A tendência das tecnologias florestais - OpCP41

Page 1

Opiniões www.RevistaOpinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira

ano 12 • número 41 • Divisão F • set-nov 2015

a tendência das tecnologias florestais




a tendência das

índice

tecnologias florestais Editorial de abertura:

6

Roberto Silva Waack

Presidente do Conselho de Administração da Amata

Ensaio especial:

52

Moacir José Sales Medrado

Diretor-geral da Medrado e Consultores Agroflorestais

A tecnologia e os produtores:

Biotecnologia:

8 12 16 20 23

Cesar Augusto Valencise Bonine

Gerente de Propriedade Intelectual da Fibria

Giancarlo Pasquali

Professor do Dpto de Biologia Molecular da UF-RS

Eduardo José de Mello Diretor da FuturaGene

Leonardo Melgarejo Presidente da Agapan

Paulo Yoshio Kageyama Professor Titular da Esalq-USP

Especialistas:

42 44 48

26 28 31 32 36 40

Germano Aguiar Vieira Diretor Florestal da Eldorado

Jacyr Mesquista Alves

Gerente de Tecnologia Florestal da BSC

Brígida Maria dos Reis Teixeira

Coordenadora de P&D da ArcelorMittal BioFlorestas

Raul Chaves

Gerente de Tecnologia Silvicultural da Duratex

Róbinson Félix

Diretor Industrial e Técnico da Cenibra

Adriano Emanuel Amaral de Almeida Gerente de P&D da International Paper

Alexandre Barboza Leite

Diretor da Teca e Daplan Serviços Florestais

Ricardo Steinmetz Vilela Diretor da Bela Vista Florestal

Joésio Pierin Siqueira

Vice-presidente da STCP Engenharia de Projetos

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: Opinioes@RevistaOpinioes.com.br n Diretor Geral de Operações e Editor Chefe: William Domingues de Souza - 16 3965-4606 - WDS@RevistaOpinioes.com.br nCoordenadora Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Souza - Fone: 16 3965-4660 - VRDS@RevistaOpinioes.com.br nVendas: Lilian Restino - 16 3965-4696 - LR@RevistaOpinioes.com.br • Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@ globo.com nApoio de Vendas: Amanda Vaz - 16 3441-4600 - AV@RevistaOpinioes.com.br • Francine da Mata Silva - 16 3441-0343 - FM@RevistaOpinioes. com.br n Assistente do Editor Chefe: Fernanda Aparecida da Silva e Silva - 16 3965-4661 - FS@RevistaOpinioes.com.br nJornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@RevistaOpinioes.com.br n Edição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@globo.com nProjetos Futuros: Julia Boniceli Rolo - 2604-2006 - JuliaBR@RevistaOpinioes.com.br nProjetos Avançados: Luisa Boniceli Rolo - 2304-2012 - LuisaBR@RevistaOpinioes.com.br nConsultoria Juridica: Priscilla Araujo Rocha nCorrespondente na Europa (Augsburg Alemanha): Sonia LiepoldMai - Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de nDesenvolvimento de Mercados na Ásia: Marcelo Gonçalez - MG@RevistaOpinioes.com.br nExpedição: Donizete Souza Mendonça - DSM@ RevistaOpinioes.com.br nCopydesk: Roseli Aparecida de Sousa - RAS@RevistaOpinioes.com.br nTratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) nFinalização: Douglas José de Almeida n Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP nArtigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões pessoais de seus próprios autores nFoto da Capa: Banco de Fotos da Revista Opiniões nFoto do Índice: Banco de Fotos da Revista Opiniões nFotos das Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 8111-8887 - paulo@pauloaltafin.com.br• Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck.com.br • Tadeu Fessel Fotografias - 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com • Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas nFotos dos Articulistas: Acervo Pessoal dos Articulistas e de seus fotógrafos pessoais ou corporativos nVeiculação Comprovada: Através da apresentação dos documentos fiscais de pagamento dos serviços de Gráfica e de Postagem dos Correios nTiragem Revista Impressa: 5.500 exemplares nRevista eletrônica: Cadastre-se no Site da Revista Opiniões e receba diretamente em seu computador a edição eletrônica, imagemn fiel da revista impressa nPortal: Estão disponíveis em nosso Site todos os artigos, de todos os articulistas, de todas as edições, de todas as divisões das publicações da Editora WDS, desde os seus respectivos lançamentos nHome-Page: www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Pedro Robério de Melo Nogueira • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano

4


Controla plantas daninhas de folhas largas

aliado do glifosato

ação rápida

Maior rendiMento operaCional

Abra caminho para a rentabilidade da sua floresta.

Baixe um leitor de QR Code, use a câmera para acessar a imagem e saiba mais sobre Valeos®.

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA: Valeos® nº 2515.

Valeos®. O herbicida dessecante da BASF contra as principais plantas daninhas de folhas largas de difícil controle. 0800 0192 500 facebook.com/BASF.AgroBrasil www.agro.basf.com.br


editorial

capacidades

dinâmicas Um dos principais estudiosos do papel da inovação na gestão empresarial, David Teece, do Institute for Business Innovation da Universidade da Califórnia – Berkeley, aborda, há alguns anos, o conceito de Capacidades Dinâmicas. A sua aplicação para o setor florestal é mais atual do que nunca. O setor passa por importantes rupturas tecnológicas em três fronteiras: florestal, industrial e modelos de gestão. Para Teece, os vencedores no âmbito global serão aquelas empresas capazes de responder ao rápido e dinâmico ambiente inovador, demonstrando capacidades gerenciais para incorporar novas competências para lidar com os novos desafios internos e externos que se apresentam. Ou seja, a inovação não se dá apenas no campo das novas tecnologias ou produtos, mas exige novas competências em modelos de gestão.

O desenvolvimento de inovações no campo florestal está diretamente ligado ao conceito de consumo responsável. "

Roberto Silva Waack

Presidente do Conselho de Administração da Amata

6


Opiniões O conceito das Capacidades Dinâmicas enfatiza dois aspectos: o primeiro é a capacidade de entender e incorporar velozmente mudanças do ambiente externo; a segunda, a necessidade de adaptar, integrar e reconfigurar elementos organizacionais, recursos, competências e rotinas funcionais. As mais de 4.000 pessoas que participaram do World Forestry Congress, que aconteceu em Durban durante a primeira semana de setembro, puderam entender que as previsões de demanda por produtos florestais crescem rapidamente. O principal motor desse fenômeno é a consolidação da bioeconomia com segmentos de mercados ampliados (energia, biomateriais, indústria química). As empresas mais tradicionais do setor lideram esse processo, atentas às demandas de consumidores finais e elementos reputacionais de integrantes da cadeia de valor. É emblemática a frase amplamente exposta pela Stora Enso, uma das mais antigas e inovadoras empresas do setor: “Tudo o que é feito de combustível fóssil hoje poderá ser feito a partir de uma árvore amanhã” . A oferta nas dimensões estimadas só poderá ser atingida com intensificação das plantações e maior eficiência e adoção dos sistemas de manejo sustentável no mundo todo. Essas tendências se confirmam pela redução das taxas de desmatamento e consequente diminuição da oferta de madeira derivada de conversões florestais. No âmbito florestal, se consolidam as inovações na silvicultura de precisão, incluindo o monitoramento (do processamento de imagens de satélites ao uso de drones) e o uso rotineiro de georreferenciamento e data management. A biotecnologia avança a passos largos, com impactos na produtividade, na resistência a pestes e adaptação a condições ambientais, como estresse hídrico e solos com deficiências nutricionais. Estima-se que, até 2050, o melhoramento genético pode ter o potencial de dobrar o IMA (incremento médio anual) mundial. A aplicação da biotecnologia é um bom exemplo de como o conceito de Capacidades Dinâmicas pode ser aplicado. A fronteira não está apenas na inovação tecnológica, mas demanda fortemente a incorporação de competências na condução do debate sobre árvores geneticamente modificadas. Embora iniciativas de diálogo tenham crescido substancialmente, parte dos agentes envolvidos (não só ONGs, mas também empresas diretamente envolvidas com o consumidor final) ainda hesitam, embora reconheçam a inexorabilidade tecnológica. O debate vai além da questão da segurança ambiental, abrangendo elementos ideológicos, como distribuição dos benefícios sociais da aplicação da nova tecnologia. Ainda no campo florestal, conhecimentos aplicados à regeneração florestal e à recuperação de áreas degradadas são demanda forte, com ampla discussão sobre modelos silviculturais de espécies nativas e atenção aos diversos modelos de restauração existentes. Na área da silvicultura, o conceito de uso múltiplo se estabelece como paradigma de boa prática. Países com maiores rendas, a maioria no hemisfério Norte, dominam amplamente a sua adoção, mas a aplicação ainda é bastante restrita no Brasil.

De uma maneira geral, amplia-se a utilização múltipla e total das árvores e de subprodutos florestais e industriais, como a lignina no setor de papel e celulose e resíduos de serrarias no setor da madeira sólida. No front do processamento industrial, destacam-se avanços em bioenergia, seja no uso direto da madeira como componente térmico ou termoelétrico, seja na produção direta de combustíveis de segunda geração. O mercado de biomateriais se amplia, com forte destaque para bioplásticos, têxteis, biocompostos, painéis e materiais automotivos, com especial destaque para produtos de baixo peso, com impacto positivo nas emissões de gases de efeito estufa do setor de transporte. A aplicação de produtos florestais na produção de compostos químicos como açúcares, fenóis, ácidos, abrasivos, colas e outros segue se desenvolvendo com produções entrando em escalas piloto e industriais na América do Norte e países nórdicos. As inovações na indústria florestal incluem avanços na área da rastreabilidade de produtos, especialmente críticas em produtos oriundos de zonas tropicais, seguindo a tendência de monitoramento da origem, além da legalidade, demandada por reguladores dos principais países compradores. É outro bom exemplo de como as Capacidades Dinâmicas extrapolam o ambiente interno das empresas, frequentemente limitadas ao mundo do que acontece em suas florestas e indústrias. O aumento da complexidade das transações comerciais e aceitação de produtos demandam competências inovadoras na fronteira do marketing, relacionamento, gestão de marcas e reputação. O dinamismo no mundo da gestão de externalidades e da licença social para operar explica o crescimento da certificação voluntária, notadamente FSC, e de iniciativas como The Forest Dialog e New Generations Plantations. A participação ativa nesses fóruns demanda competências complementares às tradicionais, representando o que Teece considera desafios externos dinâmicos. Não é por outro motivo que há consenso de que o consumo será determinante na inovação, especialmente com aumento da conscientização do papel positivo de florestas e produtos dela derivados nas mudanças climáticas e consequente demanda por produtos alternativos a combustíveis fósseis. O desenvolvimento de inovações no campo florestal está diretamente ligado ao conceito de consumo responsável. O papel das florestas no âmbito das mudanças climáticas, na relação com a sociedade e os consumidores, exige o que parece ser a principal inovação em modelos de gestão: a ampliação da integração do mundo florestal com outros setores, como energia e agronegócio, dentro do contexto de landscape models, incluindo restauração e serviços ambientais. O foco míope no ambiente interno não cabe no conceito das Capacidades Dinâmicas. Não há como ignorar que a tendência do setor florestal é ser protagonista das principais exigências do uso ampliado do solo ocupado por suas árvores e indústrias. A visão espacial, territorial, com seus complexos componentes sociais, ambientais e políticos, tem que fazer parte do repertório dos gestores da indústria.

7


biotecnologia

Opiniões

engajamento Coautor: Cristiano Resende de Oliveira, Consultor em Sustentabilidade da Fibria

Temos ciência de que a engenharia genética é um tema polêmico, principalmente para importantes atores da sociedade, que questionam seus benefícios econômicos, ambientais e sociais. "

Cesar Augusto Valencise Bonine Gerente de Assuntos Regulatórios e Propriedade Intelectual da Fibria Celulose

Engajamento: essa palavra nunca foi tão falada e praticada como nos dias de hoje. Exemplo disso foram as manifestações que tomaram nosso país recentemente. Multidões indo às ruas para se expressar, todos engajados no mesmo sentido de mudança nos rumos da política e da economia brasileira. Já no mundo, temos sociedades se envolvendo na solução e no atendimento de refugiados de guerra e tantos outros exemplos. Vivemos em um mundo cada vez mais interconectado. Mas o que isso tem a ver com o tema sobre organismo geneticamente modificado? Tudo! Desde que os transgênicos surgiram na agricultura, há cerca de 30 anos, observamos um aparente embate entre o “bem e o mal”, entre a ciência e a cautela, entre o desenvolvimento e a segurança. O conceito sobre o Princípio da Precaução ganhou força com a definição proposta na Declaração de Wingspread (1998), que estabelece que, “quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo quando algumas relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente”. De acordo com esse princípio, quando evidências científicas razoáveis de qualquer tipo nos dão boas razões para acreditarmos que uma atividade, tecnologia ou substância possam ser nocivas, devemos agir no sentido de prevenir o mal. Há uma relação direta entre o Princípio da Precaução com as “incertezas científicas” inerentes a tudo que é novo.

8

No entanto, há um problema prático relacionado a essas “incertezas científicas”: poucas tecnologias tiveram sua plena adoção após a comprovação total do seu uso seguro. Na maioria dos casos, a adoção de uma tecnologia é baseada em um grupo mínimo e aceitável de evidências científicas que assegurem seu uso. Aliás, após esses 30 anos de pesquisa e 20 de uso em escala comercial dos transgênicos, uma série de evidências apontam que a tecnologia transgênica possui um comportamento seguro quando comparado ao seu similar convencional. Ou seja, já poderíamos mudar de patamar na discussão sobre a segurança dos transgênicos, mas não se vê espaço para essa mudança. Talvez isso se mantenha pelo fato de a transgenia ser, hoje, considerada a tecnologia de mais rápida adoção na história da agricultura moderna e, com isso, tenha trazido consigo a percepção de que não houve abertura para o diálogo. Nesse contexto amplo e divergente, surge a mais recente classe de transgênicos: Árvore Geneticamente Modificada (AGM). Sua missão é de atender à sociedade moderna em sua demanda crescente por fibras, combustíveis e florestas, de forma sustentável.


O JOGO MUDOU. DE NOVO.

Na John Deere, sempre procuramos tornar mais eficiente o trabalho na floresta. Com esse objetivo e a visão especializada de nossos clientes, desenvolvemos a nossa nova Série L de Skidders e Feller Bunchers de pneus. Suas grandes cabines possuem partida sem chave e opções adaptáveis de controle. Também contam com recursos de manutenção aprimorados, como o JDLink™ e diagnóstico remoto, que permitem fácil identificação de pontos críticos. Nós projetamos esses equipamentos para serem os melhores na floresta.

JohnDeere.com.br/Florestal


biotecnologia Essa quase unanimidade, de que o mundo tem que produzir cada vez mais utilizando de forma sustentável cada vez menos recursos naturais, traz à tona, também para o setor de florestas plantadas, a busca por novas tecnologias (por vezes, mas não exclusivamente, algumas biotecnologias) como uma das possíveis soluções para preservar os escassos recursos naturais existentes no planeta. É imperativo buscar formas novas e inteligentes de produção, que podem muito bem combinar tecnologias de produção convencionais com novas tecnologias, para atingir um modelo de sucesso. É essa estratégia que estamos adotando, de combinar o que se tem de mais evoluído no melhoramento convencional com diferentes frentes de biotecnologia. Isso faz sentido, se olharmos, por exemplo, o boom de florestas plantadas de alta produtividade que ocorreu no Brasil quando, na década de 1980, foi dominada a clonagem de eucalipto em larga escala. Esse foi o primeiro exemplo de sucesso na aplicação da biotecnologia em florestas plantadas, que conferiu inclusive o Prêmio Marcus Wallenberg (tido como o Prêmio Nobel da indústria de base florestal) aos idealizadores dessa revolução. Só que a clonagem não substituiu os programas convencionais de melhoramento genético. Os ganhos genéticos e, por última instância, de produtividade são suportados pelos programas de melhoramento convencionais, que se baseiam no conceito simplificado de cruzamento, teste e seleção. No caso de eucalipto, podemos considerar que esses programas de melhoramento ainda estão em estágios bastante iniciais, se comparado com outras culturas agrícolas. Empresas com maior experiência no melhoramento genético de eucalipto estão ainda na 5ª ou 6ª geração do ciclo de melhoramento. Como comparação, alguns programas mais antigos de melhoramento de milho e soja já passaram da 100ª geração de melhoramento, e ainda se obtêm ganhos de produtividade e qualidade a cada geração. Ou seja, não podemos desconsiderar o fato de que há espaço para ganhos de melhoramento convencional nos programas de eucalipto, seja para produtividade, seja para qualidade. Mas, se tudo isso parece fazer sentido, precisamos perguntar: qual, então, é o motivo de as empresas desenvolverem eucalipto geneticamente modificado? No nosso caso, podemos afirmar que conduzimos pesquisas com eucalipto geneticamente modificado como ferramenta complementar aos programas de melhoramento genético do eucalipto. Não é a transgenia que puxa o programa de melhoramento (como não foi a clonagem), mas é o programa de melhoramento genético que utiliza das mais variadas ferramentas de biotecnologia, dentre elas a transgenia, para atingir seus objetivos.

10

Opiniões Acreditamos que algumas soluções para problemas reais, como a adaptação de plantas em condições de estresse, ganhos na qualidade das fibras ou mesmo ganhos (ou redução de perdas) na produtividade, podem ser complementadas com técnicas biotecnológicas. Só que, como qualquer ferramenta do melhoramento, precisamos garantir que seu uso traga benefícios a todos, não apenas a uma diminuta parcela das partes interessadas, e que, evidentemente, seja seguro para uso. É uma questão de responsabilidade fazer o uso correto de qualquer tecnologia, e isso faz parte do nosso jeito de ser. Aliás, o setor florestal tem na sua gênese o objetivo de integrar a produção de fibras e proteger a natureza. Esse conceito expandiu com a crescente presença das certificações florestais, sabidamente os selos FSC (Forest Sterwatship Council) e Cerflor/PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification), agregando a dimensão social às dimensões econômica e ambiental. O setor se esforçou no passado recente para estabelecer boas relações com diversas partes interessadas, sobretudo com comunidades vizinhas, frequentemente impactadas pelas suas atividades, e organizações da sociedade civil. Essa aproximação trouxe uma responsabilidade enorme de criar confiança entre as partes, e uma boa relação pressupõe, como pilar do diálogo, a honestidade e a transparência. Não é possível dialogar quando existe desconfiança, e, sem o diálogo, não é possível engajar ninguém. Temos ciência de que a engenharia genética é um tema polêmico, principalmente para importantes atores da sociedade, que questionam seus benefícios econômicos, ambientais e sociais. Por isso, a Fibria está empenhada não apenas em avaliar esses impactos, como em engajar-se com essas partes interessadas na discussão do tema, entendendo que apenas assim garantiremos legitimidade ao processo. A busca por esse engajamento contínuo se baseia na transparência das informações não proprietárias, dentro do conceito de que a avaliação dos impactos será tanto mais completa quanto maior e mais efetivo for esse engajamento. O direcionador adotado é o de que a decisão sobre o uso comercial dessa tecnologia no futuro está condicionada aos resultados das avaliações dos impactos e do processo de engajamento, ou seja, um olhar mais integrado, que vai além da produção de celulose de eucalipto. Nosso esforço, alinhando nossa responsabilidade com a busca contínua pela transparência, tem como objetivo construir um caminho, que pode aparentemente ser mais longo, para derrubar alguns muros e pavimentar um caminho mais curto no futuro. A construção desse “longo caminho, curto” passa, obrigatoriamente, por ouvir mais do que falar e por desenvolver a empatia. De sermos humildes para dizer que não sabemos tudo e nem temos todas as respostas. De construirmos juntos as bases científicas e conhecimento que ainda não existem. A nossa visão, que passa pelas esferas mais altas da nossa administração, do CEO aos acionistas, do Comitê de Inovação ao Comitê de Sustentabilidade, é a de que o diálogo construtivo se tornou um caminho sem volta e no qual devemos concentrar nossos esforços. Criar abertura para envolver qualquer agente de mudança que queira contribuir, isento de ideologia, é nossa escolha para tratar o tema “eucalipto geneticamente modificado”. Estamos falando de valores, sobretudo de ética, e sabemos que, ao longo de nossas experiências, aprendemos e reproduzimos as práticas que vivenciamos. Temos que pôr em prática esse aprendizado, em prol de um futuro melhor para as novas gerações.



biotecnologia

Opiniões

a liberação comercial de

eucalipto transgênico

A adoção comercial de variedades GM de eucalipto é um verdadeiro marco do melhoramento genético e da produção florestal, tal qual o foi para espécies agrícolas como soja, milho e algodoeiro. "

Giancarlo Pasquali

Professor Titular do Departamento de Biologia Molecular e Biotecnologia do Instituto de Biociências da UF-RS

Para muitos, biotecnologia é sinônimo de engenharia genética e transgenia, ferramentas empregadas com o objetivo maior de gerar organismos transgênicos ou “geneticamente modificados” (GM). Biotecnologia, porém, possui abordagens muito mais amplas que, além de incluir engenharia genética na forma das ferramentas de biologia molecular ou tecnologia do DNA recombinante, engloba disciplinas como biologia celular, genética, bioquímica, biofísica, microbiologia, engenharia química, tecnologia da informação, bioética, biodireito e biossegurança, entre outras. Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, “Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que faça uso de sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”. Muito antiga, portanto, desde o intencional emprego de leveduras em processos fermentativos para a produção de pães, cervejas e vinhos e de bactérias e fungos para a obtenção dos mais diversos tipos de queijos até para a produção da ampla gama de antibióticos, vacinas e outros insumos farmacêuticos, a biotecnologia possui destaque consolidado na indústria alimentícia e

12

farmacêutica, na agricultura e na pecuária, nas medicinas humana e veterinária e também na silvicultura. Nessa última área, o sucesso da produção brasileira é consequência de vários fatores, tanto com espécies florestais destinadas à produção de frutas como para madeira, celulose e papel. Além das condições favoráveis de clima e solo, cabe destacar duas atividades biotecnológicas em particular: o trabalho de geneticistas que souberam combinar (cruzar) espécies e variedades e selecionar progênies de árvores muito mais produtivas, mais resistentes a doenças e pragas e mais tolerantes a estresses ambientais como seca e frio, e o desenvolvimento da clonagem em escala comercial, permitindo produzir milhares de mudas mensalmente a partir de alguns exemplares “elite”, por meio da estaquia e de outros métodos de propagação clonal. Videiras, macieiras, coníferas e, com maior relevância, laranjeiras e eucaliptos são exemplos de arbóreas cuja produção comercial brasileira destaca-se mundialmente. Com a maior produtividade mundial em madeira de eucalipto, não é surpresa que o Brasil tenha sido o primeiro país a liberar comercialmente um eucalipto GM. Economicamente, a relevância do setor florestal brasileiro, eminentemente baseado na eucaliptocultura, é inquestionável. Em 2013, o setor brasileiro de árvores plantadas contribuiu com 1,2% do produto interno bruto; empregou, direta ou indiretamente, quase 5% da população economicamente ativa do País, com florestas plantadas em cerca de 7,6 milhões de hectares.


CABEÇOTE PARA SUA ABEÇOTE PARA SUA NOVAS OPÇÕES DE CABEÇOTE PARA SUA NOVAS OPÇÕES DE NOVAS OPÇÕES DE COLHEITA FLORESTAL. CABEÇOTE PARA SUA SUA OLHEITA FLORESTAL. COLHEITA FLORESTAL. CABEÇOTE PARA CABEÇOTEFLORESTAL. PARA SUA COLHEITA COLHEITA FLORESTAL. NOVAS OPÇÕES DE COLHEITA FLORESTAL.

92S92 S92 S92 S92

CABEÇOTE PARA SUA COLHEITA FLORESTAL.

S92

S132 S132 S132

S132

S172 S172

S172

S172 S172 S172 S132 S172 www.komatsuforest.com.br

S132 S132 www.komatsuforest.com.br www.komatsuforest.com.br

Nova linha S de cabeçotes Nova linha S de cabeçotes Komatsu. Komatsu. Nova linha S de cabeçotes Nova linha S de linha cabeçotes Nova S de de cabeçotes cabeçotes Komatsu. Nova linha S Komatsu. Os cabeçotes Komatsu são Komatsu. Nova linha S harvester de cabeçotes Komatsu. Os cabeçotes harvester Komatsu são projetados para alta velocidade de alimenKomatsu. projetados para alta velocidade de alimenOsOscabeçotes harvester Komatsumáxima são cabeçotes harvester Komatsu são tação para oferecer produtividade Os cabeçotes harvester Komatsu são projetados para alta velocidade de alimentação para oferecer máxima produtividade Os cabeçotes harvester Komatsu são projetados para alta velocidade alimene alta precisão de mediçãode que garantem a tação para oferecer máxima produtividade projetados para alta velocidade de alimene alta precisão de medição que garantem a Os oferecer cabeçotes harvester Komatsu são projetados para alta velocidade deusou alimentação para máxima produtividade qualidade. A Komatsu Forest e e alta precisão de medição queKomatsu garantem aForest tação para oferecer máxima produtividade qualidade. A usou e projetados para alta velocidade de alimentação para oferecer máxima produtividade ampliou este conceito nogarantem e alta precisão de medição que a qualidade. A Komatsu Forest usou edesenvolvimento e alta precisão decabeçotes. medição que garantem a a ampliou este conceito no desenvolvimento tação para máxima produtividade alta de medição que garantem da linha “S”oferecer de Independentequalidade. A precisão Komatsu Forest usou e ampliou estee conceito no desenvolvimento qualidade. A Komatsu Forest usou e da linha “S” de cabeçotes. Independenteeeste alta precisão de medição queoperacional, garantem a A IndependenteKomatsu Forest usou e daampliou linha “S”qualidade. de cabeçotes. mente da sua necessidade conceito no desenvolvimento ampliou este conceito no desenvolvimento mente da sua necessidade operacional, mente da sua necessidade operacional, qualidade. A Komatsu Forest usou e ampliou este conceito no desenvolvimento um cabeçote Komatsu ideal da linhasempre “S” dehaverá cabeçotes. Independentesempre haverá um cabeçote Komatsu ideal da linha “S” de cabeçotes. Independentesempre haverá um cabeçote Komatsu ideal ampliou conceito no desenvolvimento da linha “S” de cabeçotes. Independentepara suaeste colheita. mente da sua necessidade operacional, para sua colheita. para suada colheita. mente da“S” sua necessidade operacional, da linha de cabeçotes. Independentemente sua necessidade operacional, sempre haverá um cabeçote Komatsu ideal ideal sempre haverá um cabeçote Komatsu mente da sua necessidade operacional, sempre haverá um cabeçote Komatsu ideal para suapara colheita. sua colheita. sempre um cabeçote Komatsu ideal para suahaverá colheita. para sua colheita.


biotecnologia Os maciços florestais de eucalipto são transformados em celulose, em papéis de escrita e impressão, papéis sanitários, absorventes e fraldas, papel cartão e embalagens, paineis de madeira (MDF, MDP, chapas), pisos laminados, madeira serrada (vigas, tábuas e sarrafos) e tratada (mourões, cercas, postes e dormentes), carvão vegetal (ferro gusa e aço), móveis, madeira e pellets para energia. Para obter a liberação comercial do eucalipto GM, a FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda, subsidiária da Suzano Papel e Celulose, submeteu à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) um relatório de biossegurança com mais de 280 páginas. Nesse relatório, além da descrição técnica de como foi obtido o vegetal GM, foi apresentada uma série de resultados de experimentos e avaliações de biossegurança realizados ao longo de mais de oito anos, seguindo orientações da Resolução Normativa nº 5 da própria CTNBio. As discussões na CTNBio desdobraram-se por cerca de 15 meses, entre a submissão do pedido, em janeiro de 2014, até a decisão, em abril deste ano. Esse processo foi semelhante ao realizado por duas dezenas de outras empresas para a liberação comercial de plantas GM de soja, milho, algodão e feijão, além de leveduras, bactérias ou derivados recombinantes utilizados como vacinas, em prazos que variaram de 6 meses a 8 anos, desde o início das atividades da CTNBio, em 1995. A partir da decisão favorável da CTNBio, a empresa FuturaGene fica autorizada a realizar plantios comerciais de um híbrido GM de eucalipto (Eucalyptus grandis x E. urophylla) capaz de produzir duas novas proteínas: uma glicanase de origem vegetal (gene isolado de Arabidopsis thaliana) e uma neomicina-fosfotransferase bacteriana (proveniente de Escherichia coli). Enquanto a última proteína confere às plantas a resistência a antibióticos derivados da neomicina, o que foi importante para a geração e a seleção da planta GM em laboratório, a primeira proteína

14

Opiniões é a que agrega valor às árvores, promovendo um ganho de biomassa, principalmente na forma de celulose, de aproximadamente 20% em relação às plantas convencionais. Em outras palavras, em condições ideais de cultura, as árvores GM acumularão mais celulose que as convencionais no mesmo período de tempo. A partir do relatório de biossegurança, a ampla maioria dos membros da CTNBio entendeu que o eucalipto GM da FuturaGene é seguro para a liberação comercial, não oferecendo riscos às saúdes humana e animal e ao equilíbrio do meio ambiente. Aprovado na CTNBio quanto aos aspectos científicos e técnicos, o pedido de liberação comercial do eucalipto GM seguiu ainda para o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), instância superior constituída por ministros de Estado e que validou a liberação quanto aos aspectos social, econômico, político, religioso e cultural, entre outros. Até o presente, o CNBS jamais vetou um produto GM considerado seguro pela CTNBio. A adoção comercial de variedades GM de eucalipto é um verdadeiro marco do melhoramento genético e da produção florestal, tal qual o foi para espécies agrícolas como soja, milho e algodoeiro. O fato de se tratar de um vegetal GM com incremento da produtividade é, por si só, um marco também para a ciência. Até então, plantas GM com tolerância a herbicidas e/ou com resistência a insetos foram as únicas a lograr sucesso mundial. No Brasil, um feijoeiro GM com resistência ao vírus-do-mosaico-dourado foi aprovado comercialmente pela Embrapa junto à CTNBio, sendo outro exemplo do investimento brasileiro em biotecnologia de ponta. À semelhança do feijoeiro GM, o eucalipto GM com aumento de produtividade pode, agora, entrar em fase de multiplicação para abastecer futuros produtores. Só então o sucesso comercial poderá ser verdadeiramente avaliado, e, até lá, outras novidades GM serão apresentadas.



biotecnologia

Opiniões

benefícios da transformação genética:

só para a agricultura? a adoção de plantas Geneticamente Modificadas (GM) trouxe 37% de redução no consumo de pesticidas, 22% de aumento da produtividade e 68% de aumento de lucro para os agricultores "

Eduardo José de Mello Diretor da FuturaGene

Estima-se que o consumo mundial de madeira atual seja de, aproximadamente, 3 bilhões de m3 por ano. Com a população global prevista para crescer dos atuais 7 para 9 bilhões até 2050, essa demanda deverá atingir 10 bilhões de m3, de acordo com projeção do WWF. Dos dias atuais até 2050, somam-se 35 anos, período relativo a apenas cinco rotações de plantio de eucalipto no Brasil ou um ciclo de pinus no norte da Europa. Ou seja, a sociedade terá que enfrentar o desafio de produzir volume significativamente maior de madeira nesse curto período de tempo. Como, então, abastecer a humanidade diante desse aumento expressivo de demanda por fibra? Essa pergunta deveria inquietar os produtores, os ambientalistas e a sociedade em geral. Podemos imaginar ao menos três maneiras de atender a essa demanda. A primeira, aumentando a pressão sobre as florestas nativas. Solução inaceitável, pois está na contramão de todos os esforços de conservação dos recursos naturais. A segunda, aumentando a área dos plantios florestais simultaneamente a ganhos incrementais de produtividade.

16

Certamente melhor que a primeira opção, embora ainda requeira disponibilidade de terras. A terceira, aumentando de forma mais intensiva a produção de madeira por área, ou seja, otimizando o uso dos recursos naturais. Esta última, que representa produzir mais com menos, parece ser a saída mais viável e desejada pela sociedade. Atualmente, cerca de 50% da madeira consumida no mundo é proveniente de plantios florestais. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), esse volume representa uma área de, aproximadamente, 264 milhões de hectares, o que equivale a apenas 7% da cobertura florestal do planeta. Para atender a essa expectativa de demanda futura, será preciso aumentar essa área em adicionais 250 milhões de hectares. Tecnologias que aumentem a produtividade podem diminuir essa necessidade por mais área. O aumento da produtividade florestal é uma alavanca que remunera o produtor florestal, aumenta a competitividade do setor e reduz a pressão por mais terras. No setor agrícola, as motivações que levam à adoção de novas tecnologias são as mesmas. O produtor sabe que produzir mais com menos é uma questão de sobrevivência. Daí a adoção rápida de inovação tecnológica por parte do agricultor, com destaque para o uso de cultivares geneticamente modificadas.


A VERDADEIRA FERA DA COLHEITA

FLORESTAL CHEGOU AO BRASIL Para dar as Boas vindas ao harvester Ponsse Scorpion ao país preparamos um tour pelas principais capitais da colheita florestal do Brasil para demonstrar a máquina que revolucionou o mercado com a sua tecnologia e inovação.

CABINE/ VISIBILIDADE A grua C50 se move sobre a cabine e não atrapalha a visibilidade do operador. A grua ainda possui um alcance entre 8,5 a 11 metros.

CONFORTO E ESTABILIDADE A cabine giratória e nivelante esta localizada no centro da máquina sobre um chassis independente. O operador gira sobre o próprio eixo, evitanto o efeito “carrossel”. A ergonomia é a palavara de ordem para o Scorpion, o que garante mais horas de trabalho produtivas.

FIQUE LIGADO!

Acompanhe e saiba mais detalhes sobre os eventos do Scorpion tour na página do Facebook da Ponsse Brasil

NIVELAMENTO E ESTABILIZAÇÃO A estrutura tripla do chassi

Facebook.com/ponssebrasil

oferece baixo ponto de articulação, resultando no melhor conforto possível. todos os chassis oscilam acompanhando o contorno do solo e mantendo a cabine nivelada individualemente.

INTERVALOS MAIORES DE MANUTENÇÃO Os intervalos entre as manutenção programadas foram estendidas para 1.800h, inclusive para os demais modelos Ponsse 2015

FACILIDADE DE MANUTENÇÃO A máquina foi desenhada para ter pontos de acesso simplificado para os próprios operadores. Eles podem, por exemplo, checar o nível do óleo facilmente, além de acessar outros pontos de manutenção e garantir que tudo está em perfeitas condições.

PONSSE LATIN AMÉRICA LTDA. R. Joaquim Nabuco, 115 – Vila Nancy / CEP 08735-120 / Mogi das Cruzes / São Paulo – Brasil / Tel: +55 11 4795-4600 / Fax: +55 11 4795-4605 / http://www.ponsse.com/pt


biotecnologia Em 2004, a área plantada com Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) no Brasil totalizava 4 milhões de hectares. Hoje, essa área supera os 42 milhões. Na esfera global, a área plantada com essas culturas saltou de 63 milhões para 175 milhões de hectares nesses mesmos dez anos. Por que um aumento tão expressivo? Certamente, porque o agricultor consegue perceber no dia a dia as vantagens em se adotar plantios com essa tecnologia. Estudos recentes da Universidade alemã de Goettingen, envolvendo produtores rurais em diferentes países, demonstram que a adoção de plantas Geneticamente Modificadas (GM) trouxe 37% de redução no consumo de pesticidas, 22% de aumento da produtividade e 68% de aumento de lucro para os agricultores. Uma tecnologia que se prova tão eficiente só não poderia ser disponibilizada se houvesse algum impedimento legal ou se não atendesse aos critérios de biossegurança ao ambiente, animais e pessoas. No Brasil, esses critérios são regulados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão formado por cientistas renomados, das mais diversas áreas, que avaliam e, quando devidamente seguros, aprovam o uso dos OGM (plantas, animais, microrganismos e vacinas) no País, fazendo do sistema regulatório brasileiro referência mundial. Em abril de 2015, a CTNBio aprovou o uso comercial da variedade de eucalipto geneticamente modificado, que tem como característica o aumento de produtividade. A tecnologia, desenvolvida pela FuturaGene, empresa de biotecnologia da Suzano Papel e Celulose, é pioneira no mundo e resultado de 14 anos de pesquisa e desenvolvimento. Trata-se de um clone híbrido de E.grandis x E.urophylla que recebeu, por meio da tecnologia do DNA recombinante, um gene vegetal que promove maior crescimento de biomassa. Esse gene, denominado CEL1, age na parede celular das árvores durante as fases de expansão e alongamento da célula vegetal. Experimentos de campo plantados em diversas regiões do País, desde 2006, demonstram que esse eucalipto produz cerca de 20% a mais de madeira em comparação ao clone original não transformado. A proteína CEL1 está presente em diversas plantas, inclusive naquelas empregadas como alimento, como frutas e legumes, arroz, milho, soja e feijão, por exemplo. Em suma, o eucalipto geneticamente modificado com aumento de produtividade apresenta uma cópia funcional para a expressão dessa proteína, o que lhe confere maior crescimento. A segurança no uso desse eucalipto foi comprovada nos diversos estudos apresentados à CTNBio, como estudos com pólen, mel e abelhas melíferas e nativas, análises de solo, de microrganismos

18

Opiniões e de artrópodes, fluxo gênico e avaliações toxicológicas, entre tantos outros. Os membros da CTNBio avaliaram os resultados e concluíram que esse eucalipto é seguro para o meio ambiente e para a saúde humana e animal. Daí aprovarem a liberação para o uso comercial. Do ponto de vista de biossegurança, esse eucalipto é equivalente ao clone convencional que lhe deu origem. A única diferença é que a variedade geneticamente modificada produz maior volume de madeira por área. Diversos outros genes relacionados ao crescimento de árvores estão sendo estudados por empresas e instituições de pesquisa no Brasil e em todo o mundo. Alguns desses genes, a exemplo do CEL1, chegarão ao mercado, aumentando ainda mais a “caixa de ferramentas” do produtor florestal que deseje aumentar seus rendimentos de forma segura. Além da plataforma com foco em aumento de produtividade, a FuturaGene também desenvolve pesquisas visando à obtenção de tecnologias que protejam os plantios, como o eucalipto tolerante a pragas ou a doenças. A empresa trabalha com os principais insetos que causam danos ao eucalipto, como formigas, lagartas, percevejo bronzeado, vespa da galha, entre outros. Os produtores de eucalipto conhecem bem essas pragas e sabem o potencial destruidor que elas representam. O eucalipto do futuro, portanto, não será apenas mais produtivo. Será também mais tolerante a pragas, conferindo ao produtor economia no manejo e benefícios ao meio ambiente, ao evitar o uso de agroquímicos para garantir sua produção. O aumento de até 68% de rendimento para o agricultor que adota culturas GM é resultante de apenas duas características aprovadas para uso até o momento: tolerância a herbicidas e resistência a insetos. Fica, então, uma reflexão aos silvicultores: “por que não abrir espaço para uma tecnologia que possibilita aumento expressivo na produtividade e, consequentemente, em seu rendimento?” Os benefícios da biotecnologia seriam exclusividade da agricultura? Certamente, não. Quando variedades de eucalipto geneticamente modificados estiverem disponíveis para o silvicultor, ele poderá escolher qual caminho seguir. A diferença entre a adoção da biotecnologia em culturas anuais e no eucalipto é que ela acontece de forma lenta e gradual no setor florestal devido ao longo ciclo de vida das árvores, que requer mais tempo para a introdução das características e teste da performance em clones adaptados a diferentes regiões. A transformação genética de plantas abre novas possibilidades para o produtor, sendo um recurso adicional ao melhoramento tradicional, focado na seleção de bons genótipos e posterior cruzamento entre eles. A biotecnologia sempre usará cultivares com alto nível de melhoramento como plataforma de trabalho. Para se alcançar os ganhos de produtividade necessários para atender à demanda futura por madeira, será necessário investimento contínuo em desenvolvimento tecnológico e inovação científica. Nesse cenário, a modificação genética será, cada vez mais, uma ferramenta para inserir, nas culturas agrícolas e florestais, genes com características que tragam benefícios para a sociedade, de forma segura e sustentável.



biotecnologia

Opiniões

a ciência, a tecnologia, as despreocupações e alguns

interesses objetivos Coautor: José Maria Guzman Ferraz, Professor de Agroecologia da Unicamp

A influência dos mercados e a pressão dos interesses econômicos açodam competições e vêm determinando rápida sucessão de itens oferecidos à sociedade, tanto bens de consumo intermediário como final. Implicando decréscimo no tempo de vida útil de tecnologias e mercadorias, esse fato pressiona os investidores a exigir rápida realização do capital aplicado em seus negócios. Na prática, resulta que a visão de curto prazo se torna dominante, com implicações óbvias.

a questão se torna alarmante porque a tecnologia derivada, geradora de seres vivos, tende a se descolar da ciência básica e, atuando como tecnociência, perde a sustentação que deveria fundamentar a segurança dos processos e seus produtos "

Leonardo Melgarejo

Presidente da Agapan Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural

O mais grave parece se relacionar ao fato de que muitas tecnologias e produtos são lançados no mercado antes que se obtenha conhecimento consolidado sobre possíveis efeitos colaterais, negativos, de médio e longo prazo. Em campos científicos recentemente abertos, como o da engenharia genética, a questão se torna alarmante porque a tecnologia derivada, geradora de seres vivos, tende a se descolar da ciência básica e, atuando como tecnociência, perde a sustentação que deveria fundamentar a segurança dos processos e seus produtos. Isso ocorrendo com um novo modelo de liquidificador teria reduzido impacto ambiental, mas, com milhões de hectares de plantas transgênicas, pode ser catastrófico.

20

Adota-se, como alternativa para tranquilizar a sociedade, desde vasta campanha midiática alardeando vantagens e benefícios que não correspondem à realidade até um obscuro conjunto de normas e procedimentos avaliativos que tentam ocultar, com maquiagem tecnicista, decisões condicionadas por acordos políticos prévios às avaliações em si. Isso facilita a rápida sucessão de “produtos” novos, muitos dos quais retirados do mercado antes mesmo que se completem estudos de monitoramento aplicados a seu comportamento no mundo real. Trata-se de algo grave, porque esse comportamento “real” deveria gerar informações complementares aos estudos prévios.


A SGS CUIDA DA SUA FÁBRICA A SGS líder mundial em inspeções, testes e comissionamento, é também uma das maiores empresas do país em gerenciamento de obras e manutenção de plantas fabris, oferecendo os serviços de:

> > > > > >

Controle tecnológico em obra Gerenciamento de obra Montagem elétrica Comissionamento Manutenção elétrica, civil e válvulas Calibração dimensional

WWW.SGS.COM WWW.SGSGROUP.COM.BR

WHEN YOU NEED TO BE SURE


biotecnologia O monitoramento preconizado por normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ao acompanhar os fatos que ocorrem no mundo dos fenômenos, deveria produzir aqueles dados que não podem ser obtidos nos testes prévios, que, além de incompletos e condicionados por suas perspectivas de curto prazo, estão naturalmente impossibilitados de medir impactos de escala e de variabilidades climáticas, uma vez que se limitam a pequenas áreas e são conduzidos em situações otimizadas. É o que ocorre com as plantas transgênicas. Ao mesmo tempo em que revisão das publicações especializadas, com peer review, coordenada por Angelika Hilbeck, mostra inexistência de sustentação científica para a afirmativa de inocuidade das plantas transgênicas, e se acumulam às centenas estudos que apontam seus riscos para a saúde e o ambiente, contabilizamos, no Brasil, 47 “tipos” desses “seres” que, há 15 anos, não existiam na natureza. Hoje, as lavouras transgênicas ocupam, apenas no território nacional, cerca de 45 milhões de hectares: milhos (29), algodões (12), sojas (6) que produzem proteínas inseticidas e não morrem com banhos de herbicidas, um feijão e um eucalipto que, oficialmente, ainda não estão sendo cultivados. Temos, inclusive, um mosquito, aprovado pela CTNBio, utilizando normas elaboradas para avaliar plantas, mas de uso ainda não autorizado pela Anvisa. Por que isso preocupa? Porque se trata de seres vivos, nos quais tudo que observamos são manifestações fenotípicas decorrentes de um potencial genético influenciado pelas condições ambientais. Em outras palavras, o ambiente determina quanto do potencial genético pode vir a ser expresso, de modo que, em momento de rápida mudança climática, são esperados comportamentos imprevistos, sob pressão de estresse bióticos e abióticos. Estamos nos referindo a seres vivos, com cerca de 30 mil genes que operam de forma articulada e nos quais, como regra geral, apenas parte dos potenciais desses genes são expressos. Além das manifestações fenotípicas (observáveis) decorrentes da combinação de genes, existem as supressões e o silenciamento de possibilidades de expressão, também decorrentes da combinação de genes originais e destes com aqueles “novos genes”, inseridos nos indivíduos “transformados”. Por esses e outros motivos, a preocupação com o fato de que a agregação de uma informação genética alheia ao genoma da planta receptora não apenas carregue possibilidade e expressão adicional como também interfira sobre aquelas combinações preexistentes não é negligenciável. O problema se agrava quando consideramos que, mesmo em situação de estabilidade climática, ambientes tão diversos como aqueles observados na caatinga, no cerrado, no pampa e na Amazônia estimularão, para um mesmo genoma, expressões fenotípicas distintas. O que se torna óbvio quando consideramos a impossibilidade de investir em pomares de maçã na Amazônia ou de cupuaçu nas serras gaúchas merece preocupação quando se sabe que testes realizados em canteiros estabelecidos em São Paulo ou Canadá são adotados como

22

argumento para atestar que não ocorrerão problemas em cultivos realizados nos 8 biomas do território nacional. Sendo grandes as preocupações com lavouras anuais, que se decompõem no solo em menos de um ano, o que pensar de árvores como o eucalipto, que podem viver séculos? No caso do eucalipto GM (geneticamente modificado) aprovado pela CTNBio em 02/04/2015, existem preocupações adicionais, porque boa parte dos estudos de campo aprovados pela CTNBio, que deveriam gerar informações sobre a árvore GM, ainda não haviam sido concluídos. Também eram insuficientes os estudos de impactos ambientais, de consumo hídrico e de danos sobre polinizadores. Como se não bastasse, os genes inseridos, inicialmente descritos como responsáveis por alteração na produtividade de celulose (gene cel1) e por tolerância a antibióticos (gene marcador nptII) passaram a justificar aumento (de 20%) na produtividade de madeira. Alegações adicionais, apontando falhas no processo, e prejuízos de mercado para 350 mil produtores de mel orgânico foram desconsideradas, e, em breve, teremos milhões de árvores clonadas, replicações de um único indivíduo, sendo observadas em teste de campo a tempo real. Com isso, possíveis crises hídricas, danos a colmeias, a outros cultivos que dependam daqueles polinizadores e mesmo a crianças que venham a consumir mel elaborado com pólen contendo aqueles genes serão conhecidos a posteriori. Em nome de quê? Da pressa em jogar novos produtos no mercado, da escassa atenção a valores éticos e morais nos processos de avaliação de risco e suas possíveis implicações, da expectativa de ganhos extraordinários para aqueles que se antecipam na oferta de inovações ao mundo nos negócios e, com isso, valorizam as ações e as fatias de mercado de suas organizações. Lamentável, nessa situação, que, em 1º de abril de 2015, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) tenha visitado o colegiado da CTNBio, na véspera da data em que este emitiria juízo a respeito de solicitação para liberação comercial do eucalipto transgênico, e afirmado que apenas pessoas ignorantes, desinformadas e contrárias ao desenvolvimento nacional poderiam rejeitar aquele pedido de liberação comercial. No dia seguinte, apesar de alertas sobre a insuficiência e inconclusão de estudos, à revelia de possíveis danos para o mercado de mel orgânico, de eventuais impactos sobre recursos hídricos, da não aceitação dos produtos derivados de OGM (organismos geneticamente modificados) pela FSC (certificadora internacional) e mesmo desconsiderando compromissos assumidos pelo País, de não deliberar sobre árvores GM antes da conclusão de todos os estudos relevantes, a maioria dos membros da CTNBio votou favoravelmente à demanda empresarial. As implicações saberemos no futuro. No presente, resta esperar que o método não se repita no caso de outras árvores GM em avaliação e que aquela decisão de maioria, ainda que orientada mais pela vontade política e pelo acaso de ali estarem do que pela suficiência de bases cientificas sólidas, tenha sido acertada. O inverso seria por demais lamentável.


Opiniões

biotecnologia florestal:

onde estamos e para onde vamos? Coautor: João Dagoberto dos Santos, Professor Titular Esalq-USP

A biotecnologia, ou o uso de uma técnica com base biológica, visando a uma melhoria na produção de um bem para a sociedade, vem sendo engendrada desde que os humanos mostraram sua inteligência para sobreviver e se desenvolver. Porém vem sendo usada, atualmente, muito mais para o uso de conhecimentos avançados de genética molecular, chegando aos organismos geneticamente modificados – OGM, os transgênicos. Primeiro, nas plantas agrícolas, e, agora, passando para as florestais. Para se chegar ao uso do transgênico do eucalipto, vale uma avaliação da evolução da (bio) tecnologia no setor florestal do Brasil, que pode ser uma referência para boa parte do mundo. Resumidamente, esse trabalho deu resultado, e o eucalipto foi escolhido como preferencial para as nossas condições. Depois, vieram as fases de escolha das espécies potenciais, de procedências e progênies, para se desenvolver a seleção e o melhoramento nas populações para implantar os plantios comerciais.

O melhoramento clássico (genética quantitativa) foi um passo importante para os programas de seleção de indivíduos superiores (matrizes), que foram desenvolvidos por diversas empresas, auxiliadas por universidades de todo o País, e que tiveram um avanço dos mais significativos na história da genética e do melhoramento. A produtividade do eucalipto passou rapidamente de 20 m3 por hectare, na década de 1970, para cerca de 40-50 m3, na década de 1990. Esse aumento de produtividade foi devido, principalmente, ao melhoramento genético. Após esse surto de avanço de produtividade, surge outra biotecnologia, a propagação vegetativa massal em escala comercial, mudando o rumo do melhoramento clássico, ou a da contínua seleção por seguidas gerações, com a manutenção da diversidade genética na população em melhoramento. Na propagação massal, investiu-se na busca de indivíduos superselecionados, incluindo híbridos interespecíficos, para manter plantações cada vez mais produtivas e de qualidade, porém com cada vez menos diversidade genética.

O que poderia ser um avanço pode também representar um grande retrocesso. Fica claro que as pesquisas e os negócios relacionados aos diversos aspectos da biotecnologia precisam ser debatidos de outra forma com toda a sociedade. "

Paulo Yoshio Kageyama

Professor Titular da Esalq-USP

23


biotecnologia Atualmente, essa produtividade atingiu em torno de 50-60 m3 por hectare, revelando um novo salto na evolução dos plantios de eucaliptos. Porém, ao ponto da grande totalidade das plantações de eucalipto do País ser originária de híbridos de somente duas espécies, o urograndis, esquecendo-se a diversidade e plasticidade das populações de outras espécies, procedências e progênies de eucaliptos. Deve-se registrar que o Brasil foi o maior introdutor mundial de materiais genéticos de eucalipto pelas suas instituições de pesquisas e universidades, além das empresas florestais. O modelo adotado atualmente tem sido o de busca constante de novos cruzamentos para obtenção de híbridos urograndis mais produtivos, incluindo o uso da genética molecular, mas continuando a afunilar a diversidade genética nas plantações comerciais cada vez em maior escala, com as consequências predizíveis de ocorrência cada vez maior e mais intensa de pragas e doenças, perda de adaptabilidade diante das evidentes mudanças climáticas (levando, inclusive, à morte de talhões inteiros por evidente colapso ecofisiológico) e uso cada vez maior de agrotóxicos. Cabe ressaltar que, em algumas localidades ou territórios, esses impactos derivados de extensas áreas de monocultivos clonais têm impacto em paisagens e bacias hidrográficas, comprometendo, em alguns casos, toda a dinâmica dos ecossistemas onde se encontram esses plantios, afetando não só as condições de equilíbrio ecológico dessas paisagens, mas também social, pois as atuais medidas e ferramentas de controle e de manejo disponíveis para minimizar os impactos atingem a todos, na paisagem rural e urbana próximas. Nesse ponto atual, entra em cena a dita alta biotecnologia da transformação genética, as árvores geneticamente modificadas e o eucalipto transgênico, apontando para um novo rumo, em princípio para aumentar de novo a produtividade, mas sem mexer com a estrutura genética da população sendo plantada, ou a diversidade genética continua a mesma. Aliás, se for utilizado um clone transgênico no talhão ou no horto florestal, a diversidade vai ser ainda mais diminuída, tornando-os ainda mais suscetíveis e instáveis, ecologicamente falando. As rotas tecnológicas adotadas e desenvolvidas historicamente pelo setor florestal brasileiro, atualmente, têm trazido desafios muito sérios no que se refere à sua sustentabilidade nas suas mais amplas definições. Dentro dessa visão, fica claro que os avanços e a utilização das diferentes “biotecnologias” elevaram o setor ao patamar de referência, mas, ao mesmo tempo, impõe a necessidade de uma reflexão profunda sobre os caminhos a serem tomados daqui para a frente. Em nosso ver, a “transgenia” até pode ser uma das rotas de “futuro”, mas o

24

Opiniões atual nível de conhecimento sobre essa tecnologia e dos diversos riscos com relação à biossegurança desses organismos, cada vez mais evidentes e comprovados cientificamente, requer de todo o setor florestal e daqueles que hoje detêm e estão investindo nessa rota, muita responsabilidade e uma visão que vai além da simples vantagem competitiva e comercial. Não existem dados seguros e experimentos realizados com profundidade e com o rigor estatístico necessário para garantir que os riscos relacionados à biossegurança, especificamente do eucalipto transgênico recentemente liberado para plantios comerciais, não sejam significativos. Os riscos previstos com relação à contaminação biológica desse atual evento OGM são reais, e não houve tempo para que eles fossem devidamente avaliados antes de sua liberação. Se liberado no ambiente e na escala que se prevê para a ocupação de monocultivos no Brasil, os impactos na biodiversidade, principalmente nos agentes polinizadores (nativos e exóticos), podem ser catastróficos, impactando ecossistemas inteiros, levando em conta que umas das grandes qualidades dos empreendimentos florestais, hoje, no Brasil, são os mosaicos, onde plantios monoclonais estão permeados por áreas naturais. Essa vantagem inquestionável, quando comparada a outros monocultivos, pode ser perdida, pois a eventual contaminação de colmeias e abelhas (nativas e exóticas) pelo pólen transgênico traz riscos de colocar ecossistemas inteiros em colapso. A eventual contaminação do mel pelo pólen transgênico pode inviabilizar o modo de vida de milhares de famílias que, hoje, vivem da produção de mel, diretamente relacionadas à interação dos plantios de eucaliptos nas mais diversas paisagens do País. A perenidade e o ciclo de vida das árvores e sua inegável interação biótica e estrutural nos ecossistemas, na eventualidade do plantio massal, podem tornar alguns impactos incontroláveis, pois, na prática, é impossível isolar maciços de árvores com mais de 15 metros de altura, ou, em outro extremo, onde hoje praticamente qualquer um, com um simples pedaço de tecido vegetal (um galho), pode clonar uma variedade em seu viveiro de fundo de quintal, dada a popularização das diferentes técnicas atuais de propagação (estaquia, biotecnologia popular). O que poderia ser um avanço pode também representar um grande retrocesso. Fica claro que as pesquisas e os negócios relacionados aos diversos aspectos da biotecnologia, mais especificamente no setor florestal, precisam ser debatidos de outra forma com toda a sociedade. Essas questões requerem uma visão multidisciplinar, paritária com todos os membros da sociedade que podem ser beneficiados e impactados, não podendo ficar restrito a homens e a mulheres de negócio e aos profissionais da genética e da silvicultura. Pergunta-se: 1) o avanço biotecnológico no melhoramento do eucalipto veio para quê?; 2) o melhoramento clássico serviu somente para produzir indivíduos para produção de híbridos restritos nas plantações?; 3) a infinidade de materiais genéticos introduzidos nas décadas passadas foram úteis para produzir que plantações em grande escala?; 4) esse eucalipto transgênico aprovado vai resolver quais dos problemas apontados nas plantações de eucalipto?; 5) para qual fase deixada para trás no nosso caminho percorrido devemos voltar?



a tecnologia e os produtores

a evolução

do sistema florestal

... tornando mais fácil a vida do silvicultor no campo, pois é como se o médico tivesse todos os exames de imagem e sangue do paciente no início da primeira consulta "

Germano Aguiar Vieira Diretor Florestal da Eldorado

O Brasil sempre foi uma potência mundial em produção de biomassa, sendo inigualável em produtividade por hectare. Essa condição vem de vários aspectos, mas, principalmente, de fatores que já estavam aí quando chegamos, ou seja, intensidade luminosa, solos e clima adequados e grande quantidade de terras com relevo favorável e disponível para o grande desenvolvimento florestal que tivemos nos últimos 50 anos. No entanto essa vantagem ambiental tem se mostrado insuficiente para mantermos nossa posição de liderança mundial. Nesse momento, nossa vocação de silvicultor está nos mostrando o caminho para retomarmos essa liderança, e isso deverá ocorrer através da tecnologia. A silvicultura da matraca e do tratorzinho de pneu deve dar lugar a outras tecnologias mais eficientes, que, associadas a conceitos agronômicos modernos e a modelos de gestão inteligentes, devem trazer uma nova onda de avanços na produtividade florestal. Há quase 50 anos, mais precisamente em 1968, nascia o Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (Ipef), ligado à Esalq-USP, e, em 1974, foi criada a Sociedade de Investigações Florestal (SIF), ligada à Universidade Federal de Viçosa (UF-V). Essas duas instituições de pesquisa e desenvolvimento, juntamente com outras universidades brasileiras, fizeram com que as empresas de base florestal atingissem sua maior expressão silvicultural de pinus e eucalipto. Durante esse período, foram feitas inúmeras experiências e estudos para alcançar a excelência em produtividade florestal e tecnologia de plantação e colheita de madeira. Fizeram parte também da missão dessas instituições a divulgação e o treinamento de profissionais ligados ao setor florestal, sedimentando os conhecimentos e os avanços tecnológicos conseguidos nos esforços de pesquisa. Os fatores ambientais e o aprendizado capturado nesses últimos 50 anos nos trouxeram até aqui. Será esse nosso limite como provedor de madeira e biomassa? Chegamos ao topo? Penso que não, com ressalvas. A produtividade brasileira de eucalipto, medida em IMA (Incremento Médio Anual), está em 40 m³/ha/ano, e o pinus, em

26

torno de 38 m³/ha/ano; já a produtividade potencial pode chegar a 80 m³/ha/ano para o eucalipto, em algumas regiões do País. Na contramão desse crescimento potencial, temos alterações significativas no clima do planeta, que nos desafia a continuar crescendo nesse sentido e a nos questionar qual será o limite sustentável desse processo. Já que estamos aprendendo e nos adaptando aos novos tempos climáticos e tentando manter nossos ganhos de produtividade obtidos até agora, abrem-se oportunidades importantes para reduzir nossos custos e ampliar nosso sistema de gestão florestal utilizando as tecnologias que foram criadas nos últimos anos e ainda utilizadas timidamente pelo setor. Do que se tem notícia: Na área de planejamento e controle, muitas empresas já adotam sistemas de planejamento de apontamentos operacionais bastante sofisticados, com celulares e tablets que podem dar ao gestor florestal inúmeras informações que facilitam e calibram suas decisões. O planejamento florestal de longo e médio prazo, atualmente, é feito com a ajuda de solvers específicos, que conseguem traduzir com ótima precisão o futuro da produção florestal face a variáveis dadas por cenários esperados. Nas mensurações, a utilização de Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado), tem se mostrado uma boa ferramenta de imagem para levantamentos diversos de campo, como sobrevivência de plantio, locação de curvas de nível e planejamento das linhas de plantio, identificação de erosões, etc. A utilização de RNA (redes neurais), para facilitar e melhorar a precisão do inventário florestal, permite a redução de 70% das medições de alturas das árvores, consequentemente reduzindo o seu custo.


Opiniões solo, dosadores que garantem precisão na distribuição dos fertilizantes. A marcação de linhas de plantio, a subsolagem, a apli1.200 100 cação de agroquímicos apoiada população urbana população rural com tecnologia embarcada nas 1.000 80 máquinas quase não exigem 800 60 interferência do operador para 600 conduzir o trabalho. 40 400 Na área de manutenção 20 mecânica, o uso da telemetria 200 mantém sob rígido controle a 0 1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 performance dos equipamentos e são rastreados via satélite, A utilização de Big Data para entender melhor a reação com abastecimento organizado, com controles das florestas mediante variáveis externas de clima, fertilizaautomatizados. Na gestão dos ativos florestais, ção e manejo tem apoiado significativamente os gestores na a utilização de equipamentos como o GISagri tomada de decisão do que plantar e como plantar a mais adeMobile, tablets ligados a sistemas de controle quada floresta em cada site. específicos, conseguem, em tempo real, criar maNa área de melhoramento genético, a utilização de estratépas temáticos com informações da floresta, uso gias genético-estatísticas visando à geração de clones híbridos do solo, material genético, localização de pontos entre diferentes espécies de eucalipto, o uso de marcadores de interesse, tornando mais fácil a vida do silvimoleculares para seleção precoce de matérias superiores, com cultor no campo, pois é como se o médico tivesse a finalidade de redução do ciclo de seleção, são avanços signifitodos os exames de imagem e sangue do paciente cativos na preparação na nova floresta, que virá mais adaptada no início da primeira consulta. O diagnóstico fica a cada local de plantio, com ganhos expressivos de volume e mais rápido, e ações mitigadoras podem ser imcaracterísticas físico-químicas desejadas. plementadas rapidamente. Atualmente, a fertilização das áreas florestadas conta com Concluindo, podemos dizer que as iniciatisoftwares específicos e desenhados para alocar fertilizantes vas de uso de tecnologias mais avançadas estão em dosagens diferentes para cada talhão plantado, conseguinsurgindo de forma natural, porém com velocidado a melhor eficiência do uso desse recurso, de acordo com a de e intensidade ainda baixas, visto que muitas possibilidade de utilização pela planta, face às condições do empresas plantadoras de floresta ainda utilizam local, clima e capacidade de utilização biológica da árvore. metodologias antigas de preparo de solo, planManejadas adequadamente, as futuras florestas serão mais tio e manejo florestal, exceção somente para as sustentáveis, pois contarão com mapas estratégicos de maneoperações de colheita, que já utilizam máquinas jo operacional, com base em características de solo, balanço de alta tecnologia para derrubada de árvores na hídrico e temperatura e, combinadas com material genético maior parte do País. Outro ponto a ser consideapropriado, conseguirão alcançar as melhores produtividades rado é a escassez de mão de obra rural, e é cada por hectare plantado. A mecanização das atividades desenvez mais evidente a necessidade de aumento da volvidas para plantar, manter e colher florestas também está produtividade operacional, assim como melhomudando com o ingresso de novas tecnologias. ria dos postos de trabalho. Como as tecnologias O preparo do solo, hoje, é bastante mecanizado, com máquivão surgindo e ficando cada vez mais acessíveis, nas mais robustas e com mais tecnologia, como trituradores de espera-se que, dentro de cinco anos, estejamos resíduos e auto propelido, plantio com plantadeiras no lugar de em um outro patamar tecnológico para realizar as plantio manual, irrigação mecanizada com detectores de presenoperações florestais e, de um modo geral, melhoça da planta, fertilização aérea ou quando com equipamento de rar nossa gestão desses ativos. versus

quantidade DE TRATORES

nº de Tratores x 1000

% da população

população urbanA E RURAL

27


Opiniões

a tecnologia e os produtores

a tendência

das tecnologias do sistema florestal

Abordar tendências é algo como predizer o futuro, soa como bruxaria, ainda mais em um setor tão intimamente ligado ao campo, ao meio rural, ao interior. Pelo menos, era assim até ontem. Com a rápida urbanização do Brasil, ainda passa despercebida para a imensa maioria da população a impressionante escalada das diferentes tecnologias sobre todos os nossos sistemas florestais. Na mesma intensidade e forma que elas chegam aos nossos lares, também atingem o nosso ambiente de trabalho. A primeira vez que me vi embaraçado com uma nova tecnologia na área florestal foi para evitar a quebra de sementes de Eucalyptus ao serem expelidas por um êmbolo de um “moderníssimo” semeador manual nos processos de semeadura direta em saquinhos plásticos.

Pareceu-me fantástico que tão minúsculas criaturas causassem tantos problemas. Hoje, nossos clientes teriam sérios problemas, caso nossos clones levassem impurezas que impedissem o manuseio de fios de acetato com a espessura 40 vezes menor do que a de um fio de cabelo. Os meus, se ainda os tivesse, por certo, cairiam todos agora. Bem, os semeadores evoluíram, tornaram-se mecânicos, com ar comprimido. Na atualidade, quase desapareceram; veio a propagação vegetativa com as macro, mídi, míni e microestacas, e já temos empresas transplantando material genético diretamente do laboratório de cultura de tecidos para o viveiro florestal em escala de vários milhões de indivíduos. Logo, também os canaletões dos minijardins serão coisas do passado.

Para um profissional mal preparado, um mapa gerado por um drone sobre um surto de pragas pode parecer um quadro impressionista "

Jacyr Mesquista Alves

Gerente de Tecnologia Florestal da Bahia Specialty Cellulose - BSC

Não carregamos mais mapas em papel, eles estão nos celulares, com todos os temas possíveis, material genético, solos, faixa de precipitação, talhonamento, manejo. Drones podem efetuar vigilância contra incêndios, detectar surtos de pragas e doenças, levantar danos, mapear fazendas. Satélites nos dizem a qualidade das florestas, bem como a quantidade de madeira existente em determinada área, além de realizarem o monitoramento ambiental. Sensores leem a quantidade de madeira em pilhas ou sobre a carroceria de caminhões e vagões de trens, ou calculam e mapeiam a aplicação de fertilizantes, corretivos e defensivos. Simuladores treinam futuros operadores de máquinas florestais antes mesmo de eles pisarem na floresta.

28



a tecnologia e os produtores Aplicando-se a tecnologia de leitura com raios infravermelhos, sabe-se a qualidade da madeira para processo e da celulose destinada ao cliente. Por meio da genotipagem do material genético, estabelecemos as melhores linhagens para os programas de melhoramento. Descobrimos a proximidade genética e os cruzamentos capazes de resultar em maior ganho. Separamos e reclassificamos espécies. Ceptômetros permitem o cálculo da produtividade pela leitura da radiação solar capaz de realizar fotosíntese. E a lista segue, com tecnologias ficando obsoletas se aqui nos demorarmos. O impacto das novas tecnologias sobre a produtividade é importante, porém ele é ainda maior sobre outro fator muito importante: a qualidade. Com isso, os custos despencam. Não há desemprego, criam-se muito mais vagas pelo aumento da competitividade. Começa, aqui, o maior desafio da área florestal: para as empresas, não basta aumentar a competividade, é preciso mantê-la. E é bom que assim o seja. Lá atrás, no tempo dos semeadores manuais, era corrente o bordão “entrega qualquer madeira que eles cozinham”, “se você enviar os moirões da cerca, eles fazem papel”. “Eles” eram as fábricas, e as frases não expressavam qualquer admiração pela capacidade dos colegas da indústria, mas o desconhecimento e a distância entre os processos. Na atualidade, clientes de celulose solúvel, não raro, monitoram até a aplicação de defensivos nas atividades florestais para detectar possíveis incorporações nas moléculas de celulose. Nossas linhas de produção precisam receber autorização dos clientes para qualquer adição de novos produtos químicos ao processo. Temos que manter a satisfação e a confiança de clientes que estão não mais apenas tocando ou se vestindo com nossos produtos; das nossas linhas, sai matéria-prima para as indústrias alimentícia, farmacêutica e de higiene pessoal. Desapareceu o “eles”. Agora, somos “nós”. Após processar previamente todo o conjunto de clones destinados à colheita e ao abastecimento da fábrica, nosso simulador faz a predição do comportamento da planta industrial e do melhor mix de clones para que o produto destinado a um determinado cliente atinja as especificações por ele exigidas. Não são mais simples árvores. Não processamos qualquer árvore. Cada clone carrega incontável tecnologia embarcada na forma de anos de pesquisa e de desenvolvimento, agrega a contribuição de um sem número de especialistas, o trabalho de milhares. Sua estrutura e seu rearranjo interno representam um agregado de diferentes espécies com as características desejadas no processo industrial. Os aglomerados florestais se fazem por destino industrial. A colheita obdece ao produto final, à idade e às faixas de precipitação. O transporte opera pelo teor de umidade e a idade de corte. A madeira para celulose solúvel não deve permanecer estocada por longos períodos. As toras devem chegar aos digestores isentas de impurezas, quase assépticas. Um processo quase just in time, facilitado pelas inúmeras tecnologias disponíveis. Tudo isso ocorre em forma mais ou menos similar, respeitando-se as características de cada tipo de negócio, pelas demais empresas de base florestal.

30

Os gestores precisam ser organizadores, integradores de diferentes sistemas tecnológicos, para evitar áreas de atrito, de sobreposição, de confronto, e, assim, a empresa tirar o máximo de cada tecnologia disponível. Com o acirramento da competividade, a tendência é a aceleração da entrada de tecnologias facilitadoras, mas o cuidado maior será sempre com a dosagem. Em uma empresa florestal, o fim será sempre as árvores e a tecnologia, ou os sistemas tecnológicos serão sempre ferramentas, embora o fascínio pelas novas tecnologias chegue a embaçar os olhos de muitos sobre isso. Só que uma coisa é comprar um equipamento pessoal por modismo e aposentá-lo quase sem uso, e outra é trazer para dentro de uma empresa sistemas e equipamentos caríssimos para ficarem sub ou mal utilizados. No campo, as empresas precisam de profissionais para interpretar e calibrar corretamente essas novas tecnologias para o seu uso no dia a dia. Para um profissional mal preparado, um mapa gerado por um drone sobre um surto de pragas pode parecer um quadro impressionista, mas, com certeza, a empresa ficará muito mais impressionada com os prejuízos causados. Logo ele estará em casa, desempregado e empinando pipa em vez de drones. Nossos profissionais devem estar não só atualizados com as novas tecnologias, mas devem deitar raízes profundas no interior das florestas, conhecer intimamente o comportamento e as necessidades das árvores, bem como suas interações. Eles devem estar aptos a realizar essa tradução do biológico para o digital. As explicações mais variadas (às vezes, fantásticas) para a queda do IMA (Incremento Médio Anual) vão desde o aquecimento global, os surtos de pragas exóticas, até o distúrbio fisiológico, mas pouco se tem falado sobre o afastamento dos profissionais do interior das florestas. Dispomos de um arsenal de novas tecnologias, que aumenta a cada dia, para enfrentar esses problemas e quantos mais aparecerem, porém, armados até os dentes, procuramos refúgio no ar condicionado, longe da área de combate. Vá lá, breve as árvores estarão dotadas de sensores, como as roupas e os calçados inteligentes que leem o nosso corpo. Nos plantios clonais não será obrigatório vestir todas elas, apenas algumas, para nos confidenciarem suas carências e desconfortos nessa movimentada vida de árvores. Poderemos satisfazê-las apenas pressionando os nossos controles? Os “resmungões” continuarão por perto, pois fazem parte do jogo. Assim não é com os celulares, os tablets, os notebooks, a internet e as redes sociais? As pessoas não estão tendo pouco contato físico? Os casais não estão juntos, mas continuam distantes? Não estamos caminhando para uma solidão digital? Coisa de momento, logo surgirão os “personal alguma coisa”, que ficarão milionários ensinando novamente as pessoas a se tocarem, a conversarem olho no olho, a terem filhos. Até aparecer uma nova tecnologia e provocar outra ruptura. Enquanto o paraíso não chega, teremos muito que rastejar no litter, mas assistiremos à chegada de tecnologias cada vez mais amigáveis e fáceis de incorporar ao dia a dia. No meio florestal, serão os “personal trees” que nos reconectarão com a floresta. E, acredite, eles é que ficarão milionários.


Opiniões

clones de eucalipto

A clonagem de materiais genéticos de espécies do gênero Eucalyptus possibilitou a transferência do ganho genético, obtido através de seleção de indivíduos superiores e alavancou os resultados do setor florestal. O uso de clones em grandes e pequenos projetos florestais decorreu das vantagens de tornar homogênea a matéria-prima, aumentar produtividade, reduzir custos e agregar resistências a fatores bióticos e abióticos. A uniformidade da floresta é um dos parâmetros que encanta inicialmente aos olhos, é resultado, além da genética, de um manejo adequado e uniforme, que reflete em cadeia: na uniformidade da matéria-prima, na linearização do processo industrial, na qualidade e na unidade do produto final e na satisfação do cliente. Uma floresta com unidades clonais, formada por mosaicos clonais, possibilita a construção de uma carta de manejo silvicultural definida, por tratar-se de unidades uniformes, o que reduz a variabilidade de ações e os custos de manejo. Essa unidade também facilita a tecnificação dos processos, uma das tendências das tecnologias de mecanização e automação. Novas ferramentas e equipamentos são destaque para os próximos anos e utilizam-se de novas tecnologias para minimizar falhas, aumentar a precisão, aumentar qualidade de atividades, aumentar capacidade de produção e reduzir custos. A busca pelo clone ideal passou por diversas designações. Por volta de 1985, busca por crescimento volumétrico e resistência a pragas e doenças, tecnificação dos viveiros para produção clonal, intenso desenvolvimento de novas técnicas de manejo. Somente a partir de 2000, iniciou-se a busca por qualidade da madeira e sua adequação ao produto final, sendo incluídos novos parâmetros de seleção. Também a partir de 2000, tiveram início pesquisas importantes, como o projeto Genoma do Eucalipto e o projeto Genolyptus, com o intuito de descobrir, mapear, validar e entender a variação genética do eucalipto. Com o genoma mapeado e a sequência de bases conhecidas, a meta, agora, era estabelecer correlações entre expressões fenotípicas e as sequências de mapeamento. Já por volta de 2010, tornam-se destaques programas de melhoramentos voltados para resistência a fatores abióticos, sendo, neste momento, a preocupação atual das equipes de melhoristas genéticos. Novos desafios têm surgido rapidamente, e, para saná-los, a biotecnologia e a genômica serão ferramentas valiosas e auxiliarão rumo ao futuro. Novos desenvolvimentos em tecnologia nessa área tratada como biotecnologia e suas aplicações em espécies florestais contribuirão para ampliar o potencial da silvicultura clonal. Essas tecnologias proporcionam oportunidades de multiplicação rápida e eficiente de genótipos selecionados, constituindo-se uma ferramenta para o melhoramento genético florestal, entre outras aplicações. O melhoramento florestal e a biotecnologia são independentes, mas se complementam e

enfatizam os ganhos quando considerados em um programa único. A expansão de cultivo para regiões não tradicionais, a busca por adequação da matéria-prima para as diversas finalidades, a resistência a pragas e a doenças e o aumento de problemas abióticos resultantes de adaptações climáticas ainda têm levado à necessidade de inclusão de espécies não usuais nos programas de melhoramentos genéticos, e, nesse caso, as novas tecnologias disponíveis poderão ser empregadas e auxiliarão na obtenção de resultados rápidos. As espécies do gênero Corymbia, como C. citriodora, C. torelliana, C. maculata, C. nesophylla e seus híbridos interespecíficos, atualmente estão sendo estudadas em diversos programas, pelo fato de algumas de suas espécies e híbridos apresentarem possibilidades de ganho para diversas características. O programa que coordeno passou por essa fase de restruturação, e, nessa análise, além da inclusão de espécies não usuais do gênero Eucalyptus, o programa do gênero Corymbia foi alavancado. Com a aplicação de novas ferramentas biotecnológicas, alcançamos patamares satisfatórios em curto intervalo de tempo e selecionar clones híbridos de espécies do gênero Corymbia de destaque em resistência a um distúrbio fisiológico, resistência a dois insetos causadores de danos econômicos; reduzimos a intervenção no controle de plantas daninhas e ainda incrementamos parâmetros de qualidade ao nosso produto final. O futuro nos reserva boas possibilidades, e acredito que todas vislumbram grandes ganhos no setor florestal. Com a análise e a definição adequada de espécies e estratégias em programas de melhoramento genético florestal e o aprimoramento e a utilização das ferramentas biotecnológicas disponíveis, alcançaremos patamares inimagináveis em qualidade de produção e representativo retorno financeiro.

A expansão para regiões não tradicionais, a busca por adequação da matéria-prima para as diversas finalidades, a resistência a pragas e a doenças e o aumento de problemas abióticos ainda têm levado à necessidade de inclusão de espécies não usuais nos programas de melhoramentos genéticos "

Brígida Maria dos Reis Teixeira

Coordenadora de P&D Florestal da ArcelorMittal BioFlorestas

31


a tecnologia e os produtores

Opiniões

baixo impacto e alta eficiência O setor florestal brasileiro ficou reconhecido mundialmente como um exemplo de pleno sucesso. A conjugação do desenvolvimento de muita tecnologia através de cooperação e da parceria entre setor produtivo e academia permitiu, por exemplo, sairmos de uma produtividade de 10/15 m³/ha/ano para níveis de 50 m³/ha/ano, no caso do eucalipto. E isso num prazo muito curto, um século, se considerarmos as introduções por Navarro de Andrade, ou somente meio século, se considerarmos o grande avanço dos plantios florestais ocorrido a partir dos incentivos fiscais de 1967. Ou, falando em ciclos florestais, algo como uma dezena, bem diferente das culturas agronômicas, que já passaram por centenas de ciclos em solo brasileiro e milhares de ciclos em outros países, desde que o homem deixou de ser meramente extrativista e passou a cultivar seu próprio alimento. Os primeiros avanços tecnológicos na eucaliptocultura foram alicerçados no binômio melhoramento genético/manejo florestal, incluída, neste último, a nutrição florestal. Foram trabalhos executados num momento de recursos fartos, mão de obra abundante.

A tecnologia, sozinha, já não basta mais, precisa do marketing. Já se disse que o setor florestal brasileiro avançou muito tecnologicamente, mas ainda engatinha na forma de vender e defender sua imagem nos diferentes setores da sociedade. "

Raul Chaves

Gerente de Tecnologia Silvicultural da Duratex

O modelo era de uma silvicultura intensiva, com preparo intenso do solo, gradagens, aração, uso de fogo permitido. Nos anos 1990, com os avanços das preocupações e das legislações ambientais e com a viabilização do uso de herbicidas, veio com força o cultivo mínimo: o preparo e a exposição do solo foram fortemente reduzidos, os custos de implantação, diminuídos, bem como o uso de mão de obra.

32

Paralelamente, a clonagem avançou a passos largos e se impôs como a principal fonte de material para plantio comercial. Até houve quem deixou de lado programas de melhoramento, tomando a clonagem como fim em si própria, e não como ferramenta para fixar um bom genótipo desenvolvido. Logo em seguida, iniciou-se o processo de mecanização das atividades da colheita, a partir dos modelos existentes nos países desenvolvidos, que rapidamente foram adaptados e aperfeiçoados no Brasil. O início da mecanização pela colheita era uma consequência da necessidade de melhorias na segurança e na possibilidade de redução de custos dessas atividades, bem menos variadas e complexas do que as operações de silvicultura. Já na última década, pouco a pouco, a mecanização da silvicultura começou a se instalar, uma necessidade premente em função da crescente falta de mão de obra rural. A variabilidade de condições e de processos silviculturais torna o avanço mais lento e complexo: é preciso simplificar e reduzir atividades. Foi também nesses últimos anos que uma porção de pragas e doenças do eucalipto se estabeleceram em solo brasileiro.



a tecnologia e os produtores E, mais uma vez, o setor florestal saiu na frente ao buscar soluções de controle integrado, com participação forte de soluções biológicas. E ficou a constatação de que, com a globalização, é muito difícil impedirmos a entrada de novas pragas e doenças: no máximo, conseguimos retardar e nos prepararmos mais. Por outro lado, também percebemos que, após o impacto inicial, severo e com emprego de algumas soluções básicas de controle integrado, consegue-se obter um equilíbrio de convivência com a nova praga/doença. O dinamismo do desenvolvimento tecnológico em silvicultura sempre foi acompanhado de uma importante rede de experimentação em campo conduzida nas empresas com a parceria da academia. E, já neste século, complementando essa rede experimental, surgiram os projetos científicos para estudar em profundidade os processos fisiológicos de árvore e população. Projetos de alto nível, como a Torre de Fluxo, trouxeram uma importante compreensão dos mecanismos de crescimento das árvores e das florestas frente aos recursos nutricionais e hídricos disponíveis nas condições climáticas vigentes. E deles começa a emergir a compreensão do uso da água pela floresta plantada nessa que passa a ser uma das principais questões florestais para os próximos anos. Podemos dizer que a receita para se produzir uma floresta de rápido crescimento e alta produtividade é dominada. Mas como fazê-lo de forma eficiente, com o menor impacto ambiental e social possível, com a maior eficiência de uso de água possível e ao menor custo? O equilíbrio entre tantas variáveis está tornando difícil e complexo fazer florestas. No passado, os problemas se resolviam numa mesa de reunião com poucas pessoas. A principal burocracia era fazer o “projeto de reflorestamento”, submetê-lo ao IBDF, conseguir o recurso, plantar, manter e colher. Hoje, as decisões são compartilhadas, tem-se que ouvir múltiplos stakeholders; as exigências são muitas, atendimentos a todos os níveis de legislação: nacional, estadual, municipal; pressões de ONGs e entidades das mais diversas ideologias; necessidades de certificações nacionais e internacionais e selos de todos os tipos e procedências. Essas necessidades todas estão aumentando o custo e comprimindo a competitividade do setor florestal brasileiro. A tecnologia, sozinha, já não basta mais, precisa do marketing. Já se disse, com propriedade, que o setor florestal brasileiro avançou muito tecnologicamente, mas ainda engatinha na forma de vender e defender sua imagem nos diferentes setores da sociedade. A estruturação de nossa Indústria de Árvores, a Ibá, veio em boa hora, com forte papel no desenvolvimento de mecanismos para transferir para toda a sociedade a visão interna de um setor altamente tecnificado, extremamente comprometido com segurança ambiental e participação social. E como caminhará a nossa silvicultura? Que avanços tecnológicos esperar? O melhoramento florestal, que trouxe grandes ganhos no início de nossa silvicultura, ainda será responsável por muitos avanços. Diferentemente do que aconteceu com algumas culturas, como a cana, a banana e o citrus, nos quais a variabilidade genética está estreita demais, no eucalipto ela mal começou a ser explorada: de um total de quase 900 espécies, pouco mais de uma dezena adquiriu real importância comercial.

34

Opiniões

E foram ainda muito pouco estudadas em diferentes ambientes. Muitas introduções realizadas no passado somente testaram uma procedência em uma única região, e, não tendo tido bom resultado, o material foi deixado de lado. Precisamos experimentar esses materiais em uma gama maior de ambientes, estressando-os nutricionalmente e no manejo, para conseguir entender melhor sua adaptação. E aqui pode estar uma resposta muito apropriada a uma das questões atuais mais recorrentes, as “mudanças climáticas”. Os modelos climáticos apontam diferentes quadros, alguns mais leves, outros mais drásticos. Ninguém tem bola de cristal para saber exatamente o que acontecerá, mas, se tivermos conhecimento do comportamento dos materiais genéticos em diferentes condições ambientais, estaremos preparados para saber que materiais usar nos diferentes cenários projetados de mudanças climáticas. As técnicas genômicas estão surgindo como apoio ao melhoramento, como forma de avançar mais rapidamente. Finalmente foi aprovado o primeiro clone transformado, mas não podemos deixar de lembrar que muito pode ser feito ainda com técnicas mais simples e consagradas, como a hibridação entre espécies, principalmente quando se fala de características de produtividade. À medida que avançarmos nas gerações de melhoramento (e desconheço programa que já tenha chegado a 10 gerações), certamente passaremos a reconsiderar plantios de progênies e linhagens melhoradas. A nutrição avançou muito, já se conhecem necessidades nutricionais para diferentes clones. As “receitas de adubação” são cada vez mais precisas e eficientes. Mas não podemos nos esquecer de que ela ainda é responsável por um terço do custo de formação florestal. Produzir florestas altamente produtivas com adubações fartas é fácil. O segredo estará em como produzir de forma sustentável, adicionando cada vez menos fertilizantes. E aí ainda serão necessários muitos progressos nas tecnologias de liberação controlada de nutrientes em adubos e, principalmente, avançar nos estudos da microflora do solo, das micorrizas, de forma a compreender, imitar e aumentar a eficiências dos processos naturais de disponibilização de nutrientes para as árvores. Como tornar esses processos mais eficientes, de forma a se reduzir a necessidade de suprimento adicional de nutrientes? Será que um dia conseguiremos simplificar os processos necessários a uma boa floresta, reduzindo-os a um preparo mínimo de solo, com a colocação de todos os insumos necessários ao estabelecimento e à manutenção da floresta ainda antes do plantio? E depois, só plantar e monitorar? Os processos de monitoramento da floresta a distância terão que evoluir. O sensoriamento remoto em diferentes escalas (satélites, aviões, vants, drones), com diferentes sensores espectrais, calcado em um bom registro cadastral, terá que nos auxiliar na gestão dos ativos florestais. Ferramentas de monitoramento de pragas, doenças e estresses das mais diversas origens terão que ser desenvolvidas. Precisamos que a tecnologia nos auxilie a simplificar a forma de fazer florestas cada vez mais produtivas, mais eficientes e menos impactantes.



a tecnologia e os produtores

Opiniões

superando desafios da

colheita de eucaliptos

Para entendermos como a evolução tecnológica dos equipamentos aplicados no processo florestal tem tido papel importante na sustentabilidade desse processo, principalmente porque estamos falando de segurança, ergonomia, produtividade e, por consequência, custos mais baixos, temos que, inicialmente, fazer um breve retrospecto. Na década de 1970, quando a Cenibra foi fundada, a colheita e o baldeio eram basicamente manuais. O País buscava levar o desenvolvimento para o interior; o nível de qualificação da mão de obra era basicamente rural, com grande carência de emprego, e, portanto, não existia demanda para que os fornecedores de equipamentos investissem no desenvolvimento para mecanizar.

a indústria de equipamentos não acompanhou essa necessidade e não respondeu rapidamente com o desenvolvimento de novos processos. E, assim, a colheita amargou um bom tempo, utilizando-se de equipamentos não especializados, prevalecendo o processo manual até o final dos anos 1980. Com a abertura de mercado e início da globalização na década de 1990, empresas da Ásia, América do Norte e Europa perceberam o mercado potencial no Brasil para equipamentos pesados

Os desafios já exigem que as empresas envidem esforços para produzir máquinas cada vez mais confiáveis. Essa alta confiabilidade é necessária, uma vez que é uma tendência de máquinas florestais, no Brasil, operarem em 3 turnos, 365 dias por ano "

Róbinson Félix

Diretor Industrial e Técnico da Cenibra

O incentivo do governo por criar mais empresas, aumentando os postos de trabalho fora dos grandes centros, contribuiu, devido à grande oferta de mão de obra, porém exigiu também um grande esforço por parte das empresas para sua formação. Existiam poucos profissionais com formação acadêmica. Na Cenibra, tivemos que fazer um programa de treinamento, sendo necessário voltar à sala de aula para o aprendizado do conhecimento básico do português, da matemática, da álgebra, etc. A disponibilidade de recursos dos grandes centros sempre atraiu a mão de obra mais qualificada. Os equipamentos ofertados nessa época eram basicamente da atividade agrícola ou da construção civil e foram adaptados. Devido ao grande esforço das empresas de celulose em tentar expandir a mecanização, essa fase pode ser chamada de “colheita mecanizada rudimentar”, pois

36

e, principalmente, como podiam ser adaptados para os processos de colheita florestal. Passaram a disponibilizar equipamentos robustos e com certa especialidade na atividade, embora ainda carecessem de melhorias quanto à ergonomia e à segurança operacional. Mesmo assim, passos importantes foram dados na melhoria do desempenho da atividade de colheita. E, nesse sentido, muitos esforços foram realizados para desenvolver novos equipamentos; as empresas fizeram algum esforço de desenvolvimento e trouxeram boas alternativas para a área florestal. Com a mudança do cenário econômico e a busca por mercado internacional, as empresas investiram em expansões e tecnologias modernas para a produção fabril. O Brasil percebeu que tinha grande aptidão para a produção de celulose, sendo, então, definido um


hiDráuLica projetaDa eXcLusivaMente para Maior controLe e precisão no manipuladora Manuseio De toras De MaDeira. hidráulica projetada exclusivamente eficiência coMprovaDa. para maior controle e precisão no

DX300LL: Máquina

Potência do Motor: (SAE J1995) 151 kW (202 HP) a 1.900 rpm manuseio de de35.100 madeira Pesotoras de Operação: kg – padrão

Eficiência

. comprovada.

Potência do Motor: (SAE J1995) 151 kW (202 HP) a 1.900 rpm Peso de Operação: 35.100 kg – padrão

ROMAC ROMAC Tel.: (51) (51) 3488-3488 3488-3488 // (19) (19) 3518-3333 3518-3333 Tel.: romac@romac.com.br romac@romac.com.br

RENCO RENCO Tel.: (71) (71) 3623-8300 3623-8300 Tel.: comercial@renco.com.br comercial@renco.com.br

Curta a nossa página no Facebook e confira as novidades! Doosan Infracore South America


a tecnologia e os produtores novo patamar de produção, que, com previsão de crescimentos futuros, exigiu do setor florestal responder com velocidade e com melhores técnicas, garantindo com aumento de produtividade para atender à nova demanda de madeira para abastecer as fábricas. Surgiu uma grande demanda para utilização de equipamentos na colheita florestal, os quais se apresentavam como promissoras ferramentas para vencer o desafio de equilibrar produtividade, custos e disponibilidade de mão de obra qualificada. As versões modernas de equipamentos, como os que compõem o sistema feller e o sistema harvester tradicional, foram apresentadas ao mercado nas mais diversas modalidades, trazendo uma nova realidade de produção na colheita florestal. Mas, apesar dos avanços desses equipamentos, eles se mantêm limitados à operação até 27º, obrigando as empresas que operam em áreas montanhosas a manter um grande volume de produção por colheita manual ou por outros sistemas de baixa produtividade e grandes preocupações com segurança e ergonomia. A Cenibra, instalada em um site predominantemente montanhoso, com características de suas regiões representadas por 48% das áreas acima de 17°, onde 23% estão inseridas em topografia, superiores a 27°, se viu obrigada a inovar, pois tinha seu desafio de competitividade aumentado frente às concorrentes que operavam em áreas praticamente planas e conseguiam mecanizar praticamente 100% de suas operações. Para buscar esse equilíbrio, várias técnicas de mecanização em áreas montanhosas foram testadas, como colheita em sistema de cabos, de arraste, cabos aéreos e sistemas mistos, todos sem muito sucesso. Esses sistemas se mostraram de baixa produtividade, e alguns deles ainda são também deficientes em ergonomia e segurança. Foi necessário testar algo sem precedente no Brasil, e, nesse contexto, trabalhamos usando o conceito de guincho work para auxiliar os equipamentos de colheita e baldeio a se locomoverem em terrenos com declividade onde somente a tração por rodas não é suficiente para vencer os obstáculos do terreno. O guincho auxiliar de tração é um equipamento que ajuda na redistribuição da potência do equipamento, transferindo parte da tração das rodas para um ponto de ancoragem. Nesse desafio, foi necessário utilizar tecnologia de automação e sincronizar o guincho com o sistema de tração do harvester e forwarder, permitindo um controle operacional integrado do conjunto, garantindo a máxima eficiência da máquina. Entendido o conceito técnico e viabilizado por meio da engenharia, foi preciso tornar essa operação adequada, do ponto de vista de segurança e ergonomia. Então, o plano de rigging, que é uma técnica para planejamento de cargas em máquinas de elevação e transporte, até então nunca utilizada na área florestal, foi aplicado para auxiliar na engenharia de processo e determinar a segurança de cada etapa operacional. O produto dessa combinação de tecnologia guincho, rigging e técnicas de engenharia de processo é a real possibilidade na aplicação florestal de um equipamento robusto, que, instalado nos equipamentos harvester e

38

Opiniões

forwarder, permitiu aumentar a capacidade de tração e, consequentemente, locomoção em terrenos nunca transpostos por máquinas ou por qualquer outro equipamento sobre rodas ou esteiras. Harvester e forwarder equipados com guinchos demandam ser ancorados em cepas de eucaliptos previamente escolhidas ou em âncoras artificiais, de acordo com o plano técnico de ancoragem, permitindo uma operação completamente segura. O uso de guinchos no mundo não é uma operação recente, mas o modo de operação e seu uso no Brasil é um pioneirismo da Cenibra, desenvolvido entre 2010 e 2011, em parceria com fornecedores mundiais de equipamentos florestais. Essas parcerias mostram que, a cada dia, os desafios técnicos de processo de colheita precisam ser enfrentados e superados em conjunto. Como não podia ser diferente, a colheita florestal vem exigindo cada vez mais equipamentos capazes de responder à demanda de produção com operações seguras e ergonômicas, com alta produtividade e baixo custo operacional, garantindo sustentabilidade dessa operação no abastecimento de madeira à fábrica atendendo aos requisitos legais e principalmente promovendo a qualidade de vida aos empregados. Nesse contexto, fornecedores de equipamentos, por meio de sua área de desenvolvimento e em consonância com seus clientes, têm buscado desenvolver e disponibilizar equipamentos semiautomáticos, com softwares de controle visando melhorar a integração homem/máquina, buscando melhorar o desempenho operacional e permitir acompanhamento on-line da produção e da produtividade do processo. Os desafios do momento já exigem que as empresas envidem esforços para produzir máquinas cada vez mais confiáveis. Essa alta confiabilidade é necessária, uma vez que é uma tendência de máquinas florestais, no Brasil, operarem em 3 turnos, 365 dias por ano, equivalendo ao alto padrão de eficiência de plantas industriais. Nesse contexto, os contratos Full Service têm sido utilizados pelos fornecedores para garantir disponibilidade operacional. Não podemos deixar de considerar, nesse caso, em conjunto com o cliente, também a importância de um bom sistema de logística, equipe de manutenção treinada e engenharia de análise de falhas. Em resumo, a relação de parceria e visão de construção de relações de longo prazo ganham papel importante para a obtenção dos resultados almejados. Esperamos e acreditamos ainda que, com o conhecimento do potencial das máquinas atuais, o uso de redes neurais, inteligência artificial e outras tecnologias de controle autônomos disponíveis e em desenvolvimento, poderemos migrar para a operação remota de equipamentos, o que tornará a atividade ainda mais segura, abrangente e eficaz, permitindo elevarmos os patamares de mecanização a 100%. E é nesse caminho que clientes e fornecedores de equipamentos e tecnologia de colheita, preocupados com a sustentabilidade do negócio, precisam continuar investindo e olhar juntos para um futuro cada dia mais desafiador quanto a resultados, garantindo produções com atividades seguras, com alto padrão de qualidade, baixos custos e socialmente responsáveis.


housepress

Quer reduzir seus custos de manutenção na indústria papeleira? Pense NSK.

Rolamento Autocompensador de Rolos Série TL

Rolamento Autocompensador de Rolos Série HPS

Rolamentos acessórios Gerenciamento de ativos Graxas

Kit para instalação de rolamentos

extrator Hidráulico

caixa para Rolamento

Os rolamentos e acessórios NSK estão ampliando a rentabilidade da indústria em todo o Brasil. E o melhor é que os clientes NSK contam com o Programa de Gerenciamento de Ativos (AIP) para reduzir custos na manutenção e melhorar seus resultados. Fale com a NSK agora mesmo e multiplique sua produtividade.

aip

NSK experts

Visite nosso estande: RUa B-5

6 a 8 de outubro de 2015 – 13h às 20h tRansameRica expo centeR – sp – BRasil

Pense confiança. Pense NSK Fale sobre Produtos e Serviços NSK pelo tel. (11) 3269-4766 ou contato@nsk.com


a tecnologia e os produtores

um caminho sem volta Em poucas décadas, abandonamos o machado, que permitia a colheita e o processamento de poucos m³ de madeira por homem por dia, para trabalharmos com equipamentos com capacidade superior a 120 m³ por hora "

Adriano Emanuel Amaral de Almeida Gerente de P&D da International Paper

O setor florestal brasileiro se tornou referência mundial tanto em produtividade florestal quanto em custos de produção de madeira. Essa posição de destaque é devido, em grande parte, ao desenvolvimento e à incorporação de tecnologias em seus processos. Evoluímos muito no grau de melhoramento dos materiais genéticos utilizados nos plantios comerciais, na clonagem dos materiais genéticos superiores via miniestaquia, nos tratos silviculturais, desde o preparo do solo, adubação de base e complementares, controle de mato e formiga, sistemas de plantio e irrigação, até a determinação do melhor espaçamento para cada condição edafoclimática. Também evoluímos muito, e talvez de forma mais intensiva, nos sistemas de colheita florestal. Em poucas décadas, abandonamos o machado, que permitia a colheita e o processamento de poucos m³ de madeira por homem por dia, para trabalharmos com equipamentos com capacidade superior a 120 m³ por hora, sem mencionar todos os ganhos em segurança e ergonomia. Entretanto, a pergunta aqui é: o que vem pela frente? Apesar da grande evolução do setor florestal nas últimas quatro ou cinco décadas, ainda há muito espaço para avançar com as novas tecnologias que estão por vir. No campo da biotecnologia, ainda nem começamos a usufruir dos materiais geneticamente transformados, que podem conferir maior produtividade florestal, melhor qualidade da madeira, tolerância a estresses hídricos e térmicos, entre outras características. Similarmente a outras culturas, como a soja, o milho e o algodão, a tendência é que, no meio florestal, esse tipo de material se torne predominante no médio e no longo prazo. No campo do melhoramento genético clássico, novas espécies e gêneros florestais com maior tolerância a estresses hídricos e térmicos devem ganhar espaço nos plantios comerciais para produção de celulose, carvão ou painéis, principalmente nas novas fronteiras florestais, como Maranhão, Piauí e Tocantins.

40

No tocante à biomassa para geração de energia, podemos ir além das novas espécies e gêneros florestais. Existem vários estudos avançados no desenvolvimento da cana energia, que tem potencial de produzir mais do que o dobro de matéria seca por hectare do que um plantio tradicional de Eucalyptus dedicado para geração de energia. Indo mais além, já é possível pensar em utilizar biomassa proveniente do cultivo de algas para a geração de energia, com poder calorífico muito superior à madeira de Eucalyptus. Na silvicultura, o processo de automação e de mecanização das operações avança a passos largos. Já existem tecnologias disponíveis para a automação quase completa da produção de mudas. A tendência é que os jardins clonais sejam substituídos por produção de explantes em sistemas de biorreatores; o plantio de estacas manual, substituído por braços mecânicos; a movimentação, a alternagem, a classificação e a expedição manual das mudas, substituídas por sistemas de movimentação automatizados. Tudo isso já é realidade, podemos visitar viveiros de mudas clonais de flores na Holanda, com capacidade de 36 milhões de mudas, operando com apenas 21 funcionários. Nas operações de implantação, reforma e manutenção de florestas, já existem vários projetos em estágios avançados, com protótipos em fase de testes no campo. Em poucos anos, é esperado que as operações de preparo de solo, plantio, irrigação, fertilização, controle de mato e controle de formiga estejam sendo realizadas de forma mecanizada, com equipamentos projetados especificamente para esse tipo de atividade, e não com equipamentos agrícolas adaptados para as condições florestais. Todo esse movimento visa compensar a escalada de custos de mão de obra, combustíveis, impostos, inflação, entre outros. Além dos ganhos de segurança, ergonomia, redução de custos e menor dependência de mão de obra, outro grande ponto positivo que a mecanização traz é a possibilidade de embarcar nessas


Opiniões máquinas computadores de bordo, sensores e GPS, que permitem o monitoramento, em tempo real, de todas as atividades realizadas, o que implicará ganhos significativos de eficiência e qualidade das operações. Falhas de equipamentos e erros humanos, nas mais diversas atividades relacionadas à silvicultura, poderão ser facilmente identificados e corrigidos e, em alguns casos, em tempo real. Outra ferramenta importante é o sensoriamento remoto por meio de imagens aéreas via vants (veículos aéreos não tripulados), imagens de satélite ou imagens mais sofisticadas obtidas por meio de equipamentos como o Lidar. Tais tecnologias estão cada vez mais acessíveis e permitirão o monitoramento da produtividade florestal, da quantificação de danos causados por pragas, doenças, incêndios, vento ou qualquer outra anomalia causada por fatores bióticos ou abióticos, permitindo a otimização da produtividade das florestas. Tais tecnologias também estão sendo utilizadas do ponto de vista da preservação ambiental, por meio do monitoramento de florestas nativas, permitindo o seu acompanhamento e a sua proteção. Na operação de colheita florestal, não se visualizam grandes mudanças no curto e no médio prazo, por se tratar de uma atividade praticamente 100% mecanizada e que já teve uma grande evolução nos últimos anos. Entretanto avanços incrementais estão sendo agregados a essa operação constantemente, como o uso de cabos que permitem a colheita em áreas acidentadas e o desgalhamento mecanizado por meio de sistema de discos acoplados a tratores ou skidders.

Contate-nos para conversar sobre as suas necessidades.

(41) 8852-5999/3287-2835 rotobecdobrasil@rotobec.com www.rotobec.com /rotobecdobrasil

Conecte-se conosco através de nossa página.

No tocante ao transporte de madeira, o grande investimento que está sendo feito é no desenvolvimento de composições mais leves e resistentes, por meio da aplicação de ligas metálicas diferenciadas, visando ao aumento da capacidade de transporte. Outro grande investimento nessa área é no controle da operação logística, permitindo o rastreamento, em tempo real, dos caminhões e a otimização do tempo de deslocamento, carregamento e descarregamento, bem como do tempo de fila externo e interno nas fábricas, visando reduzir o custo do frete, que, na maioria das vezes, é o maior custo da madeira entregue na fábrica. No geral, nos próximos dez ou quinze anos, devemos passar por um processo intenso de automação e de mecanização das atividades de silvicultura, início dos plantios comerciais com materiais geneticamente transformados, introdução de novas espécies/gêneros nos plantios comerciais, exploração de fontes alternativas de biomassa para produção de energia, monitoramento remoto das atividades de toda a cadeia florestal, desde o viveiro de mudas até o transporte e o processamento da madeira. A silvicultura de precisão será uma realidade. O uso de vants e de imagens de satélite será intensificado e melhorado, passando a ser uma ferramenta comum de monitoramento das florestas. Enfim, ainda há muitas inovações ou avanços tecnológicos por vir, levando as operações florestais a um novo patamar de produtividade, eficiência, custos, segurança e sustentabilidade. O quão rápido isso irá acontecer é difícil determinar, entretanto a incorporação da evolução tecnológica é um caminho sem volta.

GARRAS E ROTATORES ROTOBEC Robustez, Disponibilidade Mecânica e Produtividade de Padrão Internacional A disposição para o Setor Florestal Brasileiro.

EQUIPAMENTOS ROBUSTOS PARA MANUSEIO DE MATERIAIS


especialistas

Opiniões

a gestão profissional e a tecnologia A utilização de um modelo de gestão profissionalizada é a melhor alternativa para implementação de alta tecnologia na silvicultura e, como consequência, o caminho para melhora efetiva da produtividade de nossas florestas. O tradicional modelo terceirizado, embora, em muitas regiões, esteja sendo substituído pela primarização, ainda responde por parte expressiva dos serviços silviculturais em muitas empresas brasileiras. A gestão profissional implica significativa mudança desse atual modelo terceirizado. No início dos anos 1990, a terceirização representava um passo importante para viabilização de grandes empreendimentos florestais, diminuindo processos empresarias burocráticos, muitas vezes improdutivos, e apresentando custos bem mais atraentes e competitivos. Era um modelo que dependia exclusivamente do contratante. Na verdade, os terceiros caracterizavam-se como provedores de horas/máquinas e homens/dia, com raríssimas exceções. Com o desgaste desse perfil de prestador de serviços, logo se tornou inviável a contratação simples e pura do homem e/ou da máquina. No início dos anos 2000, os terceiros já apresentavam um modelo bem mais organizado. O negócio passou a ser atrativo, e surgiram mais empresas. No entanto as fiscalizações e os atritos ficaram mais comuns e evidentes. Nessa fase, as empresas já dispunham de cronogramas e controles baseados em contratos a serem seguidos, nos quais eram estabelecidas rigorosas regras técnicas, sociais, de segurança do trabalho e ambientais. Sempre coube à contratante o ônus da fiscalização. Assim, várias empresas prestadoras de serviços surgiram, cresceram, e a maioria delas desapareceu. Maiores rendimentos, fazer rápido e aos menores custos possíveis eram a regra básica de sobrevivência para esse modelo de negócio. Em virtude disso, em alguns casos, empresas se destacaram de forma inversamente proporcional à qualidade e produtividades de suas florestas.

Amadurece, atualmente, dessa forma, uma intensa profissionalização da terceirização, com roupagem nova e responsabilidade plena pelo sucesso dos empreendimentos. "

Alexandre Barboza Leite

Diretor da Teca e Daplan Serviços Florestais

42

Esse modelo de negócio e empresas ainda não desapareceu, mas começa a dar vez a uma nova e oportuna alternativa. A figura da empresa gestora do empreendimento. Responsável pela administração dos serviços florestais e pela definição do pacote tecnológico. A entrada dos grandes empreendedores florestais nacionais e internacionais e “donos do dinheiro” provocaram o surgimento desse novo prestador de serviço florestal. A responsabilidade por toda a gestão do empreendimento e, na maioria dos casos, também na participação do negócio, passou a exigir mais cuidados, mais tecnologia, maior atenção social e ambiental e, por interesse comum, mais produtividade. Amadurece, atualmente, dessa forma, uma intensa profissionalização da terceirização, com roupagem nova e responsabilidade plena pelo sucesso dos empreendimentos. Fiscalizar isso ou aquilo deixa de ser a principal preocupação dos contratantes. O interesse de quem faz é alcançar o melhor resultado, a melhor produtividade. Tudo passa a ser compartilhado com o contratante. A empresa vai atrás da melhor tecnologia para assegurar seus objetivos e aumentar a lucratividade do negócio. Todos ganham. Evitam-se os erros, na maioria das vezes irreparáveis, evitam-se as penalizações, os desgastes e os atritos, que resultam em intermináveis questões judiciais e geram mais custos e menos madeira. O mais importante é que essa nova fase deve trazer mais inovações. Passa a valer a visão de custo pela madeira produzida (R$/m3), e não uma simples referência de gasto por operação (R$/ha). Passa a valer a pena investir em informação, na experiência dos profissionais; comprometimentos de recursos maiores passam a fazer sentido quando apresentam efetivamente aumento nas produtividades. Como decorrência, aumentam demandas por empresas especializadas em serviços técnicos: planejamento, acompanhamento nutricional, proteção, inventário, etc. Nesse novo panorama, algumas dessas novas gestoras já testam novos materiais genéticos que, comprovando suas aptidões regionais, serão oferecidos nos seus pacotes tecnológicos. Todo o ciclo produtivo tende a se completar com alto nível tecnológico e com altíssima chance de sucesso. Ganham os investidores, os proprietários, os profissionais envolvidos e, acima de tudo, a produtividade das florestas plantadas do Brasil.



especialistas

Opiniões

espécies tropicais de

alto valor

O que é consenso nas espécies florestais tradicionais como pinus e eucalipto não parece sensibilizar os investidores que apostam nas novas espécies, cujos investimentos em pesquisa são incipientes e inadequados para os montantes que vêm sendo investidos em plantios. "

Ricardo Steinmetz Vilela

Diretor da Bela Vista Florestal

Nos últimos anos, vem ocorrendo uma escalada de custos de produção no Brasil. O problema é sentido especialmente no setor florestal, com o aumento dos custos de implantação, manutenção e colheita. A recente desvalorização do real fez com que muitos fertilizantes tivessem alta de preço em torno de 25%. Praticamente, toda empresa do setor está focada em controle de custos. A despeito da alta produtividade das florestas no País, o aumento do índice inflacionário e, consequentemente, dos juros, vem prejudicar o resultado econômico dos empreendimentos, que têm longo prazo de retorno e são penalizados pelo custo de capital. Outro fator que nos últimos anos passou a assombrar muitos empresários é o déficit hídrico, a insegurança com o clima cada vez mais errático. O déficit hídrico severo, quando não mata, debilita as plantas e as deixa mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. Temos visto isso especialmente em Minas Gerais, que foi muito atacado pela seca histórica de 2014.

44

Segurança no investimento, alta produtividade e controle de custos passam, invariavelmente, pela pesquisa científica. O que é consenso nas espécies florestais tradicionais como pinus e eucalipto não parece sensibilizar os investidores que apostam nas novas espécies, cujos investimentos em pesquisa são incipientes e inadequados para os montantes que vêm sendo investidos em plantios. O case do eucalipto no Brasil é o melhor exemplo a ser seguido. Com pesquisa e melhoramento genético, ele alcançou alta produtividade, com espécies e cultivares adaptadas a diversos usos e regiões do País. Os empreendimentos que envolvem plantios de árvores com madeira de alto valor vão no sentido contrário? Não posso falar por todas as espécies de alto valor que vêm sendo propagandeadas como boa opção de investimento. São muitas: cedro australiano, mogno africano (dentro desta, há quem goste do Khaya ivorensis e quem goste do Khaya senegalensis), paricá, acácia, guanandi, neem indiano, etc. O que é sabido é que poucas empresas que se dedicam a esse nicho investem adequadamente em pesquisa. O que gera um risco considerável, apesar do grande potencial de retorno econômico.


Picadores Florestais:

Eficiência, Robustez e Alta Produção para Geração de Biomassa Equipamentos versáteis, projetados para um melhor desempenho e eficiência: v v v v v

Alta produtividade operacional Comando via rádio controle Pode ser rebocado por trator, caminhão ou Auto propelido (esteiras) Baixo custo de manutenção e pós venda garantida Produto nacional com financiamento BNDES FINAME

Consulte-nos e conheça nossas soluções para a produção de biomassa em geral

D

7

96

e1

esd

Rodovia BR-282 - Km 340, nº 83 - Distrito Industrial 49 3541-3100 - bruno@bruno.com.br www.bruno.com.br


especialistas Isso não ocorre por acaso. Pesquisas florestais normalmente são conduzidas pela academia e por grandes empresas. São caras, longas e correm o risco de não dar em nada. As grandes empresas do setor florestal produzem papel e celulose, aço ou painéis. Utilizam como matéria-prima eucalipto ou pinus e, obviamente, direcionam seus investimentos para essas espécies. As universidades e órgãos de pesquisa têm um motivo para seguir a mesma linha: com mais de 7 milhões de hectares plantados, inúmeros produtores rurais, cadeias produtivas inteiras, municípios e regiões são impactados pelo pinus e pelo eucalipto. Faz parte do papel da academia prover segurança e encontrar soluções para os agentes envolvidos e a sociedade como um todo. Uma vez que os grandes empreendimentos são baseados nas espécies tradicionais e que as pequenas e médias empresas se interessaram pelo nicho, como conciliar custos, disponibilidade de recursos financeiros e capital humano? É imprescindível o envolvimento de órgãos e entidades de pesquisa. Pego, então, o exemplo do cedro australiano, com o qual estou um pouco mais familiarizado. Nos estudos com o cedro, ninguém está tentando reinventar nada. Apenas é seguido o caminho de sucesso trilhado pelo eucalipto. É importante frisar que os trabalhos são feitos dentro da realidade financeira das empresas que se dedicam a essa espécie. E, mesmo assim, os resultados têm sido espetaculares. Nesse processo, a participação da Universidade Federal de Lavras - UFLA, tem sido um grande diferencial. Muitos acadêmicos dedicam parte de seu tempo a esses estudos há quase uma década, seguindo as mesmas linhas de pesquisa das espécies tradicionais, com o benefício de saber o que funcionou melhor e podendo pegar alguns atalhos. Os trabalhos renderam 3 teses de doutorado, 6 dissertações de mestrado e 15 trabalhos de conclusão de curso (TCCs). No momento, mais 7 linhas de estudo estão em andamento. Visando ao controle de custos, a uma produtividade que justifique a escolha da nova espécie e à segurança nos investimentos, essas são as pesquisas que acontecem, desde 2006, com o cedro australiano em Minas Gerais: 1. Produção de plantas: • Seleção dos materiais mais produtivos, sob o ponto de vista genético, para obter ganho máximo em produção de plantas, ou seja, maior número de estacas por matriz. Seleção de clones e famílias com aptidão familiar para brotar. • Clonagem como forma de propagação (reprodução assexuada). • Desenvolvimento de nutrição específica para viveiro. • Estudos de fisiologia vegetal. • Identificação de cruzamentos controlados para produção de sementes híbridas. 2. Melhoramento genético: • Aumento (ganho) de produtividade. • Identificação das melhores origens e famílias da espécie. • Melhoramento clássico: cultivares obtidos por seleção massal de plantas em populações. • Hibridação de plantas: cultivares obtidos por cruzamentos controlados

46

Opiniões de matrizes selecionadas. • Vigor híbrido: indivíduos geneticamente muito diferentes em uma mesma espécie - quando cruzados, formam híbridos que apresentam maior vigor, devido à grande variabilidade genética. É o que se está buscando nessa etapa de melhoramento: híbridos com vigor, ou seja, indivíduos superiores, a partir de cruzamentos de pais de famílias e procedências distintas. • Caracteres que dependem do genótipo: resistência a pragas e a doenças, incremento diamétrico; adaptabilidade em sítios diversos, etc. Tais caracteres dependem diretamente do genótipo da planta para se expressar. É uma estratégia de melhoramento trabalhá-los para obter ganhos dentro da cultura, pois todos eles são parâmetros diretos de produção e influenciam no manejo florestal. • Uso de marcadores moleculares: identificação de genes e proteínas na otimização da seleção de novos cultivares. 3. Manejo florestal: • Conhecer caracteres controlados geneticamente para a estratégia de melhoramento: forma do fuste para alto rendimento em serraria, conicidade, circularidade do tronco, excentricidade da medula, arquitetura dos galhos, uniformidade entre plantas. • Características de produção controladas por variáveis ambientais: espaçamento, densidade de plantas por hectare, necessidade de desrama, desbastes, matocompetição. • Podas: madeira livre de nós e potencial de crescimento das plantas (dilema da produtividade x qualidade da madeira no manejo). • Desbastes: maximizar o incremento diamétrico mantendo receita intermediária no ciclo da floresta. • Controle de matocompetição com herbicidas para reduzir custos. • Parâmetros para inventários florestais: fatores de fórmula e equações de volume e altura. • Uso de modelagem matemática na determinação de volume e forma como estratégia de melhoramento genético. • Estudo dos módulos de elasticidade, ruptura e forma das plantas como estratégia de seleção de clones menos suscetíveis a quebra por ventos fortes (efeito vela). • MIP&D (Manejo Integrado de Pragas e Doenças): conhecimento da biologia das pragas e doenças, sua interação com os materiais genéticos, seu controle e dinâmica a serviço do melhoramento e dos produtores. 4. Nutrição: • Relação custo-benefício não deixa de fazer sentido pelo alto valor da madeira. • Determinação da saturação por bases e parâmetros de gessagem. • Estudos de elementos ausentes em macro e micronutrientes. • Determinação de doses de NPK. • Cinética e absorção de nutrientes. • Uso de micronutrientes no controle de doenças abióticas e pragas. • Estudos com metais pesados. • Hidroponia e soluções nutritivas. • Nutrição em viveiro. 5. Tecnologia e qualidade da madeira: • Estudos destrutivos e não destrutivos da densidade, defeitos, instabilidade dimensional e de forma. • Determinação de parâmetros comerciais da madeira, como usinagem, trabalhabilidade, superfície, uso de colas, pregos, testes em fresas, produção de painéis diversos como necessidade de se agregar valor ao produto. • Determinação de programas de secagem da madeira. • Rendimento em serraria. 6. Registro e proteção dos cultivares: • Descrição dos parâmetros morfológicos da espécie. Por fim, faltava abrir mercado e validar a espécie economicamente. No caso específico do cedro, o interesse vem de indústrias que produzem portas e esquadrias, acabamentos em construção civil, laminados, compensados, moveleiras, indústria naval e outras. Comprovada a fase final do processo, o produtor tem a segurança de saber que consegue produzir a madeira e tem para quem vender.


etorw

Você deseja 2 minutos de atenção dos executivos que decidem as compras no setor florestal?

Fácil,

anuncie na revista Opiniões A revista lida por todos os executivos do sistema florestal. Inclua a revista Opiniões no seu plano de Marketing de 2016. Os planos fechados neste ano seguirão a tabela de 2015. Fale conosco: 16 3965-4600

Opiniões


especialistas

Opiniões

sistemas para ganhar

eficiência Dentre as tecnologias atuais que despontam como aliadas no levantamento/coleta de dados para ganho de eficiência nas operações florestais, se destaca o uso de veículo aéreo não tripulado como ferramenta de monitoramento e gestão. "

Joésio Pierin Siqueira

Vice-presidente da STCP Engenharia de Projetos

Os desafios atuais à competitividade envolvem o uso de tecnologias e sistemas voltados ao ganho de eficiência e eficácia nos diversos segmentos do setor florestal. Sua aplicação nas operações florestais, derivada principalmente da experiência na agricultura, tem se tornado cada vez mais difundida. Na última década, a área com florestas plantadas no Brasil experimentou crescimento anual de 4,5%, passando, em 2005, de 5,2 milhões para 7,7 milhões de hectares, em 2014. Embora significativo, esse incremento da área plantada é necessário à adoção de sistemas e de novas tecnologias para manter a sua sustentabilidade, até mesmo como forma de ampliar a produtividade florestal com redução dos custos e maior responsabilidade socioambiental. Assim, a Silvicultura de Precisão (SP), derivada da Agricultura de Precisão (AP), da qual se diferencia quanto às operações e aos objetivos, fornece importantes contribuições. A SP é um modelo diferenciado de gestão das atividades operacionais, baseado na coleta e na análise de dados georreferenciados e no conhecimento dos múltiplos aspectos que influem na produção e na produtividade florestal. Para tanto, modifica o enfoque tradicional da silvicultura ao tratar, de forma geográfica, as distintas unidades de manejo florestal. Isso permite realizar intervenções adequadas em cada local, melhorando a eficiência do uso de recursos, os quais se

48

traduzem em ganhos operacionais, redução de custos de produção e de impactos ambientais, além de ganhos em produtividade da floresta. Atualmente, esse diferencial está sendo trabalhado por grandes empresas do setor, na busca por maior eficiência e eficácia operacional. As mais diferentes máquinas e equipamentos florestais já dispõem de tecnologias embarcadas ou acopladas que podem ser empregadas em diferentes etapas das atividades florestais. A SP utiliza softwares e hardwares customizados, além de novas e modernas ferramentas de tecnologia da informação (TI), considerando a variabilidade edafoclimática, aliada à vantagem da homogeneidade dos povoamentos florestais. Algumas plataformas integradas oferecem suporte ao gerenciamento, à sistematização e ao planejamento da SP de atividades, como a de preparo do solo, plantio, manejo, colheita e integração com informações dos sistemas de gestão florestal. Essa integração permite gerenciar custos operacionais, assim como a rastreabilidade dos dados das diferentes unidades geográficas com as de uso de recursos (mudas e clones, máquinas, equipamentos e insumos), conciliando, ainda, com a qualidade ambiental. Em se tratando de SP, o microplanejamento é a etapa fundamental para garantir o sucesso de sua utilização. Dentre as tecnologias atuais que despontam como aliadas no levantamento/coleta de dados para ganho de


A força da sua floresta tem origem em mudas de qualidade

Mudas clonadas Angico's a solução para a sua floresta

www.mudasangicos.com.br • 14 3267-7171

Qualidade: ISO 9001 e ISO 14001


Van der Hoeven: líder e pioneira no ramo de estufas agrícolas na América Latina, oferece uma área especializada para o setor florestal

Rodovia SP-107, Km 41 - Caixa Postal 81 - Cep 13160-000 - Artur Nogueira - SP Tel: 19 3877-2281 - Fax: 19 3877-2336 www.vdh.com.br - www.galvdh.com.br - facebook@vdh.com.br - e-Mail: falecom@vdh.com.br

eficiência nas operações florestais, se destaca o uso de Veículo Aéreo Não Tripulado (Vants) como ferramenta de monitoramento e gestão. A demanda por imagens terrestres, até pouco tempo, estava condicionada à compra de serviços realizados por aviões (aerolevantamento), a qual envolvia custo elevado. Exemplos de uso de vants incluem o controle de atividades silviculturais, aferição de operações realizadas em campo, averiguação de falhas em plantios, monitoramento de plantas invasoras e o acompanhamento multitemporal e espacial das propriedades rurais com modelagem 3D, entre outras aplicações. Ainda se destaca o caso de inventários de biomassa através do uso de ferramentas do sensoriamento remoto e a laser, Light Detection and Ranging (Lidar), que permite obter o modelo digital do terreno e grande quantidade de dados sobre a estrutura florestal nos espaços horizontal e vertical. Em conjunto, essas imagens fornecem informações volumétricas com maior rapidez, precisão e com baixo custo. Outra tecnologia de ganho de eficiência no setor florestal é a aplicação dos Sistemas de Gestão Integrados (SGI), os quais atuam como suporte aos gestores no planejamento e no controle de atividades para proporcionar uma gestão otimizada, eficiente, rentável e competitiva. No setor florestal, existem diversas opções de sistemas, desde os mais simples, com prescrição para desbastes e prognose de volume, até os mais complexos, para controle integrado de todas as operações florestais. Na busca por maior eficiência administrativa, as ferramentas específicas de otimização florestal podem ser associadas

50

com o Enterprise Resource Planning (ERP), com integração entre os diversos departamentos/setores da empresa, auxiliando na automação e no gerenciamento de processos e informações únicos, contínuos e consistentes. Em geral, os sistemas de ERP atualmente disponíveis no mercado possuem uma estrutura básica própria de cada desenvolvedor, que pode ser customizada em função das particularidades do negócio e do sistema produtivo de cada empresa. O setor florestal no Brasil se destaca no cenário mundial, assumindo o protagonismo e se mantendo como um importante player. Sua alta competitividade tem se fundamentado, sobretudo, nas condições dos sites, na tecnologia e nos procedimentos operacionais e nos ganhos com melhoramento genético alcançados nas últimas décadas. Embora o País ocupe um papel de destaque globalmente no setor florestal, existe espaço para o aumento da eficiência e da eficácia operacional através da adoção, cada vez mais, de sistemas e tecnologias inteligentes aplicadas às operações. A coleta e o processamento de dados são atividades presentes no controle e no monitoramento nas mais diferentes etapas e operações florestais. Tais atividades não são novas e já estão consolidadas, mas o desafio é transformar essas informações em conhecimento e inteligência aplicada ao ganho de eficiência. É fundamental que o setor florestal se desenvolva de maneira integrada, acompanhando e promovendo os avanços tecnológicos, e consiga se beneficiar a partir de suas aplicações nos vários segmentos da cadeia produtiva.


Anuário de Sustentabilidade do sistema florestal 2016

Anuário de Sustentabilidade:

Os principais casos de sucesso das áreas social e ambiental do sistema florestal brasileiro.

Reserva de Espaço: 16 3965-4600

Opiniões


ensaio especial

Opiniões

as florestas

e as plantações florestais comerciais

As alterações globais serão proporcionais às demandas que a população crescente fará sobre os ecossistemas. A água, o ar, as matérias-primas, a biodiversidade e os ecossistemas terrestres estarão pressionados ao máximo. "

Moacir José Sales Medrado

Diretor-geral da Medrado e Consultores Agroflorestais Associados

As alterações globais no planeta serão proporcionais às demandas que a população crescente fará sobre os ecossistemas. As matérias-primas, a água, o ar, a biodiversidade e os ecossistemas terrestres estarão pressionados ao máximo. O planeta está caminhando, a passos largos, para seu limite sustentável. Assim, o desempenho do setor florestal deverá ser visto frente aos desafios e oportunidades que estarão postos para todos os setores da economia. Nesse sentido, o desenvolvimento tecnológico no setor florestal tem perspectivas muito interessantes para o médio e longo prazo, no atendimento das necessidades dos consumidores a partir da utilização inteligente e sustentável dos recursos naturais. Pensadores mundiais sobre o setor de base florestal apontam-no como um ator chave na construção de uma sociedade de base biológica (biobased society). Com inteligência competitiva, deveremos ser ponta na bioeconomia. Dentro das várias visões que estão sendo estabelecidas para o futuro do setor de base florestal, três pontos são muito importantes na construção da

52

nova estrada tecnológica, que facilitará a caminhada dos que nele trabalham ou que dele dependem. Em primeiro lugar, está a necessidade de um melhor conhecimento dos fenômenos que ligam fibras com outras fibras e com outros componentes, visando ao desenvolvimento de novas estruturas com pouco peso e maior funcionalidade. Isso vai exigir uma intensiva pesquisa nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia e ciência de materiais. Em segundo lugar, é preciso gerar tecnologias de fabricação e processamento que reduzam drasticamente o consumo de energia e de material, o que vai exigir um maior entendimento de propriedades físico-químicas relevantes, bem como de requerimentos das unidades de processamento. Em terceiro lugar, o desenvolvimento do setor deverá se pautar pelo fato de que ele, a sociedade e a natureza são interdependentes. Ou seja, o manejo florestal sustentável das florestas e das plantações florestais comerciais, considerando todos os serviços ecossistêmicos que possam produzir, será um pré-requisito. Desse modo, ecologia, hidrologia e climatologia serão ciências básicas essenciais. Do ponto de vista científico, a inovação do setor dependerá de uma ciência de excelência, com cientistas bem treinados, dinâmicos, criativos e em quantidade suficiente.



ensaio especial Além disso, serão imprescindíveis empreendedores e empresas inovadoras apoiadas por um suficiente investimento em pesquisa e desenvolvimento. Assim, o setor poderá avançar em áreas importantes, como nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia a laser para avaliação dos recursos florestais, desenvolvimento de materiais avançados visando à produção de multiprodutos, biocombustíveis, geração de produtos farmacêuticos e, ainda, nos sistemas de reúso e de reciclagem. Confesso que, a esta altura do texto, fui tentado a enveredar na análise das tendências puramente científicas. Tratar de assuntos como propagação clonal; seleção assistida por marcadores; engenharia genética; genômica; fitorremediação; uso do laser no planejamento das operações florestais, na valoração econômica das florestas, na medição de crescimento florestal, na estimação de biomassa e nos danos sofridos por florestas e plantações florestais; biorrefinarias; uso da madeira na construção civil, etc. No entanto, encantou-me a abordagem da principal tendência que deverá ter o setor para conviver com sucesso nesta nova sociedade em formação: biobased society. Nessa nova sociedade, a tendência é que as indústrias baseadas nas florestas e nas plantações florestais comerciais se apoiem na ciência e nas tecnologias para o desenvolvimento de novos produtos e conceitos de serviços produzidos na busca da emissão líquida zero de carbono. No futuro, as empresas florestais de sucesso, certamente, serão as que estiverem aptas a substituírem um grande número de produtos baseados na energia fóssil e em recursos não renováveis por bioprodutos gerados a partir de recursos renováveis. Assim sendo, o setor de base florestal poderá se constituir um dos setores líderes da nova sociedade. Isso dependerá, no entanto, de nossos formuladores de políticas públicas, de nossos empresários e da percepção que os cidadãos do mundo passem a ter dos novos produtos de base florestal e da importância e responsabilidade postas nas atividades realizadas para obtenção dos mesmos. Dentro do conceito de bioprodutos, o manejo sustentável de uso múltiplo das florestas e das plantações florestais comerciais será a tendência predominante no setor florestal do futuro. Sistemas de manejo que, além de ofertar bens, possam ofertar, afora matéria-prima, serviços como a conservação da natureza, manejo sustentável de bacias hidrográficas, recreação, preservação do solo e sequestro de carbono. No futuro, para muitos proprietários, a floresta não deverá ser sua principal fonte de renda; os sistemas serão integrados, e tais proprietários necessitarão de abordagens com orientações inovadoras. Uma orientação que se constituirá uma ponte entre a ecologia da floresta e a disponibilização de produtos e serviços florestais.

54

Opiniões Novos sistemas de gestão que possam, futuramente, lidar com os objetivos múltiplos e auxiliar gestores de florestas na prestação de serviços ambientais e no crescente aumento nas qualidades e tipos de matérias-primas estão faltando, e será imprescindível a geração dos mesmos para o sucesso do setor. O impacto da governança e regulamentos relacionados com o multipropósito florestal e com a produção de bioprodutos e serviços também precisarão melhor compreensão. Será necessário, com o tempo, um melhor conhecimento de aspectos tecnológicos, biológicos e de valor baseado na melhoria do planejamento e melhoria do manejo florestal considerando a multifuncionalidade. Os impactos do manejo florestal sobre os ecossistemas deverão ser muito mais bem conhecidos. Também será necessário um esforço para a valorização do setor e dos novos produtos junto à sociedade. As partes interessadas no setor de base florestal, especialmente os tomadores de decisão, necessitarão compreender melhor o cenário do setor no ambiente internacional. E este parece apontar para uma prevalência de um manejo florestal diversificado e resiliente, gerido de forma sustentável por uma variedade de proprietários, inclusive cooperativos, que, auxiliados por novos sistemas de gestão multipropósito, possam explorar todas as funções da floresta, incluindo a produção de matéria-prima, a biodiversidade e as oportunidades de lazer. Com a perspectiva do multipropósito, serão requeridas atividades de pesquisa e inovação que possam ir além das técnicas de produção. Haverá, por exemplo, necessidade de que sejam desenvolvidas ferramentas de avaliação e de comunicação eficazes para informar aos decisores políticos a importância dos serviços dos ecossistemas florestais em comparação com outros usos da terra. Também serão imprescindíveis incentivos para os proprietários florestais privados de pequena escala para gerenciar ativamente florestas e plantações florestais para produção de madeira e outros novos serviços. Outro ponto importantíssimo diz respeito à melhoria do conhecimento dos trade-offs entre políticas de apoio à produção de energia à base de madeira e políticas que apoiam o uso da madeira na construção civil, na indústria de celulose e papel e na indústria de bioquímica e biomateriais, por exemplo. Por fim, sabedores de que a sociedade tem um profundo valor emocional sobre as florestas, mas ainda desconfia muito das atividades ligadas às plantações florestais comerciais, o setor necessita estabelecer uma estratégia para desatar esse nó. Deverá, cremos nós, fortalecer o apreço pela floresta, mas, ao mesmo tempo, deixar claro para a sociedade que a modernização que tem ocorrido no manejo das florestas e das plantações florestais comerciais garante a produção sustentável e responsável dos produtos nelas produzidos. Afinal de contas, a maioria de nossas florestas já é certificada por sistemas de aceitação global, tais como FSC and PEFC. Tais sistemas preocupam-se com a sustentabilidade das florestas, com a perda de biodiversidade, e não dá para continuar vendo os conflitos de interesses entre a gestão florestal sustentável e a conservação da natureza persistindo entre os cidadãos no Brasil e no mundo. Melhorar a compreensão pública de que o setor está se esforçando para alcançar e aumentar o envolvimento das partes interessadas será um fator crítico de sucesso. Do mesmo modo, a boa governança do setor deverá estar locada dentro do triângulo interdependente de Estado (leis e políticas), mercados (oferta e procura, preços) e sociedade (grupos de interesses coletivos e indivíduos).


OpiniĂľes


Eficiência e versatilidade no campo.

Excelente efeito residual.

Pulverização após o plantio.

Pulverização durante o plantio.

Pulverização em solo seco.

Fordor® é reconhecido pela sua perfeita seletividade para as culturas de Pinus e Eucalipto. Um produto seguro que possui efeitos duradouros que garantem eficácia à sua gestão florestal.

Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Uso exclusivamente agrícola.

www.saudeambiental.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.