VONTADE DE CONVENCER PAULO BENTO DIZ QUE JOVENS CHAMADOS NÃO ESTARÃO SOBRE PRESSÃO
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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
DIÁRIO NACIONAL
Ano CXLVI | N.º 68
Quarta-feira, 05 de março de 2014
LÍDER DO PS GARANTE QUE PORTUGAL TEM MAIS DE 800 MIL DESEMPREGADOS
V!NTE POR CENTO
UCRÂNIA
Conselho NATO-Rússia realiza-se hoje em Bruxelas para discutir crise na Crimeia
AMIANTO
Governo garante que já foi feita a remoção de placas de fibrocimento em 117 escolas
n Portugal tem uma taxa real de desempregados de vinte por cento, se forem somados aqueles que perderam o emprego aos que deixaram de procurar trabalho, garantiu o secretário-geral do PS numa palestra em Londres. “Portugal tem hoje mais de 800 mil desempregados, que são despedidos dos seus postos de trabalho a um ritmo alarmante de 169 por dia. Basicamente, Portugal assiste ao despedimento de sete pessoas por hora”, lamentou António José Seguro, na universidade London School of Economics, destacando ainda: “O meu país está mais pobre e as desigualdades entre os portugueses aumentaram”...
CARNAVAL
Mais de 350 mil pessoas visitaram Torres Vedras nos últimos quatro dias
local porto
2 | O Primeiro de Janeiro
Quarta-feira, 5 de Março de 2014
Vieira da Silva vai estar na Galeria Municipal do Porto
“Carnaval em segurança”
PSP Porto detém 14 pessoas
“A Poesia Está na Rua” A Galeria Municipal do Porto vai acolher uma “grande exposição” sobre Vieira da Silva a partir do dia em que se assinala o 40.º aniversário do 25 de Abril. Segundo Paulo Cunha e Silva, vereador da Câmara Municipal do Porto, será uma espécie de “reinauguração” da Galeria Municipal, nos jardins do Palácio de Cristal. A mostra, que arranca amanhã com a exposição de arquitetura “Porto Poetic” (ver peça à parte), fica depois centrada na relação entre a artista Vieira da Silva e a revolução do 25 de Abril, em particular através do cartaz “A Poesia Está na Rua”. Paulo Cunha e Silva destaca que a exposição vai ser composta por vários originais de cartazes e outras obras, acrescentando-se um pedido feito a Pedro Cabrita Reis para “que fizesse uma espécie de novo cartaz” inspirado no trabalho de Vieira da Silva: “Teremos um novo cartaz, 40 anos depois”. O vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto realçou, ainda, que está aberta uma “convocatória” a
VIEIRA DA SILVA. O cartaz “A Poesia Está na Rua” vai estar em destaque na Galeria Municipal do Porto
todas as pessoas que tenham cartazes da altura para que se disponham a partilhar as peças, em conjunto com um depoimento sobre a sua experiência. “Queremos mostrar uma galeria aberta à cidade e às pessoas. O objetivo da exposição do 25 de Abril é também esse: criar uma galeria democrática”, afirmou Paulo Cunha e Silva. Depois da mostra sobre Vieira da Silva, a Galeria Municipal do Porto vai receber uma extensão da iniciativa Próximo Futuro, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito da qual vai estar “Present Tense”, com curadoria de António Pinto Ribeiro e focada em fotografia africana contemporânea. No âmbito da programação da galeria, está também prevista uma exposição intitulada “Sub-40”, composta por artistas nascidos a partir do 25 de Abril de 1974. “Com tudo isto, de certa forma, estamos a mostrar a diversidade da programação que queremos para a galeria, que seja aberta, internacional, uma galeria que explore diferentes suportes artísticos, da cidade, mas também uma galeria que se articula com manifestações internacionais importantes”, concluiu o vereador Paulo Cunha e Silva.
“Porto Poetic” em destaque Apresentada pela primeira vez na Trienal de Milão em setembro do ano passado, a exposição procura associar a poesia à cidade, reunindo obras dos dois arquitetos do Porto possuidores de prémios Pritzker – Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura – com vários outros nomes importantes do campo, referiu o curador da exposição, Roberto Cremascoli. “A ‘Porto Poetic’ tem este título porque pega um pouco na primeira monografia feita sobre o Álvaro Siza, em 1986, a ‘Profissão poética’, que depois o lançou a nível internacional. Foi fundamental a associação entre a palavra poesia
e a cidade do Porto”, considerou Cremascoli. No dossier sobre a exposição, a organização refere que se expõem “imagens iconográficas de dez obras localizadas na zona norte de Portugal, que percorrem o período compreendido entre o final da década de 1950 até ao final da década de 1990”, tendo como “ponto de partida uma citação do arquiteto Fernando Távora, figura maior da arquitetura portuguesa e mentor dos arquitetos Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura”. A presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos, Cláudia Costa Santos, disse que a
Universidade do Porto
Vasco Graça Moura distinguido
A partir de amanhã na Galeria Almeida Garrett
A exposição de arquitetura “Porto Poetic” vai estar na Galeria Municipal Almeida Garrett, no Porto, entre amanhã e 13 de abril, assinalando a “reinauguração” daquele espaço nos jardins do Palácio de Cristal, informa o vereador da Cultura. O vereador responsável pelo pelouro na Câmara Municipal do Porto, Paulo Cunha e Silva, explicou que a exposição, coorganizada entre a autarquia e a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos, “dá ao Porto protagonismo, fala da capacidade do Porto de se internacionalizar”, sendo a “arquitetura um embaixador importante da cidade”.
A PSP do Porto anunciou a detenção, entre a manhã de segunda-feira e ontem, de 14 pessoas, entre as quais um homem por furto de 10 euros num café de Vila do Conde. Em comunicado, a PSP revelou que, cerca das 03h30 de ontem, foi dado o alerta à esquadra de Vila do Conde de que um café estaria a ser assaltado, pelo que, quando os agentes lá se deslocaram, depararam-se com a porta arrombada e um indivíduo de 40 anos “na posse de 10 euros que havia subtraído do interior da caixa registadora”. Meia hora depois, a PSP iniciou uma operação rodoviária no Porto, da qual resultaram cinco detidos por condução sob o efeito do álcool, aos quais se juntaram outros quatro pelos mesmos motivos, mas já fora do âmbito daquela operação, bem como dois detidos por condução sem carta e outro por tráfico de droga. Ainda durante a madrugada, no Porto, pelas 04h50, a PSP deteve um homem de 43 anos pelo roubo de um telemóvel, momentos antes, na rua Latino Coelho. O Comando Metropolitano do Porto da PSP acrescentou que, durante o dia de segunda-feira, no âmbito da operação Carnaval em Segurança 2014, foram apreendidos 474 artigos pirotécnicos no Porto e em Vila do Conde, salientando que têm sido empreendidas “diversas ações de sensibilização junto das escolas, alertando para os perigos associados à utilização de engenhos pirotécnicos”. Também na segunda-feira, mas em Ermesinde, no concelho de Valongo, foram apreendidas 340 cópias de filmes em DVD no Largo do Mercado.
exposição esteve em Milão precisamente com “o intuito de internacionalizar o melhor possível a arquitetura portuguesa” e agora faz-se “jus ao nome” ao inaugurá-la no Porto. Roberto Cremascoli classifica a passagem por Itália como “um triunfo”, onde estiveram 2000 pessoas apenas na inauguração, num total de 11 000 visitantes em cinco semanas. A “Porto Poetic” conta com 540 fotografias (cerca de 300 em grande formato) de profissionais portugueses, italianos e brasileiros, 28 vídeos e 34 mesas de 2,5 metros com os arquivos de Siza Vieira e Souto de Moura.
A Universidade do Porto anunciou que vai distinguir com um doutoramento ‘honoris causa’ o escritor portuense Vasco Graça Moura, enquanto reconhecimento pela sua obra e pelo seu contributo para a promoção da cultura portuguesa. Em comunicado, a instituição de ensino superior sublinhou que Vasco Graça Moura “é um dos mais produtivos escritores portugueses, com mais de 100 títulos publicados”, lembrando que “a qualidade da sua obra foi por diversas vezes reconhecida em Portugal e no estrangeiro”. A cerimónia do doutoramento ‘honoris causa’ vai ter lugar na sexta-feira, contando com a participação do cofundador do PSD Miguel Veiga, como padrinho do doutorando, e do professor universitário Gaspar Martins Pereira, como responsável pelo elogio.
regiões
Quarta-feira, 5 de Março de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Números negros ensombram folia registada de norte a sul do País
Operação Carnaval contabiliza sete mortos Em Lisboa, o Parlamento encontrou-se funcionar de forma regular, com diversas comissões e audições, mas nas ruas foi feriado. Choque envolvendo carro patrulha da PSP
Quatro feridos Uma colisão entre uma viatura ligeira e um carro patrulha da PSP de Viana do Castelo provou, ontem, quatro feridos, entre os quais três agentes daquela força policial. De acordo com fonte do Comando Distrital da PSP de Viana do Castelo, o acidente ocorreu cerca das 02h30, na Estrada Nacional 13, na freguesia de Areosa, naquela cidade. No carro patrulha, precisou a mesma fonte, seguiam três agentes da PSP, tendo o ligeiro - que seguia no mesmo sentido - embatido na traseira da viatura policial, por motivos desconhecidos. Os três agentes foram transportados ao Hospital de Viana do Castelo, bem como o condutor do ligeiro que terá provocado o acidente. Segundo a PSP, os três agentes foram hospitalizados devido à necessidade de realização de exames complementares de diagnóstico. Por envolver meios e elementos da PSP, e apesar de ter acontecido na área de jurisdição daquela força, a investigação transitou, entretanto, para a GNR. Já um despiste automóvel ocorrido ao começo da tarde, em Braga, causou uma vítima mortal, disse fonte do CDOS. Fonte dos Bombeiros Voluntários de Braga sublinhou que na zona do despiste os acidentes automóveis têm vindo a repetir-se.
Nas ruas, de norte a sul do País, milhares de pessoas encheram os cortejos de Carnaval, repletos de folia, sátira polícia e samba. Porém, outros números são também dignos de registo. A morte de duas pessoas na segunda-feira elevou para sete o número de mortos registados pela GNR durante a operação de fiscalização das estradas devido ao Carnaval, que decorre desde as 00h00 de sexta-feira. De acordo com os dados provisórios divulgados ontem pela GNR, na segunda-feira, quarto dia da Operação Carnaval, foram registados 212 acidentes, dos quais resultaram dois mortos, um no distrito de Santarém e outro no de Leiria. Os acidentes verificados na segunda-feira causaram ainda dois feridos graves (um no distrito de Castelo Branco e outro no do Porto) e 48 feridos leves, com maior incidência nos distritos do Porto (47), de Braga (27) e de Aveiro (20). No domingo, terceiro dia da operação especial de patrulhamento e fiscalização rodoviária, a GNR registou 197 acidentes, que causaram dois mortos (nos distritos do Porto e de Setúbal) e 80 feridos, incluindo sete graves. No sábado, segundo dia da operação Carnaval, registaramse 211 acidentes, que originaram duas mortes, três feridos graves e 74 leves. No primeiro dia da operação, na sexta-feira, a GNR tinha registado um morto, três feridos graves e 38 feridos ligeiros em 188 acidentes. Durante a Operação Carnaval, a GNR intensificou a fiscalização rodoviária nas “vias mais críticas, com especial incidência para as vias que conduzem aos locais onde tradicionalmente ocorrem festividades carnavalescas”. A operação envolveu um total de 1326 militares e inclui controlo da velocidade, da condução sob a influência do álcool e de substâncias psicotrópicas, a não-utilização
do cinto de segurança e/ou sistemas de retenção, a falta de habilitação legal para conduzir, o uso indevido de telemóvel e o incumprimento das regras de trânsito. Na Operação Carnaval de 2013 registaram-se 901 acidentes, dos quais resultaram seis vítimas mortais, 18 feridos graves e 265 feridos ligeiros. Dia normal na Assembleia
Carnaval. Foliões encheram as ruas de norte a sul do País. Em Lisboa, o Parlamento encontrou-se, ontem, a funcionar de forma regular
Violência em Águeda
Casal de idosos assaltado e agredido com gravidade Um casal de idosos foi assaltado e agredido em casa durante a madrugada de ontem em Águeda, tendo as duas pessoas ficado feridas com gravidade. Pelas 02h40, três homens encapuzados entraram na residência do casal, na freguesia de Barrô, enquanto este dormia, e manietaram as duas pessoas com cobertores e cabos elétricos, colocando-se em fuga
já na posse de ouro e dinheiro em quantidades indeterminadas, revelou a GNR. Segundo os bombeiros de Águeda, a mulher, de 74 anos, apresentava vários ferimentos no rosto e nos braços, enquanto o marido – em estado mais grave – foi assistido pela viatura de Suporte Imediato de Vida (SIV) do concelho, seguindo os dois para o Hospital de Águeda posteriormente. De acordo com o CDOS de Aveiro, para além dos bombeiros e da GNR, esteve também no local a Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Aveiro.
Em Lisboa, o Parlamento encontrou-se, ontem, a funcionar de forma regular, com diversas comissões e audições, mas nas ruas adjacentes é notório que a maioria das lojas e restaurantes encerraram ao público na terça-feira de Carnaval. Depois de uma manhã tranquila, à imagem de diversas terças-feiras, a tarde parlamentar foi marcada pela audição do ministro Nuno Crato na comissão de Educação, Ciência e Cultura. Paralelamente ou em horários próximos decorrem outras reuniões: as comissões de Negócios Estrangeiros, Assuntos Europeus e Agricultura e Mar tinham também trabalhos em agenda, decorrendo, ainda, uma reunião do grupo de trabalho das comissões bancárias, onde foram ouvidos, entre outros, os representantes da SIBS (o economista Vítor Bento), Unicre e Mastercard. As terças-feiras são dias sem plenário, mas o trabalho a nível de comissões decorreu normalmente. Durante a tarde foi também possível ver um grupo de visitantes que veio conhecer os espaços parlamentares, como a um ritmo diário sucede na Assembleia da República. Nos corredores do parlamento, a maioria dos serviços estavam abertos, exceção feita ao serviço de correios, sendo este um “dia normal” de trabalho para a globalidade dos funcionários. “Está a ser um dia tranquilo, mas nalgumas terças-feiras de manhã é assim. De tarde já vai animar”, disse uma funcionária parlamentar antes da hora de almoço. As grandes diferenças desta terçafeira de Carnaval, sem tolerância de ponto do Governo, para uma terçafeira normal residem nos espaços adjacentes e na própria dinâmica da cidade: menor trânsito e muitos espaços comerciais fechados.
nacional
4 | O Primeiro de Janeiro
Quarta-feira, 5 de Março de 2014
Seguro garante que taxa real é de 20 por cento
“Portugal tem mais de 800 mil desempregados” Portugal tem uma taxa real de desempregados de vinte por cento, se forem somados aqueles que perderam o emprego aos que deixaram de procurar trabalho, garantiu o secretário-geral do PS numa palestra em Londres. “Portugal tem hoje mais de 800 mil desempregados, que são despedidos dos seus postos de trabalho a um ritmo alarmante de 169 por dia. Basicamente, Portugal assiste ao despedimento de sete pessoas por hora”, lamentou António José Seguro na universidade London School of Economics. Mas além do número alto de desempregados, fala de “níveis recorde em termos do número de pessoas [desempregadas] que deixaram de procurar trabalho”, que estima serem 310 mil. “Somando este número ao de desemprego, chegamos ao número assustador de um milhão e cem mil portugueses fora do sistema laboral. Isto representa vinte por cento da força laboral”, afirmou. O Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou em fevereiro que a taxa de desemprego em Portugal foi de 15,3% no quarto trimestre do ano passado, equivalente a 826,7 mil pessoas. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) indicou também recentemente que o número de
SEGURO. Líder do PS discursou em Londres e fez valer a sua ideia de “alternativa” à política de austeridade do Governo, destacando os números “reais” do desemprego em Portugal desempregados inscritos nos centros de emprego portugueses era em janeiro de 705 327, mais 14 792 pessoas do que no mês anterior. O líder socialista usou estes números para sustentar a afirmação de que a austeridade falhou em Portugal, enfatizando: “O fraco ajustamento em relação a parte das contas públicas não é sustentável e o prometido regresso aos mercados sem condições parece questionável. O meu país está mais pobre e as desigualdades entre os portugueses aumentaram”. Durante a palestra, intitulada “Existe uma Alternativa! Lições de Portugal”, Seguro defendeu uma maior integração política na zona
euro, a criação de um fundo de mutualização das dívidas soberanas, a separação entre os ‘ratings’ das empresas e os da dívida dos países e uma maior liberdade para o banco central europeu emprestar dinheiro aos Estados-membros. Para Portugal, defendeu uma aposta na qualificação dos recursos humanos e o investimento em setores como a agricultura biológica ou na criação de um ‘cluster’ ligado ao mar, nomeadamente na construção de barcos, logística, pesca, aquacultura e extração mineral. Seguro propôs usar fundos europeus para transformar o porto de Sines numa plataforma interconti-
nental e introduzir políticas de internacionalização e promoção das exportações. O líder socialista apelou ainda, durante um período de respostas à audiência, ao regresso à matriz fundadora da União Europeia de maior solidariedade, e acusou a Alemanha de beneficiar com a crise e a austeridade que defendeu para os países que precisaram de assistência financeira. “Só no ano de 2012 poupou 42 mil milhões de euros em juros por causa da crise da dívida soberana dos outros países. Outro exemplo: a Alemanha tem hoje um excedente comercial que provoca desequilíbrios na zona euro”, concluiu.
Professores contratados podem passar aos quadros
Governo fala em norma “semiautomática” O ministro da Educação anunciou no Parlamento que os professores contratados para o ensino público há alguns anos vão passar para os quadros do Ministério da Educação se forem chamados no início do ano letivo de 2015/16. Nuno Crato, interpelado ontem na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, disse que a norma “semiautomática” de vinculação extraordinária está em negociações com os sindicatos dos professores e que o desejo do Governo é que esteja implementada no próximo ano, antes do início do ano letivo. O governante disse que a medida
não é feita “há décadas” e salientou perante os deputados que “não faz sentido que as necessidades do médio e longo prazo do ensino público sejam realizadas com a contratação repetida de professores com contratos a termo certo”. Na audiência na comissão parlamentar, com a duração de pouco mais de três horas, o ministro assinalou que a Comissão Europeia já tinha assinalado o “tratamento discriminatório entre professores dos quadros e contratados”. Nuno Crato admitiu ainda que “há muito a fazer na autonomia das escolas” e garantiu que mais contratos se-
rão realizados para que essa condição “seja reforçada”. Ainda na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, o governante salientou que “as escolas não tinham autonomia há três anos” e nem sequer podiam “decidir a duração de cada aula”. Em resposta a uma questão do deputado social-democrata Amadeu Albergaria, Nuno Crato referiu que “as coisas mudaram” e que os estabelecimentos de ensino com autonomia “podem decidir os tempos letivos, os intervalos, a gestão curricular”, entre outras questões. “As escolas com autonomia podem até criar novas disciplinas”, afirmou o ministro da
Educação perante os deputados da comissão parlamentar, acrescentando que o Ministério da Educação pretende aumentar os contratos de autonomia, atualmente em número de 212. O ministro ressalvou, ainda, que as escolas com autonomia “deixaram de ter tempos fixos e podem geri-los com o aumento em alguns casos e com a diminuição em outros, de forma a adaptarem-se às necessidades dos alunos”. Considerando ser “fundamental” a autonomia das escolas, Nuno Crato disse que antes “era pouquíssima a existência de autonomia”, reiterando que, no presente, é uma realidade.
Governo garante estar a resolver a questão do amianto
Remoção de placas em 177 escolas
João Casanova garantiu ontem, no Parlamento, que foi já feita a remoção de placas de fibrocimento em 117 escolas e que estão ainda em curso 36 intervenções. O secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar disse ainda que há um levantamento “incompleto e desatualizado”, pelo que o Ministério da Educação está a realizar um inventário exaustivo da existência de placas de fibrocimento e do seu estado de conservação nas escolas. O membro do Governo, que acompanhou o ministro da Educação na audição na Comissão Parlamentar da Educação, Ciência e Cultura, garantiu que o levantamento será concluído em breve. Em 2013, o Governo lançou um plano para remoção de amianto nos estabelecimentos de ensino, ao qual afetou seis milhões de euros. O secretário de Estado disse perante os deputados que há indicações da existência de “escolas a necessitar de uma intervenção maior e outras menor” e garantiu que “será feita a substituição das placas de fibrocimento [com amianto] caso a caso”. João Casanova referiu que “há um levantamento incompleto e desatualizado” e sublinhou que o inventário a decorrer permitirá identificar a existência de fibrocimento com amianto e o seu estado de conservação nas escolas. O mesmo responsável respondia ao deputado do Bloco de Esquerda (BE) Luís Fazenda, que denunciou o caso da escola Vieira da Silva, em Carnaxide, em que “apenas um terço das placas de fibrocimento existentes foram substituídas até ao momento”. “O que se passou em algumas escolas é que houve dificuldades em acompanhar procedimentos para que as intervenções fossem feitas rapidamente. Não tem nada a ver com questões orçamentais”, disse, negando que foram as restrições financeiras as causas. O secretário de Estado negou também que haja qualquer inércia na intervenção e referiu que “a lei determina que as placas têm de ser substituídas até ao final da vida das placas de fibrocimento”, conforme a lei 2/2011, de 09 de fevereiro. Sobre o Parque Escolar, o secretário de Estado referiu que “os orçamentos são limitados, o que se torna insuportável é a herança que foi deixada pelo Governo socialista”. “Havia orçamentos com candeeiros de Siza Vieira, orçamentos que impediram as obras nas escolas. Estamos a pagar a fatura”, concluiu.
economia
Quarta-feira, 5 de Março de 2014
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Lagarde alerta para redução dos salários no combate ao desemprego
“Não é a única solução” Planos da Galp até 2018
Investimento anual de 1,7 mil milhões
A Galp Energia estimou, ontem, um investimento médio anual entre 1,5 e 1,7 mil milhões de euros até 2018. De acordo com a informação divulgada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a propósito do seu Capital Markets Day, em Londres, o conselho de administração irá propor aos acionistas o pagamento de um dividendo de 28,8 cêntimos por ação referente ao exercício de 2013, “em linha com a política de dividendo”. No ano passado, a Galp Energia pagou 24 cêntimos por ação, referente ao exercício de 2012, tendo, em setembro distribuído um dividendo intercalar de 14,4 cêntimos.
Apesar de considerar que “a crise está a ficar atrás”, Lagarde considerou que “ainda não terminou totalmente”. A diretora do FMI, Christine Lagarde, defendeu, ontem, que reduzir os salários não é a única solução para baixar os custos laborais, algo essencial para fomentar a contratação e consolidar o crescimento. “Tem que ser uma estratégia global. Recomendamos que se reduza o custo global da mão-de-obra. Isso não quer dizer cortar sempre os salários, mas cortar os custos mais além do salário”, afirmou em entrevista à RTVE. “Temos que trabalhar a favor dos que têm emprego, mas a pensar também nos que não têm emprego. Pelo que se tem que avançar em medidas que fomentem o crescimento”, disse. Lagarde esteve em Espanha, onde participou, na segunda-feira, num fórum económico que analisou a situação das economias espanhola e europeia. Apesar de considerar que “a crise está a ficar atrás”, Lagarde considerou que “ainda não terminou totalmente”, pelo que se devem continuar as estratégias de reforma estruturais e de consolidação fiscal. No caso espanhol, disse, combater o elevado nível de desemprego
Crise. “Recomendamos que se reduza o custo global da mão-deobra. Isso não quer dizer cortar sempre os salários”, frisou Lagarde “deve ser a principal prioridade”, pelo que o Governo deve apostar em fomentar “o crescimento que gera emprego”. “Tem que ser uma estratégia global. Não apenas do mercado laboral, mas uma combinação da consolidação fiscal, uma boa politica monetária que se adapte suficientemente, um sistema bancário claro, transparente e sólido. E a continuação de reforma do mercado laboral”, disse. Lagarde disse que a estratégia deve ser “fomentar o crescimento inclusivo (…) acessível a
jovens e a mulheres”, que favoreça a formação dos trabalhadores, que elimine as barreiras de acesso ao mercado laboral e que garanta que os empregos a tempo parcial “são justos”. Questionada sobre os objetivos de défice, a responsável do FMI disse que mais importante do que a consolidação fiscal a curto prazo, o essencial é garantir “que é uma política consolidada a médio prazo”, demonstrando “uma boa gestão dos recursos públicos e, assim, ir progressivamen-
te reduzindo a divida pública”. “Mesmo apesar do bom progresso de Espanha, apesar das melhorias nas exportações, no crescimento, devem continuar as estratégias em curso. Melhorar o acesso das PME ao crédito, fomentar o investimento, reformar o mercado laboral para facilitar a contratação e estimular setores produtivos”, disse. Destacando que o crédito às empresas e famílias é “fundamental”, Lagarde saudou o processo de reestruturação e recapitalização da banca espanhola.
Portugal continua no grupo dos «moderados» Dia positivo na Europa
Bolsa de Lisboa fecha em forte subida
A Bolsa de Lisboa fechou, ontem, no verde, com o PSI20 a valorizar 2,50%, para os 7.369,86 pontos, numa sessão animada pelo BES, cujos títulos subiram mais de 5%. Todos os índices cotados no PSI20 fecharam com ganhos, num dia que também foi positivo no resto da Europa: Londres ganhou 1,72%, Paris 2,45%, Frankfurt 2,46% e Madrid 2,51%. Os ganhos foram liderados pelos títulos do BES, que subiram 5,22% para os 1,45 euros. No setor energético, a sessão também foi positiva, com a EDP a valorizar 2,39% para os 3,175 euros, a REN subiu 1,98% para os 2782 euros.
País da UE que mais cresceu em inovação Portugal continua, em 2014, no grupo dos países “inovadores moderados” com desempenho abaixo da média da União Europeia, mas tendo registado o maior crescimento entre os 28 (3,9%), segundo o Painel de Avaliação da Inovação, ontem divulgado em Bruxelas. Segundo o painel, que qualifica os Estados-membros em quatro grupos de países, os líderes em inovação são a Dinamarca, a Finlândia, a Alemanha e a Suécia e registam resultados mais de 20% acima da média da UE. Os seguidores em inovação - Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Reino Unido, Áustria,
Inovação. Avaliação de 2014 constata que o desempenho luso foi o que mais cresceu na UE: 3,9%
Irlanda, França, Eslovénia, Chipre e Estónia - apresentam desempenhos 10% abaixo da média da UE. O grupo dos inovadores moderados (Itália, a Espanha, Portugal, a República Checa, a Grécia, a Eslováquia, a Hungria, Malta, a Lituânia e a Croácia) têm desempenhos abaixo da média da UE, isto é, entre os 50 e os 90% dos 28. Polónia, Letónia, Roménia e Bulgária são os inovadores modestos, com desempenho mais de 50% abaixo da média da UE. Em relação a Portugal, a avaliação de 2014 constata que o desempenho na inovação foi o que mais cresceu na UE: 3,9%.
Por outro lado, ainda segundo Bruxelas, o índice de preços da produção industrial diminuíram em janeiro 1,4% na zona euro e 1,2% na União Europeia (UE), face ao mesmo mês do ano passado, com Portugal a recuar 1,5%. Segundo estimativas do gabinete oficial de estatísticas da UE, na comparação mensal, com dezembro de 2013, o indicador baixou 0,3% na zona euro e 0,4% na UE, tendo em Portugal tido um ligeiro recuo de 0,1,%. Irlanda (2,1), Letónia (0,5), Estónia (0,3) e Suécia (0,1) foram os países onde o indicador mais subiu na comparação anual.
futebol
6 | O Norte Desportivo
Quarta-feira, 5 de Março de 2014
Paulo Bento retira pressão a jogadores mais novos para particular com Camarões
“Não têm de fazer o jogo da vida deles” DR
“Nenhum dos jogadores menos experientes, mesmo os que se podem vir a estrear, tem qualquer pressão em cima deles”, assegura. O selecionador português de futebol, Paulo Bento, admite jogar de início com dois avançados no particular com os Camarões, rejeitando a possibilidade de deixar o «capitão» Cristiano Ronaldo sozinho na posição de ponta de lança. Paulo Bento aproveitou também para retirar pressão aos jogadores menos habituais nos estágios da equipa lusa, entre os quais os estreantes Ivan Cavaleiro e Rafa, apesar de o encontro de hoje, no Estádio Municipal de Leiria, ser o último antes do anúncio dos convocados para o Mundial2014. “Não temos tido a opção de colocar Ronaldo como ponta de lança, jogando como único homem na frente de ataque. Não acho que seja a melhor opção para um jogador com as suas características. A outra possibilidade é jogar com dois homens na frente. [Ronaldo] Sozinho na frente, de início, não o fará”, assegurou Paulo Bento, ontem, em Óbidos. Apesar de descartar a hipótese de lançar Ronaldo «às feras» camaronesas, o selecionador nacional assinalou que poderá optar por essa solução em momentos do jogo, a fim de suprir as ausências de Hélder Postiga e Hugo Almeida, os dois principais candidatos ao lugar de ponta de lança, ambos ausentes devido a lesão. A recuperação de Hélder Postiga parece ser mais complicada e Paulo Bento manifestou alguma preocupação com a situação clínica do avançado. “Os departamentos médicos estão em contacto. Neste momento está com um problema físico e estamos a aguardar a forma como evolui desse problema e se poderá competir para ser uma opção. Não estava em condições para poder estar agora connosco, mas ainda falta tempo para a convocatória final”, observou.
“É um jogo para desfrutarem”
Particular. Portugal defronta, hoje, os Camarões e o selecionador nacional admite jogar com dois “homens na frente de ataque”
Vettel apreensivo
“Conseguir terminar uma corrida já será um feito”
O alemão Sebastian Vettel, tetracampeão mundial de Fórmula 1, pediu, ontem, rápidos melhoramentos no seu carro (Red Bull), sob o risco de comprometer o quinto título no Mundial de 2014, a duas semanas do arranque da prova. “Neste momento, conseguir terminar uma corrida já será um feito. Se metade dos pilotos desistir, então teremos hipóte-
ses de amealhar alguns pontos”, ironizou o germânico ao canal televisivo Servus TV, depois do insucesso nos testes concluídos domingo no Bahrain. A preparar-se para o quinto troféu consecutivo, Vettel projeta com muita apreensão o Mundial deste ano, que começa a 16 de março, no circuito australiano de Melbourne. Na sessão de sábado dos testes realizados no Bahrein, Vettel nem sequer conseguiu concluir uma única volta ao circuito devido a problemas elétricos no motor Renault.
As ausências de vários habituais titulares no jogo com a seleção africana, por opção técnica ou devido a lesões, casos do guarda-redes Rui Patrício, o defesa Bruno Alves e os avançados Nani e Hélder Postiga, podem representar uma oportunidade de ouro para alguns jogadores menos utilizados, mas Paulo Bento quer apenas que os novatos “desfrutem” o momento. “Nenhum dos jogadores menos experientes, mesmo os que se podem vir a estrear, tem qualquer pressão em cima deles. Não têm de demonstrar nada, nem que fazer o jogo das suas vidas. Serve para William [Carvalho], o Rafa ou o Ivan [Cavaleiro]. É um jogo para desfrutarem”, sublinhou. Sem “deixar de querer ganhar”, Paulo Bento pretende aproveitar o particular com os Camarões para “testar alternativas” e “sentir” alguns jogadores menos utilizados, admitindo inclusive alterar o desenho habitual da equipa lusa, com a utilização de dois avançados no centro do terreno. Caso Paulo Bento se decida por aquela opção, a grande incógnita será qual o jogador que vai alinhar de início ao lado de Cristiano Ronaldo, cuja distinção como melhor futebolista mundial não aumenta as responsabilidades da “equipa das quinas”, na opinião do treinador. “O facto de chegarmos ao Campeonato do Mundo com um jogador no nosso grupo que é o melhor do Mundo não me parece que traga qualquer tipo de acréscimo de pressão. Os nossos objetivos, fosse ou não considerado o melhor do Mundo, seriam os mesmos”, advertiu. Paulo Bento apenas expressou o desejo de ter Ronaldo nas melhores condições físicas no Mundial do Brasil, algo que não aconteceu no Campeonato do Mundo de 2002 com Figo: “Esperemos obter um resultado diferente”. O encontro com os Camarões, que tem início marcado para as 20:45 horas, será o último que a seleção portuguesa vai realizar antes de Paulo Bento anunciar a lista de convocados para a fase final do Mundial, que se vai realizar no Brasil, entre 12 de junho a 13 de julho de 2014.
Técnico orienta primeiro treino da semana
Fonseca presente
O FC Porto regressou, ontem, ao trabalho após mais um «abanão» provocado pelo empate com o Vitória de Guimarães (2-2), na 21.ª jornada da I Liga, com Paulo Fonseca a orientar uma sessão sem nove internacionais. Depois de somar o quarto jogo consecutivo sem vencer, dois empates com o Eintracht Frankfurt (2-2 e 3-3), um com o Vitória de Guimarães (2-2) e derrota com Estoril (0-1), o FC Porto atravessa um momento conturbado e em que cresce a contestação a Paulo Fonseca. A qualificação para os oitavos de final da Liga Europa, alcançada com o empate a 3-3 em Frankfurt, permitiu ao FC Porto disfarçar um pouco a derrota sofrida em casa com o Estoril, mas o empate a 2-2 em Guimarães, depois de os «dragões» terem estado a vencer por 2-0, voltou a colocar o lugar de Paulo Fonseca em risco. Josué e Varela (Portugal), Jackson e Quintero (Colômbia), Herrera e Reyes (México), Ghilas (Argélia), Mangala (França) e Ricardo (Portugal Sub-21) foram os jogadores que falharam a sessão por se encontrarem ao serviço das respetivas seleções. O FC Porto tem nova sessão de treino marcada para as 10h00 de hoje, faltando saber se com Paulo Fonseca ao «leme» da equipa.
Quarta-feira, 5 de Marรงo de 2014
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OLIMPICAMENTE MAIS DO MESMO Desta feita não foi a troica que cá veio dizer o que os portugueses devem fazer. Desta feita, foram buscar um espanhol de seu nome Joan Anton Camuñas, professor de Gestão Estratégica e presidente do Centro de Treino de Alto Nível de Barcelona que veio cá dizer aos basbaques do Movimento Desportivo aquilo que devem fazer! Gustavo Pires* E o espanholito – como certamente lhe chamaria a saudosa Amália – desenvolveu como tema da sua comunicação a alta problemática da “alteração de paradigma, como princípio que deixa de ser aplicado quando já não se ajusta à realidade” o que para trocadilho não está nada mal se é que compreendemos. De qualquer maneira a “mudança de paradigma” e as “fontes de financiamento” foram, segundo a comunicação social, apontadas pelos ilustres congressistas como as soluções para a crise em que o desporto nacional se encontra. Triste “pensar o Olimpismo” e fraco para não dizermos medíocre o “testemunho para o futuro”. Porque, assim sendo, no quadro da atual configuração do desporto nacional, as conclusões mais do que evidentes que vão resultar do Congresso Olímpico podem-se resumir a duas; 1ª: queremos mais dinheiro; 2ª: Queremos menos controlo. E somos desta opinião porque há muito que se sabe que o que menos interessa ao Movimento Desportivo em Portugal é a existência de um paradigma de desenvolvimento que ponha de lado o atual estado de anarquia em que as coisas se encontram. Desde os processos eleitorais das federações e confederações desportivas até ao sistema de controlo da maneira como os dinheiros públicos são gastos. E contrariando a perspetiva do “queremos mais dinheiro e menos controlo” o que deveria ser dito aos nossos queridos dirigentes é que: as mudanças geopolíticas no atual panorama mundial para além da velha Europa estão a desencadear profundas transformações na superestrutura do desporto mundial, com uma dramática perca dos tradicionais poderes corporativos por parte das federações nacionais e internacionais; a intervenção à escala mundial de novos centros de poderes até agora desconhecidos do desporto estão a provocar problemas que urge serem resolvidos; o desajustamento espaciotemporal dos grandes eventos desportivos com consequências económicas de ambos os sinais devem ser equacionados a uma escala global; os novos interesses sociais das juventudes que as afastam dos modelos tradicionais de prática desportiva são uma dor de cabeça para os dirigentes que assistem impávidos e serenos à existência de uma disciplina de educação física anedótica e de um desporto escolar incapaz; as novas práticas de lazer ativo que deslocam o interesse de milhões de pessoas para atividades até agora inusitadas estão a abrir brechas profundas nas organizações desportivas sobretudo a nível do clube tradicional; as novas dinâmicas do espetáculo desportivo fazem recuar os desporto às suas origens circenses com consequências de momento absolutamente imprevisíveis; e, finalmente, para não sermos exaustivos os aspetos negativos da prática desportiva federada e dos grandes eventos, veja-se o caso de Sochi ou, ao nosso nível de mediocridade, os “Lusofonia Games” que destroem o interesse das pessoas por tudo o que tenha a ver com o desporto e o Olimpismo, porque acabam por prejudicar o normal processo de desenvolvimento humano. Do modelo absolutamente inapropriado para não utilizar outra palavra mais expressiva em que decorreu o Congresso Olímpico só pode resultar a eterna ladainha do “queremos mais dinheiro e menos controlo”. Mas por paradoxal que possa parecer o Governo atribuiu a módica quantia de 16 milhões de euros, ao Comité Olímpico de Portugal uma organização que segundo a comunicação social, não tinha conhecimento que os atletas olímpicos estão, por falta de pagamento aos médicos e paramédicos em riscos de ficarem sem apoio médico. Este é o atual modelo de desenvolvimento do desporto em Portugal a começar pelo processo de alta competição. Ele está ao nível da mais profunda mediocridade, contudo, os dirigentes do Comité Olímpico de Portugal não se podem queixar na medida em que até assinaram um contrato de 16 milhões para o seu funcionamento.
Nem a chuva fez parar Carnaval de Torres Vedras
Mais de 350 mil visitantes Mais de 350 mil pessoas visitaram o carnaval de Torres Vedras nos últimos quatro dias, sendo o corso noturno de segunda-feira o que atraiu mais visitantes, estima a organização. Laura Querido, do Fundão, é uma das cerca de 40 mil pessoas que, segundo dados provisórios da organização, assistem ao vivo ao corso de terça-feira, no primeiro ano em que os desfiles têm transmissão ‘online’ para todo o mundo no site do evento. “Há dois anos que já cá vimos ver o carnaval, porque gostamos. Mais do que os carros alegóricos, gostamos de ver os mascarados, porque têm ideias engraçadas”, refere. Luísa Domingos, a residir em Lisboa, repete, também pela segunda vez, a presença em Torres Vedras e, apesar de ser natural da Figueira da Foz, onde também existe carnaval, confessa gostar mais daquele, onde não entram escolas de samba. “Este toca mais ao coração. Há muita interação entre o corso e as pessoas que estão a assistir, o que não se vê noutros carnavais, porque aqui é mais popular, mais espontâneo, mais genuíno e envolve mais as pessoas. Os outros estão mais profissionais com as escolas de samba. Não sou de cá, mas sinto-me como se fosse”, afirma.
Depois de a chuva ter atraiçoado os dois primeiros dois dias, a organização estima ter mantido a afluência de visitantes de 2013, ano considerado “excecional”, com 350 mil visitantes. São Pedro deu tréguas aos foliões e a atração de visitantes ao corso noturno de segunda-feira, com 80 mil a assistir, e diurno de ontem, com 40 mil estimados, veio compensar os dois primeiros dias mais fracos. Seja qual for o estrato social, miúdos e graúdos mascaram-se para manter a tradição daquele que se intitula o ‘carnaval mais português de Portugal’ e que, pela primeira vez, foi sujeito a candidatura a património imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). É o caso de Manuel Barbosa, 63 anos. Pertence ao grupo de ministros e matrafonas que acompanham os reis do carnaval, figuras locais. Trajado de matrafona de tempos mais remotos, com um vistoso vestido comprido, conta que mantém a tradição há 42 anos. “Está no sangue. Este carnaval tem futuro. Aqui toda a gente brinca, porque é contagiante. Basta vir para dentro do corso”, acrescenta, enquanto vai dançando ao ritmo da música brasileira que ambienta o corso.
A tradição da sátira político-social voltou também a cumprir-se com oito carros alegóricos a integrarem o desfile no meio de milhares de mascarados. Passos Coelho, Cavaco Silva, Miguel Relves e outros políticos surgem a concorrer ao “primeiro a sair”, enquanto no ‘Portakus’ a ditadora Merkel comanda vários gladiadores, entre os quais o primeiro-ministro português. Desfilam também o avião da companhia “tás daqui para fora”, a aludir ao apelo à emigração pelo Governo, protagonizado pelo ministro Paulo Portas, e o “troikanic”, uma mistura entre o filme Titanic e o amor de Governo entre CDS-PP e PSD, protagonizados por Passos Coelho e Paulo Portas. Num ano em que o carnaval é dedicado ao mundo da televisão, um dos carros simboliza também a luta das audiências, com as televisões a dar fama ao Zé Povinho completamente despido, igual às personagens da série televisiva “Perdidos”. A antecipar o mundial de futebol no Brasil, vários jogadores de futebol, entre eles Cristiano Ronaldo, figuram no carro intitulado “desportistas de sofá”.
Na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas
NATO e Rússia reúnem-se hoje para discutir crise na Ucrânia Um Conselho NATO-Rússia vai realizar-se hoje na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas para discutir a crise na Ucrânia, informou hoje a NATO. O embaixador da Rússia na NATO, Alexandre Grushko, aceitou o princípio desta reunião excecional, iniciativa de vários países membros da Aliança, disse Oana Lungescu, portavoz da NATO. A reunião vai decorrer um dia depois da segunda reunião de emergência em três dias, dos embaixadores dos 28 países membros da Aliança Atlântica, para debater a situação na Ucrânia e a ação da Russa na península ucraniana da Crimeia. A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, e Moscovo enviou nas últimas horas tropas para a república autónoma da Crimeia, com uma maioria de cidadãos russos e base da frota russa do Mar Negro. A decisão foi tomada em nome da proteção dos cidadãos e soldados russos, depois de o Governo autónomo ter rejeitado o novo executivo da Ucrânia, formado pelos três principais partidos da oposição ao presidente Ianukovich, atualmente no exílio. A segunda reunião de emergência da NATO foi marcada a pedido da Polónia, que invocou o artigo 4º do Tratado da Aliança Atlântica, por se conside-
rar ameaçada pela possível intervenção armada da Rússia. Nos termos daquele artigo “qualquer aliado pode solicitar consultas sempre que, na opinião de qualquer um deles, a sua integridade territorial, a independência política ou a segurança é ameaçada”, indicou a Aliança Atlântica. CE AVANÇA COM AJUDA FINANCEIRA Bruxelas apresenta hoje um pacote de ajuda financeira à Ucrânia, cujos contornos ainda não são conhecidos, anunciou a porta-voz da Comissão Europeia. “O colégio de comissários deverá chegar amanhã [hoje] a um acordo sobre um plano de ajuda” à Ucrânia, anunciou Pia Ahrenkilde Hansen, na habitual conferência de imprensa diária da Comissão. Kiev enfrenta o perigo da bancarrota do país, pelo que, em cima da mesa, estará um pacote de curto prazo, que contará com a participação do Fundo Monetário Internacional. O acordo de associação já proposto pela União Europeia à Ucrânia inclui um envelope financeiro de cerca de 610 milhões de euros. Bruxelas poderá ainda mobilizar fundos na ordem dos 500 milhões, mas só hoje os números serão confirmados pela “Comissão Barroso”. O acordo de associação foi rejeitado
pelo ex-Presidente Viktor Ianukovich, gerando uma contestação popular que resultou, no dia 27 de fevereiro, com a constituição de um novo Governo de unidade nacional até às presidenciais de 25 de maio. Entretanto, a tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda de Ianukovich, por causa da Crimeia, península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do Mar Negro. Ontem, o presidente russo anunciou que se reserva o “direito de atuar” na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos. O presidente da Comissão Europeia defendeu, também ontem, que os líderes europeus devem “condenar” firmemente as recentes ações da Rússia na Crimeia, mas manter uma via política para garantir a paz, “o bem mais precioso da Europa”. “Estamos muitíssimo preocupados com esta situação e com o que isto pode representar para a paz na Europa, a paz é o bem mais precioso que temos na Europa e estamos a fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance para, por uma via política e diplomática, evitar que haja situações mais difíceis do que aquelas que já temos, por isso é que foi decidido convocar este Conselho informal”, afirmou José Manuel Durão Barroso.