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FINAL PASSA PELO VATICANO FRANCISCO ATÉ PODE VER MAS BENTO XVI NÃO VAI MUITO À BOLA

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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

DIÁRIO NACIONAL

Ano CXLVI | N.º 162

Sexta-feira, 11 de julho de 2014

MILHARES DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PEDEM APENAS MAIS UM EMPURRÃO...

GOVERNO VA! AO CHÃO

n A emblemática canção “Grândola, Vila Morena” deu o mote a milhares de funcionários públicos para iniciarem um protesto que “desfilou” desde o Marquês de Pombal até ao Parlamento. Os trabalhadores, na maioria afetos à CGTP, pediram a demissão de Passos e entoaram palavras de ordem como “É só mais um empurrão e o Governo vai ao chão”, “Sem contratação, não há democracia” e “Existem soluções, queremos eleições”...

PORTO

e Corunha preparam candidaturas conjuntas aos fundos comunitários

SAÚDE

Presidente da Fundação diz que Paulo Macedo já se deveria ter demitido há dois anos

ESCOLAS

Nuno Crato espera ver removido amianto até final de setembro


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

Fundos comunitários para ambiente e mobilidade

BREVES

Porto e Corunha preparam candidaturas conjuntas O Porto, em Portugal, e a Corunha, em Espanha, estão já a realizar “reuniões técnicas” sobre temas como o ambiente ou a mobilidade para preparar candidaturas conjuntas a fundos comunitários. Segundo informou o vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Porto, tratam-se de “projetos em relação aos quais neste momento estão a ser preparados para candidaturas”. “Estamos a falar de olhar para o próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e pensar em trabalhar em conjunto”, esclareceu Filipe Araújo, em declarações aos jornalistas no fim da sessão de abertura da conferência “Cidade +”. O esclarecimento de que as autarquias estão já a “olhar para os próximos QCA” e a “pensar em trabalhar em conjunto” surgiu depois de o presidente da autarquia, Rui Moreira, ter referido a identificação de “muito boas razões” para iniciativas comuns entre as duas cidades “em áreas como turismo, a cultura, a mobilidade, as future cities, o ambiente e a educação”. “A relação do Porto com outras

RUI MOREIRA. O presidente da Câmara do Porto destaca que as duas cidades podem ter iniciativas “em áreas como turismo, cultura, mobilidade, ambiente e educação” cidades do noroestes peninsular é fulcral para o desenvolvimento sustentável e a importância da Corunha neste processo é crucial, não apenas pela localização geoestratégica, mas também pela dimensão industrial, turística e humana que representa”, destacou o presidente da autarquia portuense. Já o vereador do Ambiente esclareceu que, depois da visita à cidade galega em março, se iniciaram na quarta-feira “conversas

mais técnicas” com a Corunha, porque “os próximos QCA têm várias áreas” em que se privilegia “o conjunto das cidades”. “Estamos a falar de desenvolver sinergias. Se conseguirmos unir esforços, se tornar projetos replicáveis, eles terão um maior sucesso. A Corunha está extremamente interessada”, descreveu. Para Filipe Araújo, em causa está “aproveitar algo” que a autarquia considera “fazer todo o sen-

tido” porque estão em causa “duas cidades de um nível muito parecido e isso nem sempre é tão fácil de encontrar”. “Uma das cidades que estrategicamente sentimos muito próxima do Porto é a Corunha. Percebemos que há vários temas que estamos a abordar de formas muito semelhantes e até complementares”, acrescentou o vereador, citando o ambiente, a mobilidade e as cidades sustentáveis. “Estes são projetos que estamos muito interessado em captar porque achamos que o Porto está num nível de empreendedorismo de conceitos já muito amadurecidos e desenvolvido, nomeadamente com o Centro de Competências das Cidades do Futuro da Faculdade de Engenharia”, destacou Filipe Araújo. O mesmo vereador apontou ainda a “área de gestão de resíduos” como uma das áreas que pode “trazer ganhos operacionais à cidade, criar valor e emprego e replicar noutras cidades. Presente na cerimónia, o novo reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, sublinhou a importância da instituição em criar “as cidades mais humanas”, porque as “cidades do futuro” são as que conseguirem “conciliar o progresso com a proteção ambiental”. “O urbanismo sustentável é um dos grandes desafios do século XXI. Temos absoluta consciência da importância do desenvolvimento das cidades sustentáveis”, vincou.

Suspeitos de roubarem carrinhas de transporte de valores

PJ detém quatro jovens em Gondomar A Polícia Judiciária anunciou a detenção de quatro jovens suspeitos de terem roubado, com recurso a armas de fogo, carrinhas de transporte de valores, casas e lojas de compra e venda de metais precisos, em Gondomar. Em comunicado, a PJ refere que, através da Diretoria do Norte, identificou e deteve os quatro homens “integrantes de um grupo criminoso organizado que, pelo menos desde o ano passado terá sido responsável pela prática, entre outros, de crimes de roubo agravado, furto qualificado, furto e detenção de armas proibidas”, ocorridos maioritariamente em Gondomar.

A PJ acrescenta que foi possível imputar aos suspeitos “a prática de quatro roubos com utilização de armas de fogo, dois a carrinhas de transporte de valores e os restantes a estabelecimentos de compra e venda de metais preciosos”. Os detidos, com idades entre os 20 e os 24 anos, “estão também indiciados pela prática de doze furtos, quase todos qualificados, a estabelecimentos comerciais e a residências, através dos quais lograram apropriar-se de bens e valores monetários que ascendem a várias dezenas de milhar de euros”. Por não terem qualquer ocupação laboral, “o grupo fazia desta

prática ilícita modo de vida, sendo que no período de um mês assaltaram o mesmo estabelecimento comercial três vezes”, destaca a PJ, revelando que os jovens já tinham antecedentes criminais por crimes idênticos. Entretanto, a PJ também anunciou a detenção de dois homens e uma mulher suspeitos de ter praticado crimes de roubo e extorsão agravados, através de empréstimos com uma cobrança excessiva de juros, efetuados em fevereiro. Em comunicado, a PJ refere que o casal detido, através da Diretoria do Norte, concedia crédito a particulares que o procuravam para esse

efeito, cabendo ao outro homem a tarefa de angariar clientes. Os três arguidos “procediam também a cobranças, quando necessário de forma coerciva, mediante práticas de extorsão e roubos, com recurso a armas de fogo, em montantes que excedem os valores mutuados, nomeadamente apropriando-se de viaturas quando os particulares não conseguiam pagar esses mesmos créditos”. Sem referir o número de vítimas identificadas no âmbito desta investigação, a PJ apenas afirma ainda que os detidos, de 37, 39 e 59 anos, já tinham antecedentes criminais por crimes cometidos com armas de fogo.

Cerca de 21 toneladas de lixo produzidas no “Primavera Sound”

Os mais de 70 mil espetadores que durante três dias assistiram no Porto ao Festival Primavera Sound produziram cerca de 21 toneladas de lixo, oito das quais de resíduos encaminhados para reciclagem, anunciou a Lipor - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. Em comunicado, a Lipor refere que as oito toneladas de lixo encaminhadas para reciclagem correspondem a 38% do total dos resíduos produzidos no evento, que decorreu no Parque da Cidade, entre os dias 05 e 07 de junho. “Este resultado foi possível graças à ação conjunta da Lipor e da Câmara do Porto, que garantiram a colocação de contentores para separação multimaterial no espaço, a recolha seletiva do material e a formação do pessoal dos serviços de restauração existentes, promovendo, assim, as boas práticas ambientais junto do público, elemento fundamental para o sucesso da iniciativa”, acrescenta, revelando que as embalagens representam 43% do total de materiais recicláveis recolhidos durante o evento.

Brisa investe 2,1 ME em obras na A4 (Valongo/ Campo)

A Brisa divulgou que vai investir 2,1 milhões de euros em obras no sublanço Valongo/Campo, na autoestrada Porto/Amarante (A4). As obras de beneficiação do pavimento vão decorrer entre julho e outubro e abrangem uma extensão aproximada de cinco quilómetros. A concessionária informou ainda que “os trabalhos com maior impacto na circulação irão decorrer durante os dias da semana, à noite, com recurso a desvios de trânsito, em ambos os sentidos. As obras poderão “eventualmente” também decorrer ao fim de semana, “entre as 22h00 de sexta-feira e as 05h00 de segunda-feira”.

Rui Vieira Nery inaugura Festival de Música na Póvoa

O musicólogo Rui Vieira Nery abre hoje a 36.ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV), anunciou a autarquia. A conferência inaugural do festival, subordinada ao tema “Richard Strauss: Da descoberta do subconsciente à nostalgia de um tempo perdido”, terá lugar no Cine-Teatro Garrett, às 21h45. Rui Vieira Nery é conferencista ativo no evento, que contará este ano com 15 concertos. O musicólogo e historiador cultural nasceu em Lisboa, em 1957, sendo atualmente professor associado da Universidade Nova de Lisboa e diretor do programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas.


regiões

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

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Pena suspensa para Carmona Rodrigues no processo Bragaparques

MP pede condenação Para a magistrada ficou provado que os arguidos, por comum acordo, “sonegaram” as competências dos órgãos autárquicos de Lisboa. Estatutos da Amarsul

Seixal entrega nova providência cautelar

A Câmara do Seixal anunciou, ontem, ter apresentado, no Supremo Tribunal Administrativo, uma providência cautelar para tentar suspender o processo de alteração dos estatutos da Amarsul, empresa responsável pelo tratamento do lixo na Margem Sul do Tejo. “O processo judicial visa suspender os efeitos das alterações aos estatutos daquela sociedade”, informou a autarquia. A Amarsul foi constituída em 1997, tendo-lhe sido atribuída a concessão da exploração e gestão do Sistema Multimunicipal de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos da Margem Sul do Tejo, por um período de 25 anos. A Câmara do Seixal já dera entrada, esta semana, no Supremo Tribunal Administrativo de uma ação de impugnação do processo de privatização da EGF.

O Ministério Público (MP) pediu, ontem, a condenação do ex-presidente da Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues e dos ex-vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão a penas até cinco anos de prisão, no âmbito do processo Bragaparques. A procuradora do MP defendeu, nas alegações, que decorrem na 5.ª Vara Criminal de Lisboa, uma pena de cinco anos de prisão para Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho e quatro anos de cadeia para Eduarda Napoleão e Remédio Pires, dos serviços jurídicos do município, por coautoria do crime de prevaricação de titular de cargo político, praticado no negó-

Lisboa. Ministério Público pediu condenação, com penas suspensas, de Carmona, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão

cio dos terrenos do Parque Mayer. A magistrada sublinhou que as penas podem ser suspensas na sua execução, por igual período, mas na condição de que os arguidos paguem à Câmara de Lisboa, ao todo, 4.250.000 euros: Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho terão de pagar 1,5 milhões de euros cada um, Eduarda Napoleão 800 mil euros e Remédio Pires 450 mil euros. Para a magistrada ficou provado que os arguidos, por comum acordo, “sonegaram” as competências dos órgãos autárquicos, câmara e assembleia municipais de Lisboa, e desenvolveram um “processo negocial ilícito” para satisfazer interesses particulares. Olga Barata acrescentou que, “apesar dos obstáculos, nada os demoveu dos seus intentos”, na realização do “plano doloso”, a que cada um aderiu. Segundo a procuradora, é preciso que a sociedade deixe de ter um “sentimento de impunidade” em relação a este tipo de casos, o qual lesa os seus interesses.

Casal morto a tiro no Seixal

Encontrados sem vida

Viaduto de Pampulha preocupa Junta da Estrela

Um homem e uma mulher, com idades entre os 40 e os 50 anos, foram encontrados mortos a tiro em Belverde, no Seixal, revelou, ontem, fonte policial. “Uma mulher foi encontrada morta, devido a disparos com arma de fogo, numa zona de mato na rua dos Eucaliptos, em Belverde, no Seixal. Mais tarde foi encontrado o corpo de um homem, a cerca

de 50 metros da primeira vítima, também morto devido a uma arma de fogo”, disse fonte da PSP, acrescentando que os corpos foram descobertos na quarta-feira. Segundo a mesma fonte, a arma utilizada foi uma 7,65 mm, que foi encontrada no local. Não são conhecidas as circunstâncias da ocorrência, admitindo as autoridades que se pode estar perante

Estudo sobre a Casa Fernando Pessoa

A Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa, alertou, ontem, para a degradação do muro do viaduto da Pampulha, considerando a situação como “preocupante” e sobre a qual não pode intervir. Segundo o presidente da Junta de Freguesia, Luís Newton, “a Junta vê-se de mãos atadas e com uma enorme preocupação”, atribuindo as responsabilidades pela resolução da situação à Câmara de Lisboa. Parte do muro que delimita a zona superior do viaduto da Pampulha desmoronou no verão do ano passado, no seguimento de um acidente rodoviário, com os moradores a dizerem que não foi ainda feita a sua reconstrução. De acordo com o autarca, a Junta da Estrela “está legalmente impedida de ter qualquer intervenção no local, uma vez que não tem essa competência e não pode desencadear os devidos procedimentos”. A Câmara de Lisboa diz ter “a situação referenciada”, estando a “ultimar os procedimentos contratuais para avançar com a obra”.

Ex-diretor da Cultura de Lisboa absolvido O Tribunal absolveu, ontem, o ex-diretor da Cultura da autarquia de Lisboa Rui Mateus Pereira e mais dois arguidos, não dando como provados os factos da acusação. O ex-diretor da Cultura da autarquia lisboeta Rui Pereira era acusado de ter encomendado um estudo, de 47 mil euros, sobre a Casa Fernando Pessoa, num caso em que lhe foi imputado os crimes de participação económica em negócio e falsificação de documento. Além de Rui Pereira, absolveram mais dois arguidos (Inês Amaral e Adelaide Silva), considerando que a adjudicação “era necessária, não tendo sido descabido ou desproporcional, nem que esse valor fosse exagerado”.

um caso de homicídio seguido de suicídio, não estando ainda estabelecida uma relação entre as duas vítimas. Fonte do CDOS de Setúbal confirmou que a primeira ambulância saiu para o local ao final da tarde de quarta-feira, enquanto a segunda foi chamada durante a noite. O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

Funcionário públicos em marcha de protesto em Lisboa

Caritas Portuguesa apoia microempresas

“Governo vai ao chão”

“Muitos o que nos pedem é trabalho”

A emblemática canção “Grândola, Vila Morena” deu o mote a milhares de funcionários públicos para iniciarem um protesto que “desfilou” desde o Marquês de Pombal até ao Parlamento. Milhares de trabalhadores do setor privado e do setor empresarial do Estado promoveram ontem à tarde, em Lisboa, uma marcha de protesto, com a chancela da CGTP, seguindo até à Assembleia da República para pedir a demissão do executivo de Passos Coelho. “Existem soluções, queremos eleições” e a “Segurança Social é nossa, não é do capital” são algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, que vieram de vários pontos do país para Lisboa para participarem nesta manifestação nacional. “É só mais um empurrão e o Governo vai ao chão” e “Sem contratação, não há democracia” foram outras das palavras de ordem que pretenderam dar a conhecer os motivos desta ação de luta promovida pela CGTP, em Lisboa. As elevadas temperaturas que se

FUNÇÃO PÚBLICA. Centenas de trabalhadores afectos à CGTP exigiram frente ao Parlamento a “demissão do Governo” e a realização de “eleições antecipadas” fizeram sentir nas ruas por onde passou o desfile não retiraram ânimo aos manifestantes que gritaram bem alto as razões do seu protesto, chamando a atenção dos transeuntes e dos muitos comerciantes da zona, que pararam para os ver passar. As bandeiras vermelhas e brancas das estruturas sindicais da administração pública filiadas na CGTP e alguns bombos e apitos dão um toque festivo ao desfile. A central sindical escolheu esta data para o protesto para mostrar ao Gover-

no e à maioria parlamentar o repúdio dos trabalhadores relativamente às propostas de lei que foram ontem aprovadas na Assembleia da República. A Inter considera que as propostas legislativas do Governo, agora votadas,”são altamente lesivas para os trabalhadores” e vão contribuir para “o desmantelamento da contratação coletiva”. Uma das propostas prevê o prolongamento do período para a redução do pagamento do trabalho extraordinário, enquanto a outra reduz os prazos de

caducidade e de sobrevigência das convenções coletivas de trabalho. A manifestação da CGTP pretendeu ainda reafirmar o repúdio pelas políticas sociais e económicas do Governo e reivindicar a demissão do executivo de Passos Coelho. O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, encerrou a manifestação, em São Bento, com uma intervenção político-sindical, estando agora prevista uma nova ação de luta para dia 25, data em que deverão ser aprovados novos cortes para função pública.

Sakellarides diz que Paulo Macedo já se devia ter demitido

“Mandato para desinvestir na saúde” O presidente da Fundação para a Saúde considera que o ministro da Saúde se deveria ter demitido há dois anos quando percebeu que a solução era transferir a responsabilidade do Ministério para as Finanças. “Porque um ministro da saúde não pode mexer em saúde se tem um mandato do programa de ajustamento para desinvestir em saúde. Como é que se poder ser ministro da saúde com um mandato para desinvestir em saúde? Não pode ser”, disse Constantino Sakellarides, num debate sobre “Reformar o Sistema de Saúde”, realizado no Hospital de São João, no Porto. O responsável entende que, “sendo Paulo Macedo uma pessoa inteligente, devia ter percebido que não era possível fazer outra coisa se não sair do colete em que estava enfiado”. “E, ao fazer isto, fazia um serviço ao país porque chamava a atenção de que, com este programa de ajustamento, que vai continuar, nós não teremos investimento em saúde nos próximos anos”. O especialista em saúde pública defendeu que “uma reforma exige alguma energia e alguma paz social”. “Tem que haver vontade de contribuir, tem

que existir uma base social de apoio forte que permita tomar passos polémicos, difíceis de negociação e de entendimento. E é evidente que nós não estamos nessa situação e precisamos de estar”. “Na saúde, distraímo-nos muito, nos últimos anos, com a ideia de que somos um setor à parte – não é verdade. Somos altamente dependentes, no país e fora do país. Falar de política de saúde significa falar do conjunto de políticas públicas”, defendeu. O mesmo responsável apresentou um gráfico com a representação da estimativa do PIB do país, em vários momentos, nos últimos três anos. “Esta estimativa foi refeita a cada seis meses, piorando a expetativa em relação ao anterior. Mas o que me impressiona tanto não é o facto de ter sido revista tão frequentemente, o que me impressiona é essa revisão ter sido feita sem nenhuma aprendizagem”, criticou. Ou seja, em seu entender, “quem revê seis vezes seguidas números que não funcionam, tem de chegar à conclusão de que alguma coisa não está a funcionar bem”. “O que acontece é que não há de facto aprendizagem. O modelo continua, independentemente do resultado.

Isto é um fenómeno pouco inteligente e muito destrutivo. Há uma lógica de instrumento financeiro que não tem relação com qualquer política pública”. “O instrumento financeiro puxa abrupta, intensa e insistentemente e só afrouxa em última instância, quando é inevitável, não quando os números mostram que não funcionam”, destacou. Para Sakellarides, Portugal precisa de “caminhar para o modelo real, que é a visão conjunta e concertada das políticas públicas”. No mesmo debate, o presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, Carvalho das Neves, defendeu também a necessidade de “uma grande reforma da administração pública”. “A reforma deveria passar por uma abordagem mais ampla, que não apenas a da saúde, no sentido de levar a cada ministério a responsabilidade da sua gestão e a cada uma das unidades de saúde a descentralização e a responsabilização das decisões”, disse, acrescentando: “O sistema que está montado na administração pública é o sistema de convencimento de que com estas regras burocráticas estão a

controlar a despesa o que é uma ilusão porque não são as regras burocráticas que fazem o controlo da despesa. O controlo da despesa não se pode fazer apenas por decreto lei, nem por despacho, só se pode fazer com mudança de processos e com envolvimento das pessoas nesses processos”. “Isso é uma coisa que falta muito em Portugal, que é a consciência de que precisamos de ter pessoas a trabalhar que sejam gestores de mudança”, frisou. Este responsável disse ainda que na sequência da decisão do Tribunal Constitucional está a ser preparado o orçamento retificativo “para termos verbas suficientes” para preencher falhas no pagamento do subsídio de férias. “Foi decidido que a ACSS utilizaria partes dos seus duodécimos futuros para podermos efetivamente ajudar as instituições que não conseguiram pagar o subsídio de férias. Estamos a procurar fazer com que as instituições possam o mais rapidamente possível estar em situação de igualdade. E depois quando o retificativo for aprovado compensará a nossa receita”, acrescentou Carvalho das Neves.

Cinquenta microempresas estão prontas a começar a sua atividade, no âmbito de um projeto promovido pela Cáritas Portuguesa para apoiar iniciativas de “franchising social”, micro negócios e atividades por conta própria. O presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, afirmou, em Vila Real, que o desemprego é uma luta que não é apenas dos governos, mas que envolve toda a sociedade. “Muitos o que nos pedem é trabalho”, salientou. Precisamente para ajudar a combater o problema do desemprego, a Cáritas lançou o projeto “Criactividade – O franchising social potenciado pelo marketing social”, que já está a ser incrementado desde o início do ano e também foi apresentado hoje, em Vila Real. Eugénio Fonseca afirmou aos jornalistas que “o acolhimento está a ser muito positivo”, contabilizando mais de 90 fichas de adesão, 52 entrevistas e 50 empresas prontas a começar a sua atividade. Empresas que estão a ser criadas principalmente por jovens licenciados, mas também pessoas que ficaram sem emprego, e que se vão dedicar a áreas que vão desde a restauração com produtos inovadores à agricultura. O maior constrangimento do projeto tem sido, segundo o presidente da Cáritas, o investimento inicial no negócio, visto que, muito por causa da crise, as pessoas ficaram descapitalizadas e sem dinheiro para pagar a parte que lhe é exigida para aceder ao microcrédito. “Julgo que, muito em breve, iremos ter uma resposta favorável por parte do Governo aos vários contactos para investimento inicial”, salientou. Eugénio Fonseca falou ainda em outras formas de financiamento como o crowdfunding, que vai envolver entidades bancárias. Este projeto vai também, segundo acrescentou, criar uma carteira de voluntários, que junte, por exemplo, antigos bancários ou gestores, que irão acompanhar a evolução destes negócios. No entanto, o responsável salientou ainda que estão a ser desenvolvidas áreas de atividade que não exigem investimento inicial, como os motoristas sem carro. A ideia é, segundo explicou, criar, em termos de franchising, uma rede de pessoas que possam conduzir os carros de proprietários que já não o possam fazer. A Cáritas irá “credenciar a idoneidade” destes motoristas, que serão também aprovados pelo Automóvel Clube Português (ACP). Desenvolvido pela Cáritas Portuguesa, com o apoio técnico-científico da IPI Consulting Network, o projeto é cofinanciado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica/Fundo Social Europeu. O programa é dirigido a três universos: desempregados de longa duração, jovens, para tentar suster a emigração, e quadros de empresas que perderam os seus empregos, mas que têm uma história profissional importante. O principal desafio do programa é apoiar microempresas em situação difícil e ajudar pessoas desempregadas a ter uma atividade por conta própria que seja sustentável.


Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

economia

O Primeiro de Janeiro | 5

Todos os títulos do PSI20 fecharam a sessão a desvalorizar fortemente

Bolsa de Lisboa afunda mais de 4% Títulos do BES e do ESFG, cuja negociação foi suspensa, registaram quedas de 17,24% para 0,509 euros e de 8,85% para 1,185 euros.

Menos 3,3% no trimestre terminado em maio

Exportações em queda As exportações portuguesas diminuíram 3,3% e as importações caíram 0,8% no trimestre terminado em maio, face ao período homólogo, tendo o défice da balança comercial aumentado 288,8 milhões de euros, divulgou, ontem, o INE. Já a taxa de cobertura recuou para 83,8%, revelou ainda o Instituto Nacional de Estatística. Considerando apenas o mês de maio de 2014, as exportações de bens diminuíram 3,6% e as importações de bens aumentaram 1,9% face ao mês homólogo (respetivamente -4,8% e -6,1% em abril de 2014). No período de fevereiro a abril de 2014 as exportações tinham caído 0,9% e as importações aumentado 0,1% em termos homólogos. Na sequência desta evolução, a taxa de cobertura das importações pelas exportações diminuiu de 2,1 pontos percentuais (p.p.) de março a maio face ao mesmo período do ano passado, situando-se nos 83,8%. De acordo com o INE, em maio passado as exportações diminuíram 3,6% relativamente ao mesmo mês de 2013, em resultado da evolução registada quer nos mercados intra quer extra União Europeia (UE), devido essencialmente aos combustíveis minerais. Já as importações aumentaram 1,9% face a maio de 2013, em reflexo do acréscimo registado no comércio intra-UE.

O principal índice da bolsa portuguesa encerrou a sessão de ontem a cair 4,18% para 6.105,24 pontos, com todas as cotadas a desvalorizarem, num dia marcado pela suspensão da negociação das ações do BES e do ESFG. Entre as 20 cotadas no PSI20, as perdas no fecho variaram entre os 1,32% da Jerónimo Martins e os 11,56% da Teixeira Duarte. Já os títulos do BES e do ESFG, cuja negociação foi suspensa, registaram quedas de 17,24% para 0,509 euros e de 8,85% para 1,185 euros, respetivamente. No resto da Europa, o dia também foi negativo, com as descidas a variarem entre os 0,68% de Londres e os 1,98% de Madrid. Os analistas atribuem à situação que se vive no grupo Espírito Santo a subida que se verifica nos juros da dívida soberana de Portugal no mercado secundário, assim como o mau desempenho dos mercados europeus. “Pode-se obviamente relacionar com a questão do Grupo Espírito Santo [GES], pela questão do risco sistémico que o mercado teme. Questionase até que ponto uma instituição financeira desta dimensão não pode ter repercussões na economia e afetar a qualidade do crédito do Estado”, afirmou o analista da Fincor Albino Oliveira. O especialista disse que a situação, em Portugal, do GES a juntar à situação, em Espanha, da empresa Gowex, que reconheceu a falsidade das contas dos últimos quatro anos, está a pressionar os juros da dívida de todos os países da periferia do euro. “Declínio dos mercados”

Também analistas internacionais falam da pressão que a situação do grupo de que o BES faz parte está a ter sobre os mercados da periferia, tanto de obrigações como de ações, assim como da forma como está a abalar a confiança dos investidores

na zona euro. “Portugal está claramente a alimentar o declínio nos mercados”, afirma Renaud Murail, manager do Barclays Bourse, citado pela AFP, que considerou que “os investidores estão a questionar a força do Banco Espírito Santo e o impacto que pode ter em todo o País”. “As preocupações sobre a saúde do Banco Espírito Santo têm prejudicado o sentimento do mercado, com as ações de bancos a perderem em toda a linha”, disse, por seu lado, Fawad Razaqzada, da Forex.com. Também para o analista Markus Huber, da corretora Peregrine e Falcon, “não há dúvida” de que as manchetes que o BES está a fazer contribuiem para a “queda forte nas ações portuguesas e de alguns outros países da periferia, como a Itália e Espanha”. Ainda assim, considerou, nada indica para já que os problemas encontrados na ESI contagiem todo o sistema bancário português. Juros da dívida também sobem

Preocupações. “Portugal está claramente a alimentar o declínio nos mercados”, afirma Renaud Murail, manager do Barclays Bourse

Imposto sobre os cigarros

Bruxelas decide levar Portugal a tribunal

A Comissão Europeia decidiu, ontem, apresentar queixa perante o Tribunal de Justiça da UE por Portugal não ter alterado as regras relativas ao imposto especial sobre o consumo ligadas à comercialização de cigarros. O executivo comunitário explica que é estabelecido, em Portugal, um prazo-limite para a venda de cigarros, associado ao selo

fiscal aposto na embalagem, o que tem levado as autoridades a obrigar regularmente à retirada do mercado de produtos de tabaco, em virtude de rever com frequência o imposto sobre os mesmos, impondo novos selos fiscais. Tal contraria a legislação da UE, que não prevê a limitação da distribuição dos produtos de tabaco por motivos fiscais. Segundo a Comissão, Portugal não ajustou a sua legislação mesmo depois de dois pareceres fundamentados, em junho de 2012 e em maio de 2013.

Sobre o efeito da situação no GES em específico nos juros da dívida de Portugal, Pedro Oliveira, operador de mercados do Banco Carregosa, diz que “há realmente uma coincidência”, já que “desde que os títulos do BES e da Portugal Telecom começaram a ser penalizados em bolsa que os juros da dívida têm tido subida significativa e aproximam-se agora dos 4% [no prazo a 10 anos]”. Para os analistas portugueses, para regressar alguma tranquilidade ao mercado será preciso que tanto o BES como o Espírito Santo Financial Group (maior acionista do banco, com 25%) venham prestar esclarecimentos públicos. Os receios em torno da solidez financeira do GES tornaram-se mais fortes depois de ter sido noticiado que a subsidiária Banque Privée Espírito Santo estava em incumprimento no reembolso a alguns clientes que tinham aplicações em dívida da Espírito Santo International (ESI). O Diário Económico noticiou que a ESI está a avaliar um pedido de insolvência, num cenário que - de acordo com o jornal - poderá avançar se a empresa não conseguir chegar a um acordo com os principais credores.


desporto

6 | O Norte Desportivo

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

Médio Óliver garante que está “muito feliz” desde que chegou ao FC Porto

“Surpresa muito boa” Espanhol diz que Lopetegui é muito exigente e que o técnico pede sempre para “tentar marcar golos”. O futebolista espanhol Óliver Torres admitiu, ontem, que “o FC Porto tem sido uma surpresa muito boa” e esclareceu que o seu compatriota Julen Lopetegui “é um grande treinador”. O médio dos portistas não consegue esconder a satisfação de representar os «dragões» e garantiu, numa sessão de entrevistas rápidas antes do treino matinal no Centro de Treinos do Olival, que está no local certo para aprender. “Desde que cheguei que tem sido uma surpresa muito boa. Só tenho palavras de agradecimento. Estou muito feliz”, afirmou o jogador, que explicou ainda: “os jogadores vivem de ensinamentos e a minha passagem por aqui vai servir para crescer. Estou aqui para aprender. Penso unicamente no presente”. Em relação ao treinador, Óliver, que já o conhece bem das camadas jovens da seleção espanhola, esclareceu que existem algumas diferenças desde essa altura. “é um grande treinador. Na seleção, era diferente. Os treinos eram para preparar os jogos, porque tínhamos pouco tempo. Aqui, temos de preparar toda a temporada. Penso que está a começar da melhor maneira possível e que a equipa vai jogar o melhor possível”, afirmou. Os métodos de Lopetegui, segundo Óliver, são exigentes e o que o técnico pede sempre é para “tentar marcar golos”. “O que eles nos

Ida ao TAS ainda é possível

FIFA rejeita recursos de Suarez e Uruguai

A FIFA rejeitou, ontem, os recursos da federação uruguaia e do avançado Luis Suarez, mantendo a suspensão de quatro meses ao jogador, por ter mordido um adversário italiano durante o Mundial2014. “O Comité de Apelo decidiu rejeitar os recursos, quer da federação do Uruguai, quer do jogador Luis Suarez (…), os quais já foram notificados”, referiu o organismo em comunicado. Segundo a FIFA, esta decisão não é definitiva para o avançado do Liverpool, da Inglaterra, tendo em conta que pode recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto.

FC Porto. “Desde que cheguei que tem sido uma surpresa muito boa. Só tenho palavras de agradecimento”, diz o médio incute é que a melhor maneira de defender é ter bola e atacar. Tentar marcar golos. Quando uma equipa nos dá espaço, gostamos de jogar rápido. O FC Porto vai apresentarse de várias maneiras este ano”, revelou ainda o jogador espanhol. Óliver está ciente da má época realizada pelo FC Porto no ano passado, mas admite que “o grupo vai trabalhar para

que o passado fique para trás”. Sobre o colombiano Quintero, que ainda durante a presença no Mundial teceu grandes elogios ao reforço espanhol do FC Porto, Óliver retribui os comentários e admitiu que a rivalidade ente ambos, na luta por um lugar na equipa, poderá ser uma mais-valia. “É um jogador maravilhoso. Além disso, a rivalidade será boa para o grupo.

A exigência será maior”, concluiu. Na sessão de trabalhos matinal do plantel do FC Porto, Kelvin foi ausência notada. O avançado brasileiro não participou nos trabalhos devido a um impedimento físico. A principal novidade foi a inclusão de Tiago Ferreira no grupo. O defesa-central da equipa B trabalhou com o plantel principal às ordens de Julen Lopetegui.

Greipel vence etapa e Nibali mantém amarela

Papa Francisco e Bento XVI «frente a frente»

Final do Mundial especial para Vaticano O porta-voz do Vaticano disse, ontem, que será “altamente improvável” que o Papa Francisco veja a final do Mundial2014 de futebol na companhia do Papa emérito Bento XVI. A final de domingo, apelidada já como “a final dos dois Papas”, opõe os países de ambos, Argentina (país de Jorge Bergoglio) e Alemanha (de Joseph Ratzinger). “O jogo é às 21h00 (20h00 em Lisboa) e o papa Francisco costuma deitar-se às 22h00 (21h00), ele pode querer ver a final, mas não tenho informações relativas a isso a três dias do jogo”, disse Federico

Mundial. Final vai opor a Argentina do Papa Francisco à Alemanha de Bento XVI, mas não devem ver o jogo juntos

Lombardi. Bento XVI, papa teólogo, intelectual e pianista nunca foi desportista. “Podemos excluir de maneira categórica que ele tenha vontade de ver o jogo”, afirmou à AFP uma fonte do Vaticano que pediu o anonimato. “Não é coisa dele, não é fã de futebol. Seria infligir-lhe uma penitência infinita obrigá-lo, aos 87 anos, a estar 90 minutos em frente a um ecrã de televisão para ver a final quando nem sequer viu um jogo completo na sua vida”, acrescentou a fonte. Já Francisco, antigo patriarca de Buenos Aires, é amante do futebol. Sócio do San Lorenzo

Rui Costa no pelotão

de Almagro, de Buenos Aires, continua a seguir a atualidade do clube e a pagar as quotas. Durante o seu papado, já foram várias as ocasiões em que se pronunciou sobre futebol. Ainda assim, consciente das paixões que o futebol desperta, escusou-se a comentar sobre o Campeonato do Mundo, e não fez prognósticos. Algo menos habitual foi o facto de o jornal L’Osservatore Romano, do Vaticano, ter prognosticado a 2 de julho que uma final Argentina-Alemanha iria juntar “dois adeptos de exceção como o papa Francisco e Bento XVI”.

André Greipel (Lotto-Belisol) venceu, ontem, a sexta etapa da Volta a França em bicicleta, dando o quarto triunfo à Alemanha, e o italiano Vincenzo Nibali (Astana) manteve a camisola amarela. Num dia em que as quedas voltaram a suceder-se e que a chuva não largou o pelotão, na quase totalidade dos 194 quilómetros entre Arras e Reims, o campeão nacional alemão bateu ao «sprint» Alexander Kristoff e Samuel Dumoulin. O camisola amarela chegou integrado no pelotão, tal como os portugueses Rui Costa (Lampre-Merida) e Tiago Machado (NetAppEndura).


Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7


1868

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O PRIMEIRO DE JANEIRO, está on line e sempre atualizado em: www.oprimeirodejaneiro.pt

GATO ESCONDIDO COM O RABO DE FORA O Movimento Olímpico (MO), para além do Olimpismo, é um fenómeno humano cujas conexões desencadeadas no universo das relações sociais e societais, quer se queira quer não, são caracterizadas por um contexto político que decorre do percurso e das circunstâncias da história moderna. Por isso, quando hoje alguns dirigentes de má consciência, a fim de salvarem a face, resolvem Gustavo Pires* proferir uns discursos sofistas contra a ideologia do pensamento neoliberal chorando lágrimas de crocodilo porque, dizem eles, a dita ideologia diz que “só quem vence é merecedor de agenda política”, estamos perante um das maiores mistificações da história do desporto moderno. O Olimpismo é uma das filosofia de vida que mais se aproxima de uma dimensão filosófica do liberalismo e um dos instrumentos mais eficazes da ideologia neoliberal pelo que não vale a pena aos dirigentes do MO, carentes de cultura desportiva ou saudosistas de um passado maoista, entrarem num complexo de culpa desde logo porque uma coisa é o liberalismo ou neoliberalismo e outra, completamente diferente, o exercício selvagem, desumano e desonesto da economia e da política. Por isso, o dizer que “só é merecedor de agenda política quem vence” pode ser a consequência do seu espírito mesquinho como que a justificar pecados próprios mas, na linha de pensamento de Friedrich Hayek a John Rawls não é certamente a consequência de um pensamento democrático, neoliberal e desenvolvimentista. Assim sendo, o problema não está no liberalismo, está nos dirigentes que quando dizem ser necessário combater o neoliberalismo porque é perigoso, na prática, bem vistas as coisas, desenvolvem políticas que atentam contra os mais sagrados valores do Olimpismo que deve promover uma competição justa, nobre e leal tendo em vista o desenvolvimento humano. Eles, no fundo, confundem liberalismo ou neoliberalismo com um certo exercício selvagem da política em que os meios justificam os fins. Quer dizer que o mal não está no neoliberalismo, o mal está neles que papagueiam um chavão para justificarem o injustificável. Quer dizer, o que está a acontecer é que, em proveito próprio e à falha de argumentos, tornou-se moda apelidar de neoliberal a todas as malandrices que em nome da política se praticam. Assim, é necessário que se tome consciência de que se as políticas desenvolvidas pelos governos vão no sentido de privilegiarem a lógica de que “só quem vence é merecedor de agenda” é porque os Comités Olímpicos Nacionais (CONs), enquanto entidades independentes e livres de qualquer tutela governamental, comungam ativamente de tal prática política. Não se pode é admitir em silêncio que, para além das lágrimas de crocodilo que possam ser vertidas por alguns dirigentes desportivos, na maior das hipocrisias, eles proclamem discursos prenhes de humanismo e de pedagogia quando é público e notório que são coniventes com políticas economicistas e chauvinistas do tipo “só vale quem vence” que erradamente dizem ser neoliberais. É neste sentido que vemos a institucionalização de bolsas aos atletas; a atribuição contra o espírito olímpico de chorudos prémios pecuniários aos vencedores dos Jogos Olímpicos em prejuízo dos prémios a atribuir aos campeões do mundo; a nomeação de pessoas com justificações que raiam o pior dos economicismos; a distribuição por diversos cargos associativos de dirigentes que mais não são do que autênticos comissários políticos convencidos que têm o dom da ubiquidade; o exercício do poder anos a fio de autênticos dinossauros ao ponto de, no mais primário desprezo pelos valores olímpicos, destruírem organizações e projetos de desenvolvimento; a assunção de projetos perfeitamente idiotas à margem dos mais elementares direitos humanos e princípios de ordem democrática. Nos tempos que correm o MO, pelo exemplo dos seus dirigentes, deve representar uma visão democrática, social e liberal da sociedade em que vivemos. Porque, quando dirigentes desportivos, a fim se salvaguardarem incapacidades, ignorâncias e incompetências, demagogicamente, decidem zurzir sem mais nem menos no neoliberalismo estão não só a passar um atestado de incompetência a si próprios como também a ficarem expostos tal qual gato escondido com o rabo de fora.

Nuno Crato e a remoção de amianto das escolas

“Esperamos resolver parte dos problemas” O ministro da Educação disse estar confiante em concluir até setembro a remoção de amianto nas escolas em maior risco, devendo a lista dos estabelecimentos com aquele material na construção ser tornada pública até ao final do mês. “Esperamos este verão conseguir resolver grande parte dos problemas, senão a totalidade”, começou por afirmar Nuno Crato, à margem de uma cimeira internacional sobre reformas na educação, em Londres. O mesmo governante disse ainda que continua a ser feita uma avaliação sobre a existência de amianto nas escolas e que nos “casos clarificados” o Governo já está a proceder à remoção, chamando a atenção para a existência de diferentes graus de gravidade. “Uma coisa é ter amianto, outra coisa é ter amianto em estado de degradação que seja perigoso para a saúde. O amianto

existe em muitos edifícios públicos, encapsulado e protegido, sem qualquer problema para a saúde. O que nos preocupa são as coberturas em degradação, em que o cimento se esfarela e pode libertar pó ou fibras de amianto”, vincou. Embora sem precisar uma data, Nuno Crato garantiu que a lista das escolas com amianto na construção “será tornada pública”, aludindo ao compromisso, assumido pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, de divulgar uma listagem com todos os imóveis referenciados como passíveis de conter amianto até ao final de julho. Uma diretiva da União Europeia de 2005 proibiu o uso do amianto por este ser “altamente tóxico e que pode provocar cancro pulmonar, quando inalado continuamente” e a Lei n.º 2/2011 atribuiu ao Governo a responsabilidade de “efetuar o

levantamento de edifícios, instalações e equipamentos públicos com amianto, e posteriormente elaborar uma listagem com essa informação, bem como calendarizar a monitorização das ações corretivas, estabelecer as regras de segurança, e a obrigatoriedade”. Essa tarefa tinha um prazo que terminou a 14 de fevereiro de 2012, tendo levado a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) a iniciar um processo judicial para forçar o Ministério da Educação a divulgar a lista em elaboração das escolas que contêm amianto na construção. No início do mês, o Ministério da Educação anunciou que realizou intervenções em 147 escolas no último ano, algumas de forma parcial, e que tenciona avançar com obras em mais 150 estabelecimentos no verão, no sentido de substituir materiais degradados que contêm amianto.

ACAP considera “positiva a retoma” do incentivo

Abate de veículos em fim de vida A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) considera “positiva” a retoma do incentivo ao abate dos veículos em fim de vida, proposta na reforma da fiscalidade verde, afirmando que vai retirar de “circulação milhares de veículos” velhos. Esta é uma das medidas previstas no anteprojeto que a Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde entregou ao Governo e que apresenta também várias propostas de promoção de veículos elétricos. Hélder Pedro, secretário-geral

da ACAP, disse ver “como positivo” o trabalho da comissão, salientando estas medidas como as mais benéficas para o ambiente e para a segurança rodoviária. O mesmo dirigente lembrou que a ACAP apresentou há um ano, na Assembleia da República, uma petição a pedir a reintrodução do incentivo ao abate, mas “o Governo não aceitou introduzir a proposta no Orçamento do Estado para 2014”. Nesse sentido, congratulou-se com o facto de a comissão ter incluído esta propos-

ta na reforma da fiscalidade verde, sendo um forma de renovar o parque automóvel que, devido “à crise grande que o setor sofreu em 2009 e em 2012”, envelheceu. A crise levou a que ”a idade média dos ligeiros de passageiros já esteja em 12 anos”, quando é considerado pelos europeus que acima dos 10 anos já põe em causa aspetos de segurança e ambientais, advertiu. A associação tem indicação que os veículos em fim de vida têm já 18 e 19 anos.

Parque da Cidade no Porto recebe 4.ª edição do festival

Primavera Sound regressa em 2015 Está confirmado o regresso do festival Primavera Sound ao Parque da Cidade, no Porto, entre os dias 04 e 06 de junho de 2015. Em comunicado, a organização do festival refere que a 4.ª edição do festival no Porto receberá “alguns dos nomes mais conceituados, bem como bandas emergentes do panorama nacional e internacional”. Na segunda-feira ficarão disponíveis mil passes gerais para a próxima edição do Primavera Sound a 70 euros. Simultaneamente, os portadores do cartão de passe ge-

ral da edição deste ano poderão adquirir a entrada para a próxima edição do festival ao preço de 65 euros. No mesmo dia serão ainda colocados à venda 200 bilhetes VIP para o evento, pelo preço de 130 euros. A edição deste ano do festival contou com a presença de cerca de 70 mil espetadores no Parque da Cidade durante os três dias de concertos. No último dia do evento, os promotores do festival afirmaram, em comunicado, que a próxima edição era “o passo natural”, con-

siderando “profícua e bem-sucedida” a ligação com a Câmara do Porto e o principal patrocinador, a operadora de telecomunicações NOS. Este ano, pessoas de mais de 40 nacionalidades diferentes passaram pelos relvados à beira-mar, onde se realizaram os espetáculos. Pela terceira edição do Primavera Sound do Porto passaram, entre outros, os norte-americanos ‘The National’, o brasileiro Caetano Veloso, o norte-americano Kendrick Lamar e Pixies.


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