Plantar bem, cuidar bem, colher bem - OpCP35

Page 54

fabricante de equipamento de grande porte

Opiniões

cuidados com os

princípios

Plantar bem, cuidar bem e colher bem: receita simples e desejo de todos que pretendem investir em plantações florestais. Mais difícil do que falar, é realizar tal proeza. As dificuldades advêm da quantidade de variáveis envolvidas nesse tipo de atividade e nas decisões que são tomadas ao longo do projeto florestal. O setor florestal brasileiro, depois de passar por várias etapas de desenvolvimento ao longo dos últimos 50 anos, encontra-se num ponto de inflexão, em que uma nova onda deve mudar o patamar tecnológico atual. O aumento expressivo dos custos florestais ao longo dos últimos 5 anos, citado por Mendes (Opiniões, set. 2013), tem na mão de obra o seu principal fator. Atividade de uso intensivo de mão de obra, invariavelmente de baixa qualificação, em que a maioria tem rendimento de até 2 salários mínimos, teve seus custos aumentados pela valorização no salário mínimo de 21,4% acima da inflação, medida pelo IPCA, sem a contrapartida de aumento equivalente de produtividade. Resultado: aumento de custos e perda de competitividade, padecendo do mesmo mal que sofre quase toda a indústria brasileira. A crescente indisponibilidade de mão de obra e o aumento dos seus custos exigem ações que resultem em diminuição das atividades manuais, seja através da mecanização, seja através de práticas diferentes das que estão em uso. Muito já foi feito, mas é preciso fazer mais, sair do convencional, criar, aprimorar, avançar. Apesar de estarmos novamente diante de um grande desafio, é preciso enfatizar que alguns desacertos podem ser irreversíveis e, com certeza, irão afetar o resultado esperado do investimento florestal. Para alinhavar alguns pontos, agrupamo-los sob a óptica de 5 perspectivas para melhor entendimento: acionistas, clientes, processos internos, sociedade e aprendizado e crescimento.

Muito já foi feito, mas é preciso fazer mais, sair do convencional, criar, aprimorar, avançar. "

Edson Leonardo Martini Diretor-superintendente da Komatsu Forest

54

ACIONISTAS Nessa perspectiva, estaremos, invariavelmente, tratando de objetivos financeiros. Ou seja, o investidor espera retorno, de preferência muito bom. Algumas variáveis são decisivas para que esse objetivo seja atendido: a. Localização das plantações próximas de centros consumidores ou atrelada a projetos industriais. Sem mercado, não há demanda. Sem demanda, não há preço. Como madeira é uma commodity, se a distância for longa, o frete corrói o valor do produto. b. Região com aptidão para plantações florestais. Estamos falando de déficit hídrico, material genético adaptado e solo adequado. Arriscar o dinheiro dos outros não é considerado muito ético. c. Custo baixo. Madeira é um produto de baixo valor agregado. Custos altos de implantação, manutenção ou colheita jamais serão cobertos pelo valor de mercado. Produtividade não é tudo, mas quase tudo. d. Tecnologia. Produzir madeira e ter resultado financeiro é assunto para profissionais. Os detalhes fazem a diferença. Silvicultura de ponta, material genético e manejo adequados resultam em florestas mais produtivas. O custo de colheita é inversamente proporcional à qualidade da floresta. Lembrando que a colheita custa praticamente o mesmo valor que o custo de produção da madeira. e. Gestão do Risco. Controlar o risco de incêndio e de pragas aborda apenas parte do assunto. Invasões e roubo de madeira também devem entrar na pauta. f. Rentabilidade. Não prometer o que não se pode cumprir. Produção florestal é atividade de longo prazo e, na maioria das regiões do País, de baixa rentabilidade. Onde a terra é barata geralmente não há mercado e nem preço. Plantar nessas regiões é uma aposta, não um investimento.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.