ELEIÇÕES PARA A LIGA PRESIDENTE DO SPORTING DENUNCIA “TOTAL MANIPULAÇÃO”
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DIÁRIO NACIONAL
Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
Ano CXLVI | N.º 138
Segunda-feira, 09 de junho de 2014
SEGURO DIZ QUE PRESIDENTE NÃO PODE REFUGIAR-SE EM PALAVRAS DE CIRCUNSTÂNCIA
AG!R
n O líder do PS afirma que Cavaco Silva “não pode ficar indiferente” nem “refugiar-se em palavras de circunstância” perante a situação de Portugal. “Vivemos uma situação particularmente grave no nosso país, que foi agravada com o conhecimento da decisão do Tribunal Constitucional, que, pela terceira vez consecutiva, declara inconstitucionais as normas do Orçamento do Estado, e o senhor Presidente da República não pode ficar indiferente àquilo que se está a passar”, destaca António José Seguro...
PORTO
Cidade conseguiu duplicar número de dormidas em 2013
INCÊNDIOS
Ministro confia no dispositivo de combate para este verão
GUARDA
Começam hoje as comemorações oficiais do 10 de Junho
2 | O Primeiro de Janeiro
local porto
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
Destino turístico de excelência que ganha cada vez mais adeptos
Porto consegue duplicar número de dormidas A cidade do Porto pode – ou não – estar na moda, como várias figuras e publicações têm dito e escrito, mas os números mostram que conseguiu mais do que duplicar os números de dormidas e de passageiros no aeroporto. Se quando acolheu o campeonato de futebol Euro 2004 a hotelaria do concelho registava 1.064.188 dormidas, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os números avançados pela Associação de Turismo do Porto e Norte apontavam para um 2013 com 2.498.121 dormidas. Por seu lado, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro contava com um tráfego de cerca de 2.944.000 passageiros, de acordo com o relatório e contas da ANA – Aeroportos de Portugal para 2004, tendo crescido gradualmente para os 6,4 milhões do ano passado. No documento da empresa gestora dos aeroportos para 2005 já se podia
AERO(PORTO). A cidade viu o número de passageiros crescer para os 6,4 milhões em 2013 ter noção do impacto da chegada da companhia de baixo-custo Ryanair àquela estrutura: “No Aeroporto F. Sá Carneiro, iniciou-se em 2005 a operação da Ryanair, na rota Londres-Stansted, que veio dinamizar o tráfego com o mercado do Reino Unido (+46,3% na oferta e +76% na procura)”. Em 2012, o impacto das companhias ‘low-cost’ era mais notório, com a ANA a escrever que “em termos de companhias aéreas importa referir o excelente desempenho da Ryanair, easyJet, Transavia e Lufthansa, sendo que cerca de 65% do tráfego no aeroporto do Porto foi operado pela Ryanair e pela TAP Portugal”. “Entre as rotas com performance mais positiva neste aeroporto cinco foram opera-
das pela Ryanair e duas pela easyJet”, acrescentava a empresa no relatório e contas de 2012. Os dados do INE revelam que, se em 2004, já com o impulso do Euro 2004, a hotelaria contou com 583.017 hóspedes, em 2012 (último ano para o qual está disponível o Anuário Estatístico da Região Norte) esse número atingiu os 952 185. Em termos de mercados de origem, dados do INE usados pelo Turismo de Portugal referentes a toda a região Norte revelam uma explosão de turistas provenientes de diversos países que, em 2004, apresentavam valores diminutos. No caso do Brasil, se em 2004 a região recebia 25 715 hóspedes desta
nacionalidade, o número em 2012 foi de 103 673, enquanto a França, país várias vezes apontado pelas entidades do setor nacional como responsável pela sustentação do turismo em anos recentes, via duplicar os seus valores: de 72 473 em 2004, a região Norte recebeu 148 537 hóspedes em 2012. Em relação ao país de origem da primeira rota da Ryanair para o Porto, o Reino Unido apresentou um crescimento modesto, por comparação ao crescimento exponencial de países como a Bélgica (de 12 000 para 28 000) ou até mesmo a Itália (de mais de 47 000 em 2004 para perto de 69 000). Assim, os visitantes britânicos da região Norte passaram de 52 891 em 2004 para 57 217 oito anos depois.
“Boom” deu-se em 2004 com o Europeu de futebol
Desafio passa pela sustentabilidade dos projetos A evolução do Porto em termos turísticos entre 2004 e os dias de hoje é tão grande que é quase “incomparável”, segundo defendem alguns dirigentes associativos, havendo um consenso de que há que consolidar os ganhos feitos. “Foi justamente em 2004 que se deu o ‘boom’ turístico na cidade, quando Portugal patrocinou o Euro 2004 [campeonato de futebol], e foi a partir daí que o Porto se começou a tornar num destino de turismo europeu porque nos demos a conhecer à Europa e a alguns mercados que descobriram uma região e cidade onde poderiam apostar como destino de lazer, de ferias e de negócios”, explicou o presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), Rodrigo Pinto Barros. Por seu lado, o presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Nuno Ca-
milo, declarou que não é possível ficar-se apenas contente com o momento positivo atual, muito devido a companhias aéreas de baixo-custo como a Ryanair, sendo necessário fazer mais, em particular nos subsetores do turismo de negócios e de saúde. No final de maio, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, que tem vindo a sublinhar que os números positivos do turismo não podem depender de uma “moda” passageira, disse que “a afirmação da cidade em termos do nome e das suas marcas não pode ficar fechada nas suas marcas tradicionais”. “Queremos que as pessoas venham ao Porto não apenas pela razão tradicional, não apenas por ser moda, mas por sermos capazes de fazer mais”, declarou Rui Moreira. O grande desafio do Porto é agora
“a sustentabilidade e a consolidação deste ‘boom’ do turismo”, argumentou Rodrigo Pinto Barros, que reconhece que talvez haja um “exagero no número de hotéis que surgem”. “Neste momento estamos a beneficiar de uma relação preço-qualidade boa, porque estamos com preços baixos e uma qualidade muito boa para os preços que praticamos e para as unidades hoteleiras que temos. Acho que estamos num patamar com preços aquém daquilo que oferecemos”, disse o também vicepresidente da Confederação do Turismo Português. Já o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, considera que “a evolução do turismo no Porto se dá fundamentalmente com base no profundo processo de transformação operado ao longo destes últimos 10 anos
na própria urbe, desencadeando um fenómeno novo de organização, ocupação e apropriação do espaço, público e privado, com claros reflexos em termos qualitativos, influenciando tanto a oferta, como a procura e acompanhando a crescente importância do fenómeno turístico a nível internacional”. O dirigente da entidade de turismo regional realçou que o concelho tem “beneficiado ao longo dos últimos anos de um conjunto de circunstâncias muito especiais e de um contexto internacional facilitador de uma crescente visibilidade/ notoriedade, tornando-a muito mais competitiva”. O mesmo responsável sublinhou a importância de instituições culturais como Serralves e a Casa da Música ou de infraestruturas como o aeroporto e o porto de Leixões.
37.ª edição do FITEI
“Balanço positivo”
A 37.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) terminou no sábado, no Porto, com um “balanço positivo” da organização, já que contrariou os seus temores ao “manter o número de espetadores” de anos anteriores. A informação foi ontem adiantada por Manuel Laurestim, diretor executivo do evento, de acordo com quem “havia um receio de que, num período de forte contenção económica, e com a cidade a ter muitos eventos a decorrer em simultâneo, houvesse uma redução do número de espetadores”. “Ainda é cedo para avançarmos com números, mas, de uma maneira geral, todos os espetáculos tiveram público e, nos dois últimos dias, houve alguns que esgotaram completamente”, observou o responsável. Um deles foi “Édipo”, da Companhia Chapitô, apresentado no sábado à noite no Mosteiro de São Bento da Vitória, indicou. “É um balanço positivo, até porque o FITEI teve uma grande contenção devido à falta de apoio da Direção Geral das Artes”, afirmou Manuel Laurestim. O evento, que começou a 29 de maio e terminou já ontem de madrugada, reuniu “mais de 20 espetáculos apresentados por mais de 13 companhias”, acrescentou. Esta edição do festival foi preparada em cerca de três meses, depois de, em janeiro, ter sido eleita uma nova direção na sequência da demissão do anterior dirigente, Mário Moutinho, afirmou a 14 de maio, em conferência de imprensa o presidente do FITEI, Jorge Ribeiro. “O festival conseguiu com os seus profissionais pôr de pé o que se pensou que seria impossível em janeiro”, declarou na altura Manuel Laurestim, que acrescentou que só num mês receberam 100 candidaturas para espetáculos. O evento recebeu um apoio de 20 mil euros da Câmara do Porto, através da empresa municipal Porto Lazer, e foi cofinanciado pelo projeto ESMARK (European Scene Market), para além de múltiplas ajudas de entidades públicas e privadas. Jorge Ribeiro reconheceu que as dificuldades com que o festival foi feito, pelo segundo ano sem o apoio da Direção-Geral das Artes, significam que o modelo vai ter de ser “repensado”.
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
regiões
O Primeiro de Janeiro |
Deixados por 37 milhões de turistas que passaram em Lisboa na última decada
Mais de cinco mil milhões em receitas
Constitucional pode ter aberto “jurisprudência”
Obrigado a aceitar recurso
O Tribunal Constitucional obrigou o Supremo Tribunal de Justiça a aceitar o recurso de um acórdão da Relação que aplicou pena de prisão inferior a cinco anos, numa decisão “que pode fazer jurisprudência”, divulgou, ontem, o advogado do processo, Pedro Carvalho acrescentando que esta decisão vai permitir “reparar muitas injustiças”. “Saudamos esta decisão do Tribunal Constitucional, que irá com certeza ter força obrigatória geral e, assim, permitirá reparar muitas injustiças e impedir que os tribunais da Relação possam condenar em segundas instâncias sem que haja uma dupla reapreciação”, sublinhou. Por decisão sumária ontem tornada pública, o TC declarou “inconstitucional” a interpretação normativa do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) segundo a qual são irrecorríveis os acórdãos da Relação que revoguem condenações em pena suspensa e apliquem pena privativa da liberdade inferior a 5 anos. Aquela decisão do TC diz respeito a um processo por tráfico de estupefacientes, em que o arguido começou por ser condenado, nas Varas Mistas de Guimarães, a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa. Para Pedro Carvalho, “esta é uma derrota para o STJ”: “é também uma vitória para os cidadãos e para o Estado de Direito.”
Diretor-geral do Turismo de Lisboa revela que está projetada a abertura de 14 novas unidades hoteleiras durante este ano e o próximo. Nos últimos 10 anos mais de 37 milhões de turistas passaram pela cidade de Lisboa, a maioria proveniente de Espanha, França e Brasil, gerando receitas para o setor hoteleiro superiores a cinco mil milhões de euros. Segundo dados do Observatório do Turismo de Lisboa, desde 2004, ano em que se realizou em Portugal o Europeu de Futebol, até 2013 registouse um aumento do número de turistas na capital, com exceção dos anos de 2008 e 2009, que coincidiram com o início da crise. Em 2013, o número de turistas que pernoitaram em Lisboa foi de 4.328.655, dos quais 1.398.789 eram nacionais e 2.929.866 estrangeiros. Em 2004, o número de dormidas foi de 3.090.851. Nesse ano registou-se um aumento de 5% do número de turistas que dormiram na cidade, face ao que ocorrera em 2012. No que diz respeito aos mercados emissores de turismo para Lisboa, aquele tem sido o principal é a vizinha Espanha, ainda que com alguma retração nos últimos anos. De França e do Brasil também têm chegado a Lisboa um grande número de turistas, sendo os dois países atualmente o segundo e o terceiro mercado emissor, respetivamente. 14 novas unidades hoteleiras
Para dar resposta a esta procura, o diretor-geral do Turismo de Lisboa, Vítor Costa, referiu que está projetada a abertura de 14 novas unidades hoteleiras durante este ano e o próximo e que estão ainda mais oito sem obra iniciada ou inauguração prevista. O aumento do número de turistas na cidade de Lisboa e do número de dormidas contribuiu para que existisse nos últimos dez anos um crescimento praticamente contínuo das receitas turísticas para as unidades hoteleiras da capital. Segundo dados do INE, as receitas provenientes da atividade turística
foram em 2013 de 586.958.367 euros, o que representou um aumento de 8,3% face aos resultados obtidos no ano anterior. Em 2004 as receitas totalizaram 517.455.053 euros. No total, desde 2004, o setor hoteleiro, entre hotéis, aldeamentos e apartamentos turísticos, arrecadou receitas de mais de cinco mil milhões de euros. O aumento de turistas que visita a capital também pode ser aferido pelo crescimento do número de passageiros provenientes de voos internacionais que desembarcam no aeroporto de Lisboa, que tem registado um aumento anual de quase 6%. Comunicação e grandes eventos
Lisboa. Comerciantes consideram o turismo de cruzeiros e a realização de grandes eventos responsáveis pelo aumento de turistas
Pólo de Olhão do CEPF
Curso suspenso devido a um caso de tuberculose
O Centro de Emprego e Formação Profissional de Faro decidiu suspender temporariamente as aulas de uma turma do polo de Olhão em que foi detetado, no final de maio, um caso de tuberculose. Pelo menos 14 pessoas, entre alunos e formadores do curso de Logística do Ensino e Formação para Adultos, estiveram em contacto com o bacilo da tuberculose, originado
por um aluno infetado há vários meses. “Apesar de não ser clinicamente necessário, essa turma tem a formação suspensa, procurando que neste intervalo de tempo a situação clínica de todos fique estabilizada”, refere o centro de Faro. Na missiva, o diretor do centro esclarece que todos os formadores e formandos da turma afetada fizeram o rastreio à tuberculose e estão a ser acompanhados pelas autoridades da área da saúde. As 14 pessoas vão ter que fazer um tratamento que dura nove meses.
A aposta em campanhas de comunicação terá sido o fator determinante para que Lisboa passasse a ser, nos últimos anos, uma cidade mais conhecida e frequentemente citada na imprensa estrangeira, considera o Turismo de Lisboa. Vítor Costa recusa a ideia de que a capital conseguiu projeção de forma repentina, apesar de só no último ano ter acumulado mais prémios e motivado mais notícias. Para Vítor Costa, os “conteúdos da cidade” (os equipamentos, o clima, as pessoas e os serviços) são fundamentais, mas também o reforço das ligações aéreas, com maior oferta de voos e mais baratos. No entanto, a aposta na comunicação surge como o fator mais importante, referiu o responsável. O turismo de cruzeiros e a realização de grandes eventos, como o Rock in Rio, são apontados por associações de comerciantes lisboetas como os principais impulsionadores da crescente atratividade turística da capital, onde, ressalvam, há também questões por melhorar. “Esta Câmara tem conseguido, através da atração de inúmeras iniciativas, projetar a cidade e fazer com que a cidade esteja na moda”, realçou a presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), Carla Salsinha. Por seu turno, o presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, Manuel Lopes, ressalvou que, apesar de existir um “crescimento muito acelerado do número de turistas”, isso apenas se traduz em maior consumo “nalguns períodos do ano”.
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nacional
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
Cavaco Silva diz ter “muita esperança” no futuro
Incêndios florestais
“Não podemos baixar os braços” O Presidente da República disse ter “muita esperança” que da crise que Portugal atravessa saia uma economia mais dinâmica, mais sustentável e competitiva, exortando os portugueses a não ‘baixarem os braços’. “Eu tenho de facto muita esperança de que desta crise saia uma economia mais dinâmica, mais sustentável, mais integrada nos mercados internacionais e mais competitiva”, afirmou o chefe de Estado, numa intervenção no final de uma visita ao Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere, em Manteigas, na Serra da Estrela. Elogiando a forma como os empresários portugueses enfrentaram as “adversidades”, alterando modelos de negócios, procurando novas estratégias de produção e comercialização, Cavaco Silva exortou os portugueses a não baixarem os braços.
CAVACO SILVA. “Tenho de facto muita esperança de que desta crise saia uma economia mais dinâmica, mais sustentável, mais integrada e mais competitiva” “Não podemos baixar os braços”, apelou. A este propósito, o Presidente da República destacou o exemplo das duas fábricas de burel que visitou esta tarde em Manteigas - a Ecolã e Burel Factory - enaltecendo a forma como os empresários apostaram da recriação e na reinvenção de um produto artesanal produzido a partir da lã dos rebanhos da Serra da Estrela. “Precisamos de mais produtos como o burel, produtos genuínos, únicos e produtos bem portugueses”, disse, incentivando a que se aprovei-
tem as coisas que são tipicamente portuguesas e que constituem um “nicho de mercado que está claramente à disposição”. “Há riquezas no interior, há produtos endógenos no interior, há valores culturais e valores históricos no interior que podem ser aproveitados”, frisou. No seu breve discurso, Cavaco Silva recordou as vezes anteriores em que esteve em Manteigas, confidenciando que esta vila que está “no coração da Serra da Estrela” está associada a momentos “muito particulares” da sua vida. Des-
de logo, lembrou, ao “momento mais importante”, o casamento, já que foi em Manteigas que passou a lua-de-mel, dias antes de embarcar para África. Depois, Manteigas foi também o sítio escolhido para “refletir” no programa do seu primeiro Governo, em 1985. O Presidente da República, que de Manteigas seguiu para a cidade da Guarda, onde hoje irão ter início as comemorações oficiais do 10 de Junho, não falou aos jornalistas à margem das visitas que efetuou às fábricas de burel e ao centro interpretativo.
António José Seguro pede ao Presidente para “agir”
“Não pode ficar indiferente” O secretário-geral do PS diz que o Presidente da República “não pode ficar indiferente” nem “refugiar-se em palavras de circunstância” perante a situação “particularmente grave” que o país vive. “Vivemos uma situação particularmente grave no nosso país, que foi agravada com o conhecimento da decisão do Tribunal Constitucional, que, pela terceira vez consecutiva, declara inconstitucionais as normas do Orçamento do Estado, e o senhor Presidente da República não pode ficar indiferente àquilo que se está a passar nem refugiar-se em palavras de circunstância que podem ser ditas em qualquer altura”, afirmou o líder socialista, durante uma visita à Feira Nacional da Agricultura, em Santarém. Para António José Seguro, perante a “afronta” do Governo à Constituição e as declarações “inaceitáveis em
democracia” feitas pelo primeiroministro em relação à forma como se escolhem os juízes do Tribunal Constitucional, é altura do Presidente “agir e não apenas proferir palavras de circunstância”. Escusando-se a responder à questão sobre se quer a convocação de eleições antecipadas, Seguro lembrou que já sugeriu a Cavaco Silva a convocação do Conselho de Estado e uma audição aos partidos políticos com representação parlamentar. O secretário-geral do PS insistiu na divulgação da carta enviada pelo Governo ao Fundo Monetário Internacional, considerando “inaceitável que em democracia possa haver documentos desta natureza que vinculam o Estado português e que sejam considerados secretos ou escondidos dos portugueses”. “Essa carta tem que ser do conhecimento dos portugueses porque
aí, de certeza, estão contratados, nas costas dos portugueses, mais sacrifícios, mais cortes, quer nas pensões quer nos funcionários públicos, e isto é inaceitável”, declarou. Seguro afirmou estar preparado para um cenário de eleições antecipadas, reafirmando que o PS tem uma proposta de Governo, apresentou um “contrato de confiança” e tem um candidato a primeiro-ministro. Questionado também sobre quem será esse candidato, se ele próprio se António Costa, Seguro remeteu a resposta para 28 de setembro, assegurando não estar preocupado “absolutamente com nada” quando questionado sobre as movimentações das federações distritais em torno do presidente da Câmara de Lisboa. Seguro visitou a Feira Nacional da Agricultura, que decorre até ao próximo dia 15, em Santarém, sublinhan-
do a “simpatia dos portugueses e das portuguesas” manifestada pelas “palavras de incentivo” que foi ouvindo durante a manhã. O líder socialista considerou “muito importante aumentar a produção nacional”, sobretudo na área da agricultura, na qual o país tem “uma dependência muito grande em relação ao exterior”. “Cada vez que se compra produtos portugueses está-se a ajudar a economia nacional, a ajudar a criar emprego, a ajudar a preservar postos de trabalho”, afirmou, lembrando o défice na balança alimentar, sobretudo de cereais e carnes. Com uma das maiores edições de sempre, a Feira Nacional da Agricultura coloca este ano em destaque a produção nacional e a promoção do setor junto dos consumidores, num apelo a que comprem o que é português.
Miguel Macedo satisfeito com dispositivo de combate
O ministro da Administração Interna mostrou-se confiante no dispositivo de combate a incêndios florestais, apesar de previsões apontarem que o próximo verão poderá ser “um dos piores de sempre”. “Aquilo que nós temos que fazer é preparar o dispositivo e este ano houve um conjunto de ações importantes, quer do ponto de vista do treino, quer do ponto de vista do reforço do dispositivo, para que as coisas corram melhor”, afirmou Miguel Macedo em Sernancelhe, onde ontem inaugurou as obras de reabilitação do posto da GNR. Comentando a previsão de que “o verão de 2014 poderá vir a ser um dos mais complicados dos últimos anos em matéria de incêndios”, o ministro admitiu que, em dias com centenas de incêndios ao mesmo tempo, “é muito difícil, pela dispersão do dispositivo, responder com eficácia a todos esses incêndios”, mas mostrou confiança no dispositivo. “Vamos aguardar que não seja tão mau quanto a notícia ontem (sábado) pronunciava”, afirmou, lembrando que no ano passado havia prognósticos de que o verão seria “o mais frio de muitas décadas, coisa que não aconteceu”, tendo resultado num “conjunto de desgraças grandes”. Em resposta a críticas do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, sobre a falta de prevenção, Miguel Macedo referiu que ele “tem dito, e bem, que o conjunto do dispositivo que temos é bom e está preparado para cerca de 200 ignições/dia”. “Nós tivemos o ano passado perto de 400 em alguns dias, o que significa uma brutalidade do ponto de vista de ignições, um número verdadeiramente anormal, sendo que muitas dessas ignições aconteceram durante a noite”, frisou. Sem querer esconder “as dificuldades nesse domínio”, o governante lembrou que “a prevenção nos territórios mais em risco tem de ser contínua e de ser permanente, tentando evitar que situações dessas possam acontecer”. No que respeita à fiscalização da limpeza dos terrenos, Miguel Macedo também se mostrou otimista, até porque já foi aprovada a legislação que passa também para a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna a aplicação efetiva das coimas. “Era um problema que acontecia. Fazia-se o levantamento dos autos e depois, em muitos casos, não se pagava essas coimas. Temos que tornar isso mais efetivo para segurança de todos”, concluiu.
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
economia
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Rússia, Ucrânia e UE procuram solução para conflito sobre preço do gás
Reunião em Bruxelas Preços do petróleo
OPEP deve manter igual teto de produção
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deverá manter inalterado o teto de produção na reunião ministerial que terá lugar na quartafeira, enquanto permanece a incerteza sobre a evolução da questão nuclear iraniana e a situação na Líbia. “Este deve ser um encontro muito rápido. Os preços [do petróleo] estão muito estáveis e numa zona confortável [para os membros da OPEP]. Por este motivo, não haverá necessidade de mudar”, disse o presidente da Petroleum Policy Intelligence, Bill FarrenPrice.
Oito anos depois
PS4 dá liderança de vendas à Sony
O gigante tecnológico Sony voltou a tornar-se, pela primeira vez em oito anos, no líder mundial de videojogos, destronando a também japonesa Nintendo graças ao êxito da consola PlayStation 4 (PS4). A Sony Computer Entertainment (SCE) vendeu um total de 18,7 milhões de consolas no ano fiscal 2013, que no Japão terminou no passado dia 31 de março, segundo dados publicados ontem pelo diário Nikkei. A norte-americana Microsoft, por seu lado, viu as suas vendas aumentarem 16% para 11,6 milhões de consolas, graças ao lançamento do modelo Xbox One.
Encontro ocorre na véspera do fim do prazo dado a Kiev pela Rússia, para o pagamento da dívida, antes de cortar o abastecimento. A Rússia e a Ucrânia voltam, hoje, a reunir-se com a UE para encontrar uma solução para o conflito em torno do preço do gás russo, que ameaça o abastecimento da Europa. Um porta-voz do ministério da Energia russo confirmou, ontem, às agências locais que as três partes vão reunir-se, em Bruxelas, na véspera do fim do prazo dado a Kiev pela empresa russa de gás, a Gazprom, para o pagamento da dívida, antes de esta cortar o abastecimento. Trata-se da quinta reunião ministerial em Bruxelas, mas nem Moscovo nem Kiev cederam apenas um milímetro nas suas exigências sobre o pagamento de dívidas e a revisão das taxas de gás, respetivamente. Na última reunião, a 2 de junho, os dois países chegaram a lançar as bases para um novo plano de pagamento das dívidas da Ucrânia e um método para a fixação do preço do gás russo, de acordo com o Comissário Europeu para a Energia, Günther Oettinger. A Gazprom estendeu até 10 de junho o anunciado prazo para o corte do abastecimento energéti-
Gás. Trata-se da quinta reunião ministerial em Bruxelas, mas nem Moscovo nem Kiev cederam apenas um milímetro nas suas exigências co à Ucrânia, depois de Kiev ter pago as dívidas relativas a fevereiro e março, num total de 786 milhões dólares (576 milhões de euros). Kiev ainda deve pagar 1.451 milhões de dólares (1.064 milhões de euros) relativos aos meses de novembro, dezembro e janeiro, assim como a fatura de maio para evitar a introdução do pagamento antecipado, o que incluiria a interrupção do abastecimento se não for transferido 1.660 milhões de dólares (1.217 milhões de euros) inerentes ao consumo estimado para junho.
A Naftogaz propôs à Gazprom a revisão do contrato de fornecimento celebrado entre as duas empresas, em 2009, com o objetivo de estabelecer novos parâmetros de preços, volumes e condições de venda. Kiev exige a Moscovo o regresso ao preço de 268 dólares (196 euros) por mil metros cúbicos que pagava até a deposição do Presidente Víktor Yanukóvich em fevereiro, enquanto a Rússia insiste que o atual preço de mercado para a Ucrânia é de 485 dólares (356 euros). A este respeito, a UE propõe um preço intermédio cerca de 350
dólares (257 euros) por mil metros cúbicos, conforme pagam muitos clientes europeus da Gazprom. O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, alertou que Kiev aspira à “independência energética” e não vai pagar “preços loucos” exigidos pela Gazprom. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, alertou que este fornecimento não resolverá os problemas da Ucrânia e que se ocorrer uma violação do contrato com Moscovo será obrigado a cortar o gás, afetando assim a UE.
MAI acredita que Governo vai ultrapassar chumbos
“Permanente incerteza desfavorável ao País” O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, disse, ontem, ser desfavorável a Portugal a “permanente incerteza” que se vive com os chumbos do Tribunal Constitucional. “Não é bom para ninguém: não é bom para a população, não é bom para o País, não é bom para a perceção internacional do País esta permanente incerteza sobre como se desenvolve, em domínios tão relevantes como este, a vida em Portugal”, disse aos jornalistas em Sernancelhe. Miguel Macedo mostrou-se convencido de que o Governo vai “ul-
Crise. “Esta foi mais uma contrariedade. Cabe-nos a nós a responsabilidade de as ultrapassar”, disse sobre chumbos do TC
trapassar mais estas contrariedades e estas dificuldades”, mas considerou que esta matéria “deve ser objeto de reflexão”. “Julgo que tínhamos todos a ganhar - atividade económica, particulares - em ter um quadro muito mais estabilizado do aquele que temos tido em relação a esta matéria”, frisou. Segundo o ministro, “o Governo está concentrado naquilo que tem de fazer que é trabalhar, resolver os problemas”. “Esta foi mais uma contrariedade e mais uma dificuldade, não se esconde isso. Cabe-nos a nós a responsabilidade de as ultrapassar”, acrescentou.
O TC chumbou, a 30 de maio, três dos quatro artigos em análise do Orçamento do Estado para 2014, incluindo os cortes dos salários dos funcionários públicos acima dos 675 euros. No entanto, em relação a este artigo os juízes determinaram que os efeitos do chumbo se produzem “à data do presente acórdão”, ou seja sem efeitos retroativos. Os juízes consideraram ainda inconstitucional o artigo 115.º, que aplica taxas de 5% sobre o subsídio de doença e de 6% sobre o subsídio de desemprego, e o artigo 117.º, que altera o cálculo das pensões de sobrevivência.
6 | O Norte Desportivo
desporto
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
Presidente do Sporting promete continuar a lutar contra o sistema
“Total manipulação” Bruno de Carvalho voltou a criticar o processo eleitoral em curso na Liga, mas fez também fortes criticas internas. O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, afirmou, ontem, que existe uma “total manipulação” nas eleições para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, referindo que existem sportinguistas “iluminados” que andam em “jogadas de bastidores”. “É bonito estarmos a assistir a umas eleições da Liga com uma total manipulação do que devia ser a democracia, mas isso não interessa, o que interesse é se o presidente teve na Ponta Delgada uma palavra mais ou menos ventosa”, disse o presidente do clube, no encerramento do IV Congresso Leonino, que decorreu em Alvalade. “Não posso continuar a assistir a sportinguistas, alguns que já passaram no Sporting, com resultados brilhantes, que continuam a pensar que sabem o que é melhor para o futebol português do que esta direção”, afirmou. “Existem sportinguistas a pulular por todo o lado a aparecer em listas e eu a esses digo: diz-me com que andas, dir-te-ei quem és”, acrescentou. O presidente do Sporting referiu que é aberto à discussão interna e até não perpetuar o seu trabalho no clube, mas garantiu que vai lutar contra os “iluminados”. “Se internamente sou aberto à discussão e a não me perpetuar no trabalho que tenho de fazer, a nível externo não admito que meia dúzia de iluminados, alguns sportinguistas, andem em jogadas de mano-
Pela Guardia Civil
Investigados jogos solidários de Messi Uma unidade de combate ao branqueamento de capitais da Guardia Civil espanhola está a investigar cinco transferências bancárias, de cerca de um milhão de euros, provenientes da organização de jogos de solidariedade com a participação futebolista Lionel Messi. Segundo o El País, em causa estão transferências relacionadas com jogos de “Messi e os seus amigos contra o resto do mundo”, realizados no México, na Colômbia, no Peru e nos Estados Unidos, em 2012 e 2013, cujos montantes acabaram numa sociedade radicada no paraíso fiscal de Curaçao [nas Antilhas Holandesas].
Recados. “Existem sportinguistas a pulular por todo o lado e eu a esses digo: diz-me com que andas, dir-te-ei quem és”, reforçou bras e de bastidores para fingir que o Sporting vai compactuar com esta mentira, que continua a ser a maneira como o futebol e o desporto continua a ser olhado em Portugal”, salientou. O presidente “leonino” defendeu que é “impensável” que os candidatos à presidência da LPFP sejam escolhidos “sem se saber qual é o seu programa”, explicando que conseguiu pôr a “bipolarização do fute-
bol português” em discussão com as suas palavras em Ponta Delgada, depois de já ter tentado “mais de dez vezes” com palavras mais “brandas”. “Não contem comigo para combater seja o que for, dentro do que for. Não contem comigo para entrar dentro do sistema para o tentar destruir. Se isso for o raciocínio dos sportinguistas teremos que escolher outro”, frisou. Bruno de Carvalho garantiu que vai
continuar a “lutar” contra este “sistema”. “Estejam atentos porque eu também estou. Aos sportinguistas e às listas a que se vão juntar, ao que vai acontecer nas próximas eleições legislativas, ao que são máquinas partidárias a funcionar no futebol português e consciente de que houve quem desistisse das eleições e que tinha a vitória assegurada”, concluiu. No Rali da Sardenha
Investigador deixa conselho a quem vai ao Mundial
Consulta do viajante é fundamental O investigador Kamal Mansinho apelou, ontem, a quem planeie deslocar-se ao Brasil para acompanhar o Mundial que acorra rapidamente a uma consulta do viajante para minimizar os riscos de doenças como a dengue, mas não só. “A dengue é uma das várias situações para a qual os viajantes que forem ao Brasil para o mundial devem ser aconselhados”, disse o cientista do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) de Lisboa, sublinhando que num país tão vasto como o Brasil os riscos dependem das regiões a visitar. Malária, febre-amarela e sarampo
Mundial2014. Surto de dengue preocupa autoridades de Campinas, onde Portugal vai ficar alojado
são alguns dos riscos a que se sujeita quem viaja para o Brasil, e a prevenção pode não ser eficaz se não for feita antecipadamente, alertou Kamal Mansinho. “Muitas vezes os nossos viajantes acorrem às consultas com menos tempo do que precisam para terem as vacinas feitas em dia”, disse. A ida atempada a uma consulta do viajante é muito importante, reiterou, “para que em nenhuma das partes [clínicos e viajantes] fique a angústia” de que as pessoas possam não ter ainda anticorpos neutralizantes de algumas doenças. Sobre a atual preocupação com a den-
gue, numa altura em que existe um surto na cidade de Campinas, onde estará alojada a seleção de Portugal, Kamal Mansinho sublinhou que é preciso que as pessoas estejam alertadas de que se trata de uma doença transmitida através da picada de um mosquito, pelo que é importante o uso de repelentes de insetos e de roupa que cubra o máximo possível de superfície corporal ao longo de todo o dia. “Quem viaje para o Brasil que tem de estar atendo a acidentes rodoviários, a doenças transmissíveis pela água e pelos alimentos” e até mesmo à gripe, reforçou.
Ogier reforça liderança com nova vitória
O francês Sebastian Ogier (Volkswagen), campeão do Mundo de ralis, reforçou, ontem, a sua liderança no Mundial (WRC), ao conquistar a quarta vitória da temporada, impondo-se no rali da Sardenha. Jari-Matti Latvala não foi além do último lugar do pódio, a 1.32 minutos de Ogier, que apenas teve de gerir a sua vantagem para vencer a sexta etapa, aumentando para 10 o recorde de triunfos consecutivos de um construtor no WRC. Após o quarto triunfo da temporada e o 20.º da sua carreira, Ogier lidera o campeonato com 33 pontos de vantagem sobre Latvala.
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
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O Primeiro de Janeiro | 7
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ENTRE KAFKA E ORWELL Mário Santos, que por razões que ainda estão por esclarecer se demitiu de todos os cargos que ocupava no Comité Olímpico de Portugal (COP), num escrito no jornal desportivo A Bola (2014-06-06), resolveu fazer fogo sobre a Fundação do Desporto. Fogo perdido porque a Fundação do Desporto não Gustavo Pires* passa de uma oportunidade para os Partidos do “arco da desgovernação” lá colocarem os seus bóis até lhes arranjarem um lugar ainda mais aprazível. Este estado de coisas faz parte da cultura política do País. Os portugueses parece que gostam e, por isso, tal como na política, têm os dirigentes e o sistema desportivo que merecem. Por isso, não vale a pena “chorar sobre o leite derramado”. O que é de lamentar é que aqueles que no passado tiveram uma posição crítica relativamente à Fundação do Desporto uma vez acomodados no poder não se lhe ouve um pequeno comentário crítico que seja, uma sugestão, uma proposta, uma simples medida que possa contribuir para alterar este miserável estado de coisas. Antes pelo contrário, pelas suas atitudes, palavras e obra e até pelo seu silêncio passaram a ser os mais fieis defensores da maneira perdulária e incompetente como o desporto funciona em Portugal! E tornaram-se, se é que já não o eram, nuns especialistas no chamado “jogo de cintura” ao serviço dos donos na política. Hoje, o “jogo de cintura” passou a ser uma das modalidade mais praticadas do nacional olimpismo. Em consequência, o subsistema de alta competição desportiva é tão só um misto de Kafka e Orwell. É kafkiano no que diz respeito à superestrutura da sua organização (basta pensar o que, nos últimos anos, com a colaboração ativa do Comité Olímpico de Portugal (COP), se passou na Federação Portuguesa de Vela); é orwelliano na medida em que à imagem da “quinta dos animais” no sistema desportivo português existem animais que são mais iguais do que todos os outros. Há animais a viverem das mordomias do sistema, das universidades aos clubes desportivos em tudo quanto é sítio. Na realidade, como referiu Constantino Presidente do COP “… nunca deveriam existir fundações públicas que são uma forma travestida de o Estado passar para elas certo tipo de obrigações utilizando recursos públicos sem o controlo a que habitualmente estão sujeitos.” … As obrigações do Estado devem ser asseguradas por entidades públicas ou outras a quem o Estado contratualiza essa prestação de serviços. Mas não deve caber ao Estado, sozinho ou acompanhado, criar entes fundacionais para lá encaixar competências próprias.” Estamos completamente de acordo e, por isso, se não se percebe que o atual figurino da Fundação do Desporto tenha qualquer outra finalidade a não ser enquadrar os bóis do “arco da desgovernação” ainda se percebe menos que lhe tenham sido conferidas competências para administrar os Centros de Alto Rendimento com que Laurentino Dias se lembrou de pulverizar o País. Ora, esta situação que seria uma excelente oportunidade para que aqueles ocupam lugares de responsabilidade política dizerem de sua justiça, infelizmente, caiu miseravelmente no esquecimento daqueles que olimpicamente ocupam o poder. A única coisa que nos chega de suas excelências, entre a nomeação de Miguel Relvas para a “Casa Olímpica” e os “Lusofonia Games” os Jogos Idiotas, é o mais sepulcral dos silêncios, Em consequência deste estado de coisas absolutamente endémico, os portugueses são vítimas de um sistema a desportivo sem pés nem cabeça em que as diversas competências estão espalhadas por múltiplos organismos sem qualquer coordenação e integração entre as suas competências, os seus meios, os objetivos e as políticas. Quer dizer, a lógica de desenvolvimento do desporto nacional é o “salve-se quem puder”. Por isso, não chega dizer que as coisas estão mal ou que as Fundações não deviam existir. É necessário denunciar aqueles que, contra a sua própria opinião, uma vez alcandorados no poder, entre Kafka e Orwell, passaram alegremente a conviver com tal estado de coisas.
Centenas de catalães manifestam-se em Lisboa
Torres humanas pela independência Mais de 200 catalães participaram em Lisboa na formação de torres humanas, uma tradição daquela região espanhola e transformada numa ação de apoio ao referendo pela independência da Catalunha. Organizações da sociedade civil catalãs empenhadas na promoção da consulta popular ergueram torres humanas em várias cidades europeias, incluindo Lisboa. Os catalães marcaram o referendo à sua independência para 09 de novembro, mas o Governo espanhol não reconhece a legitimidade da consulta regional. A organização, encabeçada pela Òmnium Cultural, ergueu torres humanas em Lisboa, Londres, Berlim, Bruxelas, Genebra, Paris e Barcelona com cartazes “Catalans Want to Vote” (Os Catalães Querem Votar). A Torre de Belém, em Lisboa, foi o palco escolhido e onde foram formadas três torres, numa das quais foram empenhadas quatro bandeiras: a da Catalunha, a de Portugal, a do grupo catalão “Cotellers de Sants” a que pertence o grupo que fez as torres e uma com a inscrição “Catalans want to vote”. No final das atuações foram fortemente aplaudidos pelas dezenas de portugueses que assistiam, gritaram “independência” e cantaram uma
música de intervenção catalã que se transformou o hino deste movimento. A presidente do grupo “Cotellers de Sants” mostrou estar satisfeita com a participação dos lisboetas nesta manifestação catalã, afirmando que os portugueses têm “capacidade de entender que tanto os catalães como qualquer pessoa têm de ter a possibilidade de responder com liberdade quando se pergunta o que querem”. “O referendo é uma expressão da democracia. E gostaríamos que nos deixassem dizer o que pensamos nas urnas, que é a forma mais democrática de o fazer”, acrescentou Esther Oriol. A residir há 41 anos na Catalunha,
o português Domingos Campos da Costa, que pertence ao “Cotellers de Sants”, “defendeu o direito do “povo catalão de poder votar para ser independente”. Por seu lado, o luso-catalão Cristobal Torregrosa (que curiosamente em catalão quer dizer ‘torre grande’) considerou que “mais que um direito, devia de ser um dever”. “Devemos ter a independência e o direito de decidir o nosso futuro. Essas pessoas não são os nossos governantes, estão a representar o povo e estamos a perder essa definição. Hoje, os homens são mais informados e não queremos mais corrupção. Queremos um país livre e feliz para todos”, concluiu.
Primavera Sound regressa em 2015
Última noite muito “Nacional”
Os norte-americanos The National foram a maior atração da última noite do festival Primavera Sound, no Porto, mas, uns metros ao lado, o sexagenário Charles Bradley dava a conhecer o seu ‘soul’ clássico que entusiasmou o público. Alvo de um documentário lançado em 2012, com o título “Charles Bradley: Soul of America”, o filme tinha como sinopse a história de como o artista que, “apesar de abandonado enquanto criança, de um período desalojado, da perda devastadora do irmão e de pobreza constante, nunca desistiu do seu so-
nho de sempre de ser um cantor profissional”. Em palco, Bradley, artista da editora Daptone, vestiu vermelho que depois mudou para cores mais claras, agradeceu ao público e disse esperar voltar a encontrar os que ali marcavam presença. Ao lado, no palco principal, a banda de Ohio apresentou um alinhamento muito ao gosto de uma enorme plateia que os esperava, intercalando temas do seu último álbum, “Trouble Will Find Me”, de 2013, com muitas das canções
mais populares de trabalhos anteriores. Entre outros temas que ajudaram ao sucesso de The National à escala global, Matt Berninger deu voz a “Mr. November”, “Ada”, “England”, “Bloodbuzz Ohio”, “Fake Empire”, “Afraid of Everyone” e “Terrible Love”, tendo até chamado ao palco Annie Clark (St. Vincent) para um dueto com “Sorrow”. De resto, e um pouco à imagem de outros concertos do grupo, o vocalista cumpriu a tradição de se embrenhar entre os espetadores de forma mais ou menos caótica e toda a gente entoou os versos de “Vanderlyle Crybaby Geeks”, que encerrou o concerto. Notas da última noite, de um Festival que os promotores já garantiram para 2015, ainda para a muito esperada atuação de St. Vicent, integrada na digressão que promove o seu mais recente disco, homónimo e lançado em feveiro, e dos muito dançáveis norte-americanos !!! (Chk Chk Chk), num espetáculo com base no mais recente “Trr!!!er”, mas sem esquecer “batidas” de álbuns anteriores.