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DIÁRIO NACIONAL
Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
Ano CXLVI | N.º 198
Terça-feira, 16 de setembro de 2014
PASSOS DIZ QUE NÃO É PRECISO TER PRESSA COM O NOVO BANCO
VENDER BEM
PORTO
Ministro Nuno Crato destacou a importância da Ciência aos alunos
n O primeiro-ministro diz que o Governo e os portugueses querem o melhor para o Novo Banco. “É do interesse de todos que este processo se possa desenvolver da forma mais expedita possível. Não é vender à pressa, amanhã, não há nenhuma razão para isso. É para vender nas melhores condições possíveis de modo a minimizar a incerteza”, destacou Passos Coelho, no dia em que assinalou os 35 anos do Sistema Nacional de Saúde. Quem não gostou muito do discurso sobre a Saúde em Portugal foi o líder do PS. “Eles não compreendem a importância do SNS. E, por isso, tudo têm feito para o destruir, para o diminuir”, acusou José António Seguro...
ANO LETIVO
Professores contratados exigem a demissão do ministro da Educação
NOVO BANCO Bruxelas defende que “deve ser vendido o mais rápido possível”
local porto
2 | O Primeiro de Janeiro
Terça-feira, 16 de Setembro de 2014
Nuno Crato garante no Porto
“Não há uma única providência cautelar contra o encerramento de escolas” O ministro da Educação e Ciência garantiu, no Porto, que “não há uma única providência cautelar” contra o encerramento de escolas que tenha tido efeito suspensivo e disse que o ano escolar iniciou-se com normalidade. “Do meu conhecimento, não há uma única providência cautelar que tenha tido efeito suspensivo”, disse o ministro, que se escusou a comentar os casos particulares de escolas que abriram à revelia da decisão do Ministério da Educação. “As providências cautelares são uma possibilidade legal que as pessoas podem utilizar. Têm todo o direito de o fazer. Nos apresentámos uma contestação fundamentada e a partir desse momento a providência cautelar cessa o seu efeito imediato”, disse o ministro da Educação, que falava na abertura da conferência internacional “Towards ohter Earths II – The Star Planet Connection”. Questionado sobre a contestação dos professores contratados que alegam terem existido erros informáticos
Câmara do Porto investiu em obras nas escolas
Cerca de meio milhão de euros NUNO CRATO. O ministro da Educação diz que “a Ciência é o nosso futuro” e os nossos alunos “também podem ser grandes cientistas” na sua colocação, o ministro Nuno Crato disse não conhecer em pormenor essa contestação. Contudo, sublinhou que “o processo de colocação de professores é a ponderação de vários fatores, um dos quais é a graduação profissional (...). “Os critérios estão na lei. É só ler a lei”, sublinhou. Um dos argumentos utilizados pela associação de professores contratados relaciona-se com o facto de docentes com graduação académica inferior estarem a passar à frente de colegas com melhores resultados. Nuno Crato acrescentou que no arranque do ano letivo “há sempre
acusações”, mas garantiu que “os erros que existirem serão corrigidos. Se existirem, é evidente que esse será o nosso procedimento”. “O ano letivo está a começar bem, apesar de uma ou outra contestação”, frisou, referindo que este é um processo que envolve “milhares e milhares de pessoas, de muitos professores e diretores”. “É um trabalho conjunto. Trabalhamos sempre para que corra da melhor maneira. Há sempre um problema ou outro, uma escola que tem uma dificuldade num aspeto ou noutro, mas os lugares em falta estão a ser preenchidos”, referiu.
Segundo o ministro, “num universo de 100 e tal mil professores no sistema educativo público, fala-se da colocação de mil/dois mil professores que está hoje a ser feita”. Nuno Crato salientou o facto de estar a iniciar este dia de regresso à escola numa conferência sobre Ciência, considerando ser um facto “particularmente significativo”. “A Ciência é o nosso futuro e é algo que eu posso e irei dizer aos nossos alunos do ensino Básico e Secundário com quem vou contactar, que eles também podem ser grandes cientistas, como podem ter outras profissões, desde que trabalhem”, concluiu.
Secundária do Marco de Canaveses abriu ao início da tarde
Pais protestam e ameaçam encerrar a escola Os pais dos alunos da Escola Secundária do Marco de Canaveses terminaram o protesto que mantinham ontem desde o início da manhã, permitindo a abertura do estabelecimento. De tarde, os alunos já se encontravam no interior das instalações, mas o normal funcionamento das atividades letivas só foi assegurado ao longo do dia, conforme contou Eduardo Pereira, da associação de pais. O dirigente justificou a decisão de permitir a reabertura do portão do estabelecimento, que tinha sido fechado a cadeado, com o anúncio de uma reunião entre a empresa estatal Parque Escolar e o empreiteiro responsável pelas obras de remodelação da escola, que estão paradas desse o final de 2012. A reunião está prevista para hoje.
Eduardo Pereira acrescentou que só depois de se saber o resultado da reunião é que se vai decidir o que fazer, apesar de já estar assumido que não haverá mais protestos até ao final do mês. O porta-voz dos encarregados de educação reafirmou ontem que a comunidade escolar não abre mão da exigência de uma data para o recomeço das obras. Se tal não ocorrer até 30 de setembro, os pais avisam que encerrarão a escola no dia 01 e outubro, por “tempo indeterminado”. As obras de remodelação da escola pararam no final de 2012, por dificuldades financeiras do empreiteiro, quando só estava concluída uma das três fases da intervenção. Desde então, as atividades letivas decorreram
repartidas pela parte nova e parte velha da escola, com a direção do estabelecimento a denunciar publicamente as condições precárias de trabalho e até de segurança. Nos últimos dias, foram colocados contentores para lá decorrerem as atividades do novo ano letivo. Centenas de alunos e encarregados de educação colocaram esta manhã um laço verde na entrada da Escola Secundária do Marco de Canaveses, sobre cadeados que fechava o portão, para impedir o início das aulas e protestar contra as obras paradas há quase dois anos. Eduardo Pereira explicou que o laço verde no portão principal era um gesto simbólico de que os pais e os alunos ainda têm esperança de que o problema se vai resolver.
A Câmara do Porto investiu em obras nas escolas cerca de meio milhão de euros durante o período de paragem letiva, indicou ontem o presidente da autarquia numa visita que pretendia marcar o arranque do ano escolar no concelho. Em declarações aos jornalistas, após visitar a Escola EB de S. João da Foz, no Porto, onde distribuiu ‘kits’ de material escolar aos alunos do 1.º ano, o presidente da câmara, Rui Moreira, indicou que este estabelecimento de ensino foi alvo de uma empreitada de beneficiação de cerca de 200 mil euros. Este valor insere-se num global de intervenções feitas na pausa para férias de verão que “ascende a meio milhão”, indicou o autarca, acrescentando que decorreram obras em outras escolas, nomeadamente no Lagarteiro, EB Francisco Torrinha e EB Augusto Leça, sendo que nesta última ainda não foi feita “a reabilitação definitiva”. “Sabemos que os resultados que os alunos conseguem obter são muito melhores quando as escolas são reabilitadas porque cria-se imediatamente um sentimento de pertença (…). Todos estamos preocupados com a perda de população infantil. Esta também é uma forma de dizer aos pais que o município está preocupado com esta área”, disse Rui Moreira. A EB de S. João da Foz acolhe, este ano letivo 2014/15, cerca de 260 alunos, estando integrada no Agrupamento de Escolas Garcia de Orta e não era alvo de uma intervenção profunda, indicou o diretor, Rui Fonseca, “há cerca de 12 anos”.
regiões
Terça-feira, 16 de Setembro de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Vinte e dois arguidos começaram a ser julgados no Tribunal de Vila Real
Citius «atrapalha» megaprocesso Alimentação e programação
Câmara de Lisboa lança projetos inovadores
A Câmara de Lisboa anunciou, ontem, a criação de dois novos projetos para as escolas do município, um na área da alimentação saudável e outro na área da programação de computadores. “Vamos apostar também muito na diversidade das refeições”, anunciou António Costa, referindo que no concelho existem “escolas com uma grande variedade cultural e é importante valorizar e dar a conhecer, nas escolas, as diferentes cozinhas”. A Escola do Convento do Desagravo vai ser a primeira a receber refeições saudáveis para 300 crianças do primeiro ciclo.
Castelo Branco e Covilhã
Petição tenta evitar fecho das maternidades
A União dos Sindicatos de Castelo Branco lançou, ontem, um abaixo-assinado que pede a “revogação” da portaria que reclassifica os hospitais, argumentando que de outra forma Castelo Branco e Covilhã “perdem as maternidades”. O coordenador da USCB, Luís Garra, explicou que, após a recolha de assinaturas, o documento “vai ser entregue na Assembleia da República e ao ministro da Saúde”. A USCB alerta também para a “falta de médicos, enfermeiros administrativos e auxiliares” e para os encerramentos de “extensões de saúde” na região.
“O sistema informático Citius continua a não corresponder e a não responder”, explicou o juiz presidente da comarca. O Tribunal de Vila Real começou, ontem, a julgar um megaprocesso de tráfico de droga, que envolve 22 arguidos do Peso da Régua, condicionado pelos problemas no sistema informático Citius que impediram a gravação da audiência. A reforma judiciária arrancou a 1 de setembro, mas a nova Comarca de Vila Real retardou o agendamento dos julgamentos para o dia 15 de setembro. Em consequência, começou ontem o megaprocesso que junta 22 arguidos, sete dos quais estão em prisão preventiva (quatro mulheres e três homens), e que chegam a tribunal indiciados pelos crimes de tráfico de droga agravado, por alegadamente venderem estupefacientes nas imediações de escolas, ainda tráfico de droga e uma detenção de arma proibida. No entanto, durante a manhã apenas foi possível efetuar a identificação dos arguidos devido, segundo o coletivo de juízes, a falhas na plataforma informática Citius, que
Vila Real. Apenas foi possível efetuar a identificação dos arguidos devido, segundo o coletivo de juízes, a falhas no Citius serve os tribunais, e que impossibilitaram a gravação da audiência. O juiz presidente da Comarca de Vila Real, Álvaro Monteiro, afirmou aos jornalistas que o início dos julgamentos foi “bastante condicionado porque o sistema informático Citius continua a não corresponder e a não responder”. “Estamos condicionados por esse sistema que nos impede de prosseguir com as diligências caso não seja possível efetuar as gravações dos julgamentos”, salientou. Álvaro Monteiro salientou que se espera que o pro-
blema fique “resolvido o quanto antes” para se começar a “ter o funcionamento normal dos tribunais”. No âmbito da reforma judiciária, Vila Real acolhe um dos 23 grandes tribunais criados no País e é aqui que estão centralizadas as instâncias centrais cível, crime, família e menores e trabalho, enquanto as execuções passaram para Chaves. Também por causa da reforma, os processos de todo o distrito que sejam referentes a casos com mais de 50 mil euros e dos que pode ser aplicada uma pena de mais de cinco anos de prisão
passam a ser todos julgados em Vila Real. Precisamente por isso é que este megaprocesso foi transferido. A investigação, que juntou a Polícia Judiciária e a Guarda Nacional República, resultou na detenção dos arguidos, na maior parte dos casos em outubro de 2013, culminando uma investigação de vários meses. Para o arranque deste julgamento, que envolve elementos de etnia cigana, verificou-se um forte aparato policial. Se a plataforma informática estiver operacional, amanhã darse-á início à audiência.
Números de agosto melhores do que janeiro
VMER mais de 500 horas inoperacionais As 42 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) estiveram mais de 500 horas inoperacionais em agosto, sobretudo por falta de tripulação, menos de metade da inoperacionalidade destes meios de socorro registada em janeiro. Dados do INEM, ontem tornados públicos, revelam que, em agosto, a taxa de inoperacionalidade das VMER foi de 527,67 horas, enquanto em janeiro esse valor atingiu as 1.212,66. Nos primeiros oito meses deste ano, a inoperacionalidade foi mais significativa nas viaturas afetas
Emergência. “Não podemos querer que, de um dia para o outro, se venha a alterar totalmente a situação”, diz o INEM
ao Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, (999,02 horas inoperacionais), ao Hospital Distrital de Faro (997,78 horas), Hospital Distrital Santarém (869,62 horas), Centro de Saúde de Albufeira (840,62 horas) e Hospital de Santo António, no Porto (543,37 horas). Em relação a agosto, o INEM refere que as 42 VMER existentes em território continental atingiram uma taxa média de operacionalidade de 98,3%, “o valor mais elevado desde que existe registo”. O presidente do INEM sublinhou os níveis de operacionalidade conseguidos em 2014 e
que “nunca tinham sido alcançados”. Para o INEM, a melhoria da operacionalidade deve-se a recente legislação que atribuiu ao diretor do serviço de urgência dos hospitais um reforço do papel na coordenação e funcionamento destas viaturas. Paulo Amado de Campos refere ainda a dificuldade que caracteriza o mês de agosto, sobretudo devido às férias. “Não podemos querer que, de um dia para o outro, se venha a alterar totalmente a situação”, disse, mostrando-se confiante de que, “em pouco tempo”, se atinja uma operacionalidade de 100 por cento.
nacional
4 | O Primeiro de Janeiro
Terça-feira, 16 de Setembro de 2014
Passos Coelho analisa a situação do Novo Banco
Erros na colocação de professores
“Vender nas melhores condições possíveis” O primeiroministro diz ser do “interesse de todos” vender o Novo Banco “nas melhores condições possíveis”, depois de falar da saída da equipa de Vitor Bento da administração daquela instituição e de elogiar a intervenção do regulador. “É do interesse de todos que este processo se possa desenvolver da forma mais expedita possível. Não é vender à pressa, amanhã, não há nenhuma razão para isso. É para vender nas melhores condições possíveis de modo a minimizar a incerteza”, disse o chefe do Governo, que falava aos jornalistas à margem da abertura da sessão comemorativa do 35.º aniversário do SNS, em Lisboa. As palavras do primeiro-ministro chegam um dia depois de o Banco de Portugal (BdP) ter confirmado que Eduardo Stock da Cunha foi o escolhido para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo Banco, depois de o último ter pedido para deixar o cargo na semana
Contratados exigem demissão do ministro
PASSOS COELHO. O primeiro-ministro diz ser do “interesse de todos” vender o Novo Banco “nas melhores condições possíveis” passada, quase dois meses depois de ter sido nomeado. Para Passos Coelho, a forma como Bento “agarrou” o Novo Banco “foi decisiva para que o projeto se iniciasse com muita credibilidade, o que é importante para a estabilidade do sistema financeiro”. Posteriormente, o primeiro-ministro enalteceu as “boas decisões” que Carlos Costa, governador do BdP, tem vindo a tomar no âmbito das suas funções independentes de supervisor. “Agradecemos ao senhor governador do Banco de Portugal não ter andado a tapar o sol com a peneira, fazer de conta que o problema não existia, a empurrar com a barriga para a frente, como porventura se fez no passado”, advogou o chefe do Governo. Passos Coelho lembrou ainda que o Governo, como “todos os portugueses”, não queria que a crise do BES aconte-
cesse. Nas suas palavras, a situação do BES foi um contratempo no processo de recuperação da economia em curso e “também não ajuda um Governo que tem eleições daqui a um ano”, defendendo que este é um problema que deve ser enfrentado de frente. “Se tivéssemos interesse em tapar o problema para poder fazer as eleições [legislativas de 2015] mais confortáveis, se calhar estaríamos muito aborrecidos com o senhor governador do BDP, por ter atuado como atuou. Mas não estamos. Estamos a dar todo o apoio, porque achamos que quando temos um problema ele tem de ser enfrentado e resolvido. Com eleições ou sem eleições”, declarou. A nova equipa de gestão do banco de transição que resultou da cisão do Banco Espírito Santo (BES) inclui ainda Jorge Freire Cardoso (administrador financeiro), Vítor Fernandes e José
João Guilherme. “No seguimento das propostas do doutor Eduardo Stock da Cunha como presidente, o novo Conselho de Administração do Novo Banco integrará o doutor Jorge Freire Cardoso, como administrador responsável pela área financeira, contando também com o doutor Vítor Fernandes e o doutor José João Guilherme”, informou o Banco de Portugal. A entidade liderada por Carlos Costa destacou que “Eduardo Stock da Cunha tem uma longa experiência de sucesso no setor financeiro, tanto nacional como internacional”. Eduardo Stock desempenhava atualmente funções de diretor no Lloyds Banking Group (LBG), em Londres, depois de ter trabalhado vinte anos como administrador no Grupo Santander Totta e, mais tarde, no Sovereign Bank/Santander Bank N.A., nos Estados Unidos”.
Seguro “chocado” com as palavras de Passos
“Fez tudo para destruir” o SNS O secretário-geral do PS diz-se “chocado” quando ouviu o primeiroministro, Passos Coelho, dizer que tudo fará para assegurar a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e defendeu um Estado forte não capturável por interesses. António José Seguro fez estas críticas no seu discurso na sessão de homenagem promovida pelo PS ao antigo ministro dos Assuntos Sociais António Arnaut, por ocasião do 35º aniversário do SNS. “Em política as palavras estão gastas, são precisos atos. Hoje, chocoume ouvir o primeiro-ministro dizer que tudo fará para garantir a sobrevivência do SNS, depois de tudo ter feito para o destruir ao longo destes três anos”, acusou o líder socialista. Para o líder do PS, o atual Governo integra-se numa corrente que entende
que “deve haver um Estado mínimo e cada português ser entregue à sua sorte”. “Eles não compreendem a importância do SNS. E, por isso, tudo têm feito para o destruir, para o diminuir, criar-lhe ruturas e baixar a sua qualidade. Nós não aceitamos em Portugal cuidados de saúde para os que têm dinheiro e outros cuidados para os que não têm posses”, disse. O secretário-geral do PS sustentou em seguida a tese de que o país justo “tem um Estado forte, que não é capturável pelos interesses e que separa claramente política e negócios”. “Um país justo é simultaneamente capaz de ter políticas públicas que traduzem a seguinte máxima: Todos tratamos de todos”, acrescentou Seguro, frisando ser um “admirador” do antigo ministro António Arnaut, numa interven-
ção em que assumiu como objetivo prioritário de um Governo socialista a defesa e sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Reunimo-nos aqui para reafirmar o nosso compromisso com o futuro do SNS. Mais do que invocar os 35 anos da sua criação, estamos aqui para reafirmar a necessidade de o país continuar a ter um SNS sustentável e de qualidade na prestação dos seus serviços”, vincou o líder dos socialistas. Com a presidente do PS e ex-ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, muito atenta ao discurso, Seguro defendeu que, a par da educação, “não há nada que mais contribua para combater a pobreza, a exclusão social e as desigualdades sociais e territoriais do que um bom SNS”. Neste contexto, o secretário-geral
do PS fez um rasgado elogio a António Arnaut, fundador do seu partido, antigo ministro de Mário Soares e antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano: “Foi isso que este homem simples, mas de convicções fortes e firmes, fez há 35 anos”. “Queremos aqui agradecer a visão de um homem e a importância política de reafirmar que, para o PS, o SNS não é um capricho, nem um ato para ficar na memória e História do país, mas sim um instrumento para a promoção da igualdade. António Arnaut é um camarada solidário, que nunca esqueceu as suas origens e que nunca perde uma oportunidade para afirmar as suas convicções e os seus valores. Sou um seu admirador como camarada, um admirador como republicano e um admirador como homem cívico”, concluiu.
Cerca de 100 professores contratados exigem a demissão do ministro da Educação, Nuno Crato, devido a alegados erros nas colocações através da Bolsa de Contratação de Escola. Os professores pedem a anulação do concurso e exibem cartazes com as palavras de ordem “Demissão” e “Está na hora do ministro ir embora”. O protesto reuniu professores maioritariamente contratados e foi convocado na rede social Facebook por diferentes organizações. O deputado do Bloco de Esquerda Luís Fazenda juntou-se à concentração designada “Meet no MEC” para manifestar solidariedade com os docentes. “Este concurso só pode ser anulado. Os apelos à demissão que aqui se ouvem são o corolário lógico de tanta incompetência”, disse o deputado à imprensa no local. Luís Fazenda afirmou ainda que a credibilidade do ministro sai “completamente queimada”, devido à alegada utilização de uma fórmula matemática contendo erros, o que segundo os professores, alterou o processo normal de graduação dos candidatos. Belandina Vaz, professora de História que tem participado nos protestos, disse a agência Lusa que a Bolsa de Contração de Escola - cujos resultados foram conhecidos na semana passada - contém “imensas irregularidades e falhas” na colocação de professores. “Ficou provado que a fórmula matemática que foi usada estava errada e a graduação não contou quase nada”, defendeu. Segundo a professora, o alegado erro fez com que milhares de professores com mais de 10 anos de serviço “ficassem em lugares muito inferiores” a outros com menos experiência. Belandina Vaz alegou ainda, à semelhança dos outros professores presentes na manifestação, que os subcritérios que tiveram de preencher numa plataforma informática “não são transparentes”. “Não sabíamos a que escola estávamos a responder” nestes campos, apontou. Leona Carrilho, uma professora com 15 anos de serviço presente no protesto, subscreveu as críticas da colega: “dou aulas há 15 anos e já passei por 20 escolas”, disse. Este ano não ficou colocada e vai continuar a concorrer para dar aulas de Português e Francês até que “a situação se resolva”. Vitor Miranda, membro da Federação Nacional dos Professores ( Fenprof), juntou-se ao protesto em solidariedade. Entrou este ano para os quadros no concurso extraordinário de vinculação, ao fim de 18 anos contratado. O problema, disse, foi a aplicação de uma fórmula que resulta numa média que não é ponderada e utiliza diferentes medidas. “É a mesma coisa que somar quilos com litros”, exemplificou. “Em última instância, se estivesse a aplicar isto aos meus alunos permitiria que um aluno com 20 pudesse ficar com negativa no final do período, ou que um aluno de zero entrasse na universidade com 50 por cento”, declarou. Os professores deixaram no Ministério um pedido de audiência. Ao protesto juntou-se a mãe de uma criança autista inscrita no agrupamento de escolas Patrício Prazeres, em Lisboa, onde terão mandado estes alunos (com necessidades educativas especiais) ficar em casa por ainda não estarem colocados os professores necessários.
Terça-feira, 16 de Setembro de 2014
economia
O Primeiro de Janeiro |
Vítor Bento diz sair “em momento oportuno” para futuro no Novo Banco
“Já foi encetado processo para rápida venda” Governo pretende aposta na economia «verde»
3 mil milhões em 2020
O Governo pretende que a atividade dos setores «verdes» tenha um impacto na economia de 3 mil milhões de euros em 2020, subindo aos 5.100 milhões em 2030, e que possa criar o dobro dos empregos. O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Moreira da Silva, apresentou, ontem, a proposta de Compromisso para o Crescimento Verde, resultado do debate entre as cerca de 100 organizações empresariais, científicas e financeiras reunidas na Coligação para o Crescimento Verde e apelou a todas as áreas da sociedade, dos políticos, às associações e aos cidadãos para que contribuam com as suas opiniões. O Compromisso abrange setores tão diversificados como os resíduos, a reabilitação urbana, a eficiência energética e hídrica, as emissões de dióxido de carbono, responsáveis pelas alterações climáticas, as energias renováveis, a qualidade do ar e a valorização da biodiversidade. Moreira da Silva, que falava aos jornalistas no final da apresentação, listou alguns objetivos do Compromisso, como “aumentar o PIB verde [Produto Interno Bruto ou criação de riqueza pelo país] e as exportações verdes em, pelo menos, 5% por ano” para gerar economia, emprego e reduzir a dependência do exterior, resumiu.
Presidente demissionário diz que Stock da Cunha é “uma pessoa muito experiente no setor”, “um profissional reconhecido”.
efeito desestabilizador no banco e no sistema financeiro”. Também, continua, porque “na altura não era ainda claro que não fosse possível prosseguir o projeto de médio prazo” com que iniciaram a missão. Vitor Bento diz ainda “estar praticamente concluído o balanço de abertura do banco, não auditado, mas que permitirá um diálogo mais sólido com as várias contrapartes dos negócios do banco e com as agências de ‘rating’”. E entretanto, continua, “já foi encetado um processo para a rápida venda do banco, gerido pelo Fundo de Resolução e pelo Banco de Portugal”: “por essas razões entendemos ser agora oportuno passar o testemunho a uma outra equipa de gestão mais alinhada com o projeto escolhido pelo acionista.” Aos clientes, Vítor Bento começa por explicar que a mudança “não tem nada de dramático” e espera que “até possa beneficiar o banco” e garante que, “além de alguns nomes, nada de essencial muda no banco”.
O presidente demissionário do Novo Banco, Vítor Bento, escreveu, ontem, aos colaboradores e clientes da instituição, justificando a saída do Conselho de Administração e destacando o “profissionalismo” e “experiência” do seu sucessor. “Estou convicto de que esta mudança ocorre no momento mais oportuno para o efeito”, escreveu Vítor Bento na comunicação interna aos colaboradores, acrescentando que “estão praticamente resolvidas as questões mais complexas e desgastantes da transição do regime do Banco”. O presidente demissionário do Novo Banco dirigiu duas cartas, uma aos colaboradores do Novo Banco e outra aos clientes. Vítor Bento afirma em ambas as cartas que o novo presidente é “uma pessoa muito experiente no setor”, “um profissional reconhecido”. “Os elementos que o acompanham na renovação da equipa são também profissionais reconhecidamente competentes”, acrescenta. “Oportuno passar o testemunho”
Na comunicação interna aos colaboradores, Vítor Bento lembra ter entrado a 14 de julho com José Honório e João Moreira Rato, numa envolvente “muito complexa e cheia de incertezas” e perante uma situação que se afigurava “com um período muito difícil”. Tal pressupunha, de acordo com o economista, “um razoável horizonte temporal para o efeito”. “Como é sabido, as coisas precipitaram-se muito rapidamente e o banco acabou objeto de uma medida de resolução, que correspondeu ao que as autoridades consideraram ser, dentro das circunstâncias, a que melhor protegeria o banco, os seus clientes e o seu futuro”, explica. Segundo Vitor Bento, a sua equipa acabou por aceitar fazer a transição para o novo regime, para “assegurar que a mesma não teria nenhum
Bruxelas quer venda rápida
Banco Novo. Comissão Europeia defende venda o mais rapidamente possível e que a alienação do banco pode ser feita em partes
Dia negativo na Europa
Bolsa de Lisboa fecha sessão a perder 1,25%
O principal índice da bolsa portuguesa, o PSI20, encerrou a sessão de ontem a descer 1,25% para 5.822,50 pontos, acompanhando a tendência negativa das praças europeias de referência. Das 18 cotadas que atualmente integram o PSI20, 14 desvalorizaram e quatro subiram. No resto da Europa, nos mercados de referência, as quedas variaram
entre os 0,04% de Londres e os 0,44% de Madrid. Frankfurt contrariou a onda negativa e cresceu uns ligeiros 0,09%. Por seu turno, os juros da dívida subiram em todos os prazos. A dez anos, os juros subiram para 3,245%, contra 3,235% no encerramento da sessão de sexta-feira. No mesmo sentido, no prazo a cinco anos, os juros estavam a subir, para 1,768%, contra 1,737%. A dois anos, os juros também estavam a subir, para 0,619%, depois de terem terminado a 0,589% na sexta-feira.
A Comissão Europeia defende, por seu turno, que o Novo Banco deve ser vendido o mais rapidamente possível e que a alienação do banco pode ser feita em partes a vários interessados. “Em ordem a ser viável, [o Novo Banco] deve ser vendido e integrado num banco que seja capaz de continuar as suas atividades de maneira viável”, disse o porta-voz do comissário da concorrência, Joaquín Almunia, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia. Já posteriormente, em resposta escrita, a Comissão Europeia acrescentou que “quanto mais rápido a venda acontecer” melhor, uma vez que esta é a melhor maneira de “a viabilidade dos ativos poder ser assegurada”. Ainda na conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão não se pronunciou especificamente sobre situação do banco e a saída da equipa de gestão liderada por Vítor Bento, pouco mais de um mês após o Novo Banco ter sido criado, acrescentando apenas que Bruxelas está “confiante de que a nova equipa [de gestão] vai implementar os compromissos” incluídos na decisão de agosto da Comissão Europeia.
6 | O Norte Desportivo
desporto
Terça-feira, 16 de Setembro de 2014
Estreia na «Champions» é hoje frente ao Zenit cheio de velhos conhecidos
Benfica começa aventura na liga milionária Os «encarnados» vão receber, no Estádio da Luz, os russos do Zenit de São Petersburgo, treinador por VillasBoas. O Benfica é uma das equipas que vai inaugurar a versão 2014/15 da Liga dos Campeões, que arranca hoje, dia em que o detentor do troféu, Real Madrid, recebe os suíços do Basileia, de Paulo Sousa. Os «encarnados» vão receber, no Estádio da Luz, os russos do Zenit de São Petersburgo, treinados pelo português André Villas-Boas e adversários no Grupo C, numa partida entre equipas que se encontraram uma única vez no âmbito da prova «milionária». Foi nos oitavos de final da edição de 2011/12, com vantagem para os portugueses, que passaram à eliminatória seguinte com uma vitória de 2-0, em casa, contra uma derrota por 3-2, fora. Frente a frente vão estar dois treinadores lusos, cujo confronto direto é favorável a Villas-Boas, à custa da época em que foi campeão pelo FC Porto (2010/11), ganhando também a Supertaça Cândido de Oliveira frente ao Benfica, assim como a Taça de Portugal, com a eliminação da equipa de Jesus nas meias-finais. Além dos internacionais lusos Danny e Luís Neto, o Zenit, líder isolado da Liga russa, tem no plantel outros jogadores que conhecem bem o Benfica, como Hulk (exFC Porto) e antigos jogadores do emblema lisboeta, como o belga Axel Witsel, o espanhol Javi Garcia e o argentino Ezequiel Garay, todos convocados. De fora das opções da equipa russa ficou o avançado Faizulin, a cumprir castigo devido à expulsão, por acumulação de amarelos, no jogo dos «play-offs» com o Standard Liège. Do lado dos «encarnados», o guarda-redes Júlio César integrou o treino. Nos primeiros minutos, abertos à imprensa, Júlio César – que ainda não se estreou pelas «águias» e esteve lesionado, com dores na coxa esquerda –, treinou com o grupo, às ordens de Jorge Jesus. Na sessão de trabalho, no
Centro de estágios do Seixal, destaque para a presença do mais recente «reforço» do campeão português, o avançado brasileiro Jonas, contratado a 12 de setembro e que não poderá jogar na «Champions», por apenas ter chegado agora. Jorge Jesus continua sem poder contar com os lesionados Sílvio, Ruben Amorim, Fejsa e Sulejmani, bem como com o argentino Franco Jara, que na última semana sofreu um aparatoso acidente de viação, do qual saiu com ferimentos ligeiros. Para o mesmo agrupamento, o Mónaco, treinado por Leonardo Jardim e com João Moutinho, Ricardo Carvalho e Bernardo Silva no plantel, está de regresso às lides da «Champions», recebendo os alemães do Bayer Leverkusen, que lideram a Liga alemã juntamente com Bayern Munique e Hanover. Real começa frente ao Basileia
«Champions». Benfica vai receber, no Estádio da Luz, os russos do Zenit de São Petersburgo, equipa que defrontou na época 2011/12
Liga Europa fica nos 9,9
Conquista do troféu vale 37, 4 milhões de euros
A equipa que vencer a Liga dos Campeões da época 2014/15 pode encaixar 37,4 milhões em prémios da UEFA, anunciou, ontem, o organismo que rege o futebol europeu. Benfica, Sporting e FC Porto estão entre os 32 clubes que vão disputar a prova e que recebem 8,6 ME apenas pela participação na fase de grupos, aos quais acresce um ME por vitória e 500 mil
euros por empate. A presença nos oitavos de final vale um «cheque» adicional de 3,5 ME, a qualificação para os quartos e as meias-finais rendem 3,9 e 4,9 ME, respetivamente, enquanto o vencedor da final de Berlim recebe 10,5 ME, contra 6,5 ME do finalista vencido. Na Liga Europa, em que participam o estreante Rio Ave e o EstorilPraia, os valores são substancialmente inferiores e o melhor a que uma equipa pode aspirar são 9,9 ME, quase um quarto do que poderá arrecadar na Liga dos Campeões.
Quem também entra em campo, hoje, é o campeão europeu em título, o Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão, na «ressaca» da derrota no dérbi de Madrid, dia em que vai receber os suíços do Basileia, treinados pelo português Paulo Sousa e que conta com o compatriota Michael Gonçalves, de 19 anos. Espanhóis e helvéticos, ambos no Grupo B, apenas se encontraram uma vez na competição, em 1971/72, na primeira eliminatória da então Taça dos Campeões Europeus, que os «merengues» venceram por 2-1 nas duas mãos. No outro jogo, os ingleses do Liverpool e os búlgaros do Ludogorets, de Fábio Espinho, vão defrontar-se pela primeira vez, com a particularidade de a equipa britânica não poder contar com o sérvio Lazar Markovic, ex-jogador do Benfica. No Grupo A, os campeões espanhóis, Atlético Madrid, com Tiago, visitam os gregos do Olympiacos, enquanto os italianos da Juventus recebem os suecos do Malmoe. Por fim, o Grupo D põe frente a frente os turcos do Galatasaray, de Bruma, e os belgas do Anderlecht, e os alemães do Borússia de Dortmund contra os ingleses do Arsenal, que já na época passada haviam partilhado o mesmo grupo.
PSP justifica uso de armas de fogo em Guimarães
Polícias agredidos A Polícia de Segurança Pública usou armas de fogo durante o Vitória de Guimarães - FC Porto, no domingo, da quarta jornada da I Liga, para pôr termo a agressões a alguns dos seus elementos. Em comunicado ontem divulgado, a PSP explica que, conforme decorre da lei, vai abrir um processo de averiguações para avaliar as circunstâncias e as consequências do recurso a «shotgun» com balas de borracha. Segundo a mesma nota, quando o efetivo policial se aproximou do local dos incidentes, foram “de imediato arremessadas na sua direção grades de ferro, cadeiras, paus de bandeira, moedas, isqueiros e cinzeiros, situação que colocou seriamente em risco a integridade física dos elementos policiais”. “Por forma a fazer cessar as agressões foram efetivados disparos com arma calibre 12 ‘shotgun’. Os disparos foram efetuados com munição policial menos letal - bagos de borracha”, detalha. Revelou ainda que foram detidos dois cidadãos, um pelo crime de injúrias e ameaças contra elemento policial e outro por agressões entre adeptos. Dos incidentes resultaram “ferimentos ligeiros em mais de uma dezena de polícias e um ferido que teve necessidade de intervenção no local pelos bombeiros de serviço ao jogo”.
Terรงa-feira, 16 de Setembro de 2014
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“PAPA” JARDIM DIXIT:
A igreja madeirense tem de ser mais “atractiva” “Papa” Jardim, enalteceu que a Igreja Católica Madeirense deve ir ao encontro das pessoas, “sem medo” em relação às “grandes questões sociais”. O incentivo do “papa” Jardim penso que é mais “Cerelac ou Nestum” que outra coisa. As palavras são de circunstância e como tal sem valor político. De qualquer forma, espero, agora, que o Bispo André Escórcio* António Carrilho, na primeira oportunidade, com o templo cheio, em um daqueles “Te-Deum”, onde o governo comparece em força e ocupa a primeira fila, lhe diga, olhos nos olhos, três coisas: primeiro, que apenas obedece a Roma; segundo, que a Igreja já cumpre a sua parte através do notável trabalho de muitas paróquias e instituições de solidariedade social; terceiro, sob a forma de interrogação, que tem feito o governo para resolver, a montante, o desemprego, a fome, a emigração e a desestruturação familiar? Já agora que o “papa” explique a razão pela qual o ex- presidente da Segurança Social da Madeira, Dr. Roque Martins, foi afastado? Teria sido por denunciar, ao tempo, que a pobreza já ultrapassava os 22%? E por que razão andaram, por detrás da cortina, a inviabilizar o Banco Alimentar Contra a Fome? Teria sido para que ninguém soubesse a realidade? Ora, quando o governo desperdiça tanto dinheiro em opções sem sentido, quando prefere ter um jornal de propaganda em relação ao esbatimento da pobreza, quando a megalomania eleiçoeira os invade em detrimento das prioridades sociais, julgo eu que tem é de ser recriminado publicamente. O problema é que falta coragem ao Bispo e a outros que por aí andam e, portanto, engolem aquelas declarações e não respondem, elegantemente e de imediato. Parece que têm medo, não sei de quê, mas têm. Porque há templos para pagar e, por enquanto, o “papa” Jardim é importante? Ora, se Cristo por aqui andasse, apontaria o dedo a um e a outro. Estou certo disso. www.comqueentao.blogspot.com
Arranque do novo ano letivo
Pais e professores descontentes O Ministério da Educação garante que o arranque do ano letivo decorre com normalidade, vendo como pontuais as manifestações nas escolas encerradas e sem docentes, os protestos contra turmas muito grandes ou os alegados erros nas colocações. No total são 5878 estabelecimentos de ensino público que ontem abriram as suas portas para começar as aulas, destinadas a cerca de 1200 mil alunos, havendo este ano menos 300 escolas do 1.º ciclo. Em algumas zonas do país, o encerramento destas escolas e transferência dos estudantes para outros estabelecimentos está a ser polémico com manifestações à porta das escolas encerradas ou com os pais a levar os alunos para as escolas que já não estão a funcionar. No Alentejo, região que este ano perdeu 35 escolas, registaram-se protestos em escolas do 1.º ciclo em Vila Ruiva (Cuba), Vila Nova da Baronia (Alvito) e Rio de Moinhos (Aljustrel), segundo fontes das autarquias e do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS). Por exemplo, os pais e encarregados de educação dos alunos da escola de Vila Ruiva, que não abriu este ano, decidiram que os miúdos não iriam esta semana às aulas, alegando não saber para que escola deveriam ter levado os seus filhos e criticando o facto de a autarquia não tem como transportar os alunos. Noutras regiões do país onde houve
encerramentos de escolas, os encarregados de educação optaram por outra forma de protesto, tendo levado os seus filhos para a escola do 1.º ciclo da Erada, na Covilhã, que estava fechada. No centro do país, em Penacova, os problemas são outros: os pais e encarregados de educação de alunos da Escola Básica 1 de Figueira de Lorvão dizem que não está a ser cumprida a legislação que obriga a criar turmas mais pequenas quando há crianças com necessidades específicas. Em Leiria, os pais dos alunos da Escola Básica do 1.º ciclo do Vidigal queixam-se da falta de segurança e decidiram encerrar o estabelecimento de ensino a cadeado, como forma de protesto contra o facto de a escola ter apenas uma assistente operacional a tempo parcial. “O ano letivo está a começar bem, apesar de uma ou outra contestação”, frisou o ministro da Educação e Ciência, referindo que este é um processo que envolve “milhares e milhares de pessoas, de muitos professo-
res e diretores”. Nuno Crato garantiu que “não há uma única providência cautelar” contra o encerramento de escolas com efeitos suspensivos e garantiu que o ano escolar se iniciou com normalidade. Questionado sobre a contestação dos professores contratados que alegam terem existido erros informáticos na sua colocação, Nuno Crato disse não conhecer em pormenor essa contestação. Segundo o ministro, “num universo de 100 e tal mil professores no sistema educativo público, fala-se da colocação de mil/dois mil professores que está hoje a ser feita”. Em muitas escolas, o arranque do ano letivo decorreu normalmente, como por exemplo, na Secundária Virgílio Ferreira, em Lisboa, um agrupamento com quase quatro mil alunos e 300 professores, onde faltam apenas substituir os onze professores doentes e os dois que decidiram rescindir, segundo dados da diretora do agrupamento.
“MAPA O Jogo da Cartografia” estreia em outubro
“Discutir a Polis onde vivem” “MAPA O Jogo da Cartografia” estreia em outubro no Mosteiro de São Bento da Vitória, Porto, juntando em palco centena e meia de comuns residentes das zonas ocidental, oriental, e central da cidade que “discutem a Polis onde vivem”. “Quer então dizer que podemos reconquistar a nossa Invicta?”, ouve-se algures ao longo dos cerca de 80 minutos da peça. São as “tribos” das várias zonas da cidade que procuram, sem o fazerem numa otica de queixume, propor o que fazer de melhor pelo e no Porto. Coproduzido pela PELE - Espaço de Contacto Social e Cultural, Serviço Educativo da Casa da Música e Teatro Nacional São João (TNSJ), “MAPA” é um espetáculo de teatro comunitário onde os intérpretes são atores amadores “recrutados” em cinco grupos teatrais da cidade: Grupo de Jovens AGE, Grupo “As Auroras”, do Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário EmComum, de Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro de Surdos do Porto, e do centro histórico, o Grupo de Teatro Comunitário da Vitória. É uma história, uma espécie de assembleia, uma reunião de pessoas que se propõem fazer o desenho de um novo mapa para a cidade, aliás, e con-
forme disse à Lusa o diretor da PELE, Hugo Cruz, “se algum político estiver interessado em vir ver [a peça], fica com um programa político feito”. A ideia começou a ganhar forma em janeiro deste ano e vê a luz do dia, em estreia absoluta, entre 31 de outubro e 02 de novembro, integrada na programação do TNSJ. Primeiro foi preciso, descreveu Hugo Cruz, levar as pessoas de cada lugar aos restantes: “Quando isso acontece [o desconhecimento de como é o bairro vizinho] há tendência para se ter uma ideia desvirtuada, ideias pré-concebidas”, disse o responsável. Maria Gil, que pertence ao grupo de dramaturgia e é atriz na peça, contracenando com três filhos - a Mariana, de oito anos e os gémeos Salvador e Vicente, de 13 - confirma a visão de Hugo Cruz: “Este convívio de faixas etárias e de gente de lugares diferentes é uma aprendizagem para os miúdos e ajudanos a nós, adultos, a desmontar preconceitos”. “Está a ser giro descobrir o Porto, ver que há tanta gente diferente mas no fundo toda igual”, completou Mariana Gil, a mais jovem atriz da peça. Ao lado, José Brochado, de 65 anos, a quem caberá encarnar o papel de um centro his-
tórico “envelhecido e cansado”, remata: As pessoas da minha idade são parvas quando não aderem e se recusam a vir aprender com os mais jovens”. Após esta fase, a da “conceção”, que incluiu recurso a historiadores, especialistas em realojamentos do Porto, entre outros “peritos”, seguiu-se aquele “momento da apropriação, de fazer de um lugar qualquer um lugar nosso”, conforme refere a contextualização do projeto que que é cofinanciado pela Secretaria de Estado da Cultura, DireçãoGeral de Artes. Assim, “MAPA” é uma criação coletiva, tendo cabido a Regina Guimarães o papel de “cozer” tudo o que as pessoas queriam dizer, conjugando vozes, encontrando pontos comuns, “mas sem deixar de respeitar a diversidade”, garantiu Hugo Cruz. Nesta peça não cabem os “discursos montados e formatados” e os intérpretes entregaram-se com “enorme generosidade”, algo constatável quando se vê ouvintes a “trocar gestos” com não ouvintes em noite de ensaio. É que uma vez que, por iniciativa própria, algumas pessoas procuraram aprender Língua Gestual, atenuando a potencial dificuldade de integração dos membros do Grupo de Teatro de Surdos do Porto.