centros de pesquisa e desenvolvimento
Opiniões
as alternativas de
gestão
A Revista Opiniões lançou o desafio de comparar dois modelos de gestão de florestas plantadas ao longo do seu período de existência. Para melhor compreendê-los, temos que voltar ao passado mostrando as suas características e verificar que não houve uma inclusão abrupta do modelo de investimentos florestais como visão de negócio, mas sim gradativa. O primeiro modelo, denominado pela revista de “floresta industrial”, se iniciou com a política de incentivos fiscais, e não se pode negar que o suporte dado pelo Estado foi fundamental para uma alavancagem tão rápida. Como o objetivo era, principalmente, o desenvolvimento da base industrial brasileira, a floresta plantada tinha a função de ser fonte de matéria-prima para a indústria, e, assim, a visão estratégica para elas era maximizar o ganho em escala – e aí se entende a busca pela produtividade – com a consequente redução dos custos, respeitando as premissas de qualidade exigidas pelo processo industrial. Assim, era possível apoiar a competitividade industrial, já que a maioria dos produtos eram, e são, pouco diferenciados, e a competição por preço, fundamental. Visto que os maiores investimentos eram na planta industrial, foi possível que erros naturais de um processo novo pudessem ser suportados, o que dificilmente seria possível se o setor florestal se iniciasse como um negócio independente, mesmo tendo, na época, recursos a fundo perdido. Portanto foi lógica a escolha estratégica implementada na época. Como característica ainda desse modelo, as indústrias procuraram o máximo controle da produção da matéria-prima, reduzindo riscos de desabastecimento e qualidade.
verifica-se que não há dois modelos, mas um número maior e que eles foram se desenvolvendo gradativamente. Há um melhor? "
João Carlos Garzel da Silva Professor de administração florestal e gestão empresarial da UF-PR
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Ocorre que o sistema econômico é dinâmico, e, assim, as estratégias empresariais devem mudar. A terra começou a ficar cara nos locais onde as florestas estavam implantadas bem como o próprio capital, e há ainda a finalização dos incentivos fiscais. Além destes, novos fatores, como a necessidade de a empresa inserir o conceito de responsabilidade social, fazem com que as empresas repensem a estratégia. A política de inserção de produtores rurais dentro da região de influência começa a ser realizada, iniciando a mudança no modelo original. Critérios econômicos e sociais são procurados, a imagem da empresa fica preservada, por exemplo, minimizando as resistências à monocultura de florestas, que ainda existem em muitos lugares. O problema desse modelo é o aumento da complexidade e do risco. Os produtores rurais, normalmente, não têm capital de investimento, e, portanto, as empresas necessitam apoiar a viabilização desses plantios de algum modo. Também não há proximidade cultural, já que floresta é de longo prazo, e os produtores rurais são, normalmente, ligados à produção de curto prazo.