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ISSN: 2177-6504
FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira mar-mai 2011
do plantio à colheita e transporte
índice
do plantio à colheita de madeira e transporte florestal
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52 54 56 58 62
Ricardo Anselmo Malinovski
Coordenador Técnico da Expoforest 2011
Incêndio Florestal: Antonio Carlos Batista
Professor de Ctrl de Incêndio Florestal UFPR
Paulo Eduardo Artaxo Netto
Professor do Dpto Física Aplicada do IF-USP
Lara Steil
Chefe Substituta do PrevFogo do Ibama
Guido Assunção Ribeiro
Professor de Ctrl de Incêndio Florestal UF-Viçosa
Ensaio Especial: Robson Oliveira Laprovitera
Gerente de Planejamento da International Paper
Silvicultura:
Colheita e Transporte:
Editorial da Edição:
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Germano Aguiar Vieira Diretor Florestal da Masisa
João Fernando Borges
Diretor Florestal da Stora Enso Latin America
Antônio Joaquim de Oliveira
Diretor Executivo Florestal da Duratex
Mário Eugênio Lobato Winter Superintendente Geral da V&M
Rogério Salamuni
Superintendente Florestal da Suzano
Mário Nelson Marques Cardoso
Gerente de Suprimento de Madeira Veracel
Wanderley Luiz Paranaiba Cunha
Gerente de Desenvolvimento da ArcelorMittal
Paulo Henrique Souza Dantas
Coordenador de Meio Ambiente da Cenibra
Rafael Alexandre Malinovski
Gerente Operacional da Malinovski Florestal
26 30 34 38 40 42 44 46 48
José Leonardo Gonçalves e Ana Paula Pulito Professor da Esalq-USP e Coordenadora Técnica do IPEF
Elizabeth de Carvalhaes
Presidente Executiva da Bracelpa
Roosevelt de Paula Almado
Gerente de Pesquisa e Meio Ambiente da ArcelorMittal
Ivan Crespo Silva
Professor de Agrossilvicultura da UFPR
Maria José Brito Zakia
Diretora da Práxis Socioambiental
Edivaldo Domingues Velini
Diretor da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP
Rosana Clara Victoria Higa
Pesquisadora da Embrapa Floresta
Clayton Alcarde Alvares Pesquisador da Esalq-USP
José Marcio Cossi Bizon
Coordenador Florestal da Fibria Celulose
Osvaldo Roberto Fernandes
Presidente da Ibaiti Soluções Florestais
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Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano
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editorial
Opiniões
a expectativa do
sucesso
" A Expoforest promete ser um divisor de águas no que diz respeito a feiras florestais, na América Latina. Será um marco definitivo na divulgação e na consolidação do mercado florestal brasileiro. "
Ricardo Anselmo Malinovski Professor do Departamento de Ciências Florestais da UFPR e Coordenador Técnico da Expoforest 2011
No mesmo ano em que comemoramos o dia internacional das florestas, realizaremos a II Semana Florestal Brasileira, que reunirá os principais técnicos e pesquisadores do setor de florestas plantadas do País. A semana será composta por três eventos técnicos e pela primeira feira florestal dinâmica da América Latina, a Expoforest. Com 34 anos de tradição, o XVI Seminário de Atualização sobre Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal contará com palestrantes das principais empresas florestais do Mercosul e de renomados pesquisadores da Europa; o II Encontro Brasileiro de Silvicultura, com um foco mais técnico/científico, contará com a participação das principais universidades brasileiras; e o 5º Simpósio Sul-Americano Sobre Controle de Incêndios Florestais, com apoio de órgãos como o Ibama e o GFMC - Global Fire Monitoring Center, será composto por diversos palestrantes internacionais. A Expoforest 2011 - Feira Florestal Brasileira é uma conquista de todo o setor florestal brasileiro e uma prova de que é possível colocar em prática grandes ideias. A decisão de transformarmos a Expoforest em uma feira dinâmica partiu de uma demanda dos próprios expositores. Aceitamos o desafio, e o resultado será visto durante três dias no Horto Florestal Mogi Guaçu, pertencente à International Paper, em uma área de 118 hectares com plantios de eucalipto clonal. O objetivo é que os visitantes tenham acesso e acompanhem de perto novas tecnologias, equipamentos, máquinas e serviços para a produção de florestas plantadas. Uma experiência única em que será possível vivenciar a realidade das operações florestais. Os principais fornecedores do setor farão da Expoforest uma vitrine para os lançamentos de 2011. Os mais de 120 expositores apresentarão novidades em equipamentos para plantio, colheita e transporte florestal. Além disso, técnicas e produtos para aperfeiçoar a implantação de plantios de eucalipto serão demonstrados em experimentos que já estão sendo realizados na área da feira desde 2010. Visitantes de diversos países participarão do evento. Para se ter uma ideia da grandiosidade da feira, na edição anterior, realizada em 2008, em Curitiba-PR, ainda no modelo estático, representantes de 20 países e de 23 estados brasileiros estiveram presentes.
A expectativa para esta edição é de atrair o dobro de público e ampliar a participação de estrangeiros. A Expoforest promete ser um divisor de águas no que diz respeito a feiras florestais, na América Latina. Será um marco definitivo na divulgação e na consolidação do mercado florestal brasileiro. O evento já é considerado, pelos próprios expositores, o mais importante do segmento florestal brasileiro. A chancela, desde o lançamento do evento em 2010, das principais empresas do setor e de toda a base florestal brasileira, por meio das associações, é uma conquista e uma responsabilidade. O Conselho Gestor, à frente de todas as decisões na organização do evento, conta com representantes das maiores marcas ligadas ao segmento, como Caterpillar, John Deere, Komatsu Forest e Ponsse. A expectativa para a geração de novos negócios a partir das demonstrações realizadas é grande. A participação em feiras é uma oportunidade para o contato direto com o público, para o aumento da visibilidade de produtos e serviços e para criar novas oportunidades de negócios. Além disso, o contato com novos players do mercado motiva a participação de marcas que reconhecem a seriedade do trabalho em um evento com esse porte, onde, por exemplo, a opção das demonstrações dinâmicas permitirá aos clientes comprovarem in loco as características e vantagens operacionais de máquinas e equipamentos, ajudando na definição do modelo ideal para sua operação, viabilizando, assim, a oportunidade da concretização dos negócios. Na opção estática da feira, contaremos também com a participação maciça de diversas empresas de transporte, carregamento, componentes hidráulicos, insumos, silvicultura de precisão, consultorias, viveiros, entre outras, o que reflete a integração da cadeia produtiva da madeira no evento. É importante ressaltar que a concretização desse projeto, que já vem sendo construído há mais de 2 anos, passa fundamentalmente pelo apoio da International Paper e sua equipe, as quais, desde o início, acreditaram na ideia e não mediram esforços para o sucesso e a consolidação desse empreendimento. Esperamos que, com a Expoforest, o Brasil deixe de ser um coadjuvante e passe a ser um protagonista quando se tratar de tecnologia para a produção de florestas plantadas no hemisfério sul do planeta.
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colheita de madeira e transporte florestal
a gestão florestal Um projeto florestal baseado na plantação de pinus, que responda positivamente a uma taxa WACC (weighted average cost of capital) de 10%, precisa estar dentro de certos limites de alguns fatores de produção e comercialização, como nesse exemplo: Preço da terra útil até R$ 4.500/ha total ou R$ 8.000/ha útil, custo de implantação até R$ 5.500/ha para o ciclo de 16 anos, uma produtividade na ordem de 35 m³/ha/ano e ser remunerado com valores de madeira em pé entre R$ 35 para o m³ de madeira de processo e variações de R$ 50, R$70 e R$100/m³ em pé para serraria e laminação, dependendo do diâmetro. Deve também ser conduzido para que gere um maior valor da floresta, utilizando-se manejos específicos, como desbastes e podas, de acordo com os produtos requeridos pelo mercado local. Resultado: 10,7% de taxa de retorno. Já outro projeto com plantações de eucalipto, com o propósito de obter grande quantidade de volume em um menor intervalo de tempo, ou seja, um ciclo de 6 ou 7 anos, com as mesmas premissas de preço de terra, preços de madeira, um custo de formação da floresta de R$ 4.500/ha no ciclo de 7 anos e tendo um IMA (incremento médio anual) de 40 m³/ha/ano, não alcançará uma taxa de retorno maior que 7%, o que deverá ser compensado por outros fatores estratégicos associados à indústria. Isso significa que, tanto para a implantação de pinus, como para o eucalipto, as taxas são muito apertadas e necessitam de um gerenciamento de altíssima qualidade para que o projeto não perca valor e atenda a seus objetivos preliminares. Daí a importância de uma boa gestão florestal, que começa com um planejamento adequado e deve ser desenvolvido em bases consistentes, seguindo premissas estabelecidas pelos acionistas. Vários cenários devem ser desenhados e testados em quantidades suficientes para que se tenha a segurança necessária para o início das fases subsequentes do projeto. O sistema de manejo a ser empregado dependerá do ambiente mercadológico e das possibilidades técnicas. Alguns fatores de produção são mais representativos para o sucesso de um projeto florestal e podem interagir para aumentar a sua taxa de retorno. Preço da terra, produtividade do site, preço da madeira, custo de produção, distância até os centros consumidores são fatores que interferem de forma significativa no resultado sustentável do projeto e por isso devem ser monitorados com atenção. Além de um bom planejamento, devemos investir atenção na definição de sistemas e métodos, para que a rotina tenha seu curso na direção dos resultados esperados, e o destaque deve ser dado para a busca de lideranças capazes de conduzir
com segurança todo o projeto. Sistemas de gestão de projetos florestais podem ser encontrados de diversas formas no mercado através de softwares específicos, mas devem conter controle de: produção, financeiro, capital humano, qualidade, saúde e segurança, comercial, logístico e suprimento, social e ambiental e desenvolvimento (investimentos e projetos). A metodologia aplicada deve ser adequada aos propósitos e objetivos do negócio florestal e ter o dinamismo necessário para se ajustar, conforme a evolução dos tempos, alterações ambientais e aprendizado da organização. Cada procedimento técnico-operacional, eleito para as atividades florestais, deve ter respaldos técnicos consistentes e monitorados de forma segura. Esses procedimentos que formarão o conhecimento da empresa devem ser guardados em ferramentas apropriadas e alterados quantas vezes forem necessárias, para traduzir a melhor expressão de valor para a empresa. Materiais genéticos desenvolvidos e a tecnologia aplicada às atividades de plantio, manutenção e colheita florestal passam a ser guardados e comandados por um corpo técnico, evitando-se alterações provenientes de crenças e hierarquia. O conhecimento técnico e específico de cada fazenda pelos seus gestores é fundamental, e inventários periódicos de qualidade mostrarão os ajustes necessários para correção do futuro. A sustentabilidade de um projeto florestal tem muitas vertentes, desde aspectos econômicos, macro e microeconomia, até aspectos sociais, passando por impactos ambientais, segurança jurídica, segurança política, mercado, substituição de produtos e qualidade das lideranças envolvidas, mas uma dessas devemos destacar, que são as interfaces com ambientes e sociedades. Normalmente, projetos florestais envolvem grandes quantidades de terras, espalhadas por diversos municípios, comunidades, bacias hidrográficas e biomas. Isso se desdobra na necessidade de criação de controles inteligentes para cada interface e deve ser liderado por profissional com sensibilidade e conhecimento específico para conduzir esse processo. Monitoramento de percepção das diversas comunidades envolvidas com o negócio é fundamental, e controles de impactos ambientais são necessários para compor o plano de sustentabilidade. Concluindo, podemos resumir que um projeto florestal é bastante complexo, envolve impactos diversos, possui taxas de retorno geralmente baixas e, apesar de ser investimento de menor risco, deve ser suportado por uma excelente gestão de planejamento, sistemas, métodos e, principalmente, possuir lideranças adequadas para conduzi-lo.
" além de um bom planejamento, devemos investir atenção na definição de sistemas e métodos, para que a rotina tenha seu curso na direção dos resultados esperados, e o destaque deve ser dado para a busca de lideranças capazes de conduzir com segurança todo o projeto " Germano Aguiar Vieira
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Diretor Florestal da Masisa do Brasil
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colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
a indústria florestal e a
bioenergia
Gerar energia é fundamental e imprescindível para o desenvolvimento dos países. Atualmente, os combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás –, respondem por mais de 80% das fontes de energia mundial. Esses combustíveis têm predominado desde que o petróleo passou a ser explorado em escala industrial, há cerca de 100 anos. Até então, a madeira era o principal combustível mundial. O cenário atual é de crescente demanda de energia – principalmente nos países em desenvolvimento –, aumento de preços com o fim do petróleo “fácil” e sua volatilidade associada às crises internacionais, questões de segurança energética, mudanças climáticas, política agrícola e industrial dos países e consumidores verdes. O futuro da bionergia e biocombustíveis será determinado por forças de peso. As regras dependerão de acordos internacionais, da legislação dos países e do desenvolvimento dos mercados. Qualquer que seja esse futuro, o certo é que haverá uma demanda crescente por bionergia e bioprodutos. Nessa perspectiva, a indústria de base florestal tem claras vantagens competitivas para ser protagonista nesse desenvolvimento.
liderança na produção e utilização de biomassa. Para isso, o grupo já vem desenvolvendo parcerias na área de bionergia e biorefinaria, utilizando seu parque de fábricas de celulose e papel na Europa. Em 2007, a empresa de refino e desenvolvimento de mercado para combustíveis de baixa emissão Neste Oil e a Stora Enso criaram a NSE Biofuels Oy, uma joint-venture 50/50, para desenvolver tecnologia e produção de combustíveis líquidos renováveis. A primeira etapa foi a construção de uma planta piloto de 12MW em 2007, junto à fábrica da SE em Varkaus, Finlândia. Em 2010, o consórcio iniciou o estudo de impacto ambiental para a construção de uma biorefinaria na Finlândia, em Porvoo ou Imatra, com capacidade prevista de 200 mil t/ano de diesel renovável de alta qualidade a partir de biomassa de madeira. A decisão de investir numa planta em escala comercial ainda não foi tomada pela NSE. A cadeia de produção – da matéria-prima, tipo de biomassa de madeira e todo o processo para obtenção da parafina adequada ao refino para óleo diesel –, tem sido testada na planta piloto de Varkaus. Um dos benefícios desse projeto será permitir, ao longo do ano, o uso mais efi-
" não há dúvida de que, para a indústria de base florestal, as oportunidades em biorefinaria e bioenergia são reais e muito significativas "
João Fernando Borges Diretor Florestal da Stora Enso Divisão América Latina
A utilização de biomassa está na base dos processos de produção da indústria florestal – colheita e logística utilizadas na indústria de produtos de madeira, de celulose e papel ou de energia –, que se integra perfeitamente com os processos de produção de bioenergia e biocombustíveis. As bioportunidades para a indústria florestal estão: 1. na produção de biomassa, como madeira energética, resíduos e pellets; 2. na geração de energia e calor, substituindo combustíveis fósseis ou expandindo a capacidade de geração de sites já instalados; 3. na produção de biocombustíveis, convertendo biomassa em combustíveis líquidos; e 4. na produção de bioquímicos e biopolímeros. Os dois primeiros segmentos já estão no estágio comercial. A produção de biocombustíveis de nova geração deve se tornar comercial nos próximos dois ou três anos. Químicos baseados em lignina, polímeros e outros produtos estão em fase de desenvolvimento e devem tornar-se comerciais nos próximos anos. Nesse cenário, a Stora Enso tem a visão de, em 2020, desenvolver negócios expressivos na área de bionergia e assumir uma posição de
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ciente da geração de calor na biorefinaria. O grande desafio para o consórcio NSE Biofuels é a conversão de biomassa de madeira em combustível líquido de alta qualidade. Não há dúvida de que, para a indústria de base florestal, as oportunidades em biorefinaria e bioenergia são reais e muito significativas. O estágio atual das tecnologias disponíveis recomenda que, para controlar os riscos envolvidos, deve-se avançar passo a passo. Consórcios (JV) como a NSE Biofuels Oy têm ótima perspectiva no desafio de desenvolver tecnologia para a produção de combustíveis líquidos a partir de biomassa, porque juntam a experiência de grupos que têm experiência na obtenção, uso e logística de biomassa e no processo industrial de produção de combustíveis e no mercado. O desenvolvimento de tecnologia bem como a infraestrutura e gestão da matéria-prima são essenciais para a viabilidade dos biocombustíveis e da bionergia. Nem todos os mercados potencialmente rentáveis significam milhões de toneladas... ou serão rentáveis necessariamente só na escala de milhões de toneladas.
colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
economia e produtividade com
máquinas de grande porte " a Duratex usufrui de uma condição extremamente favorável à mecanização: topografia plana, florestas de alta produção, madeira unicamente para produção de painéis e regularidade de colheita de grandes volumes " Antônio Joaquim Oliveira Diretor Executivo Florestal da Duratex
Alguns fatores são determinantes na escolha dos sistemas e equipamentos de colheita florestal. A topografia da área, por exemplo, determina o tamanho do equipamento, levando-se em conta a versatilidade de deslocamento e estabilidade; o padrão produtivo da floresta é também importante na decisão de processamentos individuais ou acumulados, no caso de árvores com baixo volume; a utilização da madeira, seja para uso único ou sortimentos, influencia sobremaneira a escolha dos equipamentos de colheita; finalmente, a regularidade dos volumes de colheita suportam investimentos em equipamentos mais produtivos e de maior porte. Existem outros fatores que interferem na escolha dos sistemas e equipamentos de colheita florestal, mas acreditamos que esses sejam os mais importantes. A Duratex usufrui de uma condição extremamente favorável à mecanização: topografia plana, florestas de alta produção, madeira unicamente para produção de painéis e regularidade de colheita de grandes volumes. Dessa forma, a empresa utiliza, desde 1996, colheita 100% mecanizada, como máquinas base na operação de corte, escavadeiras hidráulicas da categoria de 20 toneladas. Esses equipamentos foram adaptados para operação com cabeçotes harvesters, fellers e processadores. Existiam algumas limitações técnicas nessas adaptações: por exemplo, no caso dos feller bunchers, a máquina base era subdimensionada, e os resultados de disponibilidade mecânica e produção poderiam ser melhores. Mas os custos operacionais já eram significativamente menores do que as operações manuais. A operação de baldeio, no início da mecanização, era realizada com equipamentos de 10 toneladas de capacidade de carga, chegando, até a presente data, com equipamentos de 18 toneladas. Constatando que os equipamentos então utilizados haviam chegado ao limite da sua capacidade de produção, a Duratex iniciou os estudos para utilização de equipamentos de maior porte, com maior capacidade de produção, buscando a redução dos custos operacionais unitários. O crescimento da atividade industrial, consequentemente os volumes da colheita e o aumento da produtividade da floresta também criaram uma condição favorável à utilização de máquinas de
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grande porte, mais preparadas à atividade florestal. Foi definida, então, a aquisição de máquinas de grande porte, purpose buit, ao invés de escavadeiras convencionais, para as operações de derrubada e processamento. Essas máquinas, da categoria de 30 toneladas, possuem projeto perfeitamente direcionado para a atividade florestal. O motor de aproximadamente 300 HP é suficiente para as demandas de potência da máquina, proporcionando um funcionamento suave, com baixo consumo específico de combustível; as bombas hidráulicas, bem dimensionadas, fornecem fluxo mais que suficiente para os conjuntos de acionamento hidráulico; a construção do chassi da máquina é feita de forma a oferecer confiabilidade estrutural e facilidade de acesso para manutenção dos vários compartimentos. Foi possível acoplar a essas máquinas três tipos de cabeçotes: harvester, feller e processador. Para a colheita de florestas de pinus com alto volume individual de árvores (0,7 m3cc/arv.), foi acoplado um cabeçote harvester; para as florestas de eucaliptos, tanto de primeira quanto de segunda rotações, cujos volumes médios são 0,20 m3cc/arv. e 0,18 m3cc/arv., respectivamente, foram acoplados cabeçotes feller, para derrubada; e processadores, para o desgalhamento e traçamento das árvores. Nos estudos da empresa, o conjunto feller + processador foi mais viável do que a utilização do harvester nas florestas de eucalipto. Dessa forma, era imperativo que as máquinas base fossem flexíveis, para receber os diferentes tipos de cabeçotes, sem grandes modificações hidráulicas. No caso da operação de baldeio, a empresa está, neste momento, testando e avaliando a possibilidade do uso de forwarders de 19 toneladas. Até o fim do ano de 2011, a decisão será tomada. O primeiro módulo entrou em operação no final do ano de 2009, e, no ano seguinte, o uso dessas máquinas foi consolidado. Como era esperado, obteve-se ganho de produtividade da ordem de 60% e reduções de custo unitário da ordem de 30%. Além desses ganhos diretos, foi possível reduzir o número de equipamentos e operadores, trazendo outros ganhos indiretos. Com mais experiência e conhecimento desses equipamentos, espera-se obter ganhos ainda maiores.
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colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
gestão de valores da madeira
no carvoejamento
A madeira propriamente dita ocupou boa parte da matriz enérgica mundial até o início do século 20. Gradativamente, sua importância foi recuando à medida que os maciços nativos abundantes no mundo em desenvolvimento foram se exaurindo. Nesse período, o carvão mineral passou a desempenhar um papel importante devido à sua grande oferta e proximidade dos centros consumidores. O mundo vivia a era das máquinas a vapor, e o uso do carvão mineral foi abastecido por essa oferta. Nesse período, consolidou-se o uso do coque, oriundo do carvão mineral como termo redutor para o parque siderúrgico que se estabelecia nas diversas partes do mundo em desenvolvimento. A nova era pós-carvão mineral a se estabelecer foi a do petróleo e, mais recentemente, a do gás natural. Como características em comum, todos são finitos, de fonte fóssil e altamente poluentes. Dentro desse quadro, um país em especial se destaca, o Brasil, que, através de programas de pesquisa e desenvolvimento, alavancou um grande programa energético em diferentes frentes de atuação que o colocou em posição especial frente às necessidades futuras da humanidade de mudança no seu perfil energético. O Brasil mantém hoje cerca de 46% de sua matriz energia com energia renovável, enquanto o mundo consome apenas 13% de fontes renováveis. A falta de programas de desenvolvimento nesse quadro global é preocupante, pois o crescimento mundial, notadamente oriundo da China, ocorre única e exclusivamente em bases energéticas não renováveis.
integrada na América do Sul, a Companhia Belgo Mineira. No ano de 1940, é implantado o primeiro programa de reflorestamento, tendo como base o eucalipto, visando ao suprimento de carvão vegetal para a indústria siderúrgica. Surge, assim, uma forte parceria entre os plantios renováveis e a indústria siderúrgica. O atual cenário mundial aponta para uma crescente demanda e consequente pressão nos preços internacionais das duas commodities básicas para o setor siderúrgico, o minério de ferro e o carvão mineral. Nesse contexto, o Brasil passa a ser o único país capaz de manter sua competividade, pois detém as principais jazidas de ferro e pode, apesar da grande dependência atual do carvão mineral importado, procurar alternativas no setor florestal nacional, através do uso de injeção de finos nos altos fornos a coque ou mesmo de operar com cargas mistas de coque e carvão vegetal. Essa possibilidade poderá representar uma grande alavancagem do setor produtor de carvão vegetal, que representa hoje apenas 30% da capacidade produtiva do parque siderúrgico nacional. Esses fatores deverão também influenciar as decisões de expansão do setor siderúrgico, visando atender ao crescimento da economia nacional dos próximos anos. A expansão do setor siderúrgico a carvão vegetal, no caso do Brasil, representará uma alavancagem do setor florestal, o que demandará novas áreas para o reflorestamento e novos investimentos para concretizar os plantios necessários.
" o Brasil passa a ser o único país capaz de manter sua competividade (no setor siderúrgico), pois detém as principais jazidas de ferro e pode, apesar da grande dependência atual do carvão mineral importado, procurar alternativas no setor florestal nacional " Mário Eugênio Lobato Winter Superintendente Geral da Vallourec & Mannesmann Tubes
O processo de produção de produtos siderúrgicos utiliza-se de termo redutor fóssil, não renovável, o coque oriundo do carvão mineral largamente utilizado pela humanidade. Há, porém, uma exceção no setor, que é a siderurgia a carvão vegetal desenvolvida no Brasil no século XIX, mais especificamente na cidade de Caeté, estado de Minas Gerais, no ano de 1827. Essa é a primeira notícia sobre o uso do termo redutor renovável no processo siderúrgico. Em 1888, é criada a primeira empresa de ferro a usar alto forno a carvão vegetal. Já em 1925, surge a primeira usina
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O modelo de investimento florestal que está sendo espontaneamente implantado, a exemplo do que já ocorreu em outros países, deverá ter papel importante na concretização desse novo modelo de fornecimento da madeira necessária para o setor siderúrgico. Lembramos que, assim como ocorreu em outros países no passado, a oferta de madeira direciona os investimentos nas empresas consumidoras, portanto se torna oportuno, neste momento, o incentivo ao plantio de novas florestas, visando dar sustentabilidade ao novo patamar de consumo.
colheita de madeira e transporte florestal
planejamento da
Opiniões
rede viária " O grande desafio é o compromisso de se manterem as 160 viagens/dia que abastecem a fábrica, rodando sem interrupção. Além disso, há, ainda, a meta de se manter o caminhão no máximo 2 horas na fábrica, a partir do momento que entrega a nota até a sua partida. " Rogério Salamuni Gerente Executivo Florestal da Suzano Papel e Celulose
Nos últimos vinte anos, profissionais que trabalham com estradas florestais no Brasil enfrentaram dois grandes desafios. Primeiro: conseguir desenvolver e aprimorar técnicas de locação, abertura e manutenção das estradas, visando à conservação e à preservação dos solos e das águas, revertendo o conceito de que estradas são as principais causadoras de erosão em um povoamento florestal. Segundo: fazer com que essas técnicas, além da preservação do ambiente natural, dessem também ao leito carroçável maior capacidade de suporte e melhores condições de rolamento, garantindo trafegabilidade constante e segura dos tritrens, com capacidade de 70 m³ ou 77 toneladas, atualmente utilizados no transporte da madeira. É necessário lembrar que, no final dos anos 80, eram utilizados veículos com capacidade de carga de 20 m³ ou 23 toneladas; o aumento das composições teve o objetivo de reduzir os custos, viabilizando tarifas do transporte, que chegam a representar 50% do custo da madeira posto fábrica. Como estudo de caso, aborda-se o abastecimento da Unidade Limeira da Suzano Papel e Celulose, antiga Conpacel. A necessidade de haver planejamento da rede viária focado na logística florestal ocorreu em função de a Unidade Fabril de Limeira trabalhar com um estoque no pátio de apenas dois dias de consumo para ser utilizado em emergências. A madeira consumida diariamente fica sobre os caminhões em trânsito, que representam 160 viagens com descarga programada por horário e distribuída em 21 horas/dia, durante 355 dias por ano. Para manter o fluxo constante desses caminhões, inclusive nos períodos de chuvas sobre estradas de terra, foi necessário revisar os conceitos e os métodos utilizados na locação, abertura e manutenção das estradas florestais, para que estas pudessem comportar tráfego mais pesado, derivado do aumento da capacidade de carga dos veículos. Para atingir esse objetivo, quebraram-se paradigmas, criando-se novos conceitos para ordenar e garantir a qualidade e a durabilidade das estradas florestais com trafegabilidade constante e segura, sem ampliar custos. Criou-se um Departamento de Malha Viária, que integrou as atividades de conservação de solo, proteção florestal, construção e conservação das estradas, com a missão de cuidar das estradas, do plantio até a colheita, repetindo-se o padrão a cada ciclo. Os trabalhos foram planejados em harmonia com o meio am-
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biente, evitando transtornos para os usuários locais e as comunidades. Os trabalhos são executados com três prestadores de serviços, sob contrato anual que recebem por atividades realizadas. Dois técnicos de estradas distribuem e acompanham as empresas e recebem suporte dos oito parques florestais distribuídos de norte a sul do estado de São Paulo. A densidade das estradas é de 4,5%; busca-se algo perto de 3,5%, para uma área total de 113.000 ha, com uma malha de 6.680 km e 1.782 km de estradas municipais (52 municípios) que dão acesso às fazendas. A desvantagem da grande dispersão das fazendas, com um raio de 230 km em média, para o planejamento da logística de madeira, passa a ser um aliado forte, porque possibilita que haja remanejamento das frotas de uma determinada região para outra nos períodos de maior concentração de chuva, evitando-se interrupções no abastecimento da fábrica. O grande desafio é o compromisso de se manterem as 160 viagens/dia que abastecem a fábrica, rodando sem interrupção. Além disso, há, ainda, a meta de se manter o caminhão no máximo 2 horas na fábrica, a partir do momento que entrega a nota até a sua partida. Busca-se diminuir esse tempo, ampliando-se a eficiência da frota, que é terceirizada, por meio da renovação dos veículos. A integração entre fábrica (produção de celulose e recebimento) e florestal é fundamental para o sucesso da logística. Isso se torna obrigatório para o sucesso, caso o recebimento, o pátio e a picagem sejam de responsabilidade dessas áreas e não da área florestal, como é na Unidade Limeira da Suzano. Outro ponto forte a destacar para o planejamento da rede viária e logística funcionar bem é contar com competentes equipes na área de Planejamento e Inventário Florestal, na operação de Produção Florestal e no Departamento de Estradas e Conservação de Solo, viabilizando um sincronizado programa anual de colheita, respeitando os períodos críticos e a localização dos estoques estratégicos, evitando altos investimentos na rede viária, auxiliando a produção florestal na escolha corretas dos melhores trajetos e sequências, buscando atender à legislação ambiental, adequando as estradas às composições utilizadas. A receita do sucesso é planejar cada passo, porém de maneira sistêmica investir correto e de maneira suficiente empenho adequado das equipes e integrar sempre os vários setores envolvidos.
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colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
tecnologia de transferência de dados para
máquinas em operação florestal " o uso da tecnologia de transmissão de dados via satélite na colheita viabiliza o uso de tecnologias embarcadas e já pagas na aquisição das máquinas, substitui o ineficiente apontamento manual e torna o processo de tomada de decisão ágil e seguro " Mário Nelson Marques Cardoso Gerente de Suprimento de Madeira da Veracel Celulose
Até o final da década de 2000, os serviços de transmissão de dados por satélite eram disponibilizados a custos elevados, mas, desde então, a competitividade das tarifas tem melhorado significativamente, principalmente se utilizada tendo como apoio à crescente rede de telefonia móvel. A opção tecnológica de transmissão via satélite se deu ao menos pelas seguintes razões: • Problemas impactantes nas tecnologias de transmissão de dados via rádio ou de coleta via pen drives; • Ambiente hostil de campo sujeito a fortes interferências climáticas; • Disponibilidade de transmissão na maior parte do tempo da operação; e • Opção de melhor custo-benefício. Planejamos iniciar o uso da tecnologia com poucas demandas adicionais para permitir uma consolidação da ferramenta com a mínima customização possível, definindo três objetivos essenciais: • Automatizar documentação que acompanha os caminhões nas viagens e os boletins de produção da colheita; • Rastrear a madeira desde a origem; e • Controlar as frotas em operação. A implantação do rastreamento requer equipes com experiência multidisciplinar em operações florestais e tecnologia da informação, demandando por fornecedores especializados e de reconhecida competência. Os principais requisitos do escopo técnico são assim indicados: • Tipo de transmissão de dados; • Softwares que serão implantados no computador de bordo das máquinas; • Equipamentos, protocolo e pacote de dados; • Forma de instalação física dos equipamentos nas máquinas e caminhões; • Software de retaguarda, para receber e processar os dados transmitidos; • Integração ao controle de produção de softwares de gestão espacial (Geodatabase); e • Definir a garantia de segurança das informações a serem armazenadas pelos sistemas. Os principais fatores críticos de sucesso são listados a seguir, podendo haver outros, de acordo com a realidade de cada empresa: • Conhecimento técnico e treinamento dos envolvidos nas tecnologias utilizadas; • Contratação de empresas com equipes capacitadas e treinadas nas tecnologias envolvidas; • Participação ativa dos envolvidos nos processos de especificação, desenvolvimento e validação; • Treinamento e comprometimento dos envolvidos na manipulação dos compu-
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tadores de bordo; e • Compatibilidade dos softwares embarcados para o controle de bordo. O rastreamento por satélite no transporte resulta em maior segurança e aperfeiçoamento operacional, trazendo impactos positivos sobre o planejamento, a execução e o controle logístico. As transportadoras evoluem na gestão e no uso da tecnologia para reduzir custos e melhorar a eficiência no atendimento aos clientes. Diversos ganhos operacionais foram identificados, sendo os principais: • Confiabilidade e agilidade dos dados; • Alarmes gerados e transmitidos de forma imediata; e • Eliminação de preenchimento manual e da digitação de dados. Na Veracel, após um ano de implantação do rastreamento, obtivemos 14% de ganho na produtividade das frotas no transporte, sendo que a implantação dos equipamentos e sistemas elevou o custo do transporte em apenas R$ 0,08/m³sc. O tempo médio de permanência na fábrica foi reduzido de 45 para 25 minutos, permitindo uma redução de R$ 0,33/ m³sc nos custos de frete. Os ganhos são decorrentes do melhor controle do fluxo das frotas e da automação na entrada e saída da fábrica. A automação e o rastreamento do transporte são altamente rentáveis e continuarão a agregar novos benefícios e aperfeiçoamentos nas próximas etapas do projeto. A implantação das tecnologias de automação e rastreamento é diferencial competitivo diretamente relacionado à qualidade da informação, uma vez que informações precisas e eficientes permitem respostas rápidas das operações e uma maior confiabilidade dos serviços prestados. Na colheita, a apropriação do volume produzido diretamente pelas máquinas ainda carece de ajustes. Uma vez, chegou-se a verificar desvio com superestimação de 17% do volume cortado e processado pelo harvester. Certamente, esses desvios poderão ser eliminados, abrindo perspectiva para descontinuar o inventário florestal pré-corte, que, além de custoso, não oferece um erro padrão de estimativa adequado para todos os talhões. O uso da tecnologia de transmissão de dados via satélite na colheita viabiliza o uso de tecnologias embarcadas e já pagas na aquisição das máquinas, substitui o ineficiente apontamento manual e torna o processo de tomada de decisão ágil e seguro.
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Opiniões
gestão integrada de uma empresa florestal Há alguns anos, o grande diferencial das empresas deixou de ser meramente a questão econômica e se expandiu, juntamente com novas políticas e preocupações, ao capital humano, meio ambiente e responsabilidade social. Sendo assim, novos modelos de gestão surgiram e exigiram que as empresas interessadas em se manter no mercado inter-relacionassem suas atividades, o que traz uma série de vantagens para elas. Um sistema de gestão integrada pode ser definido como “um conjunto em qualquer nível de complexidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos, que se integram de forma organizada para certificar o resultado de um trabalho com eficácia e permitindo garantir sempre a melhoria contínua dos processos, projetos, serviços, produtos, etc”. Na ArcelorMittal BioEnergia, empresa do grupo ArcelorMittal, o sistema de gestão integrada permite executar atividades do dia a dia de produção de maneira eficiente, reforçando seus valores e suas políticas relativas a desenvolvimento e tecnologia, saúde, segurança, meio ambiente e comunidades. Sendo assim, é necessária uma equipe de profissionais capacitados que possuam uma visão holística do negócio da empresa, atuando de forma transversal nos processos produtivos, tecnológicos, regulatórios e de suporte.
ganhos em termos de produção, aperfeiçoamento de atividades através de treinamentos, o que permite também antever situações críticas e aproveitar oportunidades, eliminando esforços duplicados. Um sistema de gestão integrada permite o desdobramento das diretrizes da empresa para todos os seus níveis, garantindo que os objetivos e metas traçados sejam alcançados. O sistema deve ser retroalimentado para garantir a padronização de boas práticas e evoluir para que a melhoria contínua dos processos seja alcançada. A colaboração do empregado é essencial para a gestão integrada na ArcelorMittal BioEnergia. Para isso, mantemos abertos os canais de comunicação e premiamos os bons exemplos. Os gerentes têm papel fundamental na disseminação da informação e na coleta de dados que permitam nossa melhoria contínua. O sucesso desse modelo de gestão pode ser resumido em: maior satisfação dos empregados, comunidade, clientes e fornecedores; menores custos de serviços e produtos; melhoria da qualidade de seus produtos e serviços; e maior resultado econômico-financeiro. Todo o sistema de gestão integrada é regularmente auditado, interna e externamente, atestando a excelência dos processos através de certificações internacionalmente reconhecidas.
" um sistema de gestão integrada permite o desdobramento das diretrizes da empresa para todos os seus níveis, garantindo que os objetivos e metas traçados sejam alcançados "
Wanderley Luiz Paranaiba Cunha Gerente de Desenvolvimento Técnico da ArcelorMittal BioEnergia
A produção de carvão vegetal exige uma atuação de forma responsável. No caso da ArcelorMittal BioEnergia, esse processo se inicia na produção de mudas, passa pelo plantio, manutenção de florestas, colheita, custos, carbonização da madeira até a expedição do carvão para as usinas da ArcelorMittal em Timóteo e Juiz de Fora. Percebemos que a cadeia produtiva de uma empresa florestal é extremamente complexa, diversos fatores bióticos e abióticos, internos e externos influenciam na produção. Garantir um equilíbrio de todos esses fatores é fundamental para o sucesso do negócio. Somente com um planejamento integrado, todos os recursos, sejam eles materiais ou humanos, estarão alocados de uma forma balanceada, garantindo a execução das atividades e os resultados esperados. A implantação da gestão integrada trouxe diversos ganhos nos processos de produção da empresa, como maior facilidade de manutenção do sistema de gerenciamento das atividades através de controles documentais; redução de custos, maior velocidade na implantação de novas tecnologias, geração de sinergias em diferentes sistemas, o que permite
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colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
aspectos ambientais
integrados
Outro dia, ouvi uma piada, em que o planeta Terra estava conversando com um outro e reclamou de uma coceirinha; o segundo planeta disse, então: “Não se preocupe, você está com a tal da humanidade, mas isso passa logo!” Apesar da nossa relativamente recente presença na face da terra, em termos da escala de tempo geológico, tivemos a capacidade de causar impactos ambientais significativos, principalmente após a Revolução Industrial. Com a consolidação do conceito do desenvolvimento sustentável, os diferentes componentes do tecido social passaram a trabalhar na busca de um objetivo comum: a garantia da manutenção da capacidade de o planeta Terra sustentar a vida, em todas as suas formas. O setor brasileiro de silvicultura, um bom exemplo dessa busca, sempre teve suas atividades legisladas e controladas pelos setores governamentais de meio ambiente, e não àqueles, como seria mais lógico, de agricultura. De qualquer forma, talvez essa associação histórica tenha sido benéfica, pois, hoje, a silvicultura no Brasil possui um nível de excelência que é referência mundial. Mas a busca pela excelência deve ser continuada, e a intensidade do manejo, a mecanização, os modais de transporte, os requisitos legais e as crescentes demandas da sociedade são aspectos da colheita, uma das etapas do manejo da floresta, que demandam melhoria constante, face aos impactos que causam. É na fase do planejamento que esses impactos são mais bem identificados e avaliados. A Cenibra desenvolveu uma ferramenta denominada Planejamento Técnico, Econômico, Ambiental, Social e de Saúde e Segurança (PTEAS), que vem sendo utilizada com resultados significativos, uma vez que possibilita e promove a interação entre as diversas áreas operacionais envolvidas na arte de plantar, manter e colher florestas. O PTEAS baseia-se na premissa básica de que, com uma visão da inserção do projeto florestal no contexto da paisagem, ao nível da bacia hidrográfica, os aspectos técnicos, econômicos, ambientais, sociais e de saúde e segurança devem ser identificados e analisados de modo que passivos legais, conflitos sociais, impactos ambientais e riscos à saúde e segurança do trabalhador e das comunidades sejam prevenidos ou minimizados, utilizando-se sempre as melhores opções técnicas e econômicas disponíveis.
" o planeta Terra estava conversando com um outro e reclamou de uma coceirinha; o segundo planeta disse, então: “Não se preocupe, você está com a tal da humanidade, mas isso passa logo!” " Paulo Henrique de Souza Dantas Coordenador de Meio Ambiente Industrial e Florestal da Cenibra
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A equipe da Gerência de Meio Ambiente inicia o processo com a realização de um diagnóstico conduzido com base na programação dos projetos a serem colhidos num determinado ano e de mapas temáticos. É, então, visualizada e entendida a inserção dos projetos florestais na paisagem, permitindo a identificação e a análise prévia da interação das atividades da empresa com os atributos dessa paisagem, tais como comunidades, monumentos históricos e naturais, unidades de conservação e recursos hídricos, dentre outros. Na sequência, um grupo multidisciplinar, composto por representantes das áreas de colheita, transporte, infraestrutura, silvicultura, meio ambiente e social, tendo como referência o diagnóstico inicial, realiza vistorias de campo nas quais os participantes têm a oportunidade de avaliar e negociar as necessidades e demandas específicas de cada área operacional, sendo definidas e consensadas as ações necessárias para atendimento à premissa básica do PTEAS. O resultado final é um conjunto de informações (mapas e relatórios), considerado o macroplanejamento da colheita, que é utilizado posteriormente pelas áreas operacionais como referência na elaboração do microplanejamento, em que é definido o tipo de colheita, a sequência de corte, o baldeio, o modal e o fluxo de transporte, dentre outros aspectos operacionais. O PTEAS possibilita uma efetiva abordagem de aspectos sociais, históricos, culturais, ambientais e de saúde e segurança no planejamento da colheita; dessa forma, as decisões de cunho técnico e econômico são legitimadas pelo fórum de característica multidisciplinar da equipe, que possui autonomia para decisão. Eventuais dúvidas e conflitos são encaminhados para as coordenações e gerências, possibilitando à empresa operar dentro de um cenário de tranquilidade quanto ao atendimento de padrões de excelência que dela espera a sociedade. Finalizando, o PTEAS pode ser entendido como uma importante ferramenta para a gestão integrada do território, um conceito que a Cenibra utiliza como referência para o desenvolvimento de suas atividades, e que busca harmonizar as demandas sociais, atributos da paisagem e o manejo florestal conduzido pela empresa.
colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
otimização dos
custos
" as grandes vantagens de se modelar matematicamente uma operação são as possibilidades de se gerarem cenários, nos quais podem ser simuladas diversas situações operacionais, obtendo respostas rápidas e objetivas para auxiliar os gestores florestais na tomada de decisões "
Rafael Alexandre Malinovski Gerente Técnico da Malinovski Florestal
O setor florestal brasileiro é reconhecido como um dos mais competitivos no âmbito mundial, sendo referência em produtividades e custos de florestas plantadas de pinus e eucalipto, que são o principal insumo das indústrias de papel e celulose, de madeira serrada, de siderurgia, de painéis reconstituídos e de chapas. Em 2010, o Brasil consumiu 162,6 milhões de m3 de florestas plantadas nos diversos segmentos, e os custos operacionais com colheita e transporte representam hoje mais de 50% do valor da madeira posta no pátio das indústrias. Atrelado aos altos custos operacionais, o abastecimento de madeira também é influenciado fortemente pelas condições atmosféricas, o que exige planejamento antecipado e flexibilidade para a execução das operações, pois somente se consegue manter competitividade em custos a partir da continuidade da produção dos recursos empregados. Nesse contexto, o planejamento da logística das operações florestais vem ganhando cada vez mais importância, pois, desde a implantação das florestas, a construção, a adequação e a manutenção das estradas, o planejamento e a execução da colheita, o objetivo principal deve ser o escoamento da madeira produzida com o menor custo e a maior garantia de abastecimento possível. Dentre as formas possíveis de se transportar a madeira produzida nos talhões até as unidades industriais, a mais utilizada no Brasil é por meio do modal rodoviário. Existem diversos tipos de cavalos mecânicos atrelados a diferentes tipos de implementos, que formam as CVC - Composições Veiculares de Carga, disponíveis no mercado. Porém, a indicação da combinação ótima depende principalmente das condições em que serão realizadas as operações e a legislação vigente na região. As CVC que normalmente apresentam o menor custo por unidade transportada são as que conseguem carregar maior quantidade de carga, mas cada qual apresenta restrições operacionais ligadas ao tipo de pavimento e à rampa máxima que conseguem vencer, tanto vazias como carregadas, as quais limitam sua utilização em certas condições. Outro aspecto importante é o peso sobre o eixo de tração dos caminhões, pois, quanto maior esse peso, maior a força aplicada sobre o pavimento, resultando em rampas mais acentuadas, vencidas até o limite em que as forças de resistência (R)
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sejam iguais à força disponível na roda (FR) ou à força de aderência (Fad). Esse peso é regulamentado pela legislação, e todas as CVC que trafegam em vias públicas estão limitadas a ele. Em determinadas condições, onde as estradas são particulares, é possível utilizar o peso técnico sobre o eixo de tração, aumentando os limites de rampa que podem ser superados pelas composições. Para que se possa trafegar com as CVC nas estradas de uso florestal, faz-se necessário o investimento de recursos financeiros para sua adequação e manutenção. Normalmente, quanto maior o PBTC (Peso Bruto Total Combinado) das CVC, maiores são as adequações que devem ser feitas, principalmente para a redução das rampas, e, via de regra, quanto melhor for a qualidade da malha viária florestal, mais produtiva será a operação de transporte de madeira. Operacionalmente, a logística florestal, além das CVC, conta com algumas opções para acessar locais mais íngremes ou com pavimentos mais restritivos, através do baldeio e do uso de tratores equipados com guincho, por exemplo. Dadas as possibilidades de se usar um ou mais tipos de CVC para transportar madeira, de quanto se investir na adequação de estradas e poder utilizar-se ou não tanto do baldeio quanto do apoio, que geram aumentos nos custos, e também de garantir a continuidade das operações em condições de chuva, a pergunta a ser respondida pelos gestores florestais é: qual a combinação de recursos técnicos ideal, que gera o menor custo logístico para uma determinada condição florestal? Para se responder a essa pergunta de forma técnica, é possível a utilização de ferramentas matemáticas de apoio à tomada de decisão. O uso da Programação Linear é uma dessas ferramentas, em que, através de um conjunto de equações, consegue-se definir uma função objetivo, de minimizar custos, por exemplo, limitado a determinadas restrições, cujo resultado será a combinação ótima de recursos para determinada situação. As grandes vantagens de se modelar matematicamente uma operação são as possibilidades de se gerarem cenários, nos quais podem ser simuladas diversas situações operacionais, obtendo respostas rápidas e objetivas para auxiliar os gestores florestais na tomada de decisões, otimizando recursos, diminuindo custos e mantendo a competitividade de seus produtos.
colheita de madeira e transporte florestal
Opiniões
mulheres na operação de equipamentos de colheita A necessidade de busca e desenvolvimento de talentos é um capítulo importantíssimo dentro de qualquer processo de desenvolvimento profissional. O advento da mecanização da colheita florestal trouxe uma mudança significativa de ajuste de perfil de todos os profissionais, sejam eles operadores de máquinas, mecânicos, supervisores e principalmente dos gestores. Necessita-se que o processo seja logisticamente perfeito, com suporte adequado e com custos cada vez menores. Já se conhece de forma adequada o perfil psicológico e de habilidades para pessoas do sexo masculino, considerando inclusive diferenças regionais, culturais e geográficas. O mesmo, de forma clara e científica, não acontece com o sexo feminino. Para tanto, temos que quebrar um paradigma importante que é a colheita mecanizada vista como extremamente rústica e pesada para os padrões fenotípicos femininos. Sabe-se de algumas pequenas experiências bem-sucedidas ou não nessa área, mas se faz necessário um estudo científico com elementos comparativos, verificações bastante específicas, planejamento detalhado da avaliação e, acompanhamento criterioso e não menos importante, preparar as equipes remanescentes masculinas para o processo de inserção de mulheres em atividades mecanizadas de alta performance. Processo: Com esse objetivo, a Ibaiti Soluções Florestais em parceria com a Díade Psicologia e Administração iniciaram um estudo sobre o que seria conveniente avaliar no perfil de pessoas do sexo feminino, para alcançar resultados iguais ou superiores aos masculinos, atualmente obtidos. O processo inicial contou com a inscrição de 182 candidatas. Na fase de levantamento de perfil, recrutamento e entrevista psicológica, chegou-se a 20 potenciais candidatas. Em seguida, fez-se um dia de campo a fim de mostrar-lhes a
Resultado na prática de campo: Como vantagens, as mulheres apresentam maior: facilidade de compreensão; qualidade operacional; participação nos problemas e soluções; qualidade nos relatórios diários; cuidado com manutenção dos equipamentos; preocupação com meio ambiente, segurança no trabalho e cumprimento das normas; e integração no trabalho em equipe. Como desvantagens, as mulheres apresentam maior: dificuldade em situações climáticas adversas; dificuldade para realizar serviços pesados; excesso de cuidado com aparência pessoal; estresse em situações de pouca relevância; e dificuldade para deslocar equipamentos no interior do talhão. Resultado no teórico simulador: É importante destacar que, nos resultados do grupo de controle masculino, 50% deles já eram advindos do setor florestal, ao contrário do grupo feminino, que não tinha qualquer familiaridade ou conhecimento da atividade. O que se verifica durante o processo de estudos sobre a inserção de operadoras na colheita florestal com equipamentos de alta performance é que a perspectiva é positiva. Em muitas situações de recrutamentos e seleções, é comum a escassez de candidatos do sexo masculino com perfil apropriado de requisitos pessoais especiais, dificultando ou até determinando a impossibilidade de efetivar o processo de contratação. Com a perspectiva de sucesso da contratação de operadoras, tal situação pode ser grandemente alterada, pois se verifica que as mulheres podem muito bem ser guindadas à atividade em questão, sem maiores problemas de produtividade, interação e qualidade, desde que considerados os aspectos significativos da diferença entre os gêneros – objeto do estudo.
" mulheres apresentam maior: facilidade de compreensão; qualidade operacional; participação nos problemas e soluções; qualidade nos relatórios; cuidado com manutenção dos equipamentos; preocupação com meio ambiente, segurança no trabalho e cumprimento das normas ... " Osvaldo Roberto Fernandes Diretor da Ibaiti Soluções Florestais Colaboração: Luciano Santos, Díade Psicologia
realidade da colheita florestal em todos os aspectos: sistema de transporte de colaboradores, dificuldades climáticas, área de vivência, refeições, uso de EPIs, operação e desempenho dos equipamentos, riscos de segurança, quesitos ambientais, de qualidade, dentre outros. Dos resultados até então obtidos, procedeu-se à escolha das 6 candidatas que tiveram, no conjunto geral, as melhores condições relativas a aspectos pessoais, desejo pela atividade, posicionamento frente ao desafio, senso de responsabilidade pela quebra do paradigma masculino, resposta de postura frente ao novo e, por último e mais importante, perfil psicológico adequado.
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silvicultura
Opiniões
diretrizes e desafios da silvicultura brasileira " O espírito de trabalho em grupo é uma das maiores riquezas do País. Em pouco tempo, os partícipes podem formar opinião ou mesmo tomar decisões consistentes e criativas sobre linhas de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico diretamente relacionadas às suas necessidades. "
José Leonardo de Moraes Gonçalves e Ana Paula Pulito Chefe do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/Usp e Coordenadora Técnica do IPEF, respectivamente
Ainda há grande defasagem científica e tecnológica entre a prática da silvicultura atual e a potencial, em termos de planejamento e implementação do conhecimento disponível. Com essa percepção e dentro do contexto de uma economia globalizada, do mercado cada vez mais exigente quanto à qualidade dos produtos e do aumento da consciência socioambiental, a silvicultura brasileira caminha com novas diretrizes e almeja desafios pujantes. Tem-se consolidado uma nova mentalidade, fundamentada na adoção premente de uma gestão silvicultural integrada, aspirando ao desenvolvimento sustentável dos espaços rurais. Busca-se maior eficiência no uso dos recursos naturais (edáficos, hídricos e biológicos), como também dos serviços e insumos. Promove-se uma silvicultura mais prospectiva e preventiva quanto à convivência das árvores com fatores de risco abiótico e biótico. E a unidade de planejamento florestal não é mais só a propriedade rural, mas a bacia hidrográfica, englobando as comunidades envolvidas. Dentro desse cenário, organizou-se o II Encontro Brasileiro de Silvicultura. Foram escolhidos palestrantes aptos a apresentar e debater os novos paradigmas e avanços em diferentes áreas. Deparamo-nos com várias questões: Estamos preparados científica e tecnologicamente para os novos desafios? Quais desafios devem ser priorizados? Quais são as dificuldades? O que deve ser feito para aperfeiçoar e agilizar o processo de desenvolvimento? Como transferir
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para a prática os conhecimentos atuais e os que serão gerados? Aparentemente, um dos maiores desafios, nesta e nas próximas décadas, será a adaptação da silvicultura às mudanças climáticas. Há, ainda, grande incerteza sobre os cenários futuros em escala regional. Assim, por segurança, é preferível invocar o Principio da Precaução. O relatório de 2001 do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) afirmou que a ocorrência de secas vai aumentar globalmente nos próximos 50 anos, com mudanças expressivas nos regimes de chuvas. Todos os modelos climáticos estimam uma faixa de aumento de temperaturas de 0,4ºC a 1,8ºC até 2020 e 1,0ºC a 7,5ºC até 2080, para a América do Sul. Os maiores valores de aquecimento acontecerão na porção tropical da América do Sul. As temperaturas mínimas são as que apresentam maior tendência de elevação. Na prática, tem-se observado que o maior problema não é a variação da média dos eventos meteorológicos, mas a frequência e a concentração com que ocorrem os eventos extremos (por exemplo, chuva, seca, geada, vento forte). Nos últimos anos, em várias regiões, os períodos de estiagem foram mais longos e acentuados, agravando o estresse hídrico e os riscos de ocorrência de pragas e doenças. Ainda é precária a intensidade de coleta de dados na rede de monitoramento meteorológico existente no País. É preciso instalar mais estações meteorológicas automáticas. O ideal seria ter uma estação para cada 100 mil hectares, com distribuição de acordo com as isoietas de precipitação pluviométrica.
silvicultura Deve-se trabalhar para que os dados produzidos sejam armazenados e interpretados num banco climático central, que, de forma coordenada e com visão em escala local e nacional, dê origem a boletins frequentes da previsão e dos possíveis efeitos meteorológicos no processo de produção florestal. Mapas mostrando as zonas climáticas atuais e simuladas do futuro devem ser disponibilizadas, de preferência, acompanhados de informações sobre as perspectivas de crescimento florestal e dinâmica de ocorrência de pragas, doenças e ventos. Com o agravamento dos riscos de estresses abiótico e biótico, nunca a necessidade de biodiversidade foi tão requerida para aumentar a segurança ambiental e fitossanitária das plantações florestais como agora. Aumentar a tolerância e a estabilidade genotípica às intempéries climáticas, às pragas e às doenças é um grande desafio. Há várias dificuldades a serem enfrentadas: 1. As rotações de cultivo são relativamente longas, de modo que o povoamento florestal passa por vários ciclos de oscilação climática sazonal e anual, em regiões com ampla variação fisiográfica e edáfica. Quanto mais estreita for a base genética, maior a dificuldade de encontrar um genótipo capaz de se adaptar a diversas variações temporais e ambientais. Essa é a maior dificuldade das plantações clonais; 2. A tolerância genotípica aos estresses abióticos e bióticos, geralmente, tem caráter quantitativo (poligênico), portanto, possui baixa herdabilidade; 3. Os genótipos tolerantes ao frio apresentam baixa taxa de enraizamento, dificultando sua propagação vegetativa. Para fazer frente a esses desafios tão prementes, é preciso fomentar conjuntamente o melhoramento clássico de espécies puras e a produção de clones interespecíficos por hibridação. A aplicação de recursos avançados relacionados à genética quantitativa e a genômica são fundamentais. E, para melhorar a compreensão da adaptação da planta ao ambiente, é preciso avaliar, além das variáveis fenotípicas convencionais, as variáveis ecofisiológicas e genômicas. A adequação ambiental por meio da conservação e restauração dos ecossistemas naturais deve ser uma prioridade. Na paisagem, a vegetação nativa, os povoamentos seminais e clonais em diferentes estágios de maturação precisam ser mesclados, criando mosaicos de uso do solo. O momento para testar novas alternativas de produção especial de genótipos, como as monoprogênies, é muito propício. Além de possuírem alto padrão de homogeneidade fenotípica, esses genótipos são propagados por via seminal e possuem excelente qualidade de sistema radicular, apto a explorar camadas profundas do solo e, assim, expressar maior capacidade de tolerância à seca. Em vários casos, tem-se observado que as plantações com genótipos monoprogênicos foram mais tolerantes aos estresses hídrico e térmico, ao ataque de pragas e doenças e aos ventos fortes do que as plantações clonais. A alocação dos genótipos na paisagem deve ser baseada em mapas de zoneamento sítio-específico, segundo suas necessidades fisiológicas e nutricionais, o que, além de otimizar a interação da planta com o ambiente,
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Opiniões possibilita maior eficiência no planejamento e na precisão de aplicação das práticas de cultivo silvicultural. Nessa fase, é primordial o uso de recursos avançados de geotecnologia e a silvicultura de precisão. Baseado nesse cenário, depreende-se que, para a realização de uma silvicultura preventiva e responsável, o programa de melhoramento não deve privilegiar apenas a produtividade e a qualidade da matéria-prima em detrimento da tolerância dos genótipos aos estresses abiótico e biótico. Assim, deve ser tolerada certa perda desses atributos, mas preservando-se as seguranças ambiental e fitossanitária das plantações, pois delas dependem o abastecimento do mercado comum e da indústria. Por exemplo, na indústria de celulose e papel, deve haver um limite crítico para a diminuição do teor de lignina na madeira, pois esse componente, sintetizado pelo metabolismo secundário da planta, é essencial para a sua tolerância aos fatores de estresse. Na última década, tem-se constatado o agravamento da proliferação de pragas, doenças e plantas daninhas tolerantes ou resistentes aos agroquímicos. O quadro fica mais grave devido à pratica insuficiente e pouco disseminada dos Sistemas de Manejo Integrado (SMI) desses agentes e devido à baixa disponibilidade de produtos registrados para as culturas florestais, seja por razões comerciais ou por restrições legais ou dos órgãos de certificação florestal. No SMI, há uma combinação de práticas culturais associadas à ação ecológica natural de controle da dinâmica populacional da espécie nociva à planta, o que, além de diminuir o consumo de agroquímicos, mantém a população da espécie em nível abaixo daquele capaz de causar dano econômico. O SMI é fundamental para os empreendimentos florestais, pois, além dos benefícios intrínsecos, a maioria deles possui programas de qualidade total, que buscam melhorar sua eficiência e competitividade e têm ou almejam a certificação florestal para atestar sua qualidade técnica, ecológica e social. Como estratégia de P&D&I, é preciso fomentar e disseminar mais a pesquisa cooperativa, por meio do fortalecimento das parcerias Universidade-Instituto-Produtor Florestal, um dos fatores de êxito da silvicultura atual. A diversidade de vivências e de informações conseguidas em fóruns de pesquisa cooperativa não está disponível de forma organizada em nenhuma biblioteca. Há abundante experimentação e resultados de casos obtidos nas diferentes condições ambientais e tecnológicas do País. A aprendizagem ocorre de forma compartilhada e baseada na complementaridade de visões específicas e sistêmicas, de profissionais com as mais diversas qualificações. Geralmente, predomina o espírito de trabalho em grupo. Essa é uma das maiores riquezas do País, que não deve ser subutilizada. Em pouco tempo, os partícipes podem formar opinião ou mesmo tomar decisões consistentes e criativas sobre linhas de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico diretamente relacionadas às suas necessidades. Acresce-se a isso a agilidade de transferência de informações e de decisões da teoria para a prática (desburocratização), pois todo o processo de produção do conhecimento acontece associado ao contexto realista de sua aplicação.
silvicultura
Opiniões
é preciso garantir a
competitividade
A produção brasileira de celulose cresceu 5,1% em 2010 em comparação a 2009, chegando a 14 milhões de toneladas, enquanto a produção de papel registrou elevação de 3,4%, alcançando a marca de 9,8 milhões de toneladas, com aumento de volume em todos os segmentos do produto. O crescimento da receita de exportação também foi expressivo: totalizou US$ 6,7 bilhões, elevação de 33% em relação ao ano anterior. Além de mostrarem que o setor superou a crise financeira internacional de 2009, esses resultados favorecem o novo ciclo de expansão da indústria. A previsão é que, até 2020, as empresas de celulose e papel deverão investir US$ 20 bilhões em projetos para ampliar em 45% a base florestal. As florestas plantadas do setor passarão dos atuais 2,2 milhões de hectares para 3,2 milhões de hectares. Esse crescimento da área de cultivo levará ao aumento da produção de celulose em 57%, ou seja, 22 milhões de toneladas. Já a produção de papel deverá aumentar em 30%, alcançando a marca de 12,7 milhões de toneladas. E todo esse investimento, segundo as estimativas, dobrará a receita de exportação, totalizando US$ 13 bilhões ao final do período.
a atuação cada vez mais forte da nossa indústria no comércio internacional. Para a Bracelpa, a principal medida a ser adotada pelo governo brasileiro, em busca da isonomia das empresas nacionais em relação aos demais competidores internacionais, é a desoneração dos investimentos. No caso do setor, a tributação dos investimentos chega a 17%. Ou seja, o total a ser investido pelas empresas do setor, nesse novo ciclo, gerará tributos da ordem de US$ 3,4 bilhões, montante que poderia ser aplicado em novos projetos de pesquisa ou em iniciativas de promoção das empresas nos principais mercados de celulose e papel. Isso precisa ser avaliado e revisto pelo governo federal. Outras questões relacionadas à carga tributária também integram a agenda do setor, como a devolução dos créditos de ICMS acumulados na exportação e a criação de um regime especial que interrompa a geração de créditos tributários nas exportações. A competitividade brasileira também será garantida por medidas voltadas à melhoria das condições de infraestrutura e logística, que eliminem os gargalos nos principais modais de transporte – portos, ferrovias e rodovias.
" a principal medida a ser adotada pelo governo brasileiro, em busca da isonomia das empresas nacionais em relação aos demais competidores internacionais, é a desoneração dos investimentos "
Elizabeth Carvalhaes Presidente-executiva da Bracelpa
As estratégias de crescimento baseiam-se em estudos sobre o aumento de consumo de papel por conta do crescimento econômico de mercados emergentes, principalmente China, Índia e Rússia, bem como países do Leste Europeu e da América Latina. Essas projeções apontam elevação da demanda por todos os tipos de papel em 1,5% ao ano, até 2025. Em relação aos papéis de embalagem e para fins sanitários, a média anual chegará a 2,5%. Para atender a esse crescimento, a produção mundial de celulose de mercado terá de chegar a 74 milhões de toneladas anuais, ao final desse período, o que representa um aumento de 25 milhões de toneladas em relação ao volume produzido atualmente. As projeções mostram que o Brasil terá papel fundamental nesse aumento da produção, seja pela qualidade das fibras de eucalipto e pinus, seja por seus atributos de sustentabilidade. As perspectivas são estimulantes. Mas também teremos muito trabalho pela frente para garantir a competitividade do País e, consequentemente,
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Cerca de duas dezenas de obras são fundamentais para viabilizar os projetos de expansão do setor, e, por isso, a negociação para sua realização é tema prioritário da agenda da Bracelpa em 2011. O crescimento do setor terá como premissa a busca de uma economia de baixo carbono. Por isso, é cada vez mais importante a participação da entidade nas negociações climáticas. O objetivo do setor é a inclusão dos créditos de carbono florestais como mecanismo para compensar emissões de gases causadores do efeito estufa. O ponto alto das negociações, neste ano, será a 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP17), a ser realizada em novembro, na África do Sul. Até lá, a Associação defenderá a proposta do setor em fóruns, mostrando que o potencial de absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera pelas florestas plantadas das indústrias de celulose e papel – e também dos setores de carvão vegetal, moveleiro e de painéis de madeira – contribui efetivamente para a mitigação dos efeitos do aquecimento global.
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Opiniões
perspectivas de produção
na área de carvão
Não temos condições de prever qual exatamente será o futuro do biorredutor renovável (carvão vegetal proveniente de cultivos florestais), mas podemos avaliar o passado, analisar o presente e planejar o futuro. A sustentabilidade da fonte de matéria-prima renovável de qualidade que temos à nossa disposição é indiscutível. Nossas plantações deram um boom de produtividade, passando de 12 m3 para mais de 40m3, portanto três vezes mais, nos últimos 40 anos. Isso demonstra, entre outras coisas, a capacidade técnica e gerencial dos profissionais do setor. Apesar de termos a melhor produtividade florestal do mundo, a base florestal nacional sofre com vários problemas: carência de uma política setorial de médio e longo prazo; legislação complexa e restritiva aos plantios florestais; descompasso entre investimentos na área industrial e na base florestal. Uma atenuante foi que, em praticamente todas as regiões de Minas Gerais, a madeira para energia apresentou um aumento da demanda dos setores da agroindústria localizada no meio rural, na secagem de grãos, chá ou tabaco e na indústria cerâmica. Isso está contribuindo para a limitação ao crescimento do setor, na importação de madeira e uma consequente pressão sobre florestas nativas. Minha análise se refere ao setor de siderurgia a biorredutor renovável e, como não poderia deixar de ser, falo do estado de Minas Gerais, maior parque siderúrgico do Brasil. Os números mostraram que o setor de base florestal mineiro contribuiu para a geração de mais de 700.000 empregos diretos e indiretos, sendo o setor de metalurgia (siderurgia integrada, ferro-gusa e ferro ligas) responsável por mais de 100.000 empregos desse total. Em sete anos, de 2001 a 2008, o metro de carvão (mdc) subiu de US$17,00 para US$ 77,00. Com a crise em 2009, caiu para US$ 45,00 e está, hoje, em US$ 62,00.
Foram cultivados em Minas Gerais, no ano de 2010, segundo a Associação Mineira de Silvicultura, mais de 100.000 hectares de Eucalyptus, sendo que 38 % desse total foram declarados para a produção de gusa. O setor de siderurgia foi afetado fortemente pela retração do mercado internacional. Na busca pelo equilíbrio entre estoque e demanda, desde o surgimento da crise, a indústria ainda busca alternativas de corte de custos. Programas de ampliação de capacidade foram desenvolvidos e estoques, reduzidos. Seis dos quatorze alto fornos de grandes siderurgias integradas no País foram abafados. No momento, para a área florestal, a revisão do Código Florestal é o ponto político de destaque, com a geração de muita polêmica e em fase de consolidação e ajustes que podem influenciar na análise dessas perspectivas. Fato é que o desempenho do consumo de biorredutor em Minas Gerais foi decrescente de forma geral, mas, de maneira marcante, para o ferro-gusa; além disso, cultivaram-se menos 19.000 hectares quando comparado a 2009. A perda de competitividade do gusa nacional frente ao internacional foi marcante; altos custos e burocracias de alguns setores públicos vêm impedindo a total recuperação dos plantios e, consequentemente, da produção de gusa. A indústria do binômio biorredutor e ferro-gusa é sustentável tendo um grande potencial de alinhamento com a necessidade premente da humanidade em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre o ambiente. O balanço de CO2 mostra que, a cada tonelada de gusa produzido com biorredutor renovável, evita-se a emissão de aproximadamente 3 toneladas de CO2 na atmosfera – em comparação com o uso do coque.
" dados em fase final de consolidação direcionam que, tomando-se como base o consumo médio do estado de Minas Gerais, para atendimento de 100% da demanda de gusa para os próximos 5 anos, seriam necessários cultivos florestais em torno de 70.000 ha/ano " Roosevelt de Paula Almado
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Gerente de Pesquisa e Meio Ambiente da ArcelorMittal BioEnergia
silvicultura A questão ambiental passa a ser relevante e estratégica. A possibilidade de agregar valor ao negócio, através de projetos de aproveitamento de energia do processo de carbonização, otimizando processos, reduzindo custos e aumentando a receita, não é mais utópica. Vários projetos estão com os seus PDD’s (Project Design Document) em trâmite no Executive Board da UNFCC-ONU. Os Sistemas de Certificação de Manejo Florestal adotados pelas empresas vêm contribuindo também para fortalecer as boas práticas de manejo florestal numa abordagem sistêmica. Para nós, o real é que mais do que nunca será preciso plantar. Dados em fase final de consolidação direcionam que, tomando-se como base o consumo médio do estado de Minas Gerais, para atendimento de 100% da demanda de gusa para os próximos 5 anos, seriam necessários cultivos florestais em torno de 70.000 ha/ano. Esses investimentos deveriam ser feitos, preferencialmente, nas regiões potencialmente demandantes, pois a falta de uma política, conforme mencionado, não permite que sejam orçados investimentos suficientes no desenvolvimento de uma malha logística eficiente, integrando diversos tipos de modais de transporte, permitindo o escoamento da madeira e do biorredutor renovável. O planejar “para o futuro” é buscar incansavelmente a melhoria das condições de desenvolvimento da floresta através da definição da base genética, preparo de solo, fertilização, tratos culturais, manejo e colheita.
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Opiniões Apesar da citada evolução da produtividade, precisamos atuar nos monitoramentos nutricionais da floresta, pois, mais do que nunca, é preciso mantê-la, melhorando as características da madeira desejáveis ao nosso produto final. É preciso criar uma real dependência da base florestal com a indústria receptora, no caso do biorredutor renovável. Maior resistência mecânica, maior densidade e menor friabilidade são as características mais importantes. Porém isso começa na pesquisa e no desenvolvimento, passando pela qualidade da entrega da madeira dentro das especificações de bitola, contaminação por resíduos florestais, umidade e controle de processos térmicos das fases de produção do biorredutor. Politicamente, precisamos que o governo federal, através do MDIC e demais órgãos governamentais, amplie e melhore as condições de linhas de financiamento dos bancos nacionais de fomento com espécies arbóreas exóticas; determine que a madeira de florestas plantadas possa ser colhida e comercializada pelo proprietário, sem prévia autorização de órgãos estaduais e federais; e o principal: inserir a floresta plantada e o biorredutor renovável nos esforços de promoção institucional dos bicombustíveis brasileiros no âmbito da diplomacia internacional e das ações coordenadas pelo Itamaraty em diversos fóruns internacionais. A perspectiva para o futuro “planejado” do setor de biorredutor renovável é gerar riquezas, educar o homem, conservar os recursos naturais e, em especial, a energia.
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Opiniões
agrossilvicultura como oportunidade para o
fomento florestal " a atividade agroflorestal, além de possibilitar o atendimento de várias necessidades humanas no meio rural, pode proporcionar estabilidade e continuidade na oferta dos produtos ao longo do tempo " Ivan Crespo Silva Professor de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR e Presidente da Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais
Plantar árvores e, por extensão, florestas, seja em pequena ou grande escala, é considerado, atualmente, uma necessidade para grande parte da sociedade organizada. Governantes, empresários, acadêmicos e membros de organizações não governamentais convergem nesse propósito que, embora polarizado frequentemente por interesses distintos, é capaz de satisfazer demandas sociais, econômicas e ambientais, isoladamente ou em conjunto. Nesse contexto, que aponta para o crescimento da base florestal plantada, a agrossilvicultura, mais conhecida pela expressão correspondente de Sistema Agroflorestal (SAF), e a política de fomento para produtores rurais pequenos e médios, no se que refere ao estímulo para o plantio de árvores em suas propriedades, estão naturalmente conectadas por um interesse comum: o componente arbóreo como base do processo produtivo. Nos sistemas agroflorestais (SAFs), a árvore tem uma representatividade especial. É o componente que determina a estrutura, a efetividade e, na maioria das vezes, a duração da atividade. É, portanto, nessa concepção, o elemento norteador das diversas modalidades conhecidas de SAFs, tanto no seu planejamento, quanto no estabelecimento em condições de campo. Em termos conceituais, SAF é a técnica ou prática de combinar deliberadamente, em sequência ou simultaneamente, espécies lenhosas perenes (árvores, palmeiras, bambuzeiros) e cultivos agrícolas, com ou sem a presença de animais, em uma mesma unidade de área, para produzir bens e serviços em bases sustentáveis. Por suas características biodiversas, os sistemas agroflorestais, muitas vezes referenciados de maneira reducionista, enfocando-se apenas o seu valor ecológico, representam, por princípio, tecnologias produtivas de amplas possibilidades socioeconômicas e ambientais, capazes de atender a diversas expectativas daí decorrentes por parte do produtor rural e de sua família. A atividade agroflorestal, além de possibilitar o atendimento de várias necessidades humanas no meio rural, como a obtenção de alimento, extração de madeira, fibras, óleos e produtos medicinais, pode proporcionar estabilidade e continuidade na oferta dos produtos ao longo do tempo.
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O reconhecimento das possibilidades utilitárias dos SAFs, nos últimos anos, fez com que o seu uso fosse discutido como alternativa estratégica para diversas situações e condições, inclusive, para recuperação de áreas degradadas e diminuição do desmatamento no Brasil, foco este que tem sido priorizado nas políticas públicas direcionadas ao fomento florestal. De fato, os sistemas agroflorestais podem efetivamente cumprir esse papel, desde que sejam amparados por financiamentos adequadamente oportunizados e orientação técnica apropriada. A oferta de multiprodutos escalonada no tempo, a perspectiva de garantia de segurança alimentar e o potencial para atender a mercados diferenciados fazem com que essa tecnologia de produção possa ser atrativa o suficiente para aglutinar pequenos e médios produtores em torno dessa importante tarefa nacional. Por outro lado, considerando-se o caráter multidisciplinar dos SAFs, que agrega especificidades agronômicas e florestais, é necessário considerar a importância de um adequado planejamento participativo, com envolvimento de fomentadores e fomentados, forjado em sólidas bases técnicas e culturais, para minimizar os riscos e fortalecer as vantagens e benefícios da integração entre árvores, culturas agrícolas e/ou animais. Ressalto que apenas o potencial da tecnologia agroflorestal, por si só, não é suficiente para garantir o sucesso da atividade. A viabilidade dos SAFs em relação ao desenvolvimento da base florestal plantada no Brasil, em particular com ênfase no pequeno produtor rural, depende da integração e equilíbrio das variáveis de natureza social, silvicultural, agronômica, econômica e ecológica. Essa perspectiva, que visa compatibilizar o desenvolvimento econômico continuado do produtor rural, tendo como base a integração da cultura florestal e agrícola com a conservação ambiental, requer que a atividade permaneça estável, fornecendo os produtos e serviços desejados, para uso próprio e/ou venda, e, quando for o caso, lucrativa ao longo do tempo. O nexo que pode assegurar a manutenção desse processo está assentado tanto na oferta diversificada de produtos que o sistema potencializa, quanto na expectativa econômica daí resultante. Garantir essa possibilidade é a chave do sucesso.
InfOrME PuBLICITárIO
a compostagem, que transforma resíduos orgânicos em adubo, é uma das soluções ambientais que agregam valor à cadeia produtiva
usina móvel de reciclagem de entulho (rccd): o equipamento processa 100 toneladas de resíduos por hora
Resíduo que dá lucRo SubprodutoS induStriaiS Se tornam um bom negócio para aS empreSaS que adotam tecnologiaS ambientaiS
O
conceito de valorização dos resíduos tem ganhado cada vez mais destaque por conta da saturação de aterros sanitários, da crescente procura por matérias-primas e da legislação que impõe às indústrias a gestão de seus resíduos. Mais do que apenas reciclar, essa nova cultura gera subprodutos que diminuem custos para as empresas e contribui para a valorização de sua imagem nos âmbitos social e ambiental. Para ajudar as empresas a agregar valor à cadeia produtiva, o Grupo AMBITEC possui soluções e serviços ambientais inovadores, de alta tecnologia e com padrões internacionais de qualidade. “Atualmente, as empresas estão focadas em transformar seus resíduos em insumos e matérias-primas que são novamente integrados ao processo produtivo. A AMBITEC oferece soluções para diversos segmentos industriais que replicam o equilíbrio existente na natureza. Assim, cada material tem valor no processo seguinte”, diz André Luiz Oda, presidente do conselho do Grupo AMBITEC.
fRoTa veRde o grupo ambitec investiu em tecnologia com a aquisição de um equipamento que transforma óleo de cozinha em biodiesel. o projeto biodiesel, que faz parte da iniciativa Frota Verde, recolhe óleo de cozinha usado de residências e estabelecimentos comerciais para produção de combustível para ser utilizado em sua frota de distribuição.
eneRgia
em sua busca constante por inovação e sustentabilidade, o grupo ambitec está desenvolvendo o projeto Waste to energy, que tem o objetivo de gerar energia a partir dos resíduos nas próprias empresas, fortalecendo, assim, o dna do grupo ambitec que é o compromisso com as futuras gerações.
inovação
em parceria com a Johnson & Johnson, a ambitec desenvolveu o projeto Wonka, que recicla as sobras de plásticos da produção de absorventes higiênicos na fabricação de cabos de escovas de dente. “além da economia de matéria-prima, a escova de dente leva o selo de produto ecológico”, relata lourival cattozzi, diretor-geral do grupo ambitec.
geRenciaMenTo de Resíduos
com sua experiência no segmento, a ambitec fornece soluções para o gerenciamento de resíduos já voltado para o conceito de valorização destes, e trabalha, também, na procura de reinserção mais adequada para cada tipo de subproduto no mercado. com uma gestão bem elaborada é possível identificar as oportunidades de destinação e valorização desses resíduos, garantindo soluções que atendam à necessidade ambiental de cada empresa.
coMposTageM
graças à sua dedicação ao desenvolvimento de soluções ambientais para empresas, a ambitec é líder em compostagem na américa latina em volume processado, com 450 000 toneladas por ano. esse sistema aproveita os resíduos orgânicos transformando-os em adubo orgânico ou condicionador de solos de qualidade que, ao contrário dos agroquímicos, previne sua erosão, contaminação das águas e pode, inclusive, ser utilizado no cultivo de alimentos orgânicos.
Resíduo da consTRução civil e deMolição o grupo ambitec trabalha com o conceito da usina móvel de reciclagem de entulho. em operação desde janeiro deste ano, o equipamento processa 100 toneladas de resíduos por hora e o material gerado pode ser usado na própria obra ou, ainda, como base de uma ação social, podendo ser doado às prefeituras para a recuperação de estradas rurais. entre os produtos gerados estão areia, pedrisco, britas, bica corrida e metais segregados – tudo reciclado.
e-WasTe
num mundo que usa cada vez mais eletroeletrônicos, a ambitec se prepara para oferecer uma solução para que consumidores e empresas destinem seus produtos de forma correta no seu fim de vida. em sintonia com o que se pratica nos países mais desenvolvidos, esse processo maximiza o reaproveitamento das matérias-primas e garante o descarte ambientalmente seguro das que não puderem voltar para a produção. com isso, a ambitec protege as gerações futuras do dano ambiental que causa o descarte irresponsável, quando essas substâncias contaminam fontes de ar e alimentação.
para saber mais sobre o grupo ambitec, acesse o site www.grupoambitec.com.br. av. paulista, 2421 – bela Vista – São paulo – Sp – tel.: 55 11 3429-5000 – contato: sac@grupoambitec.com.br
silvicultura
Opiniões
implicações do novo
código florestal
Neste artigo, gostaria de abordar a questão da lei florestal em discussão sob dois aspectos: primeiro, sobre a participação do setor florestal nas discussões sobre o Projeto de Lei e, segundo, o que pode mudar para o setor a partir das tendências de mudanças. Sobre o primeiro aspecto, quero expressar a minha não compreensão quanto à atuação tímida, até mesmo pífia (para dizer o mínimo) do setor florestal, em especial das empresas certificadas e que participam de fóruns de discussão, nas discussões para a elaboração de uma lei florestal. E, neste momento de mais uma etapa de discussões no Congresso Nacional, penso que ainda há tempo para o setor contribuir para o aprimoramento do texto da lei, em especial em três pontos que julgo essencial serem modificados. A começar pelo o art. 23, que, no § 1º, diz : Somente poderão fazer uso dos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental.... imóveis que tiveram a vegetação nativa suprimida irregularmente antes de 22 de julho de 2008. A data de corte deve ser 11 de setembro de 2001, que é a data da emenda constitucional nº 32, que converte em lei todas as MPs não votadas até então, entre elas a MP 2166-67. Há que se lembrar que boa parte do desmatamento (em especial, fora da Amazônia) não foi feito irregularmente, muitas propriedades têm áreas a recuperar por força da mudança da lei. Mudança esta que vejo como bem-vinda, mas que não precisa ser transformada em um “peso” aos proprietários, mas sim em parcerias para a conservação. Nesse aspecto, o PL avança ao propor instrumentos econômicos. Outro ponto para revisão é o art. 28, que diz : As propriedades ou posses rurais com área de Reserva Legal... ficam obrigadas a recomposição ou compensação em relação à área que exceder a quatro módulos fiscais no imóvel... . Muito em função da experiência com fomento florestal, defendi, juntamente com outros, a adoção do tratamento diferenciado para as pequenas propriedades, definidas a partir do Estatuto da Terra, e, em nenhum momento, houve qualquer sugestão para que se descontassem 4 módulos fiscais das propriedades das médias e grandes propriedades para efeito de cálculo da RL. Esse “desconto” seria um enorme retrocesso. Como também julgo importante que não seja
" há dois modelos mentais em relação às questões socioambientais: aquele que tem uma forma de limitação ao crescimento econômico e outro que vê uma forma de qualificar o crescimento econômico, e aí sim se estaria no caminho para o desenvolvimento sustentável " Maria José Brito Zakia
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Diretora da Práxis Socioambiental
aceita a largura de 15 metros de faixa de proteção nos cursos d´água com até 5 metros de largura, pois aceitar faixas inferiores a 30 metros seria um retorcesso, e, isso de acordo com estudos realizados, muitos deles, em áreas de empresas florestais. Mas vamos à segunda parte deste artigo. Não tenho dúvidas de que, sejam quais forem as questões do novo texto da lei, o setor florestal não terá dificuldades para seu cumprimento. No entanto, basta uma breve visita ao site ou relatório de empresas florestais, e encontraremos tópicos sobre a importância da conservação da biodiversidade, do sequestro de carbono, etc... Mas, se fizermos contas rápidas, encontraremos poucas situações em que a área sob conservação excede a área de conservação prevista em lei. E agora? Conservar biodiversidade é igual a cumprimento legal? Há dois modelos mentais em relação às questões socioambientais: aquele que tem, nessas questões, uma forma de limitação ao crescimento econômico, o qual, nesse modelo, é confundido com desenvolvimento; há outro modelo, que chamo de qualificador, que vê, nessas questões, uma forma de qualificar o crescimento econômico, e aí sim se estaria no caminho para o desenvolvimento sustentável. Para resumir: 1. Não importa o texto da lei, o setor florestal será capaz de cumpri-la; 2. Há uma tendência de a nova lei ser mais adequada às pequenas propriedades, o que pode ajudar no fomento florestal; 3. O texto em discussão, embora traga avanços, ainda precisa ser aprimorado, e o setor florestal, ou parte dele, poderia (deveria?) participar de maneira mais assertiva; 4. A partir das modificações, vamos poder acompanhar quem faz gestão ambiental e quem confunde essa gestão com cumprimento legal e participação em projetos com apelos globais, que, na verdade, têm sido usados para referendar os bons números do setor florestal. Estamos em um momento de rica discussão, não deveríamos deixar passar a oportunidade de contribuir para o aprimoramento da gestão ambiental e da legislação. O setor florestal pode e, na minha opinão, deve!
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Opiniões
manejo integrado de
plantas daninhas
Plantas daninhas são plantas que ocorrem onde não são desejadas. Podem modificar de várias maneiras o crescimento das culturas. Interferência é todo o conjunto de efeitos das plantas daninhas sobre as plantas cultivadas. Em geral, a principal componente da matointerferência é a matocompetição. Muitas vezes, o termo matocompetição é indevidamente utilizado para designar o conjunto total de efeitos de plantas daninhas sobre plantas cultivadas. Além da competição, outras componentes da matointerferência que merecem destaque são alelopatia, aumento de potencial de inóculo de pragas e doenças, dificuldade na execução de tratos culturais e, especificamente para florestamentos, aumento no risco de incêndios. Há dois outros aspectos relacionados às plantas daninhas que não podem ser esquecidos. O primeiro é o aumento do custo de produção. Em florestamentos, são comuns custos de controle entre R$ 300 e R$ 500/ha/ano, mas há situações em que os valores são muito superiores a esses, com impacto direto no custo de produção da madeira. O segundo aspecto refere-se ao potencial dano dos próprios métodos de controle sobre as espécies cultivadas.
consegue controlar por si só o mato. Quanto mais uniforme e vigorosa a cultura, mais rapidamente ela ocupará o ambiente e dispensará o uso de outras práticas de controle. Implantar bem a cultura é o melhor investimento possível em termos de manejo de plantas daninhas. A cobertura do solo também tem grande potencial de controle de plantas daninhas, tanto pela produção de compostos alelopáticos, quanto pela criação de condições desfavoráveis à germinação (em termos de luz e variação das temperaturas, principalmente). O manejo integrado consiste em adotar os vários métodos de controle, de maneira segura para a cultura e para o ambiente, com o objetivo de manter as populações alvo abaixo do nível de dano econômico. No caso de plantas daninhas, o nível de dano econômico normalmente está associado à quantidade de biomassa acumulada por unidade de área e não ao número de indivíduos. O manejo integrado de plantas daninhas fundamenta-se: • na correta identificação das espécies alvo; • no planejamento das ações e na realização segundo o que foi planejado; • na avaliação dos resultados; • na tomada de decisões fundamentadas em informações;
" o manejo de plantas daninhas é uma atividade altamente complexa, sem espaço para o improviso e que demanda pessoal altamente qualificado, tanto para a tomada de decisões, quanto para a realização das operações, sob o risco de ocorrerem importantes reduções de crescimento, produtividade e lucratividade da cultura " Edivaldo Domingues Velini Diretor da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP
Afinal, plantas daninhas também são plantas, e é muito difícil desenvolver métodos que sejam muito efetivos no controle de um amplo conjunto de espécies indesejáveis, sem que ocorra qualquer efeito na espécie cultivada. Qualquer método de controle de plantas daninhas (químico, mecânico ou mesmo o manual) apresenta riscos para a cultura. Ao longo de sua evolução, as plantas daninhas desenvolveram uma série de características que as tornaram extremamente aptas à colonização de áreas ocupadas, com os mais diversos tipos de culturas, incluindo florestamentos, destacando-se: a elevada capacidade de reprodução (inclui a produção de muitas sementes e a presença de propagação vegetativa); a dispersão das sementes, que também são longevas e apresentam longos períodos de dormência no solo; a rusticidade; e, principalmente, a capacidade de resistir aos métodos de controle. Em termos de métodos de controle, o principal existente é a própria planta cultivada. Os demais métodos são fundamentais apenas enquanto a cultura não
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• no aumento e na preservação da capacidade de controle da cultura e do meio (incluindo a cobertura do solo); • no uso de métodos de controle seguros para a cultura e para o ambiente; • na combinação dos métodos de controle, reduzindo a dependência e aumentando o período de utilização de cada um deles; • em manter as densidades populacionais em níveis manejáveis; • em evitar o aumento da diversidade genética das comunidades de plantas daninhas, fugindo à seleção ou introdução de espécies ou genótipos de difícil controle, com destaque para os biótipos resistentes a herbicidas; • em considerar, além dos efeitos imediatos dos métodos de controle, os seus efeitos ao longo de ciclos de produção; Conclui-se que o manejo de plantas daninhas é uma atividade altamente complexa, sem espaço para o improviso e que demanda pessoal altamente qualificado, tanto para a tomada de decisões, quanto para a realização das operações, sob o risco de ocorrerem importantes reduções de crescimento, produtividade e lucratividade da cultura.
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silvicultura
impactos das mudanças climáticas
zoneamento ecológico
Embora existam opiniões contrárias, há um consenso na comunidade científica de que o clima está mudando. As causas dessas mudanças climáticas e a capacidade de mitigação das florestas, especialmente aquelas ligadas ao lado comercial de venda de crédito de carbono, têm sido alvos de muitas discussões. Esses assuntos ocuparam um espaço muito maior dentro do tema mudanças climáticas em detrimento de outros aspectos, como o efeito dessas mudanças nas florestas naturais e nas plantações florestais. O clima é, sem dúvida, o fator determinante da adaptação e crescimento das árvores. Assim, ações imediatas são necessárias para prevenir ou minimizar possíveis impactos negativos, tanto nas nossas reservas de biodiversidade constituídas pelas florestas naturais, quanto nas plantações florestais, que são as principais responsáveis pelo suprimento da madeira industrial no País. Boa parte do sucesso da silvicultura depende do entendimento das relações entre as espécies e o clima, e, até agora, o Brasil tem se beneficiado muito dessa relação. Temos um setor florestal que apresenta uma produtividade invejável, respeitando as imposições sociais e ecológicas. O avanço observado nas últimas décadas, fruto do melhoramento genético, desenvolvimento e adaptação de técnicas silviculturais, é refletido pelos altos índices de produtividade de nossas florestas plantadas. Também não podemos esquecer que o Brasil é considerado um país megadiverso, com as maiores áreas de florestas tropicais no mundo. Isso o torna centro das atenções mundiais quando o assunto são as mudanças climáticas, principalmente considerando que a nossa taxa de desmatamento, embora decrescente, nos coloca entre os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa. Importante salientar que, quando falamos em clima, não nos referimos apenas às tendências e médias, mas também aos padrões de variação espaciais e temporais e aos extremos. As oscilações climáticas passadas e suas consequências são citadas como um precedente que não acabou com o planeta, mas extinguiu uma quantidade considerável de
espécies. Não estamos traçando paralelo com acontecimentos passados, nem devemos usar as alterações climáticas ocorridas como apocalípticas. O impacto do clima nas florestas depende de sua vulnerabilidade e adaptabilidade, que se refere à capacidade de as árvores tolerarem estresses bióticos e abióticos, como a seca, o frio, o ataque de insetos, as doenças e os incêndios e aos componentes genéticos e ambientais que podem ser alterados através de manejo florestal e práticas silviculturais. O clima afeta diretamente aspectos fisiológicos, como fotossíntese e respiração, assim como processos de decomposição de matéria orgânica. Estes, por sua vez, afetam a produtividade e até mesmo a capacidade de sobrevivência. A redução na produtividade per si é preocupante, mas os riscos ampliados que as alterações climáticas podem gerar com ocorrência de incêndios, surtos de pragas e doenças são mais prováveis. Toda vez que ocorre algum fenômeno climático extremo, como secas prolongadas ou tempestades, especialmente quando os danos são de grande monta, o impacto leva à conscientização das vulnerabilidades e são projetados programas de contenção e análise de riscos ao setor, muitos dos quais não vão além do planejamento. Como já foi salientado, a prática de silvicultura bem-sucedida depende de uma sólida compreensão das relações das espécies ao clima. Para isso, observações de longa duração e pesquisa dirigida são fundamentais para o entendimento dos processos biofísicos sobre a fisiologia, a fenologia em respostas às alterações climáticas. Essa base de conhecimento é essencial para minimização de riscos. Nesse contexto, a pesquisa é a grande aliada nessa tarefa. As projeções futuras do clima feitas com o uso de modelos climáticos melhoraram muito nos últimos dez anos e podem ser usadas como ferramentas para auxiliar na adaptação da silvicultura às novas condições. O desenvolvimento e o uso de modelos processuais ligados ao crescimento das espécies, também podem ser de grande auxílio na compreensão de como o clima afeta a produção.
" As emissões podem ser drasticamente aumentadas pela degradação causada por fatores abióticos adversos das consequências já mencionadas, não cumprir seu papel e não atender às demandas da sociedade. Não podemos simplesmente esperar para agir. " Rosana Clara Victoria Higa Pesquisadora da Embrapa Florestas
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Opiniões O zoneamento ecológico, não só baseado no clima atual, mas nas projeções do clima futuro, são informações estratégicas para a expansão de áreas de plantações florestais e programas de conservação tanto in situ como ex situ. Modelos de crescimento empíricos não explicam os efeitos do clima. Os limites climáticos da distribuição natural também sofrerão alterações nas áreas recomendadas para plantio de uma determinada espécie. Não podemos ignorar que o aumento da produtividade em plantações comerciais é o resultado de intenso trabalho de seleção e melhoramento genético dirigidos aos interesses locais sob condições ambientais específicas. Os critérios usados para seleção foram, na sua maioria, baseados no desempenho das árvores, produtividade que atende à qualidade requerida, considerando apenas as condições climáticas a que as árvores foram submetidas no seu período de crescimento. Lembrando que seleção é baseada na expressão fenotípica, que é afetada pelo ambiente. O ciclo de rotação das espécies florestais é mais longo que culturas agrícolas, portanto as preocupações são ainda maiores. Os plantios clonais de eucaliptos, um dos sistemas mais usados na eucaliptocultura brasileira, apresentam, de modo geral, base genética restrita e alta especificidade edafoclimática. Em função disso, os plantios clonais apresentam desempenho excepcional, mas podem, também, estar extremamente vulneráveis em função dessa especificidade. São muitos os desafios nessa área. O problema exige multidisciplinaridade nas suas ações. Assim, capacitação é um dos primeiros obstáculos, pois a geração de novos conhecimentos não
tem acompanhado as mudanças do clima na mesma velocidade. O conhecimento básico acumulado, resultante de pesquisas e observações de longa duração, estudos básicos ligados às interações de clima, solo e de espécies florestais, séries climáticas em quantidade e qualidade que, além de permitirem a análise das variações já ocorridas, melhoram as projeções futuras, ampliam o universo de informações e contribuem na formação de recursos humanos. É necessário que medidas urgentes sejam tomadas, envolvendo governo, iniciativa privada, instituições de ensino, organizações não governamentais na formação de redes de observações e de profissionais especializados na área. A criação de redes é de especial importância para o compartilhamento de informações e a criação de uma base sólida de conhecimento para que possamos responder o mais rápido possível às questões: como a mudança do clima afetará a fisiologia e o desenvolvimento de espécies florestais? como a mudança do clima afetará a fitossanidade e a produtividade das florestas naturais e plantadas? e até que ponto práticas silviculturais podem ser alteradas em resposta às mudanças climáticas? O papel das florestas como mitigadora incluem opções para sequestrar carbono, e reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa pode ser completamente contrário do esperado. As emissões podem ser drasticamente aumentadas pela degradação causada por fatores abióticos adversos das consequências já mencionadas, não cumprir seu papel e não atender às demandas da sociedade. Não podemos simplesmente esperar para agir.
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silvicultura
Opiniões
geotecnologia aplicada à silvicultura de precisão e aos
modelos ecofisiológicos " O elevado preço da terra nos estados brasileiros com tradição na silvicultura tem exigido do setor florestal maior aproveitamento dos recursos dos sítios disponíveis. No estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de hectares de plantações de Eucalyptus, o preço médio da terra subiu 350% nos últimos 10 anos. " Clayton Alcarde Álvares Pesquisador do IPEF
O Brasil possui características edafoclimáticas que lhe confere uma natural vocação florestal, pois apresenta clima e solo adequados e abundância de terras para o reflorestamento. Além disso, é um país reconhecido internacionalmente pela tecnologia desenvolvida na formação de florestas de rápido crescimento, por ter se apoiado historicamente na silvicultura intensiva que visa atender à demanda das indústrias de base madeireira, aliviando a pressão sobre as florestas naturais. O setor florestal vem, ano após ano, quebrando recordes de produtividade de madeira e de área plantada. O País fechou o ano de 2009 com média de 40 m3 ha-1 ano-1, num universo de 4,5 milhões de hectares de povoamentos florestais de Eucalyptus. Nos últimos cinco anos, foi registrado crescimento médio de 10% no incremento da produtividade e de 30% em relação à área plantada. O elevado preço da terra nos estados brasileiros com tradição na silvicultura tem exigido do setor florestal maior aproveitamento dos recursos dos sítios disponíveis. Por exemplo, no estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de hectares de plantações de Eucalyptus, o preço médio da terra subiu 350% nos últimos 10 anos. Ao mesmo tempo, as florestas plantadas expandem-se nos estados sem tradição florestal, isto é, nas chamadas novas fronteiras da silvicultura, que incluem os estados do Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pará, Piauí e Pernambuco, além do oeste da Bahia, centro do Fibria, Distrito Florestal de Capão Bonito, SP
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Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo. As singularidades de cada local exigem conhecimentos específicos dos profissionais florestais para atender tanto à necessidade de aumento da produtividade nas áreas já manejadas, quanto da exploração de novas terras para os projetos de reflorestamento a serem implantados. Dados os elevados níveis de produtividade atingidos, o seu aumento se torna cada vez mais difícil e requer grande conhecimento dos fatores que estão limitando a produtividade em cada situação. Assim, ao invés de se manejar uma área pelas informações médias locais, de fertilidade e de clima, por exemplo, deve-se avaliar a sua variabilidade espacial. Dessa forma, é recomendada a adoção de sistemas de gestão baseados no macro e no microplanejamento das recomendações das práticas silviculturais, a chamada silvicultura de precisão. Esse conhecimento, aplicado de forma organizada nos chamados modelos ecofisiológicos, possibilita avaliar a produtividade e as restrições ecológicas das plantações florestais, em diferentes escalas espaciais e temporais. Os principais usos desses modelos ecofisiológicos são: 1. avaliar os riscos da variação e mudanças climáticas na produção florestal; 2. identificar fatores ambientais limitantes ao crescimento; 3. criar programas de manejo florestal; 4. avaliar a produtividade florestal ao longo prazo; 5. elaborar cenários estratégicos, para planejamento em longo prazo do suprimento de madeira; 6. estimar a produtividade potencial, para a análise de áreas já plantadas, e a tomada de decisão na compra de novas terras. No setor florestal brasileiro, o uso de modelos ecofisiológicos está em plena fase de expansão. Recentemente, foi concluído o zoneamento da produtividade do Eucalyptus na região de Capão Bonito, no sul do estado de São Paulo, onde se nota que a classificação dos sítios em produtividade de madeira é o resultado da interação entre as características climáticas e edáficas da região e do manejo e da genética utilizados na área. Esses resultados, quando bem interpretados, são poderosas ferramentas de gerenciamento das atividades de silvicultura e de manejo florestal, redundando em melhor adequação da planta ao ambiente e na diminuição da ocorrência e do grau de gravidade dos impactos ambientais negativos.
silvicultura
Opiniões
gestão como diferencial competitivo:
oportunidades e desafios
A gestão eficaz das operações silviculturais permite o alcance da produtividade esperada (atingível), item essencial para o empreendimento florestal, e a certeza de que os recursos de produção estão otimizados, evitando desperdício de insumos, pessoas e equipamentos. Historicamente, as vantagens competitivas brasileiras em florestas plantadas, oriundas de fatores como as condições edafoclimáticas essencialmente favoráveis, o domínio da aplicação das técnicas silviculturais e o baixo custo da terra e da mão de obra eficaz permitiram que a evolução do gerenciamento das operações ficasse em segundo plano. Esses atrativos garantiram, por muitos anos, uma insuperável vantagem competitiva no mercado internacional. Com o aprimoramento de técnicas de produção de outros países, da forte especulação imobiliária, da crescente demanda interna por mão de obra e do surgimento de novos players, a vantagem brasileira reduziu consideravelmente.
para superar as adversidades impostas pelo momento político-social e econômico. É preciso que passemos a encarar o chão da floresta da mesma forma que o chão das indústrias, ou seja, como um ambiente mais integrado e organizado, parte fundamental da cadeia produtiva florestal, independentemente do segmento. Ganhos mais significativos têm ocorrido quanto ao padrão de implantação e layout dos plantios, proporcionando menor variação dentro do talhão e ciclo de colheita com idades menores. A existência do controle eficaz da qualidade das operações florestais pode ser a base estruturada de um trabalho que pode gerar mais lucro, reduzir impactos ambientais e otimizar profissionais e equipamentos. A experiência da Fibria tem mostrado que a implantação de um sistema eficaz de monitoramento e controle de qualidade de operações silviculturais pode refletir em ganhos financeiros entre 10-20%.
" muita atenção deve ser dada a esse sistema de gestão robusta, focada no dia a dia, pois “pular etapas sem fazer a lição de casa” será um caminho para o fracasso ou para a manutenção de rumos ultrapassados, trilhados até o momento que antecedeu a crise recente " José Marcio Cossi Bizon Coordenador Distrito Florestal da Fibria
Os custos de formação de florestas no Brasil aumentaram significativamente nos últimos anos, em decorrência, principalmente, do investimento inicial na terra e dos custos de produção de maneira geral, incluindo serviços e insumos. A certificação florestal, focada no bom manejo das florestas plantadas e naturais, ajudou a melhorar o cenário florestal do ponto de vista técnico, ambiental, social e econômico. Com o advento da certificação florestal, problemas enfrentados no passado não mais puderam ser toleráveis, forçando, assim, as empresas do setor a buscarem uma gestão eficaz das operações, alicerçada na melhoria contínua dos processos. A produtividade florestal, explorando o viés genético (principalmente com clones), aumentou muito nas três últimas décadas, vivendo, agora, um cenário de maior interesse em aspectos relativos a rendimentos industriais. Visando reduzir custos e manter as altas produtividades florestais já conquistadas, a alternativa mais acessível passou a ser o manejo florestal, com ênfase na gestão das operações, que nos faz seguir um novo caminho
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É fundamental estruturar uma gestão diferenciada e indutora de transformação efetiva rumo à melhoria contínua dos processos e não somente investir em equipamentos de alta performance e controle. Muita atenção deve ser dada a esse sistema de gestão robusta, focada no dia a dia, pois “pular etapas sem fazer a lição de casa” será um caminho para o fracasso ou para a manutenção de rumos ultrapassados, trilhados até o momento que antecedeu a crise recente, a qual foi enfrentada heroicamente pelo setor florestal. Florestas plantadas de alta produtividade não toleram atrasos e falhas de recomendação técnica. Todo o trabalho florestal, desde a produção das mudas, implantação e manejo da floresta, necessita de mão de obra especializada. Grandes resultados financeiros somente serão alcançados com pessoas devidamente treinadas, recompensadas e valorizadas. Como enfrentaremos a escassez de mão de obra, que será crescente nos próximos anos? Esse talvez seja o principal desafio a ser vencido em um futuro que já começou.
incêndios florestais e controle de queimadas
Opiniões
panorama A cada ano, o fogo destrói ou danifica seriamente grandes extensões florestais no mundo inteiro. De acordo com a TNC, os incêndios florestais afetam anualmente uma área semelhante à metade da China, ou seja, cerca de 4.600.000 km2. No Brasil, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, no ano de 2010, até o mês de agosto, já haviam sido registrados 12,5 mil incêndios florestais. Trinta por cento desses incêndios foram causados por fazendeiros e agricultores que usam o fogo para preparo do terreno para plantio, sem tomarem as medidas preventivas necessárias para evitar que o fogo escape do controle. O relatório informa ainda que, até aquela data, o governo brasileiro havia gasto cerca de R$ 30 milhões no combate a incêndios, grande parte utilizada na contratação e manutenção de pessoal (5.000 combatentes) e equipamentos (8 aviões e 7 helicópteros) de combate. Os incêndios ocorridos no Brasil, em 2010, embora de grandes proporções, não ultrapassaram as ocorrências de anos mais críticos, como 2007, que contabilizou cerca de 38.000 incêndios. No entanto, o número de ocorrências de incêndios próximos às áreas urbanas e na interface área urbana-área rural vem crescendo a cada ano, dificultando as operações de combate e causando danos cada vez maiores, tanto econômicos como ambientais, às populações envolvidas. Esse aumento das ocorrências de incêndios na interface urbano-rural que se verifica no Brasil e que há vários anos vem se verificando em outras regiões do mundo, tais como Estados Unidos, Austrália, Grécia, França, Portugal, Espanha, etc., está relacionado com o crescimento acelerado das cidades em direção às áreas rurais e/ou florestais e também com a mudança de hábito da população, que era predominantemente rural em meados do século passado, no qual 70% das pessoas viviam na área rural e apenas 30% habitavam as cidades, enquanto, nos dias de hoje, cerca de 80% da população vivem nas cidades, enquanto apenas 20% habitam áreas rurais. Portanto, as comunidades urbanas estão cada vez mais expostas aos efeitos dos incêndios, devido ao avanço das áreas urbanas sobre as áreas rurais.
Em diversas regiões do mundo, desde meados dos anos 1990, os governos vêm aperfeiçoando os sistemas de prevenção e combate a incêndios nas interfaces urbano-florestais, buscando diminuir as ocorrências e mitigar os danos causados pelos incêndios. O aumento da incidência desses eventos nas interfaces urbano-rurais no Brasil sinaliza para a necessidade de um esforço das instituições de controle de incêndios florestais para se adequarem e melhor se prepararem para atender a mais esse desafio que se apresenta. Outro fator que tem contribuído para o aumento no número de ocorrências de incêndios florestais e áreas queimadas no Brasil e nas demais regiões do mundo é o impacto das mudanças climáticas globais sobre a cobertura vegetal e sobre os regimes de incêndios, resultando em um aumento na ocorrência de desastres ecológicos e humanitários, relacionados com as mudanças do clima em escala global, tais como a erosão do solo e as grandes inundações. O relatório de 2007 da Conferência Mundial Sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) já previa o aumento do risco da ocorrência de megaincêndios em várias regiões do mundo, devido às alterações no clima. Em muitas ocasiões, os efeitos dos incêndios florestais são transfronteiriços, ou seja, os impactos ultrapassam as fronteiras dos países, e, portanto, as alternativas para atenuar esses problemas só podem ser discutidas em fóruns internacionais. Portanto, como foram abordadas anteriormente, a situação atual e as tendências futuras evidenciam que os incêndios florestais e as queimadas são um desafio às organizações de controle de incêndios florestais nacionais e internacionais para encontrarem soluções de forma colaborativa e diminuírem os impactos negativos sobre o ambiente global, sobre as economias e a sociedade em geral. É com esse intuito que, desde 1998, um grupo de pessoas que atuam na luta contra os incêndios florestais e queimadas, provenientes de entidades governamentais, não governamentais e da iniciativa privada, nacionais e internacionais, vêm periodicamente realizando o simpósio sul-americano de incêndios florestais, buscando discutir e apresentar alternativas para enfrentar o problema dos incêndios florestais na América Latina.
" os incêndios ocorridos no Brasil, em 2010, embora de grandes proporções, não ultrapassaram as ocorrências de anos mais críticos, como 2007, que contabilizou cerca de 38.000 incêndios "
Antonio Carlos Batista Professor de Controle Incêndio Florestal da UF do Paraná
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incêndios florestais e controle de queimadas
Opiniões
queimadas na amazônia e
mudanças climáticas globais " Os impactos ambientais das emissões de queimadas não se restringem à região Amazônica, estendendo-se ao sul do Brasil, Paraguai, Bolívia e áreas adjacentes. É impossível quantificar com o conhecimento atual da ciência os efeitos das emissões de queimadas na taxa de precipitação nessas regiões. " Paulo Eduardo Artaxo Netto
Professor de Física Aplicada do Instituto de Física da USP e Membro do IPCC
A região amazônica está passando por um forte e rápido processo de transformação, com importantes mudanças no uso do solo. Áreas de florestas estão sendo transformadas em pastagens, plantações agrícolas ou outros usos. A derrubada da floresta é, geralmente, seguida de queimadas para eliminação de troncos e materiais vegetais. As emissões de queimadas alteram profundamente as propriedades atmosféricas não só na região amazônica, mas na maior parte da América do Sul. Emissões de partículas de aerossóis alteram fortemente o balanço de radiação atmosférico, afetando a taxa fotossintética em grandes regiões da Amazônia. As partículas emitidas em queimadas promovem a difusão da radiação, aumentando a taxa de radiação difusa, o que faz com que a floresta aumente a taxa de absorção de carbono em até 40% para valores de espessura ótica de aerossóis de até 1 em 550nm. Para quantidades altas de aerossóis, a redução da quantidade de radiação é tão forte, que a taxa fotossintética se torna zero, mesmo no meio do dia. O balanço de radiação é significativamente alterado, com atenuação de radiação ao nível do solo de até 350 watts/m². Em média de 7 anos de medidas contínuas do experimento LBA em Alta Floresta, a redução do balanço de radiação foi de 37 watts/m², valor que pode ser comparado com o aquecimento dos gases de efeito estufa da ordem de 1.6 w/m². O efeito da redução de temperatura na superfície é de cerca de 2 graus centígrados. Os aerossóis de queimadas transportam nutrientes importantes para a floresta, tais como fósforo, potássio, nitrogênio e outros. A composição elementar e iônica da água de chuva em amplas regiões da Amazônia é bastante afetada pelas emissões de queimadas, com aumento da acidez e da concentração de ácidos orgânicos, além de elementos associados com emissões de queimadas, tais como potássio, carbono grafítico, nitrogênio, zinco e outros elementos.
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As altas concentrações de aerossóis (de até 600 ug/m³) são responsáveis por fortes efeitos no agravo de doenças na população amazônica, em particular aumento de internações hospitalares por doenças respiratórias. As emissões de queimadas alteram profundamente as propriedades microfísicas de nuvens, inibindo processos responsáveis pela taxa de precipitação de nuvens quentes na Amazônia. As nuvens formadas possuem gotas menores do que as nuvens naturais, dificultando o crescimento dessas gotas para tamanhos onde possa haver precipitação. As nuvens se tornam mais brilhantes, alterando o balanço radiativo atmosférico. As emissões gasosas de queimadas (CO, hidrocarbonetos, VOCs) produzem ozônio em altas concentrações, de até 120 ppb. Essa alta concentração de ozônio inibe o crescimento da floresta e de plantações de soja em regiões a milhares de quilômetros longe das emissões primárias de queimadas. As grandes emissões de gases de efeito estufa (principalmente metano e dióxido de carbono) através das queimadas fazem dessa atividade a maior fonte de gases de efeito estufa do Brasil, suplantando as emissões industriais e de transporte de todo o País. Os impactos ambientais das emissões de queimadas não se restringem à região amazônica, estendendo-se ao sul do Brasil, Paraguai, Bolívia e áreas adjacentes. É impossível quantificar com o conhecimento atual da ciência os efeitos das emissões de queimadas na taxa de precipitação nessas regiões. A sensível redução recente das taxas de desmatamento – de um patamar de 27.000 km² em 2004-2005 foi possível a redução para 5.200 km² em 2009-2010, de acordo com o INPE – reflete-se nos efeitos atmosféricos decorrentes da redução das emissões de queimadas, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e melhorando a saúde da população. Esperamos que o Brasil estruture políticas públicas que reduzam o desmatamento a níveis muito baixos, com benefícios importantes ao meio ambiente e à biodiversidade dessa rica região brasileira.
incêndios florestais e controle de queimadas
políticas públicas " o País poderá, com grandes possibilidades de sucesso, tratar dos incêndios e queimadas de forma a reduzir nossas emissões de GEE e contribuir para o alcance dos compromissos de redução assumidos internacionalmente " Lara Steil
Chefe substituta do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo/Ibama
A preocupação com os incêndios florestais (IF’s) em nível de governo federal se intensificou a partir de agosto de 1988, com a formação da Comissão Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais. A partir de suas deliberações, criou-se, por meio do decreto 2.661/98, o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), coordenado pelo Ibama. O Prevfogo tornou-se um Centro Especializado em 2001 e tem como missão promover, ordenar, apoiar, coordenar e executar atividades de educação, pesquisa, monitoramento, controle de queimadas, prevenção e combate aos IF´s no Brasil. Em 1998, criou-se também o Programa de Prevenção e Controle às Queimadas e aos IF´s no Arco do Desflorestamento (Proarco), concebido para ser emergencial. O Proarco encerrou suas atividades em 2006. A ocorrência de IF’s no País está intimamente relacionada a ações antrópicas e a fatores meteorológicos predominantes na região. Dados de Registros de Ocorrência de IF´s, disponíveis no Sistema Nacional de Informações sobre Fogo (SisFogo - http://siscom.ibama.gov.br/sisfogo/), mostram que, de 2002 a 2009, 47% dos incêndios com causas identificadas ocorreram devido ao uso do fogo em atividades agrosilvipastoris, ou seja, sobre um dos fatores da matriz de ocorrência de IFs, é possível a interferência governamental, objetivando a minimização do problema. O decreto 2.661/98 permite a realização de queima controlada no manejo de propriedades rurais. Entretanto, apesar de legalmente permitida, não se pode negar a existência de externalidades negativas a partir do uso do fogo. Dentre elas, custos à saúde, aumento do consumo de água em razão da sujeira produzida pelas partículas da queima, empobrecimento gradual do solo como decorrência das altas temperaturas, perda de biodiversidade, custos associados à emissão de gases do efeito estufa (GEE), custos associados a incêndios acidentais decorrentes de perda de controle na realização de queimas, danos à rede de transmissão de energia elétrica, acidentes automobilísticos provocados pela fumaça, interrupção de tráfego aéreo, custos impostos à indústria do turismo, dentre outros. Considerando esses pontos, torna-se nítido que o debate sobre incêndios florestais no País necessita de ampla discussão
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política, na medida em que seus efeitos interferem em diversos setores da sociedade. Especificamente no setor rural, há uma necessidade de incentivo e promoção da substituição do uso do fogo como forma de manejo, por meio de técnicas alternativas que dispensem o uso do fogo ou alternativas de renda. O tema pede uma integração entre órgãos governamentais, a iniciativa privada e a sociedade civil, no sentido de sensibilização desses setores para uma questão que abrange e afeta a todos, principalmente quando se considera a contribuição significativa dos incêndios e queimadas às mudanças climáticas globais. Nesse sentido, é imprescindível o envolvimento de instituições nos três níveis federativos, incluindo agências de agricultura, meio ambiente, extensão rural, saúde, educação, comunicação, indústria, financeiras, indígenas, gestão de terra, universidades, gestão de estradas e rodovias, organizações sociais, dentre outras. O governo federal tem elaborado programas voltados para o tema do desmatamento e que incluem a questão dos incêndios florestais. Destacam-se os programas de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas na Amazônia (PPCDAm, criado em 2004), no Cerrado (PPCerrado, lançado em 2010) e na Caatinga (PPCaatinga, a ser lançado em 2011). Tais programas, articulados com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187, de 2009), apresentam estratégias interessantes para a minimização do problema, incluindo ações de ordenamento fundiário e territorial, monitoramento e controle do desmatamento e incêndios, fomento a atividades produtivas sustentáveis e ações de infraestrutura. Para efetivação dessas ações, é imprescindível o alinhamento de todos esses programas e de outros tantos existentes no País com foco em sustentabilidade, promovendo a construção de uma política nacional de monitoramento, prevenção, controle de queimadas e combate a incêndios florestais que responsabilize os três níveis governamentais por ações efetivas na solução do problema. A partir daí, o País poderá, com grandes possibilidades de sucesso, tratar dos incêndios e queimadas de forma a reduzir nossas emissões de GEE e contribuir para o alcance dos compromissos de redução assumidos internacionalmente.
incêndios florestais e controle de queimadas
Opiniões
tecnologias
de combate aéreo e uso de retardantes
Os incêndios florestais não têm sido preocupação somente dos órgãos governamentais, mas têm levado a sociedade civil organizada e as empresas do setor privado a empreenderem esforços no sentido de reduzir os riscos ambientais e os respectivos efeitos maléficos provocados pelo fogo. Por ser um fenômeno fortemente associado a risco, toda a operação de controle dos incêndios florestais deve ser cuidadosamente planejada. O plano é um instrumento de manejo, consolidado fundamentalmente em dois pontos. O primeiro mostra que o caminho mais simples e mais curto a ser seguido é o da prevenção. Prevenir qualquer evento ameaçador, em qualquer atividade humana, é nada mais que antecipar a sua causa. No caso de incêndios florestais, a prevenção se resume em evitar o momento inicial que dá início à reação da combustão, ou seja, em impedir a ação do agente causador. Por outro lado, é de conhecimento geral que não existe sistema de prevenção de incêndios florestais capaz de evitar todo e qualquer tipo de ocorrência. O sistema de proteção deve ser planejado de tal forma a atuar em um segundo momento, o combate, que tem o objetivo de evitar a dispersão ou a propagação do fogo. Essa etapa é a que consolida todas as ações a partir da detecção, passando pelo primeiro ataque propriamente dito e finalizando com o rescaldo, quando são executadas as operações finais de desmobilização de pessoal. A combustão e o comportamento do fogo são fenômenos complexos por natureza. A combinação de suas variáveis constituintes produz outras variáveis que geram resultados momentâneos, de difícil predição e compreensão. Durante um incêndio florestal, as características dessas variáveis de origem modificam-se em curto intervalo
de tempo, conduzindo a situações que, se num primeiro momento parecem ser de fácil solução, podem se transformar em eventos catastróficos e de efeitos imprevisíveis. O tomador de decisão deve estar seguro de que o conjunto das condições fundamentais para a ocorrência de um incêndio florestal resulta na sua maior característica, que é a imprevisibilidade. Frente às surpresas que se tem pela frente, os cuidados devem ser redobrados, e o método mais apropriado para combate deve ser empregado. Diante dessa situação, o homem vem, ao longo do tempo, buscando novas tecnologias, como ferramentas, equipamentos, produtos, sistemas de planejamento e de aquisição, armazenamento e manejo de dados, visando ao controle dos incêndios florestais. Por muito tempo, antes da existência de equipamentos e ferramentas apropriados para combate aos incêndios florestais, utilizavam-se principalmente ramos de arbustos ou árvores como abafadores. Em alguns registros, os danos provocados pela quebra da vegetação eram maiores que aqueles provocados pelo fogo. Com a aceleração da ocupação humana em áreas antes não habitadas e o aumento das consequências ambientais e econômicas dos incêndios florestais, surgiu a necessidade de que estratégias e instrumentos fossem buscados em outros países e adaptados de modo a aumentar a eficiência do combate a esses incidentes no Brasil. Hoje em dia, é certo que nenhuma técnica sozinha garante combate adequado a um grande sinistro. Força humana e tecnologia química e de equipamento devem estar articuladas, numa estratégia que conta mais com a experiência do que com o número de combatentes propriamente dito.
" é consenso mundial que nenhuma tecnologia isolada é suficiente para dominar os grandes incêndios; o uso de uma aeronave necessita do auxílio do brigadista em campo, de posse do simples abafador, para monitorar e debelar os focos reincidentes ou remanescentes "
Guido Assunção Ribeiro
Professor do Departamento de Engenharia Florestal da UF-Viçosa
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incêndios florestais e controle de queimadas Nesse contexto, o combate aéreo veio integrar forças nas ações de combate a incêndios florestais. No Brasil, essa prática começou com mais ênfase na década de 90, com helicópteros que transportam água em uma grande bolsa, com capacidade média de 600 litros, chamada bambi bucket. No entanto, quando a fonte de água é distante ou de difícil acesso e o incêndio é de grandes proporções, o helicóptero não se mostra uma opção viável, ficando sua utilização mais apropriada para o deslocamento de brigadistas. Um tempo depois, o combate aéreo foi sendo experimentado com a utilização de aviões de pulverização agrícola. Essas pequenas aeronaves, que possuem capacidade entre 1.500 e 3.000 litros, ficam ociosas em períodos de seca, justamente a época em que há maior risco e ocorrência de incêndios florestais. Aos poucos, conhecendo experiências de outros países com combate aéreo ao fogo, foram sendo ajustados equipamento e técnica. Por exemplo, com a utilização de água no combate aéreo, uma estratégia interessante é o uso de corantes, diluídos à água, para orientar o piloto nos lançamentos subsequentes, quando se pretende formar os chamados aceiros úmidos. Outra importante tecnologia usada no combate e de uso recente no Brasil são os aditivos retardantes adicionados à água, que podem ser lançados à frente do fogo por meio de diferentes dispositivos, como aeronaves, caminhões-pipa, motobombas e bombas costais manuais. Existem, basicamente, dois tipos de retardantes: o primeiro são os espumógenos que aumentam a eficiência
Opiniões
da água e são aplicados diretamente na linha de fogo. A solução desse retardante, por ter maior densidade, penetra mais profundamente na camada de material combustível, permanecendo maior tempo em contato com a sua superfície. Isso resulta no aumento da umidade desse combustível, dificultando a combustão. Os espumógenos aumentam a eficiência da água entre três e cinco vezes. O segundo tipo de retardante são os chamados de longa duração e são aplicados de forma preventiva, constituindo os denominados aceiros químicos. Esse tipo de retardante é produzido à base de sais que interrompem a reação da combustão. O equipamento utilizado na sua aplicação depende do tipo do material combustível (quantidade, densidade, altura da vegetação e largura do aceiro que se pretende construir). Com base nessas características, é que se estima a quantidade do produto a ser aplicado por área, a pressão da aplicação, a vasão do bico aplicador, etc. A combinação entre a utilização e a eficiência dessas tecnologias já disponíveis no mercado brasileiro, no entanto, ainda não encontra consenso entre pesquisadores e usuários, tendo em vista o pouco conhecimento de domínio público existente sobre o assunto e os altos custos atuais para sua utilização. Por outro lado, é consenso mundial que nenhuma tecnologia isolada é suficiente para dominar os grandes incêndios; o uso de uma aeronave necessita do auxílio do brigadista em campo, de posse do simples abafador, para monitorar e debelar os focos reincidentes ou remanescentes.
informe publicitário
a marca agora é
Komatsu
Após pouco mais de sete anos sob propriedade japonesa, e com forte ênfase em qualidade, é hora da Komatsu Forest, fabricante de máquinas orestais, dar o próximo passo. As máquinas mudarão de marca: de Valmet para Komatsu, mas sua inconfundível cor vermelha permanece. “Estamos orgulhosos de nossas máquinas orestais agora serem membros plenos da família de máquinas e equipamentos Komatsu, e a comprovação denitiva é que elas passarão também a carregar a marca Komatsu”, arma Toshio Miyake, CEO da Komatsu Forest. As máquinas orestais vermelhas estão no mercado há quase 50 anos. A primeira máquina para colheita orestal foi lançada no início de 1960, marcando o começo de nossa especialização no desenvolvimento de máquinas orestais. Agora é a hora de um novo estágio em nossa evolução.
“Estamos orgulhosos de nossas máquinas orestais agora serem membros plenos da família de máquinas e equipamentos Komatsu.” Toshio Miyake Presidente da Komatsu Forest
“Estou seguro de que a mudança para a marca Komatsu irá agregar ainda mais valor ao relacionamento com os usuários de máquinas orestais, que serão beneciados com uma série de vantagens de trabalhar com uma empresa forte e conável, totalmente integrada com o restante da corporação Komatsu em todo o mundo”, diz Toshio Miyake. Paralelamente à mudança da marca, a empresa também está lançando dois novos harvesters: o Komatsu 931.1 e o Komatsu 911.5, ambos com grandes inovações – e entre outras coisas – com uma nova geração de motor, com otimização de combustível, redução de emissões e consideravelmente mais econômico no consumo de combustível, 16% menos quando comparado com os atuais motores Tier 3. “Sabemos o que realmente signica qualidade e entendemos as necessidades especícas do mercado orestal, agora e no futuro. Como especialistas orestais nós ouvimos nossos clientes e, poderemos sempre, oferecer máquinas mais produtivas. Estamos denindo um padrão completamente novo para o mercado orestal. Estamos chamando isso de Forestry Quality,” conclui Toshio Miyake. Komatsu Forest uma multinacional, com matriz mundial e centro tecnológico localizado em Umeå, Suécia. A Komatsu Forest produz máquinas e equipamentos orestais da marca Komatsu. É um das maiores indústrias do mundo em seu setor. A Komatsu Forest tem mais de 1.300 funcionários e é representada em todos os mercados onde a colheita orestal mecanizada é utilizada. A empresa tem duas unidades de produção, uma na Suécia e outra nos Estados Unidos. A Komatsu Forest tem clientes por todo o mundo. Possui empresas ou representantes na Europa, América do Norte, América do Sul, África, Oceania e Ásia. A Komatsu Forest é de propriedade da corporação japonesa Komatsu Ltd. Komatsu Ltd. é a segunda maior indústria de máquinas para construção, mineração e orestal do mundo. A empresa tem venda anual de US$ 20.4 bilhões e 40.000 funcionários. São 49 unidades de produção por todo o mundo.
ensaio especial
manejo de bacias
Opiniões
hidrográficas
" como sabemos, são as perguntas que movem o mundo, a única dúvida é se estamos trabalhando para buscar respondê-las e incorporando, no dia a dia, os conceitos de hidrossolidariedade e destruição criativa "
Robson Oliveira Laprovitera Gerente de Planejamento Florestal da International Paper
Costumo definir o manejo de bacias hidrográficas como a ética do bom manejo florestal, pois seus princípios buscam conjugar a sustentabilidade do ambiente de produção com o atendimento de questões morais e normas sociais. Nada mais ético, portanto, do que melhorar continuamente a produtividade florestal através de um manejo que, diretamente também, proporcione externalidades ambientais positivas, reduzindo as perdas de solo e, ao mesmo tempo, conservando a sustentabilidade do sítio, que inclua no seu escopo a conservação da biodiversidade e que garanta um fornecimento regular de água com qualidade à sua jusante. Nada mais justo, portanto, que a busca desse bom manejo gere reconhecimento e bônus ao empreendedor responsável, através, por exemplo, da agregação de valor à imagem da empresa perante a sociedade e a comunidade que a acolhem, ao seu produto final pela possibilidade da certificação florestal e pelo pagamento por serviços ambientais e facilitação de acesso ao crédito. Nada mais equânime, portanto, que o ônus do mau manejo, ou seja, aquele que não incorporou os princípios do manejo de bacias hidrográficas, incida sobre o empreendedor florestal, seja na forma de desaprovação por parte da comunidade, por rejeição de clientes e fornecedores, ou mesmo por sanções de quem defende o direito e o ideário da sociedade. Diante dessa realidade contemporânea, em minha opinião, dois conceitos estarão na vanguarda do manejo de plantações florestais nos próximos anos e talvez décadas: a hidrossolidariedade e a destruição criativa. Na escala da paisagem, não são as propriedades e os talhões e sim as bacias hidrográficas as unidades mínimas de manejo. Nesse cenário, o planejamento deve considerar a vizinhança e ponderar entre as oportunidades de empreender-se e os riscos associados ao negócio advindos da possibilidade de impactos adversos das plantações sobre o deflúvio. Emerge, então, o conceito de “hidrossolidariedade”, que deve prevalecer e ditar o zoneamento da paisagem, ao integrar áreas de produção com áreas de proteção ecológica e interesse social. O olhar deve ultrapassar as fronteiras da propriedade, combinar-se com a perspectiva do macro
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e interagir com a visão alheia, a de quem deseja ser partícipe do desenvolvimento local, pois que dele também depende e é corresponsável. Na escala da propriedade, os princípios do manejo de bacias hidrográficas vão além da restauração de áreas naturais e da reavaliação contínua do desenho do sistema viário e das práticas de conservação do solo. O paradigma a ser enfrentado é que a excelência da silvicultura não pode ser alcançada somente com gestão via melhoria contínua, cujo foco está direcionado ao processo e ao cliente. É preciso haver transformação de posturas, num processo de “destruição criativa”, em que o velho dá lugar ao novo, e cujo foco está na inovação, no mercado, nas necessidades e nos stakeholders. O manejo deve ser adaptativo e, ao mesmo tempo, inovador, pois as empresas não vão garantir a sustentabilidade dos seus negócios simplesmente fazendo de um jeito melhor aquilo que já fazem hoje. Para exemplificar esses novos conceitos, suponhamos paisagens ou propriedades onde há iminência de conflitos pelo uso da água. Nesses casos, seria possível reduzirmos a densidade de plantio de 3 x 2 para 3 x 2,5 em talhões que margeiam as cabeceiras de drenagem? Seria apropriado alterarmos o espaçamento de 3 x 2,5 para 6 x 1,4 para reduzir as perdas de água por interceptação? Não seria oportuno utilizar diferentes materiais genéticos cujo comportamento ecofisiológico implique menor consumo de água por tonelada de madeira produzida? Seria possível realocar, em parceria com a comunidade, as áreas de Reserva Legal dessas propriedades para que elas cumpram melhor sua função social? Seria possível considerar o risco hidrológico no microplanejamento quanto ao talhão? Qual seria a perspectiva de redução no consumo de água pela implantação desse novo manejo? Como sabemos, são as perguntas que movem o mundo, a única dúvida é se estamos trabalhando para buscar respondê-las e incorporando, no dia a dia, os conceitos de hidrosolidariedade e destruição criativa. Em minha opinião, acho que sim, mas a trajetória é longa, contínua e requer, além de pesquisa e desenvolvimento, coragem para mudar, tomar decisões e assumir riscos.