A floresta industrial e a floresta negócio - OpCP33

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ensaio especial

Opiniões

florestas e pequenos negócios A engenharia florestal no Brasil já começou com sentimento de grandeza, pois os primeiros alunos já fizeram estágios em empresas como Klabin, Belgo-Mineira, Acesita, Melhoramentos e outras, e muitos foram nelas trabalhar, depois de formados. Até hoje, os profissionais da área saem das universidades e vão, em ampla maioria, em busca de empregos em grandes empresas, induzidos, na maioria dos casos, por comportamentos cultivados pela própria academia. Do lado dos empreendimentos florestais, a coisa também não foi muito diferente. Até mesmo a lei de incentivos fiscais (de 1966) fomentou a criação de consórcios de investidores, que agiam como grandes reflorestadores, comandados por empresas que se organizavam para a captação de tais incentivos. Os mais velhos, como eu, dos primeiros engenheiros florestais formados no Brasil, chegamos a conhecer muitos sucessos de plantadores de florestas financiados pelos ditos incentivos fiscais, mas também muitas mazelas foram provocadas por aventureiros que apareceram e que sempre aparecem em tais oportunidades.

Como, para tudo isso, há de se planejar e como planejamento no Brasil está mais para ficção do que para realidade, tenho medo de que a incompetência gerencial pública engula a utopia e não deixe que o meu sonho seja sonhado. "

Osvaldo Ferreira Valente Professor Titular, aposentado, da UF-Viçosa

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É verdade, também, que houve e continua a haver boas intenções de incentivar o desenvolvimento de atividades florestais em pequena escala. Tivemos, ao longo do tempo, e citando apenas alguns exemplos, a Campanha Integrada de Reflorestamento, em Minas Gerais; o Programa de Reflorestamento em Pequenos e Médios Imóveis Rurais do antigo IBDF; o Projeto de Extensão e Fomento Florestal do Rio Grande do Sul; e a Associação de Recuperação Florestal de São Paulo. Todos com o objetivo básico de incentivar plantios florestais em propriedades rurais, em contraponto às grandes extensões das plantações de grandes empresas consumidoras de madeira, como as de siderurgia e celulose. Com pouco ou nenhum sucesso econômico, infelizmente. Não se podem esquecer, ainda, os programas de fomento que operam no sistema de integração, com as empresas dando suporte financeiro e técnico, e os pequenos reflorestadores fornecendo essencialmente terra e mão de obra. Mas será que os pequenos negócios florestais devem ficar restritos


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