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Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

DIÁRIO NACIONAL

Ano CXLVI | N.º 45

Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2014

CHRISTIE’S CANCELA LEILÃO DE QUADROS

DE MIRÓ POR QUESTÕES JUDICIAIS

VENDA ! L EG A L

n A leiloeira Christie’s decidiu cancelar a venda dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do ex-BPN. A leiloeira diz que o cancelamento resulta “da disputa nos tribunais portugueses”, na qual “não é parte interessada”. A oposição aplaudiu de imediato a decisão, enquanto o PSD fala em “baixa política”...

STCP

Administração pretende manter a exlusividade na cidade do Porto

FUNDOS

Acordo de parceria é “um sinal de esperança para a região norte”

SINTRA

Tribunal condena jovem de Massamá a dois anos e meio de internamento


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2014

Presidente da administração da STCP revela no parlamento

Câmara do Porto

Aumento de rendas em bairros da cidade preocupa

Empresa quer manter exclusividade no Porto

A Câmara do Porto aprovou manifestar preocupação junto do Ministério do Ambiente e do presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) com o aumento das rendas em bairros da cidade. A proposta foi apresentada pelo vereador da CDU na Câmara do Porto, Pedro Carvalho, e contou com a abstenção dos três vereadores do PSD. A moção refere que os moradores dos oito bairros que o IHRU tem na cidade receberam em janeiro cartas com o valor dos aumentos e seu escalonamento no tempo, adiantando que “muitos dos aumentos verificados são de grandeza superior” ao valor médio da renda anunciada, que passa “em termos médios dos 27,5 euros mensais para 67 euros”. A preocupação da câmara prende-se com “o impacto social do aumento das rendas nos bairros do IHRU, num contexto continuado de agravamento da situação social e de redução do rendimento disponível às famílias, com particular incidência na cidade do Porto”.a vida das populações”.

O presidente da administração da STCP revelou no parlamento que o futuro da empresa pode passar por manter a exclusividade na operação rodoviária do Porto e ganhá-la nos grandes corredores de acesso à cidade. Afirmando que a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) está, “pelo menos, há 40 anos em reestruturação” e que há que “estancar isto”, João Velez de Carvalho disse que tem estado a estudar a reestruturação da rede da STCP com a tutela (Ministério da Economia), a Câmara do Porto, a junta metropolitana e a Autoridade Metropolitana de Transportes. “Estamos a analisar a possibilidade de a STCP manter o exclusivo da cidade do Porto. Ninguém entra na cidade do Porto. E a STCP escolhia um conjunto de grandes corredores da entrada da cidade, que também seriam um exclusivo”, disse o responsável aos deputados da Comissão de Economia e Obras Públicas, onde foi ontem ouvido. “Em troca, a STCP abandona todas as linhas que faz transversalmente fora da cidade”, acrescentou.

STCP. A sociedade de transportes quer manter a exclusividade na cidade do Porto Para o presidente daquela empresa pública de transportes, esta é a “solução melhor para a cidade do Porto”. O presidente criticou ainda o “desrespeito pelo exclusivo da STCP no Porto” por parte de outras empresas, afirmando que nem a polícia, nem a autoridade metropolitana conseguem impedir outros operadores de trabalharem ilegalmente dentro da cidade. João Velez de Carvalho frisou aos deputados que o cenário de concessão da empresa a privados é uma realidade e é para isso que está a trabalhar. “Há um Plano Es-

tratégico de Transportes que propõe para ambas [STCP e Metro do Porto] a reestruturação, a fusão e a abertura da STCP à iniciativa privada. Quando chegámos à empresa foi essa missão que aceitámos fazer”, afirmou. Além disso, o presidente do conselho de administração lembrou aos deputados que há uma legislação europeia que prevê que “até 2019 toda a mobilidade terá de ser aberta à concorrência”. Quanto à quebra de passageiros na STCP, o responsável admitiu que entre 2002 e 2013 a procura diminuiu 40% e, no mesmo

período, a oferta diminuiu 25%. “Pela primeira vez, estimamos para 2014 um aumento da procura e aumentámos ligeiramente a oferta”, indicou. Para João Velez de Carvalho, a anunciada intenção do Governo em acabar com o passe monomodal da STCP em 2012 prejudicou a empresa, que registou no início de 2013 uma quebra de 7% de passageiros. Questionado sobre o alegado pouco número de motoristas na STCP, o responsável admitiu que são insuficientes, mas que o problema está a ser resolvido.

Executivo da Câmara do Porto com reunião extraordinária

Analisar proposta de acordo para os fundos O executivo da Câmara do Porto vai reunir-se extraordinariamente para discutir e analisar a proposta do Acordo de Parceria sobre os fundos comunitários até 2020, apresentada pelo Governo em Bruxelas. A proposta foi feita pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, que defendeu ser necessário o executivo municipal discutir, ou em reunião extraordinária ou no período antes da ordem do dia, a temática, designadamente a questão da “natureza dos investimentos que vão ser realizados” no âmbito do próximo pacote de fundos comunitários. Pedro Carvalho levou à reunião uma proposta de moção sobre o assunto, mas acabou por retirá-la tendo em conta que “o presidente da Câmara

disse que não se sentia preparado para votar uma moção sem lhe ter sido dada informação cabal sobre o acordo de parceria” que o Governo apresentou em Bruxelas e que o documento seria chumbado. No final do encontro, o gabinete de comunicação da Câmara do Porto distribuiu aos jornalistas um comunicado em que afirma que o autarca Rui Moreira “está a analisar os documentos entregues em Bruxelas pelo Estado” e que reafirmou ao executivo “a sua grande preocupação sobre esta matéria, revelando que tomará posição fundamentada nos próximos dias sobre o que considera ser um prejuízo objetivo para o Porto e para a região”. O comunista adiantou também

que “o município está a fazer um estudo sobre a questão dos investimentos” a fazer no âmbito do quadro comunitário 2014-2020, que poderá ser dado a conhecer nessa reunião extraordinária. Pedro Carvalho salientou que, “mais do que a questão do centralismo que existe, não só o de Lisboa mas também o de Bruxelas”, está preocupado com “a natureza dos investimentos que vão ser realizados”. “Os objetivos que estão traçados nos eixos deixam de fora investimentos essenciais para a região, não correspondem a um plano de desenvolvimento regional”, disse Pedro Carvalho. O vereador salientou ainda que, “mesmo os aumentos de que se falam

têm a ver com uma nova repartição do quadro comunitário, onde os programas regionais têm maior peso, mas a repartição temática não está incluída”. O comunista lamentou que, depois da aplicação de dois quadros comunitários, “hoje a região norte face a 2005 está muito pior”, considerando que o Grande Porto e o Norte “têm vindo a perder peso do ponto de vista económico”. O comunista disse ainda que “não estão a ser assegurados” investimentos em “áreas estratégicas” como a reabilitação urbana, a preservação do património cultural, onde o Bolhão está incluído, e infraestruturas de transportes e plataformas logísticas.

Oposição critica cortes na cultura

Os vereadores do PSD e da CDU na Câmara do Porto criticam os cortes na cultura, considerando que a anunciada aposta do presidente da autarquia Rui Moreira nesta área “ficou pelo caminho” e “é falsa”. “Para aqueles que teriam expectativa ou aqueles que ainda acreditariam que vai haver um aumento na área da cultura, isso é estritamente falso”, afirmou aos jornalistas o vereador da CDU, Pedro Carvalho, no final da reunião privada do executivo. Em causa esteve a votação do protocolo de colaboração com o Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, que prevê a comparticipação nas despesas do festival até ao montante de 24,3 mil euros (em 2003 foram 25 mil), que contou com a abstenção de dois dos vereadores da maioria de independentes e socialistas. “Esse protocolo já tem este sinal”, sustentou Pedro Carvalho, adiantando que o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, justificou o corte de 2,5% face ao ano anterior com a necessidade de que “não há dinheiro e temos todos de fazer um esforço de contenção, e dentro desse esforço todas as áreas da câmara têm de contrair, incluindo a cultura”.


regiões

Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

Hospitais do Norte sem vaga para receber jovem de Chaves com neurotrauma

Inquérito instaurado Ao Palácio da Ajuda

PSP investiga tentativa de assalto

A Polícia de Segurança Pública está a investigar uma tentativa de assalto no Palácio da Ajuda, em Lisboa, na madrugada de segunda-feira. Segundo revelou, ontem, fonta daquela força de segurança, a PSP foi chamada ao Palácio da Ajuda às 09h25 de segunda-feira para tomar conta da ocorrência. “De manhã, às 07h15, verificou-se que a janela e a porta exteriores da DireçãoGeral do Património tinham sido arrombadas, bem como a dos recursos humanos”, adiantou, frisando: “não foi detetada a falta de nada, mas a investigação vai prosseguir.”

Retirados de uma casa

Mais de cem cães e gatos resgatados

Mais de uma centena de cães e dezenas de gatos foram, ontem, oje retirados de uma vivenda em Palmela, depois de denúncias de vizinhos devido ao mau cheiro. “Era uma vivenda que tinha vários cães e gatos. As pessoas fizeram denúncias, algumas para a Câmara de Palmela”, explicou fonte da GNR, revelando que a moradora recolhia os animais da rua, que se encontravam nas várias divisões da habitação e no exterior, num quintal que a casa tem. “No local o cheiro era muito intenso, devido à presença de todos os animais”, disse.

“Sentimos que tivemos aqui um tratamento completamente diverso dos cidadãos do resto do País”, diz autarca local. O presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, anunciou, ontem, que vai pedir explicações ao Ministério da Saúde sobre a indisponibilidade dos hospitais do Norte em receber um jovem acidentado com neurotrauma. “É absolutamente incompreensível que os nossos hospitais de referência a nível Norte não tenham condições para receber todos os doentes e todas as situação de emergência. Isto não tem compreensão”, afirmou. Um jovem de 20 anos, que sofreu um neurotrauma num acidente de viação no sábado, em Chaves, foi internado no Hospital Santa Maria, em Lisboa, devido ao hospital da cidade transmontana não ter a especialidade e não haver vagas nos hospitais da região Norte. O jovem saiu de Chaves cerca das 06h00, depois de três horas de espera, fez cerca de 400 quilómetros até Torres Novas de ambulância onde, depois de pedido médico dado o agravamento do seu estado de saúde, seguiu até Lisboa de helicóptero, onde permanece internado em coma induzido. António Cabeleira disse que

Chaves. Jovem foi transferido de Chaves para Lisboa, passando por Torres Novas, onde permanece em coma induzido os transmontanos e, em particular, os cidadãos do Alto Tâmega, se sentem “ultrajados”. “Sentimos que tivemos aqui um tratamento completamente diverso dos cidadãos do resto do País e explico porquê. Se o acidente tivesse acontecido na cidade do Porto, a vítima teria sido encaminhada para um dos hospitais do Porto - ou Santo António ou São João, conforme área de influência”, realçou. O autarca compreende que o helicóptero, num dia de inverno com céu fechado, não tives-

se condições de segurança para vir buscar o doente a Chaves, mas não entende que nenhuma unidade de neurocirurgia do Norte não tivesse vagas. “Somos cidadãos de pleno direito e queremos ser tratados como tal, o País precisa de poupar dinheiro, mas que poupe em tudo menos na saúde e educação”, sublinhou. O presidente da Câmara lembrou que Chaves está na raia e na União Europeia, por isso, sugeriu que coloquem os hospitais galegos ao serviço dos cidadãos. Em reacção, a Administração Re-

gional de Saúde do Norte (ARSNorte) revelou que vai instaurar um inquérito para “apurar o contexto em que os factos divulgados efetivamente ocorreram e se dessem início a todas as diligências necessárias para garantir a sua instrução e celeridade”. O Centro Hospitalar de Trásos-Montes e Alto Douro (CHTMAD), onde está integrado o Hospital de Chaves, assegurou que contactou “todos” os hospitais do Norte para internar o doente numa unidade próxima, mas não houve essa disponibilidade.

Chuva, vento, neve e agitação marítima

Mau tempo continua até sexta feira A chuva forte, o vento, a queda de neve e a agitação marítima vão afetar Portugal continental até sexta-feira devido à passagem de superfícies frontais, revelou, ontem, o meteorologista Manuel João Lopes. O meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explicou que estão previstos até às 19h34 de sexta-feira episódios de precipitação, vento, agitação marítima e queda de neve devido a uma forte corrente de oeste no Atlântico norte e a passagem de superfícies frontais. “Para os próximos dias, temos

Mau tempo. Todos os distritos do continente vão estar até amanhã sob aviso laranja e amarelo

uma alternância entre situações em que há um agravamento do estado do tempo devido à aproximação de superfícies frontais. Este agravamento reflete-se em termos da quantidade de precipitação, de vento, queda de neve e de agitação marítima”, referiu. Todos os distritos do continente vão estar até amanhã sob aviso laranja e amarelo por causa da agitação marítima, chuva, neve e vento. De acordo com o IPMA, está prevista uma altura significativa das ondas na costa ocidental, entre cinco e sete metros, podendo atingir alturas máximas

de entre oito e dez metros. O IPMA colocou também sob aviso amarelo, o segundo menos grave de uma escala de quatro, até ao final do dia de amanhã todos os distritos do continente por causa da chuva forte e persistente, do vento forte (que podem atingir os 100 quilómetros/hora nas terras altas) e da queda de neve acima de 600/800 metros. Também a Madeira está sob aviso amarelo por causa da agitação marítima, prevendo-se ondas de noroeste com 4 a 5 metros entre as 12h00 de hoje e as 06h00 de amanhã.


nacional

4 | O Primeiro de Janeiro

Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2014

Christie’s cancela leilão das obras de Miró

Passos Coelho

“Não podemos fazer a venda de forma segura” A leiloeira Christie’s decidiu cancelar a venda dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do exBPN. A leiloeira diz que o cancelamento resulta “da disputa nos tribunais portugueses”, na qual “não é parte interessada”. “Apesar de a providência cautelar não ter sido aprovada, as incertezas jurídicas criadas por esta disputa em curso significam que não podemos oferecer as obras para venda de forma segura”, refere ainda o comunicado emitido pela leiloeira britânica. “Nós temos a responsabilidade, perante os nossos compradores”, de garantir “que a propriedade pode ser transferida sem problemas” de qualquer ordem, acrescenta o comunicado da Christie’s. “Porque a decisão do tribunal põe em questão, nesta altura”, a segurança dessa transferência, “a Christie’s decidiu retirar as obras de leilão”. “Esperamos que as partes nesta disputa possam resolver o seu diferendo em tempo útil”, conclui a Christie’s. Entretanto, a leiloeira Christie’s não se pronuncia sobre as consequências do cancelamento do leilão dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do ex-BPN. Questionada sobre uma eventual indemnização pela não realização da venda, a leiloeira disse: “Os termos do contrato são

OBRAS DE MIRÓ. A famosa leiloeira britânica não quis arriscar e decidiu cancelar a venda uma matéria que só diz respeito a nós e ao vendedor”. Também não adiantou informação sobre o destino dos quadros, como um eventual regresso a Portugal ou a sua manutenção em Londres. O leilão, que deveria decorrer ontem e hoje, foi cancelado no dia em que o Tribunal Administrativo de Lisboa rejeitou a providência cautelar apresentada pelo Ministério Público para suspender a venda das obras de Joan Miró. O principal partido da oposição reagiu de imediato, considerando que a leiloeira Christie’s demonstrou ser mais sensata do que o Governo ao travar a venda das obras de Miró e sustentou que o primeiro-ministro é o principal responsável por este caso. “A Christie’s demonstrou ser mais sensata do que o Governo. Verificamos com pesar a irrelevância

do cargo de secretário de Estado da Cultura e é ao primeiro-ministro que temos de pedir contas”, declarou a deputada socialista Gabriela Canavilhas em conferência de imprensa na Assembleia da República. Por seu turno, a deputada socialista Inês de Medeiros considerou “natural e de bom senso” que a leiloeira tenha cancelado a venda dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do antigo Banco Português de Negócios (ex-BPN). A deputada disse que, “se até agora a leiloeira estava segura quando ao facto de ser o próprio Estado português a vender”, a situação mudou com a sentença do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. O Tribunal rejeitou a providência cautelar apresentada pelo Ministério Público - na sequência de um pedido do PS - para suspender a venda das 85 obras de Joan Miró, sustentando que

tinham sido compradas por empresas anónimas de capitais públicos e não pelo Estado. Concluía, no entanto, pela ilegalidade de alguns procedimentos na saída das obras do país, o que gerou “incertezas jurídicas” à leiloeira. Na opinião de Inês de Medeiros, “é natural que esta leiloeiria de renome, que tem um prestígio e uma credibilidade e um prestígio a manter, veja com muita apreensão esta sentença do tribunal. Porque, em última análise, é a responsável pela venda”. “Achamos que é urgente apurar as responsabilidade neste caso”, acrescentou, justificando a entrega de um requerimento, pelo Grupo Parlamentar do PS, na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, para chamar ao parlamento o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e a Parvalorem, empresa responsável pela venda.

PSD acusa PS de fazer “baixa política”

“Venda visava atenuar tremendos prejuízos” O deputado do PSD Carlos Abreu Amorim acusa o PS de fazer “baixa política” referindo-se à providência cautelar dos socialistas e consequente cancelamento do leilão de arte proveniente do banco BPN, entretanto nacionalizado. “O grupo parlamentar do PSD vem repudiar de forma significativa e cabal a atitude do PS que, desresponsabilizando-se daquilo que em muito tem a responder e não foi até agora respondido sobre a nacionalização do BPN, vem, neste momento, tentar fazer política baixa, numa situação que decorre da privatização do BPN e de todos os efeitos perversos que daí advieram”, declarou, nos Passos Perdidos do Parlamento.

Em comunicado, os responsáveis daquela casa de licitações justificam o cancelamento pela “disputa nos tribunais portugueses”, na qual “não é parte interessada”. “Aquilo que estava a ser feito em relação aos quadros Miró era uma situação que não foi imprevista nem precipitada. Era uma situação já declarada e anunciada há muito tempo e visava atenuar esses tremendos prejuízos”, continuou Abreu Amorim. Para o parlamentar social-democrata, o PS teve a intenção de “fazer política, criar barulho e uma nuvem de fumo para que não se voltasse a perceber que tudo isto decorre de uma nacionalização que não devia ter acontecido, nem no tempo nem no modo”,

frisando “o prejuízo acumulado, que mais do que triplicou”. O Tribunal Administrativo de Lisboa rejeitou uma providência cautelar interposta pelo PS para impedir o leilão da coleção de arte de Miró se realizasse em Londres. Segundo o despacho, “aquilo que se apurou foi que quem adquiriu as 85 obras foram duas sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos, concretamente, a Parvalorem, S.A. e a Parups e não o Estado”. Do lado contrário, o PCP considera que a decisão da leiloeira Chiristie’s de cancelar a venda das obras de Joan Miró abre espaço para reavaliar a opção pela alienação do Governo que “é

ilegítima” e “contrária ao interesse nacional”. Estas críticas foram feitas pelo deputado comunista Miguel Tiago em conferência de imprensa no parlamento, depois de a leiloeira Christie’s ter anunciado o cancelamento da venda dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do ex-Banco Português de Negócios (BPN). “Este comunicado da leiloeira comprova as questões com que o PCP confrontou o Governo, mas também o PSD e CDS, sobre a legalidade e a moralidade da venda desta coleção de obras. Era uma má decisão, com várias manchas e tomadas num ambiente demasiado opaco”, apontou o deputado do PCP.

“Queremos pagar a dívida” O primeiro-ministro defendeu ontem que, no chamado período pós-’troika’, Portugal precisa de acumular excedentes orçamentais para reduzir gradualmente a dívida pública, rejeitando a sua reestruturação. “O que queremos não é reestruturar a dívida portuguesa, o que queremos é pagá-la, criando as condições para que a nossa economia cresça, mas também gerindo as nossas finanças públicas de modo a libertar excedentes que, no fundo, libertem a própria economia, as empresas, os cidadãos, as famílias do peso que essa dívida hoje nos impõe”, afirmou Passos Coelho. O chefe do executivo PSD/CDS-PP assumiu esta posição numa intervenção que fez na primeira reunião da “Coligação para o Crescimento Verde”, uma entidade criada pelo Ministério do Ambiente, que junta organizações de diversos setores.

PS pede explicações ao Governo sobre “perdão fiscal”

Ativos do BPM em causa O PS insiste no esclarecimento sobre o montante “do perdão fiscal” resultante do processo de regularização de dívidas ao Estado e sobre a “injeção” de 510 milhões de euros nas empresas que gerem ativos do BPN. Estas questões, dirigidas ao primeiro-ministro e à maioria PSD/CDS, foram colocadas por António Galamba, em conferência de imprensa. De acordo com este membro do Secretariado Nacional do PS, o primeiro-ministro e a maioria PSD/CDS “continuam sem esclarecer qual o montante do perdão fiscal realizado em 2013, que permitiu um encaixe de 1277 milhões de euros e que transformou este Governo no recordista de receitas extraordinárias”. Da mesma forma, ainda segundo o dirigente socialista, Pedro Passos Coelho e a maioria PSD “continuam sem esclarecer qual o motivo da “injeção de 510 milhões de euros nas empresas que gerem os ativos tóxicos do Banco Português de Negócios (BPN), quando este foi vendido por 40 milhões de euros”.


economia

Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 5

ACAP prevê que vendas de ligeiros cresçam para 129 mil unidades este ano

“Mercado está a inverter” Taxa de segurança alimentar

Governo avança com cobrança coersiva

O secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar esclareceu, ontem, que o Governo avançou com cobranças coercivas por falta de pagamento da taxa de segurança alimentar e apontou o Continente, Auchan e Lidl entre as cadeias que já pagaram. “Estamos já a proceder às cobranças coercivas e esse é o caminho que entendemos fazer com todos os que entretanto ainda não pagaram”, disse Nuno Vieira de Brito, após audição parlamentar. Ainda assim, destacou, “houve um avanço significativo”, pois o Governo conseguiu arrecadar cerca de 65% do valor relativo a 2012 e 2013.

Europa em dia misto

Bolsa de Lisboa fecha sessão a valorizar

O principal índice da bolsa portuguesa (PSI20) encerrou a sessão a crescer 1,58% para 6.707,53 pontos, com o setor bancário em destaque, sobretudo, o BCP, que avançou 12%, isto, numa Europa sem tendência definida, durante o dia comercial de ontem. Das 20 cotadas que integram o PSI20, 10 subiram, uma ficou inalterada face à cotação da véspera e as restantes nove desvalorizaram. No resto da Europa, entre os principais mercados, Londres e Frankfurt fecharam o dia no vermelho, enquanto Paris e Madrid encerraram em terreno positivo.

“Esperamos que esta recuperação se consolide em 2014, quer pela via das empresas quer pela via dos particulares”, disse José Rosa. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) prevê que as vendas de automóveis ligeiros cresçam quase 4% este ano para 129 mil unidades, mas sublinha que o setor continuará “debaixo de água” até atingir as 150 mil unidades. Quanto aos veículos ligeiros de passageiros, o crescimento previsto para 2014 será de 3,9%, para 110 mil automóveis, enquanto as vendas de comerciais ligeiros vão aumentar 4,9%, para 19.100 unidades. “Os indicadores de confiança da economia e as vendas registadas em janeiro (aumento de 30% face a janeiro de 2013) parecem indicar que 2012 atingiu o ‘bottom line’ e que o mercado está a inverter”, disse, ontem, o presidente da ACAP, José Rosa. Em 2013, o mercado automóvel cresceu 11,7% (para 105.898 unidades) face a 2012, o ano «horribilis» do setor, em que as vendas registaram o valor mais baixo dos últimos 27 anos. Contudo, em relação a 2011, verificou-se uma queda de 31% e face a 2010 a descida atingiu os 52,6%. O secretário-geral da ACAP, Hél-

Automóveis. “Esperamos que esta recuperação se consolide em 2014, quer pela via das empresas quer pela via dos particulares”, disse José Rosa der Pedro, explicou que a ligeira recuperação do mercado automóvel se deve, sobretudo, ao segmento das empresas, que desde 2012 não investiam nem renovavam as suas frotas. “Esperamos que esta recuperação se consolide em 2014, quer pela via das empresas quer pela via dos particulares”, disse. Apesar da melhoria do índice de confiança, quer de particulares quer de empresas, a verdade é que o mercado ainda “está debaixo de água” e não recuperou da grave recessão que teve início em 2009, só conseguindo respirar quando atin-

gir as 150 mil unidades, alertou o vice-presidente da associação, José Ramos, estimando que essa meta seja alcançada em 2016 e sublinhando que terá de haver uma recuperação profunda do mercado. Para Hélder Pedro, a reintrodução do sistema de incentivos ao abate de veículos em fim de vida “é a única medida de estímulo à procura”, permitindo a venda de mais 15 mil automóveis e um aumento da receita fiscal de 50 milhões de euros. A ACAP propõe ainda a criação de um novo grupo de trabalho para reformular a fis-

calidade automóvel em Portugal e de uma linha de crédito específica para as empresas do setor. Quanto à produção de automóveis, continua a ser largamente dirigida ao mercado externo (97,5%), sobretudo à Europa (80%), seguindose a China. O setor automóvel em Portugal representa um volume de negócios de 18,2 mil milhões de euros, 30 mil empresas, 123,8 mil postos de trabalho e 2,7% do total do emprego.

Presidente da CCDR-N e acordo para 2014-20

“Sinal de esperança para região Norte” O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Emídio Gomes, afirmou, ontem, que o acordo de parceria 20142020 entregue pelo Governo em Bruxelas é “um sinal de esperança para a região”. “Os dados que temos do acordo de parceria e da sua organização são interessantes e inovadores e são, nesta fase, um sinal de esperança para a região”, afirmou Emídio Gomes, à margem de um almoço debate sobre «O papel da região Norte no processo de reindustrialização da economia portuguesa», organizado no Porto pela Associação Nacional

Norte. Presidente da CCDR-N feliz com acordo de parecia entregue pelo Governo em Bruxelas

de Jovens Empresários (ANJE). Segundo o presidente da CCDR-N, “a região do Norte tem que aspirar a poder convergir com a ajuda” dos recursos do novo quadro de fundos comunitários para o período 2014-2020 - o Portugal 2020 - e os “indicadores que há do acordo de parceria e das intenções do Governo fazem acalentar essa esperança”. Na sua intervenção no almoço debate, Emídio Gomes destacou o papel da região Norte na economia portuguesa e, nomeadamente, na posição de destaque que poderá assumir “neste novo contexto da chama-

da reindustrialização do País”. Também a propósito do almoço debate, o presidente da ANJE, João Rafael Koehler, considerou essencial que os fundos do Portugal 2020 sejam atribuídos e geridos de forma “equitativa, territorialmente responsável e geograficamente bem medida”. Esclarecendo não defender “propriamente uma aposta no Norte”, João Rafael Koehler advoga antes o investimento “em indústrias que sejam exportadoras e que estejam na área dos bens transacionáveis, para trazer valor acrescentado quer às empresas, quer ao País”.


futebol

6 | O Norte Desportivo

Quarta-feira, 5 de Janeiro de 2014

Fonseca quer um FC Porto para vencer Estoril nos «quartos» da Taça

“Não estivemos à altura das exigências” Depois da derrota contra o Marítimo, treinador dos «dragões» quer equipa alerta e bem focada nas tarefas do jogo. O técnico do FC Porto, Paulo Fonseca, considera o Estoril-Praia “uma das melhores equipas” do futebol português, na antevisão dos quartos de final da Taça de Portugal, em que os dragões recebem, hoje, a equipa «canarinha». “Vamos defrontar um adversário de valor, que quer, como nós, conquistar a passagem à fase seguinte”, disse o técnico, que relevou o “caráter decisivo” da partida para ambas as equipas. Paulo Fonseca disse sentir que “os jogadores estão de corpo e alma” com os objetivos do clube, embora tenha reconhecido que, para ganhar, uma exibição como a que aconteceu no Funchal, sábado passado, “é insuficiente”. “Já assumimos que não estivemos à altura da nossa responsabilidade e da exigência do jogo contra o Marítimo”, que os “dragões” perderam por 1-0, e que os deixou a quatro pontos do líder Benfica, após a conclusão da 17.ª jornada. Ainda assim, a derrota portista só não teve piores efeitos graças aos empates de Benfica (1-1) e Sporting (0-0), rivais que seguem à sua frente: “não vejo nisso fraqueza dos adversários. O que vejo é o encurtar de caminho das outras equipas”. “É natural que os outros candidatos estejam a perder mais pontos em função da qualidade das restantes equipas”, concluiu o técnico, que reforçou: “Contra esta equipa do Estoril é preciso estar alerta e bem focados nas nossas tarefas dentro do jogo”. “Caso administrativo”

Paulo Fonseca afirmou que o futebolista argentino Otamendi “é um caso administrativo”, razão pela qual não tem trabalhado com o restante plantel. A transferência gorada, durante o mercado de inverno, do defesa central não é assunto para o técnico portista, que remete o para a administração da SAD. Porém, na lista divulgada

pela UEFA em relação às entradas e saídas nos inscritos para as competições de clubes, no FC Porto entraram Carlos Eduardo, Ricardo Quaresma, reforço neste mercado de inverno, e Kelvin. Saíram da lista dos «dragões» Fucile, Lucho Gonzalez, Izmailov e Otamendi. Já em relação a Fernando, Paulo Fonseca definiu o médio portista, também ele envolto em negociações não concretizadas, segundo a imprensa desportiva estrangeira e portuguesa, como “um caso clínico, que está em processo de recuperação”. Às várias perguntas sobre o estado de espírito e alegada vontade de sair por parte de alguns jogadores, o treinador foi perentório: “é uma questão que não me preocupa”. “Os jogadores do FC Porto têm que estar focados na sua obrigação de defender o clube. E essa é a obrigação de todos os profissionais que aqui estão. O primeiro objetivo é defender esta casa e este clube”, concluiu, a propósito. “Roçar a perfeição”

Taça de Portugal. Marco Silva diz que o Estoril tem que ser perfeito para eliminar o FC Porto, hoje, no Dragão, em partida dos quartos-de-final

Europeu de futsal

Gonçalo Alves já sonha com chegar à final

O internacional português Gonçalo Alves considerou, ontem, que Portugal está confiante que pode ganhar a qualquer seleção no Europeu de futsal e já pensa em chegar à final. Em declarações ao site da FPF, o jogador lembrou que a equipa queria muito chegar às meias-finais, o que não acontecia desde o Europeu de 2010, e que agora quer muito “estar nos dois

primeiros” e disputar a final do Europeu, que decorre em Antuérpia, na Bélgica. Segundo Gonçalo Alves o apuramento para as «meias» foi também importante face ao investimento que tem havido na modalidade. “É muito importante estarmos entre as quatro melhores seleções da Europa, para o investimento que tem havido em Portugal e da própria Federação, é muito importante porque estamos numa fase difícil no País e por vezes é necessário estes incentivos, estas vitórias”, justificou.

Do lado adversário, Marco Silva afirmou que o Estoril terá de “roçar a perfeição” para eliminar o FC Porto, apesar de admitir que os «dragões» atravessam uma fase de menor confiança. “Não será um FC Porto tão confiante, depois de uma derrota, mas está habituado a ter de jogar sempre para ganhar. Para podermos estar nas meiasfinais teremos de ser quase perfeitos. Há muitos anos que ninguém consegue vencer no Dragão e só um Estoril a roçar a perfeição o poderá conseguir”, afirmou, na antevisão do embate de quarta-feira. “Queríamos muito estar nos quartos de final, conseguimos, e agora não faz outro sentido que não lutarmos para estarmos nas meias-finais. Percebemos que o FC Porto é favorito, mas queremos superar-nos e vamos lutar pela passagem. Teremos de ter muita personalidade e não ter medo de discutir o jogo”, disse. FC Porto e Estoril-Praia defrontam-se, hoje, a partir das 21h00, no Estádio do Dragão, sendo que, nas meias-finais, o vencedor desta eliminatória terá pela frente o vencedor da partida entre Penafiel e Benfica.

Jefferson deve falhar dérbi com Benfica

Entorse com gravidade O defesa do Sporting Jefferson contraiu uma entorse grave no tornozelo esquerdo na partida com a Académica e realiza tratamento, anunciou, ontem, o clube, sem revelar o tempo de paragem do jogador. Jefferson, que foi substituído no jogo de domingo frente à Académica, da 17.ª jornada da I Liga (0-0), sofreu uma entorse grave no tornozelo esquerdo e deve falhar o jogo com o Benfica, agendado para domingo, no estádio da Luz. O lateral esquerdo, que efetua tratamento, é o único caso clínico no plantel às ordens do técnico Leonardo Jardim. De fora do jogo com o Benfica vai ficar William Carvalho, por castigo, depois de ter completado uma série de cinco cartões amarelos na Liga. Por outro lado, no Benfica, e quando se fala ainda na possível saída do central Garay - quando o mercado de leste se mantém aberto até 27 de fevereiro -, o clube manteve o argentino na lista de inscritos para a Liga Europa. Da lista saíram o holandês Ola John, emprestado aos alemães do Hamburgo, e o sérvio Matic, transferido para o Chelsea, com os «encarnados» a inscreverem o avançado Funes Mori e Sálvio. O extremo lesionou-se com gravidade ainda em agosto, no início de época, no dérbi em que o Benfica empatou em Alvalade (1-1).


Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2014

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A PACIÊNCIA DOS PORTUGUESES

Gustavo Pires*

A corrosão do caráter de um país começa quando a maioria dos seus cidadãos aceita viver a política tal como se esta fosse o futebol e o futebol tal como se este fosse a política. Em consequência, o país passa a habitar num inferno político, quer dizer, quando trata da política olha para os partidos como se estes fossem clubes de futebol e quando trata do futebol dá-lhe a importância que devia dar à

política. Claro que um país que assim se governa não se pode queixar de estar a empobrecer na medida em que a corrosão do caráter tem um custo e esse custo é o empobrecimento de todos e de cada um. Em conclusão, os portugueses não deviam andar por aí a lamentar-se na medida em que só têm aquilo que merecem. De resto, veja-se que, enquanto a maioria dos europeus (76%) pensa que a corrupção é generalizada no seu próprio país, Portugal, neste domínio, está no “TopTen” já que 90% dos portugueses pensam que a corrupção está generalizada no País. E o País está bem acompanhado na medida em que está ao nível da Grécia (99%), da Itália (97%), da Lituânia, da Espanha e da República Checa (95%), da Croácia (94%), da Roménia (93%), da Eslovénia (91%) e da Eslováquia (90%). Entretanto, também diremos que nos os países nórdicos a generalidade dos cidadãos acha que a corrupção é rara: Dinamarca (75%), Finlândia (64%) e Suécia (54%). Claro que nestes países os ministros fazem-se transportar para o emprego na sua própria viatura ao contrário, por exemplo, de Portugal em que não existe “bicho careta” que, a primeira coisa que faz quando assume um cargo público é, olimpicamente tratar de arranjar um BMW e um motorista fardado. Outros, agarramse ao poder durante vinte e mais anos à custa da humilhação dos colegas da própria organização, para além do nepotismo que é o “pão nosso de cada dia”. Por isso, os portugueses têm o que merecem e não vale a pena gritar que a culpa é da Troika. Têm a saúde que merecem, a educação que merecem, o desporto que merecem e, claro está, o Governo e os dirigentes que merecem. Assim sendo, quando o Relatório Anticorrupção da União Europeia revela uma clara falta de resultados no combate à corrupção em Portugal, quer dizer que o País tem de acordar do sono letárgico em que se encontra que permite aos dirigentes das mais diversas instituições, desportivas, universitárias, autárquicas e outras, comportarem-se como autênticos ditadores de aldeia perante a passividade do povo que cada vez tem menos educação e, em consequência, menos paciência para os aturar. Até onde resistirá a paciência dos portugueses é o que fica por saber. Entretanto, deviam-se apressar porque estes senhores estão-lhes a ficar muito caros.

FMI vai reunir dia 12 para aprovar formalmente

Décima avaliação da ‘troika’ em causa O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai reunir dia 12 para aprovar formalmente a décima avaliação da ‘troika’ a Portugal, segundo o calendário publicado pela instituição com sede em Washington. Só depois do FMI é que a décima avaliação será analisada pelo Eurogrupo, “encadeando” com o início da 11.ª avaliação, prevista para 20 de fevereiro, confirmou o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas. O próximo encontro do Eurogrupo está marcado para 17 de fevereiro, ocasião em que deverá ser concluído o processo de aprovação do exame e formalizada a aprovação. “As duas avaliações deverão encadear-se, mas [a décima] deverá ficar finalizada uns dias antes” de 20 de fevereiro”, afirmou Carlos Moedas. A 10.ª avaliação da ‘troika’ (Fundo Monetário Internacional,

Comissão Europeia e Banco Central Europeu) decorreu entre 04 e 16 de dezembro e foi o antepenúltimo exame regular ao programa de resgate português, que termina em maio de 2014. O governo considerou o resultado positivo do exame, que teve por objetivo analisar o “trabalho realizado e o planeamento dos últimos meses” do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), que termina em junho. Carlos Moedas falava em Londres após a participação numa conferência sobre o tema “O papel de Portugal e Reino Unido nas economias lusófonas”. Na intervenção, referiu o sucesso na inversão da balança comercial nos primeiros três trimestres de 2013, quando as exportações superaram as importações, e salientou o movimento para a principal das economias lusófonas, Angola. “As exportações de bens para Angola

aumentaram mais de 400% entre 2002 e 2012. Angola é agora o quarto principal destino das nossas exportações, representando quase três mil milhões de euros, ou seja, 1,8% do Produto Interno Bruto”, disse. Porém, rejeitou que a vantagem portuguesa esteja apenas na partilha do idioma: “As empresas portuguesas têm investido em Angola e Moçambique há muitos anos. Como resultado, acumularam conhecimento sobre o funcionamento destes mercados. Estão conscientes das suas principais oportunidades e desafios e estão bem conscientes das culturas de negócio locais”. Para Carlos Moedas, a maisvalia portuguesa reside no facto de que os empresários lusos “não tentam exportar modelos de negócio feitos em Portugal: ao invés, desenvolvem modelos que se ajustam perfeitamente às necessidades desses mercados”.

Luís Araújo apresentou cumprimentos ao Presidente da República

“Nenhuma missão deixou de ser cumprida” O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas salientou que, apesar das dificuldades do país nos últimos três anos, “nenhuma missão deixou de ser cumprida”, valorizando “o sentimento e o espírito de missão dos militares”. Luís Evangelista Esteves Araújo foi ontem apresentar cumprimentos de despedida ao Presidente da República, Cavaco Silva, que é o Comandante Supremo das Forças Armadas. “Nenhuma missão deixou de ser cumprida nestes três anos difíceis que os militares tiveram, mas os militares não são uma casta especial e os portugueses têm tido anos difíceis”, afirmou

Luís Araújo à saída da audiência com Cavaco Silva, no Palácio de Belém, em Lisboa. “Estou a valorizar mais ainda o sentimento e o espírito de missão dos militares nestes três anos difíceis. Não estou a dizer que têm razão ou não têm razão”, frisou, quando questionado sobre o sentimento de mau estar que tem vindo a ser expresso por associações de militares. O CEMGFA salientou que todas as missões internas e externas foram cumpridas com “um escrupuloso e exemplar sentido do dever, todas com qualidade e segurança”. “Eu tenho uma forte convicção e uma forte esperança

que havemos de continuar a ser uma instituição insubstituível no bem que fazemos aos portugueses”, declarou, sublinhando que “a instituição militar é perene porque está ao serviço do bem comum”. O Conselho de Ministros decidiu no dia 23 de janeiro propor ao Presidente da República a nomeação do general Artur Neves Pina Monteiro para o cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), substituindo Luís Araújo. Os chefes militares são nomeados e exonerados pelo Presidente da República sob proposta do Governo.

Dois anos e meio de internato em regime fechado

Tribunal condena jovem de Massamá O Tribunal de Família e Menores de Sintra condenou a dois anos e meio de internamento, em regime fechado, o jovem de 16 anos que esfaqueou colegas numa escola de Massamá, no concelho de Sintra. A pena refere-se a três crimes de homicídio qualificado na forma tentada e um crime de detenção de

arma proibida. A 14 de outubro de 2013, o jovem, com duas facas de cozinha e um ‘spray’ de gás pimenta na mochila, segundo a PSP, terá feito explodir um ‘very light’ num dos pavilhões da Escola Secundária Stuart Carvalhais, provocando a saída dos alunos das aulas e começando a esfaqueá-los.

Na ocasião, fonte policial adiantou que o jovem, que acabou por esfaquear três colegas e uma funcionária, pretendia “imitar um massacre e matar, pelo menos, 60 pessoas”, de acordo com uma folha A4 que se encontrava na mochila do menor quando este foi detido.


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