consultores e especialistas
choque
nos modelos de negócios
Tão importante para a economia brasileira, a indústria de base florestal vem perdendo competitividade com celeridade no mercado internacional. Nossa indústria tem enfrentado desafios tanto no mercado interno quanto no externo. Internamente, a economia brasileira vem patinando nos últimos dois anos, e os fundamentos macroeconômicos apontam para um recrudescimento da inflação e um crescimento econômico anêmico. A indústria de construção civil, um dos principais clientes da indústria florestal, praticamente parou de crescer em 2012. E a indústria não integrada de ferro gusa está com uma capacidade ociosa de, aproximadamente, 60% e sem perspectivas de reação. Mesmo consciente desse contexto e cenário negativos, não se visualizam soluções de curto e médio prazo para impulsionar a economia brasileira de forma sustentável, principalmente devido às características dos gargalos estruturais, o chamado Custo Brasil. Além disso, temos a chamada lei da terra, que tem limitado fortemente os investimentos internacionais em silvicultura. Especificamente em relação à matéria-prima madeira, nos últimos doze anos, os custos de produção subiram a uma taxa média de 9,8% ao ano (Índice Pöyry Incaf), contra um índice geral de preços ao redor de 6,6% (Ipca). Isso significa um “gap de competitividade” acumulado de aproximadamente 40%.
não se visualizam soluções de curto e médio prazo para impulsionar a economia brasileira de forma sustentável, principalmente devido às características dos gargalos estruturais, o chamado Custo Brasil " Jefferson Bueno Mendes Diretor da Pöyry Silviconsult
Os principais vilões do aumento dos custos da madeira posto indústria têm sido os preços dos recursos mão de obra, fertilizantes e máquinas e equipamentos. O contexto e o cenário externo também não são animadores para nossa indústria florestal. Do lado do consumo, a demanda nos principais mercados-alvo da indústria de base florestal
54
brasileira deve continuar fraca, com riscos de piorar ainda mais. A Europa ainda enfrenta forte crise, sem perspectivas de reação no curto prazo; os Estados Unidos têm priorizado o mercado interno, além de focar nas exportações como estratégia para sair da crise; e a China vem enfrentando desafios para manter suas atuais taxas de crescimento. Do lado da oferta, o mercado externo também apresenta desafios à indústria florestal brasileira. A Europa e os Estados Unidos estão se posicionando como exportadores competitivos. A Ásia está investindo significativamente para competir na área de produção de madeira, papel e celulose – com vantagens em relação ao Brasil nos quesitos logística e custos de produção. O Uruguai já se posiciona como competidor e com potencial significativo de crescimento. E há uma série de candidatos a “entrantes”, como a Colômbia, o Paraguai e alguns países africanos, mas somente no médio e no longo prazo. Considerando o contexto e as tendências apresentados, a pergunta que se coloca é: o que devemos fazer para manter e expandir a nossa competitividade? Do ponto de vista macroestratégico, a resposta para aumentar nossa competitividade é clara e conhecida por todos: reduzir o chamado Custo Brasil, priorizando ações para prover logística e infraestrutura