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ISSN: 2177-6504
SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade sugarcane, sugar, ethanol & bioelectricity jul-set 2011
o mercado de médio e longo prazos para o etanol no Brasil The medium- and long-term scenario for ethanol in Brazil
índice
o mercado de médio e longo prazos para o sistema etanol-açúcar-agroeletricidade
Editorial da Edição:
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Wagner Rossi
Ministro da Agricultura
Associações:
48 52 56 60 64
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Presidente da Canaoeste
Pedro Robério de Melo Nogueira Miguel Rubens Tranin Presidente da Alcopar Presidente da Siamig
Renato Augusto Pontes Cunha Presidente do Sindaçúcar--PE
Mônika Bergamaschi
Secretária de Agricultura do Estado SP
Haroldo Lima
Diretor-geral da ANP
Mauricio Antonio Rocha Borges Presidente da Apex-Brasil
Mauricio Tolmasquim Presidente da EPE
Alexandre Aidar Jr. Diretor da BCD
Tarcílo Ricardo Rodrigues Diretor da Bioagência
28 32 36 40 44
Julio Maria Borges
72 76 80
Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo
Banco de Fomento:
68
Chefe do Dpto de Biocombustíveis do Bndes
92 96 100 104
Adézio José Marques Presidente do Ceise-Br
Alessandra Fabíola Bernuzzi Andrade
Diretor executivo da JOB
Eduardo Pereira de Carvalho Diretor da Expressão
Plinio Mário Nastari Presidente da Datagro
Luiz Carlos Corrêa Carvalho Diretor da Canaplan Consultoria
Antonio de Padua Rodrigues Diretor técnico da Unica
Usinas e Destilarias:
Carlos Eduardo Cavalcanti
Fabricantes de Equipamentos: Tradings:
84 88
08 14 18 24
Presidente do Sindaçúcar-AL
Luiz Custódio Cotta Martins
Especialistas:
Visão de Governo:
Diretor Comercial da Usina Alta Mogiana
Maurilio Biagi Filho Presidente da Maubisa
Igor Montenegro Celestino Otto Diretor Corporativo do Grupo USJ
Coordenadora Ambiental e de Bioenergia da Abimaq
José Luiz Olivério
Vice-presidente de Tecnologia da Dedini
Paulo Roberto Gallo Diretor da Authomathika
Ensaio Especial:
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Luiz Otávio Koblitz
Conselho de administração da Areva Koblitz
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Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano
editorial
momento Decisive moment
Opiniões editorial
decisivo
" O governo vê o etanol como prioritário e merecedor de medidas diferenciadas. Mas, no caso do açúcar, entende que o mercado deve ajustá-lo segundo suas conveniências. "
Wagner Rossi Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Minister of Agriculture, Cattle Breeding and Supply
Os mercados dos produtos derivados da cana-de-açúcar apresentam grandes perspectivas. Sem exageros, é possível dizer que a cana é a matéria-prima do futuro. Não bastasse a importância do açúcar na alimentação mundial e do etanol no abastecimento de combustíveis, além das perspectivas no mercado internacional, ainda há a contribuição da energia elétrica gerada a partir do bagaço. Isso sem esquecer as pesquisas e descobertas na alcoolquímica e na obtenção de outros derivados do melaço. O problema é que, infelizmente, está faltando cana. Os estudos indicam que o País tem capacidade de moagem já instalada para 130 milhões de toneladas adicionais. É preciso retomar os investimentos para cumprir o objetivo de construir 15 unidades por ano com moagem aproximada de 4 milhões de toneladas cada uma. Isso para que seja atendido, em nível razoável, o crescimento do mercado de etanol. Esse é um mercado sustentável que traz benefícios à sociedade brasileira. O setor carrega responsabilidades que o colocam em destaque na estratégia governamental de desenvolvimento e de aspectos de segurança e soberania nacional. Daí é preciso considerar que muito do seu desenvolvimento depende de ações conjuntas a serem desenvolvidas pelo governo e pela iniciativa privada. E o mercado, que vislumbra esse enorme potencial, deve ser a chave da retomada do crescimento do setor. É somente com a confiança do mercado livre, dentro de parâmetros conhecidos, que será possível gerar o ambiente necessário aos investidores de longo prazo. Para isso acontecer, incertezas têm de ser eliminadas. As inseguranças jurídicas também devem ser mitigadas. Tais decisões vão permitir maior rentabilidade do etanol. E elas têm de ser tomadas tanto pelo governo quanto pela iniciativa privada.
Markets of products derived from sugarcane show excellent perspectives. Without exaggerating, one can state that sugarcane is the raw material of the future. In addition to the importance of sugar as food around the world, of ethanol for fuel supply, and of the international market outlook, there is yet another contribution – electric power generated from bagasse. Then, not to forget, there is the research and the discoveries in the field of ethanol chemistry and in the obtainment of other derivates of molasses. The problem is that, unfortunately, what is lacking is sugarcane. Studies indicate that the country has already installed a crushing capacity of 130 million additional tons. One needs to resume investments to meet the objective of building 15 units per year, with a crushing capacity for about 4 million toneladas each. This is what is needed to reasonably meet the needs resulting from the growth of the ethanol market. This is a sustainable market that affords the Brazilian society benefits. The industry is entrusted with responsibilities that place it in a priority ranking in the government’s development strategy and from the point of view of safety and national sovereignty. One should therefore consider that much of its development depends on joint actions to be undertaken by government and private initiative. The market, aware of this huge potential, must act as the key to unleash the resumption of the industry’s growth. It is only with the confidence of the free market, within known parameters, that it will be possible to generate the environment expected by investors in the long-term. For this to occur, uncertainties must be eliminated. Legal insecurity too must be mitigated. Such decisions will allow ethanol to achieve higher profitability, and they will have to be taken by both government and private initiative.
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editorial editorial É preciso enxergar o setor sucroenergético como um todo, para acertar as estratégias. E os mercados de açúcar e de energia gerada pelo bagaço devem ser cuidadosamente considerados. A lucratividade das empresas, que em termos ideais devem estar profissionalizadas, preferencialmente com capital aberto às captações de recursos no mercado, precisam considerar os ciclos de preços dos diversos produtos derivados da cana. E tais ciclos nem sempre coincidem e, adequadamente considerados, podem representar a diferença entre investir ou não no setor. A energia do bagaço tem impacto positivo e gera lucro. O açúcar, que está hoje com preços apreciados, contribui para que se suportem as tarifas do etanol que ainda não atraem investimentos. E, posteriormente, tais preços podem entrar numa fase de baixa, quando o uso do ATR na produção do etanol ajustar o mercado mais rapidamente. O governo vê o etanol como prioritário e merecedor de medidas diferenciadas. Mas, no caso do açúcar, entende que o mercado deve ajustá-lo segundo suas conveniências. É por isso que o governo dá prioridade ao etanol nas políticas públicas, sem, no entanto, tomar qualquer medida em prejuízo do açúcar, alimento de primeira necessidade no mundo. A busca de maior eficiência e produtividade, em termos agrícolas e industriais, cabe ao próprio setor. Governo e mercado devem buscar junto à indústria automobilística maior eficiência dos motores flex. Ao governo cabem medidas relativas à diminuição de incertezas, assim como novos parâmetros para definição de recursos para investimentos e questões tributárias. Todas as questões a cargo do governo serão agora mais facilmente discutidas, embora ainda sejam delicadas. A presidenta Dilma Rousseff tem coordenado pessoalmente as reuniões entre os ministros envolvidos. Ela já definiu algumas estratégias, atribuindo à ANP maiores responsabilidades e instruindo o Ministério da Fazenda a buscar meios de proporcionar maiores investimentos na produção de cana-de-açúcar para etanol e na construção de novas unidades produtoras, além de aprofundar os estudos nas questões tributárias. O setor ganhou um status diferenciado, tendo enaltecida sua importância estratégica. Dentre as principais decisões mitigadoras de incertezas, está o percentual de mistura de etanol na gasolina, que deve ser definido de forma permanente e estável, considerando a disponibilidade e o mercado futuro a ser abastecido. E apontando claramente a estratégia de abastecimento desse mercado, considerando inclusive a possibilidade de importação, que muito contribuiria para a internacionalização do produto assim como para a atração de investimentos. Isso porque a produção de etanol de cana é muito mais eficiente que o etanol advindo de outras matérias-primas. Eventuais importações não são problemas no mercado globalizado. Ao contrário, agem como balizador de lucratividade e indicação importante para os investidores. Da mesma forma, a incerteza quanto aos critérios da propriedade da terra, um tema complexo e que não deve inibir os investimentos de que a agricultura brasileira precisa e merece para cumprir adequadamente seu papel no abastecimento mundial. O momento é decisivo para a retomada dos investimentos. O País tem confiança em que conseguirá construir um ambiente favorável à concretização das perspectivas vislumbradas. █
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Opiniões Opiniões One must see the sugarcane-based energy industry as a whole, to get the strategies right. Furthermore, the sugar and the generated energy from bagasse markets must be carefully assessed. The profitability of companies that ideally should be professionally managed, preferably with publicly traded stock to access market funding, must consider the price cycles of different products derived from sugarcane. Such cycles do not always coincide, whereas if properly taken into consideration, they may represent the difference between investing or not investing in the industry. Energy from bagasse has a positive impact and generates profit. Sugar, whose prices nowadays are lagging, contributes to supporting ethanol prices that as yet do not attract investments. Subsequently, such prices may be in a low phase, when the use of ATR (total recoverable sugar) in the production of ethanol more rapidly adjusts the market. The government sees ethanol as a priority worthy of differentiated measures. However, in the case of sugar, it is of the opinion that the market should adjust it according to its conveniences. Therefore, the government prioritizes ethanol in public policies, without, however, taking any measure to adversely impact sugar, staple food around the world. The quest for more agricultural and industrial efficiency and productivity is up to the industry itself. The government and the market must look to the automobile industry for increased efficiency of flex-fuel engines. It is up to the government to adopt important measures to diminish uncertainties, as well as to set new parameters for defining investment funds and tax matters. All issues under the responsibility of the government will now be more easily discussed, albeit they are sensitive. President Dilma Rousseff has personally coordinated meetings of the ministers involved. She has already set some of the strategies, giving ANP (National Oil Agency) increased responsibilities and instructing the Ministry of Finance to look for ways to obtain more investments in sugarcane for ethanol production and the construction of new production units, along with more detailed studies on tax issues. The industry has achieved a distinct status and its strategic importance has been acknowledged. Among the most important mitigating decisions related to uncertainty is the percentage of ethanol to be added to gasoline, which should once and for all be definitively set, considering availability of the product and the future market to be supplied, while clearly indicating the fuel supply strategy to be followed in this market and even considering the possibility of importing, which would greatly contribute to the product’s internationalization and the attraction of investments. This is so because the production of ethanol from sugarcane is much more efficient than of ethanol produced from other raw materials. Possible imports are not a problem in globalized markets. Actually, quite to the contrary – they operate as a guarantor of profitability and are an important parameter for investors. By the same token, the uncertainty as to the criteria applicable to land ownership, a complex issue that should not inhibit investments Brazilian agriculture deserves and needs to adequately fulfill its role in world supply. The moment is decisive for resuming investments. The country is confident that it will build a favorable environment for the realization of the expected outcome. █
visão de governo
Opiniões
o que falta é
planejamento estratégico Strategic planning is what is missing
O etanol brasileiro tem tido um crescimento extraordinário, com recordes não apenas na produção, mas também na demanda, especialmente do mercado interno, que consome mais de 85% da produção total. Os veículos com motores flex impulsionaram o setor, pois deram sustentação ao crescimento da oferta do produto e ao surgimento de novas plantas até 2008. Com a crise mundial, o crédito ficou escasso e, somado ao endividamento decorrente de elevados investimentos e baixos preços de anos anteriores, houve aceleração do processo de concentração setorial. No entanto, a mais recente revisão da estimativa para a safra 2011/2012 de cana-de-açúcar, realizada pela Unica e pelo CTC, aponta para uma moagem no Centro-Sul de 533,5 milhões de toneladas, cerca de 6,6% menor do que o estimado em março passado, e queda de 4,2% em relação ao total moído na safra 2010/2011. Vários fatores contribuíram para essa redução, como a idade avançada do canavial, menos plantios novos e menor renovação de áreas. Além disso, as áreas cultivadas receberam um menor pacote tecnológico no cultivo das soqueiras. Como resultado, queda de produtividade. Os problemas não pararam por aí. O florescimento induzido pela combinação de diversos fatores, tais como temperatura, fotoperíodo e umidade, ocorrido em regiões produtoras nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, reduziu a concentração de açúcares nos colmos e o rendimento industrial da planta. Não bastasse isso, algumas regiões canavieiras nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná ainda sofreram os efeitos da geada no mês de junho. Fica o desafio de acelerar a renovação dos canaviais exauridos e retomar os tratos culturais naqueles ainda responsivos, principalmente cultivo e adubação, para revitalização das lavouras.
Brazilian ethanol has experienced extraordinary growth, setting records not only in production, but also in terms of demand, especially in the domestic market that consumes more than 85% of total production. Flex-fuel vehicles boosted the industry, by providing sustainability to growth in the product’s supply and the setting up of new plants until 2008. With the world crisis, credit became scarce and, in combination with debt resulting from high investments and low prices of previous years, the concentration process in the industry escalated. However, the most recent revision of the projections for the 2011/2012 sugarcane harvest, done by UNICA and CTC, indicate the crushing in the Center-Southern region of 533.5 million tons, about 6.6% less than the estimate of last March, and a decrease of 4.2% in relation to the total crushed in the 2010/2011 harvest. Several factors contributed to this reduction, such as the advanced age of the plantations, less new plantations and less renewal areas. Furthermore, cultivated areas were technologically less endowed in the cultivation of ratoons. As a result, a decrease in productivity. Problems did not stop there. Induced flowering, in combination with several factors such as temperature, time of photosynthesis and humidity, which occurred in production regions in the states of SP, MG and GO, reduced the concentration of sugar in the culms and plants’ industrial productivity. In addition, some sugarcane producing regions in the states of SP, MS and PR also suffered from frost effects in June. The challenge that remains is to accelerate the renewal of exhausted sugarcane plantations and to resume the recovery of those still responsive, essentially to cultivation and fertilization, so as to revitalize the plantations.
" por ser u operação e de man-açúcar "
" nem o Governo e nem o setor privado possuem definido um consistente plano de desenvolvimento para o setor sucroenergético " Mônika Bergamaschi
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Secretária de Agricultura do Estado de São Paulo Secretary of Agriculture of the State of São Paulo Colaboração: Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, John Deere
segurança e qualidade em condutores elétricos no setor sucroalcooleiro
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visão de governo De concreto, o crescimento efetivo dos custos de produção e a política cambial, reduzindo a capacidade competitiva das exportações para o setor. Projeções relativamente conservadoras indicam que a demanda pelo etanol brasileiro, em 2020, será da ordem de 60 a 65 bilhões de litros. Para tal, a área com cana no Brasil deverá crescer dos atuais 8,6 milhões de hectares (1% do território brasileiro) para 12 milhões de hectares. Vale acrescentar que o zoneamento agroambiental feito para a cultura indica que o Brasil possui mais de 64 milhões de hectares aptos para o cultivo, sem desmatamentos e crescendo sobre áreas de pastagens, geralmente subutilizadas ou degradadas, o que representa oito vezes a área hoje ocupada com canaviais. A pesquisa e o melhoramento genético da cana têm contribuído muito para aumentar a produtividade (média de 1,5% ao ano). Aliás, essa é uma área em que, tradicionalmente, iniciativa privada e governo trabalham juntos, com excelentes resultados. Do lado industrial, o Brasil domina a tecnologia, tanto para produção de etanol como também de veículos flex fuel. Porém, como a demanda por etanol será muito superior à do açúcar, o País deverá ter uma capacidade industrial instalada da ordem de 70 a 75% para produção de etanol e 25 a 30% para açúcar. Tudo isso demanda investimentos e investidores, e a boa notícia é que eles existem, estão disponíveis e dispostos. O que falta é planejamento estratégico. Nem o Governo e nem o setor privado possuem definido um consistente plano de desenvolvimento para o setor sucroenergético. Enquanto não existir isso e enquanto o etanol não for uma commodity, negociada em bolsa, com contratos futuros, não haverá, por parte dos novos consumidores de etanol, a segurança necessária para o fechamento de contratos de médio ou longo prazo. Eles serão a mola propulsora para gerar o novo ciclo de investimentos no setor. Outro gargalo para a exportação do etanol é a infraestrutura logística das áreas produtoras para os terminais de escoamento, armazenamento e portos. Ainda que existissem excedentes no mercado interno e também se os Estados Unidos e outros importantes consumidores mundiais abrissem seus mercados para o etanol brasileiro, não teríamos condições de aproveitar a oportunidade no curto/médio prazos, pois a atual capacidade de exportação está limitada a menos de cinco bilhões de litros/ano. São necessários vultosos investimentos, e a alternativa pode estar nas PPPs, inclusive com a participação de algumas das grandes companhias de petróleo e tradings, que já ensaiam os primeiros passos no setor. A ANP poderia contribuir, e muito, na regulamentação dos protocolos, assegurando o cumprimento das metas e padrões estabelecidos, e também na equalização da curva de oferta e demanda, ajustando com maior velocidade e eficácia a mistura de anidro à gasolina, minimizando oscilações drásticas de preços, tanto por questões de sazonalidade, como também mercadológicas. Portanto, melhor do que o País ficar tentando prever o futuro do etanol brasileiro é arregaçarmos as mangas e ajudar a construí-lo! █
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Opiniões Specifically, we are left with the actual rise in production costs and the foreign exchange policy that reduces industry exports’ competitive capacity. Relatively conservative projections indicate that the demand for Brazilian ethanol in 2020 will be at about 60 to 65 billion liters. To get there, Brazil’s sugarcane plantation areas need to increase from currently 8.6 million hectares (1% of the country’s territory), to 12 million hectares. One should point out that the industry’s agro-environmental zoning shows that Brazil has more than 64 million hectares suited for cultivation, without having to deforest and while expanding to generally under-utilized and degraded grazing areas, which amounts to an area eight times bigger than the one currently used for sugarcane plantations. Research and sugarcane’s genetic improvement have greatly contributed to the increase in productivity (average of 1.5% per year). Actually, this is a field in which traditionally private initiative and the government have cooperated, with excellent results. From the industrial point of view, Brazil masters the technology, both for the production of ethanol and of flexfuel vehicles. However, given that the demand for ethanol will exceed that of sugar, the country will require installed industrial capacity of about 70 to 75% for ethanol production and of 25 to 30% for sugar. All this requires investment and investors, and the good news is that they exist, they are available and willing. What is missing is strategic planning. Neither the government nor the private sector have defined a consistent development plan for the sugarcane-based energy industry. As long as this does not exist and as long as ethanol is not a commodity, traded in securities exchanges, with futures’ contracts, newcomer ethanol consumers will lack the security needed to celebrate medium- or long-term contracts. They would be the dynamo to bring about a new investment cycle in the industry. Another bottleneck for ethanol exports is logistics infrastructure for transportation from production regions to terminals, storage facilities, and ports. Even if surpluses were available in the domestic market and if the United States and other important international consumers were to open their markets for Brazilian ethanol, we would be unable to take advantage of such an opportunity in the short- to medium-term, since the current export capacity is limited to less than five billion liters/year. Substantial investments are required and an alternative may well be PPPs (Public Private Partnerships), inclusively with the participation of some of the major oil and trading companies, which are taking initial steps to getting involved in the industry. ANP (the national oil, natural gas and biofuels agency) could substantially contribute to regulating protocols, warranting compliance of goals and standards, while also equalizing the supply and demand curve, more rapidly adjusting speed and efficacy of the addition of anhydrous ethanol to gasoline, minimizing drastic price oscillations, due to reasons of seasonality and marketing. So, rather than the country try to predict the future of Brazilian ethanol, the best to do is to roll up one’s sleeves and help build it up! █
visão de governo
Opiniões
a solução será
encontrada The solution will be found
" a situação atual, de crescimento geral da economia e do consumo de combustível, flagrou a limitação de nossa área plantada com cana, ou seja, a pequenez relativa de nosso canavial " Haroldo Lima Diretor-geral da ANP Director-General of ANP
A participação do etanol na matriz energética brasileira passa por um momento de definição. Em março deste ano, foi editada a Medida Provisória 532, alterando a definição do etanol como subproduto agrícola para produto energético e submetendo sua produção, importação exportação, transferência, transporte e estocagem à regulação da ANP. Essa medida do governo, que era uma demanda antiga do setor de combustíveis e também de muitos produtores de cana-de-açúcar, já bastaria para estimular as discussões sobre o futuro do etanol. Ocorre que outros fatores têm contribuído para incentivar o debate sobre o etanol no Brasil. Entre 2003 e 2009, o número de automóveis comerciais leves flex fuel, que podem usar gasolina ou etanol, passou de pouco mais de 48 mil para cerca de 2,6 milhões. Os carros flex passaram a representar 92,3% das vendas internas de veículos leves em 2009, contra 39% em 2003. Atualmente, os flex já são 45% da frota nacional e, segun-
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Ethanol’s share in the Brazilian energy matrix is experiencing a defining moment. In March of this year, Provisional Bill 532 was enacted changing the definition of ethanol from an agricultural sub-product to an energy product, while submitting its production, import, export, transference, transportation and storage to the regulations of ANP (national oil, natural gas and biofuels agency). This government measure, which was an old expectation of the fuel industry and also of many sugarcane producers, in itself would suffice to foster the debate on the future of ethanol. However, other factors have contributed to encourage the debate on ethanol in Brazil. From 2003 to 2009, the number of flex-fuel light commercial vehicles – that can run on gasoline or ethanol –, increased from just over 48,000 to about 2.6 million. Flex-fuel cars now represented 92.3% of domestic sales of light commercial vehicles in 2009, in comparison with 39% in 2003. Currently, flex-fuel vehicles already make up 45% of the national fleet and,
visão de governo do previsões da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), serão 65% já em 2015. A esses dois fatores é preciso somar o crescimento econômico que o País tem vivido nos últimos nove anos. Milhões de pessoas que, antes, não tinham condições de sequer abrir uma conta em banco, hoje, conseguem financiamento para comprar seu primeiro automóvel. Tudo isso resultou num aumento brutal da demanda que, associado à seca do ano passado, que causou quebra na safra da cana, fez com que o Brasil fosse obrigado a importar etanol pela primeira vez em muitos anos. A importação não chegou a representar 1% da produção nacional, mas acendeu a luz amarela. O Brasil precisa encontrar uma maneira de conciliar o crescimento econômico e a maior participação dos veículos flex com a garantia de que não haverá desabastecimento no País. Para que isso aconteça, é preciso dar condições ao setor sucroalcooleiro de crescer, incentivando a construção de novas usinas, desde que esse investimento signifique também uma redução na volatilidade do preço do etanol anidro na época da entressafra. A meu ver, essa discussão está apenas começando. No momento em que escrevo este artigo, surge a notícia de que senadores republicanos e democratas selaram um acordo para acabar com a tarifa de importação sobre o etanol brasileiro e com os subsídios da indústria americana de etanol de milho – muito menos competitiva que a nossa, em preço e geração de energia – no fim deste mês. Seria frustrante, num momento como este, em que as perspectivas são todas favoráveis, tanto no mercado interno quanto no externo, que o Brasil as desperdiçasse por falta de uma política coerente para o setor, conciliando os interesses nacionais com as aspirações dos investidores de aumentar os seus negócios e lucros. A situação atual, de crescimento geral da economia e do consumo de combustível, flagrou a limitação de nossa área plantada com cana, ou seja, a pequenez relativa de nosso canavial. Contraditoriamente, ao invés de crescer, para a safra de 2011/2012, diminuiu a área usada com essa plantação. Por essa razão, o aumento dos investimentos na área plantada, assim como nas usinas, tornou-se uma questão preliminar para que a produção de etanol cresça como a demanda e se coloque à altura de um produto de exportação. Não tenho a intenção de propor soluções mágicas neste artigo. Dentre todos os países do mundo, o Brasil é o que possui a menor limitação para a expansão de sua fronteira agrícola. Hoje, utilizamos menos de 2% da área disponível para agricultura. Isso significa que podemos aumentar a nossa área plantada sem causar danos ao meio ambiente, promovendo um desmatamento desnecessário e criminoso. Também temos a vantagem de estarmos à frente em termos de tecnologia, cujo desenvolvimento vem recebendo investimentos cada vez maiores. Nós, da ANP, tomaremos as medidas necessárias para permitir o aproveitamento de todas as vantagens que temos para beneficiar o País. Estou certo de que a solução será encontrada em breve e fico muito otimista quando vejo que a discussão em torno de uma política para o etanol combustível ganha um espaço tão nobre quanto o desta revista. █
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Opiniões according to predictions of Unica (Sugarcane Industry Association), this figure will be 65% already in 2015. One must add to these two factors the economic growth the country has enjoyed in the last nine years. Millions of people, who previously were not even able to open a bank account, nowadays can obtain financing to buy their first automobile. All this resulted in a tremendous increase in demand, which, in combination with last year’s drought, caused a shortfall in the sugarcane harvest and forced Brazil to import ethanol for the first time in many years. The importation did not even represent 1% of the national production, but it lit the yellow light. Brazil must find a way to conciliate economic growth and the increased participation of flex-fuel vehicles in order to warrant that no shortages will occur in the country. For this to take place, it is necessary to provide the sugar and ethanol industry the means to grow, fostering the construction of new mills, provided such investment also implies the reduction in price volatility of anhydrous ethanol in the off-season. In my opinion, this discussion is only just beginning. At the time when I am writing this article, the news is that republican and democrat senators have reached an agreement to do away with the tariff on the import of Brazilian ethanol and the US industry’s subsidies on ethanol from corn – which industry is much less competitive than ours in terms of price and energy generation – at the end of the current month. It would be frustrating at this point in time, when the outlook is so favorable in the domestic and foreign markets, that Brazil should have to forgo taking advantage of this scenario due to the lack of a coherent policy for the industry, conciliating national interests with the aspirations of investors to increase business and profits. The current situation of overall growth of the economy and of fuel consumption made evident the limitations of our sugarcane plantation area, i.e., the relative minuteness of our sugarcane plantations. Actually, quite to the contrary, rather than growing, in the 2011/2012 harvest, the area used for sugarcane plantations decreased. That is why the increase in investments in plantation areas, as well as in mills, has become a preliminary issue for the growth of the ethanol production in synchronization with the demand, and for placing the product at the level required for it to be an export product. I do not intend to propose miraculous solutions in this article. Among all countries of the world, Brazil is the one with the least limitations to expand its agricultural frontier. Nowadays, we are using less than 2% of the area available for agriculture. This means we can increase our planted area without causing damage to the environment, while going about an unnecessary and criminal deforestation. We also have the advantage of being ahead in terms of technology, whose development is the object of ever growing investments. We, at ANP (national oil, natural gas and biofuels agency), will take the measures needed to allow for making use of all advantages we have to benefit the country. I trust the solution will be found soon and I am optimistic when I see the discussion on a policy for ethanol as fuel gaining such remarkable space, like in this magazine. █
visão de governo
Opiniões
governo e iniciativa privada já
caminham juntos Government and private initiative are already cooperating
Em um mundo cada vez mais consciente da necessidade de desenvolver fontes renováveis de energia, os biocombustíveis, em especial o etanol, se destacam, e o Brasil tem um papel estratégico e fundamental a desempenhar nesse cenário. Segundo maior produtor mundial e principal detentor da tecnologia de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, o País vive um momento decisivo, com perspectivas promissoras para o setor produtivo, principalmente no campo das exportações. A expertise brasileira na produção de etanol de cana-de-açúcar vem se desenvolvendo em condições únicas de abundantes recursos naturais, tecnologia e inovação, que levaram também ao desenvolvimento dos carros flex fuel, outra grande conquista a ser compartilhada com o mundo. Tendo alcançado excelência tecnológica, trabalhamos hoje para inserir o combustível na pauta do comércio mundial como alternativa limpa, renovável e sustentável. A estratégia de transformação do etanol em commodity e a consequente ampliação das exportações do produto devem ser vistas como algo extremamente poderoso e renovador. Nesse sentido, o Brasil tem feito a lição de casa, revolucionando socialmente as regiões produtoras, apresentando sua tecnologia e suas empresas nos mais diversos países e atraindo investimentos. A exportação provoca as empresas a buscarem a excelência e desperta a necessidade de um planejamento de longo prazo em todos os envolvidos na cadeia produtiva, contribuindo para a evolução do setor.
" o mundo tem respondido positivamente a essas ações, com uma crescente conscientização do papel do etanol na matriz energética mundial e com um número cada vez maior de países de clima tropical interessados em produzir etanol a partir da tecnologia desenvolvida no Brasil " Mauricio Antonio Rocha Borges Presidente da Apex-Brasil President of Apex-Brasil
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In a world increasingly more aware of the need to develop renewable energy sources, biofuels, particularly ethanol, stand out, and Brazil plays a strategic and essential role in this scenario. The world’s second largest producer and main holder of ethanol from sugarcane production technology, the country experiences a decisive moment, with promising perspectives for the production sector, mainly as related to exports. Brazilian expertise in the production of ethanol from sugarcane is developing under unique conditions of abundant natural resources, technology and innovation, which has also resulted in the development of flex-fuel cars, another great achievement to be shared with the world. Having reached technological excellence, we are now engaged in placing the fuel on the agenda of world trade, as a clean, renewable and sustainable alternative. The strategy for transforming ethanol to a commodity, and the consequent expansion of the product’s exports, should be viewed as highly powerful and invigorating. In this regard, Brazil has done its homework, bringing about social development to production regions, showing its technology and companies in a variety of countries, while attracting investments. Exporting causes companies to seek excellence and awakens the need for long-term planning on the part of all parties involved in the production chain, contributing to the industry’s development.
visão de governo Cumprindo sua missão de promover as exportações e atrair investimentos estrangeiros para o Brasil, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) desenvolve projetos setoriais em parceria com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e com o Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla). Por meio desses projetos, que integram hoje 97 empresas, a Agência promove as vendas externas de máquinas, equipamentos e tecnologia brasileira do setor sucroenergético e também a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável, estimulando a criação de um mercado internacional para o produto. Por meio de uma inovadora plataforma de promoção comercial, a Apex-Brasil também está presente na Fórmula Indy, promovendo o uso do etanol de cana-de-açúcar como combustível para todos os carros competidores nas temporadas de 2009, 2010 e 2011. O mundo tem respondido positivamente a essas ações, com uma crescente conscientização do papel do etanol na matriz energética mundial e com um número cada vez maior de países de clima tropical interessados em produzir etanol a partir da tecnologia desenvolvida no Brasil. Buscando complementar suas fontes de energia, inúmeros países têm estabelecido marcos regulatórios para a adição de etanol à gasolina, o que deve causar grande impacto na demanda nos próximos anos. Outro aceno positivo vem dos Estados Unidos, um dos grandes consumidores mundiais de etanol, onde a movimentação do Congresso tem apontado para uma redução expressiva da taxa sobre a importação no médio prazo. Com um crescente e imenso mercado interno, o setor produtivo brasileiro caminha no sentido de se preparar para atender à emergente demanda mundial. Nossa indústria é cada vez mais competitiva, e o papel do governo é o de indutor e incentivador da abertura de novas fronteiras. Governo e iniciativa privada já estão atuando juntos, e precisamos trabalhar cada vez mais. Um avanço importante aconteceu recentemente com o maior envolvimento da Agência Brasileira de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na criação de um sistema regulatório para o etanol, que começa a deixar de ser apenas um produto agrícola para ser considerado uma commodity energética. As implicações são extremamente positivas, pois o etanol deixa de ser visto como uma alternativa e passa a ser reconhecido como algo que veio para ficar. A Apex-Brasil apoia mais de 13 mil empresas de 80 setores da economia brasileira que exportam para mais de 200 mercados e, desde sua criação, se desenvolveu tecnicamente, levando em consideração as diferentes culturas de negócios ao redor do mundo e adequou e desenvolveu estratégias inovadoras para nossa inserção no mercado internacional. Estamos trabalhando para fortalecer nossas ações nos principais mercados globais, onde já estamos presentes, contribuir para a consolidação da marca Brasil e continuar levando ao mundo o melhor do País, em consonância com a política de comércio exterior do governo Dilma Rousseff, conduzida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. █
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Opiniões In fulfilling its mission of promoting exports and attracting foreign investments to Brazil, Apex-Brasil (the Brazilian Export and Investment Promotion Agency) develops industry-related projects in partnership with Unica (the Sugarcane Industry Association) and with Apla (Local Alcohol Production Arrangement). By means of these projects, which currently involve 97 companies, Apex-Brasil promotes international sales of machinery and equipment and of Brazilian technology in the sugarcane-based energy industry, along with the image of Brazilian ethanol from sugarcane as clean and renewable energy, fostering the creation of an international market for the product. By means of an innovative trade promotion platform, Apex-Brasil is also present at Indy Car Racing events to promote the use of ethanol from sugarcane as fuel for all competing cars in the 2009, 2010 and 2011 seasons. The world has responded positively to these initiatives, with increasing awareness of the role of ethanol in the world’s energy matrix, with a growing number of tropical climate countries interested in producing ethanol based on the technology developed in Brazil. Seeking to complement their energy sources, innumerous countries have set up a regulatory framework for adding ethanol to gasoline, which is expected to have a major impact on demand in coming years. Another positive sign comes from the United States, one of the world’s big ethanol consumers, where action by Congress signals an expressive reduction on the import tariff in the medium term. With a growing and huge domestic market, the Brazilian production sector is developing in the direction of preparing to meet the emerging world demand. Our industry is becoming increasingly more competitive, and the role of government is to act as inducer and fosterer in opening up new frontiers. The government and private initiative are already working together, and we need to do so at an ever increasing pace. An important step in this direction was taken recently with the increased involvement of ANP (the Brazilian petroleum, natural gas and biofuel agency), in setting up a regulatory framework for ethanol, which is beginning to become an energy commodity rather than just an agricultural product. The implications are highly auspicious, because ethanol is ceasing to be viewed as an alternative, to be acknowledged as something that is here to stay. Apex-Brasil supports more than 13,000 companies in 80 sectors of the Brazilian economy, which export to over 200 markets, and, since its foundation, developed from a technical standpoint, taking into consideration different business cultures around the world, while having adapted and developed innovative strategies for our positioning in the international market. We are engaged in strengthening our initiatives in the main global markets, in which we are already active, contributing to consolidate the brand Brazil and to continue bringing to the world what best Brazil has to offer, in line with the foreign trade policy of the government of president Dilma Rousseff, as implemented by the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade. █
visão de governo
Opiniões
futuro promissor
para o etanol no Brasil Promising future for Brazil’s ethanol
A matriz energética brasileira se destaca no contexto mundial pela sua renovabilidade. Nosso País, dotado de fontes limpas, naturais e com custo de mercado competitivo, conta hoje com 45% da sua matriz oriunda de oferta renovável, contra uma média de 13% nos países integrantes da OCDE e de apenas 8% no âmbito mundial. Merece destaque o aumento da participação dos produtos da cana-de-açúcar, que, em 2008, ultrapassou a da hidreletricidade e se tornou a segunda mais importante fonte de nosso País. Em 2010, os derivados da cana-de-açúcar atingiram cerca de 18% da matriz energética, fruto do aumento do uso de etanol no setor de transportes. As perspectivas da economia nacional são favoráveis em termos de investimento, crédito e mercado de trabalho, gerando forte expansão do nível de atividade doméstica. Um dos efeitos é o aumento da motorização, que passará de 6,5 habitantes por veículo em 2010 para 3,9 em 2020. O aumento do parque automobilístico, que deve atingir 50 milhões de veículos até 2020, será acompanhado pelo crescimento da frota de veículos flex fuel. Atualmente, os carros flex representam cerca de 90% das vendas de veículos leves no País. Nesse ritmo, a participação desses automóveis na frota nacional em dez anos chegará a 80%.
The Brazilian energy matrix stands out in the global context due to its renewability. Our country, blessed with clean natural energy sources at competitive market costs, nowadays has 45% of its matrix based on renewable supplies, as opposed to an average of 13% in OECD member countries, and only 8% globally. The increase in the share of sugarcane products, which in 2008 surpassed hydroelectric energy, should be emphasized, since they became our country’s second most important source. In 2010, sugarcane-derived products represented about 18% of the energy matrix, the result of the increase in the use of ethanol in the transportation industry. The outlook of the Brazilian economy is favorable in terms of investment, credit and labor market, resulting in strong expansion of domestic activity. One of its effects is the increase in motorization, which will go from 6.5 habitants per vehicle in 2010 to 3.9 in 2020. The increase in the automobile fleet, expected to reach 50 million vehicles by 2020, will be accompanied by growth of the flex-fuel vehicle fleet. Currently, flex-fuel cars represent about 90% of light vehicle sales in the country. At this rate, the share of such automobiles in the national fleet will reach 80% in ten years.
" as estimativas da EPE indicam que, em 2020, 46% da matriz energética brasileira será respondida por fontes limpas, naturais e renováveis, sendo que praticamente metade desse percentual – aproximadamente 22% – virá dos derivados de cana-de-açúcar " Mauricio Tolmasquim Presidente da Empresa de Pesquisa Energética – EPE President of Empresa de Pesquisa Energética – EPE
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visão de governo Em seus estudos, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE estima que a participação desse combustível na categoria flex seja de 70% em 2020. Nesse cenário, a demanda doméstica de etanol hidratado atingirá a marca de 56 bilhões de litros em 2020. Uma extraordinária expansão alavancada pelo aumento da frota flex. Além disso, as projeções indicam que o Brasil manterá a liderança internacional no médio prazo, exportando pelo menos 7 bilhões de litros no ano de 2020. Por outro lado, a redução do uso da gasolina faz com que caia levemente a demanda por etanol anidro, que é estimada em 7 bilhões de litros em 2020. Em paralelo, a produção de etanol destinado a outros usos continua inexpressiva, cerca de 3,5 bilhões de litros. O efeito líquido das transformações do setor é uma importante expansão da demanda total de etanol, a qual deverá crescer quase 50% nos próximos 10 anos, passando dos atuais 27 para 73 bilhões de litros em 2020. Para fazer frente a esse crescimento da demanda, estimam-se, para os próximos dez anos, investimentos da ordem de R$ 100 bilhões para aumento da oferta de etanol – usinas de produção e infraestrutura dutoviária e portuária. Toda essa expansão significará um substancial aumento do potencial nacional de cogeração a partir do bagaço de cana-de-açúcar. Desde 2004, o Governo Federal contratou cerca de 1.300 MW médios através do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa) e dos leilões de comercialização de energia. Ainda há muito a se fazer, pois o potencial técnico do setor é bem mais expressivo. Investindo numa maior eficiência das instalações, pode-se exportar a eletricidade excedente para o Sistema Interligado Nacional, além de atender ao consumo próprio das unidades. Com o forte crescimento da produção de etanol, aumentará também a disponibilidade de bagaço e, consequentemente, o potencial de venda do excedente de energia gerado pelas usinas. De acordo com dados do Balanço Energético Nacional - BEN, aproximadamente 44% dos 135,4 milhões de toneladas de bagaço consumido para fins energéticos no ano de 2009 foram destinados à produção de etanol. A tendência é que, ao longo do horizonte do Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2020, o combustível passe a deter a maior fatia na absorção da biomassa da cana no setor energético, seja pelo aumento da oferta da matéria-prima, seja pela maior dinâmica do mercado de combustíveis líquidos frente ao de açúcar. As projeções para a demanda de bagaço de cana, que cresce 5,7% anuais entre 2010 e 2020 no País, chegam a cerca de 238 milhões de toneladas consumidas ao final da década. Com isso, o setor de etanol teria condições de gerar até 10.000 MW médios em 2020 com o bagaço disponível. É importante citar que investimentos em tecnologias poderão expandir o potencial produtivo da cana e diversificar seus produtos, como o diesel renovável e o etanol celulósico a partir do bagaço e da palha. Dessa forma, o País se manterá na vanguarda da renovabilidade no médio prazo. As estimativas da EPE indicam que, em 2020, 46% da matriz energética brasileira será respondida por fontes limpas, naturais e renováveis, sendo que praticamente metade desse percentual – aproximadamente 22% – virá dos derivados de cana-de-açúcar. █
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Opiniões In its studies, Empresa de Pesquisa Energética - EPE, estimates that the share of this fuel in the flex-fuel category will be 70% in 2020. In this scenario, domestic demand for hydrated ethanol will reach the 56 billion liters mark in 2020. An extraordinary expansion, leveraged by the increase of the flex-fuel fleet. Furthermore, projections show that Brazil will uphold the leading position internationally in the medium-term, exporting at least 7 billion liters in 2020. On the other hand, the reduction in the use of gasoline will cause a slight reduction in demand for anhydrous ethanol, estimated at 7 billion liters in 2020. In parallel, the ethanol production destined for other uses will be negligible, of about 3.5 billion liters. The net effect of transformation in the industry is important growth in total ethanol demand, expected to reach almost 50% in the next 10 years, from currently 27 to 73 billion liters in 2020. To face this growth in demand, one estimates investments in the magnitude of R$ 100 billion in the next ten years to increase the supply of ethanol – production mills and pipeline and port infrastructure. All this expansion will imply substantial increase in the national co-generation capacity based on the use of sugarcane bagasse. Since 2004, the Federal Government contracted about 1,300 average MW through its Proinfa (the Alternative Energy Source Incentive Program) and energy sale auctions. There is still a lot to be accomplished, because the industry’s technical potential is much more expressive. Investing in higher installation efficiency, one can export surplus electric energy to the Interconnected National System, while meeting industrial units’ own consumption needs. With the strong growth in ethanol production, the availability of bagasse will also increase and hence, the sales potential of surplus electric energy generated by the mills. According to data of BEN (the Brazilian National Energy Balance), approximately 44% of the 135.4 million tons of bagasse consumed as energy in 2009 were destined to the production of ethanol. The trend is that, for the duration of the 2020 PDE (the Decennial Energy Expansion Plan), this fuel will start to represent the biggest absorption share of sugarcane bagasse in the energy industry, whether due to the increase in the supply of raw material or to better dynamics in liquid fuel markets in comparison with sugar. Projections for the demand of sugarcane bagasse, which will grow at 5.7% per year between 2010 and 2020 in the country, are at 238 million tons consumed at the end of the decade. Thus, the ethanol industry would be able to generate up to 10,000 average MW in 2020 with the available bagasse. It is important to mention that investments in technology may expand the production potential of sugarcane and diversify derivative products such as renewable diesel and cellulosic ethanol obtained from bagasse and straw. Thus, the country will stay ahead in terms of renewability in the medium-term. EPE’s estimates show that in 2020, 46% of the Brazilian energy matrix will originate from clean natural and renewable sources, of which practically half – approximately 22% - will come from sugarcane derivatives. █
especialistas
Opiniões
os sinais sugerem um futuro
brilhante
Signs indicate a bright future
" Como sempre, incertezas e riscos existem em relação ao futuro. A velocidade de crescimento do setor canavieiro no Brasil irá depender de algumas variáveis. "
Julio Maria Borges Diretor executivo da JOB Economia e Planejamento Executive Director of JOB Economia e Planejamento
Mercados: Quanto ao mercado de açúcar, a perspectiva de crescimento do consumo mundial, baseada nos países em desenvolvimento, particularmente os BRICs, sugere um adicional de consumo da ordem de quatro milhões de toneladas por ano. O Brasil é um candidato natural a participar da oferta adicional do produto pelo menos em 50% do total, dado que ainda tem terra disponível para fazer crescer a lavoura de cana, sem competição com a produção de alimentos. Quanto aos mercados de etanol, vemos que ele, para outros fins que não combustível, depara-se com um mercado interno e externo crescente e disposto a pagar um prêmio de preços para o uso do produto. Nesse caso, vale ressaltar a indústria química, que, por razões econômicas e de sustentabilidade na produção, é um grande consumidor potencial do etanol de cana-de-açúcar. O etanol anidro em mistura com a gasolina tem grande potencial de crescimento no mercado doméstico e global, pois é uma forma eficiente de uso como combustível e melhora a qualidade da gasolina, pelo menos sob a ótica de sustentabilidade. O etanol hidratado combustível, utilizado nos carros flex fuel, é basicamente uma condição encontrada no Brasil. Ele terá um papel fundamental como variável de ajuste da oferta e demanda de etanol no País. Quanto à energia elétrica do bagaço de cana, seu potencial de expansão é grande. Isso considerando que a demanda de energia elétrica no Brasil é crescente, e a oferta de hidroeletricidade se faz com maior vulnerabilidade em relação às condições climáticas e mais complexa do ponto de vista da operação (empreendimentos a fio d’água - Belo Monte, Jirau, Santo Antônio). Não podemos esquecer que o processo duvidoso de recuperação da economia global inibe o crescimento da demanda no curto prazo. Custos: No curto e médio prazo, vemos custos crescentes para o etanol, mesmo considerando que as economias de escala na indústria representem custos menores de processamento da cana. Cabe lembrar ainda que a taxa de câmbio
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Markets: As concerning the sugar market, the world consumption growth perspective, based on the reality of developing countries, particularly the BRICs, is set at additional consumption in the range of four million tons per year. Brazil is a natural candidate for participating with at least 50% in the additional supply of the product, given that the country still has land available to grow sugarcane plantations without competing with the production of food. As concerning ethanol markets, one can see that ethanol for other than fuel applications is characterized by growing domestic and international markets willing to pay premium prices for the product. In this sense, reference should be made to the chemical industry, which for economic and production sustainability-related reasons is a major potential consumer of ethanol from sugarcane. Anhydrous ethanol mixed with gasoline has a big growth potential domestically and globally, given that it is an efficient fuel and improves gasoline quality, even from the perspective of sustainability. Hydrated ethanol fuel, used in flex-fuel cars, is basically a situation found in Brazil. In this sense, it will play an essential role as an adjustment variable for supply and demand of ethanol in the country. As concerning electric power generated from sugarcane bagasse, it has a high growth potential, considering that the demand for electric energy in Brazil is increasing, while the supply from hydroelectric sources is more vulnerable to climate conditions and more complex from an operational point of view (waterway projects - Belo Monte, Jirau, Santo Antonio). One should also not forget that the uncertain global economic recovery process inhibits demand growth in the short-term. Costs: Ethanol costs are expected to increase in the shortand medium-term, even when taking into consideration that economies of scale in the industry represent lower sugarcane processing costs. One should also not forget that the
especialistas valorizada prejudica nossa competitividade externa. Custos crescentes de etanol no Brasil podem ocorrer (1) pela competição pelo uso da terra entre energia e alimentos, o que irá aumentar seu preço e o valor dos arrendamentos; (2) pela ocupação de novas áreas com potencial agrícola menor e logística mais difícil; (3) pela dificuldade de contratação de mão de obra em um ambiente de crescimento econômico do País e concorrência pelo seu uso. Sustentabilidade: Esse é um aspecto que nos parece crucial quando olhamos o futuro do negócio de açúcar e etanol no Brasil. Tudo indica que o mundo caminha rapidamente para a busca da preservação de seus recursos naturais e para a prática de ações que visem à sustentabilidade social e ambiental das atividades econômicas. Sob esse aspecto, o setor canavieiro no Brasil está muito bem posicionado em nível global e merece, por consequência, o apoio que tem recebido dos governos municipal, estadual e federal. Tecnologia e riscos: Quando olhamos o futuro do setor canavieiro no Brasil, devemos considerar os desafios tecnológicos e os riscos que devem ser enfrentados. Contra: Podemos citar, entre outros, o etanol de segunda geração, a energia eólica, o carro elétrico, o uso do carvão com tecnologias limpas, novas descobertas de reservas de petróleo, a capacidade de produção da OPEP, restrição e atraso de uso de produtos geneticamente modificados no Brasil, carros convencionais mais eficientes. A favor: Podemos lembrar, entre outros fatores, os riscos crescentes no mercado de petróleo, a elevada dependência do petróleo da OPEP, os custos crescentes de alternativas energéticas convencionais e a prática do conceito de sustentabilidade. A intervenção do Estado: O Governo Federal no Brasil tem dado apoio construtivo ao etanol combustível, e o resultado tem sido excelente. Por outro lado, o Governo está, neste momento, pretendendo que o etanol hidratado combustível, usado no carro flex, seja uma garantia de benefício ao consumidor durante todo o ano. E, para isso, pretende implantar mecanismos de intervenção direta que vão gerar ineficiências no sistema. Para que esse objetivo de garantia de benefício ao consumidor durante todo o ano? Por razões políticas, naturalmente. Por outro lado, e em benefício da eficiência econômica e do crescimento do setor em bases sadias de mercado, o etanol hidratado combustível (produto de base agrícola) deveria ser considerado uma solução para o consumidor durante o ano e não necessariamente durante todo o ano. Financiamento e viabilidade econômica: O Brasil tem potencial de dobrar sua produção de cana em dez anos, caso os preços dos produtos do setor canavieiro deem suporte para um adequado retorno dos investimentos. Quanto à disponibilidade de financiamentos para sustentar os investimentos necessários, não se prevê restrição de oferta se, e somente se, a condição do parágrafo anterior for atendida. E o que irá determinar essa condição? Os preços do petróleo, principalmente. Além disso, a taxa de câmbio, as melhorias na logística para exportação, a tecnologia que corre a favor e contra, a gestão eficiente do negócio de açúcar e etanol. Como sempre, incertezas e riscos existem em relação ao futuro. A velocidade de crescimento do setor canavieiro no Brasil irá depender dessas variáveis. Por outro lado, os sinais que podemos perceber através dos investimentos de grupos multinacionais no setor canavieiro do Brasil sugerem um futuro brilhante para a atividade. █
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Opiniões appreciated foreign exchange rate adversely affects our international competitiveness. Increasing ethanol costs in Brazil may result from (1) competition for land between energy and food, increasing its price and leasing costs; (2) the occupation of new areas with less agricultural potential and more complex logistics; (3) the difficulty in hiring and competing for labor in a scenario of economic growth in the country. Sustainability: This aspect is crucial in our opinion when one looks to the future of the sugar and ethanol business in Brazil. It is apparent that the world is rapidly seeking to preserve its natural resources and undertaking actions that aim at the social and environmental sustainability of economic activities. From this standpoint the sugarcane industry in Brazil is very well positioned globally and hence has been supported by municipal, state, and the federal governments. Technology and risks: When one looks at the future of the sugarcane industry in Brazil, one must consider the technological challenges and risks to be faced. “Cons”: Among others, one may mention second generation ethanol, wind energy, electric vehicles, the use of coal with clean technologies, new oil reserve discoveries, OPEP’s production capacity, restrictions and delays in using genetically modified products in Brazil, and more efficient conventional cars. “Pros”: One could list, among others, the increasing risks resulting from the oil market, the high dependence on OPEP oil, increasing costs of conventional energy alternatives and the application of the concept of sustainability. State intervention in the industry: Brazil’s Federal Government has provided constructive support for ethanol fuel with excellent results. On the other hand, it is currently intending that hydrated ethanol fuel, used in flex-fuel vehicles, become a benefit guarantee for the consumer during the whole year. To that end, it intends to apply direct intervention mechanisms that will result in inefficiencies in the system. What good is the benefit guarantee objective to the consumer during the whole year? Obviously, for political reasons. On the other hand, and for the sake of economic efficiency and the industry’s growth based on sound market bases, hydrated ethanol fuel (an agricultural product) should be considered a solution for the consumer during the year, but not necessarily during the whole year. Financing and the activity’s economic feasibility: Brazil has the potential to double its sugarcane production in ten years, provided prices in the sugarcane industry warrant adequate returns on investment. With respect to the availability of financing for the needed investments, one sees no restriction on supply if, and only if, the condition of the preceding paragraph is fulfilled. But what is to determine such condition? Mainly oil prices. Furthermore, the exchange rate, improvements to export logistics, the technology involved, for the good or the bad, efficient management of the sugar and ethanol business. Like always, uncertainties and risks exist with respect to the future. The speed of growth of Brazil’s sugarcane industry will depend on these variables. On the other hand, the signs set by investments of multinational groups in the industry allow us to believe the sugarcane industry’s future in Brazil is a bright one. █
O Brasil do amanhã precisa de respostas sustentáveis. É por isso que nós estamos construindo essas respostas hoje, junto com nossos clientes.
É por isso que desenvolvemos tecnologias que consomem menos recursos e que vão durar por muito mais tempo. É por isso que ajudamos nossos clientes a reduzir suas emissões de CO2. E é por isso que buscamos novas respostas para os desafios atuais por meio de um dos maiores portfólios ambientais do mundo.
No entanto, ainda não temos todas as respostas. É por isso que estamos trabalhando com 190 países, milhares de cidades e dezenas de milhares de empresas. No Brasil, contamos com mais de 10 mil colaboradores, 13 fábricas e 6 centros de pesquisa e desenvolvimento atuando nos setores de energia, indústria e saúde.
Como resultado, fomos recentemente nomeados a melhor empresa do nosso setor de negócios pelo Índice Dow Jones de Sustentabilidade. Também fomos reconhecidos como a melhor empresa pelo Carbon Disclosure Project, o maior banco de dados independente do planeta a respeito de informações corporativas em mudanças climáticas.
Estamos trabalhando juntos, todos os dias, criando as respostas sustentáveis para o mundo de amanhã. Siemens, respostas para um futuro sustentável.
siemens.com /answers
especialistas
Opiniões
é mais do que hora de reverter
esse quadro It is about time one reverted this scenario
Qual o panorama para o etanol no Brasil? Nunca houve preços, em média, tão altos, seja no anidro, seja no hidratado. Nunca as cotações do açúcar foram consistentemente tão elevadas quanto no último ano. Nunca as perspectivas para o futuro, seja de médio ou longo prazo, foram tão brilhantes. No açúcar, a posição é a de absoluta liderança nas exportações, mesmo quando pipoca uma Índia ou, hoje, uma Tailândia, com um ou dois milhões de toneladas a mais ou a menos. Não há quem possa responder com oferta adicional relevante ao crescimento significativo da demanda pelo produto, a não ser o Centro-Sul brasileiro. No combustível, o incrível crescimento da frota brasileira de veículos leves gera um otimismo ainda muito maior: ao redor de 2020, um consumo potencial da ordem de 73 bilhões de litros, contra os atuais 23 bilhões, numa hipótese conservadora de uso do etanol em 65% da frota, se seus preços forem competitivos. Mais ainda: firma-se universalmente o conceito do etanol de cana como o único verdadeiro substituto, até agora, de forma sustentável, da gasolina. Antecipa-se a enorme demanda externa, prevista para futuro mais distante. Desde que a produção seja competitiva. Repito: competitiva. São raros na história do setor momentos de estagnação na oferta tal como hoje. Aconteceram, de fato, alguns percalços climáticos. Houve mudanças negativas dos cenários macroeconômicos? Piora do macroambiente político? Nada disso. A expansão da produção simplesmente parou. Não se reformaram os canaviais e, em consequência, há uma capacidade industrial ociosa da ordem de 120 milhões de toneladas de cana. Congelaram-se os projetos de novas usinas.
" Não se deve perpetuar a imposição à Petrobras de perda de aproximadamente 35 centavos de Real por litro de gasolina vendido ao mercado interno. Esse é, hoje, o tamanho da diferença de preços internos e externos da gasolina. " Eduardo Pereira de Carvalho Diretor da Expressão Comercial, Importadora e Exportadora Director of Expressão Comercial, Importadora e Exportadora
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What is the outlook for ethanol in Brazil? Never have prices, on average, been so high, whether for anhydrous or hydrated ethanol. Never have sugar prices been consistently as high as in the last year. Never has the outlook for the future, be it for the medium- or the long-term, been so bright. As concerns sugar, the position is that of absolute lead ranking in exports, even when considering the eventual popping up of India or, nowadays, Thailand, with, give or take, one or two additional million tons. There is nobody other than Brazil’s Center-Southern region that can meet the relevant additional supply needed to face the significant growth in the product’s demand. With respect to ethanol as fuel, the impressive growth of the Brazilian light vehicle fleet results in far greater optimism: roundabout 2020, potential consumption in the order of 73 billion liters, compared with currently 23 billion, conservatively assuming the use of ethanol in 65% of the fleet, provided its prices are competitive. Furthermore: the idea that sugarcane ethanol is the only true substitute, in a sustainable manner, of gasoline, is becoming universally accepted. This allows anticipating the huge international demand previously projected for a more distant future. Provided production is competitive. I repeat: competitive. In the industry’s history, times of stagnation in the supply of the product as occurring today, are rare. In fact, some climate mishaps took place. Were there adverse changes in macroeconomic scenarios? A deterioration in the macro-political environment? Nothing of sorts. Production growth simply stopped. Sugarcane plantations were not renewed and hence, there is an idle industrial capacity of some 120 million tons of sugarcane. New mill projects were put on hold.
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especialistas Trocaram-se de mãos ativos do setor, em amplo processo de concentração industrial. Melhorou sobremaneira a situação financeira. Novos conglomerados. Novos atores. Apesar disso, paira no ar um clima cinzento, carregado. Sensação de desconforto, de mal-estar. Sentimento de incapacidade, ou falta de vontade, de atender a toda essa fantástica demanda. Conversa de surdo-mudo. As enormes conquistas dos últimos trinta e cinco anos não podem ser perdidas. É mais que hora de reverter esse quadro. O que fazer? Em primeiro lugar, diálogo leal e sincero entre os principais interessados: fornecedores de cana, industriais, distribuidores de combustíveis, governos estaduais e federal, consumidores (representados por quem?), reconhecendo as dificuldades momentâneas e planejando as ações futuras, que eliminem o presente impasse. Que assegurem níveis possíveis de abastecimento com a cana existente. Que evitem distorções e intervenções no mercado que piorem o clima para os investimentos. Que restabeleçam para o setor o otimismo prevalecente na grande maioria dos investimentos no Brasil. O efeito dramático da valorização do real e do problema associado à perda de competitividade, refletido no brutal aumento dos custos de investimento e de produção, obriga mudanças. Novas tecnologias, novos produtos, melhoria de processos, fortes avanços nas condições de infraestrutura. Por aí vai um longo conjunto de ações que só se realizará em sua plenitude quando se restabelecer clima de confiança mútua. Melhoria do ambiente institucional, em especial aquele relacionado quer com descabidas restrições ambientais, quer com tratamento potencialmente discriminatório sobre a propriedade e o arrendamento de terras por parte de investidores estrangeiros, partícipes fundamentais no arranque de novo ciclo de inversões. É preciso uma clara política de combustíveis que defina o papel do etanol em nossa matriz energética. Nunca é demais lembrar que o petróleo, tal como o conhecemos no século XX, está aceleradamente deixando de existir como fonte primária de energia barata e abundante: produto crescentemente escasso, com todos os inconvenientes de sua insustentabilidade. O álcool de cana é, repito, de todos os combustíveis renováveis conhecidos até hoje, a única alternativa rigorosamente viável. Incomoda sobremaneira a atual política de preços internos da gasolina que, ao descasar-se dos preços internacionais de petróleo, impõe ao etanol uma competição desleal. Na minha percepção, reside aí o principal fator inibidor de novos investimentos no setor. Ora: tal situação só pode ser conjuntural. Não se deve perpetuar a imposição à Petrobras de perda de aproximadamente 35 centavos de Real por litro de gasolina vendido ao mercado interno. Esse é, hoje, o tamanho da diferença de preços internos e externos da gasolina. Especialmente quando a mesma Petrobras busca todos os recursos disponíveis possíveis para os enormes investimentos na necessária exploração do óleo do pré-sal. Vale lembrar que a CIDE – o imposto regulatório criado para os combustíveis –, tem como objetivo exatamente a adequada instrumentalização de uma política clara para os combustíveis. É inaceitável que, com todas as externalidades positivas do etanol, venham-se perder as fantásticas oportunidades que ele oferece. █
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Opiniões Industry assets changed owners, in a broad industrial concentration process. The financial situation improved considerably. New conglomerates. New players. And yet, there is a grey, overcast, atmosphere. There is an uneasy feeling, actually, an ill-feeling. A feeling of incapacity, or lack of will, to face all this fantastic demand. A talk of deaf and mute. The enormous achievements of the last 35 years cannot be lost. The time to revert this scenario is long overdue. What to do? First, a faithful and sincere dialogue among the main interested parties, sugarcane suppliers, industrialists, fuel distributors, the federal and state governments, consumers (represented by whom?) acknowledging the momentary difficulties and planning future actions to eliminate the current impasse. Parties that can guarantee the possible supply levels, given the available sugarcane. Parties that avoid distortions and market interventions that worsen the investment climate. Parties that re-establish, in the industry, the prevailing optimism that is to be found in most investments in Brazil. The dramatic effect of the appreciation of the Real, and the related problem of loss of competitiveness, reflecting in the tremendous increase in investment and production costs, making changes unavoidable. New technologies, new products, improvement of processes, major progress in the betterment of infrastructure. This is the long list of initiatives that will only be fully implemented when the climate of mutual trust among all parties is re-established. Improvement of the institutional environment, particularly as concerning unacceptable environmental restrictions, or potentially discriminating treatment of land ownership and leasing by foreign investors, who are essential participants to get the new cycle of investments up and running. A clearly defined fuel policy is needed to set the role ethanol has to play in our energy matrix. It is never too late to recall that oil, as we knew it in the 20th Century, is increasingly ceasing to exist as a primary source of cheap and abundant energy: an increasingly rare product, with all inconveniences of its lack of sustainability. Ethanol from sugarcane, I repeat, is, of all known renewable fuels today, the only strictly feasible alternative. It is a disturbance factor for the current domestic gasoline price policy, because in being disassociated from international oil prices, it imposes on ethanol unfair competition. In my perception, therein lies the main inhibiting factor for new investments in the industry. So, this situation should necessarily only be a conjunctural one. One should not perpetuate the imposition on Petrobras of losing 35 cents of a Real on each liter of gasoline sold in the domestic market. Today, this is how big the difference is between domestic and international gasoline prices. This is even truer when this same company Petrobras is looking for all possible available funds needed for the huge investments in oil exploration in the pre-salt offshore layers. One should also recall that the CIDE – the regulatory tax created on fuel –, is intended as an adequate instrument, precisely for a clear fuel policy. It is unacceptable that with all the external positive factors concerning ethanol, one should lose the fantastic opportunities it provides. █
especialistas
o cenário para o Desde que se decidiu promover no Brasil a produção e o consumo em larga escala de etanol de biomassa, com a introdução de medidas de governo para criar as condições iniciais para o seu desenvolvimento, a produção de etanol cresceu de 0,56 para 27,37 bilhões de litros, entre 1975 e 2010. A produção de etanol multiplicou 48 vezes, enquanto, no mesmo período, a produção de açúcar cresceu apenas 5,4 vezes, passando de 5,9 para 38 milhões de toneladas. A moagem de cana para uso industrial – excetuada a cana usada como forragem e a direcionada para aguardente – cresceu 8 vezes, passando de 68 para 620 milhões de toneladas, e a produção de açúcares totais recuperáveis (ATR) cresceu 11 vezes, de 7,1 para 86,9 milhões de toneladas, graças aos ganhos de produtividade atingidos no período. O último grande salto em escala aconteceu depois de totalmente liberalizado o mercado e reduzida a intervenção do governo a níveis mínimos, a partir de 1999, quando a moagem de cana ainda era de 307 milhões de toneladas. Mas foram nas sofridas décadas de 80 e 90, que foi construída, a duras penas, a condição para o usufruto dos benefícios da diversificação do então tradicional setor açucareiro na direção do etanol. Duras penas, principalmente pelo efeito da intervenção do governo nos preços da cana, do açúcar e do etanol, que, por vários anos, obrigou produtores a venderem sua produção a preços 30% a 40% abaixo dos custos médios de produção, aliás levantados pelo próprio governo, fazendo com que o setor privado transferisse para a sociedade muito mais renda do que recebeu no período nascente do Proálcool. Desde a liberalização dos mercados de cana, açúcar e etanol no Brasil, em 1999, a produção de etanol tem evoluído em linha com o que ocorre no mundo. A produção mundial de etanol deve atingir, em 2011, 108,42 bilhões de litros, o que representa 83,8% da produção total de biocombustíveis (etanol mais biodiesel). Em 2000, o volume produzido era de 29,56 bilhões de litros de etanol. A maior parte desse etanol, 88,1%, equivalentes a 95,5 bilhões de litros, estará sendo utilizado para uso combustível. Em 2000, esse percentual era de apenas 64,1%. E é natural que tenha sido assim, pois o mercado de energia, e de combustíveis líquidos em particular, é muito maior do que os mercados que demandam etanol para usos industriais. O que impressiona é que o etanol de biomassa já não é mais aquele combustível exótico e irrelevante em termos estatísticos.
Opiniões
etanol The scenario for ethanol
Since the decision was made to foster the production and consumption of ethanol produced from biomass, on a large scale, in Brazil, with the introduction of government initiatives to create initial conditions for its development, the production of ethanol grew from 0.56 to 27.37 billion liters, between 1975 and 2010. Ethanol production multiplied 48 times, whereas in the same period the production of sugar increased only 5.4 times, from 5.9 to 38 million tons. The crushing of sugarcane for industrial use – except cane used as forage and destined for producing brandy – grew 8 times, increasing from 68 to 620 million tons, while the production of Total Reducing Sugar (ATR) increased 11 times, from 7.1 to 86.9 million tons, the result of attained productivity gains during the period. The last major leap in scale occurred after the market was totally freed and government intervention reduced to minimum levels, beginning in 1999, when sugarcane crushing was still at 307 million tons. However, it was in the difficult years of the 80’s and 90’s that, under very adverse circumstances, conditions arose for the enjoyment of the benefits of the diversification of the traditional sugarcane industry in its trend towards ethanol. Adverse circumstances, mainly due to the intervention of the government in setting prices of sugarcane, sugar, and ethanol, which for many years forced producers into selling their production at prices 30% to 40% below average production costs, which costs were actually measured by the government itself, resulted in that the private sector transferred to society much of the income it received in the initial phase of the Proálcool – a Brazilian program for ethanol. Since the freeing in 1999 of the sugarcane, sugar, and ethanol markets in Brazil, the production of ethanol has developed in line with what happens worldwide. The world production of ethanol is expected to reach 108.42 billion liters in 2011, which amounts to 83.8% of the total production of biofuels (ethanol plus biodiesel). In 2000, the volume produced was 29.56 billion liters of ethanol, most of which, 88.1%, and equivalent to 95.5 billion liters, will be used as fuel. In 2000, this percentage was only 64.1%. It is quite natural to have been like this, because the energy market, and that of liquid fuel in particular, is much bigger than what markets demand in ethanol for industrial uses. What is so impressive is that ethanol from biomass is no longer that exotic fuel, irrelevant from a statistical point of view.
" a Datagro antevê que, até 2020, a demanda por cana no Brasil deva atingir 1,23 bilhão de toneladas, o que é praticamente o dobro do volume processado em 2010 " Plinio Mário Nastari
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Presidente da Datagro President of Datagro
* Valor com base no Agrianual 2011.
especialistas Levando-se em conta que o consumo mundial de gasolina é de 1,2 trilhão de litros por ano, o uso de etanol como combustível já representa respeitáveis 8% do consumo mundial de combustíveis do ciclo Otto. No Brasil, em 2010, o etanol utilizado para fins combustíveis – o anidro misturado à gasolina na proporção de 25% em volume, e o hidratado utilizado no que ainda restou da frota movida exclusivamente a álcool e na frota flex – representou 44,5% do consumo de combustíveis do ciclo Otto, em gasolina equivalente. Com a penetração crescente do etanol de biomassa no pool de gasolina dos EUA e União Europeia, é apenas uma questão de tempo para que o etanol passe a ser utilizado em quase todos os países do mundo, pelo menos inicialmente em mistura com a gasolina, desde que haja condições mínimas de regulação e de liberdade para sua produção e/ou comercialização. Embora o etanol ainda não reúna as condições básicas para ser considerado uma commodity, a tendência é de que o comércio internacional ganhe impulso, principalmente com a perspectiva de liberação do mercado norte-americano e a abertura de oportunidades para potenciais fornecedores de etanol de biomassa produzido de forma descentralizada em varios países do globo. No Brasil, o mercado de etanol teve um marco divisório importante com a introdução, em março de 2003, dos veículos flexíveis. O mercado passou a ser regulado definitivamente via preços. Até o final da atual década, praticamente toda a frota de veículos leves será composta por veículos flex, que servirão como uma “esponja de sacarose”, ou um sugar sink, capaz de absorver volumes significativos de sacarose, ou de cana, caso os preços induzam os consumidores a essa direção. Enquanto nas décadas de 80 e 90, via de regra, se verificaram sistemáticos excessos de oferta, pressionando os mercados interno e externo com a expansão de produção brasileira motivada pelo objetivo de ganhar cada vez maior escala de produção, e com isso reduzir custos, pelo menos no horizonte que se consegue antever, devemos conviver com uma demanda que estará latente, esperando a oportunidade de se materializar, dependendo dos preços de mercado de etanol, de gasolina e de açúcar. Com premissas conservadoras a respeito da participação do Brasil nos mercados mundiais de açúcar e de etanol e a respeito da evolução do uso de etanol para usos alcoquímicos, a Datagro antevê que, até 2020, a demanda por cana no Brasil deva atingir 1,23 bilhão de toneladas, o que é praticamente o dobro do volume processado em 2010. A demanda por etanol passaria a 71,6 bilhões de litros, e a proporção da cana processada para etanol passaria dos atuais 54,1% (Brasil, 2010) para 68,5%. O açúcar passaria, definitivamente, a ter um papel menor no mix de produção. A moagem de cana, que dobrou na década de 2000-2010, precisaria dobrar novamente entre 2010 e 2020. Os grandes desafios desse processo serão o de obter o licenciamento para permitir a expansão industrial, convencer uma nova leva de agricultores a investir na expansão agrícola e financiar os investimentos necessários. A expansão de mais 600 milhões de toneladas de cana irá requerer investimentos de 90 bilhões de dólares nos próximos 7 anos. Considerando uma relação entre capital próprio e de terceiros de 40-60, serão necessários financiamentos de 7,7 bilhões de dólares por ano. O desafio será alocar recursos financeiros suficientes e de forma responsável e eficiente durante esse processo. Caso isso não ocorra, permanecerá a demanda latente e a oportunidade a ser capturada no futuro. █
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Opiniões Considering that the world consumption of gasoline is 1.2 trillion liters per year, the use of ethanol as fuel already represents impressive 8% of the world consumption of fuel used in Otto-cycle engines. In Brazil, in 2010, ethanol used as fuel – anhydrous ethanol added to gasoline in the proportion of 25% of the total volume, and hydrated ethanol, used in what is left of the vehicle fleet running solely on ethanol and in the flex-fuel vehicle fleet – represented 44.5% of the consumption of fuel in Otto-cycle engines, in terms of gasoline equivalence. With the ever increasing use of ethanol from biomass in the gasoline pool in the USA and the European Union, it is only a matter of time for ethanol to be used in almost all countries of the world, at least initially, mixed with gasoline, provided minimal regulation is in place, and there is freedom to produce and/or sell. Although ethanol still is not considered a commodity, the trend is towards international trade gaining momentum, mainly concerning the prospect of freeing the North American market, and the appearance of opportunities for potential suppliers of ethanol from biomass produced in a decentralized manner in different countries around the globe. In Brazil, the ethanol market experienced an important benchmark with the introduction, in March of 2003, of flex-fuel vehicles that use gasoline and hydrated ethanol indistinctly. The market definitely became regulated through prices. Until the end of the current decade, practically the entire light vehicle fleet will consist of flex-fuel vehicles, that will work like “saccharose sponges” ou “sugar sinks”, capable of absorbing significant volumes of saccharose, or sugarcane, in the event that prices should induce consumers to go that route. Whereas in the 80’s and 90’s it was common to have excess supply, pressuring the domestic and foreign markets through the expansion of the Brazilian production due to the objective of gaining increasing production scale, thereby reducing costs, at least for the foreseeable horizon we should experience latent demand, waiting for the opportunity to materialize, depending on the prices in the market of ethanol, gasoline and sugar. With conservative assumptions about the participation of Brazil in world markets of sugar and ethanol, and with respect to the development of the use of ethanol in ethanol-chemical applications, DATAGRO predicts that by 2020 demand for cane in Brazil should reach 1.23 billion tons, practically double the volume processed in 2010. The demand for ethanol would increase to 71.6 billion liters, and the proportion of cane transformed into ethanol would increase from currently 54.1% (total for Brazil in 2010) to 68.5%. Sugar would definitively play a lesser role in the production mix. Sugarcane crushing, which doubled in the decade 20002010, would have to double again between 2010 and 2020. The big challenges of this process will consist of obtaining the licenses for industrial expansion, convincing a new generation of farmers to invest in agricultural expansion, and of financing the needed investments. The expansion in a magnitude of more than 600 million tons of sugarcane will require investments of 90 billion dollars in the next 7 years. Considering a relation of own capital to that of third parties, of 40-60, financing of 7.7 billion dollars per year will be needed. The challenge will be to allocate sufficient funds in a responsible and efficient manner during this process. If this should not occur, the latent demand will remain, as will the opportunity at a later point in time in the future. █
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especialistas
Opiniões
uma corrida contra o A race against time
Adotou-se o ciclo de cana para o médio prazo e, para o longo prazo, 10 anos. A última crise global (2008) é o pano de fundo do cenário que enquadrou o agronegócio canavieiro. Seus impactos estão, pouco a pouco, sendo entendidos. Para o setor de cana brasileiro, foi como uma onda digna de surfista profissional. Projetar o cenário de médio e longo prazos requer conhecimento do mundo real setorial, que ainda viverá as sequelas da última visita do "cisne negro" (2008). Oferta e condicionantes: 1. Houve a euforia de 2006 e 2007, com grandes inversões em greenfields no setor, etanol e cogeração de energia elétrica, além das expansões das indústrias já existentes, juntamente com o forte crescimento dos preços do petróleo, criando forte elevação da alavancagem financeira setorial. Ocorre grande plantio, antecipando-se, inclusive, aos projetos em análise nos bancos: Safra - Centro Sul Dívida Líquida sobre EBITDA Harvest - Center-South Net Debt over EBITDA 2006-2007 1,23 2007-2008 7,10 2008-2009 5,50 2009-2010 3,78 2010-2011 2,70 2011-2012 2,20
2. Os anos citados vieram com baixos preços médios setoriais, valorização do Real e elevação efetiva dos custos de produção. Como consequência, redução efetiva da renovação dos canaviais, resultando no seu envelhecimento, e produtividades agrícolas em queda, ainda mais pressionadas por eventos climáticos radicais (chuvas em excesso na safra 2009/10 e seca pronunciada na 2010/11). 3. Consolidação setorial acelerada, reduzindo expansão. A redução da dívida veio com redução dos investimentos e tecnologia no campo e no setor industrial, criando sérias limitações para a oferta de canas e moagem. A safra 2010/11 mostrou expressiva queda na moagem de canas frente às expectativas iniciais, criando uma natural ansiedade
" A última crise global (2008) é o pano de fundo do cenário que enquadrou o agronegócio canavieiro. Seus impactos estão, pouco a pouco, sendo entendidos. Para o setor de cana brasileiro, foi como uma onda digna de surfista profissional. " Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio Diretor da Canaplan Consultoria Director of Canaplan Consultoria
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For the medium-term, one adopted the sugarcane cycle, and 10 years for the long-term. The most recent global crisis (2008) is the background of the scenario now inherent to sugarcane agribusiness. Its impacts are little by little being understood. For the Brazilian sugarcane industry, they came as a wave proper of a professional surfer. To predict the medium– and long-term requires knowledge about actual reality in the industry that has yet to experience the consequences of the most recent visit of the “black swan” (2008). Offer and conditions: 1. Euphoria in the industry took place in 2006 and 2007, with major inversions in greenfield projects in the industry, in ethanol and in co-generation of electric power, in addition to the expansion of existing mills, along with strong growth of oil prices, bringing about intensive financial leverage in the industry. Planting on a large scale takes place, also in anticipation of the projects under analysis in the banks: ►please see table in left column. 2. The mentioned years are characterized by low average prices in the industry, the valorization of the Real and actual increases in production costs. The consequence was the actual reduction in sugarcane plantations’ renewal, resulting in their aging and in declining agricultural productivity, further adversely affected by extreme climate phenomena (excessive rain in the 2009/10 harvest and expected drought in 2010/11). 3. Accelerated consolidation of the industry, reducing expansion. The reduction in debt was accompanied by a reduction in investments and technology applied in the fields and in the industrial sector, bringing about severe limitations to the supply of cane and the crushing capacity. The 2010/11 harvest was faced with a significant reduction in cane crushing capacity compared with initial expectations, creating natural anxiety with respect to the 2011/12 harvest. Whereas most people predicted a harvest of 570 million tons of sugarcane (Canaplan in April/11 predicted a floor capacity of 528 million, if problems were to arise),
" a prção "
especialistas em relação à safra 2011/12. Enquanto a maioria projetou safra de 570 milhões de toneladas de cana (a Canaplan projetou em abril/11 piso de 528 milhões, caso problemas surgissem), a visão prospectiva é a de um longo período de “vale” de oferta de cana. A lógica da visão de “vale” está alicerçada em alguns parâmetros fundamentais: a. De 2005/06 a 2008/09, a taxa anual de crescimento de área colhida foi de 6 a 15% ao ano; entre 2009/10 e 2011/12, foi de 6 a 2% ao ano. b. A comparação das produtividades agrícolas médias nas últimas safras caiu de 91-92 ton de cana por hectare no início das safras para 75 ton de cana por hectare na safra 2011/12, com a idade média (ponderada) indo de 3,14 anos para 3,72 anos entre 2008 e 2011. Um grande esforço em sua renovação criará efetivo rejuvenescimento a partir de 2015. Demanda e condicionantes: Nas últimas três safras, uma nova fase se caracteriza como resultado do forte crescimento da demanda do etanol anidro (mistura na gasolina) e da gasolina “C” (na bomba dos postos), ao mesmo tempo em que cresce fortemente a venda de veículos no País, com 85% a 90% sendo carros flexíveis (2 a 3 milhões de carros novos ao ano). Isso gera potencial crescente demanda do etanol hidratado, que, face à estagnação da oferta, gerou o crescimento do uso da gasolina nos carros flexíveis. O açúcar deve ter crescimento de demanda global de aproximadamente 2,5% a.a. Para os próximos anos, essa tendência se mantém. Balanço Oferta/Demanda: 1. Período 2011–2015: Déficits constantes e crescentes de etanol total, entre 28 e 55 milhões de toneladas de ATRs, mesmo sem crescimento da oferta de açúcar; isso levará ao uso de cerca de 1/3 de etanol nos carros flexíveis (2/3 gasolina), gerando mais forte consumo da gasolina. Os preços médios do etanol estarão mais elevados, assim como o patamar de preços médios do açúcar. Deve-se considerar que os custos também estarão (como estão vindo) subindo. Os preços da gasolina na “bomba” serão chave para o maior ou menor uso do etanol. 2. Período 2016–2020: Após o reequilíbrio do canavial em 2015, será fundamental analisar a relação entre os investimentos de expansão das indústrias existentes (brownfields) e os investimentos para greenfields. Certamente, para atender à demanda (que requer de 12 a 15 novas unidades/ano de 3 milhões de toneladas de cana moídas), os investimentos precisarão ocorrer no período anterior (2011 – 2015). Isso significa imaginar a montagem de novas unidades nos estados mais distantes dos portos e dos centros consumidores. Os esforços em alcoodutos e em ferrovias deverão contemplar as necessidades para viabilizar esse esforço. Expectativas: 1. Considera-se que o Governo deverá gerar políticas (principalmente via BNDES) que contemplem crédito de investimento e custeio, em condições factíveis à lógica setorial, com o amadurecimento do Governo quanto aos riscos agrícolas de produção e estoques e, do lado privado, quanto aos compromissos a assumir; 2. Consideram-se o reequilíbrio setorial e a volta aos ganhos de produtividade, a partir de 2015, em processo de concentração setorial; 3. Os efeitos externos serão extremamente importantes: a evolução ou involução das economias dos países ricos e o fator petróleo e commodities; o senso de urgência global sobre a questão do aquecimento global; aberturas nos mercados ricos; 4. Deve ocorrer a continuidade da consolidação setorial e forte aumento do capital externo na produção. 5. Será uma corrida contra o tempo... █
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Opiniões the outlook is that of a long-lasting low in sugarcane supply. The logic behind this vision of a low level supply is based on several essential parameters: a. From 2005/06 to 2008/09, the annual growth rate of harvested areas went from 6 to 15% per year; between 2009/10 and 2011/12 it went from 6 to 2% per year. b. The comparison of average agricultural productivity in recent harvests dropped from 91 – 92 tons of cane per hectare at the beginning of the harvests to 75 tons of cane per hectare in the 2011/12 harvest, with the weighted average age going from 3.14 years to 3.72 years between 2008 and 2011. A major effort to bring about renewal will result in actual growth picking up in 2015. Demand and conditions: The last three harvests characterize a new phase, resulting from strong growth in demand for anhydrous ethanol (mixed with gasoline) and the so-called “C” gasoline (sourced at gas stations), while at the same time the sale of vehicles in the country increases strongly, with 85% to 90% of the cars running on both fuels (2 to 3 million new cars per year). This results in a growing potential demand for hydrated ethanol, which, in view of the product’s stagnant supply, has resulted in the increased use of gasoline in flexfuel cars. The increase in global sugar demand is expected to be at ~2.5% p.a., with this trend persisting in coming years. Balance Supply/Demand: 1. Period 2011–2015: Constant and growing deficits of total available ethanol, between 28 and 55 million tons of TRS (Total Reducing Sugar) even with zero growth in sugar supply; this will result in the use of 1/3 of ethanol in flex-fuel cars (2/3 gasoline), causing high gasoline consumption. Average ethanol prices will be higher, as will average sugar price levels. One should also consider that costs will continue to rise. In any case, gasoline prices “at the pump” will be key for higher or lower consumption of ethanol. 2. Period 2016–2020: Following the newly found equilibrium in sugarcane plantations in 2015, it will be essential to analyze the relation between investments in expansion projects of existing mills (brownfield projects) and those to be made in greenfield projects. It is certain that to meet the expected demand (which requires 12 to 15 new 3 million tons of crushed cane units/year) the investments will have to take place in the prior period (2011 – 2015). This implies considering setting up new units in states that are farther away from ports and consumer centers. Efforts undertaken as concerning ethanol pipelines and railroads will necessarily be a part of such initiatives, to make them feasible. Expectations: 1. One expects the Federal Government to implement policies (mainly through the BNDES) that entail funds for investment and costing, under acceptable conditions for the industry, with the government becoming aware as to agricultural risks in terms of production and inventory levels, and in the private sphere, with respect to the commitments to be incurred; 2. One expects the industry to reach equilibrium and to be generating productivity gains beginning in 2015, in a concentration process of the industry. 3. The in-country effects will be very important: the development or backward development of the economies of rich countries, the oil factor and commodities; the sense of global urgency as concerning the global warming issue; opening up of rich country markets; 4. Industry consolidation is expected to continue, with a strong increase of foreign capital in production. 5. It will be a race against time... █
OpiniĂľes
especialistas
Opiniões
o que, afinal,
o país espera do setor sucroenergético?
After all, what does the country expect of the sugarcane-based energy industry?
" os desafios de ordem estrutural associados à competitividade do etanol hidratado e, principalmente, ao nível de crescimento do setor exigem iniciativas muito mais amplas e coordenadas, envolvendo governos e o setor privado, que merecem uma discussão mais aprofundada " Antonio de Padua Rodrigues Diretor técnico da Unica Technical director of Unica
Desde a introdução dos automóveis flex no mercado nacional em 2003, o setor sucroenergético apresentou trajetória ascendente, antes vista apenas no auge do programa Proálcool durante a década de 80. Até meados de 2008, o setor registrou crescimento médio de 10,4% ao ano. Mais de 100 novas unidades industriais entraram em operação nesse período, fazendo com que a produção de etanol aumentasse em mais de 12 bilhões de litros para suprir a demanda criada pelos veículos flex. A crise financeira mundial de 2008 desacelerou os investimentos em novas unidades, e a taxa de crescimento da produção caiu fortemente para pouco mais de 3,5% ao ano. Nesse mesmo período, as vendas de veículos se mantiveram aquecidas, com a frota flex superando a marca dos 13 milhões de veículos. Gerou-se, assim, um descompasso entre oferta e demanda, que foi agravado por problemas climáticos inusitados nas duas últimas safras. Uma das consequências mais visíveis desse cenário foi a forte oscilação de preços do etanol para o consumidor, com valores extremos especialmente no período da entressafra. Os preços elevados geraram diversas discussões em busca de culpados e de explicações para a brusca movimentação dos preços do etanol. É preciso, entretanto, dividir esses questionamentos em dois grandes tópicos, separando os problemas sazonais ligados a preços e abastecimento daqueles estruturais, relacionados ao crescimento da produção. Os primeiros, de curto prazo, estão sendo amplamente discutidos e possuem soluções menos complexas, que incluem a adoção de mecanismos pelo setor privado para ampliar os estoques de etanol, incentivos à pré-contratação de etanol anidro e maior interação entre agentes privados e entre esses e o governo, ampliando o nível de planejamento e previsibilidade para os estoques durante a entressafra. Já os desafios de ordem estrutural associados à competitividade do etanol hidratado e, principalmente, ao nível de crescimento do setor exigem iniciativas de médio e longo prazo, muito mais amplas e coordenadas, envolvendo governos e o setor privado, que merecem uma discussão mais aprofundada. Apesar da redução na taxa de crescimento do setor, as perspectivas para a cana-de-açúcar brasileira
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Since the launching of flex-fuel vehicles in the national market in 2003, the sugarcane-based energy industry has followed a growth trajectory, previously only seen at the height of the “Proálcool” program during the 1980’s. Until mid-2008, the industry showed an average annual growth of 10.4%. More than 100 new industrial units came on stream during this period, resulting in that ethanol production increased by more than 12 billion liters to meet the demand brought about by flex-fuel vehicles. The world’s financial crisis in 2008 slowed down investments in new units and the production growth rate dropped considerably to a little more than 3.5% per year. In this same period, vehicle sales remained high, with the flex-fuel fleet reaching the 13 million vehicles mark. Thus, a gap between supply and demand originated, which was aggravated by unprecedented climate-related problems in the two last harvests. One of the most visible consequences of this scenario was the strong variation in consumer ethanol prices, showing extreme figures, especially in the off-season. Such high prices resulted in numerous discussions to point to the culprits and look for explanations for sudden ethanol price variations. However, one must divide such questioning in two major topics, separating seasonal problems linked to prices and supply, from those that are structural, related to production growth. The former, short-term in nature, are being broadly debated and entail less complex solutions, including the adoption of mechanisms by the private sector to increase ethanol inventories, incentives for pre-contracting anhydrous ethanol and more interaction between private agents, and between these and the government, broadening the degree of planning and the predictability of inventories during the off-season. In turn, the structural challenges related to hydrated ethanol’s competitiveness and mainly to the industry’s growth level, require medium- to long-term initiatives that are much broader and coordinated, involving governments and private initiative, meriting a more in-depth discussion. Notwithstanding the industry’s growth rate reduction, the outlook for Brazilian sugarcane remains positive in the
especialistas permanecem positivas no longo prazo, pois essa é a “máquina” mais eficiente do mundo para captar a única energia abundante e gratuita – a energia solar – e convertê-la em energia para veículos, energia, para as pessoas, na forma de açúcar, energia elétrica e em uma gama cada vez maior de produtos limpos e renováveis que vêm sendo desenvolvidos a partir dessa fantástica planta. No caso do açúcar, o Brasil é um dos poucos países com potencial para ampliar a produção e suprir parcela significativa do mercado mundial, que cresce principalmente nos países em desenvolvimento e não encontra contrapartida em termos de oferta abundante e de baixo custo. Atualmente, o Brasil responde por 25% da produção e 50% das exportações mundiais. O mercado internacional de etanol, por sua vez, apesar de estar engatinhando quando comparado ao do açúcar, apresenta taxas de crescimento significativas – cerca de 15% ao ano, com 105 bilhões de litros produzidos mundialmente em 2010. Dentro desse cenário, o etanol brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar ganha destaque nos Estados Unidos, principal mercado consumidor do planeta. O programa americano de biocombustíveis prevê um consumo crescente de etanol, atingindo 136 bilhões de litros por ano em 2022. Desse total, 15 bilhões de litros serão de etanol avançado, classificação já obtida pelo combustível de cana-de-açúcar produzido no Brasil junto à Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). A agência reconheceu que o etanol de cana do Brasil reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa em até 91%, comparado com a gasolina. Nos meios políticos americanos, é grande a expectativa de que, até o final deste ano, a tarifa americana sobre o etanol importado seja reduzida, podendo até mesmo ser totalmente eliminada. Porém, independentemente de qualquer alteração envolvendo a tarifa, o etanol brasileiro alcançará seu espaço no mercado americano, pois o programa dos EUA incorporou ao sistema de preços as externalidades positivas do nosso produto. Assim, o etanol de cana tem mandato e preço distintos dos demais biocombustíveis, por ser ambientalmente mais eficiente. Além do açúcar e do etanol, uma série de novos usos e tecnologias baseadas na cana-de-açúcar está sendo desenvolvida. Entre elas, podemos citar os bioplásticos, os bio-hidrocarbonetos (diesel, bioquerosene de aviação e gasolina produzidos a partir da cana), produtos renováveis para uso na indústria petroquímica e química fina, entre outros. Certamente haverá crescimento da produção para atender a todas essas vertentes de demanda por cana, desde que o setor permaneça competitivo em relação aos demais concorrentes. A situação que requer um pouco de reflexão é a do etanol combustível destinado ao mercado doméstico, que hoje absorve mais da metade da cana processada pelas unidades produtoras. O etanol perdeu competitividade em relação à gasolina devido, em grande medida, ao aumento de 40% dos custos de produção nos últimos cinco anos e à manutenção do preço da gasolina na bomba – preço que permanece virtualmente inalterado desde 2005. Nesse cenário, não existem incentivos econômicos para a construção de novas unidades produtoras, que, via de regra, são mais dependentes do etanol devido à pior condição logística para o escoamento do açúcar a partir das regiões onde ocorre a expansão da produção. Viabilizar o etanol frente à gasolina no mercado doméstico é, no curto prazo, o principal indutor para o início de um novo ciclo de crescimento da produção.
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long-term, given that this is the most efficient “apparatus” in the world to harness the only abundant and free of charge energy – solar energy – and convert it to energy for vehicles, energy for people in the form of sugar, electric energy and into an ever broader range of clean and renewable products being developed from this fantastic vegetal plant. In the case of sugar, Brazil is one of few countries with the potential to expand production and supply a significant share of the world market that is growing mainly in developing countries and is unrivaled in terms of abundant supply and low cost. Currently, Brazil accounts for 25% of production and 50% of world exports. The international ethanol market, in turn, although it is only just beginning, in comparison with sugar, shows significant growth rates – about 15% per year, with a production of 105 billion liters worldwide in 2010. In this scenario, Brazilian ethanol produced from sugarcane is gaining visibility in the United States, the planet’s main consumer market. The U.S. biofuel consumer market foresees growing consumption of ethanol, reaching 136 billion liters per year in 2022. Of this total, 15 billion liters will consist of advanced ethanol, a classification already obtained for sugarcane-based fuel produced in Brazil, from the U.S. Environmental Protection Agency (EPA). This agency acknowledged that sugarcane ethanol from Brazil reduces greenhouse gas emissions by up to 91%, compared to gasoline. In U.S. political circles, expectations are high that by the end of this year the American tariff on imported ethanol will be reduced and possibly even totally eliminated. However, regardless of any change in tariff, Brazilian ethanol will conquer its space in that market, given that it has incorporated into the price system the positive externalities of our product. Thus, ethanol from sugarcane has a distinct mandate and a distinct price in relation to all other biofuels, because from an environmental standpoint it is more efficient. Apart from sugar and ethanol, a series of new uses and technologies based on sugarcane are under development. Among others, one may include bio-plastics, bio-hydrocarbons (diesel, aviation bio-kerosene and gasoline produced from sugarcane), renewable products for use in the petrochemical industry and in fine chemistry, among others. There will certainly be growth in production to meet the needs of all these different sugarcane demand variations, provided the industry remains competitive in relation to all other competitors. The situation requiring a little more reflection is that of ethanol as fuel destined to the domestic market, which nowadays absorbs more than half the sugarcane processed by production units. Ethanol has lost competitiveness in relation to gasoline, to a large extent due to the 40% increase in production costs in the last five years and maintenance of the gasoline price at the pump – the price has remained practically unchanged since 2005. In this scenario there are no economic incentives for the construction of new production units that usually are more dependent on ethanol due to poorer logistics for bringing sugar to market from regions in which production expansion is taking place. To make ethanol in comparison to gasoline feasible in the domestic market, in the short-term, is the main inducer for starting a new production growth cycle.
Opiniões Nesse sentido, são necessárias regras claras e perenes no tocante à definição do valor da gasolina, paralelamente à busca por maior eficiência em toda a cadeia produtiva do etanol via redução de custos nas fases agrícola e industrial. Investimentos em logística, melhoria na eficiência dos motores flex e a definição de uma estrutura tributária que reconheça os benefícios e externalidades positivas do produto, associadas aos aspectos ambientais e de saúde pública, também são medidas essenciais para a retomada da expansão. Vale frisar que o desafio de produzir mais cana-de-açúcar para atender de forma competitiva e sustentável às demandas internas e externas para os produtos tradicionais, etanol e açúcar, e para os demais que já existem ou que poderão surgir no futuro muito próximo, depende de decisões de investimento que precisam ser tomadas agora. Dessa forma, é essencial que diretrizes com objetivos claros em relação à participação do etanol na matriz de combustíveis do País sejam definidas de forma rápida e equilibrada. Em uma economia de mercado, planejamento e políticas públicas alinhadas com os objetivos delineados são essenciais para atrair e direcionar investimentos. O Brasil oferece condições excepcionais para continuar na vanguarda dos combustíveis limpos e renováveis, mas a manutenção dessa liderança não depende exclusivamente do setor privado. Depende também, e principalmente, de um alinhamento de esforços que envolve iniciativas governamentais que passam pela priorização das ações essenciais para assegurar as medidas que terão impacto futuro e por uma definição fundamental: o que, afinal, o País espera do setor sucroenergético brasileiro? █
In this sense, what is needed are clear and permanent rules relative to the value of gasoline, in parallel with the quest for higher efficiency throughout the ethanol production chain, through the reduction in costs in the agricultural and industrial phases. Investments in logistics, improvement in the efficiency of flex-fuel engines and setting up a tax structure that acknowledges the product’s benefits and positive externalities, in combination with environmental and public health aspects, are also essential measures for resuming expansion. One should emphasize the challenge of producing more sugarcane to competitively and sustainably meet internal and external demands of the traditional products, ethanol and sugar, and for all others that already exist or may exist in the very near future, which depends on investment decisions that need to be made now. Thus, it is essential that guidelines with clear objectives with respect to the share of ethanol in the country`s fuel matrix be set as quickly as possible and in a balanced way. In a free market economy, planning and public policies aligned with the defined objectives are essential to attract and direct investments. Brazil offers exceptional conditions to continue ahead in clean and renewable fuels, but maintaining such leadership does not depend exclusively on the private sector. It also mainly depends on aligning efforts involving government initiatives that prioritize essential actions to assure that measures will have future impact and on a fundamental definition: after all, what does the country expect of the Brazilian sugarcane-based energy industry? █
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associações e entidades
Opiniões
planejar para aproveitar as
oportunidades Planning to take advantage of the opportunities
" A expansão em novas usinas e canaviais dependerá fundamentalmente de políticas públicas voltadas para investimentos. É preciso disponibilizar, urgentemente, recursos para que novas unidades industriais saiam do papel. " Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Presidente da Canaoeste President of Canaoeste
Para evitar um prolongado déficit de cana-de-açúcar, que pode causar sérios transtornos ao setor sucroenergético, é preciso aumentar, de imediato, os investimentos na renovação e expansão do canavial e na indústria. A demanda por etanol vai aumentar no mercado doméstico, principalmente em virtude do crescimento acelerado da frota de veículos flex. Porém, outros usos do etanol, como diesel de cana, indústria química e de bioplásticos, também exigirão acréscimos na produção. Esse é um desafio que a cadeia da cana-de-açúcar terá que enfrentar. Porém, o mesmo desafio pode ser visto como um incentivo para a expansão de investimentos em produtos que agreguem mais valor à cana. Implantar inovações e maximizar as tecnologias são desafios que exigem parcerias e cooperação entre todos os elos do agronegócio canavieiro. Certamente, as pesquisas para desenvolvimento de novas tecnologias, como o etanol de segunda geração, deverão ganhar mais força e contribuir, significativamente, para a verticalização dos ganhos de produção, aumentando a produtividade em etanol da cana-de-açúcar, mas não serão suficientes para suprir a demanda a médio e longo prazos. Participantes do setor frequentemente são questionados sobre os fatores que ocasionaram a recente alta nos preços dos produtos e a falta de cana para suprir a demanda da indústria. A resposta consiste em avaliar uma série de acontecimentos. Entre 2005 e 2009, o setor sucroenergético brasileiro implantou, em média, mais de 20 novas unidades industriais por ano. Na época, o setor mirava o mercado interno e o crescimento nas exportações de açúcar e etanol. Foi um boom de investimentos. Com a crise econômica mundial iniciada no final de 2008, os investimentos se tornaram escassos, principalmente, pela falta e rigor do crédito. Fatores climáticos também impactaram as últimas safras. Senão, vejamos: Na safra 2009/10, o ano foi excessivamente chuvoso, o que atrapalhou as operações de colheita da matéria-prima e a produção de açúcar e etanol. Na safra 2010/2011, foi a forte e prolongada estiagem que afetou as
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To avoid a prolonged shortage of sugarcane that might severely upset the sugar-based energy industry, it is necessary to immediately increase investments in the renovation and expansion of sugarcane plantations and in industry. The demand for ethanol will increase in the domestic market, mainly due to the accelerated growth of the flex-fuel vehicle fleet. However, other applications of ethanol, such as sugarcane diesel, the chemical and bio-plastics industries, for example, will also require production increases. This is a challenge the sugarcane chain will have to face. This same challenge, however, can also be viewed as an incentive for the expansion of investments in products that aggregate more value to sugarcane. To implement innovations and to maximize current technologies are challenges that require partnerships and cooperation among all links in the sugarcane agribusiness. Certainly research in the development of new technologies, such as that of second generation ethanol, will gain momentum and considerably contribute to the verticalization of production gains, increasing the productivity of ethanol from sugarcane, but it will not suffice to meet the demand in the medium- to long-term. Participants in the industry are often asked about factors that resulted in the recent increase in prices of products and also about the lack of sugarcane to meet industrial demand. The answer encompasses a series of events. Between 2005 and 2009, the Brazilian sugarcane-based energy industry, on average, set up more than 20 new industrial units per year. At the time, the industry focused on the domestic market, but also on the growth of sugar and ethanol exports. An investment boom in new industrial units took place. With the worldwide economic crisis, which began at the end of 2008, investments became rare due to the lack of credit and stringent financing conditions. Climate factors also impacted recent harvests, as follows: 2009/2010 was an excessively rainy period that adversely impacted raw material harvesting operations and the production of sugar and ethanol. 2010/2011 was characterized by an intensive and
associações e entidades lavouras canavieiras. Já nesta safra, 2011/12, constatou-se uma série de restrições ao desenvolvimento vegetativo, em função, novamente, de fenômenos climáticos que foram, cronologicamente: a. no início de março, ocorreu, em expressiva área canavieira do Centro-Sul, forte indução floral que cerceou o crescimento dos colmos em novos entre-nós e pode ter representado perdas de toneladas de cana e de açúcar equivalente a todo o mês de março; b. registraram-se geadas nos estados do MS, PR e em grande área do estado de SP, seguidas de significativas chuvas (exceto a região de Araçatuba-SP), que aceleraram a deterioração dos colmos afetados. Ressalte-se que, ainda nesta safra, a forte estiagem que já se verifica poderá se estender até o início de setembro. A recuperação da produção de cana já deveria ter tido início em 2011. No entanto, as chuvas ocorridas até o final de abril e a parada repentina no mês seguinte comprometeram o plantio em qualidade e área, postergando a recuperação dos canaviais. As canas plantadas em maio e junho certamente terão produção menor do que se tivessem sido plantadas de fevereiro a maio, período adequado para o plantio. Os canaviais da região Centro-Sul poderiam estar produzindo, nesta safra, acima de 600 milhões de toneladas. Porém, as novas estimativas apontam para uma produção de 530 milhões de toneladas de cana. Acrescente-se a redução da qualidade da matéria-prima, comparativamente à safra anterior. É uma redução grande demais e que precisa ser muito bem administrada para não trazer pesados prejuízos ao setor sucroenergético. Recentemente, os americanos deram sinais de que extinguirão subsídios internos e tarifas de importação, tornando o nosso etanol mais competitivo. É um aceno importante, que vai na direção do que o setor sempre esperou. Agora é a hora de abrirmos as “portas” para as oportunidades, unindo forças para planejar o desenvolvimento do setor e prepará-lo para os desafios futuros, amplamente conhecidos. A expansão em novas usinas e canaviais dependerão fundamentalmente de políticas públicas voltadas para investimentos. É preciso disponibilizar, urgentemente, recursos para que novas unidades industriais saiam do papel. É sempre bom lembrar que, para uma usina entrar em operação, necessita, em média, de quatro anos, desde sua construção até o início da operação. Ou seja, é provável que a recuperação da produção do setor se verifique somente a médio e longo prazos. Além disso, é preciso especial atenção para os produtores de cana, especialmente os pequenos e médios, que concentram importante fatia da produção nacional e que dependem das políticas de incentivos. O produtor é o mais frágil elo da cadeia produtiva e sempre é o primeiro a sofrer os impactos econômicos. Nem por isso é o menos importante. Muito pelo contrário, sem a matéria-prima, os elos subsequentes da cadeia produtiva não existem. As estimativas apontam que, na safra 2015/16, o Brasil terá que produzir 1 bilhão de toneladas de cana para fazer frente às necessidades de produção. Isso significa mais 400 milhões de toneladas. Esse cenário demandaria algo em torno de 135 novas unidades com capacidades anuais de moagem de 3 milhões de toneladas. As perspectivas são muito boas, mas, para não deixarmos a oportunidade passar, tanto o setor sucroenergético, como o governo têm de agir rápido para alcançar os objetivos comuns a todos, principalmente para o País. É necessário planejamento e muita disciplina. Sem isso, o cavalo arreado passará, e perderemos a vez. █
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Opiniões prolonged drought that affected sugarcane plantations. In the current 2011/2012 harvest, one noticed a series of restrictions for vegetative development, again caused by climate phenomena, which chronologically occurred as follows: a. in the beginning of March, in an expressive sugarcane plantation area in the Center-Southern region, a strong floral induction occurred that inhibited the growth of culms on new inter-nodes, a reduction that may have represented losses of sugarcane and sugar tonnage in an amount corresponding to that of the entire month of March; b. frost occurred in the states of MS, PR, and in considerable parts of SP, followed by intensive rainfall (except in the region of Araçatuba-SP), which resulted in the deterioration of the affected culms. One should also point out that in the current harvest the strong drought that is already occurring may last until the beginning of September. The recovery of sugarcane production should have started in the beginning of 2011. However, rainfall up to the end of April and its sudden interruption the following month compromised the planting in terms of quality and area, postponing the recovery of sugarcane plantations. The sugarcane planted in May and June will certainly yield less than if it had been planted from February to May, the most adequate planting period. The sugarcane plantations of the Center-Southern region in the current harvest could be producing in excess of 600 million tons. New projections, however, indicate a production of 530 million tons of sugarcane. In addition, one can notice the reduction in raw material quality, in the comparison with the previous harvest. This reduction is highly significant and needs to be very well managed to avoid heavy losses for the sugarcane-based energy industry. Recently, the Americans signaled that they would do away with internal subsidies and import tariffs, making our ethanol more competitive. This is an important gesture that goes in the direction of what the Brazilian industry has always expected. Now is the time to open “doors” to opportunities, uniting forces to plan the industry’s development, preparing it for the challenges of the future, all of which are well known. The expansion in terms of new mills and sugarcane plantations will essentially depend on public policies oriented towards investments. It is urgent that funds be made available so that new industrial units can materialize. One should always recall that a mill to come on stream, on average, requires four years, from its construction to the start-up of operations. In other words, it is likely that the production recovery of the industry will only occur in the medium- to long-term. Furthermore, attention should also be paid to sugarcane producers, notably the small- and medium-size ones that concentrate an expressive share of the country’s production and rely on incentive policies. The producer is always the first link in the chain to suffer the economic impacts and is also the weakest, which does not make him the less important one. Quite to the contrary, without raw material the subsequent links of the production chain do not exist. Estimates show that in the 2015/2016 harvest Brazil will have to produce 1 billion tons of sugarcane to meet production needs. This means additional 400 million tons. This scenario would require around 135 new units, with annual crushing capacities of 3 million tons each. The outlook is quite good, but we cannot forgo the opportunity. The sugarcane-based energy industry and the government must act quickly to meet the common objectives, but more importantly, those of the country. What it takes is planning and a lot of discipline, least we stand by watching the opportunity go by. █
associações e entidades
Opiniões
um cenário muito bem
definido A very well defined scenario
A evolução do setor sucroenergético nacional nas últimas três décadas esteve alternada por motivações ou impulsionamentos diferentes. Na largada, uma indução governamental com vistas a aparelhar o País para melhor enfrentar a necessária redução das importações de petróleo que passaram a consumir parcela muito significativa do nosso fluxo de pagamentos ao exterior no início dos anos 70. Na sequência, dos anos 90 até o final do século passado, a evolução foi empurrada pela necessidade de aumento do mercado consumidor, que permanecia atrás da oferta, gerando excedentes de produção que provocavam redução de preços e desestímulo à atividade. Saindo desse retrovisor e fixando-se no para-brisa sinalizador para o médio e longo prazos, constata-se, pela primeira vez, um cenário promissor decorrente da existência de um mercado, para os próximos dez anos, que absorverá um volume de etanol duplamente superior ao atual mercado. Isso significa dizer que poderemos crescer, a partir de agora, puxados por uma demanda já existente e com sinais de crescimento concreto pela sustentada curva de oferta de veículos flexíveis, pelo aumento da demanda pelo etanol verde na indústria química e pelos sinais de abertura de mercado externo representado pela acelerada discussão no parlamento norte-americano sobre a redução das barreiras para a importação de etanol. Fazer crescer a oferta puxada pelo mercado, ou mesmo produzir com destino certo, é a máxima de qualquer negócio empresarial. Para o setor sucroenergético nacional, verificar que, em 2020, estará inserido num mercado duas vezes maior que o atual é a sinfonia acabada, cuja partitura empresários e investidores gostarão de elaborar. Entretanto, se é fato que o mercado está visível a nossa frente, não é verdade que as condições para esse vigoroso e necessário aumento de oferta estão postas e disponíveis. O crescimento avassalador verificado até 2007, contraído a partir de 2008 e estagnado em novos projetos neste momento, requererá ações e reflexões mais condizentes com a realidade atual, tanto no que se refere à disponibilidade de recursos em condições viáveis
The development of the national sugarcane-based energy industry in the last three decades has varied for different reasons or factors. At the onset, this was due to government inducement aimed at equipping the country to better face the needed reduction of oil imports that were consuming an increasingly larger share of our foreign payments flow at the beginning of the 1970’s. Subsequently, in the 1990’s and until the end of the last century, development was dictated by the need to increase the consumer market that lagged behind supply, generating production surpluses that caused price reductions and discouraged activities. Looking away from the rear mirror and out the windscreen to the medium- and long-term future, for the first time one sees a promising scenario resulting from the existence of a market, in the next ten years, that will absorb a quantity of ethanol twice the current one. This is to say that we can grow from now on driven by demand that already exists and signals actual growth along the sustainable supply and demand curve of flex-fuel vehicles, the increase in demand for green ethanol in the chemical industry and the opening up of the foreign market represented by the intensive debate in the U.S. Congress about the reduction of barriers for the import of ethanol. To grow supply thanks to the market, or even to produce given a sure destination, is the maxim of any business venture. For the national sugarcane-based energy industry, to see that in 2020 it will be inserted in a market twice the size of the current one is a finished symphony whose musical score entrepreneurs and investors will love to draw up. However, if it is a fact that the market is visible before us, it is not true that the conditions for this vigorous and needed increase in supply are defined and given. The extraordinary growth until 2007, shrunken starting in 2008 and stagnant in terms of new projects at this time, will require actions and reflections more synchronized with the current reality, both in terms of availability of funds, disbursed under feasible conditions
" estamos prliza e realiza "
" Depreende-se, pois, que, neste momento, existe, de fato, um cenário de médio e longo prazos para o etanol e o setor sucroenergético. Talvez, nunca tão bem delineado quando confrontado com os cenários que antecederam as expansões passadas. " Pedro Robério de Melo Nogueira Presidente do Sindaçúcar-AL President of Sindaçúcar-AL
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associações e entidades para esse incremento, como na avaliação da rentabilidade do negócio vis-à-vis aos investimentos necessários. A franca disponibilidade de recursos externos de que se dispunha no primeiro quinquênio dos anos 2000 permitiu a quase duplicação da nossa produção de cana a partir de projetos novos e da ampliação de plantas existentes. O arrefecimento do fluxo de recursos comandado pela crise financeira de 2007/2008 nos permite concluir que novos fluxos estarão intimamente associados a uma análise de viabilidade de retorno na produção e na comercialização de etanol no Brasil. Assim posto, o fluxo de inversão de recursos necessários para que cheguemos a 2020 com uma oferta equilibrada com o mercado que se apresenta, necessariamente, exigirá reflexões e considerarem-se alguns aspectos relevantes: ► Para alcançarmos a produção ao redor de 1,2 bilhão de toneladas de canas, deve-se começar por uma pujante renovação dos canaviais atuais, com expressivas áreas envelhecidas e baixa produtividade, aliás, esse é um trato que deve ser constante para manutenção de uma produtividade adequada. Um programa de financiamento para renovação de canaviais e implantação de novos não apresentará a mesma velocidade obtida até 2007, dadas as novas áreas remotas a serem exploradas, a baixa celeridade nos licenciamentos, as dificuldades interpretativas nas fiscalizações das relações de trabalho, o adequado fluxo de liberação dos recursos nos empréstimos e o viável custo desses empréstimos quando confrontados com os preços a serem auferidos; ► O ambiente de investimento deve deixar clara para o empresário ou investidor a estabilidade na remuneração e retorno, levando-se em conta a característica do etanol como combustível de origem agrícola, produção sazonal e sensível às não gerenciais adversidades climáticas; ► Como produto sujeito aos custos de fatores de mercado, dispor de mecanismos de sustentação quando o seu preço limitar-se à imposição exógena ao preço da gasolina, que, por vezes, apresenta tolerância prolongada à prática de preços compatíveis aos preços de mercado do petróleo; ► Compreensão de que a política de abastecimento interno deve ser decorrente da adequada remuneração, inclusive considerando o necessário carregamento dos estoques sazonais, ainda que ponderando alguns aspectos de compromisso empresarial decorrentes de políticas públicas permanentes e estáveis ao setor; ► Exata compreensão de que a receita oriunda das exportações de açúcar, nas unidades industriais que produzem açúcar e etanol, é fator de formação da poupança empresarial, importante para a complementação do fluxo de capital de giro à produção de etanol; ► Avaliar a capacidade de produção do setor de bens de capital, com vistas a ofertar equipamentos industriais e máquinas e equipamentos agrícolas necessários a essa expansão. Depreende-se, pois, que, neste momento, existe, de fato, um cenário de médio e longo prazos para o etanol e o setor sucroenergético nacional. Talvez, nunca tão bem delineado quando confrontado com os cenários que antecederam as expansões passadas. Contudo, não será factível um crescimento de oferta na cadência do verificado nos cinco anos que antecederam 2008. Por outro lado, não é demais considerar a expertise brasileira na implantação e operação de projetos de bioetanol que, se associada à superação dos aspectos mencionados, consolidaremos em definitivo a produção brasileira de etanol para participação em todos os mercados. █
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Opiniões for such growth, and the assessment of a business’ profitability vis-à-vis the required investments. The abundant availability of foreign funds in the first five years of the 2000 decade allowed almost doubling our sugarcane production based on new projects and the expansion of existing mills. The dry-up of the flow of funds, brought about by the 2007/2008 financial crisis, allows us to conclude that new flows will intimately be associated with an analysis of feasible returns in the production and marketing of ethanol in Brazil. Thus, the investment flow of funds needed to reach 2020 with a balanced supply, given the current market, will necessarily require reflections and the taking into account of some relevant aspects: ► To reach a production of about 1.2 billion tons of sugarcane, one must begin with a bold renewal of the current sugarcane plantations that entail degraded areas of considerable size and low productivity, which, by the way, ought to be a permanent procedure to maintain adequate productivity. A financing program for the renewal of sugarcane plantations and the implementation of new ones will not take place at the same speed as in 2007, given the new remote areas to be exploited, low celerity in licensing, interpretational difficulties in monitoring labor relations, the adequate flow in freeing funds for loans and the feasible cost of such loans when compared with the prices to be attained; ► The investment environment must make it clear for entrepreneurs or investors that compensation and returns are stable, further considering the characteristics of ethanol as fuel originating in agriculture, with seasonal production and sensitive to unmanageable climate adversities; ► As a product subject to the costs of market factors, to have available sustainability mechanisms when its price is limited by the outside imposition of the price of gasoline, which occasionally sustains a prolonged tolerance to practicing prices compatible with oil market prices; ► The understanding that the domestic supply policy must result from adequate compensation, while also considering the needed build-up of seasonal inventory, even when taking into account some aspects of entrepreneurial commitment resulting from permanent and stable public policies in the industry; ► Precise understanding that revenues resulting from sugar exports in industrial units that produce sugar and ethanol is a factor in the formation of entrepreneurial thrift, which is important to supplement the flow of working capital required for ethanol production; ► To assess production capacity in the capital goods industry in view of supplying industrial equipment and machinery, as well as agricultural machinery needed for such expansion. Hence, one may conclude that at this time there is in fact a medium- and long-term scenario for ethanol and the national sugarcane-based energy industry. Perhaps never before so well contrasted with the scenarios that preceded past expansions. However, growth in supply will not be feasible at the pace of the five years prior to 2008. On the other hand, one should mention Brazilian expertise in the implementation and operation of biofuel projects, which, when combined with overcoming the above mentioned aspects, will allow us to definitively consolidate Brazilian ethanol production so as to participate in all markets. █
Confiabilidade comprovada no setor de sucroenergético. Redutores Cestari Maior durabilidade em todas as aplicações Menor custo de manutenção Configurações para alta eficiência energética Redutores para aplicações especiais
Linha de redutores HELIMAX Carcaças bi-partida ou monobloco, em chapa de aço ou ferro fundido nodular Padrão de mercado
Novo Projeto
Melhor relação torque/peso Maiores capacidades
Linha de MOTORREDUTORES Vários modelos Eixos paralelos e ortogonais Intercambiáveis com modelos de mercado
Reduções
Reduções
6,3 a 450
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Capacidades
Capacidades
2.000 a 600.000 Nm
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o horizonte é otimista, mas é preciso
fazer a lição de casa The outlook is optimistic, but one must do the homework
Analisando o atual cenário energético mundial, marcado pelos altos preços do petróleo, os conflitos nos países produtores e também a insegurança que passou a ser gerada com as usinas nucleares, notadamente após o terremoto no Japão, ficamos ainda mais otimistas com o futuro do setor sucroalcooleiro do País. Os especialistas não duvidam de que os preços do petróleo continuarão altos, mesmo que tenhamos a disponibilidade, logo, das reservas do pré-sal brasileiro e da Antártida. O quadro atual, portanto, é de fortalecimento do etanol, a considerar por todas as suas vantagens e benefícios, assim como do sistema de cogeração de energia a partir da biomassa, lembrando que a matéria-prima – cana-de-açúcar – é produzida abundantemente em diversas regiões brasileiras, propiciando desenvolvimento econômico e social. Vale citar que tanto um como outro são alavancados, principal e prioritariamente, pelo governo brasileiro (Petrobrás e Bndes). Em relação a isso, cabe acrescentar ainda que a continuidade de “oportunidades e incentivos na formação de grandes grupos” tem permitido a modernização e o fortalecimento financeiro das indústrias. Com esse setor fortalecido, os produtores de cana se sentem mais seguros ao formalizar contratos de arrendamento. Mesmo com a crescente produção de grãos, temos no território nacional ainda um amplo espaço a ocupar, que são os solos menos nobres e também aqueles hoje utilizados por pastagens de baixa produtividade. É por aí que a atividade vai se expandindo, sem nenhum conflito com a produção de alimentos, servindo-se de melhoramentos genéticos e fitossanitários. O plano agrícola 2011/2012 anunciou recursos para o setor, sendo necessário apenas adequar essa disponibilidade à real necessidade dos produtores. Por outro lado, a ANP tem demonstrado profissionalismo, buscando conhecer o setor em sua íntegra.
" no estado do Paraná, a atividade canavieira está presente em mais de 140 dos 399 municípios, onde gera visível desenvolvimento econômico e qualidade de vida para a população envolvida direta e indiretamente " Miguel Rubens Tranin Presidente da Alcopar President of Alcopar
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Analyzing the current world energy scenario, characterized by high oil prices, conflict in producer countries and insecurity generated by nuclear power plants, notably following the earthquake in Japan, we become even more optimistic about the future of the sugarcane-based industry in the country. Experts do not doubt that oil prices will continue to be high, even if we soon have the availability of the Brazilian pre-salt layer oil reserves and those located in Antarctica. Hence the current scenario is one that dictates strengthening ethanol, based on all its advantages and benefits, as well as the energy from the biomass co-generation system, while recalling that the raw material – sugarcane – is abundantly produced in several regions of Brazil, providing economic and social development. One should bear in mind that both are leveraged mainly and preferentially by the Brazilian government (Petrobras and Bndes). In this respect, one should add that the continuity of “opportunities and incentives in organizing large groups” has allowed the modernization and financial strengthening of companies. With this industry thus strengthened, sugarcane producers feel safer when celebrating lease contracts. Even with the growing production of grain, we still have large spaces available throughout the country, with poorer soil, which can be utilized, along with those currently being used, as low productivity grazing land. It is along this route that the activity is expanding, without conflict in relation to the production of food, and supported by genetic and phytosanitary improvements. The 2011/2012 agricultural plan foresaw funds for the industry, whereas all it takes is to adapt such availability to producers’ actual needs. On the other hand, the ANP (national oil, natural gas and biofuels agency) has shown professionalism, seeking to fully understand the industry.
associações e entidades Dessa forma, certamente vai estabelecer políticas de curto e médio prazos ao segmento. Sobre isso, chamamos atenção para o fato de que o processo necessita de um plano em conjunto com o governo para alinhamento das propostas, sendo vital abranger todos os participantes da cadeia, que reúne produtores-indústria-distribuição-varejo, cada qual com direitos e deveres. Por sua vez, a logística duto-viário se apresenta como um ponto extremamente importante para estabelecer um crescimento e abastecimento seguros, visto que as lavouras cada vez mais se interiorizam. No médio e longo prazos, as pesquisas apontam alternativas químicas para o etanol e o aproveitamento integral da cana-de-açúcar, desde que as tecnologias reduzam os custos de produção e os tornem mais competitivos em relação a produtos concorrentes. Como se pode ver, o horizonte é muito otimista, mas é preciso, primeiro, fazer a lição de casa, garantindo o alinhamento e o comprometimento das propostas entre governo e setor, base para um crescimento contínuo, estável e seguro. Não podemos perder de vista, por outro lado, o grande diferencial do etanol em relação aos outros combustíveis, sobretudo na questão ambiental. Muitas vezes, no calor do debate sobre os preços do produto, nos esquecemos das vantagens oferecidas pelo produto derivado da cana-de-açúcar e o tratamos como um combustível comum. Deixadas de lado questões que podem ser consideradas meramente pontuais, como os aumentos das cotações nesses últimos meses, o etanol foi sempre competitivo. A grande prova disso tem sido a sua popularização, principalmente ao longo da última década. Mais importante do que isso, no entanto, é poder contar com um combustível oriundo de fonte renovável, cujo impacto no meio ambiente é muito menor em comparação aos danos ocasionados pelos derivados de petróleo – situação cada vez mais preocupante, aliás, dado o crescimento da demanda por transportes nas grandes cidades. Muito embora a imagem dos biocombustíveis tenha sido maculada pela questão do etanol produzido a partir do milho nos Estados Unidos, é preciso levar em conta que os brasileiros estão fazendo a sua parte ao continuar apostando no etanol obtido da cana-de-açúcar e mantendo, no mercado interno, níveis elevados de consumo. Mais do que consumir etanol, é preciso que o consumidor tenha consciência de que está consumindo o melhor combustível para o meio ambiente. Se, eventualmente, discute-se uma questão referente a preço, isso será uma questão passageira, com toda a certeza, o que não pode sobrepor-se ao objetivo para o qual foi concebido. Como dissemos anteriormente, o otimismo em relação ao futuro do etanol no País e no mundo nos anima a acreditar que o setor sucroalcooleiro avança para uma nova fase em sua história. Tomando como exemplo o estado do Paraná, a atividade está presente em mais de 140 dos 399 municípios, onde gera visível desenvolvimento econômico, qualidade de vida para a população envolvida direta e indiretamente e atua de forma contínua e consistente na preservação ambiental. Com tudo isso, quando um consumidor enche o tanque de etanol, está ajudando a mover uma grande roda do bem, do qual participam, além dos empreendedores, personagens como os trabalhadores nas indústrias e no campo e também inúmeros pequenos agricultores e suas famílias, além de fornecedores de todos os tamanhos, pesquisadores e a sociedade em geral. O etanol tem a cara do Brasil, além de ser um orgulho para os brasileiros. █
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Opiniões Thus, it will surely set short- and medium-term policies for this economic segment. In this respect, we call attention to the fact that the process requires a plan, drawn up together with the government, to align proposals, whereas it is essential to encompass all participants of the chain that comprises producers-companies-distribution-retailing, each with its rights and obligations. On the other hand, pipeline and road logistics stand out as highly relevant for establishing safe growth and supply, given that plantations are increasingly expanding in the country’s interior. For the medium- and long-term, surveys indicate chemical alternatives for ethanol and the full utilization of sugarcane, provided technologies reduce production costs, making them more competitive in relation to competing products. As one can see, the outlook is very optimistic, but first one must do one’s homework, making sure to align the proposals of the government and the industry, the basis of continuous, stable and safe growth, while committing to such proposals. On the other hand, one should not lose sight of the big differential of ethanol in relation to other fuels, particularly as related to the environment. Often enough, at the height of discussions about the product’s prices, we forget the advantages offered by the sugarcane-derived product, treating it as ordinary fuel. Irrespective of issues viewed as merely eventual, such as price increases in recent months, ethanol has always been competitive. Evidence hereof is the popularity it has achieved, mainly during the last decade. More important, however, is to have a reliable product obtained from a renewable source, whose impact on the environment is smaller in comparison with the damage caused by oil derivative products – an increasingly worrisome situation in light of growth in demand for transportation in the big cities. Although the image of biofuel has been adversely affected by the issue related to ethanol produced from corn in the United States, one must take into consideration that the Brazilians are doing what they should do, by continuing to bet on ethanol obtained from sugarcane, while in the domestic market upholding high consumption levels. More than consume ethanol, it is necessary that the consumer be aware of the fact that he or she is consuming the best fuel from the environmental perspective. If one should eventually discuss a price-related issue, this would certainly be a temporary situation which cannot overlap the objective for which it was created. Like we said before, optimism about the future of ethanol in the country and in the world strengthens our belief that the sugarcane-based industry is headed towards a new phase in its history. Taking the State of Paraná as an example, the activity is present in more than 140 of the 399 municipalities, in which it generates evident economic development, quality of life for the population directly and indirectly involved, and where it acts continuously and consistently in preserving the environment. Thus, when a consumer fills up the tank with ethanol, he or she will be helping to turn a big wheel of fortune, along with players other than entrepreneurs, such as workers in the industry’s companies and in the fields, but also countless farmers and their families, suppliers of all sizes, researchers and society in general. Ethanol has the face of Brazil, and is reason of pride for all Brazilians. █
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A ETH plantou um sonho e o mundo está colhendo energia sustentável. COMPETITIVIDADE, SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO A ETH é a empresa que mais investiu em bioenergia no Brasil, criando um modelo de negócios moderno, competitivo e que coloca a sustentabilidade e a inovação no centro de suas ações. Em apenas 4 anos, a ETH Bioenergia cresceu com o país, ampliando a oferta de etanol e energia elétrica a partir da biomassa, com resultados concretos para o setor e para toda a sociedade. • R$ 8 bilhões investidos até 2012 • 4 Polos de produção localizados nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, com 7 unidades agroindustriais • Inauguração de 2 novas unidades agroindustriais no 2º semestre de 2011 • Capacidade produtiva de 3 bilhões de litros de etanol por ano • Cogeração de 2.700 GWh de energia limpa, suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas • 15 mil empregos diretos e 30 mil indiretos • Parcerias com universidades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias
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Opiniões
Brasil:
o país da diversidade renovável Brazil: the country of renewable diversity
O Brasil desenvolveu um know-how fantástico na produção de etanol, seja na área agrícola, com o desenvolvimento de diversas variedades de cana-de-açúcar adaptadas ao clima local, controle biológico de pragas, novas tecnologias de plantio e colheita, seja no setor industrial, com a construção de uma importante indústria de base nacional, após várias décadas de desenvolvimento, com um parque atual em torno de 430 usinas instaladas e geração em torno de 1,28 milhão de empregos formais.
Brazil has developed fantastic know-how in the production of ethanol, be it in agriculture, with the development of several sugarcane varieties adapted to the local climate, biological pest control, and new technologies in planting and harvesting, be it in the industrial field, with the build-up of an important industry on a nationwide basis, after several decades of development, with an industrial park of some 430 installed mills and the generation of about 1.28 million formal jobs.
" Os estados que contam com alta tributação para o etanol não conseguem competir com os combustíveis fósseis, seja gasolina, diesel ou GNV. "
Luiz Custódio Cotta Martins Presidente da Siamig President of Siamig
O País conta com a implantação em maior intensidade da tecnologia flex e tem cerca de 50% da frota nacional nesse modelo. Além do incremento, cada vez maior, da bioeletricidade – a energia do bagaço da cana –, cuja produção em 2010 para o sistema elétrico brasileiro foi equivalente à energia necessária para atender 20 milhões de pessoas. Vários usos para o etanol estão também sendo implementados, como os testes realizados nos ônibus em São Paulo, além da possibilidade da produção de hidrocarbonetos a partir da cana, como o diesel, que será testado na frota do Rio de Janeiro. Indústrias já estão produzindo o “plástico verde”, através do eteno, derivado do etanol, e Juiz de Fora, Minas Gerais, já conta com a primeira térmica do mundo a usar esse combustível, em teste pela Petrobras.
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The country now relies on the more intense implementation of flex-fuel technology, which has been applied in about 50% of the national vehicle fleet, in addition to the increasing growth of bio-electricity – the energy from sugarcane bagasse, whose production in 2010 for the Brazilian electric sector amounted to the energy needed by 20 million people. Several uses of ethanol are also being implemented, such as in tests being performed in buses in São Paulo, along with the possibility of producing hydrocarbons as diesel oil from sugarcane, to be tested in the fleet in Rio de Janeiro. Companies are already producing “green plastic”, with ethylene derived from ethanol, whereas the town of Juiz de Fora, in the State of Minas Gerais, is already operating the world’s first thermal plant to use this type of fuel, currently being tested by Petrobras.
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de um simples e-mail ao mais complexo contrato, esteja certo de expressar na outra lingua o que quer dizer na sua. uma tradução bem feita é fundamental
associações e entidades As motocicletas bicombustíveis já correspondem a 44% do total de modelos produzidos no primeiro trimestre deste ano. Em 2010, esses veículos tinham apenas 18% de participação na fabricação, segundo a Abraciclo - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares. A tendência é de que essa tecnologia cresça proporcionalmente em relação ao mercado, assim como vem ocorrendo com os automóveis flex. Já se contarmos com o potencial da produção de etanol somente para os carros flex nacionais, as estimativas indicam que, em 2020, eles deverão representar quase 70% da frota, e o setor precisaria dobrar sua produção atual de 27 bilhões de litros para 54 bilhões de litros/ ano. Sem dúvida nenhuma, os EUA irão abrir seu mercado, com uma nova mobilização no Senado para acabar com os subsídios e a tarifa de importação do etanol, sendo que a Califórnia já considera o etanol brasileiro como de segunda geração. O Brasil é, hoje, também, o maior produtor e exportador mundial de açúcar, com 50% das exportações do produto. A tendência desse mercado é de crescimento, principalmente, para os países asiáticos, como China e Índia, e o País continuará sendo o principal player de abastecimento desse produto no mundo. De acordo com o zoneamento agroecológico do governo brasileiro, o Brasil possui mais de 60 milhões de hectares disponíveis de áreas já antropizadas para crescimento do setor. Além disso, a partir de 2012, entrará em funcionamento o primeiro alcoolduto brasileiro, que possibilitará uma grande redução dos custos logísticos. Para atender a todos esses desafios, que alçam o Brasil como um dos mais importantes da agroenergia no mundo, há necessidade urgente de novos investimentos a juros baixos, que contemplem o setor sucroenergético, para implantação de novas áreas de cana, reforma das já plantadas, construção de novas plantas, inversões em novas tecnologias, modernização das plantas já existentes e a construção de infraestrutura para escoamento da produção de etanol, visando a uma maior competitividade. É preciso criar incentivos, também, para o etanol frente ao combustível fóssil, a gasolina, que mantém uma estabilidade artificializada nos preços, desde 2005, na refinaria, a despeito das variações do preço internacional do petróleo. Os estados que contam com alta tributação para o etanol não conseguem competir com os combustíveis fósseis, seja gasolina, diesel ou GNV. As medidas que ora estão em discussão na Agência Nacional do Petróleo têm que levar em conta a segurança do mercado, a fim de suprir o déficit de etanol e tornar realidade os planos do País de tornar o etanol uma commodity. Não cabem ameaças de taxação de açúcar ou proibição de exportação de etanol como vêm ocorrendo através da mídia. Com ações de incentivo governamental e criação de um marco regulatório com medidas de curto, médio e longo prazo, discutidas e votadas no Congresso Nacional, o setor, sem dúvida, será capaz de responder às suas necessidades ambientais de produção de um combustível renovável, que emite menos 89% de gás carbônico na atmosfera, em comparação com a gasolina, e contribuir para limpar a matriz energética de outros países e oferecer uma melhor qualidade de vida a todos. █
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Opiniões Flex-fuel motorcycles already comprise 44% of all models manufactured in the first quarter of this year. In 2010, such vehicles represented only 18% of production according to ABRACICLO – the two-wheel vehicle industry’s class entity. The tendency is that this technology will grow proportionately in relation to the market, as is already the case of flex-fuel automobiles. If, however, we reckon only with the potential of ethanol production for locally manufactured flex-fuel cars, estimates show that in 2020 they are expected to represent almost 70% of the fleet and the industry would need to double its current output of 27 billion liters to 54 billion liters/year. There is no doubt the USA will open their market, with a new mobilization in the Senate to do away with subsidies and the tariff on imported ethanol, whereas California is already considering Brazilian ethanol as being of second generation. Brazil is currently also the world’s biggest sugar producer and exporter, with 50% of the product’s exports. This product’s market trend is growth, mainly to Asian countries such as China and India, and the country will continue to be the world’s main supplier for this product. According to the agro-ecological zoning undertaken by the Brazilian government, the country has more than 60 million hectares of anthropically prepared land available for the industry’s growth. In addition, starting in 2012, the first Brazilian ethanol pipeline will come on stream, allowing for considerable reduction of logistics costs. To meet all such challenges, which rank Brazil as one of the most important players for agro-energy in the world, there is the urgent need for new investments at low interest rates, to benefit the sugarcane-based energy industry, allowing for the implementation of new sugarcane plantation areas, the renovation of already planted areas, the construction of new mills, investments in new technologies, the modernization of already existing mills, and the building of infrastructure to bring ethanol production to market, while seeking to be more competitive. One also needs to create incentives for ethanol in view of fossil fuel – gasoline –, whose prices have been artificially stable at the refinery since 2005, notwithstanding the variations in the international oil price. Countries that heavily tax ethanol cannot compete with fossil fuels, be they gasoline, diesel oil, or natural gas for vehicles. The measures currently being discussed in the National Petroleum Agency must take into consideration market safety, so as to cover the shortage of ethanol and to transform the country’s plans for making ethanol a commodity to reality. It makes no sense to threaten taxing sugar or prohibiting the export of ethanol as is currently being discussed in the media. With government incentive initiatives and the creation of a regulatory framework with short-, medium- and long-term measures, debated and approved by the National Congress, the industry will certainly be capable of meeting its environmental production needs of the renewable fuel that emits less than 89% of CO2 to the atmosphere, in comparison with gasoline, and to contribute to cleaning up the energy matrix of other countries, while providing better quality of life to all of us. █
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Opiniões
cana-de-açúcar do nordeste
perante a MP 532 Sugarcane of the Northeast in light of Provisional Bill (MP) 532
" entre agricultores de canas próprias, cooperativas de cana, usinas e destilarias com canas próprias, são mais de 60.000 agentes, plantadores, que geram mais de 1 milhão de empregos formais e diretos " Renato Augusto Pontes Cunha Presidente do Sindaçúcar -PE President of Sindaçúcar -PE
Empreender em agricultura é muito difícil. A atividade convive com fatores imponderáveis, notadamente ligados a clima, assim como com custos de produção, muitas vezes ilógicos, e cargas tributárias, trabalhistas e previdenciárias excessivas. O planejamento monitorado formula perspectivas concretas, sobretudo de infraestrutura para as áreas existentes e para as fronteiras agrícolas que ainda precisam surgir, vis-à-vis as projeções de demandas de alimentos e agroenergia do Brasil, de forma sustentável, em todas as regiões. Na nossa região, o Nordeste, é fundamental uma política que incentive a contínua verticalização de produtividade, de Sergipe até o Rio Grande do Norte, bem como expansionismo, por exemplo, no oeste da Bahia e de Pernambuco; em Alagoas, no rio São Francisco agricultável; no Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e em todos os estados de uma região que conta com uma população com mais de 53 milhões de consumidores. Concluir o debate do Código Florestal no Senado e objetivar, formalmente, uma moderna e contemporânea agenda trabalhista são requisitos imprescindíveis, sendo fundamental que o Código concilie produção e geração de renda, respeitando, obviamente, a intertemporalidade das leis, criando segurança jurídica para quem empreende, norteado por rentabilidade, ética e responsabilidade social. Essa insegurança jurídica atual, sofismando em querer criminalizar quem empreendeu de acordo com as leis vigentes, associada à subjetividade de vários conceitos trabalhistas, contidos na NR 31 do MTE, são fatores reais inibidores de crescimento da produção. Na agroenergia do bioetanol avançado da cana-de-açúcar, um respeitável sistema redutor de poluição em países que perseguem o baixo carbono, as ameaças que pairam sobre seus macro contextos, são inibidoras de crescimento, mesmo em um mercado que tem horizonte alvissareiro e demanda latente.
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To be an entrepreneur in agriculture is very difficult. The activity is characterized by imponderable factors, notably as related to the climate, as well as production costs, often lacking logic, and with excessively high tax, labor and social security burdens. Monitored planning formulates concrete perspectives, mainly as related to infrastructure in existing areas and on agricultural frontiers yet to emerge, in comparison with Brazil’s food and agro-energy demand projections, in a sustainable manner, in all regions. In our region, Northeastern Brazil, it is essential to have a policy that fosters continuous verticalization of productivity, from Sergipe to Rio Grande do Norte, and also expansion, for instance in the East of the States of Bahia and Pernambuco, in Alagoas, in the agricultural region of the São Francisco River, in Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba and in all states of a region that has a population of more than 53 million consumers. To conclude the debate on the Forest Code in the Senate, and to formally aim for an updated and contemporary labor agenda, are indispensable requisites, whereas it is essential that the Code conciliate production and the generation of income, obviously respecting the inter-temporality of the laws, bringing about legal security to who is an entrepreneur based on profitability, ethics and social responsibility. Current legal insecurity, which insists on wanting to criminalize those who went about being entrepreneurs in accordance with legislation in force, in combination with the subjectivity of several labor concepts contained in norm nr. 31 of the Ministry of Labor and Employment, are actually factors inhibiting production growth. In agro-energy of advanced bioethanol from sugarcane, a respectable pollution reducing system in countries whose aim is low carbon, threats to their macro-contexts are growth inhibitors, even in a market whose outlook is a promising one, with latent demand.
associações e entidades É oportuno citar que, o agricultor canavieiro recebe sua remuneração pelo modelo “Consecana”, uma forma de pagamento em parceria, com repasse ao cultivador, pelas indústrias, dos níveis de preços obtidos nas vendas dos produtos finais. Considerando agricultores de canas próprias, cooperativas de cana, usinas e destilarias com canas próprias são mais de 60.000 agentes, plantadores, que geram mais de 1 milhão de empregos formais e diretos, movimentando renda em robusto cluster agrícola, com investimentos em produtividade, tecnologia e bens de capital. Os custos são assim, pesados e certos, já as receitas, mais sujeitas às oscilações, mesmo com os mais eficientes hedges dos mercados futuros. As projeções apontam para a safra 2019/2020, um potencial de mercado de mais de 1 milhão de toneladas de cana, o que envolveria a necessidade, de certa forma utópica, de crescimento de mais 400 milhões de toneladas, praticamente, havendo espaço para se dobrar a produção, inclusive por meio de ganhos de produtividade. Há então a chance mercadológica dos Privados, do Governo Federal e inclusive das Distribuidoras de Combustíveis, poderem modelar projeto eficiente e sustentável. Atualmente, os preços de venda do etanol, pagos pela distribuição ao produtor, não remuneram. Ainda assim, o mix de produção é projetado para a safra em curso (safra 2011-2012) em 54% do caldo da cana para produzir etanol e 46% para a fabricação do açúcar. Por conseguinte, aquilo de principal que o Governo Federal tem que examinar e regular com foco é o espaçamento entre o preço do etanol nas usinas, em suas médias históricas, versus os preços que chegam ao consumidor. O equilíbrio da renda na cadeia produtiva pode melhorar se o produtor de etanol puder vender, ainda que alternativamente, ao canal de distribuição no varejo (posto). O que é ser distribuidor de combustível? Qual é a quantia necessária para se investir em estoques? Para ser distribuidor, precisa ter tancagem própria? Basta comprar no spot, sem bases contratuais? São essas questões com que a ANP seguramente vai se deparar com o advento da MP 532, ora em andamento no Congresso Nacional. A cadeia produtiva da cana no Nordeste vai continuar cooperando no abastecimento, mesmo equivalendo, por enquanto, a apenas 10% do volume nacional de cana. No entanto, opera em época de safra complementar à produção do Centro-Sul, auxiliando a minimização da quebra de sazonalidade, no abastecimento dos produtos finais. A região representa a melhor e mais racional alternativa, destinada aos incentivos de políticas públicas, bastando apenas isonomia, por tempo certo, com os programas a fundo perdido, relativos a PEPROS, PROPS, PEPS, que o Governo Federal gasta com as culturas mecanizadas. Os atrativos da logística portuária do Nordeste, menos ineficiente do que aquela do Centro-Sul, a perspectiva de mecanização de maior percentual do corte da colheita da cana, nas áreas declivosas, progridem sob investimentos privados. As pesquisas de melhoramento genético, através da rede do conhecimento Ridesa avançam efetivamente, tendo a produtividade agrícola crescido cerca de 20% nos últimos cinco anos, e, assim, chegará à época de colhermos os frutos dos trabalhos, sobretudo em autogestão privada, que vem sendo aplicada desde a queda da tutela do antigo IAA, no final dos anos 80. █
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Opiniões It is appropriate to mention that the sugarcane planter gets his compensation according to the “Consecana” model, with payment based on a partnership in which payouts are made to planters, by companies, at the price levels achieved when selling end-products. Considering farmers with own sugarcane, sugarcane cooperatives, mills and distilleries with own sugarcane, there are more than 60,000 agents and planters that generate more than 1 million formal and direct jobs, with the resulting revenues in a robust agro-cluster, and with investments in productivity, technology and capital goods. Costs, therefore, are certain and weigh heavily, whereas revenues are more prone to variation, even with the efficient hedging in futures’ markets. For the 2019/2020 harvest, projections show a market potential of more than 1 million tons of sugarcane, which would imply the (to a certain degree utopist) actual growth of more than 400 million tons, with room to double production, also by means of productivity gains. Thus, there would be an opportunity for private initiative, the Federal Government and also fuel distributors, to come up with an efficient and sustainable project. Currently, ethanol sales prices, paid by the distributor to the producer, do not pay-off. Even so, the production mix projected for the current season (2011-2012 harvest) is at 54% of cane juice to produce ethanol and 46% to produce sugar. Hence, what is essential and needs to be addressed by the Federal Government and duly focused on is the gap between the prices of ethanol at the mills, considering the historical averages, in comparison with the prices at which the product reaches the consumer. The revenue balance in the production chain may improve if the ethanol producer can sell, albeit alternatively, to the retail outlet (gas station). What does it mean to be a fuel distributor? How much money in needed to invest in inventory? To be a distributor, does one need to have one’s own storage tanks? Does it suffice to buy “spot”, regardless of contractual terms? Such are the issues the ANP surely will face with the coming into force of Provisional Bill (MP) 532, currently under analysis by the National Congress. The production chain of sugarcane in the Northeast will continue to cooperate in the supply, even while currently being responsible for only 10% of the country’s sugarcane production. However, the region performs supplementarily to the production of the Southeast at the time of harvesting, helping to minimize the shortfall caused by seasonality in the supply of end-products. The region is the best and most rational alternative for public policy incentives. All that is needed is isonomy for a certain time period, relative to non-payback grants such as the PEPROS, PROPS, and PEPS programs, by which the Federal Government spends on the mechanization of cultures. The attractiveness of the Northeast’s port logistics, less inefficient than that of the Center-Southern region, and the prospect of the mechanization of a larger share of the sugarcane harvest in areas on slopes, progresses with private investments. Research in genetic improvement, through the RIDESA knowledge network, is progressing, with agricultural productivity having increased by about 20% in the last five years, and thus the time will come for us to reap the fruit of our labor, particularly from private self-management, which has been applied since the demise of tutelage by the former IAA institute at the end of the 1980’s. █
bancos de fomento
Opiniões
uma agenda de
desafios e oportunidades An agenda of challenges and opportunities
Ainda sem podermos afirmar que todos os efeitos da crise de 2008 foram devidamente superados, o setor sucroenergético tenta ensaiar, de forma tímida, uma retomada de crescimento. Na região Centro-Sul, responsável por mais de 90% da produção nacional, a moagem nos últimos três anos avançou a um ritmo anual de 3%, bem modesto se comparado aos 10% anuais do período 2003-08 e incapaz de gerar uma produção adicional de etanol que atenda, de forma confortável, o nível de crescimento “chinês” da frota flex nacional.
While still unable to state that all effects of the 2008 crisis have been duly overcome, the sugarcane-based energy industry is timidly attempting to resume growth. In the Center-Southern region, responsible for more than 90% of domestic production, crushing in the last 3 years progressed at an annual pace of 3%, quite modest when compared to the annual 10% of the period 2003-08, and insufficient to generate additional ethanol production to comfortably meet the “Chinese” growth rate of the country’s flex-fuel vehicle fleet.
" analisado sob a ótica de desembolsos do banco para o setor, o ano de 2010 mostrou-se excepcional, com um desembolso total que alcançou o nível recorde de R$ 7,6 bilhões, mostrando, uma vez mais, a capacidade de resposta dessa indústria " Carlos Eduardo Cavalcanti Chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES Head of BNDES’ Biofuels Department
Observando-se as cartas-consultas e aprovações mais recentes na carteira do Bndes, os projetos indicam uma tendência de investimento superior à média histórica em cogeração de energia, fato que pode ser explicado pela busca das empresas por receitas mais estáveis neste período pós-crise. Outro aspecto é que os contratos de longo prazo de venda de energia, normalmente sob o mercado regulado, acabam compondo parcela substancial das garantias que irão viabilizar novos financiamentos. Analisado sob a ótica de desembolsos do banco para o setor, o ano de 2010 mostrou-se excepcional, com um desembolso total que alcançou o nível recorde de R$ 7,6 bilhões, mostrando, uma vez mais, a capacidade de resposta dessa indústria. Contribuiu decisivamente para esse desempenho a manutenção das linhas do PSI - Programa Bndes de Sustentação do Investimento para Bens de Capital, em condições competitivas ao longo de todo o ano, que proporcionaram investimentos em modernização industrial e agrícola. Tirando um pouco o olho do retrovisor e olhando um pouco mais à frente, em ação que é própria de um banco de desenvolvimento, podemos afirmar que a agenda do Bndes para o setor, ao longo dos próximos anos, está pautada por alguns elementos fundamentais, a saber: 1. a necessidade de expansão da capacidade produtiva, sobretudo com a produção de etanol; 2. o apoio a sistemas logísticos que permitam o adequado escoamento da produção para os centros consu-
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The assessment of the most recent project consultations and approvals relative to Bndes’ portfolio shows that there is a trend towards investment amounts that exceed the historical average as related to energy co-generation, a fact that can be explained by companies’ search for more stable revenues in this post-crisis period. Another aspect is that long-term energy sales contracts, normally handled in the regulated market, end up comprising a substantial share of the guarantees that will make new financing feasible. Analyzed from the perspective of the Bank’s disbursements to the industry, the year 2010 was quite exceptional, with total disbursements reaching a record R$ 7.6 billion, again showing this industry’s responsive capacity. Decisive contributions to this performance were Bndes’ “PSI” credit lines, maintained under the Capital Goods Investment Sustainability Program, with competitive conditions throughout the year, which allowed for investments in the modernization of industry and agriculture. When looking ahead rather than in the rear mirror as concerning what is a typical initiative of a development bank, we may state that Bndes’ agenda for this industry in coming years is defined by some fundamental elements, which are: 1. the need to expand production capacity, particularly of ethanol; 2. support for logistics systems that adequately allow production to reach consumer regions; 3. strengthening
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bancos de fomento midores; 3. o fortalecimento da cadeia de fornecedores de equipamentos; e 4. o apoio à inovação tecnológica. O primeiro tema, relacionado ao investimento em expansão da capacidade industrial, foi e continuará sendo o carro-chefe de nossas atividades, haja vista a necessidade de garantir o abastecimento adequado da frota de veículos flex, que se mantém em seu ritmo de crescimento. Embora ainda não se tenha clareza de quando se dará a retomada de investimentos, sobretudo em projetos greenfield, dois fatores poderão contribuir para uma tomada de decisão mais rápida pelas empresas: 1. o esgotamento do ciclo de aquisições pós-crise, no qual tivemos a troca de controle em um volume superior a 150 milhões de toneladas (ou 25% da capacidade total de moagem); e 2. a discussão do pacote fiscal norte-americano, com a provável queda do chamado VEETC (Volumetric Ethanol Excise Tax Credit), conjunto de tarifas e subsídios que favorecem o etanol de milho produzido nos EUA em detrimento do etanol brasileiro. No apoio à logística, o banco, além de financiar algumas iniciativas de empresas do setor orientadas para o desenvolvimento de sistemas de transportes nos modais hidroviário e ferroviário, além de melhorias em infraestrutura portuária, está financiando a Logum na implantação do alcoolduto – com a primeira etapa em curso. Trata-se de projeto emblemático para o Brasil, pois, além de permitir a colocação do etanol a custos competitivos nos principais centros, reduzirá a emissão de carbono com o desuso de parte relevante da frota de veículos pesados que consomem diesel. Com relação ao setor de bens de capital sob encomenda, comumente apoiado pelo Bndes, existe uma clareza de entendimento de que as empresas, a exemplo das usinas, saíram muito fragilizadas da crise. Contudo, diferentemente das usinas, nas quais houve forte movimento de consolidação com migração de controle, e consequente capitalização, as empresas do setor permanecem em situação delicada, sendo extremamente importante que elas busquem uma reestruturação antes de uma eventual retomada de investimentos do setor sucroenergético. Ressalte-se que, do desembolso total do Bndes para o setor no ano passado, cerca de R$ 4 bilhões foram aplicados no âmbito do PSI – Bens de Capital. Por fim, cabe destacar a ação que o Bndes tem feito para apoiar os esforços inovadores. Juntamente com a Finep, lançamos, em março deste ano, o Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico - PAISS, que conta com recursos de R$ 1 bilhão e, baseado nas novas tecnologias industriais voltadas para o processamento da biomassa derivada da cana, atua sobre três linhas temáticas: o etanol de segunda geração, os novos produtos derivados de cana-de-açúcar a partir de rotas biotecnológicas e a rota termoquímica da gaseificação. Muitas dessas novas tecnologias já deverão alcançar escala competitiva no curso dessa década. O Bndes tem trabalhado de forma proativa com o setor sucroenergético, tendo, inclusive, realçado esse papel no contexto da crise de 2008, ratificando o seu compromisso e visão de longo prazo. Atuando de forma a superar os desafios então enumerados, creio que estaremos contribuindo para o fortalecimento dessa indústria tão virtuosa e estratégica para o País. █
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Opiniões the equipment supplier chain; and 4. supporting technological innovation. The first topic, related to investing in the expansion of industrial capacity, has been and will continue to be the flagship of our activities, in light of the need to guarantee adequate supply of fuel for the flex-fuel vehicle fleet, which is sustaining its growth rate. Although it is still unclear when investments will resume, particularly greenfield projects, two factors may contribute to a faster corporate decision-making process: 1. the exhaustion of the post-crisis acquisition cycle, in which change in ownership occurred in a magnitude of more than 150 million tons (or 25% of the total crushing capacity); and 2. the debate concerning the U.S. tax package (the VEETC - Volumetric Ethanol Excise Tax Credit), a set of tariffs and subsidies that favors ethanol from corn produced in that country, to the detriment of Brazilian ethanol, which tax credit is expected to be dropped. As concerning support for logistics, in addition to financing some initiatives of companies in the industry aimed at the development of transportation systems in the waterway and railroad modals, and for the betterment of port infrastructure, the Bank is financing a company named Logum, which is implementing a pipeline for ethanol, with the first phase currently in progress. This is an emblematic project for Brazil, because apart from allowing getting ethanol to the main consumer regions at competitive costs, it will reduce carbon emissions by causing the idling of a significant fleet of heavy diesel-burning vehicles. With respect to the customized capital goods industry, historically supported by Bndes, there is a clear perception that companies, like the mills, came out of the crisis in a very fragile state. However, unlike the mills, that to a large extent consolidated and changed owners and were subsequently capitalized, other companies in the industry remained in a delicate situation, so it is very important that they seek to reorganize before possibly resuming investments in the sugarcane-based energy industry. One should emphasize that of Bndes’ total disbursements to this industry last year, about R$ 4 billion were invested under the “PSI” (Capital Goods program). Finally, one should emphasize Bndes’ initiative in supporting efforts made to foster innovation. Together with Finep, in March of this year, we launched a Joint Plan for the Support of Industrial Technological Innovation in the sugarcane-based energy and sugarcane-based chemical industries – named “PAISS”, that has been endowed with funds in the amount of R$ 1 billion, and, based on new industrial technologies destined for the processing of biomass derived from sugarcane, focuses on three objectives: second generation ethanol, new products derived from sugarcane following bio-technological routes, and the thermo-chemical gasification route. Many of these new technologies are expected to reach competitive scale in the current decade. Bndes has been proactively engaged in assisting the sugarcane-based energy industry, having done so in an emphatic way in the context of the 2008 crisis, ratifying its long-term commitment and vision. By performing in a way such as to overcome the above mentioned challenges, I believe we will contribute to the strengthening of this so virtuous and strategic industry for the country. █
FE
usinas e destilarias
Opiniões
alternativas etanol
para o governo regular o mercado de
Alternatives for the government to regulate the ethanol market
O etanol brasileiro passou, recentemente, a ser monitorado pela ANP - Agência Nacional do Petróleo, segundo medida provisória promulgada pelo Governo Federal. Adicionalmente, o governo brasileiro se comprometeu a definir políticas que tragam maior estabilidade a um mercado que movimenta quase 30 bilhões de litros por ano no País. A tarefa é complexa, principalmente se considerarmos que o mercado de açúcar é livre, sendo o Brasil o maior produtor e exportador mundiais do produto. Como aproximadamente metade da cana no Brasil é destinada a essa importante commodity, resta ao etanol a missão de conviver com os altos e baixos desse mercado, cuja volatilidade de preços é enorme. Com uma frota crescente de automóveis flex e a nossa incapacidade imediata em aumentarmos o refino de gasolina, o governo tem que induzir os produtores a privilegiarem a produção de etanol e, ao mesmo tempo, investirem em aumento de capacidade para suprir a demanda futura. Sabemos que a redução da mistura de etanol na gasolina vai contra essa direção, já que pressupõe a importação de gasolina no mercado internacional e o desestímulo a investimentos no setor, além de manchar nossa imagem como fornecedor confiável de etanol para o restante do mundo.
" com um mecanismo desses em vigor, poderíamos finalmente garantir ao etanol um status de commodity equilibrada e atraente, trazendo novos investimentos ao parque produtivo, criando empregos e ajudando a evitar aumentos abusivos de preços " Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo Diretor Comercial da Usina Alta Mogiana Commercial Director of Usina Alta Mogiana
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Brazilian ethanol recently began to be monitored by the National Petroleum Agency, according to a provisional bill enacted by the federal government. In addition, the Brazilian government committed to defining policies that will result in more stability in a market that processes almost 30 billion liters per year in the country. It is a complex task, mainly when considering that the sugar market is free, with Brazil ranking as the product’s largest producer and exporter in the world. Since almost half of Brazil’s sugarcane is destined to this important commodity, ethanol is left with the mission of dealing with the highs and lows of this market, in which price volatility is enormous. With the recent increase in the number of flex-fuel vehicles and our incapacity to increase the refining of gasoline, the government has induced producers to prioritize the production of ethanol, while at the same time investing in the increase of the production capacity to meet future demand. We know that the reduction of the volume of ethanol mixed to gasoline runs in the other direction, since it assumes the importing of gasoline from the international market and discourages investments in this industry, while also damaging our image as a reliable supplier of ethanol to the world.
usinas e destilarias A obrigatoriedade da contratação de anidro entre distribuidoras de combustíveis e produtores é um passo importante, já que diminui sobremaneira o risco de desabastecimento do produto na entressafra. Esses contratos já são realizados comumente entre usinas e grandes consumidores industriais de açúcar, com ótimos resultados para as duas partes. Qualquer necessidade adicional de compra que não puder ser atendida dessa forma recairia no mercado internacional de etanol, através de importações ou até do washout de contratos de exportação, preservando-se, dessa forma, a mistura obrigatória de 25% de etanol na gasolina. Uma das alternativas disponíveis para diminuir a volatilidade de preços seria utilizar os modernos mecanismos de mercado futuro que temos à nossa disposição hoje. Sabemos que a oferta de etanol é abundante durante a safra, deprimindo preços e levando os produtores a direcionarem parte da produção para o açúcar. O efeito disso é a escassez do produto na entressafra, com um forte aumento de preços que desagrada aos consumidores e atrapalha a política de contenção da inflação no País. A oferta de crédito para as usinas estocarem durante a safra, apesar de útil, tem sido insuficiente para evitar a disparada das cotações. Um instrumento complementar à política de crédito de estoques seria a realização de leilões de opções de preços mínimos. O governo leiloaria operações que garantissem um preço atraente ao produtor durante a safra, fazendo com que o setor tivesse margens saudáveis e, com isso, aumentasse a produção.
The obligation of contracting anhydrous ethanol in the trade relation between fuel distributors and producers is an important step, because it considerably decreases the lack of product in the off-season. Such contracts are usually celebrated between the mills and the large industrial sugar consumers, with excellent results for both parties. Any additional purchase need that cannot be met in such a manner would be handled by the international ethanol market through imports or even by export contract washouts, thereby maintaining the mandatory mixture of 25% of ethanol in gasoline. One of the available alternatives to diminish price volatility would be to use modern mechanisms of future markets that we nowadays have available. We know the supply of ethanol is abundant during the harvest, reducing prices and making producers destine a part of the production to sugar. This results in a lack of the product in the off-season, with a strong increase in prices that upsets consumers and interferes with the inflation containment policy in the country. The availability of credit for mills to build up inventory during the harvest, albeit useful, has proven insufficient to prevent price levels from escalating. A supplementary instrument to credit availability policies would be to undertake minimum price auctions. The government would promote auctions to guarantee an attractive price for the producer during harvesting, resulting in that the industry would achieve better margins and thus increase production.
PARA TRATAMENTO DO CALDO PRIMÁRIO MAIS UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
ROCK FILTER
Testes confirmaram a elevada eficiência do ROCK FILTER no caldo primário. A MECAT projetou e fabrica o ROCK FILTER com o objetivo de filtrar líquidos com sólidos insolúveis abrasivos, com alto padrão de eficiência. Os testes aconteceram na safra passada com acompanhamento do laboratório de física da MECAT e do laboratório de controle de qualidade da usina na qual foram realizados. Performances: • Filtração continua • Capacidade de filtração constante de: até 150m3/h; • Não há refluxo • Potência aplicada: 20HP • Sólidos insolúveis removidos em 24 horas de operação: 100 toneladas • Eficiência granulométrica (impurezas). Tamanho médio das partículas de sólidos insolúveis no filtrado: 800 mesh, ou 14 microns.
SAÍDA DOS SÓLIDOS
Estes dados comprovam a tecnologia inovadora que caracteriza a MECAT. Hoje com mais de 210 Turbo Filtros SF 300 no tratamento do caldo clarificado e no xarope, vendidos e instalados nos últimos três anos no Brasil, México, Equador, na Louisiana (EUA), Florida (EUA) e em Angola (África). Tendo como clientes os maiores grupos do mundo fabricantes de Açúcar e Etanol. Com o ROCK FILTER a MECAT vem a confirmar, mais uma vez, a importância estratégica da sua presença na indústria de Açúcar e Etanol. Através da sua tecnologia de ponta conseguiu sobressair em relação a outros equipamentos no SAÍDA DO CALDO FILTRADO mercado mundial. Estas performances beneficiam o processo, aumentam a eficiência dos equipamentos, contribuindo também para obtenção de produtos finais de melhor qualidade, favorecendo desde o começo uma redução significativa no custo operacional e energético. A grande concentração de sólidos insolúveis que se encontra no processo durante o período de chuvas ou em função do corte mecânico da cana, varias usinas se encontram com os decantadores com a capacidade no limite operacional, tendo assim em vários casos o chamado arraste. O ROCK FILTER elimina o arraste e melhora a capacidade produtiva da usina, em função do aumento da capacidade operacional do decantador devido o menor volume dos sólidos insolúveis na entrada separados pela ação do ROCK FILTER.
Opiniões Em contrapartida, os produtores entregariam ao governo um limite de alta nos preços na entressafra, amenizando um eventual choque futuro de preços. Esses leilões não precisam envolver estoques, o que seria muito eficiente e à prova de fraudes. Seria uma operação puramente financeira, com o repaldo e a garantia da BM&F/Bovespa, que dispõe, atualmente, de um contrato de etanol que funcionaria como uma câmara de compensação para os devidos ajustes de preços. O custo para o governo é nulo, pois a receita das vendas das opções de preço mínimo da safra (opções de venda, ou puts, no jargão do mercado) seria contrabalançada pela despesa advinda da compra de opções na safra (opções de compra, ou calls). Na hipótese de uma elevação de preços exagerada, o governo se tornaria credor da bolsa, recebendo para si toda a diferença de preços entre o combinado com os produtores e o preço de mercado. Isso traria enorme conforto ao abastecimento doméstico, pois se trata de uma situação que os produtores evitariam a qualquer custo, já que, com um teto de preços definido, não haveria nenhuma razão para que eles buscassem ultrapassá-lo. Vamos supor que o piso de preços fosse de R$ 1.200,00/ m3 (base Paulínia, sem impostos) e o teto, R$ 1.300,00/ m3. Dificilmente, o mercado operaria fora da banda, pelos motivos já citados. Com um mecanismo desses em vigor, poderíamos finalmente garantir ao etanol um status de commodity equilibrada e atraente, trazendo novos investimentos ao parque produtivo, criando empregos e ajudando a evitar aumentos abusivos de preços. Uma situação que agradaria aos produtores, consumidores e Governo Federal, enfim. █
Producers, in turn, would commit before the government to limit prices in the off-season, thereby attenuating a possible future price shock. Such auctions need not involve inventory, making the process quite efficient and immune to fraud. It would be a straightforward financial transaction, guaranteed and endorsed by BM&F/Bovespa, which currently has celebrated an ethanol contract, and which would operate as a clearance chamber with respect to price adjustments. The cost to the government would be zero because sales revenues from the harvest’s minimum price options (“puts” in the market’s terminology) would be offset by expenses incurred with the purchase of options during the harvest (purchase options or “calls”). In the event of excessive price increases, the government would become a creditor of the stock exchange, receiving the entire difference between the price agreed upon with the producers and the market price. This would afford domestic supply a high degree of normality, because it would be a situation producers would want to avoid at all cost, given that with a defined maximum price level there would be no reason for their seeking to exceed it. Let us assume that the price floor were R$ 1,200.00/m3 (base Paulinia, without taxes) and the maximum R$ 1,300.00/m3. It would be highly unlikely that the market would operate outside the band, for the reasons mentioned above. By practicing one of these mechanisms, we could finally guarantee ethanol the status of a well-balanced and attractive commodity, resulting in new investments in industrial capacities, creating jobs and helping prevent abusive price increases. In short, a situation to the liking of producers, consumers and the federal government. █
VISITE-NOS NA FENASUCRO - ÁREA EXTERNA 1 - ESTANDE 12
Fluxograma indicativo de operação do ROCK FILTER
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Opiniões
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Do ponto de vista mercadológico, o atual momento do etanol não podia ser melhor. Primeiro, porque a demanda interna é maior do que a capacidade de produção da agroindústria canavieira, o que mantém estáveis os preços. Segundo, porque, no front internacional, são claros os sinais de que o mercado vai se abrir para o nosso combustível alternativo. Entretanto, não cabe comemorar, pois nem tudo se resume ao sucesso comercial. Politicamente, por exemplo, o momento é bastante negativo. O preço elevado dos derivados da cana gera alguma pressão inflacionária numa hora difícil. E, quanto à abertura externa, o lado ruim é que não temos produção para atender a esse fantástico novo mercado.
Ethanol’s current phase, from a marketing standpoint, could not be any better. First, because domestic demand is higher than the sugarcane agro-industry’s production capacity, thus maintaining prices stable. Second, because on the international front, there are clear signs that the market will open for our alternative fuel. However, we need not celebrate because commercial success is not the whole story. Politically, for example, it is quite a bad time. The high price of sugarcane-based products causes some inflationary pressure in a difficult moment. As to going international, the bad news is that we lack production to meet the demand of this fantastic new market.
" desde 2008, sabíamos que não teríamos etanol para sustentar a dupla demanda interna e externa, mas não resistimos à aposta do presidente Lula de que teríamos cacife para disputar simultaneamente o campeonato nacional e a copa mundial " Maurilio Biagi Filho Presidente da Maubisa President of Maubisa
Diante de tudo isso, alguém poderá perguntar de que adiantou o setor sucroalcooleiro ter crescido continuamente ao longo dos últimos trinta anos. Poderíamos argumentar que contribuímos para aliviar a crise do abastecimento de combustíveis, já que, hoje, a lavoura canavieira responde por 16% da matriz energética brasileira, oito vezes mais do que na época da criação do Proálcool, em 1975. No entanto, ainda que seja positivo o balanço da nossa evolução, precisamos olhar para a frente e reconhecer que a única forma de sair do impasse atual é investir no aumento da produção, como aconteceu ao longo da última década, quando a expansão da cadeia do etanol superou o crescimento de quaisquer outros ramos da agricultura.
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In light of all this, one may ask what good did it do that the sugarcane-based industry grew continuously in the course of the last thirty years. One could argue that we contributed to attenuate the fuel supply crisis, since nowadays the sugarcane crop stands for 16% of Brazil’s energy matrix, eight times more than at the time of the “Proálcool” program in 1975. And yet, even if the balance of this development were positive, we need to look ahead and acknowledge that the only way out of the current impasse is to invest in the increase of production, as was done in the last decade, when the expansion of the ethanol chain surpassed the growth of any other agricultural area.
usinas e destilarias Foi um sucesso tão extraordinário, que se tornou interessante para o Brasil colocar o etanol na vitrine como uma prova da nossa capacidade de oferecer soluções contra as crises ambiental e energética. Na maior parte dos seus oito anos de governo, o presidente Lula usou o glamour do etanol em favor da imagem brasileira no exterior. Foi bom para todos, mas o clima mudou. Embalado na onda de grandes investimentos em expansão agrícola e industrial, o setor saiu exaurido da crise financeira de 2008, tanto que muitas usinas mudaram de mãos, passando ao controle de grupos multinacionais. Chegamos a um momento rico, em que o setor desfruta de estabilidade produtiva, mas não dispõe de recursos para dar o salto que interessa ao País. Uma das sequelas da crise é que, tanto na opinião pública como dentro do governo, sedimentou-se o conceito de que o setor sucroenergético não merece receber tratamento diferenciado porque não é confiável. Não cabe discutir se essa visão é justa ou razoável; queiramos ou não, a imagem não é favorável. Reconheçamos, o problema é antigo. Mais de 50 anos depois, ainda hoje colhemos os frutos da nossa soberba. Por conta de dissidências não resolvidas, até hoje muitos membros da agroindústria canavieira cultivam sentimentos de desconfiança mútua, o que resulta no quadro de baixa representatividade que nos caracteriza. A fragmentação da liderança é uma das marcas do setor sucroenergético. Embora seja uma entidade moderna, bem dirigida por Marcos Jank, a Unica - União da Indústria Canavieira, conta com um baixo índice de adesão dos empresários do ramo. Infelizmente, a disputa de egos impede que uma única pessoa seja reconhecida como a voz de um setor cuja maior contradição interna é, paradoxalmente, decidir o que fazer com o caldo de cana – se mais açúcar ou mais etanol. Mais lamentável ainda é o caso do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, um primor técnico mantido por poucos para o desfrute de todos. Desde 2008, nós sabíamos que não teríamos etanol para sustentar a dupla demanda interna e externa, mas não resistimos à aposta do presidente Lula de que teríamos cacife para disputar simultaneamente o campeonato nacional e a copa mundial dos combustíveis renováveis. Pior, cometemos o equívoco de dar mais atenção a Washington do que a Brasília. Se foi imprudência, ingenuidade ou irresponsabilidade, não importa; o importante é que precisamos adotar uma postura menos imediatista. Pés no chão, cabeça fria, vistas para o longo prazo: para sair da atual sinuca, o setor precisa de recursos de longo prazo, com taxas adequadas para sustentar investimentos típicos de infraestrutura. A saída não é setorial, mas global. Há aí um problema de política energética que há muito tempo devia ter sido equacionado. É que o “tabelamento” do preço da gasolina limita o etanol. Em nome do futuro, seria bom que a relação etanol-gasolina fosse resolvida o quanto antes. Se quisermos garantir o futuro da biomassa como fonte de combustíveis, precisamos não só aumentar a produção, mas também montar parcerias empresariais e fazer acordos com outros países, tomando cuidado para avaliar corretamente as oportunidades existentes, pois o mercado internacional de commodities agrícolas está sujeito a grandes distorções. █
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Opiniões It was such an extraordinary success that it made Brazil showcase ethanol as proof of our ability to offer solutions for the environmental and energy crises. For the most part of the eight years of his government, president Lula used the glamour of ethanol in favor of the Brazilian image abroad. This was good for everybody because the atmosphere changed. Riding on the wave of large investments in agricultural and industrial expansion, the industry came out exhausted from the 2008 crisis, with many mills having changed ownership and passing to the control of multinational groups. We have reached a fortunate moment in which the industry enjoys production stability but lacks funds to make the leap forward that is of interest to the country. One of the sequels of the crisis is that in both the public opinion and in areas within government the idea that the sugarcane-based energy industry does not merit receiving a differentiated treatment because it it not reliable, has found a foothold. It makes no sense to discuss whether this vision is fair or reasonable. Whether we like it or not, the image is not a favorable one. We must acknowledge it is an old problem. More than 50 years later, we are still reaping the benefits of our pride. On account of unresolved dissidences, to this day, many parties of the sugarcane agro-industry cultivate feelings of mutual distrust, resulting in the low level of representativeness that characterizes us. Fragmentation of leadership is one of the marks of the sugarcane-based energy industry. Albeit a modern entity, well managed by Marcos Jank, the Brazilian Sugarcane Association (Unica) has a low adhesion rate among the industry’s business leaders. Unfortunately, ego disputes result in that a single individual is not acknowledged as the speaker of the industry, whose biggest internal contradiction paradoxically is to decide what to do with sugarcane juice – whether to produce more sugar or more ethanol. Even more regrettable is the case of CTC - Sugarcane Technology Center, a technical icon supported by few for the benefit of all. Since 2008 we knew that we would not have ethanol to support double demand - domestic and international – for ethanol, but we did not resist the offer of president Lula, whereby we would have enough clout to, at the same time, promote the national championship and the world cup of renewable fuels. Even worse, we made the mistake of paying more attention to Washington than Brasília. It does not matter if this resulted from imprudence, naivety or irresponsibility; important is that we need to adopt a less immediate posture. A down-to-earth attitude, cool head, eyes set on the long-term: to come out of this mess, the industry needs long-term funding, at adequate rates to sustain investments typical for infrastructure. The way out is not industry-based, but global. Therein lies an energy policy problem that should have been resolved a long time ago. It consists of the fact that the price setting of gasoline limits ethanol. For the sake of the future, it would be good if the relation ethanol-gasoline were resolved as soon as possible. If we want to warrant the future of biomass as a source of energy, we need to not only increase production, but set-up partnerships with the business community of other countries, taking the necessary precautions to correctly assess existing opportunities, given that the international agricultural commodity market is prone to major distortions. █
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usinas e destilarias
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Opiniões
e agora, Brasil, qual é o seu
sonho
And now, Brazil, what is your dream?
(*) Eduardo Giannetti, "O valor do amanhã"
" Quando a criação do novo está em jogo, resignar-se ao provável e ao exequível é condenar-se ao passado e à repetição. No universo das relações humanas, o futuro responde à força e à ousadia do nosso querer. A capacidade de sonho fecunda o real, reembaralha as cartas do provável e subverte as fronteiras do possível. Os sonhos secretam o futuro" *
Igor Montenegro Celestino Otto Diretor Corporativo do Grupo USJ Corporate Director of Grupo USJ
Em 2022, o Brasil vai completar duzentos anos da sua independência. Qual é a meta que temos para o setor sucroenergético nesse momento emblemático da nossa história? Uma meta é um sonho que tem data para acontecer. Acredito que, no setor sucroenergético, a nossa meta-sonho é atingir a produção de 1,5 bilhão de toneladas de cana em 2022, com isso criar milhares de empregos para nossa gente, melhorar a nossa economia e preservar o nosso ecossistema. A receita de 10 passos para atingir essa meta-sonho está disponível. Vamos a ela! O primeiro passo é alcançar os mercados em crescimento. Até 2022, seremos, aproximadamente, 8 bilhões de seres humanos compartilhando o planeta. Portanto, haverá um contínuo crescimento da demanda por energia, combustíveis e alimentos nos próximos anos. Precisamos melhorar nossos sistemas de comercialização e de garantia de suprimento para que o etanol, o açúcar e a bioeletricidade possam ocupar os novos mercados que estão sendo criados em todas as regiões do planeta.
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In 2022, Brazil will commemorate 200 years of independence. What goal do we have for the sugarcane-based energy industry in this emblematic moment of our history? A goal is a dream with a date by when to occur. I believe that in the sugarcane-based energy industry our dream goal is to reach a production of 1.5 billion tons of sugarcane in 2022, and thus create thousands of jobs for our people, improve our economy and preserve our ecosystem. The 10-step recipe to reach this dream goal is achievable. Let’s go for it! The first step is to reach the growth markets. Until 2022 we will be about 8 billion human beings on the planet. Therefore, there will be continuous growth in demand for energy, fuel and food in coming years. We must improve our marketing systems and warrant supply so that ethanol, sugar and bio-electricity may occupy the new markets that are being created in all regions of the planet.
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usinas e destilarias O segundo passo é assegurar sustentabilidade dos negócios. Avançar na melhoria das condições de segurança e saúde do trabalho na agroindústria canavieira. Disseminar as melhores práticas de manejo agrícola e de reúso de resíduos. Investir na manutenção da biodiversidade. Melhorar o relacionamento entre as companhias e as comunidades. Incentivar a integração da cadeia produtiva, aumentando a participação de prestadores de serviço e fornecedores no processo produtivo. O terceiro passo é alcançar a viabilidade econômico-financeira para os empreendimentos. Reduzir o custo financeiro dos empréstimos. Criar novos mecanismos de incentivo fiscal para a atividade. Reduzir as alíquotas dos impostos. Melhorar a paridade dos preços internos do etanol e flexibilizar o preço da gasolina. Manter sob controle os custos de produção agrícola e industrial. O quarto passo é capacitar profissionais. Investir na qualificação de pessoas para as atividades da cadeia produtiva da agroindústria canavieira. Incentivar a educação profissional nos centros de formação técnica e tecnológica em nossas universidades. Assegurar boas oportunidades profissionais e boas condições de trabalho dentro das companhias. O quinto passo é expandir a área agrícola plantada com cana-de-açúcar. Investir na integração da cadeia produtiva produtor rural-indústria, oferecendo condições competitivas de negócio para os fornecedores de cana. Compartilhar ganhos de escala com os parceiros da cadeia produtiva. Recuperar áreas agrícolas degradadas pelas pastagens para o plantio de cana. Investir no melhoramento genético de variedades e no aperfeiçoamento do manejo da agricultura canavieira. O sexto passo é investir na construção de novas fábricas e no retrofit das já existentes. Construir novas fábricas com grande capacidade de processamento, tecnologia de alta produtividade e mix de produção completo (açúcar, etanol e bioeletricidade). Investir no retrofit das fábricas existentes, aumentando a sua capacidade de processamento, melhorando a sua produtividade e completando o seu mix de produção. O sétimo passo é melhorar infraestrutura e logística. Construir dutovias para transporte de etanol, ligando as regiões produtoras aos portos. Investir no aperfeiçoamento das hidrovias para transporte de açúcar e etanol. Concluir a execução das obras das ferrovias projetadas. Melhorar as malhas rodoviárias das regiões produtoras. Expandir a infraestrutura dos portos. Investir na expansão da rede de transmissão de energia elétrica. O oitavo passo é focar em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Investir em biotecnologia visando aumentar a produtividade agrícola (TCH), fazer crescer o teor de açúcar (Pol%), melhorar o teor de fibra, reduzir o custo de produção e diminuir o impacto ambiental da atividade canavieira. Investir em inovação da engenharia agrícola. Investir em pesquisa e desenvolvimento das rotas tecnológicas da hidrólise e da termoconversão da biomassa. Pesquisar novos usos e novos produtos da cana. O nono passo é melhorar a gestão empresarial. Investir nas melhores práticas de governança corporativa,
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The second step is to warrant business sustainability. To advance in improving safety and occupational health conditions in the sugarcane agro-industry. To disseminate best practices in agricultural management and in the re-utilization of residues. To invest in the maintenance of biodiversity. To improve relations among companies and communities. To foster the integration of the production chain, increasing the participation of service providers and suppliers of the production process. The third step is to attain economic-financial feasibility in undertaken projects. To reduce the financial cost of financing. To create new mechanisms for fiscal incentives for the activity. To reduce tax rates. To improve the parity of domestic ethanol prices and flexibilize the price of gasoline. To keep agricultural and industrial production costs under control. The fourth step is to qualify professionals. To invest in people for activities in the production chain of the sugarcane agro-industry. To foster professional education in technical and technological schooling centers and in our universities. To assure good professional opportunities and good working conditions in companies. The fifth step is to expand the agricultural area planted with sugarcane. To invest in the integration of the production chain made up of farmer and mill, providing competitive conditions for sugarcane suppliers. To share gains from economies of scale with partners in the production chain. To recover degraded agricultural areas due to grazing for planting sugarcane. To invest in the genetic improvement of varieties and in perfecting management of sugarcane agriculture. The sixth step is to invest in the construction of new plants and to retrofit those already built. To build new plants with big processing capacities, high productivity technology and entailing the complete production mix (sugar, ethanol and bio-electricity). To invest in retrofitting existing mills, increasing their processing capacity, improving their productivity and completing their production mix. The seventh step is to improve infrastructure and logistics. To build pipelines for transporting ethanol, connecting producer regions to the ports. To invest in perfecting waterways to transport sugar and ethanol. To conclude the execution of projected railroads. To improve the road network in production regions. To expand port infrastructure. To invest in the expansion of the electric power line network. The eighth step is to focus on research, development and technological innovation. To invest in bio-technology seeking to increase agricultural productivity, to increase sugar content (Pol%), to improve fiber content, to reduce production cost and to diminish environmental impact of sugarcane-related activity. To invest in agricultural engineering innovation. To invest in research and development concerning technological routes to hydrolysis and biomass thermo-conversion. To research new uses and new sugarcane products. The ninth step is to improve business management. To invest in better corporate governance practices in
Opiniões tanto nas companhias de capital aberto quanto nas de capital fechado. Aplicar conhecimentos avançados de planejamento estratégico nas empresas. Disseminar a cultura de gestão por resultados. Desenvolver as habilidades de liderança. Utilizar avançados sistemas de tecnologia da informação para a gestão dos negócios. Desenvolver as habilidades de comunicação corporativa e de relacionamento institucional. O décimo passo é melhorar o ambiente institucional. Garantir um marco regulatório claro, estabelecendo responsabilidades claras para a iniciativa privada e para o poder público. Assegurar o funcionamento de um programa de estocagem de etanol, visando manter a oferta de produto ao consumidor. Garantir segurança jurídica dos empreendedores, especialmente quanto à legislação ambiental e tributária. Em tempos passados, o Brasil sonhou ser o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e conseguiu. Sonhou ser o principal produtor de açúcar do planeta e conseguiu. Sonhou produzir o etanol – um combustível renovável capaz de substituir o petróleo – e conseguiu. Sonhou ser independente em energia e conseguiu. Sonhou ter a matriz energética mais limpa e conseguiu. Ao longo de sua história, o Brasil tem tido competência para planejar o seu futuro e para transformar os seus planos em realidade. E agora, Brasil, qual é o seu sonho para o seu setor sucroenergético? Bem, a experiência nos ensinou que o nosso resultado-futuro será do mesmo tamanho da nossa meta-sonho, pois, ao final e ao cabo, são “os sonhos que secretam o futuro”. █
publicly traded and closed capital companies. To apply advanced knowledge on strategic planning in companies. To disseminate a results-based management culture. To develop leadership abilities. To utilize advanced information technology systems for business management. To develop corporate communication abilities and institutional relations. The tenth step is to improve the institutional environment. To warrant a clear regulatory mark, establishing clear responsibilities for private initiative and government. To warrant the functioning of an ethanol storage program aimed at keeping up supply to the consumer. To warrant the legal security of entrepreneurs, especially as related to environmental and tax legislation. In bygone times, Brazil dreamed of being the world’s biggest sugarcane producer and accomplished this. The country dreamed of being the planet’s main sugar producer and accomplished this. The country dreamed of producing ethanol – a renewable fuel to replace oil - and accomplished this. The country dreamed of being independent in terms of energy and accomplished this. The country dreamed of having the cleanest energy matrix and accomplished this. In the course of its history, Brazil has had the competence to plan its future and to transform its plans into reality. And now Brazil, what is your dream for the sugarcane-based energy industry? Well, experience taught us that our future result will be the same size of our dream goal, because in the end it is “our dreams that secrete the future”. █
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trading
Opiniões
o resgate dos
fundamentos Redemption of the fundamentals
Vivemos um grande desafio que demanda muita lucidez. Do ponto de vista do trading, os fundamentos da demanda são e continuarão positivos para todos os produtos. Na virada de 2008 para 2009, a população urbana superou a rural no planeta. Esse fato ocorre nos países em desenvolvimento que atravessam esse período de crise, sustentando taxas de crescimento médias 5 a 6 vezes maiores do que as do mundo desenvolvido. Essas novas sociedades urbanas buscam uma rota de desenvolvimento aparente ditada por padrões de consumo norte-americano, exaustivamente propagado como modelo de sucesso pela indústria do cinema, televisão e internet nos últimos 60 anos. Obviamente temos ajustes culturais locais, mas é só andarmos pelas grandes cidades da China, Índia, Rússia, Brasil, África do Sul, Malásia, Indonésia, para identificarmos essas assinaturas: alimentos cada vez mais industrializados e distribuídos em crescentes redes de varejo, demanda de eletricidade e combustíveis líquidos fortemente pressionados. O planejamento de obras de infraestrutura desses países também contempla esse modelo. Esse fato é altamente positivo, tanto para o açúcar – que continua sendo o energético alimentício mais barato –, como para o etanol – a melhor resposta verde conhecida na área dos combustíveis líquidos. Sem falar na eletricidade local Todo o trtir tais Brasil. resultados. para suportar a tendência de" crescimento do nosso Modelos de tendência do Mercado de Açúcar Mundial mostram crescimentos vegetativos da ordem de 2,1 a 2,3% ao ano, superando os antigos 1,8 a 2% em função desse deslocamento de eixo econômico. Isso nos levaria a uma demanda mundial aproximada de cerca de 210 milhões de toneladas de açúcar em 2020 contra os 170 atuais.
" Teoricamente, há espaço de mercado para dobrarmos em 10 anos. Então, onde está o problema? Por que nosso canavial vem diminuindo ao invés de aumentar? Parecia tão óbvio, tão fácil – era só arrumarmos dinheiro, que a coisa toda cresceria no “automático”! O que houve? " Alexandre Aidar Jr. Diretor da BCD - Business & Commerce Development Director of BCD – Business & Commerce Development
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We are experiencing a big challenge that requires much lucidity. From a trading point of view demand essentials are and will continue to be positive for all products. At the end of 2008/beginning of 2009, the planet’s urban population surpassed the rural one. This fact is occurring in developing countries that are living through this period of crisis sustaining average growth rates which are 5 to 6 times higher than those of the developed world. These new urban societies are in search of a path to apparent development set by North American consumption standards, and intensively publicized as a success model by the movies, TV and internet industry in the last 60 years. Obviously, there are local cultural adjustments, but all it takes is to walk the streets of the big cities of China, India, Russia, Brazil, South Africa, Malaysia, and Indonesia, to observe these features: increasingly more industrialized foods, distributed through ever growing retail networks, with high demand for electricity and liquid fuels. The planning of infrastructure projects in those countries also resorts to this model. This fact is highly positive both for sugar – which remains as the cheapest means of food energy – and for ethanol - the best known green answer in terms of liquid fuels, not to mention local electric power to support the growth trend in our Brazil. Tendency models for the world’s sugar market show vegetative growth in a range of 2.1 to 2.3% per year, exceeding the former levels of 1.8 to 2%, as the result of the displacement of the economic axis. This would lead us to a world demand of approximately 210 million tons of sugar in 2020, compared with currently 170.
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trading No mercado interno de etanol, se o Brasil crescer 3% ao ano, e seguindo o modelo tributário atual, em 2020, poderemos enfrentar uma demanda de cerca de 60 bilhões de litros, perto do dobro da atual. Números promissores, não? Teoricamente, há espaço de mercado para dobrarmos em 10 anos. Então, onde está o problema? Por que nosso canavial vem diminuindo ao invés de aumentar? Parecia tão óbvio, tão fácil – era só arrumarmos dinheiro, que a coisa toda cresceria no “automático”! O que houve? Estamos em um daqueles momentos de inflexão em que precisamos de muita serenidade. Temos que rever nossos modelos e entendermos muito bem o passado para aprendermos o cuidado que devemos ter com essas projeções. Os potenciais existem, mas as velocidades de crescimento podem não corresponder às desejadas. E, principalmente, não podemos mais perder o foco na importância dos fundamentos reais do agronegócio: produtividade, qualidade, tecnologia, custos, conhecimento dos mercados, logística, clima e experiência. Estamos colhendo as consequências graves de um período de uma euforia insana, ditada pela liquidez farta oriunda de uma emissão sem precedentes de dólares para financiar o rombo das contas americanas. Surgiram, então, modelos financeiros atrativos de alta agregação aparente de valor, nos quais os fundamentos mais básicos de qualquer mercado pareciam tornar-se irrelevantes. Só que quem não se esqueceu deles sobreviveu e até agregou algum valor. Os demais plantaram um lucro virtual e colheram um prejuízo real. A retomada da realidade estancou o crescimento projetado do setor e acelerou novas consolidações em detrimento das expansões em curso. Sentimos agora a realidade mais séria da crise financeira, que é a busca de um novo equilíbrio monetário entre as nações produtivas, enquanto o eixo econômico relativo se desloca com velocidade variável. Coisa para modelarmos em supercomputadores astrofísicos! A sensação atual é de um grande calote nas reservas internacionais de muitos desses países pela desvalorização do dólar. Explosões de consumo (Brasil incluído) se dão mais pelo endividamento caro (bomba relógio) do que pela conquista real de riqueza. Esse modelo, além de inflacionário, guarda resquícios das “bolhas” que podem gerar crises internas – dores do crescimento ainda sem lastro. O ritmo atual poderá ser comprometido. Na prática, nosso custo de produção não para de subir (perdemos competitividade), e o clima vem mostrando por que não pode ser desprezado. Nossa infraestrutura de base novamente se afunila em grandes gargalos. Custos logísticos estão abusivos. Hora de ajustarmos nosso modelo, melhorarmos nossa produtividade via tecnologia, priorizarmos a solução da infraestrutura básica, não supérflua, e expandirmos nossa produção com solidez. Só assim ajustaremos nossa oferta a esses potenciais de demanda de forma mais coerente e possível – devagar e sempre. Desequilíbrios pontuais se resolvem por importações, paradoxalmente favorecidas pelos mesmos fatores. Pura arbitragem. Sem traumas. Fizemos isso nos anos 90. O setor é uma parceria de sucesso entre todos os seus players, da produção de cana ao consumidor e ao governo. Há que se reconstruir, finalmente, um modelo tributário mais condizente com a nova escala produtiva do País, desonerando a produção e o consumo. O “Custo Brasil” tem que baixar. Ação conjunta. Mas cada um focado na sua parte. █
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Opiniões In the domestic ethanol market, if Brazil wants to grow 3% per year, and in accordance with the current tax model, in 2020 we might be faced with a demand of about 60 billion liters, close to double the current figure. Promising numbers, right? In theory there is room to double in 10 years. So where lies the problem? Why is our sugarcane planted area decreasing rather than increasing? It seems so obvious, so easy – all it would take is for us to obtain the funds so that the entire issue would shift to “automatic” growth! What happened? We are faced with one of those moments of inflection when one needs a lot of serenity. We need to review our models and to very well understand the past to learn about how to be careful with respect to the above projections. The potentials exist, but the growth speeds may not be the ones wanted. Above all, we cannot lose sight of the importance of the actual essentials of agribusiness – productivity, quality, technology, costs, knowledge of markets, logistics, climate and experience. We are reaping the severe consequences of a period of insane euphoria, dictated by plentiful liquidity resulting from an unprecedented issuance of dollars to finance the American public deficit. Therefore, interesting financial models arose, apparently entailing high aggregation of value, in which the most basic essentials of any market appeared to become irrelevant. However, those individuals who had not forgotten them survived and even managed to aggregate some value. All others planted a virtual profit and harvested an actual loss. Picking up reality stopped the projected growth of the industry and accelerated new consolidations as opposed to the expansions already under way. We are now feeling the more serious aspect of the financial crisis, which consists of seeking new monetary equilibrium among producer nations, while the economic axis is displaced at a variable speed. Something to be modeled in astrophysical computers! The current sensation is that of a major default resulting from the shortage in international reserves of many countries, due to the depreciation of the dollar. Explosions in consumption (including Brazil) take place more because of expensive debt (time bomb) than because of actual accumulation of wealth. This model, apart from inflationary, entails remnants of “bubbles” that may result in internal crises – growth pains, as yet without coverage. The current pace may be compromised. In practice, our production cost does not cease to increase (we have lost competitiveness), and the climate is showing that it cannot be ignored. Our base infrastructure is again being choked by major bottlenecks. Logistics costs are abusive. It is time to adjust our model, improve our productivity by means of technology, prioritize the solution needed for base infrastructure, not the superfluous one, and to consistently expand our production. This is the only means to adjust our supply to these demand potentials in a more coherent and possible manner – slowly but surely! Temporary imbalances are resolved through imports, paradoxically favored by the same factors. Straightforward arbitration! Without traumas! We did this in the 90’s. The industry is a partner in success achieved by all its players, from the producers of sugarcane to the consumer and the government. What it takes is to at long last build a tax model that is more consistent with the country’s new production scale, relieving production and consumption. The Brazil Cost must decrease. Joint action, but with each player focusing on his role. █
Concentração de vinhaça e caldo de cana
Tecnologia de evaporação com alta eficiência Os evaporadores GBA possuem tecnologia inovadora. Como solução à destinação e utilização correta de sub-produto, operam pelo princípio de Névoa Turbulenta Descendente (NDT) para concentração de vinhaça e caldo de cana. O sistema é de simples operação e tem baixo custo de manutenção, o que gera economia e o rápido retorno do capital investido.
Diferenciais e vantagens do princípio NDT - NÉVOA TURBULENTA DESCENDENTE - Redução do volume da vinhaça da atual relação 13:1 para até 1:1 - Não há consumo adicional de energia - Inexistência de aquecimento localizado - Menor tempo de exposição do produto ao calor - Baixo nível de incrustação - Limpeza rápida, sem necessidade de desmontagem - Redução dos impactos ambientais - Utilização da vinhaça concentrada para várias finalidades - Economia expressiva com relação aos outros sistemas
ISO 9001:2008
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trading
Opiniões
o equilíbrio exige um
pacto The balance requires a pact
" a cana-de-açúcar tem limites técnicos que a gasolina não tem. Tirar proveito dessa situação pode constituir-se uma vantagem competitiva que nenhum país do mundo tem " Tarcílo Ricardo Rodrigues Diretor da Bioagência de Fomento de Energia de Biomassa Director of Bioagência de Fomento de Energia de Biomassa
Em meados da década de 70, quando o termo segurança energética ainda não estava na pauta de nenhum governo mundo afora, o Brasil, pressionado pelos sucessivos choques de preços do petróleo, tomou uma iniciativa ousada e pioneira para alcançar não só a sua segurança, mas principalmente a sua independência energética. Éramos outro país, diferente do que somos hoje, e ainda mais diferentes do que poderemos ser. Vencemos no passado da mesma forma que venceremos no futuro. A indústria sucroalcooleira nasceu, cresceu, cumpriu o seu papel de reduzir a dependência do petróleo importado em nosso País e hoje se destaca entre as demais pela sua enorme capacidade de adaptação e rápida resposta às perspectivas de crescimento. A sua atratividade é reconhecida e evidenciada pela presença de grandes grupos econômicos internacionais em nossas fileiras, buscando aqui a alternativa de transição energética dos combustíveis fósseis do século XXI. Há um paradoxo nos números conhecidos de todos. Desde 2005, quando o setor começou a crescer, com taxas de fazer inveja aos chineses, a capacidade de produção, tanto de açúcar quanto de etanol, parece não ser suficiente para atender à demanda dos mercados interno e externo. O mundo mudou nesta primeira década deste novo século. Países que, até então, ocupavam um papel secundário no cenário internacional despontam agora como potências econômicas. A renda está sendo mais bem distribuída, gerando aumentos significativos na demanda de alimentos e de energia, que passaram a ser vistas, pelos governos e empresas, de forma estratégica. Somos o maior e o mais importante supridor de açúcar no mercado internacional e podemos ocupar essa mesma posição em relação aos biocombustíveis.
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In the mid 70’s, when the expression energy security was not on the agenda of any government in the world, Brazil, under pressure from successive oil price shocks, undertook a daring pioneer initiative to counteract on the security issue, but mainly as concerning its energy independence. We were then a different country, and even more different than we might yet become. We were winners in the past and we may be winners again in the future. The sugarcane-based ethanol industry came into existence, developed, and fulfilled its role in reducing the dependence in our country on imported oil, and nowadays stands out among all other countries for its huge capacity of adapting and quickly responding to the growth outlook. Its attractiveness is acknowledged and made evident due to the presence among us of large international economic groups, here looking for an alternative energy transition to the fossil fuels of the 21st Century. There is a paradox in the figures we all know. Since 2005, when this industry started to grow, at rates that were the reason for envy of the Chinese, the production capacity, both of sugar and ethanol, appeared to be insufficient to meet the demand of the domestic and international markets. The world has changed in this first decade of the new century. Countries that until then played a secondary role in the international scenario now arise as economic powerhouses. Income is being better distributed, causing significant increase in the demand for food and energy, both of which are now viewed by governments and companies in a strategic manner. We are the largest and most important supplier country of sugar in the international market and we may again occupy this same position with respect to biofuels.
trading Os balanços de oferta e demanda de petróleo e as demandas por alternativas sustentáveis criam um ambiente favorável ao consumo do etanol em larga escala em todo o mundo e não somente no Brasil. As barreiras impostas ao livre comércio do etanol, até então justificadas para proteger as indústrias locais, nos países consumidores, vão gradativamente sendo eliminadas, sejam pelos aumentos dos custos de produção, a competição direta com os alimentos, ou a necessidade de reformas econômicas profundas desses países. O etanol de cana-de-açúcar firma-se como o mais competitivo e o mais eficaz produto capaz de substituir os combustíveis fósseis e como importante fator de redução dos gases do efeito estufa, alinhando-se ao conceito de baixo carbono, que certamente será a força motriz do desenvolvimento sustentável deste século. O reconhecimento pela agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA) do etanol de cana-de-açúcar como um biocombustível avançado reforça essa tendência. A iminente eliminação dos subsídios ao etanol de milho e às barreiras tarifarias ao etanol importado nos Estados Unidos abre uma oportunidade sem precedentes ao crescimento da indústria do etanol. O setor sucroenergético ainda precisa atender à demanda de um mercado interno de combustíveis que se expande de forma acelerada, acima do ritmo de crescimento do País. A forte presença do Estado nesse mercado, tanto na produção como na regulação, coloca em competição dois modelos distintos, que necessitam de marcos regulatórios mínimos e claros, para garantirmos o abastecimento da frota nacional e não corrermos riscos de vermos um país com o potencial de ser o grande supridor mundial de combustíveis tornar-se um dos maiores importadores desses produtos. Gasolina e etanol têm produção, comercialização e gestão distintas. Recentemente, coube à ANP a tarefa de garantir a convivência dos modelos estatal e privada dentro das regras de mercado. Esse modelo, se bem definido, poderá gerar uma saudável e positiva concorrência pela matéria-prima entre açúcar e etanol nos próximos anos, pois se trata de mercados com fundamentos distintos e que muito provavelmente estarão desarbitrados entre si. No modelo atual, sempre que for necessário ajustar os preços do etanol para conter ou acelerar a demanda, a gasolina absorverá essas flutuações de volume, resultando em ajustes na produção das refinarias da Petrobras em um curto intervalo de tempo. Sem uma política clara definindo qual a parcela que cada combustível terá no futuro e com a crescente demanda, essas flutuações poderão trazer consequências sérias ao abastecimento e ônus incalculáveis a ambos os setores. Cabe ao órgão regulador desenvolver uma política de convivência entre gasolina e etanol, explorando as potencialidades de cada produto. Em um país de dimensões continentais, essas diferenças deverão servir como vetores dessa política, em benefício do desenvolvimento socioeconômico de cada região. A cana-de-açúcar tem limites técnicos que a gasolina não tem. Tirar proveito dessa situação pode constituir-se uma vantagem competitiva que nenhum país do mundo tem. O Brasil desenvolveu uma matriz energética em que os biocombustíveis são competidores e não apenas aditivos dos combustíveis fósseis, que reúnem condições extremamente vantajosas para ambos. Esse equilíbrio exige um pacto com a sociedade com a mesma determinação que um dia nos colocou na vanguarda dos combustíveis renováveis. █
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Opiniões The oil supply and demand balances and the demand for sustainable alternatives bring about a favorable environment for the consumption on a grand scale throughout the world, and not only in Brazil. The barriers erected against the free trade of ethanol, previously justified to protect local companies in consumer countries, are gradually being eliminated, whether due to the increase in production costs, direct competition with food, or the need for far-reaching economic reforms in those countries. Ethanol from sugarcane is becoming the most competitive and effective product capable of replacing fossil fuel and as an important factor for the reduction of greenhouse gases, classifying itself in the low carbon category that certainly will be the driving force of sustainable development in this century. The recognition by the Environmental Protection Agency (EPA) of the United States, of ethanol from sugarcane as an advanced biofuel, emphasizes this trend. The imminent elimination of subsidies on ethanol from corn and the tariff barriers on ethanol imported by the United States open an unprecedented opportunity for the ethanol industry’s growth. The sugarcane-based energy industry must still meet the demand of the domestic market for fuel, which is expanding at an accelerated pace, above the country’s growth rate. The strong presence of the State in this market places two distinct models in competition, which require minimal and clear regulatory marks to warrant the fuel supply for the national fleet and in order to not run the risk of witnessing a country with the potential to become the world’s largest fuel supplier become one of the largest importers of such product. Gasoline and ethanol have separate production, sales and management systems. Recently, the ANP (National Oil Agency) was entrusted with warranting the co-existence of the state and private models within the market rules. This model, if well defined, may result in sound and positive competition for raw material between sugar and ethanol in coming years, because these markets have distinct features, which will probably be out of synchronization between themselves. In the current model, whenever it is necessary to adjust ethanol prices to restrain or accelerate demand, gasoline will absorb such fluctuations in volume, resulting in adjustments to the production in the Petrobras refineries in a short period. Without a clear policy defining the share each type of fuel will have in the future, and with growing demand, such fluctuations may have severe consequences for the supply of fuel, with incalculable burdens on both sectors. The regulatory body is responsible for developing a policy for the co-existence of gasoline and ethanol, while exploiting the potentialities of both products. In a country of continental size, such differences must serve as vectors for such a policy, for the sake of benefitting the social and economic development of each region. Sugarcane has technical limits gasoline does not have. To take advantage of this fact may become a competitive edge no other country in the world has. Brazil developed an energy matrix in which biofuels compete and are not only additives for fossil fuels, resulting in extremely advantageous conditions for both. This equilibrium requires a pact with society in the same deterministic intensity that once placed us at the forefront of renewable fuels. █
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Opiniões
a retomada do setor sucroenergético Resumption of the sugarcane-based energy industry
A partir de 2003, quando do lançamento do primeiro carro flex fuel, o crescimento acelerado na demanda por esse tipo de veículo foi o principal ingrediente na ampliação da produção de cana-de-açúcar. Em 2010, o setor automobilístico atingiu a marca de 12 milhões de automóveis produzidos. Temos aí um cenário positivo, no qual a indústria crescia uma média de 10% ao ano, tornando atrativo investir no setor. A crise em 2008 fez com que o setor reduzisse o nível e a velocidade dos investimentos para ampliar a capacidade de produção, que, aliada aos problemas climáticos que afetaram as duas últimas safras, reduziu o crescimento do setor para uma média de 3,3% ao ano. Com a crise, muitas indústrias se reestruturaram, conseguindo, assim, se reerguer. Passada a crise, o setor sucroenergético voltou a crescer, tornando-se referência mundial quando se fala em etanol derivado da cana-de-açúcar. Mas os desafios a serem enfrentados ainda são muitos, como aumentar a capacidade de moagem, captar investimentos nacionais e estrangeiros, renovar os canaviais, melhorar a logística e, principalmente, construir novas usinas.
Beginning in 2003, when the first flex-fuel vehicle was launched, the accelerated growth in demand for this kind of vehicle was the major factor for the expansion of sugarcane production. In 2010, the automobile industry reached the production mark of 12 million vehicles. This is a positive scenario, in which the industry grew at an average annual rate of 10%, making it an interesting investment option. The crisis in 2008 made the industry reduce the rate and speed of investments to expand production capacity, which, in combination with climate problems that impacted the last two harvests, reduced the industry’s growth to an average of 3.3% per year. Due to the crisis, many industrial companies were restructured, thereby managing to recover. Having overcome the crisis, the sugarcane-based energy industry was back on the growth path, becoming a world reference for ethanol produced from sugarcane. However, the challenges are still plentiful, such as to increase the crushing capacity, attract national and foreign investment, renew sugarcane plantations, improve logistics, and more importantly, build new mills.
" A Uniceise é um importante passo para a inovação no setor, que passa por um período de transição, exigindo por parte dos profissionais grande conhecimento em várias áreas " Adézio José Marques Presidente do Ceise-Br President of Ceise-Br
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fabricante de equipamentos Segundo dados da Unica, o Brasil precisa de novas usinas para garantir a oferta de etanol até 2020, aumentando a produção de 640 milhões de toneladas de cana para até 960 milhões de toneladas de cana. Além disso, o potencial do setor sucroenergético ainda não é totalmente aproveitado para a geração de bioenergia, pois apenas 20% das usinas cogeram energia do bagaço no País. Entretanto, para atingir as metas em 2020, tanto na produção de açúcar como na de energia renovável, o País necessita urgentemente definir as políticas públicas e privadas para alavancar o crescimento do setor sucroenergético. Estima-se que é preciso investir cerca de R$ 80 bilhões e construir mais 150 usinas de cana-de-açúcar até 2020. Recentemente, a presidente Dilma Rousseff lançou, em Ribeirão Preto, o Plano Agrícola e Pecuário 2011. As medidas buscam expandir a cultura de cana-de-açúcar com linhas de crédito para renovação dos canaviais, com o objetivo de atender à demanda crescente por etanol, em função da expansão do mercado dos carros flex fuel, e permitir uma estabilidade dos preços do combustível. Com o objetivo de buscar novas ações para o setor, o Ceise-Br criou os Comitês Técnicos e Setoriais, o embrião do Núcleo de Inteligência Competitiva do Setor Sucroenergético. Formado pelos mais renomados professores e profissionais do mercado, cada comitê é responsável por analisar e sugerir ações efetivas nas mais diversas áreas do setor sucroenergético, que, posteriormente, serão enviadas ao Governo Federal para análise e devidas providências. Com a proposta de lei no Senado americano, em junho último, para eliminar os subsídios e tarifas, o etanol brasileiro torna-se mais competitivo e abre perspectiva de grandes volumes de exportação para aquele país. Há uma demanda de 58 bilhões de litros de etanol para 2012, dos quais 7,5 bilhões são biocombustíveis avançados (no momento, o etanol de cana é o único que preenche essa demanda regulatória). Nesse contexto, o Comitê dos Novos Biocombustiveis, que assessora a Diretoria do Ceise-Br, está alerta às pesquisas e ao desenvolvimento dos biocombustiveis de segunda e terceira geração. Outros grandes desafios a serem enfrentados serão o de crescer com sustentabilidade e eficiência e a crescente profissionalização e qualificação da mão de obra do setor. Identificamos entre nossos associados uma demanda por qualificação de seus gestores. Por isso, em parceria com a Unica e a Orplana, lançamos, no final de 2010, a Universidade Corporativa do Setor Sucroenergético (UniCeise), com o intuito de preencher uma lacuna na capacitação de gestores para atuação nas empresas que formam a cadeia produtiva sucroenergética. A UniCeise é um importante passo para a inovação no setor, que passa por um período de transição, exigindo, por parte dos profissionais, grande conhecimento em várias áreas. No demais, com a demanda pelo etanol em crescimento, tanto no mercado interno como no externo, temos a necessidade de alocar profissionais qualificados nas unidades que expandem suas produções, como também nas unidades greenfields. Cursos de curta duração, cursos técnicos e operacionais profissionalizantes, curso superior, MBA, entre outros, são sempre um diferencial na contratação aliada à experiência e competências exigidas para o cargo. █
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Opiniões According to Unica data, Brazil needs new mills to guarantee the supply of ethanol until 2020, increasing production from 640 million tons of sugarcane to 960 million tons. In addition, the sugarcane-based energy industry’s potential is still not fully utilized for the generation of bioenergy, given that only 20% of the mills co-generate energy from bagasse in the country. However, to reach the goals set for 2020, both in the production of sugar and renewable energy, the country urgently needs public and private policies to leverage this industry’s growth. One estimates that it is necessary to invest about R$ 80 billion to build additional 150 sugarcane mills until 2020. Recently, president Dilma Rousseff in Ribeirão Preto launched the 2011 Agriculture and Cattle Raising Plan. The planned initiatives seek to expand sugarcane plantations through credit lines for their renewal, with the objective of meeting the growing demand for ethanol due to the growth of the flex-fuel car market, and to bring about fuel price stability. With the objective of seeking new initiatives for the industry, Ceise-Br created Technical and Industry-specific Committees, the embryo of the Sugarcane-based Energy Industry’s Center of Competitive Intelligence. Comprised of the most renowned professors and market professionals, each such committee will be responsible for analyzing and suggesting effective measures in the various areas of this industry, which will subsequently be sent to the Federal Government for analysis and appropriate action. With the bill proposed by the American Senate last June, to eliminate subsidies and tariffs, Brazilian ethanol will become more competitive and will allow envisioning large export volumes to that country. There is a demand for 58 billion liters of ethanol in 2012, of which 7.5 billion represent advanced technology fuels (currently, sugarcane ethanol is the only one complying with regulatory requirements). In this context, the New Biofuels Committee that advises Ceise-Br’s executive board is alert to what goes on in terms of research and development of second and third generation biofuels. Other major challenges about to be faced consist of efficient sustainable growth and the increased professionalization and qualification of the industry’s labor force. Among our members we have detected a need for qualifying managers in this industry. Therefore, in partnership with Unica and Orplana, at the end of 2010, we launched UniCeise (the Sugarcane-based Industry’s Corporate University), for the purpose of filling a gap in managerial qualification for activity in companies that comprise this industry’s production chain. UniCeise is an important step for innovation in the industry, which is in a transition period, requiring of its professionals broad knowledge in several areas. Furthermore, with the growing demand for ethanol in both the domestic and foreign markets, we face the need to allocate qualified professionals to the units expanding their production, as well as to new greenfield projects. Short duration courses, technical and professional operational courses, university-level courses, graduate courses, among others, are always a differential in hiring, in combination with the experience needed to perform in a given job. █
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Opiniões
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solução inteligente para muitas gerações Intelligent solution for many generations
O etanol é uma solução extraordinariamente inteligente para o futuro de muitas gerações. É eficaz, eficiente, sustentável. Seu custo é bem mais interessante que os demais combustíveis veiculares. A tecnologia existente já pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A utilização do etanol ajudou o Brasil a conquistar a autossuficiência em combustíveis e energia. Já com a possibilidade do etanol celulósico, ela aperfeiçoaria a produtividade acima de 50%, permitindo a sua utilização em quase todas as regiões do mundo. Assim, a importância do etanol para o Brasil é indiscutível. E a importância cresce em caráter exponencial quando nos deparamos com um mundo onde a economia marrom precisa de uma transição para a economia verde, sente isso e caminha para ela. A demanda existe de forma a influenciar toda uma cadeia. Por exemplo, na visão da indústria de máquinas e equipamentos, o Brasil tem sim condições especiais para absorver a demanda futura do setor sucroenergético. Temos tecnologia, inovação, competência e criatividade, elasticidade e experiência. Se olharmos para a cadeia como um todo, então, essas características se somam às condições favoráveis de clima, solo, tecnologias existentes, que estão, cada vez mais, propiciando altas produtividades da planta por hectare, tornando longínquo o processo de competição por alimentos. Sem contar a escolha feita pelo consumidor. A tecnologia flex entregou às mãos do consumidor o poder da escolha. O mercado demandou e optou pelo etanol, mesmo com as oscilações no preço do combustível. O etanol está numa condição bem confortável. Porém, se analisarmos seu futuro, franze-se a testa: efetivamente existe um posicionamento estratégico inteligente como um plano de País para o etanol?
" O etanol está numa condição bem confortável. Porém, se analisarmos seu futuro, franze-se a testa: efetivamente existe um posicionamento estratégico inteligente como um plano de País para o etanol? " Alessandra Fabíola Bernuzzi Andrade Coordenadora dos Conselhos Ambiental e de Bioenergia da Abimaq Coordinator of the Environmental and the Bioenergy Councils of Abimaq
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Ethanol is an extraordinarily intelligent solution for the future of many generations. It is effective, efficient and sustainable. Its cost is much more interesting than of all other automotive fuels. The existing technology is already able of reducing greenhouse gas emissions. The use of ethanol helped Brazil achieve self-sufficiency in fuel and energy. With the possibilities afforded by cellulosic ethanol, productivity would exceed 50%, allowing for its use in almost all regions of the world. Thus, the importance of ethanol for Brazil is unquestionable. Its importance grows exponentially when we see ourselves in a world in which the “brown” economy must become aware of its need to make the transition to a “green” economy. Demand exists in a manner such as to influence the entire chain. For example, in the eyes of the machine and equipment industry, Brazil does in fact have special conditions to absorb the future demand of the sugarcane-based energy industry. We have technology, innovation, competence and creativity, elasticity and experience. If we look at the chain as a whole, then such characteristics are added to the favorable conditions of climate, soil, existing technologies, all of which are increasingly allowing a higher mill productivity per hectare, making the competition process for food a faraway event. Then there is the choice made by the consumer. The flex-fuel technology gave the consumer the power to make a choice. The market first demanded and then opted for ethanol, even given the variations in the fuel’s price. Thus, ethanol is in fact in quite a comfortable position. However, when we analyze its future, one must frown: is there really an intelligent strategic positioning in the form of a country plan for ethanol?
fabricante de equipamentos Nossa política de energia não trabalha com cenários de longo prazo. Hoje, agora, podemos considerar que o etanol é a solução para 40 anos. Mas não será em um cenário de médio/longo prazo. Estamos falando de 100, 150 anos. Trabalhar com metas de 10, 20 anos, por exemplo, é tomar decisões agora; empreender políticas coerentes e capitalizá-las hoje, num cenário de curto prazo. O etanol faz parte da nossa história e se coloca como um produto extremamente atraente para o consumo interno e externo também. Mas temos que tomar cuidado. Temos que estar abertos a alternativas, mesclar tecnologias, estar atentos às coisas que virão. O mundo inteiro está em busca de novas fontes para geração de energia. Cada país vai se organizar, instituir políticas de segurança energética a partir de suas vocações locais. Alguns países devem importar em ritmo acelerado nas próximas duas, três décadas, diminuindo o ritmo com o desenvolvimento de tecnologias próprias. Outros devem manter suas importações estáveis. Contudo, às vezes, parece que agimos como se o Brasil tivesse todas as respostas e com todos os gargalos resolvidos. Esse movimento está acontecendo agora, já. Temos um alerta claro: não podemos perder a vez. Precisamos capitalizar a biomassa como fonte energética. Ela é rentável, sustentável, já com a tecnologia que temos hoje. Estamos desenvolvendo novas tecnologias. O etanol celulósico da cana será ainda mais rentável e competitivo e poderá se tornar uma fonte ainda mais competitiva no mercado internacional. Em relação à indústria fornecedora de máquinas e equipamentos para o setor e para a cadeia produtiva do etanol, partilhamos a preocupação que assombra o setor produtivo nacional. O primeiro aspecto é o Custo Brasil. A carga tributária inibe os investimentos internos e diminuiu nosso potencial competitivo com outras economias, seja nas exportações de etanol, seja na de tecnologia. O fenômeno da desindustrialização, que já assola algumas economias, terá consequências perigosas. O Brasil tem mercado, tem indústria, tem tecnologia, é competitivo. Exportamos máquinas para a Alemanha, um dos países onde fabricar máquinas com tecnologia de ponta é posicionamento de mercado e de país. Só que, até quando? A China, que vem batendo recordes de crescimento, ainda levará algum tempo para resolver questões internas importantes, especialmente sociais. Mas ela irá se reorganizar e, quando isso ocorrer, com o capital social e econômico que possui, poderá voltar-se para o setor sucroenergético. Estaremos preparados? Creio que as forças empresariais estão dispostas a enfrentar os desafios do futuro, mas não fica clara qual a posição do Brasil, dos nossos governantes, da cadeia como um todo. Até onde ir? Qual nosso real posicionamento? O setor de máquinas e equipamentos precisa estar nessa discussão não só como fornecedor, mas como participante, contribuindo com pensamentos e soluções. Portanto, precisamos dessa sinalização. Precisamos desenvolver a habilidade e o costume de planejar o que queremos, para curto, médio e longo prazos. Ter uma visão estratégica inteligente. O etanol tem muito a contribuir para o Brasil e para o mundo. Podemos e precisamos aproveitar o momento para crescer e transformá-lo em uma fonte 100% sustentável de energia, não mais como alternativa, mas como escolha, como opção. Como fizeram milhões de brasileiros que acreditaram e acreditam no etanol como uma solução limpa, sustentável, vindoura e de vanguarda. Uma escolha extraordinariamente inteligente. █
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Opiniões Our energy policy does not focus on the long-term. Today, right now, we can consider ethanol as the solution for 40 years. However, this does not hold in a medium- to long-term scenario. We are talking about 100, 150 years. To work with goals for 10, 20 years, for example, is to make decisions now; undertake coherent policies and build on them today, in a short-term scenario. Ethanol is part of our history and positions itself as an extremely attractive product for domestic and also for international consumption. But we must be careful. We have to be open to alternatives, mingle technologies, be alert to what is to come. The whole world is looking for new sources of energy generation. Each country will get organized, will put energy security policies in place based on its local vocations. Some countries will import at an accelerated pace in the next two, three decades, diminishing the development speed of own technologies. Others will keep their imports at a steady rate. However, at times we act as if Brazil had all the answers, as if all bottlenecks were eliminated. This movement is happening right now. There is a clear warning: we cannot miss the opportunity. We need to build on biomass as a source of energy. It is profitable, sustainable, even with the technology available today. We are developing new technologies. Cellulosic ethanol from sugarcane will be even more profitable and competitive and may become an even more competitive source in the international market. With regard to the machine and equipment supplying industry for the ethanol industry and the ethanol production chain, we share the preoccupation that haunts the national production sector. The first aspect is the “Brazil Cost”. The tax burden inhibits domestic investments and decreases our competitive potential in comparison with other economies, whether in terms of ethanol exports or as related to technology. The phenomenon of “de-industrialization”, already facing some economies, will have threatening consequences. Brazil has a market, it has an industrial base, it has technology and it is competitive. We export machinery to Germany, a country in which the manufacture of machines with state-of-the-art technology is a matter of policy for the market and the State. But, until when? China, which is repeatedly breaking growth records, will still take a while to solve important domestic problems, particularly social ones. But China will reorganize and when that happens, with the social and economic capital available, it may aim at the sugarcane-based energy industry. Will we be ready? I believe the entrepreneurial forces of ethanol’s production chain are willing to face the challenges of the future, but what is not clear is Brazil’s position, that of its rulers, of the chain as a whole. How far should we go? What should our actual position be? The machine and equipment industry must also take part in this discussion, not only as a supplier, but as a collaborator, as a participant, with ideas and solutions. Hence, we need this sign setting, but we really must develop the ability and the habit of planning for the short-, medium-, and long-term. We need an intelligent strategic vision. Ethanol has a lot to contribute to Brazil and the world. We must, and we can take advantage of the moment to grow and transform ethanol into a fully sustainable form of energy, no longer as an alternative, but as a choice, an option. Just as millions of Brazilians did when they believed, and still do, in ethanol as a clean, sustainable, forthcoming and pioneer solution. An extraordinarily intelligent choice. █
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O setor sucroenergético, do lado da produção, exige visão e planejamento de médio e longo prazos. As decisões tomadas hoje para manter, renovar ou expandir o canavial e a indústria apresentarão seus resultados dentro de 1 a 2 anos para as usinas existentes, e as ações para a construção de novas unidades demandarão prazos de 3 a 5 anos. O balanceamento entre as ações que visam à oferta, com aquelas que determinam o consumo, é a chave da confiabilidade para a expansão do setor, tornando o etanol uma commodity mundial. Estamos vivendo uma fase crítica, pois a demanda aumentou, e a oferta ficou praticamente estagnada desde a safra 2008/2009. No cenário internacional, a convicção da necessidade de substituição gradativa dos combustíveis fósseis pelos renováveis está consolidada. A recomendação da EPA - US Environmental Protection Agency sinalizando para o uso dos combustíveis avançados, dentre eles o etanol brasileiro, é um indicador positivo para o médio prazo. Adicionalmente, devem ser abolidas as barreiras tarifárias para a entrada do etanol nos EUA, portanto, o cenário para a exportação do produto brasileiro se apresenta otimista. No mercado interno, a demanda por veículos flex deve continuar aquecida com o aumento da renda da população. O fator mercadológico determinante será o preço do etanol colocado nos postos, em um cenário onde o preço da gasolina apresenta tendência de estabilidade, no médio prazo. Outra ênfase deve ocorrer no campo dos bioprodutos derivados do etanol, que também irão pressionar a demanda. A projeção da demanda do etanol indica que, até 2020, deveremos duplicar a produção, representando um aumento de mais de 400 milhões de toneladas de cana processadas em mais de uma centena de novas usinas de grande porte. Essas projeções descortinam um cenário muito promissor no mercado interno.
The sugarcane-based energy industry, from the production point of view, requires a vision and planning for the medium- and long-term. Decisions made today, on maintaining, renewing or expanding sugarcane plantations and industrial installations, will show results in 1 or 2 years with respect to the existing mills, while the actions required to build new units will require periods of 3 to 5 years. The balancing of actions aimed at supply, with those that are determinant for consumption is key for reliability concerning the industry’s expansion, making ethanol an international commodity. We are experiencing a critical phase, given that demand has increased, while supply has remained stagnant since the 2008/2009 harvest. In the international scenario, the conviction of the need to gradually replace fossil fuel with renewable alternatives has been consolidated. The recommendation of the U.S. Environmental Protection Agency – EPA, as concerning the use of advanced fuels, including Brazilian ethanol, is a positive indicator for the medium-term. In addition, the ethanol import tariff barriers are expected to be eliminated, so the export scenario for the Brazilian product is a bright one. In the domestic market, demand for flex-fuel vehicles is expected to remain in high gear with the increase in the population’s purchasing power. The determinant marketing factor will be the price of ethanol at the fuel pump, in a scenario in which gasoline shows a trend towards stability, in the medium-term. Emphasis too is expected to be placed on bio-products derived from ethanol that will all put pressure on demand. The projections for ethanol demand indicate that until 2020 production will probably double, representing an increase of more than 400 million tons of processed sugarcane in some 100+ new large mills. These projections reveal a highly promising scenario for the domestic market.
" a indústria brasileira de equipamentos está capacitada e pode fornecer soluções avançadas, novas usinas e expansões que propiciem um aumento de moagem de 70 milhões de ton de cana/ano, ultrapassando em mais de 50% o acréscimo do consumo previsto " José Luiz Olivério Vice-presidente de Tecnologia da Dedini Vice-President of Technology of Dedini
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fabricante de equipamentos A crítica situação atual no mercado de etanol demonstra a necessidade de que os agentes, privados e públicos, atuem de forma coordenada, para que as políticas governamentais e as condições estruturais garantam a continuidade dos investimentos necessários no setor produtivo. O desafio que deverá ser enfrentado nos próximos anos, inclusive para recuperar a atual crise de oferta, será a tarefa de analisar as tendências do mercado e implementar políticas e ações efetivas, promovendo o equilíbrio da produção e consumo, visando ao crescimento harmônico do setor. A transformação do etanol em uma commodity energética internacional provocará a redução da lucratividade específica por tonelada de cana processada, caso o contexto atual não seja alterado. Mas a manutenção da lucratividade é fundamental para a sustentabilidade do setor, e, por isso, devem ser introduzidas tecnologias que visem à maximização do aproveitamento da cana, à eficiência dos processos, à redução do consumo de diesel e dos fertilizantes químicos, à geração de novos produtos de maior valor agregado. O processamento da cana integral na usina promoverá a redução de custos e gerará novas e maiores receitas, somadas aos produtos atuais. A indústria brasileira de equipamentos está capacitada para isso e pode fornecer soluções avançadas, novas usinas e expansões que propiciem um aumento de moagem de 70 milhões de toneladas de cana/ano, ultrapassando em mais de 50% o acréscimo do consumo previsto. Dessa forma, pode-se recuperar a demanda perdida e atender a um crescimento otimista nos mercados internacional e nacional. Além de mecanismos como política energética, marcos regulatórios, política tributária, entre outras, para garantir a confiança de possíveis empresários e investidores no programa, é fundamental que haja recursos de financiamento que priorizem as soluções de maior conteúdo tecnológico. Essas linhas devem ser estruturadas para projetos novos, para expansão de usinas, modernização, em condições de atratividade correspondentes à importância estratégica e à necessidade de um acelerado crescimento da oferta de etanol. Ao privilegiar essas tecnologias mais desenvolvidas, o financiamento sinaliza para o mercado a direção preferencial, induzindo à adoção de inovações. Concluindo, para a indústria brasileira de equipamentos do setor sucroenergético, temos um cenário desafiador com duas vertentes. A primeira tem grandes desafios devido ao crescimento quase explosivo da demanda de etanol; a segunda representa uma ameaça: o País oferece um mercado de dimensões gigantescas e, ao mesmo tempo, as nossas condições estruturais, em conjunto com a defasagem cambial e isenções fiscais, favorecerem a importação desleal, que nos levará à desindustrialização. O primeiro desafio temos condições de vencer. Para superar o segundo, precisamos do nosso próprio poder de arregimentação para obter o suporte da sociedade e do governo. Temos um histórico a nosso favor: hoje, temos o setor sucroenergético mais desenvolvido, competitivo, tecnologicamente avançado e um exemplo para o mundo. Ele foi construído com uma essencial contribuição da indústria brasileira de equipamentos. Esse fato fortalece a nossa confiança, mas não podemos parar de lutar. █
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Opiniões The critical current situation in the ethanol market shows the need for private and public agents to act in a coordinated way, so that government policies and structural conditions can warrant the continuity of investments needed for the production sector. The challenge to be faced in coming years, also to recover from the current supply crisis, will consist of the task of analyzing market trends and implementing effective policies and actions, bringing about the balance between production and consumption, with the aim of achieving the industry’s harmonic growth. Transforming ethanol into an international energy commodity will cause a reduction in specific profitability per ton of processed sugarcane, unless the current scenario is changed. However, maintaining profitability is essential for the industry’s sustainability and hence, new technologies must be introduced to maximize sugarcane yield, the efficiency of processes, the reduction in the consumption of diesel and chemical fertilizer, and the generation of new products with higher aggregate value. Processing unrefined sugarcane in a mill will result in cost reductions and will generate new and more revenues, to be added to those of current products. The Brazilian equipment industry has the capacity to do this and can provide advanced solutions, new mills and expansions that will make it possible to increase crushing by 70 million tons of sugarcane/year, exceeding the projected increase in consumption by more than 50%. Thus, one can recover lost demand and face optimistic growth in international and domestic markets. Apart from mechanisms such as energy policy, regulatory framework, tax policy, among others, and in order to warrant reliability of entrepreneurs and investors possibly interested in the program, it is essential that there be financing available to prioritize solutions entailing higher technological content. Such financing must be organized according to new projects, for the expansion of mills and modernization, under favorable conditions, given the strategic importance and the need for accelerated growth in the supply of ethanol. By prioritizing such more developed technologies, the financing signals to the market the preferred route to take, inducing the adoption of innovations. In conclusion, in the Brazilian industry of equipment for the sugarcane-based energy sector, we are faced with a challenging two-sided scenario. The first entails major challenges due to quasi explosive growth in the demand for ethanol. The second is a threat: the country offers a market of gigantic proportions, but at the same time, our structural features, along with the outdated foreign exchange rate and fiscal exemptions favored unfair imports that will lead us to “de-industrialize”. We are qualified to overcome the first challenge. To overcome the second, we need to harness our own capacity to achieve support from society and government. History is in our favor: we nowadays have the most developed, competitive, and technologically advanced sugarcane-based energy industry that stands as an example for the world. It has been built up as a fundamental contribution of the Brazilian equipment industry. This fact reinforces our trust, but we cannot stop fighting! █
fabricante de equipamentos
Opiniões
hora de melhorar o
ambiente corporativo no Brasil Time to improve the corporate environment in Brazil
Após trabalhar por quase trinta anos servindo o setor que hoje é conhecido como sucroenergético, enfrento o desafio proposto pela Revista Opiniões: tentar, neste espaço, traçar um prognóstico sobre esse mercado, em um horizonte de médio e de longo prazo. A primeira palavra que me vem à mente neste caso é: incerteza. Muito se tem dito, nos últimos meses, com relação ao imenso potencial de mercado para o etanol (tanto anidro quanto hidratado), em termos domésticos e internacionais. As previsões mais otimistas chegam à casa da centena de bilhões de reais em investimentos, com a necessidade de dezenas de novos projetos (os greenfield), bem como a ampliação de unidades existentes. Essas perspectivas partem da premissa de que há um constante crescimento da frota de veículos flex fuel no mercado nacional, e, consequentemente, do aumento da demanda pelo etanol hidratado. O próprio aumento da frota de veículos consumindo gasolina, no caso brasileiro, tenderia também a criar um aumento na demanda pelo etanol anidro, que, por lei, deve ser adicionado à gasolina na proporção de 18 a 25% do volume total. À primeira vista, esse é um cenário de excepcionais oportunidades para a indústria fornecedora de produtos e serviços para o setor. No entanto, ao longo de décadas, temos visto corriqueiramente o mercado oscilar entre picos e vales com frequência alarmantes; no último “ciclo virtuoso”, pré-crise financeira do final de 2008, o setor crescia a taxas assombrosas, com inúmeros novos projetos – marcando uma nova fase do segmento, com consolidações e com a entrada de novos players no cenário de negócios. Durante essa fase aquecida, ficaram claras as limitações tanto do setor produtivo, incapaz de atender à demanda nas quantidades e prazos então requeridos, quanto dos outros agentes envolvidos – os próprios investidores e os governos. Nesse último ciclo, criou-se uma expectativa imensa em torno da demanda potencial pelo etanol, que seria, supostamente, estimulada pelo aumento de consumo interno, mas também (e talvez, principalmente) pelo aumento da demanda externa, decorrente
" dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário indicam que, desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, foram editadas 249.000 normas tributárias no Brasil, além da existência de aproximadamente 3.400 normas legais a serem cumpridas pelas empresas " Paulo Roberto Gallo Diretor da Authomathika Sistemas de Controle Director of Authomathika Sistemas de Controle
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After having been of service, for almost thirty years, to what is nowadays called the sugarcane-based energy industry, I face the challenge proposed by Revista Opiniões – to, in this space, try to lay out a prognosis on this market, in a medium- to long-term timeline. The first word that comes to mind in this case is: uncertainty. Much has been said in recent months about the immense market potential of ethanol (anhydrous and hydrated), both domestically and internationally. The most optimistic predictions reach billion of reais figures in terms of investments, along with the need for hundreds of new greenfield projects, as well as the expansion of existing units. Such perspectives are based on the premise that there is constant growth of the “flex fuel” vehicle fleet in the domestic market, and hence, the increase in demand for hydrated ethanol. The very growth of the vehicle fleet that runs on gasoline, in the Brazilian case would also tend to increase demand for anhydrous ethanol, which, by law, must be added to gasoline in the proportion of 18 to 25% of the total volume. At first sight, this is a scenario entailing exceptional opportunities for suppliers of products and services to the industry. However, over the decades, we have customarily seen the market vary between highs and lows at an alarming frequency. During the last “virtuous cycle”, prior to the financial crisis at the end of 2008, the industry was growing at breathtaking rates, with countless new projects – signaling a new phase for the segment, with consolidations taking place and new players entering the business environment. During this boom phase, the limitations became evident, both of the production sector, unable to meet the demand in terms of quantity and delivery schedules as then required, and as concerning other agents involved – investors per se and governments. In the last cycle, huge expectation resulted from the potential demand for ethanol, that supposedly would be fostered by increased domestic consumption, but also (and perhaps mainly) by the increase in demand from abroad, resulting
fabricante de equipamentos de possíveis programas de adição do etanol à gasolina em diversos países, por conta dos impactos ambientais e da mitigação da emissão de gases do efeito estufa. Na prática, o que se viu foi uma estimativa equivocada de demanda; pior: mesmo que a demanda externa houvesse crescido, haveria problemas graves com a produção de matéria-prima e com a logística para a movimentação e carregamento do etanol rumo aos mercados externos. Surpreendentemente, após o pico da crise em 2009, a demanda interna de etanol manteve-se aquecida, graças aos incentivos governamentais destinados ao estímulo da indústria automobilística, que, combinada a fatores externos que elevaram os preços do açúcar, provocaram uma alta desenfreada nos preços do etanol, que, até então, mal remunerava o custo de produção, já que a quantidade de novas unidades que entraram em operação inundou o mercado com grande excesso de etanol. Hoje, olhando à frente, o fornecedor de máquinas e serviços depara-se com uma difícil decisão: ampliar sua capacidade produtiva, investindo em equipamentos e recursos humanos, de modo a estar preparado para as possíveis oportunidades que virão, ou manter-se como está e correr o risco de deixar de aproveitar essas mesmas oportunidades? Se houver uma retomada forte de investimentos no setor, será algo momentâneo ou será duradouro? Será apenas mais uma “bolha” ou será um movimento sustentável? Se o desenvolvimento do setor for sustentável (e queira Deus que sim), desde já é necessário se pensar nos desafios prementes à frente, que requerem ações de curtíssimo prazo, com resultados nem sempre rápidos: Como evitar desequilíbrios exagerados entre oferta e demanda? Como custear estoques reguladores? De que forma nós iremos prover mão de obra qualificada tanto para os fornecedores de máquinas, equipamentos e serviços quanto para a própria operação das plantas industriais? Como lidar com a legislação trabalhista arcaica, desenhada logo após a Segunda Guerra Mundial e que não vem se modernizando como deveria? De que forma se poderá adequar a gigantesca carga tributária incidente sobre as operações mercantis nesse (e em outros) setor a patamares menos predatórios? Estudos do Banco Mundial realizados sobre um universo de 183 países classificam o Brasil apenas em 127º lugar em termos de facilidade para se fazer negócios - ou seja, em 126 países dentre 183 é mais fácil e seguro se fazer negócios que no Brasil. Certamente, soluções que possam ser aplicadas ao setor sucroenergético poderão, além de qualquer dúvida, beneficiar os demais segmentos econômicos do Brasil. Sem profundas reformas estruturais, temo pela nossa capacidade de expandir setores econômicos estratégicos para o Brasil, como é o sucroenergético. De modo geral, parece ser difícil ainda, para os que detêm o poder, compreender a necessidade imperiosa de se facilitar a vida daqueles que querem empreender, trabalhar, produzir, gerar e distribuir riquezas. Em 2010, dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário indicavam que, desde a promulgação da atual Constituição Federal, em 1988, foram editadas mais de 249.000 normas tributárias no Brasil, além da existência de aproximadamente 3.400 normas legais a serem cumpridas pelas empresas. Tais números refletem a dificuldade de criar e manter negócios sustentáveis no Brasil. Se o negócio do etanol realmente se expandir como se espera, o maior desafio talvez não seja preparar as empresas para que atendam à demanda por equipamentos e serviços, mas sim superar o ambiente hostil ao empreendedorismo ora vigente. █
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Opiniões from possible programs to add ethanol to gasoline in several countries, on account of environmental impacts and mitigation of greenhouse gas emissions. In practice, what one saw was a wrong demand estimate. Even worse: if foreign demand had actually grown, there would have been severe problems with the production of raw material and the logistics to ship ethanol to markets abroad. Surprisingly, following the peak of the 2009 crisis, domestic ethanol demand remained high, thanks to government incentives to foster the automobile industry, which, in combination with external factors that increased the price of sugar, brought about an unrestrained increase in ethanol prices that, until then, hardly covered the production cost, given that the number of new mills that came on stream flooded the market with a huge ethanol surplus. Nowadays, looking ahead, a machinery or service supplier is faced with a difficult decision: expand production capacity, investing in equipment and human resources, so as to be prepared for possible opportunities that may arise, or remain in the current position, running the risk of not taking advantage of such opportunities? If there were to be strong investment resumption in the industry would it be temporary or long-lasting? Would it be just another bubble or a sustained movement? If the industry’s development should be sustainable (let us hope it will be), it would be immediately necessary to think about the urgent challenges ahead, requiring actions in the very short-term, with results that are not always quick: How to prevent excessive imbalances between supply and demand? How to finance regulatory inventories? How would one provide qualified labor to suppliers of machinery, equipment and services, and at the same time for operating one’s own industrial plants? How to deal with outdated labor legislation conceived after WW II, which has not been updated as it should have been? How should one proceed to adapt the huge tax burden applicable to mercantile operations in this and in other industries, reducing it to less predatory levels? World Bank studies realized in a universe of 183 countries only rank Brazil in the 127th place in terms of the facility to do business – i.e., it is safer to do business in 126 countries of a total of 183 than it is in Brazil. Certainly, solutions applied to the sugarcane-based energy industry may no doubt also benefit all other economic segments of Brazil. Without far-reaching structural reforms, I fear we may not be able to expand strategically important economic areas for Brazil, such as the sugarcane-based energy industry. In general, it still seems to be difficult for those in power to understand the urgent need to facilitate life of whoever wants to perform entrepreneurial activities, work, produce, and generate and distribute wealth. In 2010, data of IBPT (Brazilian Tax Planning Institute) showed that, since the promulgation of the current Federal Constitution, in 1988, more than 249,000 tax rules were established in Brazil, in addition to approximately 3,400 legal norms that companies must abide by. Such numbers reflect the difficulty to create and maintain sustainable businesses in Brazil. If the ethanol business should really expand as expected, the biggest challenge may possibly not be to prepare companies to meet the demand for equipment and services. The biggest challenge may be how to overcome the hostile environment for entrepreneurship currently prevailing in Brazil. █
ensaio especial
Opiniões
a hora e a vez do It’s time for the straw
A cana-de-açúcar é o vegetal de cultura extensiva que mais converte a energia solar através da fotossíntese. Podemos dividir essa energia armazenada em três partes mais ou menos iguais: 1. O caldo da cana: Esse terço sempre foi o objetivo da cultura da cana-de-açúcar. Hoje, podemos dizer que esse primeiro terço vem sendo bem extraído, e, dependendo da rota, produzimos, com cada tonelada de cana, 85 litros de etanol ou, na rota açúcar, 105 quilos de açúcar e mais 17 litros de etanol – aproveitando-se do mel residual. 2. Bagaço da cana: Na extração do caldo da cana-de-açúcar, obtemos o bagaço – um resíduo fibroso com cerca de 50% de umidade. Ele sempre foi utilizado como elemento combustível nas caldeiras para produção de vapor e acionamentos. O balanço térmico dessas fábricas no passado nunca foi feito visando à otimização energética desse combustível. A eficiência era deixada de lado, e o principal objetivo era atender às necessidades térmicas e de acionamentos da fábrica de açúcar e etanol de forma equilibrada, a fim de que não faltasse e também não sobrasse bagaço. Dessa forma, fica claro o grande potencial existente na geração de energia elétrica, à medida que se busque uma melhor eficiência energética. O resgate da parte não utilizada desse segundo terço já está a caminho em parte das 432 usinas de cana-de-açúcar existentes. 3. Palhiço: Esse terceiro terço sempre foi integralmente desprezado, pois, para facilitar o corte da cana, as folhas, que, quando secas, chamamos de palhas, são queimadas antes do corte, e a parte superior da cana, que chamamos de ponta, por não conter sacarose, é cortada e desprezada no próprio campo. Com a proibição gradativa da queima da cana, esse palhiço será aproveitado na geração de energia.
" considerando o potencial do bagaço e o do palhiço, o setor sucroenergético poderia estar fornecendo ao Sistema Interligado Nacional 12.700 MW médios, que equivalem a 23,5% de toda a energia consumida hoje no Brasil " Luiz Otávio Koblitz Conselho de administração da Areva Koblitz Board of Directors of Areva Koblitz
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palhiço Sugarcane, more than any other plant, is the most extensively cultivated plant to convert solar energy through photosynthesis. We can divide this stored energy into three roughly equal parts: 1. Sugarcane juice: This one third has always been the objective of the sugarcane culture. Nowadays, one can say that this one third is being well extracted, and depending on the chosen route, with each ton of cane one produces 85 liters of ethanol, or following the sugar route, 105 kilos of sugar, plus 17 additional liters of ethanol – making use of residual syrup. 2. Sugarcane bagasse: When extracting sugarcane juice one obtains a fibrous residue with about 50% of humidity, which we call bagasse. It has always been used as fuel in boilers to produce steam for setting in motion. The thermal balance of such mills in the past was never achieved with the intent of energy-wise optimizing this fuel. Efficiency was ignored and the main objective was to meet the thermal needs and set the sugar and ethanol mill in motion, in a balanced manner, so that there would be no shortage and no surplus of bagasse. Thus, the big existing potential for generation of electric power becomes evident, to the extent that one seeks to achieve better energy efficiency. The recovery of the unused part of this second third part is already being implemented in some of the existing 432 sugarcane mills. 3. Straw: This third third part has always been fully discarded, because to facilitate the sugarcane cutting, the leaves, which when dry one calls straw, are burned before the cutting and the top part of the sugarcane plant, which we call top, because it has no saccharose, is cut and discarded in the field. With the gradual prohibition of cane burning, this straw will be used for energy generation.
ensaio especial Considerando o potencial do bagaço – ainda hoje utilizado de forma perdulária – e o do palhiço, cujo uso ainda é muito inicial, o setor sucroenergético brasileiro poderia estar fornecendo ao Sistema Interligado Nacional - SIN, 12.700 MW médios, que equivalem a 23,5% de toda a energia consumida hoje no Brasil. A potência instalada necessária é de 25.100 MW. Considerando que, com essa nova tecnologia, pouco mais de 2.000 MW já foram ou estão sendo instalados, teremos que instalar ainda 23.000 MW. Fora o crescimento dos canaviais, cuja previsão é de, em 10 anos, aumentar mais 420 milhões de toneladas de cana, ou seja, mais 20.000 MW, totalizando, até o final da década, 43.000 MW. Atualmente, está em audiência pública o Plano de Decenal de Expansão de Energia (PDE 2020). No que tange à biomassa, suas previsões são muito tímidas, uma vez que considera apenas 4.667 MW a serem instalados até dezembro de 2020. Essa expectativa corresponde a apenas 20% do potencial hoje existente, ou a 11%, se considerarmos a previsão de aumento dos canaviais. Outra evidência desse subdimensionamento poderá ser vista no próximo Leilão A-3/Reserva, previsto para o mês de agosto: nele foram inscritos 4.580 MW, distribuídos em 81 projetos, quase o previsto pelo PDE -2020 para dez anos. A biomassa deveria ter um tratamento tarifário melhor nos leilões, respeitando-se a modicidade tarifária, porém competindo de forma separada. Para isso, é preciso que se considerem os custos evitados diretos e benefícios indiretos que essa fonte traz ao Sistema Interligado Nacional e à sociedade brasileira, como nenhuma outra. Os principais itens que podemos apontar são: a diminuição dos investimentos em LTs e S/Es (linhas de transmissão e subestações), pois a geração está junto ao consumo; a diminuição das perdas do Sistema Interligado Nacional; a sazonalidade da geração, acontecendo no período seco; os equipamentos materiais e serviços, que são nacionais; o aumento da confiabilidade do sistema por ser geração distribuída; é uma ferramenta no planejamento devido ao pequeno tempo de implantação; produz baixos impactos ambientais e é fonte de energia limpa. O Brasil é o país que utiliza o maior percentual de energia renovável do mundo. Considerando apenas a energia elétrica, são mais de 80%, e, se considerarmos a energia como um todo – combustível para os carros, para fazer vapor para as indústrias e inclusive a própria energia elétrica –, são 46%, contra uma média mundial de 14%, na qual apenas 7% são dos países desenvolvidos. Dentre as principais fontes de energias renováveis, podemos destacar a hidráulica, a biomassa, a eólica e a solar. Graças à generosa hidrografia de nosso País, já instalamos quase 80 mil MW e ainda temos mais de 100 mil MW viáveis a serem instalados – embora a maior parte esteja cada vez mais distante dos grandes centros de consumo. Para espanto da maioria dos leitores, a biomassa não é a segunda depois das hidrelétricas, e sim a primeira. Dos 46% de energia renovável, 15% são hidrelétricas, 14% cana-de-açúcar, 13% lenha de madeira e 3% de outras fontes. Logo, a biomassa corresponde a 27% de toda a energia utilizada no Brasil ou ainda quase 60% das renováveis. Para o Brasil, hoje, essa é a melhor fonte para produção de energia elétrica. Temos que priorizá-la! █
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Opiniões Considering the potential of bagasse – to this day still mostly wasted – and that of straw, whose use is still in an early stage, the Brazilian sugarcane-based energy industry could be supplying to the “SIN” (National Interconnected System) 12,700 average MW, which amounts to 23.5% of all energy consumed in Brazil today. The needed installed capacity is 25,100 MW. Considering that with this new technology little more than 2,000 MW already have been or are being installed, we will still need to install 23,000 MW, not to mention the growth of sugarcane plantations, whose projection is to in 10 years increase by additional 420 million tons of sugarcane, i.e., additional 20,000 MW, totaling 43,000 MW by the end of the decade. At this time, the Decennial Energy Expansion Plan (“PDE” 2020) is being appraised in a public hearing. With respect to biomass, its projections are quite conservative, since they consider only 4,667 MW to be installed until December 2020. These projections correspond to only 20% of the currently existing potential or 11% if one considers the prediction whereby sugarcane plantations will increase. Another example of such sub-dimensioning can be seen in the forthcoming A-3 / Reserve, scheduled for the month of August, in which 4,580 MW have been announced, distributed in 81 projects, almost the same as anticipated by the “PDE” – 2020 for a ten-year period. Biomass should be better addressed in auctions from the tariff point of view, respecting tariff rate reasonableness, while however competing separately. To that end, it is necessary that one consider the foregone high direct costs and the indirect benefits this source brings to the National Interconnected System and to Brazilian society like no other. The main items one may mention are: decrease of investments in LTs e S/Es (transmission lines and substations), because generation goes together with consumption; decrease of wastage in the National Interconnected System; seasonality of generation, occurring in the dry season; equipment, materials, and services sourced in Brazil; increase in the system’s reliability because generation is widespread; it is a tool for planning due to the little time for implementation; it produces low environmental impact and is a clean source of energy. Brazil is the country with the highest percentage of renewable energy in the world. Considering only electric energy, it is more than 80%, and, when one considers energy overall – fuel for cars, for steam generation in industrial plants and even electric energy itself – it is 46%, compared with a world average of 14%, of which only 7% come from developed countries. Among the main sources of renewable energy, one may mention: hydraulic, biomass, wind energy and solar. Thanks to the country’s generous hydrographic profile, we have already installed almost 80,000 MW, while still having in excess of 100,000 MW feasible of being installed – although the most part is increasingly farther away from the big consumer centers. To the surprise of most readers, biomass does not rank second after hydroelectric energy, but first. Of the 46% of renewable energy, 15% come from hydroelectric sources, 14% from sugarcane, 13% from wood and 3% from other sources. Thus, biomass corresponds to 27% of all energy used in Brazil, or about 60% of renewable energy. For Brazil it today is the best source to produce electric energy. We must make it the priority! █
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