doenças
fatores limitantes
A produtividade florestal depende essencialmente do potencial genético do material plantado, das condições edafoclimáticas, das práticas culturais adotadas (preparo do solo, espaçamento, nutrição mineral, controle de matocompetição) e do manejo de doenças e pragas. Doenças em plantas podem ser de origem abiótica, ou seja, causadas por condições adversas do meio (ex.: défice hídrico, temperaturas excessivamente baixas como geadas, temperaturas excessivamente altas, deficiência nutricional, fitotoxicidade etc.), ou de origem biótica ou patogênica, incitadas principalmente por fungos, bactérias, vírus, nematoides e fitoplasmas. Independentemente da causa, as doenças podem ocasionar perdas de produtividade e resultar em prejuízos econômicos vultosos. Por exemplo, na eucaliptocultura, a produtividade de 45 m3/ha/ano até poucos anos atrás é, atualmente, de aproximadamente 36 m3/ha/ano. Acredita-se que essa queda de produtividade se deu, principalmente, em virtude do longo período de estiagem e da má distribuição de chuvas nas principais regiões eucaliptocultoras do Sudeste (SP, MG e ES) e Sul da Bahia, assim como pela ocorrência de uma enfermidade de etiologia indeterminada denominada Distúrbio Fisiológico similar à Seca de Ponteiros do Eucalipto do Vale do Rio Doce. Todavia, nesse tópico, tratar-se-á da influência de doenças bióticas sobre a produtividade florestal no Brasil.
As doenças podem incidir nas folhas, no caule ou nas raízes e interferir na fotossíntese, na absorção e na translocação de água e nutrientes e, consequentemente, afetar o crescimento e/ou, a forma do fuste das árvores e resultar em perdas significativas de produtividade, dependendo da intensidade da enfermidade. Historicamente, a principal catástrofe florestal causada por uma enfermidade ocorreu nos seringais de cultivo no início do século passado, na Amazônia brasileira. Entre 1890 e 1911, a borracha natural, produzida a partir do látex da seringueira (Hevea brasiliensis) constituía, depois do café, o segundo principal produto de exportação brasileira. Todavia, apesar de a seringueira ser nativa na Amazônia, os seringais estabelecidos na Malásia com material genético levado da Amazônia pelos ingleses eram muito mais produtivos que os seringais nativos no Brasil. Assim, inspirando-se no sucesso asiático, o americano Henry Ford, proprietário da Ford Motor Company, em 1927, estabeleceu, em Santarém, o primeiro seringal, e mais tarde, em Belterra, os quais foram totalmente dizimados pela enfermidade Mal das Folhas da Seringueira, causada pelo fungo Pseudocercospora ulei (= Microcyclus ulei). Em 1945, o projeto foi abandonado e estima-se que Henry Ford tenha investido cerca de meio bilhão de reais no projeto que, finalmente, foi vendido ao governo brasileiro por US$ 250 mil (cerca de R$ 800 mil). Atualmente, o cultivo da seringueira é realizado em áreas de escapes ao Mal das Folhas, em regiões desfavoráveis à infecção do fungo e mediante o plantio de clones resistentes, principalmente nos Estados de SP, MT, BA e ES.
A crescente expansão das plantações florestais, os avanços das técnicas de cultivo e o emprego de clones cada vez mais produtivos e aparentados, sem o prévio conhecimento de sua suscetibilidade/resistência a doenças, têm favorecido a ocorrência de epidemias e a consequente redução da produtividade florestal. "
Acelino Couto Alfenas Professor de Fitopatologia da UF-Viçosa
O Brasil, que no início do século XX detinha o monopólio da produção mundial de borracha natural, hoje responde por apenas 1%, não conseguindo sequer suprir as necessidades da indústria consumidora instalada no país. No entanto, a doença constitui ainda séria ameaça aos países asiáticos (Tailândia, Indonésia e Malásia), os quais, analogamente ao Brasil, possuem condições de ;