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RUI COSTA EM QUARTO MELHOR LUGAR DE SEMPRE DE UM CICLISTA PORTUGUÊS NO RANKING MUNDIAL

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Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 219

Quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PASSOS QUER REDUZIR DÉFICE PARA 2,7% NO PRÓXIMO ANO

SINA!S

POSITIVOS n O primeiro-ministro avisa que o Governo pretende reduzir o défice para 2,7% no próximo ano, acima da meta inicialmente prevista no Documento de Estratégia Orçamental em abril, que apontava para 2,5%. “Ao longo destes três anos, apesar da recessão, conseguimos baixar para 4% o défice e, no próximo ano, iremos reduzi-lo para 2,7%”, afirmou Passos, sublinhando que esta será “a primeira vez em 15 anos que Portugal terá um défice abaixo dos 3%”...

PORTO

Presidente da Ryanair anuncia novos voos para Berlim e Hamburgo

FESAP

diz que Governo vai manter congelamento das carreiras e cortes salariais em 2015

EDUCAÇÃO

Crato apela ao PS para ajudar a rever modelo de colocação de professores


local porto

2 | O Primeiro de Janeiro

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014

Concessionários são obrigados a colocar placas

BREVES

“Praia não vigiada” a partir de hoje

Rastreio gratuito ao cancro da cabeça e do pescoço Um rastreio gratuito ao cancro da cabeça e do pescoço vai ser desenvolvido hoje, entre as 10h00 e as 14h00, na praça Gomes Teixeira, no Porto, por médicos especialistas. Esta iniciativa surge de uma parceria entre o Grupo de Estudos de Cancro da Cabeça e do Pescoço, o Porto Lazer e a Câmara Municipal do Porto. Em Portugal, esta doença “mata três pessoas por dia e, todos os anos, são registados mais de 2500 novos casos”, adianta comunicado disponibilizado pelas entidades responsáveis pela iniciativa. Aos fatores de risco preponderantes para o aparecimento desta doença estão associados “o consumo excessivo de tabaco e de álcool”, explica Ana Castro, médica oncologista e membro da Direção do Grupo de Estudos do Cancro de Cabeça e Pescoço.

Os concessionários de praia são obrigados, a partir de hoje, a colocar as placas de sinalização “Praia não vigiada” nos espaços balneares que estão sob a sua alçada. A portaria do Ministério da Defesa Nacional que determina esta obrigatoriedade foi ontem publicada em Diário da República (DR). Esta sinalética – “Praia não vigiada” – tem de ser colocada nos espaços balneares concessionados fora do período da época balnear e sem vigilância por nadadores-salvadores. De acordo com a portaria, a sinalética visa “assegurar a informação disponível aos utentes das praias não vigiadas dos perigos a que ficam sujeitos ao exporem-se à frente do mar”. “A colocação das placas deve garantir que estarão posicionadas aci-

Re-food apresenta primeiro núcleo em Gaia

PRAIA. A partir de hoje, os concessionários são obrigados por lei a colocar placas de “Aviso - Perigo de afogamento - Praia não vigiada - aproximar-se do mar pode ser perigoso” ma da máxima preia-mar a ocorrer em cada dia”, refere o documento, acrescentando ser necessária “uma placa em cada extremidade da frente de mar concessionada, uma placa em cada 50 metros de frente de mar concessionada e uma placa em cada acesso existente da praia concessionada”.

Contactado Nuno Leitão, portavoz do Instituto de Socorros a Náufragos, este responsável afirmou que esta nova sinalética “deve ser adquirida em lojas licenciadas para venda de material de salvamento”, sendo que o seu custo rondará os 30 euros. Esta portaria vem regulamentar um decreto-lei que permite o funcio-

namento das concessões balneares fora do período da época balnear. Compete ao ISN o controlo e inspeção técnica relativos à colocação da nova sinalética, de formato retangular e onde está inscrito, em português e inglês, “Aviso – Perigo de afogamento – Praia não vigiada – aproximar-se do mar pode ser perigoso”.

Corporações do Tâmega e Sousa

Bombeiros recebem 800 EPI Dezoito corporações de bombeiros do Tâmega e Sousa vão receber “em breve” 800 equipamentos de proteção individual, informou fonte da Comunidade Intermunicipal (CIM). Segundo a mesma fonte, os equipamentos representam um investimento de cerca de 350 mil euros. “Este processo teve alguns

contratempos formais, mas conseguiu-se, a 30 de Setembro de 2014, que a candidatura fosse finalmente aprovada”, comentou. O equipamento é atribuído no contexto de um concurso público internacional lançado pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa. No âmbito de um protocolo

assinado com o Ministério da Administração Interna em 2013, as comunidades intermunicipais ficaram com a responsabilidade de dotar os bombeiros com equipamentos de proteção individual, que são compostos pelo fato, luvas, botas, capacete e máscara. Amanhã, na seda da CIM, em

Penafiel, a partir das 15h00, será assinado o protocolo de cooperação para a entrega dos equipamentos. “Trata-se do último passo neste processo. Estarão assim reunidas as condições para, em breve, se proceder à entrega dos equipamentos às corporações”, explicou ainda a nesma fonte.

Michael O’Leary anuncia novos voos para a Ryanair

Do Porto para Berlim e Hamburgo O presidente executivo da Ryanair revelou que a companhia aérea vai começar a voar do Porto para Berlim e Hamburgo a 26 de outubro, data em que aumentam também os voos para Lisboa. Numa conferência de imprensa em que reafirmou que Portugal é um dos mercados em maior crescimento da companhia aérea de baixo custo, O’Leary disse que a partir de dia 26 de outubro começam a operar os voos

duplos diários entre Porto e Lisboa, de forma a servir os clientes de negócios. “Um [voo] por dia não é suficiente para passageiros de negócios, mas acreditamos que um duplo diário será muito bom e também para visitantes”, disse o presidente executivo da Ryanair, que sublinhou contar aumentar para três milhões de passageiros o número de pessoas transportadas de e para o Porto no próximo ano. Desta forma, em 2015,

a Ryanair vai contar com seis aviões no Porto e 38 rotas a partir da base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Sobre o duplo voo entre Porto e Lisboa, O’Leary disse que esperam conquistar “uma porção significativa do negócio da TAP” através das tarifas mais baixas e “melhor pontualidade”, realçando a importância da nova modalidade Business Plus. Para além de Berlim (quatro vezes

por semana) e Hamburgo (três vezes por semana), que, caso sejam bem sucedidos passarão a voos diários, as rotas do Porto para Clermont, Madrid e Milão vão aumentar de frequência também a partir deste inverno. “Como podem ver, estamos a investir de forma profunda no Porto. Acrescentámos mais voos, construímos os nossos horários e temos novos destinos como Berlim e Hamburgo”, resumiu o responsável.

A Re-food, que se dedica ao resgate de comida excedente em restaurantes e à sua distribuição por famílias carenciadas, vai celebrar amanhã o Dia Mundial da Alimentação reunindo a comunidade de Vila Nova de Gaia para lhe apresentar o projeto e angariar voluntários. O objetivo é a criação do primeiro núcleo Re-food no concelho de Vila Nova de Gaia e o segundo no Grande Porto (a Re-food Foz do Douro vai abrir até ao final do ano). Neste encontro, que vai contar com a presença do mentor do projeto, o norte-americano Hunter Halder, e de representantes de várias instituições do concelho, a Re-food quer unir a comunidade em torno de um objetivo comum – eliminar o desperdício alimentar e suprir as necessidades de quem mais precisa. “Queremos juntar na mesma sala instituições que já trabalham no terreno e conhecem a realidade das famílias carenciadas de Gaia, empresários de restauração que querem contribuir para a sua comunidade e voluntários que, com duas horas de colaboração por semana, sejam a cola que une todo o projeto”, afirma um representante do grupo de pioneiros da Refood Gaia-Centro. Criada em março de 2011, a Re-food conta já com cinco núcleos em funcionamento. Nestes núcleos, 1023 voluntários trabalham diariamente para resgatar alimentos de 314 fontes e apoiar 987 pessoas, num total de 15 mil refeições servidas por mês. Antes do Natal de 2014, a Re-food prevê abrir novos núcleos em Olivais, São Sebastião da Pedreira, Carnide, Belém, Misericórdia, Cascais, Porto (Foz do Douro) e Covilhã.

XV edição das Conferências do Equinócio

A XV edição das Conferências do Equinócio, organizadas pelo Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), vai realizar-se amanhã com o objetivo de pensar transversalmente a Medicina, a Ciência e a Investigação, promovendo o estudo e a discussão multi e interdisciplinar destes temas. Esta edição divide-se em duas partes, uma no Ipatimup durante o dia, dedicada aos “Saberes Prometidos”, e outra à noite no auditório da Fundação de Serralves, dedicada aos “Saberes Proibidos”. A coordenação está a cargo do neurocientista João Lobo Antunes. Na sessão dos “Saberes Prometidos” propõe-se questionar para onde vai a Ciência, o que se espera da Ciência em termos de futuro. À noite, a sessão será dedicada aos “Saberes Proibidos”, ou seja, “aquilo que a Ciência pode descobrir, mas que pode ter efeitos muito negativos, os conhecimentos que sabemos existirem, mas que por acordo internacional ninguém cita, e ainda os saberes que poderíamos alcançar com recurso a práticas que eticamente é impossível utilizarmos”, refere o Ipatimup. Os oradores dos “Saberes Permitidos” são Henrique Veiga Fernandes, Miguel Castelo Branco, José Carlos Machado, Mário Barbosa e Carmo Fonseca. À noite, nos “Sabores Proibidos” intervêm João Lobo Antunes e Walter Osswald.


regiões

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

Scotland Yard prepara nova ronda de inquirições a suspeitos

Reunidos em Faro Em agosto, a polícia britânica entregou a quinta carta rogatória para novas diligências sobre o desaparecimento de Maddie. Diz antiga presidente

Sede da Gebalis assente em “irregularidade” Uma antiga presidente da Gebalis, empresa municipal de gestão dos bairros sociais de Lisboa, admitiu, ontem, em tribunal que a construção da sede assentou numa irregularidade, reconhecendo que o concurso de adjudicação devia ter sido anulado. Maria Eduarda Rosa, Luís Anglin de Castro, ex-diretor do departamento de engenharia, dois sócios-gerentes e dois funcionários ligados a três empresas, estão acusados de corrupção, participação económica em negócio e falsificação de documento, por suspeitas de recorrerem a um esquema ilícito na obra. Maria Eduarda Rosa disse que todas as empresas convidadas pela Gebalis apresentaram propostas superiores em 25% ao valor base, percentagem a partir da qual não podiam ter sido aceites.

Inspetores da Scotland Yard estiveram, durante a manhã de ontem, reunidos em Faro com a Polícia Judiciária, três meses após as últimas inquirições no âmbito do caso Madeleine McCann. Os inspetores britânicos, que chegaram à PJ de Faro às 10h00, terão estado a preparar novas inquirições a suspeitos no âmbito do caso Maddie, depois de em julho terem interrogado quatro arguidos e uma dezena de testemunhas. Em agosto, a polícia britânica entregou a quinta carta rogatória às autoridades portuguesas no sentido de realizar novas diligên-

Faro. Inspetores da Scotland Yard estiveram reunidos com a PJ, três meses após as últimas inquirições no caso Madeleine McCann

cias, que não foram ainda autorizadas pela nova procuradora do Ministério Público de Portimão. No início de junho, agentes britânicos de investigação forense, PJ e GNR realizaram várias buscas com cães no miradouro da Praia da Luz e em terrenos à entrada da localidade turística da Aldeia da Luz. Ao todo, foi investigada uma área de cerca de 60 mil metros quadrados, incluindo condutas de eletricidade e gás, esgotos e edifícios em ruínas, com o auxílio de cães pisteiros e georradares, buscas que se revelaram infrutíferas. Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 3 de maio de 2007, do quarto onde dormia com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve. Até hoje, os pais levam a cabo uma operação de busca pela filha, mantendo a convicção que a mesma se pode encontrar viva, após ter sido raptada na referida noite.

Chuva e ventos fortes até amanhã

Novo alerta

Julgamento faz simulacro dos incêndios fatais

Chuva e vento fortes, previstos até amanhã, levaram, ontem, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a emitir um aviso à população, para as regiões norte e centro, até ao final desse mesmo dia. Baseando-se em informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a ANPC alertou para a previsão do agra-

vamento do tempo, a partir do fim do dia de ontem e até ao fim do dia de amanhã, com períodos de chuva ou aguaceiros, por vezes fortes, inicialmente nas regiões do Minho e Douro Litoral e estendendo-se depois às restantes regiões a norte do sistema Montejunto-Estrela. O vento deverá soprar de sul, forte ou com rajadas, na ordem dos

Esmagado por palete de andaimes de ferro

Quatro dezenas de pessoas percorreram, ontem de manhã, o trajeto que terá sido feito na noite de 20 para 21 de agosto de 2013 pelos dois homens acusados de terem ateado os incêndios na Serra do Caramulo, dos quais terão resultado a morte de quatro bombeiros. Luís Patrick e Fernando Marinho estão acusados de, nessa noite, terem andado de mota pela serra a atear vários focos, que resultaram nos incêndios de Alcofra, Meruge e Silvares. Na reconstituição participaram juízes, jurados, advogados e elementos do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR que já tinham feito o percurso com Fernando Marinho, poucos dias depois dos incêndios. À semelhança do que já tinha dito em tribunal, o mestre do SEPNA António Campos explicou que a GNR tinha feito “uma investigação muito pormenorizada” e detetado os locais onde se iniciaram os incêndios antes de lá ter ido com as indicações dadas por Fernando Marinho.

Jovem de 21 anos morre em acidente de trabalho

Um jovem trabalhador de 21 anos, natural da Póvoa do Varzim, morreu, ao início da tarde de ontem, esmagado por uma palete de andaimes de ferro, em Coimbra. Segundo o Jornal de Notícias, o jovem estava a ajudar a fazer a transferência dos materiais de um camião para o outro quando ocorreu o acidente, cerca das 12h30. O trabalhador morreu esmagado por uma paletes que caiu de um dos camiões, em circunstâncias ainda por apurar. Os Sapadores de Coimbra e o INEM deslocaram-se ao local do acidente, na Avenida Gouveia Monteiro, junto à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, não tendo sido revelados mais detalhes sobre o acidente.

80 quilómetros por hora nas regiões norte e centro. A ANPC admite que possam ocorrer inundações e queda de árvores ou a formação de lençóis de água nas estradas. E recomenda que se limpem sistemas de escoamento de águas, se conduza com cuidado e se garanta uma adequada fixação de estruturas soltas.


nacional

4 | O Primeiro de Janeiro

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014

Passos quer reduzir défice para 2,7% no próximo ano

“Crescer sem contrair mais dívida pública ou privada” O primeiro-ministro diz que o Governo pretende reduzir o défice para 2,7% no próximo ano, acima da meta inicialmente prevista no Documento de Estratégia Orçamental em abril, que apontava para 2,5%. “Ao longo destes três anos, apesar da recessão, conseguimos baixar para 4% o défice e, no próximo ano, iremos reduzilo para 2,7%”, afirmou Passos Coelho, sublinhando que esta será a primeira vez em 15 anos que Portugal terá um défice abaixo dos 3%. Passos Coelho fez este anúncio numa deslocação ao concelho de Oleiros, na véspera da entrega do Orçamento do Estado para 2015 na Assembleia da República. “Portugal sairá do procedimento por défice excessivo em 2015”, frisou o primeiro-ministro, referindo que também se irá reduzir o défice estrutural. Segundo o mesmo governante, a única dívida pública que Portugal está a emitir devese ao facto de o país ainda ter

João Oliveira e a meta do défice para o Governo

Para evitar novo aumento de impostos

PASSOS COELHO. O primeiro-ministro diz que “os sinais que temos para o ano são já positivos no sentido de responder às nossas preocupações”

“défice público”. Ainda segundo o chefe do Governo, esta “é a primeira vez” que Portugal conseguiu crescer com “o Estado a reduzir o défice e com as famílias a reduzirem o seu endividamento”, considerando que o Governo está a manter as “contas equilibradas”, com o país a crescer sem “contrair mais dívida pública ou privada”. Também sobre o Orçamento do Estado para 2015, Passos

Coelho considerou que a nível fiscal se deve colocar um incentivo adequado para quem tenha agregados familiares mais extensos e compensar municípios cujas empresas tenham mais impacto local, independentemente da sua sede social. As respostas “aos problemas da natalidade e da demografia” são essenciais, no entender do primeiro-ministro, realçando que sem essas medidas “não

haverá Estado com sustentabilidade social”. “Os sinais que temos para o ano são já positivos no sentido de responder a essas preocupações”, notou. À saída da sessão solene na Câmara de Oleiros, onde discursava, Pedro Passos Coelho foi recebido por cerca de 50 manifestantes que protestavam contra as portagens na A23, contra os cortes nos salários e em defesa da escola pública.

FESAP diz que o Governo não vai mudar nada

“Cortes salariais vão manter-se” Governo vai manter congeladas as progressões de carreiras na administração pública em 2015 e aplicar cortes salariais no Estado, afirmou a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP). “No próximo ano, na administração pública, há uma coisa que já está garantida: mantêm-se o congelamento das progressões, os cortes salariais, a redução do valor do subsídio de refeição”, afirmou o secretário-geral da estrutura sindical, Nobre dos Santos. O sindicalista falava aos jorna-

FESAP. Nobre dos Santos pessimista listas após uma reunião de cerca

de duas horas com o secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins. A reunião realizou-se ao abrigo da lei negocial que obriga o executivo a responder às propostas reivindicativas dos sindicatos. A FESAP classificou o encontro de “surrealista” e exigiu a Leite Martins “um documento de resposta” ao caderno reivindicativo da estrutura sindical, enviado ao Governo a 07 de outubro. A estrutura sindical, filiada na UGT, exige a reposição integral

dos salários aos níveis de 2010, o descongelamento de carreiras, a reposição do horário das 35 horas semanais de trabalho e a publicação e aplicação dos acordos coletivos estabelecidos com as autarquias. “A resposta a tudo é não. Não há condições, do ponto de vista financeiro, para dar resposta favorável da parte do Governo”, lamentou Nobre dos Santos. A reunião ocorreu na véspera da data limite para a entrega do Orçamento do Estado para 2015, na Assembleia da República.

O líder parlamentar do PCP afirmou que o Governo alegou ter revisto a meta do défice orçamental para 2015 de 2,5% para 2,7% com o objetivo de evitar aumentar impostos. No final de um encontro com a ministra de Estado e das Finanças e com o ministro dos Assuntos Parlamentares, no parlamento, sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2015, João Oliveira declarou aos jornalistas que o executivo PSD/CDS-PP confirmou que “abandonou essa perspetiva dos 2,5%, assumindo que o objetivo do défice passa a ser de 2,7%”. Segundo João Oliveira, o Governo comunicou que esta decisão foi tomada com base numa “avaliação da credibilidade externa” e tendo em conta “o que podia significar um aumento de impostos para garantir aquele objetivo orçamental”. “A justificação é esta. Certamente há outros elementos que podem ser considerados nesta equação”, considerou o líder parlamentar do PCP, acrescentando: “O facto de 2015 ser um ano eleitoral há de ser um elemento que certamente terá pesado também nessa opção do Governo”. Instado a esclarecer se o executivo transmitiu o entendimento de que uma meta do défice de 2,5% obrigava a um aumento de impostos, João Oliveira respondeu: “Essa foi a perspetiva que nos foi colocada como o elemento de ponderação que o Governo fez”. O líder parlamentar do PCP acusou o Governo de ter “uma perspetiva errada” segundo a qual o défice se reduz “apenas por via dos aumentos dos impostos”, descurando a aposta em “medidas de recuperação económica”. Para o PCP, mesmo revista, a meta do défice continua exigente de mais: “Essa obsessão do Governo com o défice, seja de 2,5%, seja de 2,7%, é incompatível com a necessidade de recuperação das condições devida dos portugueses”. João Oliveira apontou “exemplos de outros países na Europa, nomeadamente a França, que já assumiu que vai ter de incumprir as obrigações do défice impostas pelo Pacto de Estabilidade”, lamentando que o Governo PSD/CDS-PP insista “no mesmo caminho”.


Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014

economia

O Primeiro de Janeiro |

Para compensar chumbos do Constitucional e cumprir meta do défice

Bruxelas espera medidas adicionais de Lisboa Ainda segundo relatório da Comissão Europeia, a venda rápida do Novo Banco, que é desejada, pode estar em risco.

Governo de acordo na privatização da TAP

“Divergências nenhumas”

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, garantiu, ontem, que não há “divergências nenhumas” no Governo em relação à privatização da TAP nem tão pouco sobre o modelo em que o processo de venda da companhia pode ocorrer. “A opinião de todos é que a TAP beneficia com uma privatização seja qual for o modelo escolhido, porque a companhia terá melhores condições para responder aos desafios do futuro”, afirmou, à margem de um encontro sobre as oportunidades de investimento entre Portugal e o Reino Unido. Em declarações aos jornalistas, o governante disse que “não há divergências nenhumas” no Governo, explicando que ainda não foi tomada decisão se a privatização avança ou não, porque estão a ser analisadas, “com muita atenção, as diversas propostas indicativas e manifestações de interesse para aferir da probabilidade de se transformarem numa proposta efetiva”. Sérgio Monteiro sublinhou que “manifestações de interesse não querem dizer propostas” e, por isso, têm que ser “passadas a pente fino” para “ter a certeza que tem elevada probabilidade de se transformarem numa proposta”. “A decisão só será tomada quando sentirmos que há condições para a tomar”, declarou.

A Comissão Europeia considera que o Governo tem de apresentar medidas adicionais no Orçamento do Estado para 2015, que substituam as chumbadas pelo Tribunal Constitucional, para que consiga reduzir o défice para o compromisso de 2,5% do PIB. No relatório de Bruxelas que analisa o programa de ajustamento português (2011-2014), sobre a consolidação das contas públicas, é lembrado que as autoridades portuguesas têm o compromisso de apresentar medidas que compensem os ‘chumbos’ do Tribunal Constitucional, o que Bruxelas quer ver acontecer no Orçamento do Estado para o próximo ano. Bruxelas considera ainda que o Governo português deve também estar “pronto para tomar novas medidas” caso a evolução da economia não corra como o previsto. Bruxelas recomenda ainda que as medidas temporárias de consolidação que foram adotadas durante o período do programa “devem ser substituídas por medidas estruturais duradouras”. A Comissão Europeia pede entendimentos políticos alargados em Portugal, defendendo que o País precisa urgentemente de uma estratégia de médio prazo para o crescimento sustentável da economia. Para a Comissão, a implementação dessa estratégia poderia trazer mais dinamismo à economia, mas também “facilitar o ajustamento económico, apoiar a consolidação orçamental, acelerar a desalavancagem da banca e reduzir os altos níveis de desemprego e pobreza”. No documento, a CE reviu em alta a estimativa de dívida pública portuguesa para este ano para os 131,3% do PIB, devido sobretudo à resolução do BES. Bruxelas considera, ainda, que o défice deste ano enfrenta “riscos negativos” e que, no novo Sistema Europeu de Contas, poderá atingir os 7,5% do PIB se forem incluídas medidas extra-

ordinárias, como a capitalização do Novo Banco. Acrescente-se que Bruxelas considera que a venda rápida do Novo Banco, como defendem as autoridades portuguesas e a própria Comissão Europeia, poderá estar em risco devido a novas perdas que possam eventualmente surgir. Ainda sobre o BES, Bruxelas afirma que a medida de resolução tomada pelas autoridades portuguesas “demonstrou uma capacidade de resposta em condições de urgência para preservar a estabilidade do sistema bancário”. Mobilidade para 12 mil

Crise. No relatório que analisa programa de ajustamento, Bruxelas considera que o défice deste ano enfrenta “riscos negativos”

Em linha com Europa

Bolsa de Lisboa encerra sessão em subida ligeira

O principal índice da bolsa portuguesa (PSI20) encerrou a sessão de ontem a avançar 0,26% para 5.248,21 pontos, acompanhando a tendência positiva das praças europeias de referência. Das 18 cotadas que atualmente integram o PSI20, sete subiram, uma ficou inalterada face à cotação da véspera (o Banif, nos 0,0069 euros), e as restantes

10 desvalorizaram. No resto da Europa, nos mercados de referência, os ganhos variaram entre os 0,15% de Frankfurt e os 0,42% de Londres. Por outro lado, os juros da dívida de Portugal subiram em todos os prazos, alinhados com os juros da Grécia, Itália e Espanha. Os juros da dívida portuguesa a 10 anos aumentaram para 3,048%; no mesmo sentido, no prazo a cinco anos, os juros subiram para 1,653%. A dois anos, os juros também estavam a subir, para 0,586%.

O Governo deverá colocar no sistema de requalificação especial 12 mil funcionários públicos em 2014 e em 2015, que vão receber 60% do salário no primeiro ano e 40% daí para a frente, adiantou Bruxelas. “O novo esquema de requalificação, que transformou o anterior esquema de mobilidade especial focando-se na reorientação das carreiras dos funcionários públicos para as necessidades reais da administração pública, tem como alvo 12.000 empregados em 2014 e em 2015”, segundo o relatório. De acordo com o documento preparado pela Direção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, estes trabalhadores vão receber “60% dos seus salários anteriores no primeiro ano e 40% daí para a frente”. No Documento de Estratégia Orçamental (DEO), apresentado em abril, o Governo previa uma poupança de 58 milhões de euros com a colocação de trabalhadores no sistema de requalificação (exmobilidade especial), sem especificar o número de trabalhadores que serão colocados neste regime. A primeira proposta do Governo, que viria a ser chumbada pelo Tribunal Constitucional em agosto do ano passado, previa que após 12 meses de inatividade os trabalhadores pudessem ser despedidos. O Governo alterou a proposta e, de acordo com as novas regras, os funcionários públicos que fiquem colocados neste regime de inatividade recebem 60% do salário no primeiro ano e 40% nos restantes.


6 | O Norte Desportivo

desporto

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014

Rui Costa termina época com melhor classificação de sempre

Quarto do mundo Após a Volta a Pequim, onde também foi quarto, Rui Costa confirmou a melhor classificação lusa de sempre no «ranking» mundial. O ciclista Rui Costa terminou a época velocipédica no quarto lugar do «ranking» do circuito mundial, a melhor classificação de sempre de um português, melhorando cinco lugares face ao nono lugar obtido no final de 2013. Após a conclusão ontem da Volta a Pequim, derradeira prova pontuável na qual Rui Costa (Lampre-Merida) foi quarto classificado, o ciclista luso terminou o ano com 461 pontos, apenas a 17 de entrar no pódio do «ranking». O número um deste ano foi o espanhol Alejandro Valverde (Movistar), com 686 pontos, mais 66 do que o compatriota Alberto Con-

tador (Tinkoff-Saxo). O australiano Simon Gerrans (Orica GreenEdge) foi o terceiro, com 478. O corredor português - campeão do Mundo de estrada no ano passado - tem vindo a evoluir positivamente no «ranking» desde 2012, ano em que foi o número 10 mundial. André Cardoso (Garmin Sharp) foi o outro corredor português a conseguir pontuar no «ranking» WorldTour, acabando na 205.ª posição, com dois pontos. Quanto à lista por países, Portugal ficou à porta do top-10, na 11.º posição, com 463 pontos. Tal como em 2013, a Espanha venceu, somando 1.834 pontos. Por outro lado, a etapa de ontem também significou o fim (por enquanto) da breve história da Volta a Pequim, uma tentativa da UCI de levar o ciclismo de mais alto nível à China; a prova sempre enfrentou problemas como contaminações perto de algumas cidades onde iria passar a prova, o facto de se disputar muito longe ou a circunstância de ser a última prova do ano.

Ciclismo. Rui Costa terminou a época no quarto lugar do «ranking» do circuito mundial, a melhor classificação lusa de sempre

Chave de ouro de Peniche

Slater homenageado A Câmara Municipal de Peniche entregou, ontem, a chave de ouro da cidade ao surfista norte-americano Kelly Slater, 11 vezes campeão do Mundo, durante o Moche Rip Curl Pro Portugal, 10.ª e penúltima etapa do circuito mundial. Após ter vencido o quinto «heat», Slater, de 42 anos, recebeu o galardão, entregue pelo edil de Peniche, António José Correia, na sequência de

uma decisão unânime do executivo municipal, na praia de Supertubos. “Já tenho algumas ‘chaves’ da minha cidade, mas nunca nenhuma foi realmente uma chave. Por isso, esta é simbólica, porque é efetivamente a primeira chave que recebo”, afirmou Slater, que venceu a etapa de Peniche do circuito em 2010. Sobre a prova, o norteamericano e o brasileiro Gabriel

Medina assumiram que, devido às condições do mar, procuraram apenas qualificar-se para a terceira ronda. “Eu estava tranquilo, o mar estava um pouco difícil, sabia que os meus dois adversários podiam ser perigosos, preocupei-me com o Kai Otton, mas fiquei feliz com a vitória”, afirmou Medina, o único que pode conquistar o título em Peniche.

Corrupção, doping, violência e racismo

Bruxelas e UEFA assinam acordo de cooperação

A Comissão Europeia e a UEFA assinaram, ontem, um acordo de cooperação para os próximos três anos, no qual se comprometem a colaborar de maneira regular, concreta e construtiva. Em causa está “a luta conjunta contra a viciação de resultados, o doping, a violência, o racismo e os direitos humanos dentro do futebol”, salientou a comissão europeia em comunicado. O encontro contou com a presença do presidente da CE, Durão Barroso, e coube assinar o acordo à comissária da Educação, Cultura e Desporto, Andrulla Vassiliu, e ao presidente da UEFA, Michel Platini, que salientou que o acordo demonstra que o vínculo entre ambos “é mais forte do que nunca”.

Pai de Jules Bianchi

“O meu filho não se rende e sairá vencedor” O pai do piloto francês Jules Bianchi, Philippe Bianchi, disse, ontem, acreditar que o filho, em estado grave, mas estacionário, após o acidente no Grande Prémio do Japão de Fórmula 1, “não se rende” e sairá vencedor. De acordo com o jornal diário italiano La Gazzetta Dello Sport, o pai do piloto revelou que os médicos falam em “milagre”, já que “nunca ninguém sobreviveu a um acidente tão grave”, mas que não se pronunciam mais porque não sabem “como irão evoluir os danos causados pelo impacto”. A falta de comunicação com os clínicos é algo que afeta o pai do piloto, com Philippe Bianchi a referir que “apesar de serem excecionais e amáveis, não sabem responder” às perguntas que lhes coloca.

“Benfica não pode facilitar” na Covilhã

César Brito, antigo jogador de Benfica e Sporting da Covilhã, avisou, ontem, os «encarnados» para não subestimarem o «serranos» na terceira eliminatória da Taça de Portugal, no sábado, para não serem surpreendidos. “Claro que o Benfica é favorito, por tudo. O Benfica é um gigante. Mas às vezes faz-se taça na prova. O Covilhã tem feito bons resultados, está a fazer um bom campeonato, tem jovens valores, o que significa que o Benfica não pode facilitar”, frisou. O ex-jogador, de 49 anos, realçou que as aspirações do Covilhã não são as mesmas das do Benfica, formação com a ambição de erguer o troféu, tal como na última temporada. Se os «encarnados» vencerem, será “o normal”. “Mas que o Benfica não pense que chega à Covilhã e vai ser fácil. De certeza que vai ser um jogo bem disputado”, sublinhou, deixando uma mensagem ao plantel serrano: “os jogadores têm é de aproveitar o momento”.


Terça-feira, 14 de de 2014de 2014 Quarta-feira, 14Outubro de Outubro

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FILME BRASILEIRO “GETÚLIO” FEZ A ANTESTREIA EM LISBOA

Reflexão sobre política e os seus bastidores O filme “Getúlio”, que fez a sua antestreia ontem em Lisboa, pretende levar o público a uma reflexão sobre a política e os bastidores, sobre ataques pessoais, conspirações, deceções e surpresas, começou por explicar o ator brasileiro Tony Ramos. “O mais importante é que o filme propõe uma reflexão sobre o que é a política e o seu bastidor, remetendo-nos a todas as épocas e a qualquer país”, juntou. O ator brasileiro está em Lisboa para divulgar o filme “Getúlio” - personagem de Tony Ramos na trama -, que entrará em cartaz nos cinemas portugueses no próximo dia 23. O filme, do realizador João Jardim, narra os 19 dias que antecederam o suicídio do Presidente brasileiro Getúlio Vargas, em agosto de 1954, mostrando todas as conspirações e traições que o político sofreu naquele momento, que se tornou emblemático na história do Brasil. Para o ator brasileiro, de 66 anos, “a batalha pelo poder pelos políticos, essa será eterna. O poder é transformador mas, lamentavelmente, muitas vezes é inebriante”, argumentou. “O filme pode levar a uma reflexão sobre o que é um ataque pessoal, sobre conspirações, sobre deceções, sobre surpresas”, referiu Ramos, que tem 50 anos de carreira artística. “Neste momento que o Brasil vive uma democracia plena, é bonito ver o povo surpreendendo. Eu pensei que Marina (Silva) iria para a segunda volta das eleições e não aconteceu, está aí o Aécio (Neves)”, continuou. Dilma Rousseff foi a candidata mais votada na primeira volta das eleições presidenciais (a 05 de outubro) com 41,59% dos votos, seguida de Aécio Neves (33,55%), com quem disputará a segunda volta, a 26 de outubro. Marina Silva foi afastada da corrida presidencial, ficando em terceiro lugar (21,32%). O ator brasileiro elogiou o percurso individual e o nível de preparação dos três candidatos, referindo também que nunca teve “um engajamento partidário” e, como cidadão, pode fazer as suas críticas. Tony Ramos declarou, entretanto, que os políticos eleitos “são nossos funcionários, são os nossos impostos que pagam a máquina que move o país. Portanto, eles devem satisfações” ao povo. “Eu quero ver um país cada vez melhor, com uma educação melhor, com uma saúde melhor, nos grandes centros e também no interior”, afirmou. O ator brasileiro e o realizador João Jardim concordam que o filme, que relata alguns episódios de corrupção no círculo próximo de Getúlio Vargas, remete o público aos atuais escândalos de corrupção no Brasil, como o mensalão (pagamento de luvas a deputados para aprovarem projetos do Governo) e o escândalo na Petrobras. “Para isso, a democracia é linda. Houve um juiz corajoso no Brasil, Joaquim Barbosa (ex-presidente do Supremo Tribunal Federal), que simplesmente colocou as coisas nos lugares (referindo-se ao mensalão, com a prisão de membros do Governo). Aonde houver corrupção, que seja punida, é uma equação de primeiro grau muito simples”, disse, acrescentando: “Os partidos se ressentem e em todos eles houve corruptores, não é só privilégio de um partido. A corrupção é uma ferida grave no seio da nação”.

Nuno Crato apela ao diálogo com o PS

Colocação de professores em causa

O ministro da Educação apelou no parlamento a um diálogo com o Partido Socialista (PS) sobre o modelo de colocação de professores, defendendo que é necessária “mais transparência” nesse processo. “É preciso transparência e não opacidade na colocação de professores. Julgo que seria muito interessante fazer um debate com o PS sobre a colocação de professores, mas esse é um debate para ser feito depois de corrigir os erros no imediato”, declarou o ministro. Nuno Crato falava perante os deputados, na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, numa audição regular perante uma sala cheia, e respondia a um repto lançado pela deputada do Partido Social-Democrata (PSD), Isilda Aguincha, que defendeu que “os professores querem trabalhar além das guerras político-partidárias de alguns”. “Faço o repto para que todas as forças políticas [devam] debater a questão da colocação de professores, para evitar que o ano letivo arranque sem todos os professores colocados”, declarou a deputada. Antes a deputada socialista Odete João acusou Nuno Crato de se ter trans-

NUNO CRATO. O ministro da Educação esteve perante a comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, numa audição regular perante uma sala cheia formado num “símbolo da incapacidade política e da anarquia ideológica”. “Este é o pior ano da educação em Portugal. O senhor ministro já conquistou, pelas razões que menos esperava, um lugar na história contemporânea da educação em Portugal”, criticou a par-

lamentar do PS, acusando Nuno Crato e o secretário de Estado da Administração Escolar, Casanova de Almeida, de serem responsáveis por uma “tamanha trapalhada” para a qual se torna “difícil encontrar palavras para explicar o sucedido”.

António Costa e as cheias em Lisboa

“Não existe solução”

O presidente da Câmara de Lisboa diz que “não existe solução” para as cheias na cidade, refutando as críticas dos partidos da oposição que pedem a execução do plano de drenagem. “O plano de drenagem não faz desaparecer estas situações. A solução não existe”, afirmou o autarca, à entrada para a assembleia municipal, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de ocorrência de inundações como as que se registaram na segunda-feira e o impacto que poderá ter o plano. Segundo o agora líder socialista, “não haverá nenhum sistema de drenagem que permitirá evitar

situações deste género”, podendo apenas “minorar” o problema. António Costa reforçou ainda que a situação verificada na segundafeira, com inundações em várias zonas da cidade, nada teve a ver com a falta de limpeza das sarjetas e dos sumidouros. Na segunda-feira, PSD, CDSPP e PCP (com assento na Câmara de Lisboa) solicitaram a execução do plano de drenagem da cidade, aprovado em reunião camarária em 2008 e com um prazo de 20 anos. O responsável referiu que a chuva verificada na segunda-feira entre as 14h00 e as 15h00 foi “absolutamente anormal”, coincidiu com os “períodos de enchente” e traduziuse no “dobro” do que se registou a 22 de setembro, dia em que a precipitação coincidiu com o pico da maré. “Temos de ter consciência de que estamos sempre sujeitos a situações atmosféricas anómalas e, perante situações atmosféricas anómalas, as consequências são anómalas”, acrescentou o presidente da Câmara de Lisboa. Salientando o papel dos serviços municipais, das freguesias e dos comerciantes, António Costa justificou as inundações com os

graus de permeabilização e de urbanização da cidade. Sobre o plano de drenagem, que envolve um investimento de 153 milhões de euros, o autarca disse que as medidas previstas “permitirão a montante diminuir os caudais e a velocidade de escoamento dos caudais”, mas não os eliminam. Por exemplo, no caso da Rua de São José e da Avenida da Liberdade, “a natureza será sempre mais forte do que nós”, indicou. Questionado pelos jornalistas sobre o apuramento de responsabilidades, reivindicado pela oposição, António Costa afirmou ainda que “São Pedro goza de um estatuto de imunidade que está acima das responsabilidades”. Na sua intervenção no debate anual sobre o estado da cidade, que decorreu na assembleia municipal, o autarca anunciou que vai propor, na próxima reunião do executivo municipal, a “constituição de uma equipa de missão com a incumbência específica de dar execução pelo município ao plano geral de drenagem e preparar a indispensável candidatura do seu financiamento, através do Fundo de Coesão”.


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