OGIER GRANDE FAVORITO RALI DE PORTUGAL PROMETE SALTOS DE EMOÇÃO ATÉ AO ALGARVE
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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
DIÁRIO NACIONAL
Ano CXLVI | N.º 90
Quarta-feira, 02 de abril de 2014
PS EXIGE QUE GOVERNO REVELE
TODA A VERDADE AOS PORTUGUESES
AGENDA
DE CORTES n O PS diz que o Executivo teima em manter uma “agenda secreta” e exige que sejam revelados os cortes já decididos em Conselho de Ministros. “O Governo tem obrigação de dizer aos portugueses o que a ministra das Finanças foi dizer aos parceiros europeus, porque é a vida dos portugueses que está em causa. O Governo decidiu, escondeu dos portugueses, mas os ministros do Eurogrupo já sabem o que foi decidido”, destacou o dirigente socialista António Galamba...
ACORDO
DE AMARANTE celebrado por cinco presidentes de câmara da região
DESEMPREGO
Arménio Carlos (CGTP) diz que a taxa de 15,3% confirma que o país não ultrapassou a crise
SEGURANÇA
Relatório alerta para ”particular relevância no tráfico de estupefacientes”
2 | O Primeiro de Janeiro
local porto
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
Autarcas do Baixo Tâmega e Douro Sul assinam protocolo
Vila do Conde
“Acordo de Amarante” com estratégia comum de desenvolvimento Os presidentes de cinco câmaras do Baixo Tâmega e Douro Sul celebraram o “Acordo de Amarante”, documento em que se comprometem com uma estratégia comum de desenvolvimento. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Amarante, chegou a hora de o território se unir na discussão e preparação de estratégias de desenvolvimento, ganhando assim “mais voz e mais escala” no contexto da região do Tâmega e Sousa. O acordo foi celebrado pelos municípios de Amarante (PSD/ CDS), o precursor da ideia, Baião (PS), Celorico de Basto (PSD), Cinfães (PS) e Resende (PS). A Cooperativa de Desenvolvimento Rural do Baixo Tâmega, Dolmen, que opera naquela região, também subscreveu o documento. Para o presidente José Luís Gaspar faz sentido que os concelhos daquele território consigam promover os seus projetos no contexto da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa. O mesmo autarca espera ainda que a maior coesão que decorre da subscrição do “Acordo de Ama-
AMARANTE. Presidente da Câmara José Luís Gaspar diz que “a região não pode crescer de uma forma consistente se não corrigir as assimetrias que existem” rante” permita atenuar as “assimetrias” na distribuição dos fundos comunitários, favorecendo o Vale do Sousa, mais industrializado, e prejudicando o Baixo Tâmega e Douro Sul, mais rural. “Queremos, com uma postura construtiva, que esta região [Tâmega e Sousa] fique mais coesa, porque só assim ela será, no seu todo, mais forte e competitiva”, afirmou Gaspar. O edil insistiu que “a região não pode crescer de uma forma consistente se não corrigir as assimetrias que existem”. “As nossas diferenças
vão ajudar-nos a alavancar o desenvolvimento”, acentuou ainda o mesmo dirigente. Os presidentes de câmara subscritores esperam que os fundos do próximo quadro comunitário de apoio reflitam “maior equilíbrio” entre as duas sub-regiões, reconhecendo a importância e as especificidades dos concelhos mais interiores do Tâmega e Sousa. O autarca de Amarante reafirmou também a necessidade de o Baixo Tâmega e o Douro Sul trabalharem em conjunto para po-
tenciarem os seus recursos endógenos, muito ligados ao turismo de natureza, desenvolvimento rural, cultural e indústrias criativas. “Queremos trabalhar para que a nossa economia seja capaz de ajudar a fixar a população”, vincou José Luís Gaspar. Neste momento, disse, está a ser feito um levantamento de todo o potencial do território, para depois, em conjunto, serem definidas as estratégias de investimento, envolvendo também os parceiros privados.
Federação Nacional do Ensino Superior Particular e Cooperativo
Plataforma para fomentar emprego O novo presidente da Federação Nacional do Ensino Superior Particular e Cooperativo (FNESPC) quer aumentar a empregabilidade dos diplomados, travando a emigração, criando uma plataforma “online” para aproximar empresas, instituições de ensino e alunos. O objetivo da plataforma é registar oportunidades de emprego, motivando contactos que se traduzam em contratos de trabalho e não apenas em estágios, explicou Joel Pereira, após na sua tomada de posse como presidente da FNESPC, no Palácio da Bolsa, no Porto. “É importante investir nos estudantes
para evitar que saiam do país travando, assim, a alta taxa de emigração”, frisou o mesmo dirigente estudantil. O novo presidente da FNESPC defendeu ainda um “diálogo sério e realista” em torno da empregabilidade, realçando que o país investe nos estudantes para, depois, os deixar “fugir” para o estrangeiro. Joel Pereira, licenciado e mestrando em Direito na Universidade Lusíada do Porto, quer ainda combater o abandono escolar no ensino superior, motivado pelas dificuldades financeiras. O académico, que estará à frente da organização estudantil
durante um ano, quer, por esse motivo, criar um fundo de emergência social para impedir as desistências. “Queremos apoiar os estudantes e diminuir os encargos financeiros das famílias”, disse. Do Governo e das instituições de ensino superior, o novo presidente da FNESPC espera “políticas e medidas preventivas”, mas do lado dos estudantes, Joel Pereira disse querer mobilizar as associações que os representam para em breve ter disponível o fundo de emergência. Joel Pereira sugeriu ainda uma alteração do modelo de apoio aos alunos, referindo exemplos vindos
do norte da Europa, onde se apoia diretamente os estudantes, a quem se atribui uma verba anual que passam a ter a responsabilidade de gerir, à semelhança da entrega de um ‘voucher’ ou de um ‘chequeensino’. Na atual conjuntura económica, o dirigente estudantil frisou que aumenta o número de estudantes a inscrever-se no ensino superior particular. Dadas as dificuldades, os estudantes optam, cada vez mais, por uma universidade privada, em vez de ir estudar para fora de casa e pagar casa, alimentação e transportes, exemplificou Joel Pereira.
Especialistas debatem recursos humanos
Dezenas de especialistas portugueses, espanhóis e brasileiros em recursos humanos vão partilhar conhecimento nos dias 10 e 11 de abril, em Vila do Conde, numa iniciativa com o propósito de potenciar o trabalho nas empresas e a investigação académica. Trata-se da V Conferência de Investigação e Intervenção em Recursos Humanos, uma iniciativa da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do Politécnico do Porto (ESEIG), em Vila do Conde, para juntar dezenas de profissionais e investigadores com contributos que visam “combinar o que de mais avançado se faz nos dois mundos, beneficiando ambos”. “Habitualmente, estes mundos não se tocam. Há conferências de profissionais e outras de académicos. A nível internacional, em publicações especializadas, verifica-se um ‘autismo’ entre os dois ramos. Esta é uma oportunidade rara de juntar ambos”, explicou Ana Cláudia Rodrigues. A responsável pelo evento revelou que entre os oradores estão responsáveis de várias das maiores empresas portuguesas e multinacionais, com intervenções dedicadas a “tendências e casos de boas práticas de gestão e desenvolvimento de Recursos Humanos em organizações”. Suspeito da prática de vários crimes
PJ detém homem de 27 anos na Maia
A Polícia Judiciária anunciou ontem a detenção de um homem de 27 anos suspeito da prática de vários crimes de roubo com arma de fogo ocorridos no ano passado, em Esposende, a um empresário do ramo automóvel. Em comunicado, a PJ refere que o detido, conjuntamente com um outro suspeito, um ex-funcionário da vítima, sabiam que o empresário era “habitualmente possuidor de elevadas quantias” em dinheiro, sendo que “terão sido roubados cerca de mil euros em numerário e pastas com documentos, que ainda foi possível recuperar”. O suspeito, que foi detido na Maia, terá cometido os roubos em agosto e outubro do ano passado. “As investigações irão prosseguir com vista ao completo esclarecimento de toda a atividade criminosa”, acrescenta o comunicado. O suspeito vai ser agora presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
regiões
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
INEM recusa transportar jovem com ferida profunda na cara ao hospital
“Situação caricata” Prisão de Leiria
Falta de carro celular adia julgamento
O julgamento de um caso de roubo cometido em Ansião agendado para ontem foi adiado porque o Estabelecimento Prisional de Leiria não tinha carrinha celular disponível para o transporte de um dos três arguidos. As Relações Públicas da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais garantiram que a situação é “absolutamente fortuita e decorre do facto de um julgamento que deveria ter terminado ontem [segunda-feira] ter sido alongado para o dia de hoje [ontem], obrigando a alterações inesperadas na escala de deslocação”.
Mais de 100 mil euros
Casal detido por burlar 33 idosos
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP anunciou, ontem, a detenção de um casal suspeito de burlar 33 idosos através de um esquema ilícito envolvendo ouro, que terá rendido aos alegados burlões mais de 100 mil euros. “O homem abordava as vítimas, preferencialmente idosos, oferecendo-lhes ardilosamente uma caixa de relógios de suposto `grande valor´, pedindo que lhe mostrassem ou dessem em troca o ouro que possuíam. Quando não concretizava os intentos de forma subtil, fazia uso de um creme, que colocava nas mãos das vítimas e puxava bruscamente os anéis”, explicou a PSP.
Bombeiros de Grândola deram conta da situação do jovem de 21 anos que teve que pagar o seu transporte Um jovem com uma profunda ferida exposta na cara teve de pagar ontem a sua deslocação para o Hospital do Litoral Alentejano, depois de ver recusado o transporte pelo INEM, segundo o comandante dos bombeiros de Grândola. Em declarações sobre o acontecimento, o comandante Ricardo Ribeiro explicou que um jovem de 21 anos entrou ontem de madrugada nos Bombeiros de Grândola a pedir auxílio, com um enorme golpe na cara, alegando ter caído enquanto andava de ‘skate’, perto do quartel. “Prestámos os primeiros cuidados de estabilização da hemorragia da vítima e pedi ao meu operador para ligar ao INEM a solicitar transporte para o hospital. No entanto, após transmitirmos os dados acerca da vítima, não foi atribuído transporte, por não ser dada autorização ao pedido [por parte do INEM]”, relatou Ricardo Ribeiro. O comandante, que considerou a situação “no mínimo caricata”, disse que, após aquela resposta, ele próprio contactou o responsável de serviço no INEM (através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes - CODU),
Polémica. “Se para o INEM o caso não era urgente, como é que era urgente para os bombeiros”, questionou Ricardo Ribeiro com a intenção de prestar “melhores esclarecimentos sobre a realidade da vítima”, mas que o serviço voltou a ser recusado. O jovem apresentava, de acordo com o comandante dos Bombeiros de Grândola, uma “ferida incisa com cerca de nove a dez centímetros de profundidade, até ao osso maxilar inferior”, e chegou com as roupas “bastante ensanguentadas” ao quartel, dada a profundidade do corte. Ricardo Ribeiro admitiu que os bombeiros devem transportar
doentes urgentes nas suas ambulâncias, mas questionou: “se para o INEM o caso não era urgente, como é que era urgente para os bombeiros?”. “Aquilo que queremos saber também é como é que o serviço de urgência pré-hospitalar funciona. Não faz sentido que uma vítima com uma ferida incisa profunda e uma hemorragia ativa não seja considerado um caso urgente para o INEM”, sublinhou. O comandante dos bombeiros adiantou ainda que a vítima foi transportada então para o hospital
do Litoral Alentejano, pagando a sua própria deslocação, num total de aproximadamente 100 euros. A assessoria de imprensa do Hospital do Litoral Alentejano confirmou que deu entrada um jovem no serviço de urgência na madrugada de ontem, residente em Sines, tendo sido assistido por um médico cirurgião e obtido alta pelas 03h00, com indicação para consulta externa. Contatado, o INEM remeteu para mais tarde uma explicação sobre o assunto.
Abrandamento do mau tempo amanhã
Chuva vai continuar a cair até domingo Chuva ou aguaceiros fortes, acompanhados por granizo e trovoadas, vão afetar o território do continente até amanhã, prevendo-se com menos intensidade até domingo. “A situação de forte instabilidade atmosférica deve-se à existência de uma depressão fria em altitude sob o território do continente e vai permanecer pelo menos até quintafeira [amanhã]. Mas, a tendência é para continuar a chover até domingo, mas de forma menos intensa”, disse o meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera Manuel João Lopes. “Estamos com aviso relativo a
Mau tempo. Chuva, granizo e trovadas até amanhã. Depois, chove até domingo, mas de maneira menos intensa
precipitação forte para o continente. Nos distritos a norte do sistema montanhoso Montejunto/Estrela o aviso é amarelo e a sul é laranja. Está também previsto, devido à instabilidade atmosférica, fenómenos extremos de vento nos distritos sul do sistema Montejunto/ Estrela”, adiantou. O meteorologista disse que para hoje a instabilidade atmosférica vai manter-se com previsão de precipitação para o território, vento forte e agitação marítima. O IPMA colocou ontem sob aviso laranja e amarelo todo o país, com exceção do grupo Oriental
(São Miguel e Santa Maria), por causa da previsão de chuva ou aguaceiros por vezes fortes, de granizo e acompanhados por trovoada, vento forte com rajadas que podem chegar aos 90 quilómetros/hora nas terras altas e agitação marítima com ondas de noroeste com 4 a 4,5 metros. Em Lisboa, Leiria, Porto, Santa Cruz das Flores, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada prevêse uma temperatura máxima de14 graus Celsius, em Faro 16, Évora, Beja e Viana do Castelo 15, Bragança 11, castelo Branco e Portalegre 12, Guarda 8 e Funchal 18.
4 | O Primeiro de Janeiro
nacional
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
PS acusa Governo de “esconder o que foi decidido” aos portugueses
Parceiros europeus já sabem dos cortes
PS. Pela voz de António Galamba, o principal partido da oposição pede ao Governo que diga toda a verdade sobre os “cortes já decididos” da zona euro, “com o resultado da discussão sobre o Documento de Orientação Estratégica e as linhas de orientação para aplicar mais cortes aos portugueses”. “O Governo decidiu, escondeu dos portugueses, mas os ministros do Eurogrupo já sabem o que foi decidido. O Governo teima nesta agenda secreta em que esconde dos portugueses os cortes que aí vêm”, sublinhou o mesmo dirigente socialista. Insistindo que os portugueses “merecem respeito”, António Ga-
lamba disse não ser admissível que por “qualquer cálculo político ou eleitoral” o executivo de maioria PSD/CDS-PP mantenha escondida a sua “agenda de cortes”. “Os portugueses não podem ser uma mera variável de ajustamento do programa”, vincou, acusando o Governo de atuar exclusivamente com os olhos postos nos credores internacionais, ignorando os números do desemprego e da pobreza. A propósito dos números do desemprego ontem divulgados
pelo Eurostat, que apontam para a manutenção em fevereiro da taxa de desemprego nos 15,3%, pelo terceiro mês consecutivo, o secretário nacional do PS ressalvou que “há dimensões” que continuam a aumentar e são motivo de preocupação dos socialistas. Além disso, acrescentou, os números agora conhecidos “sublinham mais uma vez que as opções políticas que têm sido conduzidas pelo Governo em Portugal, mas também na União Europeia, não tem sido a linha que deveria ser”.
Arménio Carlos (CGTP) e a taxa de desemprego (15,3%) em fevereiro
“Portugal não ultrapassou a crise” O secretário-geral da CGTP defende que a taxa de desemprego de 15,3% registada em Portugal no mês de fevereiro confirma que o país “não ultrapassou a crise” e que continuam a ser destruídos empregos. Falando à margem de uma concentração de trabalhadores da Portucel/Soporcel que se manifestavam junto à sede do grupo, em Lisboa, em defesa do fundo de pensões e do caderno reivindicativo para 2014, o líder da CGTP,
considerou que a taxa de desemprego de 15,3% em fevereiro confirma que o país “não ultrapassou a crise” com que tem vindo a ser confrontado e que se “está a destruir um número significativo de empregos”. O Eurostat, gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, anunciou ontem que a taxa de desemprego em Portugal se manteve nos 15,3% em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, tendo, entre os jovens, subido para os 35%.
Para Arménio Carlos, se a taxa de desemprego se manteve há que ter em conta que ela “não está dissociada” de existir “um número cada vez mais crescente de saídas do país para a emigração”. Assim, para o líder da CGTP, “as políticas que estão a ser seguidas não só não resolvem os problemas, não só não criam emprego, como estão a afastar a mão-de-obra mais qualificada do país para o estrangeiro e a deixar-nos numa posição ainda mais insustentável”.
Passos Coelho recebe partidos e parceiros
O primeiro-ministro vai receber no dia 08 e 09 de abril os partidos políticos e parceiros sociais para “analisar o processo de conclusão do programa de assistência” financeira e a “construção de uma estratégia de médio prazo”. De acordo com fonte oficial, estes encontros de Passos Coelho com os partidos com assento parlamentar e parceiros sociais “vêm na sequência do encontro que já manteve com o secretário-geral do PS”, António José Seguro, em março. As audiências têm início no dia 08 às 14h30, com o PSD, sendo recebidos no mesmo dia consecutivamente o CDS-PP, PCP, BE e partido “Os Verdes”. A UGT será o primeiro dos parceiros sociais a ser recebido pelo chefe do Governo no dia 09, seguindose a CGTP, Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e Confederação do Turismo Português (CTP).
O PS diz que o Governo teima em manter uma “agenda secreta”, exigindo que sejam revelados os cortes já decididos em Conselho de Ministros (CM) e que foram transmitidos aos parceiros europeus. “O Governo deve dizer de imediato o que ficou decidido no Conselho de Ministros de ontem [segunda-feira], o Governo tem obrigação de dizer aos portugueses o que a ministra das Finanças foi dizer aos parceiros europeus, porque é a vida dos portugueses que está em causa. O Governo tem de anunciar de uma vez por todas quais são os cortes prometidos como provisórios que quer tornar definitivos”, começou por referir o secretário nacional do PS, numa conferência de imprensa na sede do partido. Recordando que o Conselho de Ministros esteve reunido durante cinco horas na segunda-feira para discutir “os novos cortes” a aplicar, António Galamba lamentou que “do resultado da reunião nada se saiba em Portugal”. Contudo, acrescentou, agora percebe-se que a reunião do Governo tinha como objetivo permitir que a titular da pasta das Finanças fosse ontem a Atenas, onde decorreu uma reunião dos ministros das Finanças
Dias 8 e 9 de abril
Daí que a CGTP considere que “a continuação destas políticas só irá agravar os problemas e a situação com que vivem hoje as pessoas, particularmente os desempregados e aqueles que não têm qualquer tipo de proteção social e também os jovens”. “Ao contrário do que seria desejável, encontrarem emprego, neste momento, os jovens veem negado o direito ao trabalho, serem felizes e constituírem a sua família em Portugal”, concluiu Arménio Carlos.
Complementos de pensão dos militares
Maioria rejeita propostas de alteração do PCP
A maioria PSD/CDS-PP rejeitou ontem as propostas de alteração ao decreto-lei governamental em apreciação parlamentar na Comissão de Defesa Nacional sobre os complementos de pensão dos militares, que mereceu a concordância do PS em três artigos. O deputado comunista Jorge Machado fez ainda um requerimento oral para suspender a discussão e proceder a audições às diversas associações profissionais das Forças Armadas, mas os restantes grupos parlamentares discordaram da opção. Os parlamentares Joaquim Ponte (PSD) e João Rebelo (CDS-PP) afirmaram estar em condições de proceder à votação por já conhecerem as posições daquelas organizações de classe, tal como o socialista Marcos Perestrello, embora este tenha escolhido absterse face ao requerimento do PCP.
economia
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
O Primeiro de Janeiro | 5
Eurostat revela que valor se manteve nos 15,3% também em fevereiro
Taxa de desemprego está igual há três meses Já em termos de desemprego jovem, a taxa subiu em Portugal pelo segundo mês consecutivo, chegando aos 35%.
Crédito à habitação vai subir em abril
Casas mais caras As prestações do crédito à habitação que forem revistas em abril vão voltar aumentar, segundo os cálculos feitos pela Deco/Dinheiro&Direitos. Depois de um período entre final de 2011 e meados de 2013 em que o valor das prestações a pagar ao banco caiu, refletindo a queda das Euribor, nos últimos meses têm voltado a aumentar, ainda que ligeiramente. Este mês, a prestação de um empréstimo à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos indexado à Euribor a seis meses com um ‘spread’ (margem de lucro do banco) de 1% vai subir 4,77 euros em relação à data da última revisão, em outubro, para 511,01 euros. Quanto a um crédito com valor, prazo e ‘spread’ iguais, mas indexado à Euribor a três meses, a prestação vai aumentar 2,19 euros face à última revisão (em janeiro), para 503,76 euros. A média das taxas Euribor aumentou ligeiramente em março, fixando-se em 0,407% no prazo a seis meses e 0,305% a três meses. Ontem, foi revelado que o Banco de Portugal vai suspender a divulgação em tempo real de informação sobre as taxas de juro Euribor e Eonia na sua página da Internet relativa às estatísticas e no portal do cliente bancário, depois de a European Banking Federation “ter passado a cobrar esta informação”.
A taxa de desemprego em Portugal manteve-se nos 15,3% em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, tendo, entre os jovens, subido para os 35%, segundo dados ontem divulgados pelo Eurostat. Os indicadores do gabinete oficial de estatísticas da UE revelam que, após 10 meses consecutivos de queda, a taxa de desemprego em Portugal estabilizou nos 15,3% desde dezembro de 2013, ao manter-se em janeiro e em fevereiro neste valor, o quinto mais elevado da União Europeia. Todavia, na comparação homóloga, ou seja, com fevereiro de 2013, o desemprego em Portugal recuou 2,2% (pois há um ano era de 17,5%), sendo esta a terceira maior descida entre todos os Estados-membros, apenas atrás de Hungria e Letónia. Já em termos de desemprego jovem (pessoas com menos de 25 anos), a taxa subiu em Portugal pelo segundo mês consecutivo: depois de baixar para 34,3% em dezembro de 2013, aumentou para 34,6% em janeiro e para 35% em fevereiro, um dos valores mais elevados da UE e muito acima das médias da zona euro (23,5%) e do conjunto da UE (22,9), que conheceram, ambas, ligeiros recuos em fevereiro, de 0,1%, face a janeiro. Em termos homólogos, a taxa de desemprego jovem em Portugal baixou ainda assim 5 pontos percentuais, pois em fevereiro do ano passado alcançara os 40,6%. Em termos globais, a taxa de desemprego também se manteve estável na zona euro, ao fixar-se nos 11,9% em fevereiro, um valor inalterado desde outubro de 2013, enquanto no conjunto da UE a 28 conheceu um ligeiro recuo, de uma décima, ao baixar de 10,7% em janeiro para 10,6%. “Moderadamente otimista”
O CDS-PP disse encarar de forma “moderadamente otimista” a manutenção do desemprego em 15,3% em fevereiro, ressalvando que mantém a “preocupação”, mas assinalando que, tendo em conta o desemprego
na Grécia ou em Espanha, são “números animadores”. “Poderíamos dizer de forma moderadamente otimista que o desemprego se manteve no mês de fevereiro, mas o facto é que o desemprego continua muito alto. Embora, em comparação com aquilo que é taxa de desemprego em países como Grécia e Espanha, são números animadores”, afirmou o deputado do CDS-PP Artur Rego. O deputado sublinhou que o CDS “mantém a preocupação”, já que 15,3% são “muitas famílias com desempregados e muitas famílias a passar dificuldades”. “O Governo tem que perseguir políticas de criação de emprego. É preciso haver investimento, e para haver investimento é preciso existir confiança dos investidores, que só existe se Portugal cumprir as metas a que se propôs”, argumentou. Confrontado com o desemprego jovem, que aumentou para 35%, Artur Rego afirmou que “permanece muito alto, embora mais baixo que o ano passado” e que este é “um problema de toda a Europa”.”Há muito caminho a percorrer, mas estamos a percorre-lo”, afirmou. Políticas erradas
Desemprego. A taxa em Portugal manteve-se nos 15,3% em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, tendo, entre os jovens, subido para os 35%
Valorizou 1,97%
Bolsa de Lisboa cresce pela sexta sessão seguida
O PSI20 fechou, ontem, em alta pela sexta sessão consecutiva, ao subir 1,67%, impulsionado pela banca e com o BES a avançar mais de 6%. Entre os 20 títulos que constituem o principal índice da bolsa portuguesa, 16 valorizaram e quatro perderam. O BES destacou-se ao subir 6,40% para 1,45 euros, seguido da Impresa e da Sonae, a avançarem 5,79% e 4,03%
para 1,90 e 1,42 euros, respetivamente. Ainda no «verde» fecharam o BPI e o BCP, que avançaram mais de 3%. Por outro lado, os juros da dívida soberana de Portugal estavam a descer em todos os prazos, mas em níveis acima dos mínimos dos últimos quatro anos atingidos na sexta-feira. Às 08h50 de ontem, os juros a dez anos estavam a 4,066%, abaixo dos 4,073% do encerramento de segunda-feira, mas acima dos 4,041% atingidos na sexta-feira, um mínimo desde janeiro de 2010.
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou, por seu turno, que a taxa de desemprego de 15,3% registada em Portugal no mês de fevereiro confirma que o País “não ultrapassou a crise” e que continuam a ser destruídos empregos. Para Arménio Carlos, se a taxa de desemprego se manteve há que ter em conta que ela “não está dissociada” de existir “um número cada vez mais crescente de saídas do país para a emigração”. Assim, para o líder da CGTP, “as políticas que estão a ser seguidas não só não resolvem os problemas, não só não criam emprego, como estão a afastar a mão-deobra mais qualificada do País para o estrangeiro e a deixar-nos numa posição ainda mais insustentável”. Daí que a CGTP considere que “a continuação destas políticas só irá agravar os problemas e a situação com que vivem hoje as pessoas, particularmente os desempregados e aqueles que não têm qualquer tipo de proteção social e também os jovens”.
futebol
6 | O Norte Desportivo
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
Prova arranca amanhã com uma superespecial de 3,27 quilómetros nos Jerónimos
Ogier superfavorito no 48.º Rali de Portugal DR
Naquela que pode ser a última edição a sul, Rali de Portugal recebe mais de 80 carros, 15 dos quais do Campeonato do Mundo.
Citroen causa espetativas
Já a Hyundai (do vice-campeão mundial, o belga Thierry Neuville) inscreveu três carros no Rali, sobretudo para obter dados em prova acerca do funcionamento do i20 WRC, um carro que a marca sul-coreana acredita poder desenvolver para ser competitivo em 2015. Quanto à Citroen, histórica dos ralis e dominadora na última década, tem no norueguês Mads Ostberg e no britânico Kris Meeke pilotos candidatos a um “brilharete” na terra portuguesa. O próprio Ogier considerou que a marca francesa será perigosa: “A Citroen ainda tem um nível alto de rendimento. Foi a equipa que dominou os últimos 10 anos e não pode ter perdido tudo agora. Tenho a certeza de que a equipa e o carro ainda são bons”. “Ao Mads e ao Kris não lhes falta velocidade, por isso, teremos de manter um olho neles. Eles conseguem ser muito rápidos em alguns ralis, mas falta-lhes alguma experiência no WRC. Se evitarem cometer erros, poderão estar na luta pelos lugares cimeiros”, explicou o piloto da Volkswagen.
O Rali de Portugal arranca, amanhã, para uma edição que pode marcar o adeus ao sul do país e com um piloto apontado por todos como superfavorito: o francês Sebastien Ogier (Volkswagen). A 48.ª edição do Rali de Portugal é também a décima consecutiva no sul e a organização, o Automóvel Clube de Portugal, pondera um regresso da prova às míticas etapas do norte. Com o presidente do ACP, Carlos Barbosa, a admitir uma decisão para breve e com o campeão do Mundo de pilotos, o francês Sebastien Ogier, a assumir que um Rali de Portugal nortenho “seria espetacular” devido à maior presença de adeptos, esta poderá mesmo ser última edição do Rali em terras algarvias. “Maior piloto da atualidade”
Para esta edição do Rali de Portugal estão inscritos mais de 80 carros, 15 dos quais do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC), além dos principais pilotos portugueses - o campeão nacional Ricardo Moura, o atual líder do campeonato Pedro Meireles, Bernardo Sousa e Rui Madeira -, já que a primeira etapa é pontuável para o Campeonato Nacional de Ralis. O francês Sebastien Ogier surge no Rali de Portugal como campeão em título, como líder do campeonato (63 pontos, mais três do que o colega de equipa na Volkswagen, JariMatti Latvala) e com o estatuto de superfavorito. “O Ogier é o maior piloto da atualidade, tem o melhor carro e, por isso, será concerteza o favorito”, considera o líder do campeonato nacional, Pedro Meireles. O próprio francês assume que está em Portugal para ganhar pela quarta vez (repetindo os triunfos de 2010, 2011 e do ano passado), e, para “abrir as hostilidades”, venceu no passado fim de semana o Fafe Rally Sprint, provando uma vez mais que o Polo-R é o melhor carro do pelotão.
Belém é ponto de partida
Rali de Portugal. Primeiro momento de competição é superespecial de 3,27 quilómetros na tarde de amanhã, com início no Mosteiro dos Jerónimos
Após os assobios
Ronaldo “tranquilo” para jogo da «Champions»
O treinador do Real Madrid assegura que Cristiano Ronaldo já esqueceu os assobios no jogo com o Rayo Vallecano e que este está tranquilo para o jogo de hoje, contra o Borussia Dortmund. “A explicação aos assobios foi por não ter passado a bola a um colega para marcar golo. Não foi por outra coisa”, frisou Carlo Ancelotti, na conferência de antevisão ao encontro da primeira
mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. Ancelotti confirmou que vai manter a tática para o jogo com os alemães, com a entrada de Fábio Coentrão em troca do lesionado Marcelo, rejeitando que Gareth Bale pudesse atuar a defesa esquerdo, e salientou que toda a equipa está motivada. “[A equipa] está pronta para dar 100 por cento na eliminatória”, acrescentou. Ancelotti deixou ainda elogios à equipa de Jurguen Klopp, que, na edição passada, foi o carrasco do Real Madrid, nas meias-finais da prova.
O primeiro momento de competição do Rali é uma superespecial de 3,27 quilómetros na tarde de amanhã com o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, como pano de fundo. Seguem-se três dias de corrida em 15 troços de terra no Algarve e Baixo Alentejo, num total de mais de 336 quilómetros cronometrados em localidades como Silves, Ourique, Almodôvar, Santa Clara, Santana da Serra, Malhão, Loulé e São Brás de Alportel. O piloto português Pedro Meireles (Skoda S2000) acredita que vai manter a liderança do Campeonato Nacional após o Rali de Portugal, mas adverte que terminar é “fundamental”. “Como líder do Campeonato Nacional de Ralis (CNR) vou querer manter essa posição e penso que, se nada de especial acontecer e terminar o Rali de Portugal, manterei”, assumiu. O piloto de Guimarães lidera o CNR com 52 pontos (mais 25 do que Adruzilo Lopes e mais 30,5 pontos do que o atual campeão Ricardo Moura), graças a vitórias no Rali Serras de Fafe e no Rali de Guimarães.
Assessor para a área internacional do SLB
Nuno Gomes regressa O ex-futebolista Nuno Gomes está de regresso ao Benfica, na qualidade de assessor de Luís Filipe Vieira para a área internacional, divulgou, ontem, o clube da Luz, através da sua página oficial na Internet. O antigo avançado, que esteve 12 épocas no Benfica, com uma interrupção de duas ao serviço dos italianos da Fiorentina, regressa ao clube no qual esteve mais tempo na sua carreira, depois de contratado em 1997 ao Boavista. Em entrevista à Benfica TV, Nuno Gomes explicou que vai ser “a cara” do clube “encarnado” a nível externo. “Vou ajudar o presidente [Luís Filipe Vieira] na área internacional. Portanto vou ter a função de relações internacionais. Vou também estreitar mais relações com os clubes europeus e com os outros clubes espalhados por esse mundo fora”, disse o antigo internacional. A nova “vida” de Nuno Gomes começa com a viagem do Benfica à Holanda. “Vou estrear-me nas novas funções já amanhã [hoje], na Holanda”, anunciou. Amanhã, o Benfica joga com os holandeses do AZ Alkmaar a primeira mão dos quartos de final da Liga Europa, prova que perderam o ano passado para o Chelsea.
Quarta-feira, 2 de Abril de 2014
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O Primeiro de Janeiro | 7
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PALAVRAS Dizem que aquilo que mais temos parecido com a magia são as palavras. Na realidade, há palavras que se proferidas no momento exato e nas circunstâncias certas são autêntica magia. São palavras mágicas porque tanto podem servir para abrir portas como para abrir corações. As palaGustavo Pires* vras têm poder, quer dizer, são poderosas, não em quantidade mas em qualidade. Não ao longo do tempo mas no momento exato. Não com qualquer entoação mas com a inflexão ajustada à situação. Não com uma sonoridade elevada mas com aquela musicalidade própria do acontecimento. Porque com as palavras fazemos rir e fazemos chorar. Transmitimos esperança como transmitimos desespero. Com elas podemos fazer surgir os sentimentos mais profundos da condição humana, bem como aquilo que de pior ela tem. Com elas expressamos e fazemos despertar sentimentos de alegria, de rancor, de desilusão, de paixão e tantos outros que brotam da nossa humanidade. Com as palavras, quer elas sejam grandes, quer pequenas, transmitimos ideias e projetos que até podem fazer acontecer um futuro diferente. Mas com as palavras também recordamos, pessoas, amizades e acontecimentos. As palavras são tudo na nossa vida, contudo, estamos em crer que se está a dar pouca importância às palavras. A palavra certa na hora exata faz mover montanhas, desencadear a guerra ou promover a paz, no entanto, cada vez estamos a dar menos importância às palavras. Quer dizer, a palavra dada cada vez é menos merecedora de consideração. Todavia, a palavra dada ontem tem de ser a mesma de hoje e igual à de amanhã. O respeito pela palavra é o bem mais precioso da democracia. Quer dizer que não há democracia sem palavras, justas, sérias, nobres e confiáveis. As palavras têm de ser sérias e confiáveis. Têm de expressar um sentimento genuíno que traduza com veracidade aquilo que vai na alma de quem as produz. Sem palavras confiáveis não há democracia que resista. As palavras na boca das pessoas têm de ser sérias e, por isso, confiáveis. Porque, quando as palavras proferidas não são confiáveis é na democracia que se deixa de confiar. E os portugueses estão a deixar de confiar na democracia porque cada vez mais estão a desconfiar da palavra dada. E estas palavras, diz o povo, leva-as o vento. Mas uma democracia cujas palavras são levadas pelo vento é uma democracia na qual não se pode confiar. Por isso, numa democracia, a última coisa que pode acontecer às palavras é serem levadas pelo vento. Porque, quando as palavras são levadas pelo vento, invariavelmente, fica-se com uma dura realidade para a qual não há palavras que a possam descrever. As palavras em Portugal estão a ser levadas pelo vento.
Relatório Anual de Segurança Interna de 2013
Contabilizadas 2859 ações de protesto O número de manifestações realizadas em Portugal diminuiu quase seis por cento em 2013, ano em que as forças de segurança contabilizaram 2859 ações de protesto, menos 153 do que em 2012. Quanto aos incêndios, este tipo de crime levou à detenção de 130 pessoas, em 2013, mais 34 que no ano anterior. O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2013 indica que a GNR e a PSP efetuaram 2859 operações policiais para assegurar o regular exercício de direito de reunião e manifestação. Apesar de não ter comparação com o ano anterior, o RASI de 2012 dava conta da realização de 3012 manifestações em Portugal nesse ano, significando uma redução de cerca de seis por cento do número de protestos em 2013. Segundo o documento, o efetivo policial empenhado na segurança dos intervenientes, regularização do trânsito, prevenção geral e manutenção da ordem pública ascendeu a 31 257 em 2013. Apesar do número de manifestações ter diminuído, os efetivos policiais envolvidos no policiamento dos protestos quase que duplicou em 2013 face a 2012, passando dos 16 672 para os 31 257. No capítulo “análise das principais ameaças à segurança interna”, o RASI refere que, 2013, foi marcado por “uma redução significativa do número de intervenções radicais dos grupos anticapitalistas autónomos e anarquistas, no contexto das manifestações da austeridade”. “A violência induzida por estes grupos nas manifestações de 2012 não teve sequência, ao contrário do que seria expectável”, lê-se no relatório, acrescentando que “o menor número de manifestações de massas realizadas” em 2013 e “a recusa pontual dos próprios grupos que aderiram a ações de protesto com lideranças políticas ou sindicais bem definidas restringiu-lhes as oportunidades para infiltrarem os movimentos de contestação e criarem focos de insurreição”. Segundo o RASI, os grupos anticapitalistas autónomos e anarquistas “continuam a não ter capacidade para concretizar os seus objetivos revolucionários”.
CRIMES DE INCÊNDIO
No que se refere aos incêndios, este tipo de crimes levou à detenção de 130 pessoas, em 2013, mais 34 que no ano anterior, tendo 48 ficado em prisão preventiva, enquanto 180 foram constituídas arguidas, indica ainda o RASI. O Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra incêndios registou, por outro lado, no ano passado, 8456 autos de crime de incêndio, pelos quais foram detidas 47 pessoas. Segundo o RASI, foram registadas 23 801 ocorrências de incêndios florestais, das quais resultaram 159 758 hectares de área ardida. Dados do sistema de Gestão de Informação sobre fogos Florestais (SGUF) mostram que ardeu mais 25 por cento de área do que em 2012 (118 954 hectares). Quanto às ocorrências criminais, estas registaram uma ligeira diminuição de 0,4 por cento. Em 2013, foram registadas 9295 participações por incêndios e fogo posto em floresta, mata, arvoredo e seara, isto é, menos 38 ocorrências. Os distritos de Braga, Porto e Viana do Castelo foram os mais fustigados pelos incêndios. A época mais crítica em incêndios florestais, que vai decorrer entre 01 de julho e 30 de setembro, vai este ano contar com 2220 equipas das dife-
rentes forças envolvidas, 9697 elementos, 2027 veículos e 49 meios aéreos.
ESCOLA SEGURA
As denúncias de crimes e problemas nas escolas e imediações aumentaram 11%, atingindo 6353 participações no passado ano letivo, revela ainda o RASI, que refere casos de violência, roubo e uso de arma. Mais de metade das queixas feitas aos agentes do Programa “Escola Segura”, no ano letivo de 2012/2013, partiram das escolas de Lisboa e do Porto. No total, foram registadas 6353 ocorrências, um problema que afeta com maior intensidade os grandes centros urbanos: os agentes receberam 2595 queixas de escolas do distrito de Lisboa, 1143 do Porto, 460 participações de Setúbal e 408 de Aveiro. A grande maioria das queixas (4489) foi de natureza criminal e aconteceu dentro das escolas, segundo o relatório que indica que duas em cada três participações referiam-se a crimes registados dentro dos estabelecimentos de ensino, uma situação que já se vinha verificando no ano anterior. Os principais problemas detetados dentro dos muros da escola foram os casos de ofensa à integridade física, que motivou 292 participações, e o furto, que levou a outras 256 queixas. Já no final da lista das ocorrências de natureza criminal aparecem 26 participações por posse e uso de arma e sete situações de ameaça de bomba. O documento analisa também as situações ocorridas fora das escolas: o número de ocorrências também aumentou em relação ao ano anterior, passando de 1401 casos denunciados em 2011/2012 para 1490. A principal situação registada no perímetro envolvente ao estabelecimento de ensino foi a ofensa à integridade física, que motivou 50 queixas. Já no percurso casa-escola, os casos de ofensa à integridade física motivaram 31 queixas e as participações relacionadas com ofensas sexuais outras 17 denúncias. Comparando com o ano anterior, as participações aumentaram 11.04% no total e 7,11% no que toca apenas a ocorrências de natureza criminal (passou de 4191 para 4489).
NARCOTRÁFICO O RASI indica ainda que, em 2013, Portugal manteve-se como “plataforma potencial” de introdução na Europa de cocaína e haxixe, apesar da quantidade de droga apreendida ter diminuído face a 2012. Segundo o mesmo documento, em 2013 foram apreendidos 8685 quilogramas de haxixe, 2445 quilogramas de cocaína, 55 quilogramas de heroína e 14 633 unidades de ecstasy, tendo sido detidas 4310 pessoas. Juntamente com a operação anti-droga, foram apreendidas diversos bens e valores, designadamente 192 armas, 317 balanças, quatro barcos, 24 motociclos, 2793 telemóveis, oito ciclomotores, dois velocípedes, 381 viaturas, uma viatura mista, 1,36 milhões de euros (1 366 857) e 2,2 milhões de euros (2 2020 942), em divisa estrangeira. Quanto ao número de apreensões efetuadas, o haxixe contabilizou 3046, a cocaína 1091, a heroína 781 e o ecstasy 81. No domínio do tráfico de estupefacientes, o RASI sublinha que Portugal, pela sua orientação atlântica e centralidade geoestratégica, tem um estatuto de relevo nos corredores marítimos e aéreos da droga, com ênfase nas rotas que ligam a Europa à África e à América do Sul, onde países como Colômbia, Brasil, Venezuela e Equador são pontos de partida da cocaína. Em relação à cocaína, o relatório refere que os meios marítimos continuam a ser os mais utilizados para o transporte de “quantidades bastante significativas”, ora utilizando as embarcações de recreio, ora utilizando contentores, com a captação do comércio internacional. O haxixe – adianta o relatório – é essencialmente transportado por via marítima e introduzido em território continental com recurso a desembarques efetuados na costa, seguindo poste-
riormente por via terrestre para outros destinos. Quanto à heroína e ecstasy, estas drogas detetadas em Portugal e provenientes do estrangeiro resultam, sobretudo, de dinâmicas negociais intensas que envolvem países como a Espanha e a Holanda, sendo a droga transportada quer por via terrestre, quer por via aérea. Pelo seu posicionamento estratégico, seja por via marítima, aérea ou terrestre – Portugal assume, segundo o RASI, “particular relevância no tráfico de estupefacientes, constituindo isso uma “responsabilidade acrescida” para a arquitetura preventiva e repressiva do narcotráfico.
EXPLORAÇÃO LABORAL
Mais de 60% dos casos de exploração laboral registados em 2013 pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras foram identificados no Alentejo, com 119 casos encontrados no distrito de Beja. De acordo com o SEF, no distrito de Beja foram encontrados 119 casos de exploração laboral, mais concretamente nos municípios de Ferreira do Alentejo (72), Beja (32) e Serpa (15), sinalizações associadas principalmente à exploração laboral na agricultura. No RASI agora divulgado consta mesmo o caso de uma operação de inspeção e fiscalização a uma herdade agrícola na zona de Beja, onde foram identificados 29 cidadãos romenos vítimas de exploração laboral. “Foi possível apurar que os documentos de identificação destes cidadãos haviam sido retirados pela entidade patronal, que viviam em condições precárias e de elevada insalubridade”, lê-se no relatório. Conta ainda que “as vítimas foram mantidas em regime de subjugação com base numa falta de meios decorrente da ausência de pagamento e da servidão das dívidas que entretanto foram contraindo para obterem bens alimentares (vendidos a preços inflacionados pelos exploradores)”. Os 119 casos de exploração laboral identificados no Alentejo constituem mais de 60% do total de 198 vítimas identificadas em 2013 pelo SEF. Por outro lado, as 198 vítimas de exploração laboral são elas próprias a maioria (66,2%) dos 299 casos identificados em Portugal de presumíveis vítimas de tráfico de seres humanos. De acordo com os dados do RASI, o SEF sinalizou em 2013 308 presumíveis vítimas de tráfico de seres humanos, 299 das quais em Portugal e nove portugueses identificados no estrangeiro. De acordo com SEF, durante o ano passado houve um aumento de 146% em relação ao número de pessoas sinalizadas, já que em 2012 foram 125 e em 2013 um total de 308. Também em relação às presumíveis vítimas de tráfico de seres humanos identificadas em Portugal há um aumento exponencial, passando de 81 em 2012 para 299 o ano passado, o que representa um crescimento de 269%. Já em relação aos portugueses identificados no estrangeiro, o número diminuiu bastante, já que em 2013 foram nove depois de no ano anterior terem sido 44, uma quebra de 80%. “O forte acréscimo de sinalizações em Portugal está associado a 198 sinalizações de tráficos para fins de exploração laboral, em que se incluem 185 sinalizações na agricultura, maioritariamente na região do Alentejo na apanha da azeitona (tráfico de migrantes sazonais)”, diz o SEF. No que diz respeito à imigração ilegal, o RASI mostra que os casos têm diminuído nos últimos anos, “em parte devido à plena adesão dos países do leste europeu, fazendo assim com que os cidadãos oriundos daquela zona fiquem de fora desta realidade”. Em termos de vítimas, o SEF disse ter identificado o ano passado 162, cujas nacionalidades se dividem entre portuguesas (63), brasileiras (38), romenas (31), nigerianas (17) e da Guiné-Conacri (5). Já em matéria de criminalidade associada à imigração ilegal, o SEF destaca os crimes conexos de falsificação de documentos (140), auxílio à imigração ilegal (48), casamento de conveniência (39), violação de interdição de entrada (15), tráfico de pessoas (6) e lenocínio (4).