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MAIS TRÊS MEDALHAS TAÇA DO MUNDO DE CANOAGEM COM MUITA PIMENTA PARA PORTUGAL

Há 145 anos, sempre consigo. 1868

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 113

Segunda-feira, 04 de maio de 2014

JERÓNIMO DE SOUSA E A SAÍDA LIMPA DO PROGRAMA DA TROIKA

R A STO DE POBREZA

n O secretário-geral do PCP afirma que a “saída limpa” do programa de assistência deixa “um rasto de pobreza” no país, apelando ao voto nas europeias para mostrar que “a troika não manda” em Portugal. “Esta saída limpa da troika deixa um rasto de empobrecimento no país. Foram três anos com a maior carga de impostos do Portugal democrático e a dívida aumentou 50 mil milhões de euros”, destaca Jerónimo de Sousa...

NORTE

Pizarro pede explicações ao Governo sobre inauguração do Centro Materno Infantil

PENSÕES

José Junqueiro diz que “Paulo Portas já não engana ninguém”

TERRORISTA

Ucranianos em Portugal condenam atuação do presidente Putim


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

PS/Porto exige explicações ao Governo sobre CMIN

“Obra ainda está incompleta” A concelhia do PS/ Porto exige que o Governo revele “o calendário” previsto para completar o Centro Materno Infantil do Norte, acusando-o de tudo ter feito para “sabotar” a obra e pretender inaugurála incompleta este mês por motivos eleitoralistas. “O que vai ser inaugurado é uma obra que ainda está incompleta e nós exigimos que o Governo explique qual é o calendário para a completar, designadamente para requalificar o edifício da Maternidade [Júlio Dinis] e para construir o parque de estacionamento, que é um equipamento indispensável porque passarão a vir aqui todos os dias milhares e milhares de pessoas”, afirmou o líder da concelhia em declarações aos jornalistas no Porto. Segundo Manuel Pizarro – que é também vereador no executivo da Câmara do Porto presidido por Rui Moreira e descerrou frente à obra um cartaz do PS/Porto dizendo “Centro Materno Infantil: Este Governo não queria. Mas o Porto venceu” – o executivo, “durante estes três anos, fez tudo o

PS/PORTO. Manuel Pizarro diz que a obra “ainda está incompleta” e exige que o Governo explique “qual é o calendário para a completar” que podia para sabotar” a infraestrutura. “Não financiou o Centro Hospitalar do Porto (CHP) – que tem aliás um grave problema de sustentabilidade financeira porque não recebeu ainda nenhum dinheiro do Estado português para esta obra – e atrasou-a”, disse, salientando que “aquilo que vai ser inaugurado esta semana devia ter sido inaugurado há seis meses e com a obra completa”. O PS/Porto acusou o Governo de “aproveitar, agora, a campanha eleitoral para as europeias para vir fazer uma festa e fingir que completou a obra”, inaugurando-a sem o parque de estacionamento de 314 lugares previsto, numa zona muito congestionada da cidade e numa atitude de “irresponsabilidade” que pode causar “gravíssimos problemas de trânsito e de mobili-

dade” naquela zona da cidade. “O sr. ministro da Saúde foi dizendo, durante estes três anos, que o Centro Materno Infantil era um erro de planeamento. Eu devolvo-lhe, inteirinha, essa acusação. Erro de planeamento é o do Ministério da Saúde, que vai abrir a obra apenas a meio”, sustentou Pizarro. Assegurando que o Porto não vai comprar “gato por lebre”, o líder da concelhia socialista exige “que o projeto do Centro Materno Infantil seja levado até ao fim, porque só assim é que, articuladamente, pode funcionar em benefício das pessoas”. Neste momento, disse, a obra está parada “porque o Governo não transfere dinheiro para o CHP, que que não tem condições para a continuar”: “A comparticipação nacional é superior a 20 milhões

de euros e, até agora, foi feito zero de transferência para o Hospital de Santo António. O que foi feito foi com dinheiros comunitários e fundos próprios do Hospital de Santo António, causando, evidentemente, problemas de tesouraria a esse hospital”, acusou, destacando: “Mas pode ser que a vinda do senhor ministro [da Saúde] e, aparentemente, do sr. primeiro-ministro seja uma ocasião para nos explicarem como é que vão acabar a obra”, acrescentou, assegurando que o Porto “não se vai calar” e irá “exigir que o projeto seja realizado na sua totalidade”. O Centro Materno Infantil do Norte, integrado no CHP, está previsto desde 1991 e é uma obra orçada em mais de 40 milhões de euros, com financiamento comunitário de 21,7 milhões.

Comemoração do centenário da carreira Boavista-Castelo do Queijo

Desfile de elétricos engrandece Porto Cerca de uma dúzia de carros elétricos desfilaram pela marginal do rio Douro em comemoração dos 100 anos da extensão da antiga carreira que ia da avenida da Boavista até ao Castelo do Queijo, no Porto. Já na sua 24.ª edição, o cortejo partiu do Museu do Carro Eléctrico em direção ao Passeio Alegre, perante o acenar de milhares de pessoas, que até no meio do rio Douro saudaram os carros de outros tempos, com remos ao alto e sorrisos rasgados. Para Isabel Moreira, guarda-freio da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, o carro elétrico consegue ser mais do que uma atração turística ao permanecer útil para a população, pelo que lamenta

o desaparecimento de várias linhas e sobretudo o mau estacionamento de muitos condutores, que a impedem regularmente de circular sobre os carris e que são um “problema do dia-a-dia”. Segundo o guia e também guardafreio da STCP Pedro Rocha, o desfile do carro elétrico “é uma forma de brindar os portuenses” com a presença dos veículos que também considera ainda úteis, até porque ainda vê “muitos utentes com passe mensal”. “É o que acontece aqui, nesta região de Massarelos”, explicou, referindo que “ainda se utiliza muito o 18 para ir ao Hospital de Santo António ou para ir até à Baixa” e que “muitos preferem o carro elétrico ao autocarro.”

Para o guarda-freio de 31 anos, as principais curiosidades deste meio de transporte secular passam pelo “carro americano de tração animal, da década de 70 do século XIX, ou o ‘fumista’, pensado no bem-estar dos fumadores”. “Nos outros carros só se podia fumar das nove às quatro da tarde”, recordou, contando que naqueles se podia fumar desde o início do serviço, porque eles já vinham para a rua sem janelas, o que era um sério sarilho”, por o clima do Porto ser “muito instável”. Alvarim Teixeira, de 70 anos, ainda deu “alguns tombos”, quando era criança, ao apanhar boleias clandestinas em vários elétricos e até ao saltar em andamento “e a grande velocida-

de”. “Recordo-me ainda de que havia um elétrico que tinha uma caixa de correio”, disse, explicando que as pessoas punham lá as cartas e, no final do dia, enviava-se tudo para o edifício dos Correios”. “Era uma coisa extraordinária”, considerou. Alvarim Teixeira trabalhou na STCP durante 29 anos, em Massarelos, e recordou, sem disfarçar a saudade, os tempos em que “havia o 10, que ia do Bolhão a Venda Nova, em Rio Tinto”, e em que o bilhete “ficava por uma média de 15 tostões”. “Venho com os meus netos para lhes mostrar aquilo em que trabalhei”, admitiu, desejando que o desfile continue por muitos anos: “Na realidade só vem engrandecer a cidade do Porto”.

Na Póvoa de Varzim e em Vila do Conde

Projeto AquaVida usa bicicletas elétricas

Os Delfins – Associação de Nadadores-Salvadores da Póvoa de Varzim e Vila do Conde – iniciaram o Projeto AquaVida 2014, que consiste na vigilância das praias das duas cidades, antes do início da época balnear, usando bicicletas elétricas. Este é um projeto que começou há cinco anos, como lembrou Isaac Braga, da direção da associação, e visa vigiar “as praias antes do arranque época balnear, durante os finais de semana e feriados com boas condições climatéricas”. Ao todo serão cerca de 15 nadadores-salvadores a participar. Quatro bicicletas elétricas, novo meio de transporte no projeto, vão permitir aos nadadores “chegarem mais depressa ao local do socorro sem se cansarem tanto e poderem prestar um melhor salvamento”, sublinhou Isaac Braga, destacando: “São bicicletas comuns em que está adaptada a parte elétrica, por forma a que o nadador-salvador não se canse até chegar ao local do eventual socorro, além de ser um veículo amigo do ambiente”. Os nadadores-salvadores contam com pranchas, boias-torpedo, cintos de salvamento e material de primeiros socorros. Isaac Braga lembrou ainda que o projeto AquaVida é patrocinado pelas autarquias da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, em questões logísticas e de seguros. Este apoio nas praias é prestado até 15 de junho, altura em que começa a época balnear na zona norte, e este ano vai voltar em setembro. “Pela primeira vez vamos também estender entre 15 e 30 de setembro para dar resposta à procura que há nesses dias, em que as praias fecham mas continuamos a ter banhistas”, vincou o dirigente.


regiões

Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

Cirurgias desmarcadas no Centro Hospitalar do Algarve

Tudo resolvido Ministério da Saúde garante que as dificuldades registadas no período de fusão dos hospitais públicos já estão resolvidas. A bordo de navio mercante

Três filipinos resgatados no mar dos Açores

A Força Aérea e a Marinha coordenaram a retirada de três filipinos com graves queimaduras do navio mercante Orient Jasmine, perto da ilha de São Miguel, anunciou, ontem, o comando da zona aérea dos Açores. Em comunicado, a Força Aérea e a Marinha adiantam que através dos seus centros coordenadores de Busca e Salvamento Aéreo e Marítimo coordenaram, na noite de sábado, a retirada médica de três tripulantes do sexo masculino, de 25,27 e 43 anos de idade, de nacionalidade filipina, com “queimaduras graves resultantes de um acidente ocorrido a bordo do navio mercante Orient Jasmine, de bandeira de Singapura”. Esta foi a nona missão deste tipo realizada este ano pela Força Aérea no arquipélago dos Açores.

As dificuldades denunciadas por 182 médicos do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), registadas no período de fusão dos hospitais públicos e que levaram à desmarcação de cirurgias estão ultrapassadas, garantiu o Ministério da Saúde em resposta ao Bloco de Esquerda. Em janeiro, o BE perguntou ao Governo se tinha conhecimento da denúncia de degradação dos cuidados de saúde à população algarvia exemplificada com falta de material de uso corrente e medicamentos e críticas dos médicos à gestão do CHA. Apesar de admitir que têm existido adiamentos de cirurgias programadas, o Ministério da Saúde

Algarve. “Foram estabelecidos mecanismos de resposta, pelo que as situações se encontram ultrapassadas”, disse o Ministério ao BE

garante que “os adiamentos por alegada falta de material são excecionais e resultam de descoordenação”. Em resposta divulgada pelo BE, o Ministério explica que os constrangimentos verificaram-se nas últimas semanas de dezembro e em janeiro, período em que o aprovisionamento foi centralizado e os sistemas informáticos foram alterados. “Foram estabelecidos mecanismos de resposta, pelo que as situações se encontram ultrapassadas”, lê-se na resposta enviada aos deputados João Semedo e Cecília Honório, do BE. Segundo os dados divulgados pelo Ministério, durante o quarto trimestre de 2013, foram adiadas 112 cirurgias no CHA e realizadas 3.775, enquanto em janeiro de 2014 foram adiadas 40 cirurgias e realizadas 942. Das 112 cirurgias desmarcadas no último trimestre de 2013 no CHA, apenas em 12 não foi apresentado o motivo de cancelamento. Das 40 cirurgias adiadas em janeiro, cinco foram adiadas por falta de material.

Comunidade Intermunicipal do Oeste

Apoio aos bombeiros

Colisão entre moto e carro mata 4 pessoas

A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) entregou, ontem, 341 capacetes a 12 corporações de bombeiros. Os capacetes foram entregues no âmbito de uma candidatura aprovada pelo Programa Operacional de Valorização do Território (POVT) para aquisição de equipamentos de proteção individual para combate a incêndios em espaços na-

turais. A candidatura prevê dotar os corpos de bombeiros de todos os municípios do Oeste com 3189 equipamentos (incluindo, além dos capacetes, cogulas, luvas, casacos, calças e botas) mas, de acordo com o presidente da OesteCIM, Carlos Miguel (PS), “o resto do equipamento não vai estar apto [a ser entregue] a tempo da próxima época dos fogos”.

Homem desaparecido desde o dia 25 de abril

Uma “colisão lateral” entre um motociclo e um ligeiro de passageiros, ocorrida ontem à tarde num cruzamento em São Pedro da Torre, Valença, provocou quatro mortos e um ferido grave. O acidente ocorreu cerca das 14h39 na Estrada Nacional (EN) 13 e, de acordo com fonte do comando territorial da GNR de Viana do Castelo, três das vítimas morreram carbonizadas e eram ocupantes da viatura ligeira. O condutor da motorizada também morreu na sequência do acidente e um segundo ocupante apresenta ferimentos graves. “A viatura ligeira incendiou-se após a colisão e os três ocupantes morreram carbonizados”, explicou a GNR. Dados recolhidos no local “indiciam” que o motociclo seguia no sentido Valença-Viana da EN13 e que a colisão se deu quando o ligeiro pretendia aceder à mesma via, num cruzamento. Ao local, onde o trânsito esteve condicionado, compareceram nove viaturas dos bombeiros de Valença, com 22 homens.

Corpo aparece entre a Zambujeira e Almograve

O corpo de um homem, de 47 anos, desaparecido a 25 de abril, no mar da Praia de Almograve, em Odemira, foi resgatado no sábado pelas autoridades marítimas. Segundo o revelado ontem pelo Comando Distrital de Operações de Socorro de Beja, o alerta foi dado pelas 11h23, tendo a Polícia Marítima efetuado o resgate do cadáver que foi avistado, momentos antes, por um pescador entre as praias da Zambujeira e Almograve. Segundo o comandante da Polícia Marítima e capitão do Porto de Sines, Velho Gouveia, o homem, após ter estado a jogar futebol na praia com outras pessoas, terá entrado na água e, pouco depois, desaparecido.

Em causa está, segundo o também autarca de Torres Vedras, o facto de depois de o Governo ter sugerido que as comunidades intermunicipais poderiam avançar com as candidaturas, estas terem sido confrontadas “com a expectativa de terem que suportar o IVA do investimento”, o que levou a OesteCIM a suspender os concursos.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

PS responde à carta aberta do CDS-PP sobre pensões

Francisco Assis já nada espera do Governo

“Portas já não engana ninguém”

“Saída limpa é a solução mais natural”

O cabeça de lista do PS às europeias disse que já nada espera do Governo, considerando irrelevante o modo como Portugal sairá do programa de assistência financeira, porque fundamental é saber o estado atual e futuro do país. “O modo da saída é completamente irrelevante”, afirmou Francisco Assis aos jornalistas, em Beja, durante uma visita à feira Ovibeja, referindo que “as condições em que se vai processar a saída resultam mais de fatores externos do que fatores internos” e “a saída limpa não era uma exigência do PS”, mas sim “a solução mais natural e que esteve prevista desde o primeiro momento”. As questões “fundamentais” são duas, ou seja, “o estado em que o país se encontra e quais são as perspetivas futuras” para Portugal e, “infelizmente, desse ponto de vista, já nada espero deste primeiroministro e deste Governo”, disse. Portugal “está melhor ou pior do que estava há três anos? A meu ver está muito pior, por duas razões: em primeiro lugar, porque não houve capacidade para fazer uma apreciação crítica dos efeitos das políticas aplicadas em resultado da entrada da troika em Portugal e, em segundo lugar, porque o Governo, deliberadamente, foi muito mais longe do que aquilo que a troika alguma vez preconizou”, concluiu.

O vice-presidente da bancada do PS José Junqueiro respondeu à carta aberta dirigida pelo CDS-PP ao líder socialista afirmando que, sobre as pensões, “o dr. Paulo Portas já não engana ninguém”. “De uma forma objetiva, o dr. Paulo Portas já não engana ninguém. Todos perceberam que o Governo fez um aumento de impostos e um corte nas pensões”, afirmou José Junqueiro, referindo que comentadores políticos e da área do Governo também “já o reconheceram”. O CDS-PP divulgou uma carta aberta ao secretário-geral do PS, acusando António José Seguro de revelar um “inesperado desespero” com o que considerou a recuperação substancial do valor das pensões. Na carta, Filipe Lobo d`Ávila considerou que António José Seguro mostrou “descaramento” que “merece resposta pronta” por perguntar “como se sentiria o líder do CDS-PP” depois de criar uma “TSU das pensões”. Repudiando o conteúdo da carta dirigida pelo porta-voz do

JOSÉ JUNQUEIRO. O dirigente socialista diz que “todos perceberam que o Governo fez um aumento de impostos e um corte nas pensões” CDS-PP, que classificou como “um insulto”, o dirigente do PS sublinhou que o “corte nas pensões tem um carater definitivo” como prevê o Documento de Estratégia Orçamental e que “isso é um facto incontornável”. “O dr. Portas que se quis apresentar como o provedor dos contribuintes e dos pensionistas ficará na história como o algoz desses contribuintes e desses

pensionistas”, considerou José Junqueiro. Quanto às críticas feitas pelo CDS-PP ao anterior governo PS, José Junqueiro disse que o anterior governo “já transitou em julgado” e que “quem tem agora que responder ao país pelas medidas que está a tomar é o atual Governo”. “Compreendemos pois que, quando um político entra em desespero, se sin-

ta mais atraído pelo insulto do que pela grandeza de ter reconhecido que errou”, disse. O porta-voz do CDS-PP, Filipe Lobo d`Ávila, tinha considerado “espantoso” que o PS critique a “Contribuição Extraordinária de Solidariedade”, sublinhando que “foi criada no Orçamento de 2011 por um Governo socialista”.

Jerónimo de Sousa e a “saída limpa” do programa de resgate

“Deixa um rasto de empobrecimento” O secretário-geral do PCP afirma que a saída limpa do programa de assistência deixa “um rasto de empobrecimento”, apelando ao voto nas europeias para mostrar que “a troika não manda” em Portugal. “Esta saída limpa da ‘troika’ deixa um rasto de empobrecimento no país. Foram três anos com a maior carga de impostos do Portugal democrático e a dívida aumentou 50 mil milhões de euros”, disse, durante uma arruada em Alcochete, Setúbal. Jerónimo de Sousa reafirmou que o Governo, após dizer que vai

Portugal Open. Com este triunfo, Gastão Elias igualou a melhor prestação de sempre, alcançada em 2013

acabar o “pacto de agressão”, veio apresentar um novo aumento de impostos, no IVA e TSU, mas que acabou por baixar os impostos nas empresas “com a ajuda do PS”. “Diziam há três anos que os sacrifícios eram temporários, mas agora anunciaram que este roubo é definitivo. Nós não aceitamos a ideia que a ‘troika’ manda em Portugal”, defendeu. O secretário-geral do PCP afirmou que as eleições europeias, agendadas para 25 de maio, são uma boa oportunidade para afirmar que quem manda no país são

os portugueses. “A maior resposta que podemos dar é dizer que os portugueses é que mandam. É também uma oportunidade de dar mais um empurrão no Governo e acreditar que é preciso uma vida melhor, que só é possível com uma política diferente”, frisou. Jerónimo de Sousa defendeu que é importante que estejam no parlamento europeu pessoas que “não apoiem a ‘troika’ estrangeira”, apelando ao voto e criticando quem pretende “desvalorizar a importância das eleições europeias”.

Paulo Rangel acusa PS de “leviandade”

“Meteu Portugal na bancarrota”

O cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP às eleições europeias acusa o PS de “leviandade” por ter metido Portugal na “bancarrota” e trazido a troika, reiterando que “o período de verdadeiros sacrifícios acabou”. Paulo Rangel regia a declarações do cabeça de lista do PS às europeias, Francisco Assis, que, no sábado, considerou “grave” que o líder da coligação PSD/CDS-PP fale do aumento de impostos com “leviandade”, por ter dito ao jornal “i” que o período de “verdadeiros sacrifícios acabou”. “O período de verdadeiros sacrifícios acabou. Leviandade foi aquilo que fez o PS, que trouxe Portugal para a bancarrota”, disse Paulo Rangel aos jornalistas, em Beja, durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja. Segundo o cabeça de lista, “chamar levianos àqueles que, ao fim de três anos, fizeram um esforço enorme, que são os portugueses, para repor o país com crédito, com reputação, com credibilidade junto dos mercados internacionais, é que parece uma contradição”. “A austeridade, enquanto princípio ou medidas ou políticas que tivemos de seguir, acabou, agora, naturalmente, que, depois de uma cura, tem de haver sempre responsabilidade”, concluiu.


Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

economia

O Primeiro de Janeiro |

Seis municípios continuam à espera de receber verbas inerentes ao PAEL

30 Câmaras vivem em “asfixia financeira” Verbas do Programa de Apoio à Economia Local estão muito longe de conseguir resolver os problemas das autarquias.

BES realiza assembleia-geral anual hoje

Futuro em discussão

O Banco Espírito Santo (BES) realiza, às 10h00 de hoje, a sua assembleia-geral anual, em Lisboa, num momento em que o grupo está a passar por um processo de reestruturação. A reunião magna de acionistas já esteve anteriormente marcada para 2 e 14 de abril, não tendo a instituição justificado os dois adiamentos. Além de aprovar as contas de 2013, ano em que o BES teve prejuízos de 517,6 milhões de euros, os acionistas vão ainda deliberar sobre outros pontos, entre os quais a política de remunerações. A proposta sobre este ponto refere que, nos membros da comissão executiva, a parte fixa da remuneração tem de ser, pelo menos, 45% do vencimento anual e que a parte variável “tem o limite de 1,4% dos resultados consolidados do Grupo BES”. O BES faz esta assembleia-geral no momento em que o grupo Espírito Santo passa por um processo de transformação, de forma a tornar a estrutura mais simples e responder a recomendações do Banco de Portugal. Na sexta-feira, o semanário Sol noticiou que o Banco de Portugal está a pressionar a saída de Ricardo Salgado da presidência executiva do BES e que a assembleia-geral de hoje poderá discutir esse tema.

Seis municípios em dificuldades continuam à espera de receber verbas do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), numa altura em que, segundo a Associação Nacional de Municípios, ainda há perto de 30 Câmaras em “asfixia financeira”. Quase dois anos depois do anúncio pelo Governo de uma linha de crédito de mil milhões de euros para permitir o pagamento de dívidas a curto prazo das autarquias vencidas num prazo de 90 dias, Montemor-o-Velho, Vila Nova de Poiares, Ourique, Celorico da Beira, Cartaxo e Portimão não receberam ainda verbas do PAEL por não terem ainda visto do Tribunal de Contas (TdC) para os montantes acordados com o Governo. O Cartaxo, por exemplo, é um dos municípios com maiores problemas financeiros e tem estado em negociações com o Governo e com banca para tentar resolver esta questão, enquanto aguarda por um visto do TdC. Alijó, Faro, Santa Cruz e Vila Real de Santo António também estavam na lista de dez municípios a aguardar aval do TdC, publicada no final de janeiro, mas confirmaram que começaram entretanto a receber. Apoio só a partir do Verão

De acordo com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), em fevereiro pouco mais de 30 Câmaras estavam em “estado de necessidade” financeira, à espera que municípios e Governo cheguem a acordo acerca da regulamentação do novo Fundo de Apoio Municipal (FAM), previsto na lei das finanças locais, para ajudar autarquias em dificuldades. Na altura, o presidente da ANMP, Manuel Machado, realçou que estas cerca de três dezenas de autarquias tinham percursos diferentes: alguns ainda não tinham recebido verbas do PAEL, outras

tinham recebido, mas não tinha sido suficiente e outras não se tinham candidatado ao programa. O secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro, adiantou entretanto que os municípios só deverão poder contar com o apoio do FAM a partir do verão. Em relação ao PAEL, o ministroadjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, disse a 11 de março que foram transferidos 486,1 milhões de euros para os municípios no âmbito do programa. De acordo com o ministro, faltavam ainda transferir “cerca de 52 milhões, que aguardam que os municípios apresentem documentação para aceder a tranches adicionais”, de uma “mobilização total de 538,1 milhões de euros”. O PAEL, lançado em 2012 pelo Governo, visa regularizar as dívidas dos municípios vencidas há mais de 90 dias, através de uma linha de crédito no total de mil milhões de euros. Às autarquias que estabeleçam um contrato ao abrigo do PAEL é imposto um conjunto de obrigações e estão previstas multas no caso de existir um aumento do endividamento no período da execução do contrato. “Extrema dificuldade”

Autarquias. Montemor-o-Velho, Vila Nova de Poiares, Ourique, Celorico da Beira, Cartaxo e Portimão não receberam ainda verbas do PAEL

Potencial de crescimento

Túnel da Mancha celebra 20.º aniversário mais forte O fim da crise financeira e novos projetos ferroviários renovam o potencial de crescimento do Túnel da Mancha, que celebra amanhã o 20.º aniversário com números recorde de passageiros e tráfego automóvel. Segundo um estudo da consultora PricewaterhouseCoopers, o esperado crescimento económico europeu até 2020 deverá adi-

cionar 1,8 milhões aos cerca de 10 milhões de passageiros que viajam de comboio anualmente entre Londres e Paris ou Bruxelas. Mas os planos de abertura de novas ligações ferroviárias de alta velocidade diretas entre Londres e Colónia, Frankfurt, Amsterdão e Genebra em 2016 poderão adicionar mais 2,5 milhões de passageiros anuais até 2020, alguns dos quais «roubados» às companhias aéreas. No ano passado, as receitas subiram 12 por centro para mil milhões de euros e as perspetivas de desenvolvimento são positivas.

A presidente da Câmara de Portimão afirmou que a gestão financeira do município tem sido “um exercício de extrema dificuldade”. Com uma dívida atual de cerca de 160 milhões de euros, Portimão é o único dos nove municípios do Algarve que se candidataram ao PAEL e que continua à espera do visto do TdC ao empréstimo de cerca de 94 milhões de euros. O empréstimo destina-se ao pagamento de parte da dívida a fornecedores registada no final de 2012 e que ascendia a 133 milhões de euros. O restante, no valor de cerca de 39 milhões de euros, “será assegurado” por um empréstimo a contrair junto de um sindicato bancário, disse Isilda Gomes, presidente da autarquia, eleita em setembro de 2013 pelo Partido Socialista. Segundo a Direção-Geral das Autarquias Locais, a Câmara de Portimão era, em 2012, a pior pagadora do País, demorando em média cerca de dois anos e meio a efetuar o pagamento aos fornecedores.


desporto

6 | O Norte Desportivo

Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

Portugal brilha na primeira etapa da Taça do Mundo de canoagem

Mais duas medalhas Depois do bronze de sábado, Portugal alcançou mais duas medalhas, todas elas com a participação de Fernando Pimenta. Portugal concluiu, ontem, a primeira etapa da Taça do Mundo de canoagem com três medalhas, todas com a participação do vice-campeão olímpico Fernando Pimenta. Depois do bronze de sábado em K1 1.000, o limiano voltou ao pódio por duas vezes, a primeira no bronze com Emanuel Silva (com quem foi prata em Londres2012 em K2 1.000) em K2 500 e depois a solo com a prata em K1 5000, entre consagrados em olímpicos e mundiais. A dupla que em Londres2012 levou a prata nos 1.000 metros concluiu a prova dos 500 em 1.29,153 minutos, num final ao «sprint» em que perderam o ouro para a Hungria por meros 80 milésimos de

Canoagem. Portugal concluiu, a primeira etapa da Taça do Mundo com três medalhas, todas com a participação de Fernando Pimenta

FC Porto falha Liga Europeia

Derrota em Barcelona O FC Porto falhou, ontem, a hipótese de conquistar a sua terceira Liga Europeia de hóquei em patins, ao perder com o FC Barcelona por 3-1, em final disputada em Barcelona, Espanha. Os «dragões», que no sábado afastaram os espanhóis do Vendrell, vencendo por 6-3, foram impotentes para travar a equipa catalã, que assim conquistou o seu 20.º título de

campeã europeia e que nas meiasfinais derrotou o Benfica por 3-2. O jogo começou de forma bastante equilibrada, mas os catalães acabaram por chegar ao intervalo já em vantagem, quando Marc Torra, aos 18 minutos, inaugurou o marcador. Em desvantagem, o FC Porto reagiu e tomou conta das operações, tendo conseguido chegar à igualdade aos 28 minu-

tos, por Hélder Nunes. O embate voltou a ficar equilibrado, mas a formação catalã, a jogar em casa, recolocou-se em vantagem aos 39 minutos, por Xavier Barroso, e abriu uma importante diferença de dois golos aos 44, por Marc Torra. A equipa portuguesa ainda tentou nova reação, mas já não conseguiu voltar a importunar os catalães.

Hamburgo «carimba» ida aos Europeus

Filomena Costa e Ricardo Ribas fazem mínimos

Os atletas Filomena Costa e Ricardo Ribas alcançaram, ontem, os mínimos para os Europeus de atletismo, ao serem sexta e 11.º na maratona de Hamburgo, Alemanha. Filomena Costa foi sexta com o tempo de 2h31.08, enquanto Ricardo Ribas foi 11.º com 2h14.37, tempos que lhes garantem os mínimos para os Europeus, que se disputam em agosto, em Zurique, na Suíça. A atleta minhota melhorou o seu recorde pessoal, tendo sido a melhor europeia de uma prova dominada pelas atletas africanas e que teve vitória da queniana Georgina Rono. No setor masculino, ganho pelo etíope Shumi Dechan em 2h06.44, Ricardo Ribas foi o melhor europeu.

segundo e a prata para a Sérvia por 60. Juntos em K2 500, Pimenta e Emanuel conquistaram sempre medalha internacional, sendo bronze nos Europeus de 2010, enquanto, em Taças do Mundo, foram ouro e bronze em 2013 e prata em 2011. Nos 5000, Pimenta foi para a frente com o australiano Ken Wallace e o alemão Max Hoff (ouro em K1 1.000, no sábado), concluindo a prova em 20.54,245, a 1,212 segundos do primeiro e com 280 milésimas de avanço para o segundo. David Fernandes também fez duas provas, tendo sido 17.º em K1, tanto nos 500 como nos 5.000. A seleção portuguesa está desfalcada de João Ribeiro – campeão do Mundo em K2 500 com Emanuel Silva -, que recupera a forma após lesão, apostado em ajudar a seleção nos Europeus da Alemanha em julho e Mundiais da Rússia em agosto. Na segunda etapa da Taça do Mundo (16 a 18 de maio em Racice, República Checa), Portugal apresenta a equipa completa.

Oliveira 14.º em Moto3

Marquez ganha Grande Prémio de Espanha

O piloto espanhol Marc Márquez (Honda) venceu, ontem, o Grande Prémio de Espanha, quarta prova do Campeonato do Mundo de motociclismo, seguido do italiano Valentino Rossi (Yamaha) e do seu compatriota Dani Pedrosa (Honda). Menos feliz esteve o português Miguel Oliveira (Mahindra) na categoria de Moto3, tendo terminado a corrida no 14.º posto, depois de ter arrancado do 12.º posto. Em Moto2, foi o finlandês Mika Kalio (Kalex) que venceu no circuito de Jerez de la Frontera, seguido do suíço Dominique Aegerter (Suter) e do alemão Jonas Folger (Kalex). Na classe de Moto3 do Campeonato do Mundo, o vencedor da corrida foi o italiano Romano Fenati (KTM), seguido dos espanhóis Efren Vázquez (Honda) e Alex Rins (Honda).

Derrota da Roma entrega «tri» à Juventus

A Juventus assegurou, ontem, a conquista do seu 30.º título de campeã italiana de futebol e, pela primeira vez em 80 anos, alcançou o «tri», numa temporada em que reforçou o seu domínio na Serie A. A Juventus assegurou o título mesmo sem jogar, tendo beneficiado da goleada (4-1) sofrida pela AS Roma, a única que podia alcançá-la na classificação, em casa do Catania. A duas jornadas do fim - faltam três jogos à «Juv»e, que só cumpre hoje o seu compromisso nesta 36.ª jornada -, a AS Roma já não tem possibilidades de alcançar o comandante. O terceiro «scudetto» consecutivo confirma o poderio “renovado” da Juventus após a despromoção ao segundo escalão do futebol italiano, na sequência de um escândalo de corrupção, que retirou ao emblema de Turim as conquistas de 2004/2005 e 2005/2006 – teria 32. Além do sucesso no campeonato, a Juventus também levantou a Supertaça no inicio da temporada.


Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7


1868

Há 144 anos, todos os dias consigo.

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O PRIMEIRO DE JANEIRO, está on line e sempre atualizado em: www.oprimeirodejaneiro.pt

OLIMPICAMENTE A DESGRAÇAR O PAÍS Um estudo tendo por base 18 países realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) chega à conclusão de que que as desigualdades aumentaram nas últimas três décadas, incluindo nos Estados com uma forte tradição equitativa, como Finlândia, a Noruega e a Suécia onde 1% Gustavo Pires* dos mais ricos, em 2012, detinha cerca de 7% do rendimento total, ou seja aconteceu um aumento de 70% em relação a 1981 (4,3%). Quer dizer, como Henry Mintzberg avisou, o capitalismo entrou nos excessos do socialismo pelo que se encontra numa situação de profundo desequilíbrio económico e social. Em relação a Portugal, cujos dados disponíveis são referentes ao período entre 1981 e 2005, o estudo revela que 1% dos mais ricos detinha 9,8% do rendimento total em 2005, contra 4,3% em 1981. E assim, Portugal foi dos países onde o peso do rendimento dos 1% mais ricos mais cresceu! E, ao contrário daquilo que acontece na generalidade das estatísticas económicas e sociais, neste domínio, Portugal está ao nível dos melhores. E tudo leva a acreditar que as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres vão continuar a aumentar à custa da depauperação da classe média. Triste sina na medida em que ela significa que o atraso do País vai continuar devido à medíocre qualidade da gente que o está a administrar no governo, na Assembleia da República, nos sindicatos e nas mais diversas instituições pública e privadas dos vários setores sociais. O problema é que o preço da desigualdade, como refere Joseph Stiglitz, sai demasiado cara desde logo porque as virtualidades da dinâmica do capitalismo que só pode sobreviver numa competição, justa nobre, leal e solidária acabam por ser deturpadas. Em consequência, o capitalismo tornou-se disfuncional como hoje vemos em Portugal onde o governo se vangloria por ter salvado o País à custa da desgraça dos portugueses. Quer dizer, devido a governos incompetentes, o capitalismo deixou de cumprir as suas próprias potencialidades competitivas. Quer dizer, a competição capitalista está a funcionar sem regras e arbitrada por gente facciosa, gananciosa e medíocre. E hoje é claro que o padrão de desigualdades está a ter tremendas repercussões no modelo de organização democrática em que vivemos. Em primeiro lugar, os políticos mentem. A mentira parece que começou a ser uma prática normal no discurso político. Em segundo lugar, as populações cada vez mais se sentem a fazer de simples cobaias nas mãos de políticos sem escrúpulos e de políticas sem sentido. E as desigualdades estão a destruir o Estado de Direito. Por isso, a pergunta que se coloca é a que procura saber onde é que tudo isto vai parar? A resposta parece ser simples: os ricos enriquecem (…) os pobres empobrecem. Ora, quando os ricos enriquecem e os pobres empobrecem é a classe média que está a ser destruída. Por isso, o cenário parece ser uma sociedade sem classe média. O problema é que uma sociedade sem classe média, dividida entre os que têm e os que não têm, acaba por rebentar. É tão só uma questão de tempo. Contudo, resta um sinal de esperança na medida em que a política económica ainda pode inverter a dinâmica caótica em que o capitalismo se encontra. E Stiglitz a este respeito apresenta um conjunto de propostas em várias áreas destinadas devolver à América o sentido da igualdade de oportunidades e a impedir uma rutura incontrolável entre as diferentes classes. Claro que a nós portugueses, antes de sentirmos o novo equilíbrio que proporcionará uma nova euritmia económica americana, resta-nos fazer o trabalho de casa, afastando das mais diversas áreas sociais da economia ao desporto aqueles que sem qualquer réstia de pudor têm, olimpicamente, vindo a desgraçar o País.

Papa Francisco “agradece” canonização de João Paulo II

“Nunca perdeu a esperança”

O papa Francisco celebrou uma missa de agradecimento pela canonização de João Paulo II na igreja de Santo Estanislau, em Roma, e na homilia destacou que o pontífice polaco “nunca perdeu a esperança” nos momentos tristes da sua vida e do seu país. A igreja de Santo Estanislau é o templo de referência para os quase 20 mil polacos residentes em Roma e foi visitada três vezes por João Paulo II. Na homilia, o papa destacou que, como Pedro, “João Paulo II foi uma verdadeira pedra”. “Veio aqui em diversos momen-

tos da sua vida e da vida da Polónia. Nos momentos de tristeza e de abatimento, quando tudo parecia perdido, ele não perdia a esperança. Não perdia a esperança porque a sua fé e esperança estavam em Deus. E assim era pedra, rocha, para esta comunidade”, disse o papa. Francisco sublinhou que o povo polaco foi duramente golpeado na sua história, pelo que, acrescentou, “sabe bem que para entrar na glória é necessário passar através da paixão e da cruz”. “E não o sabem porque o tenham estudado, mas porque o viveram. São João Paulo II, como

digno filho da sua pátria terrena, seguiu esse caminho. Seguiu-o de um modo exemplar, recebendo de Deus o despojo total. Por isso a sua carne repousa na esperança”, explicou no seu sermão. O papa convidou os fiéis a seguirem o caminho de Jesus, mas recordou que João Paulo II dizia: “há que ser caminhantes, não errantes e que somos peregrinos, nos não vagabundos”. “Que São João Paulo II nos ajude a ser caminhantes ressuscitados”, concluiu o papa, que antes de voltar ao Vaticano saudou um grupo de sem abrigo assistido pela paróquia.

Ucranianos contra Putim concentraram-se na Praça do Comércio

Condenar atuação de “puro terrorismo” Cerca de uma centena de ucranianos concentraram-se na Praça do Comércio, em Lisboa, para condenar a atuação de “puro terrorismo” do presidente russo na Ucrânia e pedir a ajuda dos portugueses. Mais uma vez, a comunidade ucraniana voltou a manifestar-se em Lisboa para chamar a atenção para aquilo que dizer ser “o pior crime que está a acontecer” a quatro mil quilómetros de distância: “É puro terrorismo”, disse Pavlo Sadokha, presidente da associação dos ucranianos em Portugal. “O que acontece agora na Ucrânia é puro terrorismo financiado pelo Kremlin e queremos chamar a atenção dos portugueses e de todo o mundo que têm de ajudar a Ucrânia a lutar contra o pior crime que agora acontece no mundo”, lamentou o líder daquela comunidade imigrante. Pavlo garantiu que não há na Ucrânia guerra entre pró-europeus e pró-russos. “Não há agora guerra en-

tre nacionalistas ucranianos e aqueles que são mais à esquerda. Há, sim, terrorismo russo que manda tropas especiais e armamento de alta tecnologia para destruir a Ucrânia e, por isso, queremos chamar hoje a atenção para que toda a gente se junte à Ucrânia e lute contra o terrorismo”, disse. Quem se juntou à manifestação foram elementos da associação casa georgiana. Com a bandeira da Geórgia em riste, Zurab Bekauri, elemento da associação, disse que “não podia estar em casa e não apoiar esta gente”. Em 2008, a Rússia enviou tropas para apoiar duas regiões separatistas da Geórgia, a Abecásia e a Ossétia do Sul. Após um conflito armado de cinco dias, Moscovo reconheceu a independência das duas repúblicas. Zurab Bekauri lembrou que 20% dos georgianos vivem atualmente sob domínio russo e teme que o mesmo venha a acontecer com os ucrania-

nos, uma opinião que é partilhada por Sadokha. “Querem a Ucrânia fraca, sem governo, para tomarem conta dela”, alertou Pavlo Sadokha, sublinhando que outro dos objetivos da concentração era “desmentir a propaganda Russa, que tenha justificar a atuação de Putin”. Ao final da manhã, no centro da Praça do Comércio, junto à estátua de D. José I, Pavlo Sadokha gritava ao microfone: “Putin terrorista, Putin terrorista, Putin terrorista”, palavras que eram repetidas pelas dezenas de manifestantes presentes. Além da bandeira da Geórgia e da Ucrânia, uma das quais serviu para proteger as crianças do sol, havia bandeiras da União Europeia, de Portugal e a antiga bandeira vermelha e preta, que foi usada pela Ucrânia durante a II Guerra Mundial e agora voltou para as ruas como símbolo da liberdade. “Gostávamos de ver os portugueses e todo o mundo mais envolvido nesta questão”, pediu Pavlo Sadokha.

Governo português lamenta tragédia no Afeganistão

Confirmados mais de dois mil mortos O Governo português lamentou ontem “as trágicas consequências” do deslizamento de terras de sexta-feira no Afeganistão que terá causado mais de dois mil mortos, segundo as autoridades locais. “O Governo Português, lamentando as trágicas consequências do deslizamento de terras no Afeganistão, apresenta às autoridades afegãs e às famílias enlutadas as suas sentidas condolências e manifesta a sua solidariedade neste momento de pesar”, refere em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

O deslizamento de terras de sextafeira no nordeste do Afeganistão terá causado, segundo as autoridades, mais de dois mil mortos, embora as equipas de resgate tenham conseguido recuperar pouco mais de 300 cadáveres. Várias casas ficaram soterradas e mais de 700 pessoas tiveram que ser deslocadas para locais seguros. As buscas pelos cadáveres foram dadas por terminadas devido à impossibilidade de encontrar sobreviventes e por falta de meios para recuperar mais corpos, e o país cumpre luto nacional pelas

vítimas da tragédia. O abandono das operações de resgate impedirá conhecer com exatidão o número de mortos no desastre, embora as autoridades garantam que ascendem a milhares, o que torna este deslizamento na segunda pior catástrofe natural da história do Afeganistão. De acordo com os registos oficiais, o deslizamento de terras de sexta-feira apenas foi superado pelo terramoto que em 1998 atingiu a província de Takhar e causou a morte a pelo menos 3500 pessoas.


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