bases para uma tomada de decisões
Opiniões
nutrição e sustentabilidade
de plantações florestais
No Brasil, os plantios florestais comumente são estabelecidos em regiões de baixa aptidão agrícola, caracterizadas por solos pouco férteis e com pequena reserva de minerais. Em levantamento nacional recente, constatou-se que os solos mais usados para plantações de eucaliptos são os Latossolos de textura média e os Neossolos Quartzarênicos. Mesmo sendo de baixa fertilidade, elevados níveis de produtividade são alcançados (média geral de 41m3/ha-1/ano-1). Nesses solos, os resíduos florestais têm função muito relevante. Atualmente, quase todas as plantações de eucalipto são estabelecidas sob o sistema de cultivo mínimo do solo. Contudo pressões quanto à utilização dos resíduos florestais têm surgido, assim como no setor agrícola. Com as restrições para a compra de terras e as elevações dos preços dos combustíveis fósseis, esses resíduos têm sido vistos como potenciais fontes alternativas de energia para o setor industrial. Para que a produtividade seja mantida, com a remoção parcial ou integral dos resíduos florestais, há necessidade de investimentos mais elevados em fertilização, de modo a se assegurar o balanço nutricional do sítio. Mabrogide Quanto maior a remoção de resíduos, maior o potencial Diretor perda de produtividade, a qual pode chegar a 40% quando todos os resíduos são removidos, sem suplementação compensatória de nutrientes.
Representam cerca de 25% do total de resíduos florestais após a colheita, contendo cerca de 12% de N, 41% de P, 42% de K e 28% de Ca. Em um estudo conduzido na Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga, Esalq/USP, foi verificado que, após a colheita da madeira sem casca de uma plantação de Eucalyptus grandis com 8 anos de idade, permaneceram sobre o solo aproximadamente 55t/ha-1 de resíduos. No sistema de colheita em que a árvore inteira foi retirada, a quantidade de serapilheira remanescente foi de aproximadamente 30t/ha-1. No tratamento em que todos os resíduos foram mantidos sobre o solo, as folhas representaram 12%, os galhos, 32%, as cascas, 45%, e a miscelânea, 11%. No tratamento em que foi mantida apenas a serapilheira, a massa de folha, galho, casca e miscelânea representaram, respectivamente, cerca de 7, 47, 10 e 36% da biomassa de resíduos total. Os resíduos florestais e as raízes são as principais fontes de matéria orgânica para o solo. No estudo mencionado, 300 dias após a colheita, 95% das folhas, 60% das cascas e 30% dos galhos haviam sido decompostos. Nesse período, foram liberados 50% do N, P, Ca, Mg e S e 80 % do K presentes nos resíduos florestais (folhas, galhos, cascas e serapilheira) mantidos sobre o solo.
Fazendo um balanço de todos esses benefícios e oportunidades, entende-se que é possível utilizar parte dos resíduos florestais sem comprometer a conservação do solo e a sustentabilidade da produção. " José Leonardo de Moraes Gonçalves e José Henrique Tertulino Rocha, respectivamente, Professor do Dpto. de Ciências Florestais e Doutorando em Recursos Florestais da Esalq-USP
Uma das principais vantagens da manutenção dos resíduos florestais no campo é a redução da exportação de nutrientes, aumentando suas disponibilidades para as rotações de cultivo subsequentes. Da biomassa total (parte aérea, raiz e serapilheira) de um povoamento de eucalipto com 7 anos (cerca de 200t/ha-1), 66% são madeira (sem casca), na qual estão contidos 35% do N, 35% do P, 45% do K, 25% do Ca e 20% do Mg extraídos pela cultura. O descascamento da madeira no campo tem grande relevância para o sistema solo-planta em termos nutricionais. As cascas contêm entre 12 e 14% da massa do tronco.
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O K apresentou liberação mais rápida que os demais nutrientes, pois esse elemento não forma nenhum composto dentro da planta, permanecendo em sua forma livre. A remoção dos resíduos da colheita teve expressivo efeito no teor e na qualidade da matéria orgânica do solo (MOS), diminuindo o teor de carbono orgânico oxidável e aumento da relação C/N na MOS. Ou seja, houve incremento em frações mais recalcitrantes, em detrimento das frações mais lábeis, com reflexos negativos na dinâmica de mineralização de nutrientes e nas características da MOS, sobretudo na camada superficial do solo.