FAZER O MELHOR POSSÍVEL Ronaldo confessa que não viu sorteio do Mundial porque adormeceu
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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
DIÁRIO NACIONAL
Ano CXLVI | N.º 6
Segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
JERÓNIMO PROMETE UM DEZEMBRO DE MUITAS LUTAS CONTRA AMEAÇAS REAIS
R!COS
n Falando contra aqueles que “arrotam milhões” e parecem ter “o rei na barriga”, o líder do PCP diz que o Executivo quer voltar a servir o “capital”, promovendo “despedimentos de forma inconstitucional”. Jerónimo de Sousa promete ainda “toda a luta possível para derrotar o Governo” e conseguir a convocação de eleições antecipadas. “Os problemas são muitos e as ameaças são reais”, por isso todo o cuidado é pouco...
ÊXITO IRLANDÊS n O programa de assistência financeira do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira à Irlanda terminou ontem oficialmente e o seu líder, Klaus Regking, destacou o seu sucesso para o país e restante Zona Euro.
ALGARVE Oito feridos (quatro em estado grave) foram o resultado de duas colisões na EN125
MANDELA Hoje realiza-se cerimónia nacional no estádio do Soweto em Joanesburgo
local porto
2 | O Primeiro de Janeiro
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
Comissão política concelhia do PS/Porto
Operação no Porto, Matosinhos e Maia
Manuel Pizarro reeleito líder
PSP detém 39 pessoas
O vereador da Câmara do Porto Manuel Pizarro foi reeleito líder da concelhia socialista local, denunciando “truques de baixa política” contra a sua candidatura. Manuel Pizarro reconquistou a liderança da comissão política concelhia do PS/Porto com 859 votos (60%), derrotando José Luís Catarino, que obteve 575 votos dos militantes socialistas. No discurso da vitória - onde começou por dizer que “como é costume, no Porto mandam os do Porto” - o presidente reeleito foi muito crítico em relação à federação do PS/Porto e aos seus dirigentes, denunciando que se passaram “coisas nas eleições que são inaceitáveis e que ofendem os princípios de funcionamento de um grande partido democrático como é o PS”. “Eu compreendo que a federação não esteja satisfeita com a condução política do PS na cidade do Porto mas não posso aceitar os truques de baixa política com que nos quiseram derrotar”, criticou. Pizarro afirmou que “talvez seja caso para dizer que quem foi agora derrotada foi a federação do PS/Porto”, recordando que a lista que perdeu tinha seis membros do secretariado da federação e dois da comissão federativa
PS/PORTO. Manuel Pizarro reconquistou a liderança da comissão política concelhia
de jurisdição. “Cumprimento o meu adversário nestas eleições, José Luís Catarino, sem deixar de lamentar que ele tenha aceitado servir de drone da federação contra a concelhia do Porto”, referiu. Na opinião do ex-secretário de Estado do Governo de José Sócrates, “esta vitória, com uma margem clara, permite clarificar que a esmagadora maioria dos militantes socialistas do Porto apoiam a condução política da concelhia e apoiam o acordo que
foi feito de governação para a cidade do Porto”. “Vamos esperar que, desta vez, a federação e os seus dirigentes tenham compreendido, definitivamente, que no Porto mandam os do Porto. Se for necessário vamos demonstrá-lo outras vezes, sempre que nos desafiarem para isso”, avisou. Nas eleições para a Câmara do Porto, a 29 de setembro, o PS ficou em segundo lugar, tendo vencido o independente Rui Mo-
reira. Pizarro e Moreira chegaram a um acordo, com duração de quatro anos, “para o governo da Cidade do Porto”, atribuindo “pelouros a vereadores eleitos pelo Partido Socialista”. A distrital do PS/Porto, liderada por José Luís Carneiro, discordou com a aceitação de pelouros por parte dos vereadores socialistas da Câmara do Porto, concordando, no entanto, com o acordo “programático” estabelecido com o presidente eleito da autarquia.
Espaço de promoção da leitura no Porto
Carrossel de livros liga Boavista aos Aliados Um carrossel de livros da Boavista aos Aliados promete fazer do Porto, a partir de sexta-feira, um espaço de promoção da leitura, durante dez dias de festa entre escritores e os leitores da cidade. “Há todo um lado emocional que pretendemos recuperar, em termos de ambiente na iniciativa: a atmosfera de épocas passadas e de imagens românticas das festas de bairro, que recriam a magia da Literatura de Natal”, explicou a cooperativa cultural responsável pelo evento, Cultureprint, em comunicado. Este “Festival de Bairro”, que termina no dia 22, conta com a
presença de livrarias independentes, alfarrabistas, editores e espaços livreiros especializados, estando marcado para dois centros simbólicos da cidade: o Mercado Bom Sucesso e o Edifício Montepio. Para a Cultureprint, “a ligação entre os dois espaços vai permitir disponibilizar uma oferta ainda maior ao público consumidor de livros e criar um diálogo interessante entre os dois centros do Porto, a partir das atividades do programa”. Quem visitar esta 3.ª edição do Festival do Livro do Porto, vai poder participar no programa de
atividades performativas, teatro, debates, apresentações de livros, animação, música, oficinas, horas do conto, coros infantis e comunitários e encontros com escritores. No programa do evento, constam a performance de poesia e quadras a partir dos antigos Pregões do Porto, com Lourdes dos Anjos, Eduardo Roseira e os Mareantes do Rio Douro, e os Ateliês de Culinária e Literatura, com a ‘Chef ’ e Contadora de História Saphir Cristal. Presentes no festival vão estar o maestro António Victorino d’Almeida, para um Concerto
Retrospetivo da sua obra ligada ao cinema, e o pianista Paulo Mesquita. Será ainda exibido o documentário “La Poétique”, da autoria do maestro, com realização de Miguel Costa. José Duarte também faz parte das presenças previstas no evento, com a curadoria de um concerto especial de jazz para piano. Da autoria de Rui Portulez, a performance “Natal no Carrossel” traz a cena alguns poetas portugueses, de Fernando Pessoa a Sophia de Mello Breyner Andresen, passando por Ruy Belo, Jorge de Sena, Pedro Tamen ou Eugénio de Andrade.
O Comando Metropolitano do Porto da PSP anunciou ontem que efetuou várias operações policiais entre sexta à noite e domingo de manhã das quais resultaram a detenção de 39 pessoas, a maioria por excesso de álcool. As operações, que decorreram no Porto, Maia e Matosinhos entre as 22h00 de sexta-feira e as 08h00 de ontem, envolveram polícias destes concelhos bem como efetivos da Divisão de Trânsito, informou o Comando em comunicado. Foi por violação das regras do Código de Estrada que viriam a ser detidos o maior número de cidadãos (31), verificando-se ainda uma detenção por condução sem carta, três por desobediência, um por mandado e três por permanência ilegal em Portugal. Ao longo da operação foram identificados 537 condutores, que foram submetidos ao teste de álcool no sangue e foram controladas 867 viaturas por radar, detetando a polícia 161 a circular em excesso de velocidade. No âmbito do combate ao consumo e tráfico de estupefacientes e à permanência ilegal em território nacional foram identificados 44 cidadãos e foi apreendida uma “quantidade diminuta” de heroína. CPF inaugurou exposição
“Arrábida 50”
O professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) Manuel Matos Fernandes disse que a ponte da Arrábida, que assinalou em 2013 os 50 anos, foi fundamental para a definição do Porto atual. Numa palestra no Centro Português de Fotografia (CPF), onde se inaugurou uma exposição de António Alves Cerqueira sobre a construção da ponte aberta em 1963, Matos Fernandes afirmou que “a ponte da Arrábida foi fundamental para o Porto que hoje se conhece, que vai da Ribeira até à Foz como uma única entidade urbana”, duas zonas desligadas fisicamente nas décadas anteriores. A ponte, projetada por Edgar Cardoso, veio retirar do centro do Porto o tráfego que para lá era encaminhado através da Estrada Nnacional 1, que até 1963 atravessava o rio Douro na ponte D. Luiz I em direção à avenida dos Aliados.
regiões
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
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Freguesia no norte da Madeira recupera dos estragos provocados pela chuva forte
Porto da Cruz regressa à “normalidade” Segundo a autarquia, prejuízos chegam aos 3250 milhões de euros atendendo aos estragos na rede viária e nas habitações. Operação de prevenção na Quinta do Conde
Seis homens detidos A GNR de Setúbal anunciou, ontem, a detenção de seis homens e a apreensão de 1,3 quilos de haxixe e de bebidas alcoólicas “sem estampilha” durante uma operação de prevenção criminal na Quinta do Conde. A operação, realizada pelo Destacamento Territorial de Setúbal da GNR, decorreu entre as 21h00 de sábado e as 03h00 de ontem e visou a deteção de armas proibidas e outros ilícitos criminais. Para isso, foram fiscalizados vários estabelecimentos e realizadas ações de fiscalização rodoviária na localidade de Quinta do Conde, com a colaboração de elementos da Alfândega de Setúbal. Nas ações rodoviárias, foram fiscalizados 121 condutores, dos quais cinco foram detidos por conduzirem com excesso de álcool, um por conduzir sem carta de condução e outro por permanência ilegal no País. Na sequência das ações de fiscalização aos estabelecimentos, foram apreendidas 21 caixas de cigarrilhas, bebidas alcoólicas sem estampilha e 1,307 gramas de haxixe. Estiveram envolvidos na operação 40 militares do Destacamento de Setúbal, 14 militares da GNR, quatro binómios cinotécnicos (conjunto de um homem e de um cão) de deteção de droga e armas, 20 militares de Intervenção e oito inspetores.
no Regional, da Proteção Civil, do Exército, das águas e da eletricidade, além da população local. 3250 milhões de prejuízos
Segundo o autarca, os prejuízos chegam aos 3250 milhões de euros atendendo aos estragos ocorridos na rede viária e nas habitações, entre outros. “Mas penso que este número irá subir”, disse, contrariando o montante estimado pelo Governo Regional de 1,250 milhões de euros. “Contamos com o apoio, com a solidariedade que são imprescindíveis neste momento de todas as entidades que queiram ajudar o município de Machico nesta fase difícil porque, como se sabe, as dificuldades financeiras de Machico são enormes, temos uma Câmara endividada e, naturalmente, que isso não ajuda nada na resolução e na resposta que é necessário dar em situações deste género de catástrofe como aconteceu, aqui, no Porto da Cruz e em Santo António da Serra”, afirmou.
A freguesia do Porto da Cruz, no norte da Madeira, a mais afetada pela forte chuva há uma semana, está a recompor-se e a voltar à normalidade graças ao “espírito lutador da população”. “A vida vai voltando ao normal, à freguesia e à população do Porto da Cruz”, garante o socialista Ricardo Franco, o presidente da Câmara Municipal de Machico. “É uma população lutadora, está acostumada à vida agreste da localidade que, em termos de orografia, é muito irregular, tem muitos precipícios, muita zona inclinada e devido à chuvada, deram-se muitos deslizamentos de terras, derrocadas, enfim, uma situação constrangedora”, reforçou.
Alerta amarelo Pluviosidade recorde
De acordo com o autarca, as pessoas têm utilizado a força e a boa vontade para tentar minimizar os estragos que ocorreram na freguesia que foram de “grande monta”. Na madrugada de 29 de novembro, o Observatório Meteorológico do Funchal registou valores de pluviosidade muito próximos dos registados a 20 de fevereiro de 2010, tendo a chuva atingido particularmente as freguesias de Santo António da Serra e do Porto da Cruz embora também tenha sido sentida em Santa Cruz e em Santana. Meia dúzia de casas ficaram destruídas e outras tantas danificadas parcialmente, terrenos agrícolas desapareceram, condutas de água potável foram rompidas, estradas sofreram derrocadas e, nalgumas, o piso cedeu em dezenas de metros tornando-as intransitáveis. Seis pessoas sofreram ferimentos. Também os postos de eletricidade foram arrancados enquanto pedras, entulhos e lamas tomaram conta da paisagem da freguesia, onde ainda se mói a cana-de-açúcar, se fabrica aguardente e os jovens se dedicam ao surf. Na última semana, estiveram no terreno funcionários da Câmara, do Gover-
Porto da Cruz. Na última semana, estiveram no terreno funcionários da Câmara, do Governo Regional, da Proteção Civil, do Exército e a população local
Pesado e ciclomotor
Um morto e um ferido grave em colisão na CRIL
Um morto e um ferido grave foi o resultado de uma colisão ocorrida, ao início da manhã de ontem, entre um veículo pesado e um ciclomotor na Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL). Segundo fonte oficial da Polícia de Segurança Pública, a colisão ocorreu cerca das 07h00 entre o nó da CRIL e a saída para a Buraca. O «pendura» que ia no ciclomotor
faleceu, enquanto o condutor ficou gravemente ferido, acrescentou a mesma fonte policial. Por outro lado, ao final da noite de sábado, a autoestrada n.º 8 (A8) foi encerrada ao trânsito na zona do Bombarral, após um acidente em contramão, informou fonte da GNR. Segundo a mesma fonte, um homem terá tido um primeiro acidente e depois “entrou em contramão no sentido Norte-Sul, ao quilómetro 66 da A8”. O condutor do veículo que circulava em sentido contrário embateu num outro automóvel.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou o arquipélago da Madeira sob aviso amarelo amanhã e na quarta feira devido à previsão de chuva, vento forte e agitação marítima. De acordo com o IPMA, para a costa sul da ilha da Madeira e ilha do Porto Santo o aviso amarelo estará em vigor entre o meio-dia de amanhã e a mesma hora de quarta-feira atendendo à agitação marítima e vento forte do quadrante sul, com rajadas até aos 90 quilómetros/hora. Nas regiões montanhosas, os ventos podem soprar até aos 110 quilómetros/hora no mesmo período. Para todo o arquipélago estão previstos períodos de chuva forte, pelo que o IPMA emitiu um aviso amarelo a partir da noite de amanhã até à manhã de quarta-feira. Segundo fonte do IPMA, para as regiões montanhosas o aviso amarelo será atualizado para laranja para o mesmo período, estando em avaliação permanente a eventual mudança dos restantes avisos. “Aproxima-se do arquipélago uma depressão com sistema frontal associado ativo, o que dará origem a precipitação, vento e alteração do estado do mar”, informou a mesma fonte.
nacional
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Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
Jerónimo de Sousa (PCP) fala das novas intenções do “capital”
“Facilitar despedimentos de forma inconstitucional” O líder do PCP está contra a proposta de lei do Governo que visa “facilitar os despedimentos de forma inconstitucional”, dando o exemplo dos ricos que “arrotam milhões” e querem mandar em Portugal… Jerónimo de Sousa considera que a entrevista do empresário Soares dos Santos ilustrativa do desejo do “capital” de “recuperar as parcelas de domínio” perdidas na Constituição pós Revolução e de conseguir uma aliança PSD/ PS. “O segundo senhor mais rico de Portugal, arrotando milhões de euros e falando com o rei na barriga, vem dizer que é preciso é que o Estado deixe de se meter onde não deve”, destaca Jerónimo de Sousa. Num discurso proferido no final do almoço de Natal organizado, no parque de campismo do Entroncamento, pela direção regional de Santarém do PCP, Jerónimo de Sousa insurgiu-se contra a intenção do Governo de aprovar uma proposta de lei que visa “facilitar os despedimentos de forma inconstitucional”, considerando a entrevista concedida hoje pelo ex-presidente do conselho de administração da Jeróni-
Jerónimo de Sousa. O líder do PCP diz que Governo quer “facilitar os despedimentos de forma inconstitucional” mo Martins ilustrativa das intenções do “capital” em relação à Constituição. A entrevista a Alexandre Soares dos Santos, onde o empresário diz que não se cala “enquanto não vir um acordo entre o PS e o PSD a dez anos”, deixou os comunistas à beira de um ataque de nervos… “Nessa entrevista, o segundo senhor mais rico de Portugal, arrotando milhões de euros e falando com o rei na barriga, vem dizer que é preciso é que o Estado deixe de se meter onde não deve”, afirmou o líder comunista, realçando que foi esse mesmo Estado que “deu ajudas preciosas” à Jerónimo Martins, graças às políticas que favoreceram lucros à grande distribuição “assentes na ruína de milhares de pequenos comerciantes”.
Referindo ainda os “lucros fabulosos” que resultaram da privatização da Galp, “empresa que sempre deu lucro e que foi entregue pelo Estado ao senhor Soares dos Santos”, Jerónimo de Sousa lamentou que quem pôs o dinheiro “ao fresco na Holanda” venha agora, “com ar patriota, dizer que o Estado tem que se retirar de tudo”. O líder comunista considerou que “o mérito da entrevista” foi mostrar que Soares dos Santos “não vai desistir enquanto não vir PS e PSD fazerem um acordo por dez anos”. Sublinhando que a alternância governativa em que o país tem vivido, em que “ora governa o PS ora governa o PSD”, está hoje “queimada perante o povo”, Jerónimo de Sousa afirmou que a ideia de “juntar os dois” só não vingou ainda
“porque cada um defende os seus interesses partidários”. O secretário-geral do PCP acusou o PS de estar numa posição de “quanto pior melhor” ao defender que o atual executivo governe até 2015 à espera que o “poder lhe venha cair no regaço”. “Cá estaremos para ver”, afirmou, reafirmando a determinação do PCP de fazer “toda a luta possível para derrotar o Governo” e conseguir a convocação de eleições antecipadas. Jerónimo de Sousa colocou entre as medidas que se inserem no ataque à Constituição, as que visam facilitar os despedimentos e liquidar a contratação coletiva. Para o líder comunista, as reações que se seguiram à declaração, durante a última visita da ‘troika’, de que o FMI defende um abaixamento dos salários no setor privado escondem a intenção de simplificar os despedimentos, transformando o patrão em “juiz em causa própria”. “E se conseguissem o alargamento dos conceitos para despedimentos conseguiriam impor baixos salários e conseguiriam, caso o direito da contratação coletiva seja liquidado, recuperar facilmente o que parece ser uma vitória, a de que o Governo está contra o corte dos salários”, afirmou. Jerónimo de Sousa prometeu um dezembro de “muitas lutas”, porque “os problemas são muitos e as ameaças são reais”, num partido que “está a crescer” e que resiste a “projetos sinistros de retrocesso civilizacional”, que têm a ver com a independência e soberania de Portugal.
Pires de Lima viaja hoje para os Estados Unidos
Nova missão de captação de investimento O ministro da Economia inicia hoje uma nova missão de captação de investimento aos Estados Unidos, o quarto ‘roadshow’ depois do Reino Unido, Alemanha e Moscovo. “É a quarta etapa de uma ação focada na promoção das potencialidades da economia portuguesa que o ministério da Economia está a efetuar, em colaboração com a rede externa nacional, isto é, com o envolvimento e participação da rede diplomática, consular, comercial e turística de Portugal”, revelou Pires de Lima. O secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, e o presidente da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Pedro Reis, integram a comitiva liderada pelo ministro da Economia. Durante esta missão de cinco dias, que termina na sexta-feira, Pires de Lima terá reuniões em Nova Iorque,
São Francisco e Washington. “A minha expectativa para as reuniões que teremos nos EUA são muito positivas porque vamos ter uma agenda muito intensa de contactos com ‘private equities’, consultoras multinacionais e fundos de investimento de dimensão global, apresentando as vantagens competitivas e comparativas de Portugal para acolher investimento norte-americano, ao mesmo tempo em que iremos dar a conhecer com maior detalhe alguns setores da nossa economia e as oportunidades concretas de investimento associadas”, adiantou o governante. Pires de Lima sublinhou que Portugal tem “uma posição geoestratégica privilegiada, infraestruturas de comunicações e logísticas de excelência e recursos humanos altamente competentes e flexíveis”. Por isso, Portugal “é hoje um país mais competitivo à escala global, com um clima de negó-
cios favorável ao investimento e que está a implementar reformas importantes para quem toma decisões de investimento”, acrescentou. “Entendo que é fundamental darmos a conhecer à generalidade dos investidores este Portugal moderno e sofisticado, que tem uma base económica de grande vitalidade e que possui empresas e empresários resilientes que têm partido à conquista dos mercados externos com resultados muito positivos. Neste sentido, os Estados Unidos da América não são exceção”, salientou. Os Estados Unidos é atualmente o sexto cliente de Portugal e as exportações portuguesas para este mercado, até final de setembro, representaram, 2,3 mil milhões de euros, sendo, a seguir a Angola, o segundo país extracomunitário para onde Lisboa mais vende. “Importa neste momento positivo do comércio bilateral incre-
mentar as nossas relações económicas com a maior economia do mundo e reforçar a nossa proposta de valor perante o vasto mercado dos Estados Unidos da América”, realçou o ministro. “Portugal possui indústrias tradicionais que se estão a reinventar e a conquistar quota de mercado em países exigentes, mas também tem indústrias de ponta, como a farmacêutica, a aeronáutica ou as nanotecnologias, e tem vindo nos últimos anos a afirmar-se como um destino privilegiado para a instalação de centros de serviços partilhados”, sublinhou Pires de Lima. Por isso, “há que trabalhar na divulgação do caso Portugal, no caminho de recuperação exigente que temos vindo a fazer, e aproveitar os sinais positivos da nossa economia para puxar por uma agenda externa focada na captação de investimento”, concluiu.
Força Aérea diz que capacidade operacional está próxima do limite
Pilotos continuam a sair para a aviação comercial
A capacidade operacional da Força Aérea está próxima do limite com a saída de pilotos para a aviação comercial, onde os salários são mais atrativos, alertou o chefe do Estado-Maior do ramo, José Pinheiro. O general José Pinheiro manifestou “grande, grande preocupação” com a saída de pilotos para o setor privado, sobretudo para a aviação comercial portuguesa e recentemente para mercados internacionais. “Há um limite a partir do qual a nossa capacidade operacional está em causa”, frisou. Questionado sobre se esse limite está a ser atingido, José Pinheiro afirmou: “estamos em risco de atingir esse limite”. Sem avançar números totais, José Pinheiro adiantou que nos “últimos meses” saíram sete pilotos e confirmou que a esquadra mais afetada é a dos helicópteros. Abrangida pelas restrições orçamentais que afetam as Forças Armadas, a Força Aérea dispõe atualmente de pouca margem de manobra para investir na formação de mais pilotos, admitiu. “A TAP é a grande sugadora de pilotos, mas não é a única. Periodicamente abre-se um concurso e nós não podemos prender as pessoas”, que podem sair com um aviso de poucos dias após doze anos nos quadro, disse. Questionado sobre que medidas estão a ser tomadas para prevenir uma eventual rotura da capacidade operacional, José Pinheiro disse apenas que tem estado “em contacto com a tutela política para ver medidas possíveis”. A “fuga” de pilotos aviadores da Força Aérea para a aviação comercial é uma situação recorrente, com picos em determinados anos. Em 2007, o então governo alargou de oito para 12 anos o tempo mínimo de permanência nos quadros. Em maio de 2009, o Presidente da República, Cavaco Silva, que é Comandante Supremo das Forças Armadas, disse publicamente que a saída de pilotos para a aviação civil era “de facto um problema” e afirmou esperar soluções da parte do Governo e das chefias militares. A chefia do ramo defendeu na altura a revisão dos suplementos remuneratório como forma de incentivo à permanência dos pilotos aviadores na FA.
economia
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
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Ministros da UE reúnem-se em Bruxelas para preparar aplicação do plano
Contra desemprego jovem Parlamento da Grécia aprova o orçamento
Programa destina-se a combater a alta taxa de desemprego jovem na UE, que afetava, em outubro, 24% da faixa etária até aos 25 anos.
Acordo alcançado na OMC
Os ministros do Emprego da União Europeia reúnem-se, hoje, em Bruxelas para debater os preparativos da aplicação do programa europeu Garantia Jovem, que obriga cada Estado a apresentar o seu plano ainda este mês. O programa destina-se a combater a alta taxa de desemprego jovem na UE, que afetava, em outubro, 24% da faixa etária até aos 25 anos, com especial incidência em Espanha (57%) e na Grécia (58%), mas também em Itália e em Portugal (36,5), representando 149 mil jovens, de acordo com os dados do Eurostat, divulgados no final de novembro. No que diz respeito ao desemprego jovem (cidadãos com menos de 25 anos), Portugal regista a sétima taxa mais elevada da UE (36,5% em outubro). De acordo com o Eurostat, em outubro de 2013, 5,657 milhões de jovens estavam no desemprego no conjunto dos 28 países da UE e 3,577 milhões apenas ao nível da zona euro. A taxa de desemprego em Portugal desceu em outubro, pelo oitavo mês consecutivo, para os 15,7%, de acordo com o Eurostat, que reviu em baixa os valores dos
«Chumbado» pela troika
O parlamento grego aprovou no sábado o Orçamento Geral do Estado para 2014, que não foi aprovado pela ‘troika’ de credores, levando a oposição a apelidar a lei de virtual. A lei orçamental obteve, já na madrugada de ontem em Atenas (23h16 em Lisboa), 153 votos a favor dos deputados da coligação governamental conservadores-socialistas, 142 contra e uma abstenção. O Orçamento do Estado grego para o próximo ano prevê uma redução de 3,1 mil milhões de euros nas despesas, anunciou a presidência do parlamento.
730 mil milhões para a economia mundial
O acordo alcançado na Organização Mundial de Comércio (OMC) no sábado, em Bali, na Indonésia, estabelecendo um acordo global de comércio, pode acrescentar 1 bilião de dólares à economia mundial, cerca de 730 mil milhões de euros, segundo as estimativas dos apoiantes e membros das associações empresariais mundiais. Porém, os ativistas humanitários consideram que o acordo pouco faz pelos pobres e os agricultores norte-americanos - os maiores exportadores mundiais - mostraram pouco entusiasmo com o acordo, segundo a Bloomberg.
União Europeia. Ministros do Emprego debatem preparativos da aplicação do programa Garantia Jovem últimos meses. Neste boletim, o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia reviu em baixa de meio ponto percentual (de 16,3% para 15,8%) a taxa de desemprego para Portugal em setembro, tal como os valores para os meses de julho e agosto, para 16,2% e para 16%, respetivamente. Assim, segundo os dados divulgados até agora pelo Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal regista descidas consecutivas há oito meses: era de 17,6% em feverei-
ro, de 17,4% em março, de 17,3% abril, de 17% em maio, de 16,7% em junho, de 16,2% em julho, de 16% em agosto, de 15,8% em setembro e de 15,7% em outubro. De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, os 28 países da União Europeia vão também tentar alcançar um acordo sobre a igualdade de género, mas prevê-se que o consenso seja difícil, dada a firme oposição de países como o Reino Unido, Holanda ou Alemanha, segun-
do fontes diplomáticas consultadas pela agência espanhola. Por outro lado, a presidência lituana vai também tentar chegar a acordo no que diz respeito aos trabalhadores deslocados de outro país europeu, pretendendo aumentar a sua proteção jurídica, mas até agora o acordo tem sido impossível devido às divergências sobre pontos como a realização de inspeções destinadas a garantir o cumprimento das normas ou as sanções decididas.
Elogios do líder do FEEF no último dia do plano
Programa da Irlanda “é um grande êxito” O programa de assistência financeira do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) à Irlanda terminou oficialmente ontem e o seu líder, Klaus Regking, destacou o seu sucesso para o país e restante Zona Euro. O programa irlandês “é um grande êxito” para o país e para o conjunto da Zona Euro, afirmou o responsável do fundo temporário de resgate europeu, que desembolsou um total de 17,7 mil milhões de euros à Irlanda, uma parte do total da ajuda recebida pelo país. O fim do programa formal de resgate à Irlanda, avaliado num total
Irlanda. Programa “é um grande êxito” para o país e para a Zona Euro, diz Regking
de 67,5 mil milhões de euros, está agendado para a semana, envolvendo ainda as contribuições do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, da União Europeia, (22,5 mil milhões de euros), do Fundo Monetário Internacional (22,5 mil milhões de euros) e dos empréstimos bilaterais concedidos pelo Reino Unido, Suécia e Dinamarca (4,8 mil milhões de euros). Regkink destacou que o programa irlandês demonstra que a estratégia europeia de conceder empréstimos temporários a um Estado a troco da imposição de condições “está funcionando”. O presidente do
FEEF, cuja sede fica no Luxemburgo, assinalou que o mesmo revela a determinação do Governo de Dublin no que toca à implementação do programa de ajuste macroeconómico e a resposta da população a um plano que lhe exigiu temporariamente grandes sacrifícios. “O impacto de combinar a consolidação orçamental, as reformas estruturais e o saneamento do setor financeiro levou este país de novo à senda do crescimento sustentável, com a diminuição do desemprego e uma melhor confiança empresarial”, concluiu o presidente do FEEF.
desporto
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Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
Ronaldo fala em “grupo muito difícil” para Portugal no Mundial do Brasil
“Ir o mais longe possível” “Levantei uma ‘Champions’ e um Mundial será maior. Jamais se esquece, mas há que ter os pés bem assentes na terra”, disse. O internacional português Cristiano Ronaldo, avançado do Real Madrid, manifestou, ontem, o desejo de ir longe no Mundial de 2014 e reconheceu que esta é “uma competição com sabor diferente”. “Vou tentar fazer o melhor possível, primeiro, a nível de clube e, depois, com a seleção numa fase final. Para mim, é igual, porque encaro todos os jogos da mesma forma, mas é verdade que um Mundial é uma competição com um sabor diferente. O meu objetivo é jogar o melhor possível, brilhar, ajudar o meu país e, a nível individual, mostrar o melhor que tenho e fazer golos. Sou prudente e tentarei dar o melhor para a minha seleção”, afirmou. Em conferência de imprensa com alguns companheiros do Real Madrid, nomeadamente Iker Casillas, Ángel Di María, Karim Benzema, Marcelo e Luka Modric, o extremo luso admitiu que não seguiu em direto o sorteio do Mundial, que colocou Alemanha, Gana e EUA no caminho de Portugal, no Grupo D. “Não vi o sorteio em direto, por-
Visita ao V. Setúbal
Académica procura terceira vitória seguida
Mundial. “Sou prudente e tentarei dar o melhor para a minha seleção”, afirmou o capitão da selecção nacional que estava a dormir. Creio que é um grupo muito difícil, com Alemanha, que é sempre candidata ao título, e Estados Unidos e Gana, que são muito bons”, considerou. Com a expetativa de “chegar o mais longe possível”, Ronaldo repetiu a ideia do selecionador Paulo Bento de que, “para já, passar a fase de grupos é a prioridade”. “Teremos uma fase de grupos difícil em que temos de jogar bem. Frente à Alemanha vai ser um jogo muito difícil. É um grupo que podemos ganhar, tendo noção da realidade e vendo as di-
ficuldades que vamos enfrentar. Podemos passar, dependerá de como esteja a confiança da equipa e os níveis de concentração, que neste tipo de torneios curtos são muito importantes”, acrescentou. Cristiano assegurou que não perguntou a Casillas, capitão da seleção espanhola, o que se sente ao erguer a Taça do Mundo. “Levantei uma ‘Champions’ e um Mundial será maior. É uma coisa que jamais se esquece, mas há que ter os pés bem assentes na terra e pensar passo a passo, porque todos querem ganhar a competição, mas só um o
pode fazer. Espero que Portugal possa conquistá-lo”, sublinhou. Por outro lado, foi confirmado que Mundial vai ter pausas durante os jogos, caso as temperaturas superem os 32 graus. Segundo a FIFA, as pausas teriam lugar após o minuto 30 de cada uma das partes de um encontro. Algumas das cidade-sede do Mundial têm habitualmente a temperatura a rondar os 32 graus por ocasião da prova, casos de Natal, Fortaleza, Recife e Manaus, às quais ainda se podem juntar Salvador e Rio de Janeiro.
56.ª Volta a Paranhos
Quarta consecutiva em Europeus de corta-mato
Dulce Félix medalha de bronze em Belgrado A atleta portuguesa Dulce Félix conquistou a sua quarta medalha consecutiva em Europeus de corta-mato, ao ser terceira na prova de ontem, em Belgrado. Depois das medalhas de bronze em 2010 e de prata em 2011 e 2012, a atleta do Benfica conquistou nova medalha de bronze, naquele que foi o ponto alto da presença portuguesa neste Europeu. O ouro foi para a francesa Sophie Duarte e a prata para a britãnica Gemma Steel. A seleção lusa foi quinta classificada coletivamente, com os contributos das jovens Salomé Rocha, que terminou num agradável
Belgrado. Dulce Félix conquistou a sua quarta medalha consecutiva em Europeus de corta-mato
A Académica procura a terceira vitória consecutiva na I Liga, hoje, na deslocação a Setúbal, em jogo que encerra a 12.ª jornada, depois de no último fim de semana ter ganhado ao FC Porto. Segundo o técnico da «Briosa», Sérgio Conceição, a vitória (1-0) sobre os campeões nacionais veio dar mais “confiança” à equipa, que, se vencer no Bonfim, consegue um feito de três jogos consecutivos a ganhar, o que não acontece há quase 28 anos. “Vamos ter de conseguir momentos de desequilíbrio para ganhar o jogo, que é a nossa ambição e determinação”, sublinhou.
9.º lugar, e Catarina Ribeiro, em 39.º, enquanto a veterana Anália Rosa fechou no 58.º. A prova foi desde cedo dominada pela GrãBretanha, que ganhou coletivamente, somando 35 pontos, contra 54 da França, 61 da Espanha, 97 de Itália e 109 de Portugal. Na corrida de seniores masculinos, ganha pelo espanhol Alemayehu Bezabeth, com larga vantagem, o melhor português, na 38.ª posição, foi António Silva. Rui Pedro Silva, a maior esperança portuguesa, iniciou bem a prova mas rapidamente começou a perder lugares até ser 51.º na meta. Coletivamen-
te, triunfou a Espanha, à frente da surpreendente seleção belga, enquanto Portugal foi 9.º, superando apenas as seleções da Áustria e da Sérvia. Nos escalões jovens, os melhores atletas lusos foram os juniores Silvana Dias (19.º) e Miguel Marques (24.º) e o sub-23 Rui Pinto foi apenas 28.º classificado. Por equipas, Portugal foi 9.º e último entre as sub-23, 10.º entre 12 formações nos sub-23 masculinos, e 17.º entre 21 conjuntos nos juniores. Portugal apresentou apenas três atletas na prova de juniores femininos, pelo que não pontuou.
Atletas quenianos dominam corrida e vencem
Os atletas quenianos dominaram, ontem, a 56.ª edição da Volta a Paranhos, tradicional corrida de 10 km organizada pelo Salgueiros e realizada no Porto. No setor masculino, Asbel Kipsang cumpriu o percurso em 29.51 minutos, chegando com 26 segundos de vantagem sobre o benfiquista José Moreira e 27 sobre Daniel Pinheiro, do Maia AC. No competição feminina, Coreti Jepkoch gastou 32.56 minutos, ganhando com mais de um minuto de vantagem sobre Cláudia Pereira, do JOMA, que fez 33.58, e sobre a regressada Marisa Barros, que gastou 34.29.
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013
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O Primeiro de Janeiro | 7
1868
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CAVACO SILVA E O RELÓGIO DA HISTÓRIA Anda uma certa comunicação social a tentar branquear o que se passou em 1987, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela. Os únicos três países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Reagan, a Grã-Bretanha, Gustavo Pires* de Thatcher, e o governo português de Cavaco Silva. O argumento é o de que numa outra resolução posterior o Governo Português votou pela libertação de Nelson Mandela. Mas porque é que Portugal não se absteve como outros países europeus? Claro que toda a gente é capaz de compreender que foi simplesmente para fazer um frete aos EUA e à Inglaterra. Entretanto, os argumentos que chegam de Belém são os de que (1º) Portugal não podia apoiar um movimento como o ANC que defendia a luta armada; (2º) era necessário proteger os portugueses que viviam na áfrica do Sul. Contudo, o governo português ao votar contra, quando se podia ter abstido como fizeram os demais países Europeus, é que pôs verdadeiramente em perigo os portugueses que viviam na África do Sul desde logo porque os expôs à ira de um movimento que não controlava. No que diz respeito ao facto do ANC, ao tempo, preconizar a luta armada o governo português depois da experiência dolorosa da descolonização portuguesa devia saber que o diálogo do governo sul-africano com o ANC era absolutamente necessário a fim de promover a paz. Porque, ao contrário daquilo que se quer fazer passar, a luta armada era, em primeiro lugar, feita por um governo ilegítimo contra cidadãos que, simplesmente, reivindicavam os seus direitos de cidadania no seu próprio País. Claro que Nelson Mandela aderiu em determinado momento à luta armada. Quem é que não aderia? Roberto Carneiro contou no jornal Público que, no ano de 1996, teve a oportunidade de, enquanto jurado, pertencer a um Tribunal plenipotenciário criado por Nelson Mandela. Eram uma espécie de “tribunais pacificadores”, nos quais “as vítimas ou seus familiares diretos poderiam acarear os perpetradores dos crimes contra elas cometidos e assim obter satisfação - catarse - sem cair na pura violência vingativa”. E Roberto Carneiro conta que assistiu a um fazendeiro boer, “homem rude e grotescamente inescrupuloso, a fazer uma descrição sádica do que fizera aos familiares de um jovem adolescente, com idade não superior a 16-17anos, único sobrevivente do massacre levado a cabo na propriedade do primeiro”. Dizia o fazendeiro: “É verdade. Matei o teu pai à paulada. Quanto mais ele gemia, mais forte lhe acertava com o maço, na certeza de que o calaria. A tua mãe, que assistiu à morte do teu pai, cortei-a às postas, com que alimentei os porcos na pocilga. Às tuas duas irmãs, violei-as repetidamente e chamei os meus colaboradores diretos para assistirem, e banquetearem-se de seguida com os corpos jovens e apetitosos que lhes oferecia, após o que as matei sumariamente, a seu pedido, em nome da preservação das suas honras.” E o fazendeiro continuava numa prosa ignóbil, perante o nojo dos jurados… O relato do episódio vivido por Roberto Carneiro segue por outros caminhos. Nós ficamos por aqui e perguntamos: Como é possível não reconhecer a um povo sujeito a estas barbaridades o direito à luta armada? Ao tempo, Cavaco Silva entendeu que o ANC não tinha o direito de defesa pela luta armada. Só lhe ficava bem reconhecer que se enganou. Até porque, muito certamente, atrasou o relógio da história.
Diretor: Rui Alas Pereira (CP-2017). E-mail: ruialas@oprimeirodejaneiro.pt Redatores: Joaquim Sousa (CP-5632), Andreia Cavaleiro (CP-6983), Cátia Costa (Lisboa) e Vasco Samouco. Fotografia: Ivo Pereira (CP-3916) Secretariado de Direção: Sandra Pereira. Secretariado de Redação: Elisabete Cairrão. Publicidade: Conceição Carvalho (chefe), Elsa Novais (Lisboa, 918 520 111) e Fátima Pinto. E-mail: conceicao.carvalho@oprimeirodejaneiro.pt Morada: Rua de Santa Catarina, 489 2º - 4000-452 Porto. Contactos: redação - Tel. 22 096 78 47 - Tm: 912 820 510 E-mail: geral.cloverpress@oprimeirodejaneiro.pt - Publicidade - Telefone: 22 096 78 46, Fax: 22 096 78 45 Propriedade: Globinóplia, Unipessoal Lda. Edição: Cloverpress, Lda. NIF: 509 229 921 Depósito legal nº 1388/82 Impressão: Coraze, Telefs.910252676 / 910253116 / 914602969, Oliveira de Azeméis. Distribuição: Vasp. Tiragem: 20 000
Igreja de Santa Maria dos Portugueses em Pretória
“Nelson Mandela tem lugar nas nossas orações” No dia em que a África do Sul rezou pelo seu antigo líder Nelson Mandela, a Igreja de Santa Maria dos Portugueses, em Pretória, juntou-se à jornada, evocando “o homem que saiu reconciliado da prisão”. “Certamente que Nelson Mandela tem lugar nas nossas orações”, disse, na missa das 11h00, o frei franciscano Gilberto Teixeira aos cerca de 200 fiéis, a maioria de meia-idade, e aos jovens que estavam pouco à-vontade para se expressarem em português. “Nelson Mandela mostrou ser um religioso, na prática. Saiu da cadeia como um homem pacificado e pacificador”, acrescentou, na homilia, frei Gilberto, que desejou que “a África do Sul se transforme num país verdadeiramente colorido”. Após a missa, que foi seguida por uma pequena procissão que celebrou o dia de Imaculada Conceição, ouviram-se algumas, poucas, críticas anónimas ao histórico líder sul-africano, mas em entrevistas à Lusa, fiéis
destacaram “o importante papel” de Mandela na construção da chamada “nação arco-íris”. Também os receios de que a morte de Mandela possa inverter o caminho do país foram afastados. “Acho que as pessoas já estavam preparadas. Ele já não era presidente há muito tempo. As pessoas agora já fazem parte de uma família da nação”, disse Adriano Duarte, natural da Trofa e a viver na África do Sul, país que, disse, continua a ser “um bom destino”. Falando em inglês, a jovem estudante Vanessa Reis alinhou pelo mesmo tom otimista: “Penso que a África do Sul é um país muito forte e ele uniu-nos como uma família”, disse, acrescentando não acreditar que o país possa entrar em convulsões. A paróquia também acolhe outros lusófonos, angolanos, sobretudo, e moçambicanos, como o padre Manuel Nhaquila, natural de Inhambane, que deu uma outra perspetiva do papel do histórico líder sul-africano.
“É emocionante evocar (na missa) o nome de Mandela porque os seus ideais, de alguma forma, são admirados por estas comunidades, sobretudo a nossa, que sentiu o impacto positivo daquilo que ele deu como seu ideal”, disse o religioso, acrescentando: “Há uma oportunidade para continuar com a reconciliação e pode ser que os ideais continuem a unir os sulafricanos que chegaram de lugares diferentes e de diferentes raças”. A Igreja de Santa Maria dos Portugueses foi fundada em 1972 e é uma das oito paróquias da capital sulafricana, servindo maioritariamente uma comunidade que hoje entoou o hino “Não se chama português quem cristão de fé não for”. O funeral de Estado do antigo presidente sul-africano, Nelson Mandela, vai realizar-se no próximo dia 15. Hoje, realiza-se uma cerimónia nacional para lembrar Mandela no estádio do Soweto, perto de Joanesburgo.
Coleção de Maria Cavaco Silva ganha três novos exemplares em Bragança
“O Presidente também gosta imenso de presépios” A coleção de presépios de Maria Cavaco Silva ganhou ontem três novos exemplares oferecidos em Bragança na inauguração de uma exposição com a presença do presidente da República na qualidade de convidado. Cavaco Silva foi acompanhante da mulher na inauguração da exposição com cerca de 200 presépios da coleção pessoal da primeira-dama que podem ser visitados até 26 de janeiro, no Museu Abade de Baçal, em Bragança. Maria Cavaco Silva não sabe ao certo o número dos que compõem a sua coleção pessoal. “São talvez três vezes mais” do que os expostos em Bragança, e hoje cresceu com mais três exemplares. Um deles é “particularmente caro” à primeira-dama portuguesa por ter sido elaborado em xisto e doado pelas meninas do Lar de São Francisco de Bragança, para
quem vão reverter as receitas da exposição. Os outros dois presépios foram oferecidos, um pela Câmara Municipal de Bragança, com representações da ruralidade e das tradições locais, também presentes no terceiro construído com o barro de Pinela, das famosas Cantarinhas de Bragança, em forma de pombal e onde a sagrada família foi substituído pelos típicos Caretos, os mascarados das festas de inverno. Maria Cavaco Silva realçou “o caráter solidário” que as exposições da sua coleção têm sempre inerente e ela própria comprou o bilhete e o catálogo da que inaugurou hoje, em Bragança. A inauguração de ontem foi acompanhada por parte da família, nomeadamente alguns dos netos que já são autores de presépios desta coleção que vai aumentando há décadas, como a própria contou. “A vida que eu tenho
tido tem-me permitido alargar muito o leque, tenho um gosto muito especial pelo presépio português, o presépio de artesão, mas também erudito”, partilhou com os jornalistas. Nas viagens que faz aumenta também a coleção com ofertas e compras pessoais. “Não compro mais nada, mas quando regresso trago sempre presépios”, contou. Faz questão de estar sempre presente na inauguração destas exposições e ontem foi uma das poucas vezes em que o marido, o presidente da República, foi acompanhante, papel que habitualmente lhe pertence. Também na coleção de presépios há “uma parceria”, como partilhou a primeira-dama, mencionado alguns exemplares oferecidos pelo marido. “Ele também gosta imenso de presépios”, garantiu, falando em nome de Cavaco Silva que não fez declarações públicas, em Bragança.
Duas colisões na EN125
Oito feridos e quatro em estado grave Oito feridos, quatro em estado grave, foi o resultado de duas colisões registadas ontem na Estrada Nacional 125 (EN125), em dois pontos diferentes do Algarve, disse fonte do Comando Distrital de Operações de Socorros (CDOS). Segundo o CDOS, a colisão ocorreu pelas 16h00 entre dois automóveis na localidade de Benfarras, na
freguesia de Boliqueime, Loulé, e o trânsito naquela zona da EN125 estava ainda cortado às 17h00 para proceder ao desencarceramento de duas vítimas, consideradas em estado grave. Ao local deslocaram-se 17 elementos com oito viaturas, designadamente quatro ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica.
Uma outra colisão entre um veículo ligeiro e mota na EN125 também foi registada ontem pelas 14h42, na zona de Meia Légua, Olhão, do qual resultaram quatro vítimas, duas em estado grave e duas com ferimentos ligeiros. O trânsito também esteve cortado, mas já está normalizado e no local estiveram 17 elementos com 17 elementos.