ANDRÉ VILLAS-BOAS NO ZENIT TÉCNICO PORTUGUÊS TENTA RELANÇAR A CARREIRA NA RÚSSIA
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DIÁRIO NACIONAL
Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
Ano CXLVI | N.º 80
Quarta-feira, 19 de março de 2014
ANGELA MERKEL IMPRESSIONADA PROMETE NÃO FALHAR A PASSOS
APO!O
INCONDICIONAL n Merkel garantiu em Berlim, após um encontro com o primeiro-ministro Passos Coelho, que a Alemanha apoiará Portugal qualquer que seja a forma que o Governo português escolha para sair do programa de assistência financeira. “Portugal está no bom caminho. Hoje podemos dizer que vemos sinais de crescimento e os indicadores económicos são muito positivos”, destacou a chanceler alemã...
PORTO
Mais de 3000 pessoas protestaram contra cortes na Educação Especial
JERÓNIMO
“A senhora Merkel não ajudou Portugal e os portugueses”
FALECEU
Medeiros Ferreira, o político responsável pela adesão à CEE
2 | O Primeiro de Janeiro
local porto
Quarta-feira, 19 de Março de 2014
Eleições para os órgãos sociais da ATP realizam-se amanhã
Rui Moreira lidera única lista O presidente da Câmara Municipal do Porto lidera a única lista candidata aos órgãos sociais da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP), sendo que as eleições estão marcadas para amanhã. Em comunicado, a ATP, estrutura responsável pela promoção externa da região, revelou que a lista candidata inclui a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT) e a Associação Comercial do Porto (ACP) nas vice-presidências, sendo o mandatário da candidatura o atual presidente da ACP, Nuno Botelho. A presidência da assembleiageral ficará a cargo da Área Metropolitana do Porto através de Lino Ferreira, com o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e a Travel Health Experience como primeiros e segundos secretários, respetivamente, enquanto o conselho fiscal será presidido pela Fundação de Serralves.
Câmara de Baião
Rios Ovil e Teixeira repovoados com 4000 trutas
RUI MOREIRA. Presidente da Câmara lidera a única lista concorrente às eleições para a Associação de Turismo do Porto “Uma das principais propostas do programa de candidatura assenta na criação de um novo modelo organizacional, abrangendo a gestão, financiamento, angariação e relacionamento com os associados (públicos e privados) e que congregue, sob alçada da ATP, o acolhimento, a comercialização, o apoio à venda e a comunicação/promoção da marca destino Porto e Norte de Portugal”, refere o comunicado. O mesmo documento acrescen-
ta que “a equipa que se apresenta a eleições na ATP assume o compromisso de trabalhar no sentido de conceber e implementar uma estratégia que reforce a marca Porto e Norte a nível internacional em prol do combate à sazonalidade, do aumento das receitas provenientes do turismo, do incremento das dormidas de estrangeiros no destino, dando cumprimento aos objetivos estratégicos delineados pelo Turismo de Portugal, em estreita parce-
ria com os associados privados do setor”. A Câmara Municipal do Porto já detinha a presidência da ATP durante o mandato anterior, através do então vice-presidente da autarquia, Vladimiro Feliz, tendo dado lugar a Rodrigo Pinto de Barros, da APHORT, como presidente interino, na sequência da mudança de executivo camarário. As eleições para a ATP realizamse amanhã, pelas 17h00, no Porto.
Presidente da ANEAE pede ao Governo para “reconhecer erro”
Cortes na Educação Especial preocupam O presidente da Associação Nacional de Empresas de Apoio Especializado (ANEAE) pediu ao Governo para “reconhecer o erro” dos cortes no Subsídio de Educação Especial, que podem deixar “milhares de crianças” com deficiência sem apoio para terapias. “Neste momento, foram feitos cerca de 13 mil requerimentos no país. Estão a ser devolvidos 95% dos processos. Centenas de crianças já não têm apoios. Vão ser milhares, se o Governo não inverter este processo. Lamenta-se que ache que isto é uma poupança e não um investimento. Estas crianças, daqui a uns anos, poderão ter um custo superior para o país”, frisou Bruno Carvalho, em declarações aos jornalistas. A ANEAE e a Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades de Apoio Especializado (APACJNAE) organizaram, ontem de manhã, em frente ao Instituto de Segurança Social do Porto, um protesto que juntou mais de 3000 pesso-
as de todo o país contra um protocolo de outubro que “alterou as regras de atribuição do Subsídio de Educação Especial (SEE)”. “Pelo menos que esta manifestação seja uma boleia para os políticos terem a coragem de reconhecer o erro, o corrigirem e minimizarem o estrago. Há crianças que, tendo ficado sem apoios, viram planos terapêuticos que estavam a ser desenvolvidos há meses e anos voltar à estaca zero. Pelo menos para que fique a esperança para estas crianças”, afirmou Bruno Carvalho. O responsável explicou estar em causa o protocolo assinado entre o Conselho Diretivo da Segurança Social e a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares a 22 de outubro, que “está a marginalizar” as crianças com necessidades especiais. Isto porque, explicou, lhes está a retirar apoios nas áreas “da psicologia clínica, terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia, fisiatria, neurologia ou pedopsiquiatria”.
“Pretendemos que os nossos filhos não fiquem sem terapias. Sem estes apoios, os pais não conseguem pagálas. Há muitas crianças que estão a precisar de terapias e estão encostadas porque os pais não conseguem”, descreveu Helena Ferreira, vice-presidente da APACJNAE. Mãe de uma criança autista de quatro anos, Helena Ferreira explicou que “ainda está a ter as terapias necessárias, mas a clínica esta a trabalhar de graça e isso vai acabar”. “Não consigo pagar. Em casa, sozinha, não consigo, na escola também não conseguem. Tem de ter estes apoios para ver se ele consegue ter uma vida com alguma dignidade”, observou. O protesto de ontem prolongou-se durante mais de duas horas, entre as 10h00 e as 12h00, e a concentração em frente ao edifício da Segurança Social do Porto obrigou a cortar o trânsito na rua António Patrício. Vestidos de negro e segurando bandeiras
e balões pretos, os manifestantes desta ação, intitulada “Agradecer Cara a Cara”, entoaram palavras de ordem como “Subsídio sim, protocolo não”, “Vocês são uns ladrões” e “O povo unido jamais será vencido”. Um grupo de pais depositou simbolicamente à porta do edifício um caixão do SEE. “Isto é só um primeiro momento. Vamos continuar enquanto não se resolver”, garantiu Bruno Carvalho, depois de uma reunião em que as preocupações dos manifestantes foram transmitidas a “Ana Venâncio, diretora adjunta do Instituto de Segurança Social do Porto”. Na sexta-feira, a Assembleia da República discute e vota em plenário um projeto de resolução apresentado pelo BE para recomendar ao Governo “a suspensão imediata do protocolo de colaboração” e a “reavaliação de todos os pedidos indeferidos em 2013 e 2014 para Subsídio de Frequência de Estabelecimento de Educação Especial”.
A Câmara de Baião e o Instituto de Conservação da Natureza vão avançar com o repovoamento piscícola nos rios Ovil e Teixeira, com cerca de 4000 trutas. De acordo com fonte da autarquia nortenha, a ação vai decorrer a partir de hoje, anunciando-se o lançamento de espécimes de “truta-fário” com cerca de quatro centímetros. O arranque da iniciativa está agendado para as 11h00, na zona de lazer da Fraga, banhada pelo rio Ovil e situada na freguesia de Campelo e Ovil. No final de 2010, uma ação semelhante foi realizada naqueles cursos de água. Na ocasião, técnicos da Direção Geral de Florestas participaram no projeto que se propunha “trazer mais vida a estes rios praticamente selvagens”. A ideia partiu da câmara municipal e previa a instalação, em vários pontos destes cursos de água, de recipientes com óvulos de truta. Na atividade participaram autarcas das freguesias, crianças em idade escolar, pescadores do concelho e representantes de associações ambientais. Baião é o concelho do distrito do Porto com maior percentagem de áreas verdes e florestais – 63% do território. Aquele tipo de atividades de repovoamento dos rios decorre, segundo o município, “no âmbito das políticas de preservação da fauna e da flora e de promoção do equilíbrio ecológico do concelho”. Nos últimos anos, a autarquia liderada por José Luís Carneiro tem realizado outras ações para preservar e potenciar as condições naturais do concelho. Programas de educação ambiental, implementação de ações de defesa e vigilância da floresta, adoção de um plano de reflorestação dos espaços verdes do município e aposta em sistemas de eficiência energética são alguns exemplos daquela estratégia. A edilidade é parceira da associação ambientalista Quercus no projeto “Eco-saldo”, que se propõe calcular a pegada ecológica do território e verificar se Baião é um concelho amigo do ambiente. As duas entidades estão envolvidas na criação do Centro Interpretativo do Carvalhal de Reixela, uma das zonas florestais mais ricas do concelho, onde podem ser encontrados exemplares de carvalho-alvarinho e negral, para além de outras espécies.
regiões
Quarta-feira, 19 de Março de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Câmara de Sintra pede “plano de urgência” ao Ministério da Educação
Denunciar contratos-programa Paralisação na Valorsul
“Adesão à greve está a ser elevada”
A adesão ao segundo dia de greve dos trabalhadores da Valorsul, em Loures, era, às 09h00 de ontem, elevada, segundo fonte do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas. O dirigente sindical Navalha Garcia adiantou que nos turnos da noite e no das 08h00 nas centrais só funcionaram os serviços mínimos. “Não vou referir percentagens, nós não queremos entrar na guerra dos números. Para nós o que é fundamental é a forte participação dos trabalhadores”, concluiu.
Aposta no ensino superior
Lisboa quer atrair estudantes estrangeiros
A Câmara de Lisboa e várias universidades da capital querem atrair mais estudantes estrangeiros e desenvolveram um portal para mostrarem o que acontece na cidade ao nível do ensino superior. “A plataforma ‘Study in Lisbon’ foi feita em parceria com universidades e instituições e a ideia é existir em Lisboa um portal onde tudo o que aconteça na cidade relacionado com o ensino superior esteja agregado e visível”, explicou a vereadora da Educação. Segundo Graça Fonseca, na região de Lisboa existem 17 mil estudantes estrangeiros, 13 mil dos quais a tempo inteiro.
“Preocupa-me muito porque amanhã há um problema grave numa escola e a Câmara fica muito mal vista”, disse Basílio Horta. O vice-presidente da Câmara de Sintra, Rui Pereira, admitiu, ontem, que a autarquia venha a denunciar os contratos-programa com o Ministério da Educação devido à falta de investimentos no parque escolar no município. Na reunião do executivo, o autarca social responsável pela Educação defendeu a necessidade de solicitar ao Governo apoio para “um plano de urgência” para a reabilitação de escolas do concelho com graves problemas estruturais. Rui Pereira, após quatro reuniões com o Ministério da Educação, ficou com a convicção de que “existe a vontade expressa de economizar”. O socialista considerou, no entanto, que Sintra possui das maiores populações escolares no País e precisa de requalificar equipamentos. “É essencial que o ministério se disponibilize para ajudar a Câmara nesta situação e que também cumpra a sua obrigação, porque se assim não for temos de repensar a nossa relação”, alertou Rui Pereira, que numa “situação limite” admitiu “denunciar os contratos com o ministério”.
Sintra. Câmara pode vir a denunciar os contratos-programa com o Ministério da Educação devido à falta de investimentos no parque escolar no município O presidente da autarquia, Basílio Horta, também assumiu que a Câmara deve “confrontar o Governo com as suas responsabilidades” e acrescentou que, nas escolas que visitou, viu salas de aula “com alguidares” e “telhados quase a céu aberto”. “Preocupa-me muito esta situação, porque amanhã há um problema grave numa escola e a Câmara Municipal fica muito mal vista quando, no fim de contas, não tem meios para resolver essa questão”, disse Basílio Horta. Rui Pereira anunciou que, no
próximo mês, a Deco – Associação de Defesa do Consumidor vai “monitorizar alguns dos equipamentos escolares” do município. O vereador salientou que, em relatórios da autarquia, do final de 2012, estão identificadas necessidades em equipamentos do primeiro ciclo e jardim-deinfância na ordem dos 114,3 milhões de euros. No segundo e terceiro ciclos, as intervenções totalizam 108, 4 milhões de euros. Rui Pereira lamentou que, perante a existência de “patologias gravís-
simas” detetadas em obras realizadas no concelho “não tenham sido acionadas as garantias bancárias dessas empreitadas”. Entre as situações mais graves estão as escolas de Monte Abraão, construída sobre uma nascente, ou de Pego Longo, com “algerozes dentro das salas”. “Os equipamentos que não estavam em condições de ser aceites pela câmara não foram aceites e são ainda hoje da responsabilidade exclusiva do Ministério da Educação”, afirmou o vereador independente Marco Almeida.
Investigação ao homicídio de Rosalina Ribeiro
Tribunal de Instrução vai inquirir Duarte Lima A inquirição a Duarte Lima no processo de homicídio de Rosalina Ribeiro, a pedido das autoridades judiciais brasileiras, vai ser realizada pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC). Fonte judicial disse, ontem, que a carta rogatória das autoridades brasileiras “foi enviada no dia 14 ao Tribunal de Instrução Criminal pela 6.ª Vara Criminal, para distribuição por aquela instância”. O envio da carta rogatória pela 6.ª Vara Criminal ao TIC é realizado depois de o tribunal de Saquarema, onde corre trâmites a ação, ter informado que
Justiça. Duarte Lima foi acusado pelo Ministério Público brasileiro pelo homicídio de Rosalina Ribeiro
“o processo está em fase de instrução e não de julgamento”, ao contrário do que fora afirmado inicialmente. A carta rogatória das autoridades judiciais brasileiras para a inquirição a Duarte Lima no processo do homicídio de Rosalina Ribeiro foi distribuída a 10 de fevereiro à 6.ª Vara Criminal de Lisboa. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o pedido foi feito “atendendo à fase em que se encontra o processo brasileiro, posterior à dedução de acusação pela prática de crime de homicídio”, em finais de outubro de 2011.
Duarte Lima foi acusado pelo Ministério Público brasileiro pelo homicídio de Rosalina Ribeiro, morta em dezembro de 2009, em Saquarema, nos arredores de Rio de Janeiro. O antigo líder parlamentar do PSD era o advogado de Rosalina Ribeiro num processo na Justiça brasileira com a filha do português Lúcio Feiteira, falecido em 2000, relacionado com a herança milionária. Duarte Lima encontra-se em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, em Lisboa, ao abrigo de um outro processo relacionado com o BPN.
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nacional
Quarta-feira, 19 de Março de 2014
Angela Merkel reuniu-se com Passos Coelho em Berlim
“Alemanha apoiará qualquer decisão do Governo português” A chanceler alemã garantiu, em Berlim, após um encontro com o primeiro-ministro Passos Coelho, que a Alemanha apoiará Portugal qualquer que seja a forma que o Governo escolha para sair do programa de assistência financeira. Numa conferência de imprensa conjunta na chancelaria federal, após um almoço de trabalho de cerca de uma hora que foi dominado pela conclusão do programa de assistência a Portugal – com data prevista para 17 de maio –, Passos Coelho indicou que teve oportunidade de comunicar à chanceler que o Governo “não tomou ainda uma decisão quanto aos termos em que irá sair desse programa”, tendo Merkel afirmado que compreende que Portugal espere até mais perto da data para decidir. “É uma decisão que cabe ao Governo português e será tomada mais perto da altura, até porque sabemos como as coisas estão constantemente a mudar (…) Compreendo muito bem que o primeiro-ministro diga que vai decidir quando for altura de
BERLIM. Passos Coelho pode contar com o apoio incondicional de Angela Merkel, seja qual for a “saída do programa” escolhida pelo Governo português… decidir, e a Alemanha apoiará qualquer decisão que o Governo tomar. Nós sempre apoiámos Portugal e vamos continuar a fazê-lo. E vamos esperar pela altura em que a decisão vai ser tomada, mas penso que o contexto é muito positivo”, começou por referir Merkel. A chanceler alemã insistiu que “Portugal está no bom caminho”, com “um crescimento melhor que o previsto” e que “é mérito de quem levou a cabo as reformas”, num contexto que admitiu ser difícil para os cidadãos mas que, sustentou, começa a produzir frutos. “Estou de facto muito
impressionada. Portugal passou por reformas muito profundas, com grandes dificuldades e encargos para todas as pessoas no país, mas hoje podemos dizer que vemos sinais de crescimento e os indicadores económicos são muito positivos”, disse, acrescentando ter, por isso, “o maior respeito pelo que tem sido feito em Portugal”. Quanto ao pós-‘troika’, disse que a grande prioridade, inclusivamente no apoio que deve ser prestado a Portugal, também a nível europeu, é o de “criar emprego e combater o desemprego jovem”, manifestando-se confiante de que, em breve, também o mercado de
trabalho vai sentir os efeitos do crescimento económico. Também Passos Coelho realçou o que classificou como os progressos feitos ao longo dos últimos anos, apontando que teve oportunidade de “salientar à chanceler Merkel” que Portugal conseguiu “uma mudança estrutural na economia portuguesa, que é hoje muito atrativa para o investimento estrangeiro, e que já proporciona uma perspetiva de crescimento económico quer para este ano, quer para os anos seguintes, que é uma perspetiva muito positiva quer para o crescimento sustentado quer para a criação de emprego”. O primeiro-ministro português sustentou que Portugal também tem conseguido corrigir as contas públicas - sendo mesmo, “de todos os países que conheceram programas de assistência financeira”, aquele que “conseguiu um resultado em termos de défice mais favorável”. Quanto à saída do programa, disse que há “boas perspetivas”, embora o Governo ainda não tenha decidido se optará por uma saída “limpa” – sem qualquer apoio, como fez a Irlanda, em dezembro último – ou com uma linha de crédito cautelar. “Mas evidentemente que é muito importante que hoje nos estejam a perguntar como é que nós vamos sair, e não se precisamos ou não de um outro programa, e isso faz toda a diferença”, concluiu Passos.
FP acusa Governo de ignorar os trabalhadores do setor social
“Sem aumentos salariais há quatro anos” A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais acusa o Governo de ignorar os trabalhadores do setor social e revelou que há funcionários que recorrem a Instituições de Solidariedade Social a pedir ajuda. A denúncia da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FP) surge depois do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social (MSESS) ter contratualizado o Fundo de Reestruturação do Setor Solidário. Este fundo, no valor de 30 milhões de euros, vai servir para ajudar as instituições sociais que necessitem de assegurar a sua sustentabilidade financeira, sendo que são as próprias instituições que em parte financiam o fundo através da comparticipação estatal que recebem.
Luís Pesca, representante da FP, concordou com a valorização que Pedro Mota Soares fez do setor social, mas disse que esperava do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social o reconhecimento do mérito dos trabalhadores que estão nestas instituições. “Em momento algum o senhor ministro se preocupou que estes trabalhadores não têm aumentos salariais há quatro anos”, explicou. Segundo o mesmo sindicalista, os argumentos por parte das entidades empregadoras é que não recebem comparticipações por parte do Governo que cheguem para fazer face aos aumentos salariais. Luís Pesca alertou que a maior parte destes trabalhadores recebe o ordenado mínimo nacional e tem “um subsídio de alimentação extremamente baixo”, sublinhando que estão em causa fun-
cionários que “se dedicam ao bem do próximo” e “às necessidades das populações”. O sindicalista revelou mesmo que a FP tem conhecimento de situações de trabalhadores do setor social que são simultaneamente funcionários e utentes. “Os seus salários não chegam para fazer face às suas despesas mensais e necessitam de recorrer aos serviços e à ajuda destas instituições, às vezes na mesma em que prestam serviço”, denunciou. Luís Pesca acrescentou que, para além da não atualização salarial, o setor social vive dificuldades ao nível da negociação e da contratação coletiva, do pagamento do trabalho extraordinário ou da tentativa de introdução de regimes de adaptabilidade. Em causa estarão milhares de trabalhadores, entre cinco mil a seis mil trabalhadores, divididos pelas centenas de Misericórdias
e pelas muitas centenas de Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS) do país. De acordo com Luís Pesca, a FP já apresentou uma proposta de revisão salarial à Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS) e à União das Misericórdias de Portugal (UMP), que estava dependente da assinatura dos protocolos. “A exemplo do que foi no passado, com valores de atualização na ordem de 1%, já estão quase a condicionar o não aumento dos salários destes trabalhadores mais um ano”, apontou. Disse já ter sensibilizado o MSESS para estas situações, mas que as respostas “têm sido zero”. “É triste vermos um ministro da Solidariedade Social alegre com o aumento da procura por parte dos cidadãos a estas entidades”, concluiu.
Jerónimo de Sousa (PCP) critica postura de Passos Coelho
“Merkel não ajudou os portugueses”
O líder comunista criticou a
postura do primeiro-ministro no encontro com a chanceler alemã e o agradecimento da ajuda a Portugal, afirmando que Angela Merkel ajudou os “mega bancos” germânicos. “Não dignifica. A senhora Merkel não ajudou Portugal e os portugueses. A Alemanha sim, foi ajudada com esta política de empobrecimento e os seus mega bancos. Agradecer o quê?”, questionou Jerónimo de Sousa, após um encontro com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, em Lisboa. Merkel garantiu ontem, em Berlim, após reunião com Pedro Passos Coelho, que a Alemanha apoiará Portugal qualquer que seja a forma escolhida para sair do programa de assistência financeira. “Isso é uma expressão que dá para tudo e dá para nada. Dizer que se está de acordo seja qual for a saída quando não se sabe a saída... é muito simpático, mas no concreto não diz nada. Ficámos mais preocupados quando a senhora Merkel se encontrou muito satisfeita com a imposição da política de austeridade e sacrifícios tremendos que se processou durante estes três anos. Congratulou-se com o bom caminho”, lamentou o secretário-geral do PCP. Numa conferência de imprensa conjunta na chancelaria federal, após um almoço de trabalho de cerca de uma hora dominado pela conclusão do programa de assistência a Portugal - prevista para 17 de maio -, Passos Coelho indicou que teve oportunidade de comunicar que o Governo luso “não tomou ainda uma decisão quanto aos termos em que irá sair desse programa”, merecendo a compreensão de Merkel para uma decisão mais perto da data. “Vimos o primeiro-ministro português numa posição que não honra, não dignifica o nosso patriotismo, de chapéu na mão, perante a senhora Merkel, que ficará muito satisfeita com esta apresentação de chapéu na mão. Os portugueses não sentirão que tenha havido algum brio patriótico por parte do primeiro-ministro”, disse ainda o deputado comunista.
Quarta-feira, 19 de Março de 2014
economia
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Segundo leilão de recompra de linha que termina em outubro de 2015
Tesourou só amortiza 50 milhões de dívida Aumento da venda de carros em Portugal
Em primeiro lugar Portugal foi o país da Europa onde a venda de automóveis novos mais aumentou em fevereiro face ao mesmo mês do ano passado, tendo-se registado um crescimento de 40,2%. De acordo com a Associação de Construtores Automóveis da Europa (ACEA), foram vendidos 10.541 automóveis em Portugal em fevereiro passado, ou seja, cerca de mais três mil do que no mesmo mês de 2013. Já em janeiro Portugal apresentava um dos maiores crescimentos da Europa, ficando em segundo lugar a seguir à Irlanda. Nos dois primeiros meses do ano, o aumento de vendas de carros novos foi de 36,2%. No mês passado, o segundo lugar foi ocupado pela Lituânia, com um aumento de 40,1%, e o terceiro pela Polónia, com um crescimento de 35,2%. No conjunto da União Europeia, o aumento dos registos de matrículas novas ficouse pelos 8% face a fevereiro do ano passado, sendo que esse foi o sexto mês consecutivo de subidas. No total, foram vendidos 861.058 novos automóveis no mês passado nos 27 países da UE (com exceção de Malta). Em termos de grupos automóveis, a alemã Volkswagen vendeu mais 8%, as francesas Renault e PSA Citroen aumentaram 11,7% e 3,6%, respetivamente, as norteamericanas General Motors e Ford cresceram 12,6% e 12,2% e a japonesa Toyota aumentou 16,2%.
IGCP defende que a operação “correu muito bem” e demonstra “a confiança dos investidores”, que só vendem a preços muito altos. O Tesouro português só conseguiu, ontem, amortizar 50 milhões de euros da dívida total de 8,2 mil milhões de euros que tinha para pagar até outubro de 2015. O instituto que gere a dívida pública (IGCP) foi ao mercado para recomprar uma parte desta linha de Obrigações do Tesouro, naquele que foi o segundo leilão de recompra em menos de um mês. O rácio de cobertura da operação foi 17,8 vezes e o preço médio da recompra foi de 104,30 euros (a uma taxa cupão de 3,35%). Comentando a operação do IGCP, o diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva, considerou que “o montante recomprado é tão pequeno que se torna praticamente irrelevante”. Após esta operação - que sucede a realizada no final de fevereiro quando o Tesouro português recomprou 1,32 mil milhões de euros em obrigações que tinha para pagar em outubro deste ano e outubro de 2015 - a linha que vence em outubro de 2015 passa a ter um montante total de cerca de 8,15 mil milhões de euros. “A maior parte dos investidores preferiu ficar de fora deste reembolso antecipado e manter os títulos de dívida, que lhe garantem uma taxa cupão de 3,35%. Quem tem dívida portuguesa não está interessado em desfazer-se dela, até porque não tem outras alternativas de investimento mais apelativas”, disse. De acordo com o economista, na operação de ontem, o montante foi recomprado a uma taxa (‘yeld’) de 0,58%. Para Filipe Silva, “o risco/ retorno de Portugal, pelo menos no prazo de ano e meio, continua a ter interesse”. “O preço a que o Estado recomprou é o preço a que esta dívida está no mercado secundário”, acrescentou. IGCP contente
Já o presidente do IGCP defendeu que a operação de recompra
de dívida no valor de 50 milhões de euros “correu muito bem” e demonstra “a confiança dos investidores”, que “só estão prontos a vender a preços (…) muito elevados”. Interrogado pelos jornalistas por que razão foram recomprados apenas 50 milhões de euros em dívida que vencia em 2015, João Moreira Rato disse que “é uma questão de preço”. “No fundo, estavam só a querer vender a preços que nós consideramos muito elevados. Esta operação correu muito bem porque mostra a confiança dos investidores, que, nesta fase, só estão prontos a vender a preços que nós consideramos muito elevados”, defendeu. Falando à margem de um almoçodebate promovido em Lisboa pela Câmara do Comércio Luso-Francesa, o presidente do IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa, disse ainda que “o facto de os preços estarem muito elevados mostra o nível de conforto que [os investidores] têm”, o que indicia que os mercados acreditam que as obrigações vão valorizar nos próximos tempos. Alerta da Moody’s
Mercado. Tesouro só conseguiu amortizar 50 milhões de euros da dívida de 8,2 mil milhões de euros que tinha para pagar até outubro de 2015
Em linha com a Europa
Bolsa de Lisboa fecha sessão a valorizar
O PSI20 fechou, ontem, em alta, a valorizar 0,89% para os 7.516,38 pontos, em linha com as principais praças europeias, numa sessão que foi impulsionada pela Galp, que ganhou mais de 2%. Das 19 cotadas que atualmente compõem o principal índice da bolsa em Lisboa, 15 fecharam com ganhos, uma permaneceu inalterada e três registaram perdas. A animar
a sessão estiveram os títulos da Galp Energia, que subiram 2,25% para os 12,04 euros por ação. Já os juros da dívida soberana de Portugal desceram em todos os prazos em relação a segunda-feira e a dois anos para mínimos desde janeiro de 2010. Às 08h35 de ontem, os juros a dez anos estavam a 4,451%, abaixo dos 4,519%, no prazo de cinco anos, os juros estavam a descer, a negociarem a 3,407%, contra 3,472%, e no prazo de dois anos, os juros também estavam a descer, negociados a 1,273%.
A agência de notação financeira Moody’s alertou que a saída de Portugal do programa de assistência económica e financeira pode ser dificultada devido às necessidades de financiamento vindouras, agravadas por incertezas quanto aos compromissos políticos. Numa nota sobre a zona euro, a agência reconheceu que países como Portugal, Grécia e Espanha realizaram “importantes reformas laborais” a par de “outras reformas para melhorar a sustentabilidade dos sistemas de pensões públicas, aumentar a competitividade e a flexibilidade nos mercados internos”. No entanto, num ponto acerca de “políticas imprevisíveis conducentes a inversões ou abrandamentos de consolidação orçamental e reformas estruturais”, a Moody’s destaca que “a saída de Portugal do programa da ‘troika’ em meados de 2014 é complicada pelas grandes necessidades de financiamento nos próximos anos, pelo meio de alguma incerteza quanto ao empenho político dedicado às políticas económicas atuais no médio prazo”.
desporto
6 | O Norte Desportivo
Quarta-feira, 19 de Março de 2014
Antigo técnico do FC Porto assina por duas épocas e meia com os russos
AVB vai mesmo para o Zenit A contratação de André Villas-Boas pelo clube russo já tinha sido avançada no sábado pelo treinador do Benfica, Jorge Jesus. O antigo técnico do FC Porto André Villas-Boas será o novo treinador do Zenit de São Petersburgo durante o resto da época e nas duas próximas, anunciou o clube russo. Villas-Boas vai ocupar, a partir de amanhã, o lugar deixado vago no dia 11 com a destituição do italiano Luciano Spalletti. A contratação do antigo treinador do FC Porto, do Chelsea e do Tottenham Hotspur pelo clube russo já tinha sido avançada no sábado pelo treinador do Benfica, Jorge Jesus, quando desmentiu ter sido convidado para o posto técnico do Zenit. “Sou amigo do André e ainda ontem [sexta-feira] estivemos vários minutos a falar e o que ele me disse é que ia para lá [Zenit], portanto não serei eu a ir para lá. Ele vai”, afirmou Jesus. No Zenit, Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas, de 36 anos, vai reencontrar o brasileiro Hulk, figura maior do FC Porto da época 2010/11, a de estreia do técnico ao comando dos «azuis e brancos». Nesse ano, André Villas-Boas ganhou quase tudo o que tinha para ganhar: Liga Europa, Liga portuguesa, sem qualquer derrota, a Taça de Portugal e a Supertaça. O FC Porto de Villas-Boas e de Hulk ganhou o campeonato com 27 vitórias e três empates – quase igualando o Benfica de 1972/73 (28 triunfos e dois empates).
Maicon, Josué e Kelvin
Três regressos nos convocados do «dragão»
Os regressos de Maicon, Josué e Kelvin, assim como do guardaredes Kadú e do médio Mikel, ambos da equipa B, marcam a convocatória do FC Porto para a deslocação a Nápoles, que definirá o futuro na Liga Europa. O central brasileiro deverá ser opção entre os titulares que vão jogar, amanhã, a segunda mão dos oitavos de final da prova, já que o senegalês Abdoulaye não pode disputar a competição onde os portistas estão em vantagem, graças ao golo de Jackson Martinéz, no primeiro jogo. O defesa esquerdo Alex Sandro fica de fora, suspenso.
Rússia. O antigo técnico do FC Porto André Villas-Boas será o novo treinador do Zenit de São Petersburgo durante o resto da época e nas duas próximas A glória ao serviço do FC Porto valeu-lhe um bilhete para o Chelsea, de Londres, protagonizando a mais cara transferência de um treinador de futebol. O clube do milionário russo Roman Abramovich pagou 15 milhões pela rescisão com os atuais campeões portugueses. Nos «blues», Villas-Boas não resistiu às más exibições e aos maus resultados, acabando por ser demitido após a sétima derrota na Liga Inglesa, e já a 20 pontos da liderança.
Quatro meses depois, em julho de 2012, Villas-Boas prosseguiu a aventura londrina, noutro «histórico», o Tottenham Hotspur, que lhe ofereceu um contrato de três anos, cumprido só pela metade. Na primeira época, falhou por um ponto o acesso à Liga dos Campeões, ao terminar na quinta posição a Liga inglesa, e foi eliminado em rondas precoces na Taça de Inglaterra e Taça da Liga, atingindo os quartos de final da Liga Europa.
Na presente temporada, com Christian Bale vendido ao Real Madrid e muitos milhões de libras gastos em reforços que diz não ter aprovado, Villas-Boas não resistiu a uma série de maus resultados e, sobretudo, a uma derrota caseira frente ao Liverpool (5-0). Em dezembro - 530 dias depois de ter assinado - a direção do clube londrino rescindiu com Villas-Boas, quando o Tottenham seguia no sétimo lugar.
“Tottenham não tem nada a perder na Luz”
Presidente da Liga já teve alta hospitalar
Todos os envolvidos identificados pela PSP A PSP do Porto identificou todos os condutores implicados no acidente de segundafeira em que esteve envolvido o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, garantiu, ontem, fonte da polícia. O acidente ocorreu na segundafeira, cerca das 21h40, na rotunda AEP, no Porto, quando um dos quatro veículos envolvidos embateu na viatura em que seguia Mário Figueiredo, que teve de ser observado no hospital. Fonte das Relações Públicas da PSP do Porto esclareceu que, após este choque inicial, a via-
Acidente. Viatura do presidente da Liga foi abalroada por outra e acabou a embater em dois carros
tura em que seguia o presidente da Liga embateu em duas outras que circulavam na rotunda. A mesma fonte referiu ainda que Mário Figueiredo foi o único ferido resultante do acidente, tendo dado entrada no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, de onde já teve alta cerca da 01h00 de ontem. Fonte hospitalar disse que “o estado clínico de Mário Figueiredo não inspirava cuidados, pelo que teve alta depois de ter sido observado e realizado exames clínicos”. Recorde-se que, recentemente, o presidente da Liga acusou
Garante Andros Townsend
a Olivedesportos de manter reféns os clubes e de os coagir para terem “determinados comportamentos”, considerando ser já “um caso de polícia”. “Há uma força que coage, faz ameaças. Os clubes estão a ser coagidos para terem determinados comportamentos. Isto está a tornar-se um caso de polícia”, disse Mário Figueiredo em entrevista à SIC Notícias. “O pecado capital esteve logo na minha eleição. Ganhei eleições contra o sistema, com um programa que colidia com os interesses instalados no futebol português”, recordou.
O futebolista Andros Townsend considera que o Tottenham não tem nada a perder no jogo da segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa frente ao Benfica, face à desvantagem que traz do primeiro jogo. “Não temos nada a perder. Estamos dois golos atrás na primeira mão, portanto vamos lá e vamos ver o que acontece”, disse o médio, em declarações ao site oficial do Tottenham. Townsend, que foi suplente não utilizado no jogo em White Hart Lane, acredita, ainda assim, que o Tottenham pode tirar coisas “positivas” do jogo.
Quarta-feira, 19 de Marรงo de 2014
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DEVIAM TER VERGONHA
Gustavo Pires*
A generalidade dos portugueses quando leram na comunicação social que “Passos agradeceu a Merkel a solidariedade da senhora para com Portugal” o menos que devem ter sentido foi uma profunda náusea de repugnância por tal humilhação. Se existe aspeto que tem caracterizado a atitude do atual primeiro-ministro é a sua subserviência perante a vontade dos alemães em contraponto com a sua sobranceria para com as dificuldades dos
portugueses. Quer dizer que, depois de, ao serviço da Alemanha, ter protagonizado um incrível programa de empobrecimento dos portugueses, sua Excelência vai reverentemente à Alemanha prestar vassalagem a Merkel. Nem no tempo dos Filipes Portugal deve ter sido tão humilhado na sua dignidade de nação com vários séculos de história. Hoje são cada vez mais os europeus a pensarem que, afinal, se o euro serviu para alguém foi para os alemães subjugarem os povos da europa sem terem necessidade de, como em 1939, porem a máquina de guerra a trabalhar. Agora, aos alemães chega-lhes jogar com os indicadores económicos num processo competitivo que não é justo, não é nobre nem é leal. O que, diga-se de passagem, não abona muito a sua imagem. A produtividade de um país ou de uma empresa depende de muitos fatores entre eles do tipo de bens que produzem. Como referia Nicolau Santos no Expresso o preço por hora de quem trabalha numa fábrica de conservas ou de quem trabalha na BMW é desfavorável para trabalhador das conservas muito embora possa trabalhar mais tempo e melhor do que o trabalhador da fábrica de BMWs. Como é fácil de compreender tem mais valor produzir um BMW do que uns milhares de latas de sardinhas considerando o mesmo volume de trabalho. Por isso, muito embora a generalidade dos portugueses como eu nunca tenha pensado nisto porque não lhes competia, o que me espanta ao cabo de 14 anos de euro é que aqueles que em nome de Portugal negociaram a nossa adesão à moeda única não tenham acautelado as abissais diferenças entre a economia alemã e a economia portuguesa. Hoje, começamos a perceber que a economia portuguesa não tem as mínimas condições para competir na economia do euro restando tão só saber até onde é que o País vai ter de empobrecer para continuar a pertencer a um campeonato que não é nem justo, nem nobre, nem leal. Quer dizer, se por um lado a economia portuguesa não tem as mínimas condições para competir com a alemã, por outro lado, os mercados estão a encarregar-se de que nunca venha a ter na medida em que o peso da dívida, o excesso do défice e as impossíveis condições de financiamento para o investimento impossibilitam qualquer operação minimamente credível. Por isso, enquanto sua excelência o Sr. primeiro-ministro humilhantemente almoça com a chanceler alemã a fim de discutir a sua saída do programa da Troica os portugueses estão condenados a continuarem a empobrecer pelo que, mais ano menos ano, o único trabalho que lhes vai restar é servirem à mesa dos alemães que se dignarem cá vir passar umas férias de sol, praia e cerveja. Ou só de cerveja que há de certamente ser mais barata do que na Alemanha, Aqueles que, nos últimos anos, dirigiram o País, se ainda não estão presos, ao menos deviam ter vergonha…
Portugal e Alemanha de acordo quanto à solução para a Ucrânia
“Indispensável manter portas de diálogo” O primeiro-ministro defendeu ontem, em Berlim, as medidas que a União Europeia tem tomado, com vista a impulsionar o diálogo político entre Rússia e Ucrânia, afirmando que ninguém na Europa teria nada a ganhar com uma escalada de posições. Falando numa conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel, após um almoço de trabalho no qual houve oportunidade de “trocar algumas impressões sobre a situação que se vive na Ucrânia”, Passos Coelho indicou que Alemanha e Portugal estão “muito de acordo que é indispensável manter portas de
diálogo que permitam sempre ter soluções diplomáticas e políticas negociadas”. “Ninguém na Europa teria com certeza nada a ganhar com uma escalada de posições que tornasse ainda mais difícil o diálogo que deve existir entre todas as partes envolvidas. Mas evidentemente que esse dialogo não pode surgir espontaneamente se não houver interesse e vontade das partes envolvidas em sentarse à mesa”, destacou o primeiro-ministro português. Desse ponto de vista, Passos Coelho sustentou “as medidas que têm vindo a ser adotadas ao nível da União Europeia
podem de certa maneira ajudar a criar as condições necessárias para que esse diálogo possa vir a ter lugar e que a Europa permaneça, como deve permanecer, um espaço de maior prosperidade e de paz”. Na véspera, por ocasião de um Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, a UE adotou ontem sanções contra 21 pessoas consideradas como responsáveis pela integração da república autónoma ucraniana da Crimeia na Rússia, no quadro de uma política de sanções progressiva, que os 28 garantem que prosseguirá se, designadamente, a Rússia não alterar as suas posições.
Rui Morais e a possível descida das taxas de IRS
“Uma questão do foro político” O presidente do grupo de trabalho da reforma do IRS, ontem empossado, afirmou que uma descida das taxas deste imposto é “uma questão do foro político”, admitindo que este não é um assunto da missão da comissão. Rui Morais, questionado pelos jornalistas, à margem da cerimónia, sobre a possibilidade de a comissão vir a propor uma descida das taxas de IRS, respondeu: “É uma questão do foro político”. O início dos trabalhos da comissão de reforma do IRS foi ontem formalizado com a tomada de posse dos dez elementos que compõem a estrutura criada para a reforma do imposto, entre os quais académicos e especialistas em fisco, e cujo “caráter técnico” foi salientado por Rui Morais. “Move-nos o
sentimento de serviço público”, disse, acrescentando que a comissão quer apresentar uma reforma que “facilitará” o consenso das opções políticas. Entre os objetivos da reforma do IRS, destacados pelo presidente, estão a simplificação das obrigações acessórias do imposto e a maior justiça na repartição da carga tributária, pondo fim a “algumas situações absurdas”. “É preciso ter presente que o esperado crescimento da economia, com o consequente alargamento da base tributária, e da receita, não produzirá no IRS o mesmo que noutros impostos, como o IRC ou o IVA”, ressalvou Rui Morais. E explicou que, sendo a base do IRS os rendimentos de trabalho, especialmente do dependente,
e as pensões, “tal base não deve aumentar por efeito do crescimento económico”. Rui Morais apelou ainda ao envio de contributos sobre a reforma do IRS para a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais. O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, disse que 2014 é “um ano decisivo” para a preparação da reforma do IRS, que vai ser feita no atual quadro de consolidação orçamental. A Ministra das Finanças, presente também na cerimónia de tomada de posse, juntamente com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, destacou a importância do trabalho desta comissão de reforma do IRS para “garantir a sustentabilidade” das finanças públicas.
José Medeiros Ferreira faleceu ontem com 72 anos
Político responsável pela adesão à CEE José Medeiros Ferreira, que faleceu ontem em Lisboa, foi o ministro dos Negócios Estrangeiros responsável pelo pedido de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). Historiador e político, Medeiros Ferreira, de 72 anos, chegou a confessar que gostaria de ser um daqueles “seres erráticos” que percorrem o mundo e de que fala Teixeira de Pascoaes no livro sobre S. Paulo. Nascido no Funchal, na Madeira, a 20 de fevereiro de 1942, José Medeiros Ferreira licenciou-se em história pela Universidade de Genebra, em 1972, e doutorou-se em História Institucional e Política pela Universidade Nova de Lisboa, em 1991. De acordo com um texto de Mário Mesquita publicado na Enciclopédia Açoriana, os pais de Medeiros Ferreira, açorianos, “fizeram questão em registar” o nascimento do filho na conservatória de Ponta Delgada, nos Açores. No passado mês de janeiro, o Governo dos Açores anunciou a criação de um programa de bolsas de estudo para cursos de pós-graduação em Assuntos Europeus com o nome do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo deputado. Este programa “visa a atribuição de bolsas de estudo para cursos de pós-graduação em instituições de reputada qualidade e prestígio no âmbito do ensino especializado
em assuntos europeus”, segundo informou na altura o executivo açoriano. Medeiros Ferreira foi dirigente associativo e opositor a Salazar e esteve exilado na Suíça entre 1968 e 1974. Entre 1972 e 1974, foi assistente na Faculdade de Ciências Económicas e Sociais da Universidade de Genebra e, entre 1981 e 1991, assistente convidado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, onde, entre 1991 e 1999, foi professor auxiliar. Desde 1999 que era professor associado da mesma faculdade. Medeiros Ferreira foi membro do Instituto de História Contemporânea e presidiu ao Conselho Geral da Universidade Aberta. Autor de obras na área das Relações Internacionais, publicou vários livros. Foi autor de uma coluna no Diário Notícias, escrevia no blogue bichos carpinteiros e foi comentador desportivo num programa da Antena 1. Medeiros Ferreira foi deputado à Assembleia Constituinte entre 1975 e 1976 e foi ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional (1976-1978), chefiado por Mário Soares. Foi o ministro dos Negócios Estrangeiros que trabalhou na elaboração da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). Portugal é membro da CEE desde 01 de janeiro de 1986. A candidatura à adesão foi apresentada em março de 1977 e o acordo
de pré-adesão data de 03 de dezembro de 1980. Em 1978, Medeiros Ferreira e outros elementos da ala direita e reformista do Partido Socialista (PS), como António Barreto e Francisco Sousa Tavares, saíram do PS para criar no Movimento Reformador ou Movimento dos Reformadores que em 1979 se juntaria à Aliança Democrática (AD) de Sá Carneiro. Em 1981 acabaria por retirar o apoio à AD. A 13 de Julho de 1981, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, em 1989, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Em 1985, apoiou a criação do Partido Renovador Democrático (PRD), vindo a ser um dos seus nomes mais conhecidos. Voltaria, contudo, ao PS. Foi deputado do Parlamento Europeu entre 1985 e 1989. Em fevereiro de 2006, demitiu-se, porém, dos lugares que ocupava na Comissão Política e na Comissão Nacional do PS, uma decisão formalizada em janeiro desse ano, mas que só viria a tornar-se conhecida um mês depois. Numa carta enviada ao então presidente do PS, Almeida Santos, Medeiros Ferreira considerava que seria “desconfortável” permanecer naqueles órgãos para os quais fora eleito em representação da tendência minoritária liderada por Manuel Alegre, no Congresso de Guimarães, em outubro de 2004.