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Tarcisio Angelo Mascarim

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J.K.Tripathi

J.K.Tripathi

o governo poderia realmente ajudar visão tecnológica

Até a década de 1970, toda a tecnologia envolvida e desenvolvida na área agrícola e industrial do setor da cana- -de-açúcar tinha interesse exclusivo na produção do açúcar. Na época, poucas usinas utilizavam o residual para produzir álcool. Toda a prioridade era dada ao açúcar. De lá para cá, a tecnologia do setor sucroenergético avançou muito, em todos os seus segmentos, sempre de forma sustentável. Hoje produzimos, com atualizada tecnologia, o bioaçúcar, o bioetanol, a bioeletricidade, o biodiesel, a bioágua e o biofertilizante. Novas tecnologias estão sendo apresentadas, a cada dia, tornando ainda melhor nosso trabalho. Através de um novo processo de fermentação, por exemplo, a quantidade de vinhaça gerada na produção de um litro de álcool será reduzida para cinco litros. Ainda dentro desse sistema, outra tecnologia que vai melhorar ainda mais o processo fará a concentração da vinhaça com evaporadores de fluxos descendentes, do tipo névoa turbulenta, reduzindo para um litro e meio de vinhaça, gerada na fabricação de um litro de álcool. A indústria tem investido muito e vem fazendo a sua parte, desenvolvendo tecnologia de ponta e colocando o Brasil como o primeiro do mundo no setor.

Por que o Governo não faz a sua parte, apoiando, por exemplo, o setor a conquistar e consolidar mercados? O apoio tem sido dado de maneira superficial e de forma eleitoreira. O etanol vive numa gangorra, ora sobe, ora desce, mas fato é que ainda não saímos da crise de 2008. O setor já devia estar operando o etanol de segunda geração se houvesse segurança e ambiente propício para a realização de maciços investimentos. Faz 20 anos que a Dedini começou o processo de transformar bagaço em etanol, desenvolveu em laboratório um piloto para 100 litros e produziu um modelo semi-industrial de cinco mil litros. Com um pouco mais de investimento, com um pouco de apoio, com um pouco mais de tempo, chegaremos ao domínio da tecnologia. Agora, vamos ver as razões de porque o etanol não é ainda incorporado na produção mundial. Os estados brasileiros têm tributação diferenciada para o etanol. A quem cabe coordenar isso? O Governo sabe tudo o que precisa sobre o assunto, fala muito sobre a questão, mas, de fato, nada executa.

The Government could really help

Until the 70’s, all the technology applied and developed in the agricultural and industrial sectors was exclusively oriented to sugarcane production. At the time, few mills used residual surpluses to produce ethanol. All priority was afforded sugar. Since then, the sugar-based energy sector’s technology has made much progress, in all areas, always in a sustainable manner. Nowadays, using state-of-the-art technology, we produce biosugar, bioethanol, bioelectricity, biodiesel, biowater and biofertilizer.

New technologies are being introduced by the day, making our efforts even more effective. For example, through a new fermentation process, the quantity of vinhasse obtained from the production of one liter of ethanol will be reduced to five liters. Also with this system, another technology will improve the process even more, by concentrating vinhasse using descending flow evaporators (of the high turbulent mist type), reducing the volume of vinhasse obtained in the production of one liter of ethanol to 1.5 liters. Industry has made major investments and is doing its part, developing advanced technology, ranking Brazil in first place in this field.

Why does the Government not do its part, for instance, by supporting the industry in conquering and consolidating markets? Support has been superficial and election-oriented. Ethanol is on a constant rollercoaster, going up and down, but the fact is that we still have not come out of the recession of 2008. The industry by now should have been operating with second generation ethanol, if there were safety and the right climate to undertake major investments. Twenty years ago, Dedini started transforming bagasse into ethanol, developed a pilot lab for a 100 liter scale and produced a semi-industrial model for 5,000 liters. With a little more investment, a little more support, a little more time, we will make it to controlling the technology. Now, let us assess the reasons why ethanol has still not been incorporated into the world production. The Brazilian states have different tax rates for ethanol. Now, who should be looking into this? The Government knows everything it needs to know about this matter, it talks a lot about it, but, in reality, it does nothing.

" mas o Governo brasileiro, ao invés de buscar um bom relacionamento com o maior comprador do mundo, prefere complicar tudo, colocando-se contra qualquer coisa que eles façam e se aliando a países como Irã, Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, e mais alguns outros governos totalitários "

Tarcisio Angelo Mascarim Presidente do Simespi (Sindicato da Indústria fornecedora do setor) President of SIMESPI (Supplier Class Entity for the Industry)

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Falta infraestrutura para o transporte interno e para a exportação. A quem cabe organizar e cuidar da infraestrutura de um país? Falta um estoque regulador para que haja uma disciplina de preço. A lei brasileira diz que é responsabilidade do Governo, mas esta é uma lei que não pegou. Que confiança podemos gerar no exterior? Faz 5 ou 6 anos que o Japão está ensaiando comprar etanol brasileiro, mas por que ele não compra?

O primeiro passo seria convencer os governos de outros países da importância do etanol para minimizar o efeito estufa. A Unica vem fazendo um belo trabalho e convenceu os americanos de que o etanol de cana era muito mais do que parecia ser. Acabaram, após um longo caminho, por considerá-lo como produto de tecnologia avançada e sinalizaram que podem comprar o etanol de cana. Expuseram seus planos de mistura, informaram que precisarão de 136 bilhões de litros de etanol, já definiram que não vão fazer mais do que 60 bilhões de litros de etanol de milho e que irão precisar de mais de 70 bilhões de litros oriundos de outras tecnologias avançadas, na qual o etanol de cana, agora, se inclui. Entretanto, eles não vão comprar do Brasil se houver alguma desconfiança de não entrega. Muito menos ainda, se não tiverem um bom relacionamento com o nosso Governo. Mas o Governo brasileiro, ao invés de buscar e consolidar um bom relacionamento com o maior comprador do mundo, prefere complicar tudo, sempre se colocando contra qualquer coisa que eles façam e se aliando a governos de países como Irã, Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, e mais alguns outros governos totalitários. Enquanto o Governo brasileiro não tiver um pensamento de relacionamento democrático com os Estados Unidos, dificilmente conseguiremos vender etanol para os americanos. Estamos falando de parcerias. Setenta bilhões de toneladas representam algo como 300 usinas com uma produção de 3 milhões de toneladas de cana, com a geração de 300 mil empregos diretos e investimentos da ordem de US$ 60 bilhões. Que fatia desse bolo pode nos caber?

O segundo passo seria apoiar com linhas de financiamentos para abrir mercados e vender usinas para outros países. Por exemplo, a Colômbia tem uma lei que projeta misturar 85% do etanol à gasolina, até 2012. O Brasil é o potencial fornecedor de novas usinas de etanol e de biodiesel. Agora, por que não dá certo? Porque o Brasil não tem também um relacionamento amistoso com a Colômbia. O Governo poderia juntar empresas de tecnologia agrícola e industrial, organizar consórcios, reunir bancos de fomento, organizar soluções integradas e viabilizar a ocorrência de reuniões entre os vários segmentos governamentais de ambos os lados. Quando ocorre uma concorrência na Colômbia, aparecem várias empresas brasileiras trabalhando de uma forma acéfala, com ações individualizadas e concorrentes. Poderíamos estar participando da concorrência de forma cooperada, apresentando soluções integradas, em que se incluem até programas internacionais de financiamentos ao comprador. O que temos visto nessas concorrências internacionais é a partipação de outros países de forma muito mais organizada, com propostas que incluem financiamentos a taxas internacionais. Nosso setor tem estado sempre em crise e penso que, se tivermos uma atuação mais efetiva, com visão de longo prazo, contínua, interessada e profissional do Governo, de forma simples, sem envolver benesses, teremos uma chance de maior sucesso.

There is a lack of transportation infrastructure, for destinations in and outside the country. Who should be organizing and looking after the country’s infrastructure? There is no offsetting buffer inventory aimed at price discipline. Brazilian law states that this is the Government’s responsibility, but this law is not respected. What trust can we generate abroad? For 5 or 6 years now, Japan has been considering buying Brazilian ethanol, but why doesn’t it?

The first step would be to convince the governments of other countries of ethanol’s importance in minimizing the effects of greenhouse gas emissions. UNICA is doing an exemplary work convincing the Americans that ethanol from sugarcane was much more than it appeared to be to them. After a long period, the Americans were convinced that the product incorporates advanced technology. They signaled that they may buy ethanol made from sugarcane. They laid out their plans for mixing, informed that they will need 136 billion liters of ethanol, and have already made it known that they will not produce more than 60 billion liters of ethanol from corn, and that they will require additional 70 billion liters from other advanced technologies, therein now included ethanol from sugarcane. However, they will not buy from Brazil if there is the slightest feeling that we may not deliver. Furthermore, there needs to be good rapport with our Government. However, the Brazilian Government, rather than seeking and consolidating such good rapport with the world’s largest buyer, prefers to complicate relations by systematically opposing what they do and by seeking alliances with the governments of countries like Iran, Cuba, Venezuela, Bolivia, Ecuador, and other totalitarian regimes. As long as the Brazilian Government lacks a thought pattern for a democratic relationship with the United States, we will face much difficulty in selling ethanol to the Americans. We are talking about partnerships. Seventy billion tons represent about 300 mills, with a production of 3 million tons of sugarcane, the creation of 300,000 direct jobs and investments in the magnitude of US$ 60 billion. What chunk of the pie could we get?

A second step would be to provide financing to open markets and sell mills to other countries. For example, Columbia has a law that specifies mixing 85% of ethanol to gasoline, by 2012. Brazil is the potential supplier of new ethanol and biodiesel mills. Now, why does this not work? Because Brazil is not on good terms with Columbia too. The Government could bring together agricultural technology companies, organize consortiums, bring in development banks, bring about integrated solutions and organize meetings among several government areas on both sides. When a tender is put in the market in Columbia, several Brazilian companies show up, operating without common coordination, undertaking individual and competing initiatives. We could be taking part in such tenders in a cooperative manner, presenting integrated solutions, which should also include international financing packages for the buyer. What we have seen in these international tenders, are other countries participating in a well-organized manner, with proposals that include financing at international rates. Our industry has permanently been in a crisis. I believe that if we had more effective initiatives, with a long-term perspective, and continuous, professional and interested actions on the part of the Government, in a simple format, with no other expectations of gains, we would stand a better chance at succeeding.

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