A integração da lavoura-pecuária-floresta - OpCP40

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iplf - mudanças climáticas

a pecuária em sistemas integrados e as

mudanças climáticas

O efeito estufa é um fenômeno natural importante que ocorre no planeta Terra e possibilita a manutenção da temperatura global num ponto de equilíbrio para garantir a vida terrestre tal como conhecemos. Entretanto, quando ocorre aumento da emissão de gases de efeito estufa (GEE) de maneira descontrolada por ações antrópicas, especialmente pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento, há formação de uma camada de poluentes que funcionam como um isolante térmico retendo a temperatura, intensificando o efeito estufa e provocando o aquecimento global no planeta. Como consequência desse processo, temos as mudanças climáticas, caracterizadas pelos desastres climáticos, como derretimento das camadas polares, aumento do nível do mar, secas, enchentes, tempestades, tornados, tufões, maremotos. Isso tudo pode afetar os ecossistemas, causar a extinção de plantas e animais e, ainda, afetar negativamente a produção agropecuária. Vale ressaltar que as mudanças climáticas não respeitam as fronteiras entre os países, o que torna o fenômeno de responsabilidade mundial. A pecuária é considerada uma das fontes de emissão de gases de efeito estufa porque os animais ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos, entre outros), durante seu processo digestório, produzem, de forma natural, o gás metano, além

de seus dejetos poderem emitir gases de efeito estufa. Importante ressaltar que o sistema digestório dos ruminantes garante a esses animais alimentarem-se das pastagens, não consumidas por seres humanos, evitando competição por alimento entre as duas espécies. Esse fato também confere ao rebanho brasileiro, criado a pasto em sua maioria, grande conforto, visto que vivem em seu hábitat, evitando o estresse do confinamento. Já para a pecuária de animais monogástricos, as emissões de GEE ocorrem, em sua maioria, pelas emissões de seus dejetos. Na pecuária, existe possibilidade de mitigação das emissões de GEE pela redução da emissão do metano e do óxido nitroso. A melhoria dos índices zootécnicos e o manejo adequado das pastagens são importantes ações de mitigação e ainda tornam os sistemas de produção menos dependentes de área para produção de alimentos (pode-se produzir mais na mesma área), o que reduz a pressão sobre a floresta, evitando o desmatamento. Apesar da grande ênfase dada aos aspectos envolvendo a emissão de metano entérico pelos ruminantes e suas formas de mitigação, o maior potencial de mitigação está no sequestro de carbono. A pecuária, ao contrário da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, não é apenas uma emissora de gases de efeito estufa, pois há, no seu ciclo, o sequestro de carbono – uma forma de retirar da atmosfera o gás carbônico por meio do processo de fotossíntese das plantas (que servem de alimento para os animais) e armazená-lo no sistema solo-planta como carbono. Então, o que passa a ser importante é o balanço entre as emissões de gases de efeito estufa e os sumidouros (sequestro) de carbono de uma atividade. É possível haver situações em que a retirada de poluentes pelo sequestro de carbono seja maior que a emissão de GEE num determinado sistema de produção.

Tendo em vista todo o benefício ambiental da introdução do componente arbóreo nos sistemas e da possibilidade de diversificação da renda, a pecuária brasileira não pode perder a oportunidade de se consolidar como um importante player da silvicultura. "

Patricia Perondi Anchão Oliveira

Pesquisadora da Embrapa Pecuária de Corte - Sudeste

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