e, consequentemente, altamente subsidiadas, uma situação insustentável que Alexander tentou em vão mudar. O resultado foi que as empresas foram fechando uma a uma, até que a última encerrou sua atividade em 2000. A crise pela qual o setor sucroalcooleiro brasileiro está passando atualmente, em certa medida, se assemelha àquela, mas, obviamente, é distinta por várias razões, a principal sendo a produção alternativa de etanol e, em algumas empresas, a cogeração de eletricidade, além da venda de bagaço. Mas absolutamente não é uma situação tranquila, pois as crises têm sido recorrentes e certamente se sucederão no futuro. Na base, tudo se resume a um fator: produtividade da lavoura. Sem produtividade nos canaviais, não haverá remédio, mesmo milagroso. Mas se a produtividade se pode resolver com tecnologia, a solução urge, tem de vir já e agora. Uma grande gama de tecnologia agrícola e gerencial está à disposição, e atualmente muito se discutem todas elas, e as empresas têm se esmerado em aplicá-las. Com isso conseguirão bom desempenho das lavouras, porém não há o que se iludir; se chegará a um limite não muito superior ao atual, pelo menos em se considerando a condição normal sem irrigação, que é a grande maioria dos canaviais brasileiros. Essa afirmativa deve soar descabida, mas tem fundamento no limite biológico resultado do tipo de planta exigido tradicionalmente pela agroindústria da cana-de-açúcar, como se explicará adiante. É uma trava biológica que efetivamente limita a produtividade. Então, expliquemos como e por que ocorre essa trava. Como Alexander se esmerou em explicar, o armazenamento de sacarose como produto da fotossíntese pelo gênero Saccharum é incidental. Nesse gênero, e em outros relacionados, apenas a espécie S. officinarum o faz com eficiência, enquanto outras armazenam pouco ou nada. Aliás, no reino vegetal, também o armazenamento de sacarose como fonte de energia é uma raridade; normalmente, a reserva energética ocorre na forma de amido e ácidos graxos (sementes), ou de açúcares simples (frutas). Para armazenar sacarose, a planta produz células parenquimatosas, que são os recipientes onde a sacarose é armazenada. Como qualquer recipiente, essas células têm a capacidade ; de armazenamento de sacarose determinada.
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cientistas Nas variedades comerciais mais ricas da atualidade, essa capacidade atingiu o limite físico-osmótico possível. Os produtos da fotossíntese na cana-de-açúcar são basicamente sacarose e fibra, suplementados por pequenas quantidades de outros solutos. Ocorre que, tradicionalmente, a indústria estabeleceu que o teor de fibra não pode ser alto, com o valor máximo em torno de 14%. Em tal condição, o teor de sacarose mal chega a 16%, porque o total de matéria seca na cana-de-açúcar não pode ser superior a 30%, já que os restantes 70% devem ser água. Com o teor de fibra no limite inferior de 10% (abaixo disso, não há possibilidade de ser uma planta comercial), a concentração de sacarose pode chegar próximo ao limite suplementar de 18%, que é o que ocorre nas variedades ditas “ricas” (o restante 2% são outras substâncias carbonadas). Portanto o que ocorre biologicamente é um balanço entre teor de fibra e de sacarose. Figurativamente, uma gangorra representa bem esse balanço: se um lado sobe, o outro desce. E a altura do ponto de apoio da gangorra limitando a subida da sacarose é a fibra. Como se disse, o limite de sacarose é biológico, mas o de fibra não; ele é ditado pela indústria. Alega-se que fibra em valor acima daqueles torna a extração muito ineficiente. Há também uma outra razão para uma indústria tradicionalmente açucareira: se o teor de sacarose for baixo, a pureza também é baixa, o que compromete uma eficiente fabricação de açúcar de qualidade. Para que uma variedade atinja aquele ponto de equilíbrio da gangorra, a composição genômica das variedades também deve chegar a um balanço: aproximadamente 80-85% de genoma de S. officinarum e 15-20% de S. spontaneum. Essa foi a proporção adequada a que se chegou quando, ao início do século XX, se criaram as primeiras variedades modernas de cana-de-açúcar mais resistentes a doenças e a condições ambientais desfavoráveis e que, ao mesmo tempo, atendiam aos requerimentos agrícola e industrial. Em verdade, aquela proporção foi incidental, mas não cabe aqui entrar em detalhes. Pois bem, aquela proporção é que é a trava da produtividade no campo. Se se aumentar o genoma da primeira espécie, pode-se até aumentar o teor de sacarose, porém a planta se torna muito sensível a condições ambientais de cultivo (naturais ou antrópicas), ou seja, se torna menos resiliente, levando a uma menor produtividade; por outro lado, se o genoma da segunda espécie for aumentado, aumentar-se-á o teor de fibra para além do que as indústrias toleram. Então, a conclusão a que se chega é que a trava mesmo é o teor de fibra. Se a trava for removida, ou seja, se não se impuser um limite ao teor de fibra, a planta, além de se tornar mais resiliente, ou seja, menos sujeita aos efeitos ambientais, pode manifestar um outro fenômeno genético muito importante, o vigor de híbrido. Esse é um fenômeno em que os filhos manifestam vigor maior do que de qualquer um dos pais.
Opiniões Ele foi muito utilizado em outras culturas (o milho é um exemplo clássico) e foi um dos pilares da Revolução Verde, isto é, permitiu mais do que dobrar a produtividade das culturas de grãos (genética e manejo agrícola). Na cana-de-açúcar, esse vigor se manifesta de forma muito marcante, ou seja, do cruzamento entre duas espécies, há a possibilidade de ocorrerem filhos extremamente vigorosos, com o dobro ou mais de produtividade de biomassa. Contudo, no seu melhoramento genético, esse recurso só foi utilizado minimamente porque a trava de fibra antes mencionada levava os melhoradores a descartarem os indivíduos mais vigorosos, porque eles justamente ultrapassavam o limite percentual de fibra. Por exemplo, clones com 15% a 16% de fibra são de 20% a 25% mais produtivos, mais resilientes, e possibilitam uma a duas socas a mais porque brotam melhor. Porém tais variedades não são tradicionalmente aceitas porque são ditas “muito pobres”. Por essa razão, nos programas de melhoramento genético, tais clones são, invariavelmente, descartados. Num momento em que todos almejam a produtividade de três dígitos, a adoção dessas variedades tornaria essa meta factível. Ademais, do ponto de vista de uma indústria sucroenergética, aquele preconceito não se justifica, pois tais variedades poderiam ser alocadas nos ambientes menos favoráveis, assim otimizando as variedades “ricas”. Já se o teor de fibra for aumentado ao nível de 20%, o potencial de produtividade será de duas a três vezes maior, com o teor de sacarose diminuindo apenas de 20% a 25%, ou seja, a produção de açúcar por unidade de área será maior do que a da cana convencional, com a vantagem adicional da produção de bagaço muito superior. Nesse caso, a trava dos 30% de sacarose mais fibra é rompida, podendo chegar a até 40%. É um ganho extraordinário, que nem mesmo na propalada Revolução Verde se conseguiu. É bem verdade que o caldo dessa nova cana, a cana energia, não é adequada para a produção de açúcar de qualidade, porém se presta muito para a produção de etanol. Essa cana energia propicia a produção de até mais etanol por unidade de área cultivada do que a cana convencional, com a vantagem adicional de, pelo menos, quatro vezes mais bagaço, resultando, ao final, uma rentabilidade financeira substancial. Atualmente, estão sendo implantados alguns projetos de etanol de segunda geração (2G), ou seja, a produção de etanol a partir dos materiais fibrosos, no caso da cana-de-açúcar, de suas folhas e do bagaço. Esse etanol somente será competitivo se baseado também nesse novo tipo de cana, a cana energia, com produção simultânea de etanol 1G e 2G, conforme conclusão a que se chegou um estudo do BNDES. Com essa cana energia, seria possível o País atingir a meta acordada na COP21, sem nenhuma ampliação de área de terra, e sim apenas substituindo aquelas hoje plantadas com cana-de-açúcar, destinada à produção de etanol. Seria o Proálcool II, ou, mais apropriadamente, um Proenergia. Pelo lado das empresas, a cana energia, além de poder contribuir muito para elas saírem do “vermelho”, poderá ainda estimulá-las a alçarem voos maiores, transformando-se em biorrefinarias para produção, não apenas de biocombustível e energia elétrica, mas diversos outros produtos químicos, pasta de celulose, aglomerados, fármacos, etc. Além disso, se a cana convencional possui uma série de qualidades em termos ambientais, a cana energia tem ainda mais, porque a sua maior produtividade aumenta a sua “pegada de carbono” e, na parte agrícola, apresenta inúmeras vantagens ambientais, diretas e indiretas. Mas isso é matéria para um outro artigo. n
Bibliografia: Todas as referências de fontes estão registradas no artigo publicado no site www.RevistaOpiniopes.com.br
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a energia da A criação de laboratórios nacionais tem sido uma estratégia de sucesso em vários países visando criar estruturas de pesquisa de grande vulto, a serem compartilhadas pelos demais laboratórios do País e para desenvolver soluções para problemas nacionais. O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE, foi criado em 2010, com a missão de endereçar problemas de maior complexidade, apoiando a iniciativa privada e órgãos de pesquisa na solução desses problemas. Na área agrícola, o enfoque está na otimização da produção, armazenamento e utilização da biomassa, com ênfase em mecanização, agricultura de precisão – com uso de drones e de equipamentos de última geração –, manejo de palha, e, mais recentemente, no desenvolvimento da cana de alta fibra, denominada cana energia. O modelo de produção de biomassa no Brasil tem passado por constantes transformações, principalmente após a comercialização dos veículos flex e pela eliminação da queima dos canaviais antes da colheita, que deu início à mecanização intensiva das lavouras de cana-de-açúcar no Centro-Sul do País. Se, por um lado, o aumento da demanda por etanol de cana-de-açúcar fez com que houvesse um salto expressivo na
a região Centro-Sul, que deve plantar 1,5 milhão de ha/ano de cana-de-açúcar, consumirá cerca de 20.000.000 de toneladas de mudas, quase a metade da produção total da região Nordeste "
Gonçalo Amarante Guimarães Pereira Diretor geral do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE/CNPEM
Coautor: Henrique Coutinho Junqueira Franco, Coordenador da Divisão Agrícola do CTBE
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área plantada com a cultura, por outro, a falta de experiência do setor com a colheita mecanizada resultou na elevação dos custos de produção agrícola, assim como na queda da produtividade dos canaviais, que passaram de uma produtividade média de 85 toneladas por hectare (TCH) para 70 TCH. Decorridos 10 anos, aproximadamente, do fim da expansão dos canaviais do Brasil, derivada de uma política de controle do preço da gasolina, que tirou a competitividade do etanol, as lições apreendidas dessa década de incertezas convergem para a adoção de um modelo de produção de biomassa otimizado e de baixo custo, levando à adoção intensiva de tecnologias que auxiliem o produtor para a assertiva tomada de decisão. Por exemplo, um dos grandes gargalos é o plantio mecanizado da cana. Apesar da evolução na automação das máquinas de plantio, o gasto de mudas é muito alto, elevando consideravelmente o custo de implantação e levando à perda de volume considerável de matéria-prima, que, assim, deixa de ser usada na indústria. Para ilustrar esse caso e tomando como base a região Centro-Sul do Brasil, que deve plantar da ordem de 1,5 milhão de ha/ano de cana-de-açúcar – dos quais cerca de 85%, de forma mecanizada –,; e
Opiniões utilizando a dose média de 16 toneladas de colmo/ha, consumirá cerca de 20.000.000 de toneladas de mudas, quase a metade da produção total da região Nordeste (50.000.000 t/ha). Entretanto, do ponto de vista biológico, metade desse volume deveria ser suficiente para o número de mudas almejado. Portanto o desenvolvimento de plantadoras mais eficientes, que consigam diminuir em 50% o gasto com mudas, levará a sobra para a moagem de 10.000.000 de toneladas, representando uma economia de R$ 800.000.000,00 para os produtores. Levantamento realizado pelo IAC/Cana-de-açúcar aponta que a baixa eficiência da mecanização levou a um aumento do plantio semimecanizado, que passou de 15% das áreas de plantio do Centro-Sul para 30% na safra 2016/2017. Os dados nos permitem perceber que houve uma diminuição do plantio mecanizado, que agora responde por 70%. Desse modo, não há dúvidas de que o desenvolvimento de uma plantadora que consuma menos mudas para plantar um ha, e que garanta a formação de um canavial sem falhas na brotação, impactará fortemente as operações agrícolas do setor, tendo em vista que menos máquinas, homens/hora e área serão destinados para a execução do plantio e para a produção de mudas. Outras tecnologias em rápida expansão envolvem o uso de drones para o monitoramento das lavouras. Essa tecnologia se torna mais popular a cada dia, fator que contribui para que se tornem mais acessíveis economicamente. Há muitas possibilidades para seu uso, que apenas se inicia. Hoje, é empregado para a identificação de falhas no estande de plantas e para a estimativa da produção de biomassa, o que exige o uso de sensores de refletância e softwares especializados, os quais estão cada dia mais amigáveis aos usuários e prestadores de serviço. Mas seu uso deverá permitir a avaliação de pragas e de doenças, assim como o estado nutricional das plantas. Com essas informações, os empreendimentos terão uma capacidade muito maior de planejamento das operações agrícolas e de reagir a eventos que normalmente levam à queda da produção. Com relação à cana-de-açúcar, observa-se uma dificuldade muito grande para o lançamento de novas variedades. O melhoramento genético fez um trabalho extraordinário ao longo do último século, mas o setor tem que pensar em novos produtos, como variedades transgênicas, além da própria cana energia.
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No que se refere à cana energia, seu potencial é fantástico. Ela é resultado do cruzamento de variedades comerciais de cana-de-açúcar com uma espécie que tem baixa quantidade de açúcar solúvel no caldo, muita fibra e bastante rusticidade: a Saccharum spontaneum. Como consequência do cruzamento, aparecem plantas com produtividades superiores a 200 t/ha, que podem ser multiplicadas por mais de 12 ciclos, sem perder produtividade, e com capacidade de vegetar em solos inferiores e com menos água. A pesquisa em torno dessas novas variedades se desenvolve em várias frentes: na mecanização, com equipamentos que são híbridos de forrageiras e colheitadeiras de cana; na cristalização do açúcar, uma vez que a pureza é inferior à da cana-de-açúcar; e na queima direta, que levaria a cana energia do campo direto para a caldeira, eliminado diversas etapas para a produção do bagaço ou colheita/separação da palha. Estamos vivendo um momento desafiador, mas de grandes oportunidades. Com maiores produtividades de biomassa e tecnologias, como as de etanol de segunda geração, o País tem condições efetivas de tornar toda a sua matriz energética renovável. Definitivamente, o Brasil não pode se acomodar como uma economia de segunda linha, que vai de reboque das políticas mundiais. É preciso coragem e determinação para assumir a liderança nesse novo mundo, em que a Bioeconomia ditará os rumos do futuro. O potencial dessa categoria de planta do gênero Saccharum para a produção de biomassa é gigantesco em relação à cana-de-açúcar tradicional, alcançando números de produtividade de biomassa por hectare da ordem de 200 toneladas/ha, sem muita tecnologia empregada. Imaginemos quando o sistema de produção dessa planta estiver plenamente ajustado. Poderemos, de fato, competir com o petróleo utilizando uma planta como matéria-prima para a Bioeconomia, e não apenas para etanol e eletricidade. Pelo potencial produtivo da cana energia, haverá uma série de desafios operacionais durante todas as etapas de cultivo, sendo potencialmente o mais arriscado a colheita. Para cana-de-açúcar, a colheita mecanizada é problemática quando a cultura apresenta produtividades maiores que 150 TCH. E, para a cana energia, como as colhedoras atuais se comportarão? Haveremos de passar por uma modernização das máquinas de colheita, para que essas sejam capazes de colher canaviais com elevada produtividade, com eficiência e com número de perdas e impurezas aceitáveis. n
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manejo de pragas da cana A cana-de-açúcar é a cultura mais importante do Brasil quando se trata da produção de açúcar e de etanol. Com praticamente 9 milhões de hectares plantados no País, a cana é responsável pelo maior desenvolvimento do agronegócio, envolvendo o etanol e a energia. Porém, como toda a cultura agrícola, é atacada por pragas que causam prejuízos desde a parte aérea até as raízes. O estado de São Paulo produz metade da cana do Brasil, o restante está em torno de 30% no Nordeste, e 20% no Centro-Oeste e no Paraná, e, pelo menos, 5% do custo de produção de açúcar e álcool é atingido pelas pragas. Em São Paulo, a colheita sem queima é uma realidade há quinze anos.
Apesar da prorrogação do prazo para a paralisação total da queima ter se estendido até 2014, as áreas de colheita com fogo praticamente inexistem. Junto com a colheita mecanizada e sem queima, ocorreram mudanças drásticas nas pragas da cana-de-açúcar, sendo o caso mais evidente as cigarrinhas-da-raiz. Os ataques das cigarrinhas-da-raiz da cana estão cada vez mais frequentes e intensos, causando prejuízos que podem atingir a 60% em produtividade agrícola e na qualidade industrial da matéria-prima, através da contaminação com bactérias, perda do açúcar e outros. Com o aumento da demanda de álcool para a produção de biodiesel e exportações desse produto, a área de cana-de-açúcar deverá sofrer um aumento significativo, podendo atingir até mais 2 milhões de hectares em São Paulo, principalmente no oeste do estado, onde ainda são encontradas grandes áreas de pastagens. Houve uma ampliação da área de 6,5% em relação à safra anterior, e a produção obtida foi 5,4% superior, atingindo 255 milhões de toneladas. O aumento da área plantada de cana trará muitos benefícios para a indústria sucroalcooleira, porém as implicações desse crescimento trarão consequências na área agrícola, principalmente às pragas, tais como a broca-da-cana, Diatraea saccharalis, cigarrinha-da-raiz, Mahanarva spp., bicudo da cana, Sphenophorus levis, entre outras pragas de solo.
Não é possível controlar o bicudo da cana com uma única estratégia; o manejo integrado, através de várias práticas de controle permite que se consiga um equilíbrio da população da praga e uma “convivência”, visto que não será mais possível eliminar esse inseto da lavoura. "
José Eduardo Marcondes de Almeida Pesquisador Científico do Instituto Biológico - APTA/SAA-SP
A mudança climática também tem produzido alterações importantes no comportamento das pragas, principalmente nas regiões mais quentes e secas de São Paulo; é possível observar que as ninfas das ;
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cientistas cigarrinhas têm sido encontradas em até 50 cm de profundidade, em raízes da soqueira. Já se sabe que não é somente M. fimbriolata, mas outras espécies em maior área são encontradas no estado, como M. spectabilis. O avanço de bicudo da cana também tem preocupado os produtores, pois é uma praga de solo que pode causar perdas de até 30 ton/ha e de difícil controle. Com isso, grandes quantidades de inseticidas químicos são utilizadas quase em área total, causando grandes desequilíbrios nas populações de pragas e de inimigos naturais. O Manejo Integrado de Pragas foi desenvolvido há mais de 50 anos e tem como principal filosofia o uso de várias técnicas culturais, varietais, biológicas e químicas para o controle de pragas nas culturas de interesse econômico, tendo como princípio a utilização das técnicas mais sustentáveis, como variedades resistentes, técnicas culturais, monitoramento das pragas, os agentes de controle biológico e, por fim, os inseticidas químicos, de preferência os menos tóxicos, devendo ser aplicados quando o nível de controle da praga atinge um patamar perigoso para a cultura. Porém essa metodologia de manejo nem sempre é levada em consideração, pois nem sempre se conhecem esses níveis de controle e danos econômicos da maioria das culturas, sendo que se aplicam inseticidas químicos de maneira indiscriminada até, pois, muitas vezes, não há necessidade de uso deles. A expansão da área plantada de cana-de-açúcar no Brasil, a mecanização da colheita e as mudanças climáticas têm favorecido o aumento da população das cigarrinhas-da-raiz, broca-da-cana e bicudo da cana, sendo necessárias medidas de controle que facilitem o equilíbrio da população dessas pragas, mesmo com o uso de defensivos químicos, porém sempre como medida curativa e não preventiva, pois, somente dessa forma, será possível a sustentabilidade da produção industrial da cana no País, diminuindo impactos e melhorando a convivência com essas pragas. A broca-da-cana, D. saccharalis, tem sido mantida sob controle através da liberação da vespinha Cotesia flavipes, introduzida no Brasil desde 1974. Nos últimos anos, esse parasitoide reduziu perdas de até US$ 100 milhões por ano, sendo US$ 20 milhões em São Paulo, reduzindo a infestação da praga de 10% para 2%. O parasitoide de ovos Trichogramma galloi também tem sido usado no controle da broca, podendo chegar a 60% de controle quando associado à C. flavipes. Nas áreas de expansão da lavoura de cana, o fungo Beauveria bassiana pode ser utilizado para o controle de lagartas da broca-da-cana no primeiro instar, devendo ser pulverizado na dosagem de 6x1012 conídios/hectare pelo menos. As cigarrinhas-da-raiz, Mahanarva spp., são consideradas as pragas mais importantes da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, no Centro-Oeste e no Nordeste do Brasil, desde que a colheita passou a ser mecanizada. A estratégia de controle das cigarrinhas-da-raiz inicia-se com o monitoramento da praga, que deverá ser realizado no início do período chuvoso e durante
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Opiniões todo o período de infestação, para que se possa acompanhar a evolução ou o controle da praga. O monitoramento é imprescindível para decidir sobre a estratégia de controle da praga, sendo que a detecção da primeira geração permite um controle mais eficiente, principalmente através do fungo Metarhizium anisopliae. O controle biológico com o fungo M. anisopliae se desenvolveu em lavouras paulistas e atinge uma área de, aproximadamente, 350.000 ha, com aplicações tratorizadas e aéreas. Se somarmos as áreas de cigarrinhas-da-raiz e cigarrinha-das-folhas no Nordeste, a área de aplicação com o fungo entomopatogênico chega a mais de 1,5 milhão de hectares. O bicudo da cana, S. levis, também é uma importante praga dos canaviais no estado de São Paulo e no Brasil. Não é possível controlar o bicudo da cana com uma única estratégia; o manejo integrado, através de várias práticas de controle permite que se consiga um equilíbrio da população da praga e uma “convivência”, visto que não será mais possível eliminar esse inseto da lavoura. Portanto a prevenção através de vistoria das mudas de cana antes do plantio, bem como o conhecimento da procedência dessas mudas, de uma área não infestada, é fundamental para se evitar a propagação desse inseto. Os principais métodos de controle, assim que se tem conhecimento da praga na lavoura, são destruição de soqueiras, controle biológico e controle químico com iscas tóxicas. Diante do cenário exposto, principalmente com essas pragas, é importante que haja uma reflexão sobre a aplicação contínua de inseticidas químicos, sendo que, basicamente, são três moléculas tóxicas que se tem usado para o controle desses insetos. A contínua aplicação desses defensivos químicos irá causar contaminações ambientais e populações das pragas resistentes a essas moléculas, levando a prejuízos ainda maiores. Por outro lado, o uso de técnicas biológicas depende de produtos disponíveis no mercado em condições de atender a essa demanda. Atualmente, são 55 empresas que produzem fungos entomopatogênicos, e aproximadamente 20 empresas produzem parasitoides para a cana, sendo necessários mais. O Estado tem procurado dar suporte nesse quesito, apoiando o desenvolvimento de novas produções ou aumento de quantidade de fungos entomopatogênicos. O Instituto Biológico (SAA-SP/APTA) possui um programa de assessoria técnica para produção de bioinseticidas à base de fungos entomopatogênicos, com fornecimento de cepas selecionadas para essas principais pragas da cana. Há 17 anos, o IB já assessorou 54 dessas empresas. Além disso, desenvolve pesquisas para métodos de produção por fermentação líquida e formulações, imprescindíveis para o desenvolvimento do controle biológico. Porém é necessário que as empresas e o governo estimulem inovações nessa área, tanto para pesquisa como comercialização e aplicação. Pesquisas com novas moléculas químicas e outros sistemas de controle também são importantes para a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar em São Paulo e no Brasil. n
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... construindo e mantendo o patrimônio biológico na canavicultura dos três dígitos O déficit hídrico, “vilão” da produtividade agrícola, é o principal indutor da maturação da cana brasileira, e, como o mesmo está presente em praticamente todas as regiões produtoras em diferentes intensidades, a nossa cana tem, invariavelmente, bons valores de sacarose acumulado. "
Marcos Guimarães de Andrade Landell Pesquisador Científico do Instituto Agronômico - IAC
O cultivo da cana-de-açúcar talvez seja a atividade produtiva mais antiga do Brasil. Remete-nos ao princípio do século XVI, no primeiro período da colonização portuguesa, e tinha como principal objetivo produzir açúcar para atender à demanda da Europa de então. Os plantios iniciais foram realizados no litoral brasileiro, onde se instalaram dezenas de engenhos para a fabricação do açúcar, atividade que “floresceu” principalmente na Bahia e em Pernambuco, inicialmente. Quatro séculos depois, um projeto para a produção de um biocombustível, o etanol da cana-de-açúcar, mudou para sempre a geografia da canavicultura no Brasil, interiorizando a sua exploração para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, longe do clima tropical litorâneo. Inicialmente, nas décadas de 1970/1980, essa expansão ocorreu principalmente em São Paulo. Na década passada, tivemos um novo boom de crescimento no período de 2004/2009, quando a cultura estendeu “as suas asas” sobre Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Assim, chegamos à primeira década do século XXI com a cana-de-açúcar ocupando área próxima de 10 milhões de hectares, abrangendo uma diversidade edafoclimática única quando a comparamos com a canavicultura de outras importantes regiões do mundo. Naturalmente, a plasticidade fenotípica exigida para atender a uma base ambiental tão heterogênea é obtida através do amplo esforço dos programas de melhoramento genético da cultura, que têm atuado de maneira tão dinâmica nos últimos quarenta anos. Essas novas regiões foram assumidas pela cultura da cana-de-açúcar justamente no momento em que o processo de plantio e a colheita mecânica avançavam significativamente, tornando-se, no final de uma década, a prática predominante para essas operações.
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Nesse período, a produtividade agrícola estagnou e, em alguns casos, até reduziu, colocando em xeque a sustentabilidade da atividade. O diagnóstico indicou que a produtividade agrícola (TCH – tonelada de cana por hectare), que tem grande correlação com a população de colmos, era refém de canaviais com baixa população de colmos. Uma avaliação mais apurada indicou que havia duas fontes dessa baixa população: 1) a realização de plantios com falhas, às vezes oriundos do uso de variedades de menor adaptação ao processo de plantio mecânico; 2) a “desconstrução” da população de colmos dado por fatores como (a) pisoteio no processo de colheita; (b) excessiva exposição a déficits hídricos dos canaviais nos primeiros ciclos; (c) arranquio de touceiras no processo de colheita mecânica. No momento atual, diversos produtores se esforçam para reduzir o volume de mudas utilizadas em seus plantios. Os equipamentos de plantio recebem novos elementos que permitem uma distribuição mais precisa com adequação do volume, à disponibilidade de gemas por tonelada. O excesso de gemas, via de regra, originará um número de touceiras excessivas que competirão pelos mesmos recursos disponíveis, água, nutrientes e luz, podendo reduzir a produtividade expressa. De fato, essa situação se tornou recorrente a partir do plantio mecânico, que, na última década, assumiu a quase ; totalidade de áreas plantadas.
Opiniões E, basicamente, houve um aumento exacerbado no uso do volume de mudas, saindo de 12 toneladas/ha no plantio manual para aproximadamente 20 toneladas/ha no plantio mecânico. O aumento de mais de 60% no volume de gemas, provavelmente, proporcionou um número muito maior de plântulas nascidas e que passaram a disputar os mesmos insumos biológicos, reduzindo, em aproximadamente, 20% a produtividade agrícola da cana planta. A produção da cana pode ser estimada por componentes biométricos relacionados ao diâmetro e à altura dos colmos e ao número dos mesmos em uma determinada unidade área; a uma associação natural da alta produtividade com diâmetro mais grosso dos colmos. A mecanização plena do plantio e da colheita nos leva a um outro perfil biométrico. Variedades com maior capacidade de perfilhamento, que, no final do ciclo, mantêm um número de colmos por hectare na ordem de 80 a 110 mil colmos, são sinônimos de alta produtividade agrícola e de maior longevidade dos ciclos, reduzindo significativamente o custo da tonelada de cana. Há uma correlação negativa do número de colmos com o diâmetro dos mesmos, portanto é de se esperar que canaviais de alta população de colmos apresentem diâmetro mais fino, o que não significa, de forma alguma, uma desvantagem para o processo de produção. Se considerarmos que o número maior de colmos tem relação direta com o número de folhas, inferimos que a cobertura vegetal será maior, reduzindo a matocompetição, por exemplo. Além disso, uma maior população de colmos favorece o processo de colheita mecânica, tornando mais eficiente o sistema como um todo. Desde 2013, passamos a usar o jargão “Rumo à produtividade dos 3 dígitos”, fazendo referência aos canaviais que apresentam produtividade agrícola média em cinco cortes, acima de 100 t/ha. Por que demos destaque à produtividade agrícola? O nosso grande desafio, principalmente na região Centro-Sul, é alcançarmos produtividades agrícolas sustentáveis em uma canavicultura de sequeiro. Isso porque, nas últimas décadas, os CICLO MÉDIA eventos climáticos desfaC-SUL voráveis ao acúmulo de biomassa têm se tornado 1 104,5 cada vez mais frequentes e aleatórios, reduzindo a pos2 89,0 sibilidade de previsão da 3 77,0 produtividade, ou mesmo impossibilitando, adoção 4 69,0 antecipada de estratégias 5 66,0 de mitigação. O déficit hídrico, “vilão” da produtivi- MÉDIA 81,1 dade agrícola, é o principal
indutor da maturação da cana brasileira, e, como o mesmo está presente em praticamente todas as regiões produtoras em diferentes intensidades, a nossa cana tem, invariavelmente, bons valores de sacarose acumulado. A produtividade dos três dígitos é construída com os seguintes passos: 1. Estabelecimento de canaviais de alta população (80– 110 mil colmos), para que tenhamos produtividades de 1º corte (TCH1 - cana planta), entre 120 – 140 t/ha. Denominamos isso de “Patrimônio Biológico” (PB), a saber, o que conseguimos “construir”. Para tanto, temos que realizar bons plantios, sem ocorrência de falhas, por exemplo. 2. Reduzir a “desconstrução” desse “Patrimônio Biológico” (PB) nos ciclos seguintes, através de ações que venham mitigar: (a) o pisoteio, (b) o arranquio das touceiras no momento da colheita propriamente dito, (c) outras operações agrícolas com riscos de impacto negativo sobre o canavial. O valor de desconstrução pode ser estimado pelo Q%, que é dado pela fórmula: Q% = ((TCHnc+1/ TCHnc)-1)/100 onde nc = o ciclo da cultura (NC). A queda de produtividade por ciclo (Q%) deveria se situar entre 5% e 10%. Na tabela em destaque é apresentado um exercício com produtividades agrícolas de 1º ciclo, combinadas com diferentes quedas de produtividade/ciclo. Fica evidente, que o esforço único para termos melhores produtividades no 1º ciclo não é suficiente para nos levar à produtividade dos três dígitos (Cena 2). A Cena 3 mostra que uma produtividade menor no 1º ciclo (120 t/ha), quando acompanhada de uma desconstrução menor nos ciclos que se seguem (Q% = 8), poderá redundar em uma produtividade média dos cinco primeiros cortes de três dígitos (102,3 t/ha). Por fim, nossos canaviais, apesar de estarem inseridos em um ambiente biológico, têm que receber de quem os conduz um olhar de quantificação, utilizando-se, para isso, de indicadores biométricos da produção, para que saiamos da inferência, das preferências e possamos assumir estratégias pautadas por valores que serão traduzidos em ganhos efetivos, com a construção e a manutenção de patrimônios biológicos elevados, que nos levarão à plena sustentabilidade dessa atividade. Tabela: Produtividade agrícola de 1º ciclo (PB = Patrimônio Biológico) combinada com quedas de produtividade (Q%) diversas, para construção da canavicultura dos três dígitos. n Q%
CENA 1 (PB100; Q% 15)
CENA 2 (PB130; Q% 15)
CENA 3 (PB120; Q% 8)
CENA 4 (PB125; Q% 6,5)
CENA 5 (PB130; Q% 5)
-
100,0
130,0
120,0
125,0
130,0
- 14,8
85,0
110,5
110,4
116,9
123,5
- 13,5
72,3
93,9
101,6
109,3
117,3
- 10,4
61,4
79,8
93,4
102,2
111,5
-
4,3
52,2
67,9
86,0
95,5
105,9
- 10,8
74,2
96,4
102,3
109,8
117,6
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cientistas
uma perspectiva para o cenário
fitossanitário
A cana-de-açúcar apresenta mais de 200 doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus, fitoplasmas e nematoides, relatadas em diferentes países. Dentre essas doenças, as causadas por vírus podem atingir elevado impacto econômico, pois afetam diretamente a eficiência fotossintética da planta, refletindo no crescimento mais lento e em diminuição no conteúdo de sacarose, com consequentes reduções na produtividade da cultura. No entanto, conforme será discutido, a incidência e a epidemiologia dessas doenças estão sofrendo alterações, advindas dos novos cenários apresentados pelo setor sucroalcooleiro nos últimos anos.
A primeira delas foi a substituição da queima pela colheita mecanizada, permitindo a maior sobrevivência de insetos vetores e de fontes de inóculo de doenças entre um ciclo e outro da cultura. Certamente, isso contribuiu para o aumento, ou mesmo ressurgimento, de antigos problemas fitossanitários causados por fungos, vírus e bactérias, a exemplo das ferrugens da cana, podridões do colmo e alta incidência de mosaico, além do aumento de cigarrinhas e outros insetos. Um segundo fator é o tão alarmado aquecimento global, causado pelo aumento na emissão dos gases de efeito estufa. Diversos estudos têm mostrado que a alteração de apenas 1 grau Celsius
a alteração de apenas 1 grau Celsius na média da temperatura anual pode causar várias alterações no desenvolvimento das culturas e na população de insetos vetores "
Marcos Cesar Gonçalves
Pesquisador Científico do Instituto Biológico Centro P&D e Sanidade Vegetal
No quadro atual, os dois principais vírus limitantes à produção canavieira são o mosaico e o amarelinho da cana-de-açúcar, causados pelo Sugarcane mosaic virus e pelo Sugarcane yellow leaf virus, respectivamente. Nas principais regiões produtoras, especialmente das Américas, essas doenças apareceram em épocas bastante distintas do cultivo da cana; o mosaico foi evidenciado no início do século XIX, e o amarelinho, em meados da década de 1990. Apesar da diferença espaçotemporal da emergência dessas viroses na cultura da cana-de-açúcar, ambas atingiram proporções epidêmicas de grandes prejuízos aos produtores, com perdas de produção na ordem de 40% a 50% nas principais variedades plantadas na época. Isso ocasionou a rápida substituição de variedades, além de mudanças no cultivo, exigindo altos investimentos para viabilizar e agilizar o diagnóstico, a produção de matrizes sadias e a disponibilização de variedades resistentes. Recentemente, algumas alterações surgiram no agroecossistema da cana-de-açúcar, que tem modificado o delicado equilíbrio entre os diversos patógenos e insetos pragas da cultura, os quais, por vezes, constituem vetores de doenças.
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na média da temperatura anual pode causar várias alterações no desenvolvimento das culturas e na população de insetos vetores, como os pulgões da cana, vetores tanto do mosaico quanto do amarelinho. As mudanças no ciclo de vida dos insetos, alterando a sua época de incidência ou o tamanho das populações, pode ocasionar mudanças importantes na epidemiologia das doenças virais e de outras doenças. Ao mesmo tempo, o aumento da temperatura global irá influenciar na taxa de crescimento da cultura da cana-de-açúcar, altamente responsiva às variações de temperatura e de radiação solar. Visando a um salto na produtividade da cultura, uma mudança de paradigma está ocorrendo no novo sistema sucroenergético do País, com a iminente substituição, ao menos parcial, do etanol de primeira geração, baseado no elevado teor de sacarose das variedades de cana atualmente cultivadas, pelo etanol de segunda geração, produzido a partir de biomassa lignocelulósica, mais especificamente celulose e hemicelulose. Apesar da possibilidade do uso de outras fontes de biomassa para a produção de etanol de segunda geração, como diversas outras poáceas, a exemplo do sorgo, miscanthus e eryanthus ou mesmo ;
Opiniões de espécies florestais, a cana-de-açúcar tende a continuar como a principal cultura a ser explorada, devido ao elevado know-how, infraestrutura e logística, construídos nas últimas décadas, para a produção de etanol de 1ª geração. Atualmente, o etanol de 2ª geração já é produzido a partir de subprodutos do processamento da cana-de-açúcar, como a palha e o bagaço, os quais também são utilizados na cogeração de energia elétrica. No entanto o incremento na produção de etanol de 2ª geração exigirá a substituição parcial, no momento gradual e reduzida a áreas experimentais, das variedades atualmente cultivadas, com elevado teor de sacarose, pela denominada cana energia, com alto teor de fibras em detrimento à sacarose. O melhoramento da cana energia é baseado na seleção de clones com maior biomassa e conteúdo de fibras em sua composição, provenientes, principalmente, de cruzamentos entre cultivares de cana-de-açúcar com bom desempenho, já adaptadas aos diferentes ambientes de cultivo, e genótipos de Saccharum spontaneum, uma espécie mais rústica, com características desejáveis para a biomassa lignocelulósica. Além da maior produtividade e alto teor de fibras, o cruzamento com S. spontaneum tende a conferir à canaenergia maior resistência a estresses bióticos e abióticos. Sob essa perspectiva, a resistência à seca e a doenças em geral, teoricamente, seriam menos limitantes para a produção. Isso se deve à maior rusticidade desses genótipos, principalmente devido ao sistema radicular mais desenvolvido, o que também confere melhor adaptabilidade a solos mais pobres.
Por esse motivo, áreas previamente ocupadas com culturas de menor valor, ou com restrição hídrica para o plantio de variedades atuais ou ainda áreas degradadas, poderiam ser exploradas para a produção de cana energia, ao mesmo tempo em que regiões com solos mais férteis e mais ricas em recursos hídricos poderiam ser ocupadas com a produção de alimentos, uma das constantes críticas de alguns setores da sociedade sobre a grande ocupação de áreas agrícolas nobres com o plantio de cana-de-açúcar. Apesar da boa perspectiva do comportamento desses novos cruzamentos frente à ocorrência das principais doenças da cultura, poucos, ou mesmo nenhum estudo, foram feitos nesse sentido. Certamente, problemas com doenças aparecerão, pois haverá alterações nas relações dos patógenos com o novo ambiente, clima e carga genética desses novos materiais. De acordo com o exposto, esse novo cenário compreendendo as alterações já implementadas na colheita da cana, aliadas às mudanças climáticas e às novas características de comportamento das variedades de cana energia, pode impactar o cenário da canavicultura nos próximos anos, incluindo alterações na incidência e nos danos causados por doenças. No entanto, devido ao período de avaliação fenotípica dos novos genótipos e à adaptação das usinas ao processamento desse material, as projeções para que o cultivo da cana energia seja definitivamente realizado em larga escala são somente para 2025, quando, certamente, veremos, na prática, os efeitos desse último fator sobre os aspectos fitossanitários da cultura. n
cientistas
o manejo das doenças da cana e a
produtividade
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, tanto em área cultivada (38%, mais de 9 milhões de hectares) como em produção (39%, mais 694 milhões de toneladas). Entretanto, diferente do que ocorre com grãos, o aumento da produção tem ocorrido muito mais devido ao incremento da área cultivada do que pelo crescimento da produtividade ou do rendimento, que vem se mantendo estável e baixo: cerca de 76,3 t/ha no Brasil e 82 t/ha na região Sudeste. Em alguns países, como a Colômbia, a produtividade tem sido superior a 90 t/ha. O ganho em produtividade é o resultado do efeito de diversos fatores, como solo, clima, água, variedade, práticas culturais, adubação, manejo de insetos, plantas daninhas, doenças. As doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides são responsáveis por 13,3% de danos, considerando a média de todos os cultivos, em todo o mundo. Em regiões tropicais, esses danos, em geral, são maiores. Na cana-de-açúcar, as doenças já causaram sérios problemas no Brasil. diferente do que ocorre com grãos, o aumento da produção da cana-de-açúcar tem ocorrido muito mais devido ao incremento da área cultivada do que pelo crescimento da produtividade ou do rendimento, que vem se mantendo estável e baixo "
José Otavio Menten
Professor de Fitopatologia da Esalq-USP
O mosaico, doença causada por vírus, causou redução de 82% na produção de açúcar e 67% de álcool, entre 1922 e 1925. Em 1951, variedades suscetíveis ao agente causal do carvão (POJ 36 e POJ 213) mostraram incidência de 100% da doença e tiveram que ser substituídas. Em 1984/1987, ocorreu nova epidemia de carvão, causando danos de 33% na variedade NA 5679, moderadamente suscetível ao patógeno, que ocupava 50% da área em São Paulo, obrigando sua substituição.
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Outras epidemias ocorreram em variedades suscetíveis: amarelinho (síndrome do amarelecimento foliar) em 1985, ferrugem marrom, em 1986, e ferrugem alaranjada, em 2009. Essas doenças levaram à substituição de variedades mais sensíveis. Isso significa que materiais genéticos produtivos, adaptados, com diversas características positivas não puderam mais ser cultivados devido à suscetibilidade de doenças novas. E existem outros patógenos importantes no mundo que ainda não foram introduzidos no Brasil e que podem causar problemas semelhantes. É o caso de outra ferrugem, denominada africana ou tawny, causada por um fungo quarentenário ;
Opiniões para o Brasil, Macruropyxis fulva, que pode causar danos em variedades cultivadas no Brasil. Existe a necessidade de darmos um salto de produtividade na cana no Brasil, com a incorporação de tecnologias inovadoras, e esforços devem ser dirigidos para aprimorarmos todos os fatores responsáveis, inclusive o manejo adequado de doenças. A cana-de-açúcar está sujeita, no mundo, a mais de 200 doenças. No Brasil, já foram relatadas mais de 60. Dentre essas, nove são consideradas de maior importância, pelo potencial de danos causados: escaldadura e raquitismo (bactérias), mosaico e amarelinho (vírus), carvão, ferrugem marrom, ferrugem alaranjada e podridão abacaxi (fungos) e galhas e lesões radiculares (nematoides). Cada 1% de incidência de carvão em uma plantação significa redução de 0,74% na produtividade. Também são frequentemente relatadas doenças consideradas secundárias, mas que, sob condições favoráveis, podem ocorrer em grande quantidade e causar danos significativos. Essas doenças podem afetar as folhas (manchas amarela, ocular, parda e anelar, estria vermelha e Pokka-Boeng), colmo (podridão vermelha/ antracnose, podridão de Fusarium) e raízes (Pythium). Com as alterações do sistema de cultivo, como colheita de cana crua, permanência de palhada na superfície de solo, plantio em períodos mais frios, uso da cana picada no plantio, novas variedades, é possível que algumas dessas doenças se tornem mais importantes. É o caso da antracnose, que vem ocorrendo em algumas regiões, exigindo aplicação de medidas de controle. Para o manejo das doenças da cana-de-açúcar, sempre se contou muito com a resistência genética. Por diversas razões, a utilização de variedades resistentes tem sido a principal medida de controle das doenças no Brasil. Essa medida é sempre a mais desejada, por ser fácil de ser empregada, econômica, acessível a todos os produtores e não representar risco ao ambiente e à saúde humana. Nas outras importantes espécies cultivadas no Brasil, como soja, milho, café, citros, feijão, arroz, trigo, batata, frutas e hortaliças, há necessidade da utilização de outras medidas, como fungicidas, medidas culturais, controle biológico. Trata-se do Manejo Integrado de Doenças, que vem se mostrando sustentável e eficiente. Assim, como não se dispõe de cultivares resistentes aos agentes das principais doenças nestas culturas, fungicidas são frequentemente empregados. Também é dada muita atenção à utilização de materiais de propagação sadios e/ou adequadamente tratados, como vazio fitossanitário, época e local de cultivo. Na cana, também devemos usar outras medidas de manejo, além da resistência, com maior frequência. É difícil e demorado incorporar resistência completa e duradoura a todos os agentes causais de doenças, além das características agronômicas, responsáveis pelo potencial de produtividade e adaptação a regiões com limitações edáficas e/ou climáticas. Caso uma doença possa ser bem manejada através de medidas não genéticas, a variedade pode apresentar essa falha, desde que proporcione benefício ao produtor.
Dessa forma, é importante que outras medidas de manejo, além das variedades resistentes, sejam mais valorizadas pelos produtores de cana no Brasil. A preparação de viveiros que contribuam para a disponibilização de mudas mais vigorosas e sadias é fundamental para atingirmos esse novo patamar de tecnologia na produção de cana. Inovações como MPB (Mudas Pré-Brotadas), Meiosi (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente), sementes artificiais, associados a tratamento térmico de gemas, cultura de tecido, roguing, devem reduzir os danos causados por doenças, contribuindo para o aumento da produtividade. A utilização de culturas não hospedeiras dos principais patógenos da cana na renovação de talhões também pode contribuir muito para a redução da ocorrência de doenças e consequentes danos. Atualmente, já existem 11 diferentes fungicidas registrados para cana no Brasil, incluindo misturas duplas e triplas, para participar do manejo químico de doenças, semelhante com o que ocorre em outras culturas. Doenças como podridão abacaxi (não existem variedades resistentes), ferrugem marrom e ferrugem alaranjada podem ser manejadas dessa forma, possibilitando o cultivo de boas variedades, mas que apresentem suscetibilidade a esses patógenos. Também estão à disposição dos produtores sete nematicidas, que podem contribuir para o manejo dos nematoides das galhas e das lesões. Os produtores devem ficar atentos ao surgimento de doenças que possam causar danos significativos à cana-de-açúcar. Qualquer ocorrência deve ser comunicada às instituições públicas e privadas e a especialistas para que possa ser devidamente diagnosticada e estudada. Esforço vem sendo alocado, por exemplo, na avaliação de fungicidas para o controle da antracnose. É importante que sejam consolidadas informações sobre as regiões em que essa doença vem ocorrendo com maior frequência e severidade, para que os experimentos possam trazer informações que contribuam para a redução dos danos. Também estão sendo desenvolvidos experimentos para avaliar os danos causados pelas manchas foliares, normalmente consideradas secundárias. Deve-se lembrar de que o manejo de diversas doenças, em outras culturas, consideradas de final de ciclo, como na soja, trouxeram benefícios quando devidamente controladas. n
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especialistas
Opiniões
só a sacarose salva...
Há mais de dez anos, o setor canavieiro passa por uma grande transição de técnicas e procedimentos. Nesse período, por exemplo, saímos de 25% de colheita mecanizada para próximo a 99% nas principais regiões produtoras do Centro-Sul. O uso do fogo para limpeza da cana também foi praticamente banido, e, hoje, o maior volume da cana moída nas usinas é de cana sem queima prévia, a chamada cana crua – uma matéria-prima totalmente diferente daquela que era entregue nas usinas anos atrás. À medida que a mecanização da colheita cresceu, observou-se um significativo aumento das impurezas vegetais e minerais e uma queda acentuada dos teores de sacarose na matéria-prima, conforme demonstra o quadro 1 – Colheita mecanizada e qualidade da matéria-prima. No mesmo momento em que isso ocorreu, notaram-se outros importantes acontecimentos, como um enorme desgaste das máquinas colhedoras, o aumento das perdas de cana no campo, maior arranquio de soqueiras de cana, redução da longevidade dos canaviais, aumento significativo da compactação do solo e, principalmente, uma significativa perda de faturamento. Tudo isso está interferindo no resultado final das usinas, com significativas quedas nos valores de ATR e de produtividade agrícola, e o pior, com o aumento dos custos de produção. Além disso, o problema se estende para dentro da indústria, onde a redução na extração e o excessivo desgaste dos componentes da fábrica são muito expressivos, fato esse que já foi detectado pelo aumento dos gastos com manutenção industrial e redução da vida útil de equipamentos e peças. Há visíveis prejuízos em moendas, bombas, dutos e, principalmente, nas caldeiras afetadas pelo cloro, enxofre e sílica, que vêm das impurezas.
A busca pela qualidade da matéria-prima e pelo teor de sacarose exigirá dos loucos por rendimentos maior respeito aos limites das máquinas e aos canaviais. "
Dib Nunes Junior Presidente do Grupo Idea
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Na área agrícola, há ainda outros prejuízos relacionados com a redução nas densidades de cargas no transporte de cana e com o aumento do custo da tonelada colhida pelas colhedoras que, em sua grande maioria, trabalham fora das especificações dos fabricantes, com sobrecarga de potência e velocidade, levando a um maior número de quebras e paradas frequentes. O quadro 2 – Necessidade de transporte em função do aumento das impurezas vegetais na matéria-prima –, mostra os efeitos das impurezas vegetais na densidade de carga e na quantidade de cana que se transporta em um dia de trabalho de um rodotrem. Fica evidente que, quanto mais impurezas vegetais, maior será a necessidade de equipamentos, pois há significativa redução de peso na carga média. Pesquisas da Consultoria Assiste constatou que, com 8.000 horas trabalhadas (cerca de 4 anos), as colhedoras já gastaram, em reparos e manutenção (RM), o equivalente a 1,5 máquina nova. Os gastos médios anuais com RM se aproximam de R$ 350 mil por máquina. Na Austrália, os gastos são três a quatro vezes menores, pois lá as máquinas não trabalham no mesmo ritmo. Aqui, no Brasil, as usinas e grandes produtores forçam demais as máquinas para aumentar a produtividade e reduzir custos. As frotas nem sempre estão dimensionados na exata necessidade de colhedoras e raramente possuem máquinas em stand by. Quando, no meio da safra, a cana começa a apresentar redução de suas produtividades, os produtores começam a forçar ainda mais as máquinas para manter a moagem diária. É nesse momento que acontecem os maiores problemas, como o aumento significativo de arranquio de soqueiras, pisoteio excessivo, além do aumento de perdas de cana e de impurezas na matéria-prima. Quanto mais forçam as máquinas, mais elas quebram e menos produzem. Como consequência, teremos aí um aumento de gastos com RM, atingindo, por ano, médias equivalentes a um terço do valor de uma máquina nova e, dependendo da idade das mesmas e da qualidade da manutenção, as quebras e os gastos se tornam ainda maiores. ;
especialistas
Opiniões
Como resolver isso e ainda ganhar sacarose? A resposta é a seguinte: as empresas, já no planejamento inicial, precisam fazer um dimensionamento de necessidades de colhedoras e transbordos pensando nos momentos mais críticos da safra e não na média de rendimentos obtidos no ano anterior. Depois, precisam aprender a pensar que o teor de sacarose pode ser maximizado com maior limpeza da cana. Trabalhar fora das especificações dos fabricantes tentando extrair muito mais das máquinas está levando aos produtores perdas “invisíveis” enormes. É muito comum se encontrarem áreas com tiros curtos, não sistematizadas e niveladas adequadamente, máquinas trabalhando com baixa rotação nos extratores de limpeza da cana, pensando em economia de energia. Além disso, é comum também os operadores acelerarem as colhedoras acima dos 4 km/hora até em cana de menor produtividade. Isso só aumenta o prejuízo dos produtores, pois colhem uma matéria-prima de
qualidade inferior, arrancam touceiras, aumentam o custo de manutenção e, o pior, reduzem significativamente as produtividades agrícolas. Os erros de planejamento de colheita e as perdas geradas por não respeitar as características das variedades são outros problemas que estão trazendo graves prejuízos. Muitos produtores enviam alto índice de matéria verde (partes da cana que não são colmos) para as usinas pensando em vantagens com ganhos de peso, mas se esquecem de que o ATR vai ser penalizado e de que a cana entregue terá um menor valor. Uma coisa não compensa a outra. O ATR vale mais. Para verificar quais são os itens de maior influência no faturamento das empresas canavieiras, elaboramos uma análise de sensibilidade, na qual aumentamos e diminuímos entre 5% e 15% COLHEITA MECANIZADA E QUALIDADE DA M-P os principais custos de produção, desde a forma1 ção do canavial, tratos, colheita e transporte (CTT) e arrendamento, e comparamos os resultados com % 15,0 100 % os ganhos de produtividade agrícola e o teor de 90 sacarose (ATR), alterados na mesma proporção. 14,5 80 Esse estudo mostra que, com pequenos ga70 14,0 nhos no teor de sacarose, o faturamento agroin60 dustrial se expande significativamente. Ganhos de 50 13,5 produtividade também alavancam o faturamento, 40 mas não na mesma intensidade que o ATR. Para 13,0 30 melhorar o teor de sacarose, não são necessários 20 grandes investimentos, enquanto, para se obter 12,5 10 ganhos nos demais fatores de produção, é preciso 34 36 42 47 56 69 76 82 89 92 95 96 muito mais que simples mudanças de procedi0 12,0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 mentos, ao contrário do que ocorre com o teor de COLHEITA MECANIZADA (%) POL % CANA FIBRA % CANA sacarose. Ressalte-se que, nas caríssimas operações de colheita e transporte, os gastos estão “travados”, e por isso se exigem muito mais esforços DE TRANSPORTE EM FUNÇÃO DO para se conseguir poucas reduções no custo de 2 NECESSIDADE AUMENTO DAS IMPUREZAS VEGETAIS NA M-P produção de cana. Se o produtor focar na qualidade de serviços, respeitar os limites das colheIMPUREZAS 6% 8% 10% 12% doras e, principalmente, buscar uma matéria-priCARGA MÉDIA TRANSPOR70 65 59 54 ma mais limpa, pode-se afirmar que os sofridos TADA POR RODOTREM (t) produtores terão, com toda a certeza, um melhor QUANTIDADE DE VIAGENS/ 7,0 7,0 7,1 7,1 faturamento por unidade de produção. Nenhum DIA/RODOTREM outro insumo, operação agrícola ou tecnologia CARGA MÉDIA TRANSPOR487 453 418 383 utilizada na produção canavieira pode trazer mais TADA POR DIA (t/dia) retorno financeiro do que a maximização do teor REDUÇÃO DA DENSIDADE de sacarose. Pensem nisso e iniciem um plano de 21% melhoria contínua, tendo o aumento do teor de saBRUTO (R$/t) COM VARIAÇÃO ENTRE 5% E 15% 3 FATURAMENTO carose como o principal NOS FATORES DE PRODUÇÃO objetivo, pois cremos que só o aumento no teor de DESCRIÇÃO -15% -10% -5% Padrão +5% +10% +15% sacarose nos salvará das FORMAÇÃO DO CANAVIAL 137,96 136,86 135,76 134,66 133,56 132,47 131,37 dificuldades atuais. A busca pela qualiTRATOS CULTURAIS DE SOCA 137,76 136,73 135,69 134,66 133,63 132,60 131,56 dade da matéria-prima e COLHEITA 139,58 137,94 136,30 134,66 133,02 131,38 129,75 pelo teor de sacarose exigirá dos loucos por renARRENDAMENTO 136,75 136,03 135,32 134,66 133,90 133,19 132,48 dimentos maior respeito PRODUTIVIDADE 123,96 127,92 131,47 134,66 137,56 140,19 142,60 aos limites das máquinas e aos canaviais. ATR/ART 98,17 110,33 122,50 134,66 146,83 158,99 171,16 O caminho é por aí.n %
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www.ihara.com.br
UMA GRANDE SAFRA COMEÇA COM RIPER: FLEXIBILIDADE NA COLHEITA PARA ALAVANCAR A RENTABILIDADE. Riper é um maturador que aumenta rapidamente o teor de sacarose e o mantém elevado por um longo período, gerando maior TCH e flexibilidade na colheita.
ANTECIPA A COLHEITA EM ATÉ 30 DIAS
PERMITE APLICAÇÃO ATÉ 14 DIAS ANTES DA COLHEITA
PRESERVA A QUALIDADE DO AÇÚCAR
RÁPIDA CONCENTRAÇÃO DE ATR
especialistas
desafios que nos levarão à
excelência Pesquisa, conhecimento, tecnologia, trabalho e disposição para isso não nos faltam. (...) Imagine ainda a quais números poderemos chegar quando tudo estiver alinhado. "
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Presidente da Canaoeste Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de SP
O agronegócio brasileiro é pujante. Motivos para isso não faltam. Só para mencionar um deles, o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio cresceu 4,48% em 2016 em relação a 2015, segundo levantamento do Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, em parceria com a CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Esse resultado segurou a economia do País, ao evitar uma queda ainda maior no PIB e ao manter a balança comercial equilibrada. Duas vertentes para esse resultado são a constante evolução e a tecnologia presentes no campo e na indústria. É inegável que vivemos em um “admirável mundo novo", onde a agilidade e a inovação dos processos são determinantes para a produtividade e a eficiência. Também é certo afirmarmos que a interação humana com dispositivos eletrônicos, como smartphones e tablets, irá aumentar ainda mais, principalmente aqueles que se conectam a acessórios que podem ser utilizados no dia a dia e são imprescindíveis para a rápida tomada de decisão. Estão aí a IoT (Internet das Coisas) e a Indústria 4.0, que não me deixam mentir. Todo esse aparato tem como foco o aumento da competitividade alinhada à sustentabilidade, sempre. A mecanização, por exemplo, foi e continua sendo um instrumento de transformação do setor sucroenergético devido à sua constante evolução e adaptação tecnológica. A colheita de cana crua, e não mais queimada, alterou o perfil do colaborador e cortador de cana ao criar novas oportunidades e capacitação de mão de obra para vagas de tratoristas, mecânicos, operadores de colhedoras e outros.
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Essas atividades demandam treinamento e conhecimento, alavancando a qualidade de vida das pessoas antes sujeitas ao baixo nível de escolaridade e em atividades sem plano de carreira. As oportunidades de trabalho existentes no campo agora atraem jovens e estudantes de cursos técnicos e universitários que, até tempos atrás, negavam o setor rural, mas, hoje, se especializam cada vez mais para fazer parte desse setor atraente, próspero e produtivo. O constante desenvolvimento de novas tecnologias é um dos responsáveis pelo crescimento da produtividade agrícola. Nos campos e lavouras, tratores, implementos e colhedoras trabalham em operações de preparo de solo, plantio, tratos culturais, colheita e transporte. São máquinas com alta tecnologia embarcada que, com a ajuda dos colaboradores, operam dia e noite para manter a competitividade do nosso agro. Vale dizer ainda que, para produzir com sustentabilidade, é preciso vencer desafios. Não é fácil se manter na atividade, que exige altas escalas ao mesmo tempo em que requer melhoramento genético, uso racional e tecnificado da água, segurança biológica, monitoramento, automação e agricultura de precisão, por exemplo. Entre os desafios, não podemos ser indiferentes também às questões climáticas. As condições do clima durante as etapas da atividade canavieira, principalmente o plantio, estão cada vez mais imprevisíveis, e isso impacta diretamente o desenvolvimento, a qualidade e a produtividade da ; cana-de-açúcar.
Opiniões Para evitar danos e prejuízos, é preciso lançar mão de ferramentas e tecnologias que possam reduzir imprecisões e dar mais agilidade, segurança e eficiência para o produtor. Tamanha a complexidade dos problemas que temos à frente, o setor sucroenergético nacional precisa investir em processos de inteligência competitiva, algo necessário em tempos de dificuldades, mudanças e adaptações como as vivenciadas ultimamente. O caminho para isso está sendo trilhado. Os focos dos produtores e usinas têm se concentrado no teor de sacarose, na qualidade da matéria-prima e na tão almejada e possível cana com produtividade de três dígitos. Muito se discute sobre isso, em como fazer o trivial e o necessário de forma correta e com resultados. Pontos como o bom preparo de solo, tratos culturais e uso de mudas sadias são as bases para o sucesso. O grande empenho do setor está em realizar esse trabalho no campo com redução de custo, o que não implica reduzir a eficiência do serviço que está sendo feito, mas fazer melhor, inclusive com otimização de recursos e equipamentos, ou seja, a redução de custo passa pela gestão.
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Por falar em gestão, temos que aproveitar o momento e somar forças. Precisamos de preços atrativos para o açúcar e o etanol e produção para atender à demanda. Isso também é possível através da união entre produtores e entidades. Com a falta de políticas públicas e claros direcionamentos para que o setor volte a investir, temos que nos unir para dividir as ações e marcarmos presença em um maior número de fóruns de interesse para a cadeia produtiva canavieira. Uma forma mais participativa de trabalho tem sido perseguida por nossas entidades como a Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil e a Canaoeste – Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, por exemplo, que estão passando por um processo de reestruturação e visam fazer frente a uma nova era do setor. Os produtores devem estar mais bem estruturados e organizados diante do novo ciclo virtuoso que se anuncia. Somos um grande produtor de açúcar, etanol e bioeletricidade, com inovação e sustentabilidade. Essa é a nossa marca que deve ser mantida. Pesquisa, conhecimento, tecnologia, trabalho e disposição para isso não nos faltam. E o resultado disso aparece no final: incrementos de produtividade, seja no campo ou na indústria, refletidos em milhões de reais em nossa balança comercial. Imagine ainda a quais números poderemos chegar quando tudo estiver alinhado. n
especialistas
abrindo a gaveta No auge da última crise, conversando com um grande amigo gestor de uma usina em dificuldades (e quem não estava?), escutei uma afirmação a respeito de sua área técnica que me marcou: “Paulo, você sabe que eles são gênios, sabem de tudo e têm muitos e bons projetos, mas... de vez em quando, temos que enfiá-los numa garrafa e esquecê-los lá por um tempo!” Fiquei impressionado... E era isso mesmo! Por melhor que fossem os projetos, por maior que fosse a TIR, por mais curto que fosse seu payback, nunca eram suficientes para competir com a obrigação do pagamento de juros aos bancos, esses malvados que ajudam, face às dificuldades de caixa das empresas. Então, vimos uma quantidade enorme de bons projetos indo para o fundo de uma gaveta para hibernação, aguardando melhores momentos. Nesse meio tempo, algumas equipes se desfizeram, conhecimentos internos foram perdidos, processos se alteraram e muitas novas tecnologias se desenvolveram e foram colocadas à disposição. Na edição passada da Revista Opiniões, a querida Ana Paula Malvestio alerta para a preocupação: “...até quando teremos preços em bons patamares e o que fazer quando um novo período de baixa de preços vier?” Não me arrisco dizer até quando teremos preços remuneradores, coisa meio esotérica, mas o que fazer na área operacional agrícola, além das possibilidades citadas na matéria fará parte da obrigação de quem quiser se manter vivo no setor, e, para mim, está claro que a resposta, hoje, está nas gavetas das áreas técnicas das empresas, na forma de projetos, nas mais diversas áreas.
Quando o período de baixa vier, e ele virá, que ninguém se iluda, as empresas têm que ter desengavetado e posto em ordem de marcha alguns de seus melhores projetos no árduo trabalho de aumento da produtividade das coisas, sejam canaviais, ou máquinas e equipamentos, sejam pessoas, fazendo sempre mais com menos. Fantásticas tecnologias estão, hoje, dominadas e à disposição das empresas. Eu, particularmente, gosto muito das MPB – Mudas Pré-Brotadas, em suas diversas vertentes e subdivisões de sofisticação (viveiro próprio/ comprado/irrigado/área parcial/total) associado ao sistema de plantio em “meiosi”, por seu resultado extremamente positivo e retorno imediato a partir da adoção. A empresa que não o adotar corre o risco de perder o pulo do gato do momento e perderá também competitividade face às demais. Seu custo é baixo, e sua adoção pode ser gradual. Não o adotar, hoje, chega a ser uma irresponsabilidade, pois, além do ganho intrínseco à própria operação de plantio, há também a possibilidade de adoção rápida de variedades novas e mais promissoras das que eventualmente estejam em uso no canavial da usina. Gosto muito também do controle de plantio e de falhas através de imagens, que tem evoluído bastante, e já há aplicação segura de suas interpretações. É um método rápido de aplicação prática muito valiosa, com retornos em médio prazo pela melhora no stand do canavial e consequente redução de custos de colheita e em arrendamentos. Também uso intensivo do piloto automático nas operações de plantio e colheita, dentro de um contexto de planejamento dos talhões e eficiência da logística de colheita trazem no fim, na última linha, um grande resultado, em função da redução de custos de colheita e transporte, com números impactantes, que são mais que ;
É hora de nos cercarmos de bons técnicos, assessores, consultores, abrir as gavetas e a garrafa dos gênios que estão aprisionados em nossas empresas. Dar asas, com segurança e equilíbrio, fazer contas, não inventar a roda... "
Paulo Zancaner Castilho Diretor da Datagro Alta Performance
Opiniões suficientes para um excelente retorno do capital investido, num cenário de custo de oportunidade caindo com a Selic atual. Dezenas de outras tecnologias também podem contribuir muito, mas aí vem à tona a face perversa da crise, pois muitas equipes não têm maturidade para adotá-las ou extrair delas o máximo de contribuição, e não é por incompetência, mas por desconhecimento das dinâmicas da ação e reação dos canaviais à adoção ou não das práticas. Cabe, então, à alta direção da empresa ter a consciência e a disciplina para saber que, se num dado momento anterior, por motivos nobres de sobrevivência, se desfez de equipes maduras, substituindo-as por novatas ou com técnicos menos experientes, não pode agora, no momento de retomada, exigir desses mesmos técnicos, cheios de boa vontade, mas limitados pelo pouco tempo de gestão, gestão esta ainda cerceada em sua criatividade pela necessidade de cumprimento de orçamentos restritivos, que sejam capazes de desenvolver projetos de grande envergadura e de resultados positivos imediatos. Há que se cercar de profissionais competentes, que estão disponíveis às dezenas no mercado, cada um com sua especialidade, e, mesmo que temporariamente, dar suporte através destes às suas próprias equipes, até que estas absorvam o conhecimento e passem a entender um pouco mais do todo e tenham uma visão holística do negócio de produzir muita cana barata e com qualidade. Ao mesmo tempo, promover capacitação profissional nos níveis operacionais, treinamento mesmo, situando o funcionário no contexto da
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empresa, dando a ele a responsabilidade e a consciência da importância de seu trabalho bem-feito, a relação direta do seu trabalho com o sucesso da fase que ele está conduzindo e criando um sistema de métricas para bonificação ou renda variável. A meritocracia tem se mostrado muito eficiente quando se passa por momentos de inflexão como esse que vivemos. Ela é propulsora de desenvolvimento e de resultados positivos quando bem estruturada e aplicada. O que temos visto, por enquanto, é mais uma “escamoteocracia”, onde gestores se escondem em números e premissas duvidosas e se desculpam por baixo de decisões superiores do tipo: “eles que não me deram recursos, então não consigo entregar... ”, que a assunção de responsabilidades sobre as próprias decisões e escolhas. O momento atual traz a chance para que essas empresas se livrem desse comportamento defensivo e partam para cima em busca de resultados, desengavetando projetos, fazendo contas, ajustando os payback dos mesmos, tendo coragem e assumindo os riscos inerentes às escolhas feitas. Temos pouco tempo, pois não sabemos quanto de alívio teremos pelos bons preços atuais e não podemos errar. É hora de nos cercarmos de bons técnicos, assessores, consultores, abrir as gavetas e a garrafa dos gênios que estão aprisionados em nossas empresas. Dar asas, com segurança e equilíbrio, fazer contas, não inventar a roda, utilizar o que já é sucesso, aplicando o conhecimento acumulado que está disperso pelo mercado em pessoas e em empresas que estão prontas para participar desse novo ciclo de crescimento sustentável. n
consultores
a busca pela
estabilidade As variedades que farão parte do plantel da unidade produtora merecem atenção e discussão ampla, pois, hoje, existe uma carência muito grande de novos materiais de alta performance. "
João Crisóstomo Simões Rodrigues e Aníbal Pacheco de Almeida Prado Diretores da Saccharum Consultoria
Na agroindústria açucareira, o grande desafio permanece sendo a “redução de custos”, que traduz todo o esforço efetuado dentro dos sistemas de produção existentes pelas equipes para adequar, racionalizar e otimizar as etapas desses sistemas. E, dentro desse trabalho de otimização, a busca pela elevação da produtividade agrícola por hectare e pela produção da maior quantidade de açúcar por hectare deverá sempre ser o foco principal das equipes envolvidas no processo. A busca pela estabilidade da produtividade agrícola em três dígitos em uma lavoura, com média de, no mínimo, cinco cortes e uma curva de maturação otimizada, mesmo com um período de safra prolongado, é falada pelos quatro cantos do País, mas pouquíssimas empresas obtêm essa média ao longo dos anos. Os fatores de produção envolvidos, principalmente os que se relacionam com a recuperação da fertilidade do solo e da nutrição da cultura, têm sido, de certa forma, revisados e discutidos, e, hoje, há um sentimento de que, se bem aplicado, o que existe de conhecimento disponível, essa etapa do sistema de produção estaria, de certa forma, bem estabelecida, atendendo à necessidade da cultura. A fosfatagem ainda carece de maior utilização, mas é imprescindível no cultivo de solos com teor muito baixo do elemento. A aplicação em taxa variável dos
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macronutrientes, apesar das dificuldades operacionais, deverá se consolidar rapidamente à medida que tenhamos, no mercado, implementos com custo compatível a essa finalidade, pois traz economia pela racionalização do uso dos adubos e aumento da sua eficiência. A implantação de um sistema conservacionista seguro (com relação à perda da fertilidade do solo), que proporcione alto rendimento das máquinas, tanto de plantio como de colheita, é de conhecimento geral, e a utilização da tecnologia VANT tem auxiliado nesse planejamento. O espaçamento utilizado, objeto de eterna discussão, é de suma importância na busca de altas produtividades agrícola e de colheita. O pisoteio é o grande responsável pelas falhas do canavial e pelo decréscimo da produtividade, e o espaçamento de 1,50 m é o que melhor se adéqua às bitolas das máquinas de colheita de uma linha e que proporciona menor pisoteio, desde que a lavoura tenha sido bem implantada, e é muito utilizado nos solos de melhor fertilidade. Já para os solos de menor fertilidade, não se recomenda sua utilização pela demora de a cana-de-açúcar fechar a entrelinha e pela menor produtividade que proporciona. As empresas, principalmente as de solos mais arenosos, que tiverem oportunidade de utilizar espaçamentos mais adensados ou duplos, no caso 0,90 m x 1,50 m, com certeza estarão na frente na ; corrida pela busca da mais alta produtividade.
Opiniões O controle de tráfego fica facilitado, há uma sensível diminuição do pisoteio e as colhedoras fazem um bom trabalho com alto rendimento. É certo, no entanto, que as dificuldades na colheita serão maiores nos espaçamentos adensados ou duplos, e haverá um esforço ainda maior no treinamento e na fiscalização dos envolvidos na operação de colheita. As variedades que farão parte do plantel da unidade produtora merecem atenção e discussão ampla, pois, hoje, existe uma carência muito grande de novos materiais de alta performance. O potencial de produtividade de algumas das variedades mais plantadas, como RB86-7515, RB96-6928, SP83-2847, CTC 4 e outras, já é de conhecimento, e sabe-se que não deverão mudar por si só o histórico de produtividade existente. A grande evolução esperada é com relação à aplicação da transgenia pelas entidades que desenvolvem e lançam, no mercado, novos materiais, sendo que se espera desses materiais a alavancagem definitiva para a obtenção de altas performances agrícola e industrial. Variedades resistentes à broca (Diatreae) vão ajudar nesse processo, mas o que se espera é a adição de outras características de interesse, como tolerância à seca, resistência a pragas (bicudo da cana e cigarrinha-da-raiz), tolerância a alumínio, assim como incremento teor de sacarose em variedades rústicas. O preparo profundo do solo com equipamentos especialmente desenvolvidos para isso deve ser encarado pelas empresas em cujo sistema de produção se encaixe como fator decisivo na elevação da produtividade. Permite aplicação de fósforo em profundidade, incorporação de matéria orgânica e fertilizantes na faixa preparada, além da eliminação da compactação, pois o implemento trabalha a uma profundidade de 50-60 cm. Após o trabalho com o penta, o canteiro apresenta-se livre de compactação e adequadamente fertilizado, permitindo que o sistema radicular se desenvolva abundantemente, visando aumentar a capacidade de absorção de água e de nutrientes, e é um fator de redução de custos pela diminuição das operações de preparo de solo.
O plantio mecanizado vem evoluindo ao longo do tempo, inicialmente com medidas de gestão do processo no campo, desde a colheita de mudas ao plantio propriamente dito, aliado à melhoria dos equipamentos através da automação. Contudo, atualmente, as empresas multinacionais vêm trabalhando fortemente na busca de plantio mais semelhante ao que ocorre hoje com grãos, através de microtoletes tratados (seeds) com agroquímicos que permitam seu plantio em larga escala. Outra ferramenta também de multiplicação se refere ao sistema de MPB, no qual já se tem o conhecimento na produção de mudas e implementos para o plantio em escala comercial, porém ainda necessitando de irrigação complementar ao plantio em períodos que apresentem veranicos. A colheita mecânica apresenta, ainda, alto grau de ineficiência, e ganhos podem ser obtidos, especialmente no que se refere ao controle de tráfego, visando reduzir ao máximo o pisoteio sobre a linha de cana, através da adoção do autopilot nos tratores transbordo, assim como no arranquio de soqueiras, especialmente em espaçamento duplo. Com relação à colhedora para espaçamento duplo, ainda é necessário que se melhore a qualidade do corte de base, uma vez que as linhas não estão no centro dos dois discos de corte como no espaçamento simples (1,50 m) e, portanto, os fabricantes devem desenvolver uma caixa de corte que possa operar desnivelada em relação ao plano horizontal em função da colheita em duas ruas. Quanto aos tratos de cana soca, devemos dar especial atenção ao controle de pragas, tais como bicudo da cana e a cigarrinha-da-raiz, face à área que essas pragas ocupam no Centro-Sul e ao seu potencial de dano, como algo de até 30 t/ha/corte para bicudo (Sphenophorus levis) e de 15 t/ha/corte para cigarrinha (Mahanarva fimbriolata). O controle químico vem sendo realizado em maior porcentagem de áreas tratadas, mas ainda necessitamos de agroquímicos mais eficientes e de menor custo. Quanto às plantas daninhas, os herbicidas atuais permitem um adequado controle do mato, muito embora o repasse em certas situações seja inevitável, em função do atraso do fechamento da lavoura. Nesse sentido, tratores com bitolas ajustáveis e com boa altura em relação ao solo, acoplado a implementos de detecção do mato, podem permitir a aplicação localizada, com redução de custo e benefícios ao meio ambiente. Desse modo, a gestão agrícola deve conciliar um sistema de produção que possibilite rendimento agrícola próximo ao potencial produtivo desejado em função dos ambientes de produção onde a unidade está localizada, assim como uma boa gestão em todos os processos de produção, para que se tenha um custo compatível com os preços, e ainda possa remunerar todo o processo produtivo e possibilitar novos investimentos no próprio negócio. n
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consultores
Opiniões
adubação
variável e individual de
O setor sucroenergético tem, de fato, uma grande expressividade nacional, uma amplitude econômica de destaque e uma dinâmica de evolução incomum. Haja visto a produtividade de álcool por hectare ter dobrado nos últimos 40 anos, além das novas oportunidades na geração de energia e na produção de açúcar, entre outros. Entretanto existem na sua história avanços e retrocessos motivados por variadas questões organizacionais e científicas, nas áreas industriais e agrícolas, que marcam épocas, e requerem uma constante dedicacação no desenvolvimento e na consolidação de novas tecnologias.
N-P-K
Entre as tecnologias desejadas, uma delas consiste em aplicar os macronutrientes N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) individualmente no colo da planta, com dosagens variadas, possibilitando, assim, formular qualquer combinação instantânea para cada ponto da área, sem depender das formulações tradicionais e restritas às concentrações das matérias-primas utilizadas. Importância da técnica: Nas regiões Sudeste e, especialmente, na região Centro-Oeste, onde as chuvas se concentram nos períodos de novembro a março, os plantios de ano e meio (de fevereiro a março) ;
Entre as tecnologias desejadas, uma delas consiste em aplicar os macronutrientes N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) individualmente no colo da planta, com dosagens variadas "
Alceu Donizette Donegá
Consultor de Mecanização da ASA - Assessoria de Serviços Agrícolas
ECONOMIA E PRODUTIVIDADE SOB SEU CONTROLE. Roscas Dosadoras Interligadas Precisão no preparo da formulação, de acordo com as especificações agronômicas.
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O Sistema de Composição Variável da Spander SOPRANO NPK possibilita ao operador, formular e aplicar instantaneamente qualquer combinação de nutrientes em diferentes pontos do canavial, racionalizando a operação e reduzindo em até 15% os custos com a aquisição de insumos. Tel. (18) 3421-1100
www.sollusagricola.com.br
Sollus. A marca que mais evolui no campo.
consultores recebem uma grande quantidade de chuva durante ou logo após sua realização, sendo assim, os macroelementos (N-P-K) que fazem parte da adubação do plantio de cana, e, em se tratando de perdas, os elementos N e K, têm facilidade de solubilizarem e se perderem pelo processo de lixiviação. A cana-de-açúcar, nos seus primeiros 40 dias após germinação, extrai seus nutrientes do próprio tolete (muda de cana utilizada no plantio) e somente vai se beneficiar das adubações de plantio a partir desse período, quando seu sistema radicular já está sendo desenvolvido. Enquanto isso, sob forte concentração de chuva nos solos, com menores teores de argila, pode ocorrer o processo de lixiviação, e parte considerável dos elementos N e K se perde. Portanto, em regiões com essas características, recomenda-se adubar o sulco de plantio somente com o P e pouca ou quase nada de N e K, e depois que a cana já desenvolveu parte do seu sistema radicular e por ocasião da prática do quebra lombo, se realiza a aplicação do N e K, e, quando possível, se realiza a adubação em duas vezes. O uso da referida tecnologia (aplicação individual de N, P e K na linha) tanto se aplica na cana planta como pode ser aplicada no cultivo das soqueiras de cana, na qual, com a colheita de cana crua, algumas usinas e produtores já aplicam os fertilizantes sobre a palha sem incorporar. Atualmente, trabalha-se bastante nos planejamentos de layout de canaviais pensando no tráfego controlado, que reduz e até elimina compactação, principalmente nesta faixa (80 cm de largura – 40cm de cada lado da linha da cana) que se aproxima da linha da cana; isso também viabiliza, cada vez mais, a aplicação do fertilizante sem incorporar. Uma das restrições de se aplicar fertilizante sem incorporar é quanto à fonte de N (nitrogenados), em que, dependendo de situações, pode se submeter à perda por volatilização. Com o uso da tecnologia de aplicação dos elementos separadamente na linha da cana sem incorporação, recomenda-se que a fonte de nitrogenados seja nitrato de amônia ou ureia protegida, para diminuir a citada perda. Uma prática no campo para aumentar o aproveitamento desses nutrientes pelas plantas seria o parcelamento dessa adubação; em contrapartida, ainda há restrições
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Opiniões quanto aos equipamentos distribuidores para executarem essa prática, encontrando, hoje, no mercado, alguns com baixo rendimento (tradicionais cultivadores de duas linhas), outros com bons rendimentos, mas de altos valores de investimento (adubadores autopropelidos), e outros com valores de investimentos acessíveis, mas a qualidade e método de distribuição do adubo não são adequados (a lanço); por esses motivos, os produtores acabam encontrando dificuldades, ou até mesmo a não realização da aplicação parcelada dos elementos. Em trabalhos realizados em áreas comerciais, usando as dosagens normalmente recomendadas dos elementos quando aplicados 100% no sulco de plantio e comparado com a aplicação parte no sulco e parte em cobertura, já se registraram ganhos de até 8% na produtividade usando a prática do parcelamento. No caso da cana-de-açúcar, o ideal é aplicar sobre a linha da cana, de forma que a dispersão do adubo fique em uma faixa de 40 cm de cada lado da linha, formando uma faixa de aplicação de 80 cm com a linha ao centro. Essa é a faixa onde concentram a maior parte das raízes ativas da planta que vai possibilitar a maior absorção dos fertilizantes conforme figura abaixo. Aplicação a lanço, o fertilizante fica distribuído por igual em toda a área, inclusive na área central da entrelinha onde se concentra o tráfego de equipamentos, local muito compactado e, possivelmente, com menor quantidade de raízes, possibilitando alguma perda por lixiviação. Numa dosagem de 500 kg por ha, aplicam-se 50 gramas por m². Na aplicação na linha numa faixa de 80 cm com a linha ao centro e mesma dosagem por hectare, aplicam-se 94 gramas por m² sobre uma faixa menos compactada e com mais raízes, possibilitando maior absorção dos nutrientes. Uso da agricultura de precisão: Essa técnica permite a aplicação da agricultura de precisão, podendo mudar dosagens e formulação instantaneamente, seja no próprio tiro operacional, seja por talhão ou gleba. Diferencial da tecnologia: Distribuição do adubo sob área com maior concentração de raízes, possibilitando, assim, maior aproveitamento do fertilizante. Com essa tecnologia, por se usarem reservatórios independentes, não ocorre a segregação dos produtos, fator de grande importância, havendo, assim, a distribuição correta dos macronutrientes. Utilizando os recursos dos equipamentos de agricultura de precisão e também com o uso de mapas de aplicação de taxa variável, faz-se a aplicação correta da quantidade necessária para cada área (GRID), não havendo excesso ou falta dos nutrientes. Esses ajustes de dosagens independente dos elementos, possibilitam gerar ganhos na produtividade através da precisão na distribuição dos elementos, especialmente pela sua individualidade proporcionada pela referida tecnologia. n
consultores
manejo integrado de
pragas
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Os sistemas informatizados, que contêm a inteligência da análise e das melhores recomendações de controle, representam, hoje, ferramentas essenciais para a evolução do manejo e a redução de perdas e de desperdícios "
Enrico De Beni Arrigoni Consultor da Enrico Arrigoni Soluções Manejo Integrado de Pragas
É frequente a afirmação sobre o setor sucroenergético se posicionar entre os mais tecnologicamente avançados do País, talvez do mundo, mas persistem as questões referentes à dificuldade que esse mesmo setor enfrenta em relação a avanços em produtividade e, consequentemente, à redução real de custos de produção. Nas mais diversas áreas das ciências agronômicas, é possível identificar falhas em processos e na qualidade de execução das atividades definidas ao longo do ano agrícola. Essas falhas são fatores de redução na produtividade e nos lucros, podendo ser definidos como fatores de desperdício. Seria fácil descrevermos 10 fatores de desperdício que ocorrem em nossas lavouras, em nossas operações ou na nossa gestão. Concentrando apenas uma das ciências agronômicas que trata da entomologia e gera a tecnologia de Manejo Integrado de Pragas – MIP, podemos observar alguns tópicos que merecem atenção e requerem mudanças na forma de gestão e de aplicação dos recursos, para evitar perdas ou desperdícios. Primeiramente, podemos afirmar que o conhecimento existente, nessa área, é vasto e cobre a grande maioria das questões, gerando informações básicas e métodos de monitoramento e controle para as mais importantes pragas, na maioria das condições de campo. Ainda há muito a evoluir, mas as informações e as técnicas que existem já são suficientes
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para possibilitar melhorias significativas em produtividade e em redução de desperdícios, se forem corretamente conhecidas, interpretadas e aplicadas. Há equipes treinadas, para execução das etapas do MIP, em bom número de empresas produtoras de cana, e esse aspecto é importante para que se obtenham resultados satisfatórios. Entretanto é comum se verificar que as etapas de monitoramento foram executadas a contento, mas a aplicação do controle não pode ser realizada no momento correto, permitindo que ocorresse a evolução das populações e, consequentemente, dos danos no local. Acrescenta-se a isso o fato de aplicações de produtos químicos ou microbianos não serem realizadas de acordo com os padrões mínimos de qualidade, resultando em erros na dose, falhas no momento correto da aplicação ou falhas na distribuição dos produtos. Outra questão importante é em relação à tomada de decisão sobre adoção de controle, e podemos partir de uma observação geral que comprova haver diferenças marcantes em ambientes e em condições de desenvolvimento dos canaviais (solo, umidade, variedade, nutrição, idade, quantidade de palha presente, vinhaça, etc.); em função disso, não se recomenda a adoção de estratégias únicas de controle em área total, visto que, seguramente, levará a fa; lhas no controle das pragas e a desperdícios.
Opiniões O MIP mais eficaz é aquele que se baseia nas condições de cada local, nas espécies de pragas presentes e nas suas respectivas densidades populacionais, gerando a recomendação das técnicas de controle mais adequadas para cada situação, incluindo sempre a avaliação econômica das alternativas e optando pela adoção da melhor. São comuns extensos bancos de dados que mantêm o histórico de diversas safras consecutivas, que podem gerar informações preciosas para a execução correta do MIP na unidade produtora. Entretanto não são raras as respostas de que não há conhecimento ou tempo para extrair e analisar os dados existentes, para gerar informações e recomendações ajustadas de controle. Pode-se dizer que, no ciclo PDCA, somente conseguimos executar as duas primeiras etapas, perdendo as oportunidades de melhoria e de aumento da eficiência dos métodos de controle adotados, introduzindo mudanças e atualizações nos sistemas de manejo e de controle. Os sistemas informatizados, que contêm a inteligência da análise e das melhores recomendações de controle, representam, hoje, ferramentas essenciais para a evolução do manejo e a redução de perdas e de desperdícios, quando corretamente programados e utilizados.
Não se acredita que o MIP possa permanecer estagnado, sendo muito mais provável que evolua com as novas tecnologias, com o conhecimento mais amplo e com o aprendizado a campo. No decorrer dos próximos anos, teremos contato com a tecnologia Bt em variedades de cana transgênicas e sentiremos a necessidade de entender melhor o MIP, ampliando o conhecimento para o Manejo de Resistência das pragas alvo. Veremos também ampliar a possibilidade de uso de ferramentas geradoras de imagens detalhadas, para auxiliar na detecção e possível identificação dos problemas de pragas e de doenças. Haverá lançamento de novos produtos no mercado (químicos ou biológicos) e de novas técnicas de aplicação, ou de novas interpretações das técnicas de manejo, com resultados mais efetivos. É necessário preparar esse futuro, com aprendizado, com adoção das mudanças necessárias, e entender que os dados obtidos a campo, quando forem corretos e confiáveis, têm a importância, mediante correta análise e interpretação, de gerar informações básicas para suportar todas as decisões do MIP. Queremos, realmente, que o setor se torne, nos próximos anos, o maior empregador de tecnologias que possibilitem aumento de produtividade e de redução de desperdícios. n
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Opiniões
uma garantia de permanência no negócio Já é amplamente conhecido que a colheita mecanizada de cana-de-açúcar passou por um salto qualitativo, principalmente na última década, crescendo de módicos 25% para a quase total utilização de máquinas no campo (mais de 90%). No bojo, todas as tecnologias embarcadas que foram ao campo com a modernização fazem com que plantio e colheita sejam cada vez mais tecnificados e precisos, aumentando produtividade e minimizando perdas. O resultado desse investimento, somado a políticas públicas de incentivos, transformou o Brasil em um dos principais players de cana-de-açúcar no mundo, seja pelo viés energético (etanol e biomassa) ou alimentício. Tal cenário já é muito relevante, haja vista que recai para o Brasil grande parte da responsabilidade de ser o local de onde vão sair alimentos para as mesas em todo o mundo. Estimativas de diversos órgãos internacionais, incluindo a ONU, mostram que a população mundial deve ficar entre 9,7 e 10 bilhões de pessoas até 2050 – sendo que as principais demandas serão exatamente o que estamos fazendo bem: energia, proteína e fibra.
Mesmo que a produtividade canavieira seja uma questão de manejo e de ciência, a tecnologia é importante para que os processos de plantio e colheita sejam realizados de forma a não deixarem nada para trás. "
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli Gerente de Marketing Estratégico para a América Latina da John Deere
Ao mesmo tempo, temos um novo elemento na equação: com o amadurecimento da sociedade e da legislação, o desafio importante agora é ter alta produtividade sem abandonar a responsabilidade ambiental. A sociedade já não aceita a expansão agrícola irresponsável e, claro, a tecnologia é a resposta fundamental para produzir mais sem expandir terras.
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Por tudo isso, a gestão dentro do mercado canavieiro implica ter um gerenciamento assertivo de frotas, com uma administração acurada e recursos humanos capacitados, de forma que tudo esteja conectado para transformar todo o conhecimento dos dados e do trabalho em resultados sustentáveis. E como fazemos tudo isso? Com tecnologia de ponta e inovações tecnológicas. Em máquinas e equipamentos agrícolas, a tecnologia tem avançado em saltos qualitativos, de forma que o uso de ativos seja potencializado. As frotas, atualmente, caminham para a sincronia total entre o escritório e as máquinas; dos equipamentos entre si; e ainda do maquinário enviando - em tempo real - os dados coletados para dispositivos receptores, que, hoje, estão nas mãos dos produtores, como smartphones e tablets. A conexão que já existe no campo faz com que o trabalho seja otimizado, as decisões tomadas nos momentos certos, e o trabalho, ao fim do dia, tenha sido o mais eficiente possível. Para o setor sucroenergético, podemos citar que 75% dos custos da operação são provenientes da área agrícola, do campo, e, dentro dessa fatia (75%), a mecanização é responsável por 70% dos custos. ;
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O Ethanol Summit é o principal congresso realizado no Brasil e um dos mais importantes do mundo, com foco nos produtos e energias renováveis que vem da cana-de-açúcar
2015 Antonio Delfim Netto Ex-ministro da Fazenda e Planejamento
Eduardo Braga Ministro de Minas e Energia
Magda Chambriard Diretora-geral da ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis Aldemir Bendine Presidente da Petrobras Conrad Burke Global Marketing Director for Advanced Biofuels, DuPont
2011 Vinod Khosla Presidente da Khosla Ventures Luiz Inácio Lula da Silva Ex-presidente da República do Brasil
Cledorvino Belini Presidente da ANFAVEA Phil New Presidente, BP Biocombustíveis Jason Clay Vice-Presidente de Transformações de Mercado, WWF
2007 Daniel Yergin Autor e especialista global em petróleo e energia George Soros Open Society Institute e Soros Foundations Network
Fernando Henrique Cardoso Ex-presidente da República do Brasil
2017 Em comemoração aos 10 anos do evento, preparamos uma retrospectiva com os principais nomes que já passaram por nossos palcos. Confira a lista abaixo e aguarde, em breve serão divulgados os nomes de destaque desta edição. Inscrições: ethanolsummit.com.br
2013 Mariangela Rebuá Diretora-Geral do Departamento de Energia, Ministério das Relações Exteriores Britta Thomsen Deputada do Parlamento Europeu para a Dinamarca Michael McAdams Presidente, ABFA – Associação dos Biocombustíveis Avançados dos EUA Luiz Moan Yabiku Jr. Presidente da ANFAVEA
2009 Lord John Browne Ex-CEO da BP, Presidente da Academia Real de Engenharia do Reino Unido Henrik Fisker Fundador e Presidente, Fisker Automotive Luciano Coutinho Presidente do BNDES Kátia Abreu Senadora da República do Brasil John Melo Presidente e CEO, Amyris
Reinhold Stephanes Ministro da Agricultura Dilma Rousseff Ministra Chefe da Casa Civil
Carlos Gutierrez Ex-Secretário do Comércio dos Estados Unidos
Realização:
Organização:
Bill Clinton Ex-presidente dos Estados Unidos e criador da Fundação William J. Clinton
ensaio especial Ou seja, ter um bom gerenciamento da frota e investir em tecnologias que disponibilizem informações precisas são de crucial importância operacional e financeira. As evoluções, nesse sentido, caminham para a automatização dos processos, baseados na confiabilidade da telemetria, que logo vão tornar os escritórios em centros remotos de operações que controlarão o balanceamento operacional das etapas do processo (colheita, transbordo e transporte) – algo parecidos com os boxes da Fórmula 1 e até mesmo as salas de comandos militares. Em suma, é tomar a decisão para a operação/aplicação correta. Por meio de sensores, leituras precisas sobre o que está acontecendo com cada máquina, desde sua localização até detalhes de como está sendo realizado o trabalho, informações de transbordo, informações sobre manobras, entre outros, vão dar aos produtores as rédeas do processo produtivo. Na medida em que a alta tecnologia avança aos canaviais, temos visto melhorias na engenharia dos maquinários. Podem-se citar rapidamente as mudanças no sistema de alimentação, para garantir melhor uniformidade e distribuição do feixe de cana até o picador; os divisores de linhas externas ficaram maiores e mais próximos ao solo, para melhor separação das linhas de cana; os divisores internos tiveram os diâmetros reduzidos, com angulação ao centro; os rolos tombadores foram aumentados, para melhorar a operação e os facões se tornaram maiores; e os cortes de base estão cada vez mais rentes ao solo por serem guiados por sensores, entre outras inovações estruturais. Além disso, a tecnologia, hoje, já permite ajustes automáticos que fazem com que as máquinas colham mais alterando a rotação do motor após "ler" a carga do motor, ou mesmo vai permitir tirar dos operadores a função de regular continuamente a posição dos dividores de linhas e discos de cortes. A lista de evoluções vai longe, mas busquei citar alguns exemplos relevantes. Já na questão ambiental, por exemplo, sabemos que existem equipamentos que conseguem colher de 74 a 99 toneladas de cana por hora e que o fazem com um consumo menor de combustível de até 8%. Tudo por causa de sistemas hidráulicos e de alimentação eficientes – o que gera uma diminuição em torno de nove mil litros de diesel por safra, uma boa economia. Esse impacto em combustível é, claro, um fator que traz economia para a fazenda, mas, principalmente, significa uma substantiva redução de emissão de gases na atmosfera. A própria implantação legal de motores eletrônicos que seguem a legislação MAR I, iniciada neste ano, também impactam positivamente o controle de emissões.
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Opiniões Mas nada dessas inovações tecnológicas adianta se o gargalo de qualificação persistir – se a mão de obra não for qualificada o suficiente para conseguir operar e gerir as operações precisas que os maquinários oferecem. Menos da metade de um dia é realmente utilizado com uma máquina colhendo, sendo que o restante é dividido entre manobras, abastecimento, manutenções corretivas, chuva e, principalmente, trocas de turnos, refeições, deslocamento de área e espera por transbordo. Em resumo, o tempo de uma máquina efetivamente trabalhando é relativamente pouco e, obviamente, deve ser utilizado ao máximo. Isso significa que o operador deve ser amplamente preparado para ter o mínimo (ou até mesmo nenhum) erro/problema no momento de plantar ou colher. Novamente, a tecnologia de precisão é aliada, pois auxilia na condução apropriada da lavoura – cujos ajustes já podem ser realizados muitas vezes a distância. Além disso, na medida em que não há renovação dos canaviais, bem como temos a incidência de doenças e pragas e também as adversidades climáticas se tornam mais agudas, temos o desafio de ter plantação com produtividades menores que outrora. Mesmo que a produtividade canavieira seja uma questão de manejo e de ciência (que já é capaz de introduzir plantas resistentes à secas, ou que resistem a solos empobrecidos de nutrientes, entre outros), a tecnologia é importante para que os processos de plantio e colheita sejam realizados de maneira exata, de forma a não deixarem nada para trás. Em cana, isso ganha mais importância ainda, uma vez que tudo o que é extraído da terra, hoje, tem seu uso produtivo, seja a planta cana em si, seja seus resíduos – bagaço (biomassa), palhada e vinhaça (manejo sustentável). Os anos difíceis pelos quais o mercado canavieiro passou deixaram suas lições, ou seja, por pura necessidade, a gestão teve que ser ampliada e melhorada, e as máquinas, que já haviam ingressado como variável, entraram nos canaviais para nunca mais sair. Isso implica ter que lidar com gestão integrada de frotas e, claro, do negócio em si, como a necessidade de contratar mão de obra qualificada, por exemplo; ter logística apurada e um trabalho extremamente bem realizado de colheita. Se, hoje, a palavra de ordem em nossas vidas é conexão, no campo, não é diferente: a tecnologia é para conectar máquinas e pessoas, utilizando o máximo dessas duas inteligências para dar ordem/executar as operações agrícolas de maneira ultraeficiente – aplicando o elemento correto, na medida certa, no lugar exato e no tempo preciso. O que isso significa: rentabilidade de forma sustentável – e uma garantia de permanência no negócio. n
A mecanização da colheita manual de cana-de-açucar não é mais um desafio,
é uma realidade.
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A CENTRACANA é um equipamento para corte basal, desponte e aleiramento de duas fileiras simultâneas de cana-de-açucar. acoplável à tratores “pcr” ou carregadoras.
GCI GCI, Garra de Cana Inteira, é um acessório acoplável à carregadoras de cana de quaisquer marcas, que prepara linhas densas de até 12 ruas em uma leira e carrega viaturas.
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