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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

DIÁRIO NACIONAL

Ano CXLVI | N.º 164

Terça-feira, 15 de julho de 2014

JERÓNIMO DE SOUSA INSISTE NUM ESCLARECIMENTO CABAL

ACALMAR OS PORTUGUESES n O secretário-geral do PCP defende que a mudança de administração do Banco Espírito Santo (BES) não afasta a necessidade de um “esclarecimento cabal” sobre o seu atual momento. “Nada pode impedir o esclarecimento cabal da situação, particularmente das instituições que têm responsabilidade na supervisão deste processo”, declarou Jerónimo de Sousa, acrescentando: “Os portugueses precisam de saber o que se passa, o que se passou realmente, para poderem descansar em correspondência com esses apelos que as instituições têm feito”...

VALONGO

PCP critica fecho da urgência básica do hospital

SAÚDE

Paulo Macedo reconhece existência de “casos sociais difíceis” nos hospitais

TUBERCULOSE

DGS admite que vacina da BCG “pode ser temporariamente interrompida”


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Terça-feira, 15 de Julho de 2014

PCP/Valongo critica fecho da urgência básica

Paços de Ferreira

“Lógica economicista e privatizadora” A Concelhia do PCP/Valongo criticou a decisão de fechar a urgência básica do hospital deste município, agendada para hoje, associando a medida a uma “lógica economicista e privatizadora”. “Objetivamente, o encerramento do serviço de urgências do hospital de Valongo, a concretizar-se, corresponderá a mais uma medida contra o Serviço Nacional de Saúde (SNS), numa lógica economicista e privatizadora, que se soma a muitas outras que têm vindo a ser tomadas pelo atual Governo”, pode ler-se num comunicado do PCP. Esta reação surge na sequência do anúncio, na passada sexta-feira, de que a urgência básica do hospital de Valongo vai encerrar hoje as portas. A decisão conheceu-se durante um protesto à entrada desta unidade, convocado pela Comissão de Utentes do mesmo hospital, quando

VALONGO. “O encerramento do serviço de urgências do hospital corresponde a mais uma medida contra o Serviço Nacional de Saúde”, defende o PCP o presidente da câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, contou ter recebido nessa manhã uma carta do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) dando nota de uma reestruturação de serviços. A unidade de saúde de Valongo, conhecida por Hospital Nossa Senhora da Conceição, integra o CHSJ, com sede no Porto. “Sem deixar de notar a responsabilidade técnica que cabe à ad-

ministração do Centro Hospitalar neste processo, o PCP considera que a responsabilidade política desta decisão é totalmente do Governo PSD/CDS, que, com a concordância do PS, procura encontrar desta forma um álibi para a concretização desta decisão lesiva dos interesses dos utentes dos concelhos de Valongo, Paredes e Gondomar”, refere ainda o documento do PCP. Além do alerta feito pelo presi-

dente da Câmara de Valongo, também funcionários daquele hospital contaram terem recebido uma visita de responsáveis do CHSJ, a darem nota da data oficial do encerramento da urgência. A carta remetida à autarquia de Valongo refere que, além da abertura de várias valências, a reorganização de serviços neste hospital inclui a “implantação de viatura de Serviço Imediato de Vida (SIV)”. Na nota remetida às redações, com o título “Fecho das Urgências do Hospital de Valongo: Governo ‘esconde-se’ atrás de alegada opção de gestão da Administração do Centro Hospitalar S. João”, o PCP critica a “substituição do atual serviço de urgência por uma ambulância de piquete”, considerando que esta decisão “não é mais do atirar poeira para os olhos dos utentes do hospital” deste concelho nortenho. O PCP critica, também, o facto da carta do CHSJ referir que este plano pretende eliminar “redundâncias inúteis e prejudiciais do ponto de vista técnico e assistencial, visando melhorar a oferta de cuidados de saúde”. “Para o PCP, os serviços públicos de saúde de proximidade não são uma redundância. O facto é que com este encerramento, na área geográfica dos concelhos afetados, apenas passarão a estar abertas 24 horas unidades de saúde privadas”, critica a concelhia comunista.

Manuel Lemos (UMP) destaca oferta da Fundação Montepio

Carrinhas têm uma “importância decisiva” O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) destacou a “importância decisiva” das 21 carrinhas oferecidas pela Fundação Montepio a instituições de solidariedade, cujos fundos têm servido para “coisas tão simples como dar de comer, lavar, vestir”. “Estas carrinhas têm uma importância decisiva. Nos últimos anos, todos os nossos recursos têm sido gastos para apoiar os nossos utentes no dia-a-dia: para dar-lhes de comer, lavá-los, cuidá-los. Este tipo de investimento tem ficado muito descurado”, começou por explicar Manuel Lemos, da UMP, à margem da cerimónia de entrega das chaves das viaturas. Elogiando a aposta feita em colaboração “com quem sabe fazer”, o presidente da UMP esclareceu que o parque automóvel das instituições de solidariedade está “tão degradado” que

os veículos são uma “dádiva do céu” e uma “prova da solidariedade entre o mundo da economia social”. “Temos de agradecer à rede Montepio por ter sabido, como ninguém na banca, assumir uma responsabilidade social colaborando com quem sabe fazer e não se pondo a fazer. Isso é que é difícil mas isso é que é grande e tem dimensão”, frisou Manuel Lemos. O responsável falava depois de, simbolicamente, terem sido entregues a 21 instituições de todo o país as chaves de outras tantas carrinhas compradas com os 366 mil euros que, em 2013, a Fundação Montepio recebeu “através do Ministério das Finanças”, descreveu o presidente do grupo, António Tomás Correia. O montante diz respeito “aos valores atribuídos, em 2011 no âmbito da Lei da Liberdade Religiosa”, através do

IRS dos contribuintes à Fundação. No evento esteve também presente Marco António Costa, atual coordenador da Comissão Política Nacional e porta-voz do PSD, que enquanto foi secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social nunca teve oportunidade de participar na entrega das viaturas da Fundação Montepio. “Sou um soldado desta causa da economia social”, declarou o social-democrata durante a cerimónia, destacando o setor como aquele que conseguiu “unanimidade parlamentar” na aprovação de uma lei de bases. Marco António Costa apontou a Fundação Montepio como “um exemplo de saber gerir o que os portugueses devolvem através de um ato fiscal” e também de “prestação de contas”. “Este é um setor que emprega o dobro de pessoas que o setor financeiro

e segurador”, destacou o social-democrata. Para Marco António Costa, este e outros exemplos são mostra de que o país tem “uma sociedade extraordinária que só pode ter confiança no seu futuro”. A iniciativa “Frota Solidária”, do Montepio, começou em 2008, período desde o qual “recebeu através da consignação fiscal três milhões de euros, devolvendo-os à sociedade civil” através da entrega de 124 viaturas a outras tantas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Esta foi a sétima edição do projeto da Fundação Montepio, à qual concorreram 434 instituições. Guarda, Sines, Beja, Açores e Madeira foram apenas alguns dos destinos para as viaturas agora entregues a associações de apoio a idosos, crianças, sem abrigo ou cidadãos portadores de deficiência.

Dois guardas prisionais condenados

Dois guardas prisionais foram condenados pelo tribunal de Paços de Ferreira a oito meses de prisão, suspensos por um ano, por terem efetuado disparos de arma ‘taser’ na cadeia daquela cidade, atingindo um recluso. De acordo com informação disponibilizada na página da Internet da Procuradoria-Geral Distrital do Porto, os dois arguidos integravam o Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP), tendo sido condenado por crime de coação. O tribunal deu como provado que, no decurso da intervenção, no dia 16 de setembro de 2010, “apesar de o recluso ter obedecido às ordens que lhe foram dadas de se pôr de pé, de se virar de costas para a porta da cela e de olhar para a janela, os arguidos efetuaram disparos da arma ‘taser’ contra o corpo do mesmo”. No acórdão, concluiu-se que os arguidos, “integrando uma equipa do GISP, liderada por um deles, se deslocaram ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, com o fim de ordenar a um recluso que limpasse a sua cela, que vinha conspurcando com fezes, urina e comida estragada”. O tribunal considerou os disparos uma conduta “censurável” por “não se mostrar consentânea com a obrigação de limpeza da cela, que podia ser obtida por outros meios”.

PSD/Porto menos preocupado

“Compromissos assumidos pelo Governo”

O líder da distrital do PSD do Porto, Virgílio Macedo, afirmou estar menos preocupado mas igualmente atento em relação às questões de mobilidade na Área Metropolitana do Porto (AMP), designadamente a concessão da Metro do Porto. “A minha diminuição da preocupação tem a ver com os compromissos assumidos pelo Governo”, afirmou o deputado social-democrata eleito pelo Porto aos jornalistas, no final de uma reunião com o Conselho Metropolitano do Porto (CmP). Na semana passada, depois de se reunir com a administração da Metro do Porto, Virgílio Macedo apelou ao Governo para que lance “o mais depressa possível” o concurso internacional para a sua concessão por forma a “salvaguardar o interesse dos contribuintes”. Em causa está um diferendo que opõe a transportadora e a empresa responsável pela operação do metro relativamente à interpretação dos incentivos do atual contrato de subconcessão, que faz com que a Prometro deva mais de 20 milhões de euros à Metro do Porto.


regiões

Terça-feira, 15 de Julho de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

ISN recorda que não se deve arriscar nos espaços aquáticos de água doce

“Há perigos escondidos” Hoje e amanhã

Oito distritos colocados em alerta amarelo

Oito distritos do continente vão estar sob aviso amarelo, o terceiro mais grave de uma escala de quatro, hoje e amanhã, devido à previsão de tempo quente. De acordo com o IPMA, os distritos de Bragança, Évora, Guarda, Vila Real, Setúbal, Beja, Castelo Branco e Portalegre vão estar sob aviso amarelo entre as 10h00 de hoje e as 22h00 de amanhã devido à previsão de persistência de valores elevados das temperaturas máximas. O aviso amarelo implica uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

Crime em Alvaiázere

24 anos de prisão por crime passional

O Tribunal Judicial de Alvaiázere condenou, ontem, a 24 anos de prisão um homem de 63 anos que, em setembro de 2013, matou a ex-companheira e o homem com quem esta passou a viver. O coletivo de juízes condenou Eduardo Fernandes a 18 anos de prisão pela morte da ex-mulher e a 16 anos e meio pelo homicídio do homem, resultando na pena única de 24 anos de prisão, período durante o qual o arguido está interditado de usar ou possuir armas. O homem foi ainda condenado a pagar cerca de 85 mil euros aos familiares da ex-companheira.

“Este ano já temos três casos a lamentar”, disse o comandante Nuno Leitão, pedido cuidados redobrados a todos os banhistas. O porta-voz do Instituto de Socorro a Náufragos alertou, ontem, para os perigos e os cuidados a ter quando se utilizam as zonas fluviais durante a época balnear e lamentou as três mortes registadas no fim de semana. “Infelizmente temos a registar três mortes em zonas fluviais. (…). Estas áreas são mais perigosas. Não são praias fluviais, são zonas costeiras fluviais. Por isso, aconselhamos as pessoas a fazer prática balnear onde haja vigilância, caso contrário os cuidados têm de ser redobrados”, disse Nuno Leitão, responsável do ISN. No domingo, dois homens, de 23 e 34 anos, foram encontrados mortos na albufeira da barragem da Courela da Ponte Velha, próximo de Lavre, no concelho de Montemor-o-Novo, e um jovem, de 18 anos, perdeu a vida quando tomava banho na foz do rio Sousa, em Gondomar, distrito do Porto. O porta-voz do ISN lamentou o sucedido, adiantando que em julho do ano passado foram registados três casos mortais em áreas de jurisdição marítima (no rio Douro). “O ISN não tem dados relativos ao ano passado

Alerta. “Aconselhamos as pessoas a fazer prática balnear onde haja vigilância”, disse o comandante Nuno Leitão

em zonas fluviais fora dos espaços de jurisdição marítima. Este ano já temos três casos a lamentar”, disse. Na opinião do comandante Nuno Leitão, as pessoas não devem arriscar nos espaços aquáticos de água doce, pois “são mais perigosos” do que o mar. “Nestes espaços, as pessoas têm mais dificuldades em nadar. Há perigos que estão escondidos nestas zonas fluviais como pântanos, obstáculos submersos que podem dificultar a tranquilidade que os banhistas devem ter e as corren-

tes associadas aos rios”, salientou. O comandante Nuno Leitão recordou que o inverno passado foi mais rigoroso e, por isso, podem existir mais fundões junto da linha da margem das praias fluviais e que podem causar “acidentes graves”. O responsável explicou que a Autoridade Marítima através do ISN recolhe a nível nacional todos os incidentes que ocorrem nos espaços de jurisdição marítima através das capitanias dos portos. “Damos conta de tudo aquilo que é

de jurisdição marítima como a Costa Atlântica, o rio Minho, rio Douro, rio Tejo até Vila Franca de Xira, o Guadiana até Mértola e rio Sado até à porta de Pera. Todos os incidentes nestas áreas são relatados para o ISN”, explicou. Um balanço divulgado no início do mês pela Marinha Portuguesa dava conta da morte de uma pessoa nas praias portuguesas entre 1 de maio e 30 de junho, quando no período homólogo de 2013 foram registadas quatro vítimas mortais.

Governo anuncia retoma de serviço aéreo

Viseu com voos regulares no início de 2015 O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, disse, ontem, que a nova rota de voos regulares que ligará Viseu a Lisboa e a Faro deverá começar a operar no início do próximo ano. “Esta é a retoma de um serviço que já não existia há alguns anos e que já nem os agentes locais esperavam que pudesse ser retomado. Faço votos para que no início do próximo ano possamos ter os voos regulares já a operar em Viseu”, alegou. Durante a cerimónia de inauguração das obras de requalificação do Aeródromo Municipal de Viseu, o governante realçou que a inclu-

Viseu. Nova rota de voos regulares para Lisboa e a Faro deve começar a operar no início do próximo ano

são de Viseu e Portimão na rota que anteriormente servia apenas Vila Real, Bragança e Lisboa, não traz despesas acrescidas. “Temos a certeza que a inclusão de Viseu nesta rota não só é compatível orçamentalmente com a realidade do país, mas também com as regras comunitárias”, acrescentou. Na sua intervenção, Sérgio Monteiro defendeu que esta é uma medida que contribui para a coesão social e do território, para o desenvolvimento de infraestruturas que são de primordial importância para a região e para o fomento da atividade económica. “É muito

importante que, na medida do possível, os governos centrais não se esqueçam do interior na hora de tomar decisões”, sustentou. O secretário de Estado dos Transportes aproveitou ainda para destacar a importância da radicação do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) no Aeródromo Municipal de Viseu. “A partir de agora, salvam-se vidas futuras em Viseu, porque aqui se trata, do ponto de vista adequado e científico, dos acidentes que acontecem, prevenindo outros acidentes que certamente não acontecerão”, referiu.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Terça-feira, 15 de Julho de 2014

Jerónimo de Sousa e a nova administração do BES

ESFG reduz participação no BES

“Manter a posição de 25% no banco”

“Nada pode impedir esclarecimento cabal”

O Espírito Santo Financial Group (ESFG) anunciou ontem que reduziu a participação que detém no BES, após a venda de 4,99% das ações detidas no banco, para 20,1% do capital. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o ESFG explica que a venda de 4,99% das ações do BES foi feita “para conseguir fundos e permitir ao ESFG satisfazer as suas obrigações de reembolso sob um ‘margin loan’ [empréstimo para a compra de ações] que permitiu manter a posição de 25% no banco”. “Os fundos da venda, juntamente com certos outros colaterais detidos pelo banco, resultará no pagamento total e final do ‘margin loan’ e extingue todas as obrigações no seu âmbito”, acrescenta o ESFG. Quanto aos cerca de 20% que o ESFG detém no BES, estes terão de ser mantidos, segundo o mesmo comunicado, devido uma emissão de títulos permutáveis de novembro de 2013.

O secretário-geral do PCP defende que a mudança de administração do Banco Espírito Santo (BES) não afasta a necessidade de um “esclarecimento cabal” sobre a situação deste banco. “Nada pode impedir o esclarecimento cabal da situação, particularmente das instituições que têm responsabilidade na supervisão deste processo”, declarou Jerónimo de Sousa, em resposta aos jornalistas, na sede nacional do PCP, em Lisboa. “Esse esclarecimento é incontornável”, reforçou. Segundo o secretário-geral do PCP, a nomeação de uma nova administração para o BES “é uma indicação, mas não clarifica como é que se chegou aqui” e se “há ou não problemas”. Jerónimo de Sousa – que falava final de um encontro com a bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga – referiu que o PCP apresentou na Assembleia da República “um requerimento no sentido de que o Banco de Portugal esclareça com rigor e com verdade” a situação do BES. “Continuamos a bater-nos por esse esclarecimento, independentemente de medidas

Dirigentes sindicais da função pública em novo protesto

JERÓNIMO DE SOUSA. O líder do PCP volta a insistir nas explicações sobre a situação no BES, apesar da entrada dos novos administradores em curso”, afirmou. “Nós também não defendemos o alarmismo, mas, sem essa aclaração, sem esse conhecimento da verdade, naturalmente os portugueses sentir-se-ão profundamente preocupados com possíveis desfechos que hoje ninguém quer assumir”, considerou. No seu entender, “os portugueses precisam de saber o que se passa, o que se passou realmente, para poderem descansar em correspon-

dência com esses apelos que as instituições têm feito”. O secretário-geral do PCP argumentou que não está em causa “um problema de uma família”, mas “um problema do próprio sistema financeiro” e que “os portugueses já pagaram duramente os desmandos da banca para que a história se repita”. O Banco Espírito Santo (BES) comunicou ontem ao mercado a cooptação de Vítor Bento, José

Honório e João Moreira Rato para os cargos de presidente, vice-presidente da comissão. De acordo com a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), as nomeações visam substituir “Ricardo Espírito Santo Salgado, José Manuel Pinheiro Espírito Santo e José Maria Espírito Santo Ricciardi, também membros da comissão executiva, que haviam renunciado ao mandato”.

Aguiar-Branco tranquilo quanto à situação no BES

“Não há um risco especial” O ministro da Defesa considera que a entrada em funções da nova gestão do BES é mais um sinal de que a instituição bancária não representa um risco em especial para os depositantes. Questionado sobre a decisão da nova administração do BES ter antecipado a entrada em funções em duas semanas, AguiarBranco considerou que a opção “vai ao encontro” da ideia que “tem sido transmitida” pelo Banco de Portugal e pelo Governo de que “não há um risco” em especial. “Creio que essas decisões vão ao encontro dessa afirmação que foi feita pelo Banco de Portugal e pelo

primeiro-ministro e que eu corroboro, que é passar a mensagem que em termos da instituição bancária BES não há um risco com essa instituição bancária em especial”, disse Aguiar-Branco, que reiterou a ideia de “os sinais que têm sido transmitidos pelo Banco de Portugal” e que “o primeiro-ministro já transmitiu, é que pode haver confiança dos depositantes e que não há necessidade de um alarme especial quanto à instituição BES”, afirmou. O ministro falava aos jornalistas à margem de uma visita à Farnbourough Airshow, nos arredores de Londres, onde contactou com

os responsáveis de empresas portuguesas do setor da aeronáutica e também com a administração da Airbus. Aguiar-Branco chegou à feira de Farnbourough pouco antes do meio-dia, duas horas após o que estava previsto no programa, devido ao atraso do voo, que aguardou em Lisboa melhores condições climatérias para aterrar no Porto, onde o governante integrou a comitiva. Entretanto, e um pouco em sentido contrário, a agência de rating “Moody’s” considera que os problemas que estão a afetar o BES abalam os progressos que se estavam a

fazer na melhoria da confiança no setor bancário e a capacidade dos outros bancos se financiarem. Em comunicado ontem divulgado, a empresa de notação financeira desvaloriza o impacto da situação do Grupo Espírito Santo na nota soberana de Portugal, mas diz que, apesar de a situação ser específica do BES, põe em causa a melhoria crescente que se sentia na “confiança no sector bancário em Portugal”, assim como na capacidade dos outros bancos portugueses se financiarem, pelo menos enquanto esta questão agitar os mercados.

“O povo não quer fascistas no poder”

Cerca de quatro dezenas de dirigentes e ativistas sindicais da função pública manifestaram-se ontem junto à Torre do Tombo, à entrada do secretário de Estado da Administração Pública, para protestar contra as medidas de austeridade impostas no setor. “O povo não quer fascistas no poder” e “Está na hora, está na hora, de o Governo ir embora” foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, de sindicatos afetos à CGTP, que chamaram a atenção das pessoas que entravam para assistir a um colóquio promovido pelas Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (INA) e pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), em Lisboa. O secretário de Estado da Administração Pública, Leite Martins, abriu a sessão de apresentação da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, que entra em vigor a 01 de agosto e tem suscitado o protesto dos funcionários públicos.


Terça-feira, 15 de Julho de 2014

economia

O Primeiro de Janeiro |

Cavaco elogia ex-ministro das Finanças Jacinto Nunes, falecido aos 88 anos

“Invulgar sentido ético de serviço público” Assunção Cristas convida homólogos europeus

«Semana Azul»

A ministra do Mar, Assunção Cristas, indicou em Bruxelas que já convidou os homólogos da UE para a «Semana Azul», evento sobre temáticas do oceano a ter lugar em junho de 2015, e que considera de extrema importância para Portugal. Falando aos jornalistas à margem de uma reunião de um Conselho da União Europeia (UE), a ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território apontou que Portugal solicitou mesmo que fosse introduzido na agenda da reunião ministerial de ontem um ponto sobre o evento, pois é importante “sensibilizar” os parceiros europeus para um evento que Portugal tem “todo o interesse” em colocar na agenda internacional. “Enviei já cartas aos ministros de todo o mundo, e também aos meus homólogos europeus, para que possamos ter uma boa reunião de ministros sobre temáticas do oceano, em matérias muito importantes a nível europeu e a nível internacional, que nós temos todo o interesse, enquanto país marítimo, em colocar na agenda internacional, e ter alguma liderança nesta matéria”, disse. Cristas acredita que a celebração da reunião de alto nível dentro de sensivelmente um ano “vai colocar Portugal, a nível mundial, a nível internacional, como um País de liderança em matéria do mar”.

Ex-ministro das Finanças e antigo dirigente do Banco de Portugal Manuel Jacinto Nunes morreu ontem, em Lisboa, aos 88 anos. O economista Jacinto Nunes, que morreu ontem aos 88 anos vítima de doença prolongada, esteve no Governo antes e depois do 25 de Abril, liderou o Banco de Portugal (BdP) em dois períodos distintos e presidiu à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Natural de Lisboa, onde nasceu em 1926, fez todo o percurso académico e docente no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (atual Instituto Superior de Economia e Gestão), representou Portugal nas negociações do Plano Marshall e na adesão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1960. Em entrevista no âmbito dos 40 anos do 25 de Abril, Manuel Jacinto Nunes reconheceu que o “País é outro” e que o desenvolvimento foi “enorme”, mas lamentou “uma tragédia de asneiras” que se fossem evitadas teriam impedido que se chegasse à atual situação económica e social. “O País é outro País e o desenvolvimento foi enorme, isto no meio de uma tragédia de asneiras que se fizeram e que se fossem evitadas não chegávamos à situação a que chegámos”, afirmou. Percurso brilhante desde cedo

Jacinto Nunes, que foi subsecretário de Estado do Tesouro entre 1955-1959 e vice-primeiro-ministro para os Assuntos Económicos e Integração Europeia e ministro das Finanças e do Plano entre 1978 e 1979, no governo de iniciativa presidencial liderado por Mota Pinto, defendeu que os problemas começaram logo após a revolução, com “uma subida de salários brutal”, uma inflação superior a 20% e depois em 1975 com as nacionalizações. Depois da licenciatura, iniciou carreira como técnico do Ministério da Economia, tendo nessa altura, com apenas 24 anos, ocupado a primeira linha da representação portuguesa nas negociações para o Plano

Marshall. Em 1957, ano em que se doutorou em Economia com 19 valores, era subsecretário do Tesouro, tendo redigido a lei bancária, que lhe abriria as portas do BdP, onde chegou como vice-governador. Em 1961, Jacinto Nunes partiu para Nova Iorque com a missão de negociar o primeiro empréstimo externo com o FMI, na sequência de “uma grande fuga de capitais” com o início da guerra em Angola. Em julho de 1974, Silva Lopes, quando se tornou ministro das Finanças, nomeou-o governador. Demitiu-se, em 1975, na sequência de nomeações do Governo que não lhe agradavam. Em 1978, regressou ao Governo, como ministro das Finanças, a convite de Ramalho Eanes, e, dois anos depois, ao BdP a convite do seu sucessor nas Finanças, Cavaco Silva, com quem já tinha trabalhado quando este era diretor do gabinete de estudos do BdP. “Invulgar sentido ético”

Óbito. Cavaco Silva lembrou Jacinto Nunes “como um dos mais notáveis economistas portugueses do século XX

Em linha com Europa

Bolsa de Lisboa ganha 0,63% e BES cai mais de 7%

O PSI20, principal índice da bolsa portuguesa, encerrou, ontem, a sessão a ganhar 0,63% para 6.181.73 pontos, com o BES a cair mais de 7% no dia em que Vítor Bento assumiu a liderança do banco. Dos 20 títulos que compõem o índice, 14 encerraram em alta, um fechou inalterado (Espírito Santo Financial Group) e cinco em baixa. A

bolsa de Lisboa, que fechou em terreno positivo em linha com a Europa, foi suportada pelo BPI, que liderou os ganhos, e pelo setor das telecomunicações (NOS e PT). Já os títulos do BES continuaram a cair, recuando 7,48% para 0,445 euros, no dia em que o banco comunicou ao mercado a cooptação de Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato para os cargos de presidente, vice-presidente da comissão executiva e administrador financeiro da instituição, respetivamente.

O Presidente da República lembrou o “invulgar sentido ético de serviço público” de Manuel Jacinto Nunes, numa mensagem de condolências. “Dotado de um invulgar sentido ético de serviço público, desempenhou altas funções no Estado, destacando-se sempre pela sua inteira dedicação a Portugal, designadamente enquanto vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças do IV Governo Constitucional, enquanto Governador do Banco de Portugal e como presidente da Caixa Geral de Depósitos”, dia a mensagem enviada por Cavaco Silva à família de Jacinto Nunes, que foi divulgada no site da Presidência da República. “Nunca almejou cargos e honrarias, não ambicionou a fama ou protagonismo. Serviu Portugal com discrição e lucidez, com o olhar sereno de quem observa a realidade a partir de um ponto de vista mais elevado, porque mais sabedor e mais independente”, afirmou Cavaco Silva. O Chefe de Estado lembrou Jacinto Nunes como “académico de exceção, mestre de gerações” que se distinguiu “como um dos mais notáveis economistas portugueses do século XX, aliando a profundidade e o rigor do seu saber a uma admirável integridade de carácter”.


desporto

6 | O Norte Desportivo

Terça-feira, 15 de Julho de 2014

Ricardo Quaresma diz que grupo sabe que tem margem de erro mínima

“Voltar a jogar bom futebol e aos títulos” No segundo dia de trabalho na Holanda, extremo português falou à imprensa e elogiou o treinador, Lopetegui. O treinador do FC Porto, Julen Lopetegui, aplicou, ontem, uma dose reforçada de trabalho aos seus futebolistas, com uma sessão de hora e meia, que só não contou com Danilo, ainda a recuperar de uma lesão. Os «dragões», a cumprirem o segundo dia de estádio no complexo desportivo de Horst, na Holanda, tiveram o seu ensaio muito vocacionado para a amplitude de jogo, palavra que o técnico e os seus adjuntos se fartaram de gritar, a corrigir ou direcionar os movimentos dos jogadores. Após uma primeira meia hora de trabalho físico, intercalado com exercícios com bola, os jogadores foram obrigados a ensaiar movimentos de jogo, fazendo a bola rolar entre as duas alas, em situação de ataque. “Amplitude, amplitude”, palavras de ordem que Lopetegui ia repetindo, sempre muito ativo no meio dos jogadores, ora corrigindo, ora apoiando as intervenções individuais, com destaque para um par de antecipações do central chileno Igor Lichnovsky, que hoje voltou a treinar com o restante plantel, assim como Graça. Aliás, tanto Lopetegui como os seus adjuntos não têm coibido de corrigir qualquer jogador diante dos restantes colegas, como o pôde sentir o angolano Kadú, a quem o treinador de guarda-redes, Juan Carlos Arevelo, pediu mais atitude, mas de forma bem audível. A verdade é que, nos exercícios que se seguiram, usou do mesmo tom de voz para valorizar os movimentos do guardião após a reprimenda. O FC Porto volta a treinar na terçafeira, no mesmo local, às 10h00 locais (09h00 em Portugal), estando previsto que os mexicanos Hector Herrera e Diego Reyes já participem na terceira sessão do estágio, após um curto período de férias na sequência da participação no Mundial2104.

“O grupo está muito bom”

FC Porto. “Sabemos que a margem de erro é mínima, depois de tudo o que se passou”, disse Ricardo Quaresma, à imprensa

Seis medalhas conquistadas

Cavaco Silva felicita canoístas portugueses

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, enviou, ontem, uma mensagem de felicitações aos canoístas portugueses que conquistaram medalhas de ouro e bronze nos Campeonatos da Europa de pista, que decorreram na Alemanha. “A canoagem portuguesa alcançou, neste fim-de-semana, o seu melhor desempenho de sempre em

Campeonatos Europeus de pista, com seis medalhas – uma de ouro e cinco de bronze. Quero felicitar todos os atletas portugueses da modalidade que, com alto nível desportivo, representaram Portugal nesta prova, realizada na Alemanha”, lê-se na mensagem. O texto, disponibilizado no site da Presidência da República, refere que “estão de parabéns os atletas João Ribeiro, Emanuel Silva, Fernando Pimenta, David Fernandes, Teresa Portela e Hélder Silva, pela conquista da medalha de ouro na prova de K2 500 e pelas medalhas de bronze”.

Figura de destaque da equipa, Ricardo Quaresma afirmou que o treinador do FC Porto, o espanhol Julen Lopetegui, “é muito exigente, sabe o que quer e o que diz”, assumindo ainda a satisfação do plantel com o seu trabalho. O jogador, que regressou aos «dragões» a meio da temporada passada, falou à imprensa antes do início do segundo dia de treinos em Horst, na Holanda, dando conta da sua expetativa maior: “voltar a jogar bom futebol e voltar aos títulos, que é o importante para o clube e para os jogadores”. Ricardo Quaresma desvalorizou a saída de Fernando, para os ingleses do Manchester City, e sublinhou que o clube está preparado para esse género de perdas: “Todos os anos, saem uns e entram outros”. “O grupo está muito bom. Não sei se entra ou sai mais alguém, mas todos os que entraram são bons jogadores e vêm para ajudar o clube”, disse o jogador. Confrontado com a variedade de soluções para as alas do ataque portista, nomeadamente com a chegada do espanhol Adrian Lopez, a promoção do belga Kayembé (além dos que transitaram de época) e de eventuais «reforços», Quaresma foi prático: “É importante termos concorrência”. “Sinceramente, não estou preocupado. Acredito no meu valor, sei o que posso e vou fazer. Mas é importante ter concorrência, ainda por cima com bons jogadores, com vontade de lutar por um lugar”, sustentou. Quaresma referiu-se ainda ao insucesso coletivo da época passada: “sabemos que a margem de erro é mínima, depois de tudo o que se passou. Por isso, estamos concentrados, vamos dar tudo e temos de mudar de atitude”. Questionado sobre o «rival» Benfica e as notícias de saída de vários jogadores dos «encarnados», Quaresma enalteceu a importância de um bom desempenho dos «dragões». “O FC Porto sempre foi campeão com o Benfica e o Sporting bem. Temos é de nos preocupar connosco e é por isso que aqui estamos”, rematou.

Queda afasta grande favorito ao triunfo

Desistência de Contador O ciclista italiano Vincenzo Nibali (Astana) venceu, ontem, a décima etapa da Volta a França, no alto de La Planche des Belles Filles, somando o segundo triunfo na 101.ª edição e vestindo a amarela. Nibali, que até domingo vestia a camisola amarela, voltou à liderança do Tour, depois de vencer isolado no alto de La Planche des Belles Filles, com o tempo de 04h27.26. O francês Thibaut Pinot (FDJ) foi segundo, a 15 segundos, e o espanhol Alejandro Valverde (Movistar) foi terceiro, a 20 segundos. Rui Costa (LampreMerida) foi 13.º, a 01.06 minutos do italiano da Astana. A etapa ficou marcada pelo abandono do espanhol Alberto Contador (Tinkoff-Saxo), vencedor de 2007 e 2009, que caiu e deixou a Volta a França sem antigos campeões. A desistência, em lágrimas, de Alberto Contador deixou o Tour sem os únicos vencedores presentes à partida e sem os grandes favoritos, cinco dias depois de Chris Froome ter abandonado também por queda. Também Tiago Machado (NetAppEndura), terceiro classificado da geral individual à partida, sofreu uma queda, chegou a ser dado como desistente, mas continuou em prova. Hoje, o Tour tem o seu primeiro dia de descanso, com a 11.ª etapa a disputar-se entre Besançon e Oyonnax.


Terรงa-feira, 15 de Julho de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7


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O “JACKPOT” E A CULPABILIZAÇÃO DOS DEPUTADOS! As subvenções da Assembleia Legislativa da Madeira aos partidos políticos, vulgarmente conhecidas por "Jackpot", continuam na ordem do dia. E bem. Não faz qualquer sentido o montante transferido, mensalmente, para os partidos políticos na Região. À excepção do PSD, todos os restantes têm vindo a manifestar-se quanto à sua exorbitância constanAndré Escórcio* te de um relatório do Tribunal de Contas. Os valores apurados, entre 2008 e 2012, dão que pensar: "Assembleia dos Açores com 57 deputados e uma descontinuidade territorial de nove ilhas, gastou nesses mesmos anos, respectivamente, em euros: 817 mil; 856 mil; 852 mil; 870 mil; 870 mil; a Assembleia da República, também nos mesmos anos, com o mesmo tipo de apoio global e com 230 deputados, gastou respectivamente, em euros: 876 mil; 929 mil; 970 mil; 880 mil; 880 mil; a Assembleia da Madeira, nos mesmos anos, com 47 deputados, gastou em apoio global aos deputados, respectivamente, em euros: 4 milhões, 4 milhões e 118 mil; 4 milhões e 340 mil; 4 milhões e 494 mil; 4 milhões e 377 mil. Ora, estes montantes são exorbitantes, face a tantas carências e em todos os sectores que por aí andam. Obviamente que isto terá de acabar. Os partidos precisam de financiamento público, mas o cálculo para essa atribuição terá de ser, urgentemente, revisto. E já o deveria ter sido... há muito. Apesar de não constituir novidade, a posição do Tribunal de Contas, não deixa margem para qualquer dúvida sobre o escândalo na utilização dos dinheiros públicos. Só que também deixa passar a ideia de uma focagem nos deputados, enquanto entes políticos que recebem, utilizam, gastam à tripa-forra e não prestam contas. É susceptível, até, de ficar-se com a ideia que os deputados estão acima da Lei. Ora, na verdade, os deputados NÃO RECEBEM um cêntimo dessas subvenções. Apenas auferem o salário definido na Lei. Nada mais. As verbas do designado "jackpot" são transferidas pelo Conselho Administrativo da Assembleia, directamente, para os partidos políticos visando a sua actividade política. Aliás, pelo entendimento existente que os grupos parlamentares são órgãos funcionais dos partidos, não têm autonomia, dependem das suas comissões políticas, não dispõem de número fiscal e, por isso mesmo, todas as contas são elaboradas em contabilidade ÚNICA que se encontra nas sedes dos partidos nacionais. Simplesmente porque não existem partidos regionais. Daqui se infere, portanto, duas coisas: primeiro, que o volume das transferências é, permitam-me que o diga, socialmente pornográfico; segundo, a fiscalização das contas deve ser feita junto dos partidos e não, individualmente, junto dos deputados como parece ser o entendimento do TdC. Os deputados não recebem cheques do conselho administrativo da Assembleia, não pagam contas, não fazem a contabilidade das despesas e não dispõem de operacionais nesse sentido. Denegrir e lançar na lama deputados que nunca receberam um cêntimo dessas transferências parece-me completamente desajustado. Mas que o “jackpot” é uma pouca-vergonha do jardinismo, lá isso é! www.comqueentao.blogspot.com

DGS admite interrupção da vacina contra tuberculose

“Não há risco para a saúde pública” A Direção Geral da Saúde (DGS) admitiu ontem que a vacinação contra a tuberculose (BCG) “pode vir a ser temporariamente interrompida por problemas de produção”, mas garantiu que esta situação “não constitui um risco para a saúde pública”. Num comunicado que pode ser lido no site deste organismo, a DGS

lembra que esta vacina é administrada num esquema de dose única, à nascença, nas maternidades e hospitais ou, excecionalmente, nos centros de saúde. A BCG “pode vir a ser temporariamente interrompida por problemas de produção, no único laboratório que fabrica esta vacina para a Europa”, na Dinamarca.

Segundo a DGS, a empresa que distribui a vacina BCG em Portugal informou que prevê a regularização do fornecimento no fim do mês de julho. “As crianças que não forem vacinadas à nascença serão contactadas pelo respetivo centro de saúde quando houver novo fornecimento de BCG”, acrescenta o comunicado.

Paulo Macedo admite “casos sociais” nos hospitais

“Chegam pessoas em condições difíceis” O ministro da Saúde admite que há casos de pessoas a chegar aos hospitais em condições sociais “difíceis”, em consequência do “tempo difícil” que o país atravessa. Paulo Macedo comentava notícias que dão conta de um número cada vez mais elevado de grávidas a chegar com fome às urgências do Hospital Amadora-Sintra e bebés a não receberam alta, porque as famílias não têm condições para os acolher. Confrontado pelos jornalistas sobre esta situação, à margem de uma cerimónia de inauguração de serviços de medicina nuclear do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, o ministro referiu: “Chegamnos, de facto, pessoas em condições difíceis, próprio do tempo difícil em que estamos”. Paulo Macedo lembrou que os casos sociais nos hospitais existem há muitos anos, mas a situação tem vindo a ser melhorada. “Há três anos os hospitais tinham múltiplas camas de cuidados de agudos, ocupadas por pessoas que, por razões familiares, não lhes permitiam dar alta”, adiantou o ministro. A situação tem vindo a ser combatida, mas Paulo Macedo defendeu

que “a articulação com a rede de cuidados continuados” precisa de ser melhorada. “À medida que temos aberto novas camas, também temos [feito] uma revisão da legislação para todos os casos de caráter social poderem ser tratados (…) na esfera social e não na esfera da saúde”, sustentou. Fernanda Rodrigues, presidente da Associação dos Profissionais de Serviço Social, confirma que tem havido “um aumento muito significativo dos problemas sociais”. “Estamos num período de grande alastramento das dificuldades”, sustentou Fernanda Rodrigues, sublinhando o caso das grávidas e das crianças é “uma dessas manifestações, mas não é única”. A associação tem reportadas várias situações ligadas à saúde, mas também a outras áreas, onde “as condições sociais que as pessoas vivem estão a aparecer traduzidas de múltiplas formas”. “Hoje estamos a falar da questão das crianças e de grávidas com carências alimentares, mas também poderíamos falar dos idosos e das grandes dificuldades de que muitas das pessoas que vivem em habitação social estão a viver

para satisfazer os seus compromissos”, acrescentou. Estas situações estão associadas, em primeiro lugar, ao desemprego, mas também ao emprego precário e à redução das prestações sociais, explicou. Estas pessoas socorremse inicialmente do apoio da família, mas quando este se esgota recorrem às instituições, algumas das quais “já estão no limite das suas possibilidades”. “Se chegamos ao fim da linha das possibilidades que muitas pessoas têm, das possibilidades que as redes familiares e as instituições particulares de solidariedade social têm, julgo que se justifica um reforço das políticas públicas”, defendeu Fernanda Rodrigues. Para a presidente da associação, “o grande problema” é se está a haver “respostas proporcionais à dimensão dos problemas”, refletido num aumento na procura dos serviços entre os 15 e os 25%. “A ideia que se recolhe de muitos serviços de atendimento da linha da frente é que continuamos a viver uma desproporção entre os problemas, que são maiores, e os recursos encaminhados para eles, que não são suficientes”.

Sérgio Monteiro garante “tranquilidade” na TAP

Serviços de manutenção são de “primeira linha” O secretário de Estado dos Transportes defendeu ontem que os serviços de manutenção da TAP são de “primeira linha”, estando a ser cumpridos todos os requisitos necessários em termos de segurança. “Gostava de deixar uma palavra de tranquilidade em relação à TAP, porque os procedimentos básicos de segurança e manutenção da nossa companhia aérea de bandeira estão obviamente a ser cumpridos e nem podia ser de outra forma”, alegou. No final da cerimónia de inauguração das obras de requalificação do Aeródromo Municipal de Viseu, o secretário de Estado sublinhou aos jornalistas que a manutenção

da TAP é “de primeira linha”. “Não é por acaso que pela manutenção da TAP passam muitos dos aviões de outras companhias aéreas que não tem capacidade de manutenção interna. Isso tem-se verificado ao longo dos anos e mantém-se no presente”, acrescentou. Durante o fim-de-semana, um avião da TAP teve um problema num reator, o que fez com que algumas peças tivessem caído em viaturas e num edifício na zona de Camarate. “Este reator do motor não é mantido pela TAP, é da responsabilidade do fabricante, que faz o acompanhamento direto da manutenção e das peças do reator e motor. O fabrican-

te estará esta semana em Lisboa para verificar o sucedido e tomar as diligências que entender”, informou. Sérgio Monteiro defende que ainda é muito cedo para tirar conclusões. No entanto, acredita que “não há razões para fazer crer que a qualidade do serviço reconhecido da companhia está em causa”. “Não tendo responsabilidade direta na manutenção daquele motor, a TAP aguardará o trabalho do GPIAA [Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves], mas também do fabricante, no sentido de evitar que se repitam estas situações”, concluiu o secretário de Estado dos Transportes.


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