19 05 2014

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JAMOR PRECISA DE OBRAS CONFUSÃO NAS ENTRADAS QUASE TERMINAVA EM TRAGÉDIA

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 123

Segunda-feira, 19 de maio de 2014

BENFICA CONQUISTA 25.ª TAÇA DE PORTUGAL E FAZ O PLENO NAS COMPETIÇÕES INTERNAS

TR!PLETA INÉDITA n O Benfica, que já não vencia a Taça desde 2004/05, voltou a fazer a festa no Jamor, assegurando assim a conquista do seu 25.º troféu, que a juntar ao título nacional e à Taça da Liga lhe dá direito a ostentar a inédita “tripleta”, um feito nunca antes conseguido...

SEGURO

Líder do PS avisa no Porto que “é preciso derrotar o Governo”

ABERTURA

Cavaco diz que a sua visita à China “elevou a parceria estratégica”

PASSOS

Líder do PSD considera que os “sacrifícios valeram a pena”


local porto

2 | O Primeiro de Janeiro

Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

Seguro confirma propostas para uma “onda de mudança”

Francisco Assis critica Comissão Europeia

“É inadmissível que faça ameaças”

“É preciso derrotar o Governo” O secretário-geral do PS diz que o Governo ficou “incomodado” com a divulgação pública das propostas programáticas socialistas e sustentou que a “onda de mudança” ultrapassa à esquerda e à direita as fronteiras do seu partido. António José Seguro falava no encerramento do comício do PS no Porto, na Praça Dom João I, um dia depois de ter anunciado na Convenção “Novo Rumo para Portugal” as propostas socialistas constantes no “Contrato de Confiança”, documento que contém as bases programáticas de um futuro executivo socialista. “O Governo, que andou três anos a chumbar todas as propostas do PS, perante a nossa divulgação de um programa, ficou incomodado por perceber que há uma alternativa. Mas ficou ainda mais incomodado porque nós colocámos as nossas propostas com coragem à disposição dos portugueses, enquanto eles conti-

SEGURO. O líder do PS disse no Porto que o “Governo ficou incomodado” com as propostas programáticas dos socialistas nuam com propostas escondidas prevendo mais cortes e mais despedimentos”, afirmou, recebendo muitas palmas. Procurando fazer um contraste entre a atuação política do seu partido e a conduta das forças do Governo, António José Seguro advogou que as propostas do PS “são claras, estando à disposição dos portugueses, enquanto as propos-

tas do Governo continuam escondidas”. “Por isso eles não divulgam a carta que vão escrever ao FMI [Fundo Monetário Internacional], porque nessa carta - e no espírito do Governo - estão para vir mais despedimentos, mais cortes nas pensões e mais sacrifícios. Eles querem enganar os portugueses como têm enganado ao longo destes três anos”, atacou.

A partir da Convenção “Novo Rumo para Portugal”, no sábado, em Lisboa, o secretário-geral socialista pretendeu transmitir a ideia de que o seu partido está a crescer tanto à sua esquerda como à sua direita. Seguro deu então como exemplos os apoios manifestados ao PS pelo ex-ministro e antigo secretário-geral do PSD António Capucho, pela ex-dirigente do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias, e pelo antigo líder parlamentar do PCP, atual membro da Renovação Comunista, Carlos Brito. “Um cidadão disse-me agora que, pela primeira vez, vai dar o seu voto ao PS. Como esse cidadão há milhares de portugueses”, disse o líder socialista. O secretário-geral do PS tirou depois uma conclusão: “Este projeto de mudança está a fazer o seu caminho, já não cabe nas fronteiras do PS - e o PS orgulha-se que assim seja, porque aquilo que é preciso fazer em Portugal é tão profundo e tão intenso que precisa do contributo de todos os portugueses”, disse. Na parte final da sua intervenção, António José Seguro voltou a fazer um apelo contra a abstenção e a favor do voto útil no PS. “Não basta votar contra o Governo. É preciso derrotar o Governo - e só o PS poderá derrotar o Governo”, concluiu.

AINP apela ao Governo para que seja “sensível”

“Preocupações reais dos arrendatários” A Associação dos Inquilinos do Norte de Portugal (AINP) apela ao governo para que seja “sensível” às “reais preocupações dos arrendatários” e não se limite aos relatórios da comissão da reforma do arrendamento quando propuser alterações ao regime. “A mensagem que queríamos deixar era que o governo, quando apresentar propostas de alteração ou correção do atual regime, se munisse das atas e dos relatórios que todas as entidades expuseram à Comissão porque aí estão refletidas as preocupações reais dos arrendatários”, salientou Laurinda Ribeiro da AINP, que participou na Comissão de Monitorização da Reforma do Arrendamento Urbano. O ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, Jorge Moreira da Silva, anunciou no início do mês que o Governo irá apresentar

até 30 de junho as propostas de alteração à lei do arrendamento urbano. O anúncio foi feito no mesmo dia em que recebeu o terceiro e último relatório da Comissão de Monitorização da Reforma do Arrendamento Urbano, da qual a AINP fez parte e na qual apresentou várias propostas que não chegaram a ser aprovadas, pelo que não foram incluídas nos documentos finais, constando apenas das atas. Nesse sentido, a AINP apela a sejam tidos em conta todos os trabalhos e propostas feitos em comissão e que “não se resumem a três relatórios”. Uma das várias propostas apresentadas pela AINP, e à qual a comissão “não foi sensível”, foi a de eliminar, ou reduzir a um ano, o prazo mínimo de permanência obrigatória no espaço arrendado e que está estipulado em um terço do contratualizado. “Isso quer dizer que num contrato celebra-

do agora por 30 anos, o arrendatário é obrigado a permanecer durante 10 anos, mesmo chegando à conclusão que a atividade económica não é suportável ao final de três anos, por exemplo”, sustentou a responsável. Laurinda Ribeiro contou terem existido “imensas propostas no sentido de rever este regime jurídico para obras no espaço arrendado”, destacando que não se pode, em prol da reabilitação urbana, “pedir o sacrifício daqueles cujo único bem é a sua habitação ou o seu pequeno estabelecimento comercial e que poderão ter que encerrar porque o senhorio pretende substituir o soalho ou fazer uma obra mais profunda”. Outra das propostas dizia respeito ao regime jurídico de denúncia de contrato associado “à possibilidade de o senhorio poder efetuar despejos, sem garantias de realojamen-

to para o arrendatário, invocando obras para reabilitação urbana ou restauro profundo”. “A comissão foi sensível ao alongamento de prazo [para saída do inquilino] nestas situações, de seis meses para um ano [após comunicação do senhorio], já não foi sensível à fixação do montante de indemnização de em vez de um ano de renda para três anos, que foi a proposta que nós fizemos”, referiu. A AINP defendeu ainda que o prazo de resposta de defesa dos arrendatários passasse de 30 para 45 dias e que o rendimento do agregado familiar, para ajustamento do valor das rendas, fosse dividido por 14 meses, em vez de 12 meses. “Ainda estamos a tempo de o governo poder corrigir, ou pelo menos reduzir, as consequências nefastas desta lei e desta reforma do arrendamento urbano”, concluiu.

O cabeça de lista do PS às eleições Europeias criticou, ontem no Porto, a Comissão Europeia pela “chantagem” com que trata o Estado português sobre um eventual segundo resgaste no caso de não cumprimento das metas do défice. “É Inadmissível que a Comissão Europeia, ainda presidida pelo Dr. Durão Barroso, trate o Estado português como tratou há dois dias [sexta-feira]. É inadmissível que a Comissão Europeia nos faça ameaças e se relacione connosco sob a forma de chantagem. E isso merece uma resposta”, disse Assis, num comício realizado na Praça Dom João I. Para o principal candidato socialista, “não é por acaso” que Bruxelas atua desta forma para com Portugal, sendo este comportamento reflexo do Governo do país. “A Comissão Europeia trata desta forma o Estado português porque infelizmente nos últimos três anos habitou-se a trabalhar com um Governo que não se soube dar ao respeito e que não foi capaz de garantir a dignidade da participação de Portugal no projeto europeu”, considerou. Para Assis, “é essencial que as pessoas votem massivamente” nos socialistas no domingo para que o PS “ganhe as eleições em Portugal e assim dê um forte contributo” para a maioria política no Parlamento Europeu dos socialistas e sociais-democratas europeus. Elogiando setores “da esquerda e da direita” que se identificam com o PS nesta candidatura ao Parlamento Europeu, Francisco Assis voltou a deixar críticas a Paulo Rangel, dizendo que “a direita desistiu de pensar e argumentar”. “O Dr. Paulo Rangel limita-se a repetir um ‘slogan’ completamente irreal e falso, insinuando que foi um suposto despesismo socialista que levou Portugal à crise”, continuou Francisco Assis, bastante aplaudido no Porto. “Este tempo, a partir de agora, deve deixar de ser o tempo de protesto e tem de passar a ser o tempo do projeto”, declarou ainda, reclamando um “desenvolvimento” nacional e europeu que estabeleça a economia e o emprego como prioridades maiores.


Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

regiões

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Costa de Caparica, Arrábida e Sintra lamentam efeitos do mau tempo

Praias sem areia após rigor do inverno Peritagens para averiguar causa de acidente

Carrossel encerrado O carrossel que descarrilou nas festas de Pegões Velho, Montijo, provocando ferimentos em quatro crianças, foi encerrado e vai ser alvo de peritagens. “O carrossel foi encerrado para serem efetuadas peritagens. Temos a indicação que estava tudo bem com os licenciamentos mas foi suspensa a atividade para que sejam apuradas as circunstâncias do acidente”, revelou, ontem, fonte da GNR. Segundo a mesma fonte, uma cavilha desprendeu-se do equipamento, provocando a queda do comboio de diversões que provocou ferimentos em quatro crianças, mas apenas as peritagens podem confirmar o que esteve na origem do descarrilamento. O acidente ocorreu nas festas de Pegões Velho, Montijo, cerca das 22h20 de sábado, quando um comboio para crianças descarrilou. Segundo fonte do INEM, uma das crianças, uma rapariga com dez anos, apresentava trauma ligeiro no membro inferior. Outra rapariga, com a mesma idade, foi transportada ao hospital com um traumatismo crânioencefálico ligeiro. A vítima de seis anos, do sexo masculino, também apresentava um traumatismo crânio-encefálico, sem perda de consciência, e já recebeu alta. A outra vítima foi levada pela mãe, não tendo sido por isso avaliada clinicamente.

“Com os temporais deste inverno e a não reposição de areias, não temos areia nenhuma”, queixam-se proprietários da Costa. Os invernos rigorosos dos últimos anos têm levado a areia de algumas das mais conhecidas praias da margem sul do Tejo, para desespero dos veraneantes e proprietários de bares e restaurantes na Costa da Caparica e no Portinho da Arrábida. “Este problema, arrasta-se há dezenas de anos, mas com maior gravidade nos últimos dez”, disse João Cerqueira, do Clube da Arrábida. João Cerqueira lembrou que, em março de 2013, o Clube da Arrábida entregou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) um projeto de estudo, feito pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), para identificar as causas do problema e a melhor solução para os resolver. “Esse projeto, orçado em 150 mil euros, foi entregue à APA, que disse não ter qualquer possibilidade de avançar com o estudo devido à falta de meios. É evidente que ficámos surpreendidos quando, recentemente, ouvimos o ministro do Ambiente dizer que existem uns milhões de euros disponíveis para repor areia na Caparica e, eventualmente, noutras praias, dispensando qualquer estudo”, disse João Cerqueira. “Dá-nos a sensação que isto é deitar dinheiro à rua. Admito que se resolva o problema dos veraneantes no verão de 2014 [na Costa da Caparica], mas, provavelmente, com o inverno de 2014 e 2015, essa areia vai embora. E isto é tudo dinheiro a sair do erário público”, acrescentou o responsável do Clube da Arrábida. “Vão estragar-nos o verão”

Mas se sobram pedras onde antes havia areia na praia do Portinho da Arrábida, o panorama não é melhor nas praias da Caparica, algumas reduzidas a uma pequena língua de areia molhada, mas só durante a maré baixa, porque na maré cheia a

água do mar chega mesmo ao paredão, para desespero dos proprietários de bares e restaurantes. “Com os temporais deste inverno e a não reposição de areias, não temos areia nenhuma. Nem nós nem as outras praias da parte norte da Costa da Caparica”, disse Jorge Guerreiro, proprietário do bar «O Sentido do Mar». “Além de não termos areia não temos escadas de acesso á praia [que foram destruídos pelo mau tempo]. Se não for feita uma intervenção de fundo, que nos foi prometida, o que nos parece é que não vamos aguentar mais um inverno face aos prejuízos que já tivemos este ano”, advertiu, lembrando que os proprietários de alguns restaurantes já fecharam as portas e que outros podem ver-se obrigados a seguir o mesmo caminho. A promessa de um novo enchimento de areia nas praias da Caparica, a partir de junho, já não chega para animar proprietários de bares e restaurantes das praias da Caparica. “Possivelmente, vão estragar-nos o verão, porque vão andar aí a repor a areia. E, provavelmente, quando chegar a próxima época balnear essa areia já não vai cá estar”, lamentou Jorge Guerreiro, antecipando um futuro próximo pouco animador. “São precisos anos”

Problemas. Os invernos rigorosos dos últimos anos têm levado a areia de algumas das mais conhecidas praias da margem sul do Tejo e de Sintra

Queda na caixa de esgoto

Criança de dois anos morre em acidente em casa

Uma criança de dois anos morreu, ao final da noite de sábado, na freguesia de Sortes, Bragança, depois de cair numa caixa de esgoto junto à casa onde morava, revelou o comandante dos Bombeiros de Bragança. Segundo o comandante José Fernandes, os bombeiros receberam uma chamada pelas 20h45, dando conta de que “uma criança tinha caído a um

poço, mas que já tinha sido retirada pela mãe”. Ao chegarem ao local, os bombeiros verificaram tratar-se de uma “caixa de esgotos”, junto à casa onde a criança vivia. Profissionais da VMER deslocada para o local “fizeram várias tentativas de reanimação” da criança, um menino de dois anos, que acabou por falecer. “Como a criança é muito pequena facilmente entrou na caixa”, referiu José Fernandes. As circunstâncias em que ocorreu a tragédia continuam por apurar.

Também no concelho de Sintra, as praias vão apresentar na época balnear que se aproxima mais rochas à vista do que é habitual, devido ao mau tempo, enquanto esperam pela revisão do Plano de Ordenamento da Orla Costeira. “Vai levar alguns anos para que o mar reponha o que levou nas intempéries”, admitiu o presidente da União das Freguesias de São João das Lampas e Terrugem, Guilherme Ponce de Leão. Durante a semana passada, a Câmara de Sintra avançou com reparações nas praias, “num investimento de cerca de 150 mil euros”, informou a autarquia. “Ao investir estas verbas, o objetivo da câmara é criar condições para que os nossos munícipes possam ter praias com uma boa higiene e com bons acessos, mas também criar condições de atratividade para o nosso litoral”, afirmou o presidente da autarquia, Basílio Horta.


nacional

4 | O Primeiro de Janeiro

Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

Passos Coelho diz que sacrifícios “valeram a pena”

Rangel e as propostas do PS

“Não devemos passar mensagens de euforia”

“Vagas e requentadas”

O primeiro-ministro considera que os sacrifícios “valeram a pena” e que não se deve “passar mensagens de euforia ou satisfação injustificada”. E ninguém no Governo “passa mensagens desligadas da nossa realidade”. O primeiro-ministro respondia aos jornalistas após um encontro com o candidato do Partido Popular Europeu (PPE) à Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que decorreu na sede do PSD, em Lisboa. Um dia depois de o Governo assinalar, com a realização de um Conselho de Ministros extraordinário, a saída da ‘troika’ e o fim do programa de assistência financeira, Passos Coelho defendeu que, se o país “mantiver a responsabilidade orçamental, não há nenhuma razão para que não seja bem sucedido no futuro”. Questionado sobre as afirmações do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros extraordinário, Passos considerou que é uma evidência que se “alguma coisa correr mal não é o cautelar que se vai pedir porque esse pede-se antes”. “Não vejo em qualquer caso alguma razão para que corra mal”, disse, acrescentando

PASSOS. O líder do PSD manifestou o apoio do partido a Juncker, que disse ser “um amigo de Portugal” que “o dia 17 de maio foi um momento carregado de simbologia” e destacando o apoio dos parceiros europeus e do então presidente do Eurogrupo e agora candidato a presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker. Manifestando o apoio do PSD a Juncker, que disse ser “um amigo de Portugal”, Passos afirmou que a União Europeia precisa de ser “mais coesa, mas responsável e mais solidária”. Ao lado do primeiro-ministro, Juncker apelou para os portugueses “não acreditarem naqueles que dizem que se pode combater o défice acrescentando défice e gastando dinheiro que não se tem”. “Os que querem acrescentar défice ao défice são os que remetem as dificuldades para a geração seguinte”, advertiu. Juncker disse

ter consciência das medidas duras que foram impostas, manifestando “admiração” pela “coragem e determinação” dos portugueses e pelo “desempenho” do país. Passos disse ainda ser prematuro avançar com medidas de alívio fiscal futuro e avisou que o Partido Socialista está comprometido com os objetivos do tratado orçamental. O primeiro-ministro advertiu que enquanto não forem atingidos os objetivos de “equilíbrio orçamental no médio prazo” todos os partidos “com a expetativa de vir a ser governo como é o caso do PS deverão respeitar essa orientação”. “Tanto mais que Partido Socialista também se comprometeu com estas metas de ter um orçamento equili-

brado quando ratificou o chamado tratado orçamental na Assembleia da República”, afirmou. O presidente do PSD respondia aos jornalistas após questionado sobre a promessa de não aumentar impostos e de recuperar o rendimento dos portugueses feita pelo secretário-geral do PS, António José Seguro, que apresentou sábado 80 objetivos políticos do próximo programa de governo socialista. “Creio que é prematuro nesta altura estar a avançar com medidas que no futuro possam trazer alívio de natureza fiscal ou com novas políticas que traduzam despesa”, disse, acrescentando que enquanto o objetivo de “equilíbrio orçamental no médio prazo” não for atingido, o rigor e a disciplina “serão muito importantes”.

Cavaco Silva já terminou visita à China

“Encontrei grande abertura” O Presidente da República diz que a sua visita à China “elevou a parceria estratégica” luso-chinesa, salientando “a grande abertura” dos líderes chineses para “reforçar a cooperação bilateral nos mais variados domínios”. “Se formos capazes de dar seguimento a tudo o que foi feito na semana que hoje termina será muito positivo para Portugal”, disse Cavaco Silva em Macau, última etapa de uma visita de oito dias por Xangai, Pequim e aquela Região Administrativa Especial da China. Numa conferência de imprensa no Consulado Geral de Portugal em Macau cerca de três horas antes de embarcar para Hong Kong, de regresso a Lisboa, o presidente português salientou que durante a visita foram assinados 29 acordos e memorandos de entendimento entre os

governos, as empresas e as universidades. “Penso que nunca ocorreu no passado ocorreu algo de semelhante”, disse. Foi a primeira visita de um chefe de Estado português à China desde 2005, com uma comitiva que incluía três ministros (Negócios Estrangeiros, Economia e Educação e Cultura) e uma delegação com cerca de cem empresários. Além do homólogo chinês, Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido Comunista, o cargo político mais importante do país, Cavaco Silva encontrou-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhang Dejiang, que são os números dois e três da hierarquia comunista. “Encontrei grande abertura em relação a todos os assuntos que apresentámos”, dis-

se o Presidente português. Cavaco Silva realçou também “a cooperação trilateral” que “foi um tema abordado com alguma profundidade, o que mostra bem que a relação especial de Portugal com África e América Latina tem um valor estratégico muito significativo”. “A China, a nível político e económico, valoriza muito a presença de Portugal na União Europeia e na zona do euro”, disse. Ao fazer o balanço da visita, Cavaco Silva mostrou-se convicto que “os intensos contactos entre empresários vão dar certamente os seus frutos”. “Ficou claro que Portugal é uma localização competitiva para o investimento estrangeiro”, afirmou ainda. O presidente da República destacou também os dez acordos assinados entre

universidades dos dois países, que classificou como “um passo importante para alargar as áreas de cooperação” bilateral. No campo do turismo, “outro tema muito abordado”, Cavaco Silva considerou que “as possibilidades” são “imensas”. “O número atual de turistas chineses que atualmente visitam Portugal é uma gota de água em relação ao potencial que temos”, afirmou. Sobre Macau, Cavaco Silva disse que o crescimento económico, o desenvolvimento social e a estabilidade daquela Região Administrativa Especial da China “mostram claramente que o modelo escolhido foi a escolha certa”. “As relações com a China são estratégicas na política externa portuguesa”, concluiu.

O cabeça de lista da Aliança Portugal qualificou de “vagas” e “requentadas” as “80 medidas” apresentadas pelo PS e defendeu que estas eleições servirão para os portugueses darem “um sinal” de que não querem uma quarta bancarrota. Numa intervenção num jantar comício em Barcelos, com a presença do antigo líder do PSD Luís Marques Mendes, Paulo Rangel insistiu no ataque ao exprimeiro-ministro socialista José Sócrates, assim como o primeiro candidato do CDS-PP, Nuno Melo. “Nós não estamos a confundir eleições nacionais com eleições europeias. Mas há uma coisa que vos garanto, o PS que não pensa que fica sem resposta, que apresenta um programa com 80 medidas de governo, aliás vagas e muitas delas requentadas, a meio de uma campanha eleitoral para as europeias, e que nós ficamos calados e silentes nos nossos comícios e nas nossas intervenções”, afirmou. O eurodeputado dirigiu-se de seguida ao ex-primeiro-ministro socialista: “Que não pense o engenheiro José Sócrates e os seus apoiantes do PS, que pelos vistos são todos, que mete aqui a ´troika’ e vai-se embora para Paris, e quando a ´troika’ vem embora, regressa de Paris para voltar outra vez à política portuguesa”. “Ele que não conte com isso. Nós estamos atentos, os portugueses não esqueceram. Nós sabemos que se hoje estamos onde estamos, tivemos que passar por esforços, sacrifícios, medidas duras, isso tem um responsável, isso tem um culpado e o responsável e o culpado são as políticas socialistas 13 anos depois de 1995 e, em particular, nos últimos anos de governação de José Sócrates, que são agora recuperados pelo PS em plena campanha para as europeias”, argumentou. O primeiro candidato do CDS-PP, Nuno Melo, pediu ao secretáriogeral socialista, António José Seguro, que “acerte a bússola” e não confunda eleições europeias com legislativas, e voltou a atacar o ex-primeiro-ministro e a sua anunciada entrada na campanha do PS. “Sócrates voltou e não voltou para dizer desculpem lá qualquer coisinha”, afirmou, argumentando que a presença do antigo chefe de Governo mostra que os socialistas, se “pudessem, faziam tudo outra vez”. Melo levou para o palanque uma ´pen’ da campanha de José Sócrates de 2011, para mostrar que o ´slogan’ “mudança” era, na altura, o mesmo usado pelos socialistas atualmente. Quando Paulo Rangel subiu ao palanque, a ´pen’, em forma de pulseira, tinha lá ficado e o cabeça de lista social-democrata concluiu: “O engenheiro José Sócrates persegue-nos”. “Cada voto na Aliança Portugal é uma vacina contra o despesismo, contra a irresponsabilidade financeira, contra o vírus socialista”, concluiu.


economia

Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

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Diretor-executivo do FEEF diz que Portugal tem que prosseguir as reformas

“Não há lugar para a complacência” “Ainda há vários desafios económicos importantes que Portugal enfrenta”, disse Klaus Regling, deixando um alerta. Ordenado mínimo único de 3300 euros

Suíços dizem não Os suíços rejeitaram, ontem, a introdução de um salário mínimo único de cerca de 3300 euros, que seria o mais elevado do mundo, segundo as primeiras projeções ao referendo realizadas pelo instituto helvético GFS.bern. Apenas 23% dos suíços votaram favoravelmente à introdução de um salário mínimo de 22 francos suíços por hora (18 euros), o equivalente a um salário bruto de 4 mil francos suíços (3300 euros) para 42 horas de trabalho semanais, segundo a primeira projeção ao referendo de ontem, cuja margem de erro é de 3%. Caso os suíços votassem a favor da introdução do salário mínimo único, este seria o mais elevado do mundo, com o valor mais alto pago por cada hora de trabalho. Se em França o valor pago por hora é de 9,43 euros, em Espanha é de 5,05 euros. Espera-se que na Alemanha o valor pago por cada hora de trabalho passe para os 8,50 euros em 2015. Segundo os sindicatos e os partidos de esquerda na Suíça, o custo de vida muito elevado no país justificava a introdução de um salário mínimo de 4.000 francos suíços. No entanto, a maioria da população acredita que um salário tão elevado não favorece a descida do desemprego, quase inexistente no país. Em abril, a taxa de desemprego na Suíça era de 3,2%.

O diretor-executivo do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), mecanismo que suportou um terço dos empréstimos a Portugal, afirmou-se convicto de que o País alcançará um “longo período de crescimento sustentável”, desde que prossiga as reformas. Numa mensagem divulgada pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, o novo fundo permanente, que também dirige, Klaus Regling considerou que “o Governo e o povo merecem reconhecimento pelos resultados alcançados nos últimos três anos”, e fez um balanço positivo do ajustamento. “O fim deste programa significa que, primeiro, Portugal é outra vez capaz de se refinanciar nos mercados com taxas de juro razoáveis, pelo que a soberania foi reconquistada; e, segundo, o ajustamento económico que teve lugar nos últimos três anos, embora tenha sido doloroso para a população, está a mostrar resultados agora. As exportações estão a crescer de novo, a competitividade foi reconquistada, e a situação orçamental está muito mais sob controlo”, considerou. Defendendo que a «saída limpa» de Portugal mostra claramente que a “abordagem de prestar assistência financeira com condicionalidade, de reformas de política económica” funciona, Regling advertiu, todavia, que “não acabou, não há lugar para complacência, e o processo de reformas deve continuar”. “Ainda há vários desafios económicos importantes que Portugal enfrenta, pelo que o processo de reformas deve continuar a acredito que vai continuar”, disse. Combater desemprego

O responsável considerou ainda que a prioridade deve ser o combate à alta taxa de desemprego, “o desafio mais importante que as pessoas enfrentam diretamente”, e que o Governo “também deve

Futuro. Regling convicto de que País alcançará um “longo período de crescimento sustentável”, desde que prossiga reformas

4.º maior destino

Portugal cativa investimento estrangeiro direto

Angola tornou-se no quarto maior destino de investimento estrangeiro direto em África, muito à custa do forte crescimento anual da economia do país, conclui um estudo da consultora Ernst & Young sobre a atratividade empresarial. De acordo com dados do Estudo de Atratividade de África (2014), os investimentos em curso ao nível das infraestruturas, nomeada-

mente em portos e aeroportos, bem como a anunciada criação de um fundo de investimento soberano de cinco mil milhões de euros e o lançamento de uma bolsa em Luanda, são “sinais da melhoria da atractividade” angolana para investimentos privados. Este estudo da Ernst & Young coloca Angola como o quarto maior receptor de investimento estrangeiro na África Subsariana, de resto a mesma posição que o país ocupa no ranking da perceção dos investidores “quanto às localizações mais atrativas no continente”.

manter o orçamento sob controlo”, lembrando igualmente que “a dívida privada ainda é muito elevada”. “Mas estou confiante que, se todos estes problemas forem enfrentados, Portugal pode chegar a um longo período de crescimento sustentável”, acrescentou. A terminar, Klaus Regling disse que o MEE continuará a trabalhar com Portugal ainda que noutros moldes, explicando que não haverá mais dinheiro, e, como tal, não haverá mais condicionalidade, mas o mecanismo tem de garantir que o país é capaz de pagar de volta, tal como os outros países que receberam assistência financeira, pelo que todos estarão sujeitos ao sistema de alerta precoce, conduzido juntamente com a Comissão Europeia. Do pacote total de ajuda externa a Portugal, no montante global de 78 mil milhões de euros, um terço foi concedido pela União Europeia ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, o MEEF, outro tanto através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, o FEEF (26 mil milhões cada), e a terceira fatia, de idêntico valor, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Por ocasião da criação do MEE, ficou estabelecido que o FEEF continuaria operacional para terminar o financiamento dos programas de assistência à Grécia, Portugal e Irlanda. A «saída limpa» de Portugal do resgate foi a terceira, após a Irlanda e a Espanha (no caso espanhol de um programa de assistência dirigido ao setor bancário). Recorde-se que, sábado, também a Comissão Europeia advertiu Portugal de que não haverá “complacência” no ‘pós-troika’, tendo que ser mantidas nos próximos meses e anos as políticas orçamentais sólidas e assegurado o compromisso com reformas que estimulem o crescimento. “Depois da Irlanda e da Espanha, Portugal é o terceiro país da zona euro a sair com sucesso do seu programa de assistência. Apesar de ser um motivo para celebração, não é razão para complacência”, anunciou o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Siim Kallas, em comunicado.


desporto

6 | O Norte Desportivo

Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

Paulo Bento divulga hoje lista de 23 jogadores para o Mundial do Brasil

As escolhas finais A presença do médio João Mário é a principal surpresa da lista de 30 pré-convocados, que não conta com Adrien. Chegou o dia. É hoje que o selecionador nacional, Paulo Bento, revela o nome dos 23 jogadores escolhidos para representar Portugal no Campeonato do Mundo do Brasil, que começa dia 12 de Junho. A presença do médio João Mário é a principal surpresa do 30 pré-convocados de Portugal para o Mundial2014, numa lista sem Josué, Adrien e Danny. Além do médio internacional sub-21, o selecionador português também optou por pré-convocar Ivan Cavaleiro, jogador que somou recentemente a sua primeira internacionalização, mas que tem sido muito pouco utilizado pelo treinador Jorge Jesus no Benfica. Dos «encarnados» também aparecem André Almeida e André Gomes, que, mesmo não sendo titulares no clube da Luz, ganharam a confiança de Paulo Bento. De fora, ficaram já Josué, do FC Porto, que foi presença assídua nos últimos jogos de qualificação para o Campeonato do Mundo, e Adrien, que foi umas das principais figuras do Sporting esta temporada. O extremo Danny, que fez grande parte da fase de qualificação, também é baixa certa para a competição, que se vai realizar entre 12 de junho e 13 de julho no Brasil. Destaque também para a presença de Ricardo Quaresma, que se destacou na segunda metade da temporada no FC Porto, o que acabou por suficiente para estar nos 30

Campeonato de basquetebol

Benfica a uma vitória do terceiro título

O Benfica venceu, ontem, novamente em casa o Vitória de Guimarães, por 90-74, no segundo jogo da final da Liga de basquetebol e ficou a um triunfo de conquistar o seu terceiro título consecutivo. Jobey Thomas, do Benfica, com 23 pontos, foi o jogador com maior eficácia. O Vitória de Guimarães até entrou mais aguerrido do que no primeiro jogo do «play-off», mas não foi suficiente para conseguir disputar a vitória com o Benfica, que chegou ao intervalo a vencer por 47-34. O campeonato pode ficar definido na sexta feira.

Brasil. Paulo Bento revela, hoje, o nome dos 23 jogadores escolhidos para representar Portugal no Campeonato do Mundo de Paulo Bento e manter a esperança em estar no Mundial2014. O setor avançado acaba, talvez, por ser o mais preocupante nesta lista, com a inclusão de vários jogadores que somaram poucos jogos durante toda a temporada. Cristiano Ronaldo é a principal preocupação de Paulo Bento, já que tem falhado os últimos jogos do Real Madrid devido a problemas físicos. Éder, Rafa e Vieirinha

regressaram recentemente de longa paragem por lesão, Hélder Postiga terminou a época com problemas físicos na Lazio e Nani foi pouco utilizado no Manchester United. Por outro lado, Luiz Felipe Scolari, antigo treinador da seleção portuguesa, considerou que a investigação que está em curso em Portugal, relativa a uma alegada fuga ao fisco, foi tornada pública por maldade. “Se está sob segredo de Justiça,

como pode ser exposto desta forma? É uma maldade”, defendeu o atual selecionador brasileiro numa entrevista à revista semanal Época, que começou a ser vendida ontem. Scolari voltou a negar ter cometido qualquer irregularidade e garantiu que a investigação que corre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) em nada vai afetar o seu trabalho no Mundial2014. Grande Prémio de França

Técnico recusa falar sobre próximo projeto

Marco Silva «esconde» dados sobre futuro O ex-treinador do EstorilPraia Marco Silva disse, ontem, aguardar um novo desafio, recusando adiantar pormenores, e o presidente dos «canarinhos», Tiago Ribeiro, prometeu anunciar “em breve” o novo timoneiro da equipa de futebol do clube. “É óbvio que irei ter novo desafio, iremos ver qual será, mas não adianta muito falar disso agora”, afirmou Marco Silva aos jornalistas, à margem da cerimónia de comemoração dos 75 anos do Estoril-Praia, no Hotel Palácio. O antigo treinador do Estoril-Praia revelou que ainda terá de “perce-

Marco Silva. Apontado como próximo técnico do Sporting, treinador não falou sobre o seu futuro

ber qual será o próximo passo”, prometendo revelar mais sobre o seu futuro “na altura certa”. “Não depende só de mim, mas também do projeto que irá aparecer e da decisão que for tomada”, sustentou. O presidente da SAD do EstorilPraia, Tiago Ribeiro, disse, por seu turno, ter já traçado o perfil do treinador que quer para o clube. “A nós cabe-nos arrumar uma peça de reposição que seja não igual mas que se encaixe na filosofia de trabalho que foi implementada pela administração e possa dar sequência ao bom trabalho que o Estoril vem fazen-

do nos últimos anos”, afirmou. Sem querer adiantar hipóteses, Tiago Ribeiro sublinhou que “há treinadores disponíveis no mercado” e prometeu que o nome do novo treinador será revelado “em breve”, mas “sem pressas”. “Tem de ser alguém que esteja bem adaptado ao futebol português, independentemente da nacionalidade. Claro que há mais portugueses nessa condição, mas tem de ser alguém que encaixe na nossa filosofia e método de trabalho, independentemente do nome que seja, mas não há ainda nenhuma escolha certa”, adiantou.

Marquez não dá hipótese à concorrência

O espanhol Marc Márquez (Honda), campeão do Mundo de MotoGP, manteve, ontem, o «pleno» de vitórias no Mundial de motociclismo de velocidade de 2014, ao impor-se no Grande Prémio de França, quinta prova do campeonato. Márquez, que tinha partido da «pole position», cumpriu as 28 voltas ao circuito de Le Mans, em 44.03,925 minutos, impondo-se a Valentino Rossi (Yamaha) e Álvaro Bautista (Honda), segundo e terceiros classificados. Em Moto2, o português Miguel Oliveira (Mahindra) concluiu a corrida no 12.º lugar.


Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7


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O PRIMEIRO DE JANEIRO, está on line e sempre atualizado em: www.oprimeirodejaneiro.pt

VOTEM NULO O manifesto “Nunca Mais” que pede aos políticos para não voltarem às políticas que, no passado, conduziram Portugal ao resgate está completamente enganado no pedido que faz. Não porque as políticas não estivessem erradas mas porque a questão nunca foi essa. A verdadeira questão antecede as políticas nacionais. A verdadeira questão é a menGustavo Pires* tira. Antes de alterarem as políticas os nossos queridos dirigentes que nos últimos anos desgraçaram o país deviam era alterar o seu comportamento e assumirem um compromisso de honra de não mais voltarem a mentir. Porque, sendo eles mentirosos, o que é que vale comprometerem a não repetir as políticas do passado quando se sabe que, ao fazerem-no, estão simplesmente a mentir. A mentira assentou arraiais no País. A mentira é hoje um mal endémico que se propaga pelos interstícios da sociedade portuguesa pelo qualquer cidadão instituído de algum poder começa por mentir para o adquirir e, depois, continua a mentir para defender o quinhão de poder que tanto lhe custou a obter pela mentira. A mentira é uma instituição nacional e, enquanto assim for, não há manifesto que resista aos comportamentos, palavras e obras dos nossos queridos dirigentes. Por mais que eles jurem por alma dos entes queridos. O político mentiroso, que pode ir do líder de um partido à liderança de qualquer agremiação desportiva, faz afirmações e negações falsas que se traduzem em promessas de sinal positivo ou negativo na convicção de que aqueles que o ouvem vão acreditar naquilo que ele diz. O curioso é que aqueles que o ouvem, embora saibam que ele está a mentir, continuam a acreditar nele. Forma-se assim uma aliança entre o aldrabão e o aldrabado responsável pela situação em que o País se encontra. Portanto, entre aquele que mente e aquele que é enganado existe uma vergonhosa conivência, quer dizer, um círculo vicioso à prova de qualquer manifesto que o pretenda romper. Portanto, não se trata de mais manifesto ou de menos manifesto contra as promessas mais ou menos mentirosas. Trata-se, isso sim, de penalizar a mentira através da institucionalização de uma cultura de verdade que não permita a um político que mente continuar a dirigir seja o País seja uma qualquer agremiação desportiva. Por isso, os portugueses que no próximo dia 26 forem às urnas expressar um voto em qualquer dos partidos, para além de irem colaborar numa mentira, eles próprios também vão mentir na medida em que não é possível acreditar que aqueles que colocaram o País na situação em que se encontra possam ser os mesmos que agora se arvoram com a competência para o resgatar. A única maneira dos portugueses salvarem a face nas próximas eleições é votarem nulo. O voto nulo significa que se continua a acreditar na democracia como o menos maus de todos os sistemas mas, em contrapartida, deixou-se de acreditar em gente mentirosa. Votem nulo.

Benfica conquista 25.ª Taça de Portugal

Campeão assegura inédita “tripleta” Um golo de Nico Gaitán, aos 20 minutos da primeira parte, foi suficiente para o Benfica derrotar o Rio Ave (1-0) e conquistar mais uma Taça de Portugal (25.ª) em futebol, juntando assim o troféu da prova rainha ao título nacional e à vitória na Taça da Liga, o que lhe confere o “título” inédito da “tripleta”. O Benfica fechou com chave de ouro uma época que roçou a perfeição, ao vencer por 1-0 o Rio Ave na final da Taça de Portugal, tornando-se a primeira equipa a conquistar os três principais troféus nacionais. O golo marcado pelo extremo argentino Nico Gaitán, aos 20 minutos, foi suficiente - ao contrário do que sucedeu na final da temporada passada - para que a equipa lisboeta erguesse pela 25.ª o troféu, em 35 finais disputadas, apesar de ter protagonizado uma exibição q.b.. Com simbolismo, o Benfica completou o seu processo de regeneração, no mesmo palco onde há um ano bateu no fundo, ao perder a taça para o Vitória de Guimarães (2-1), o último dos três troféus que deixou escapar entre os dedos, depois do campeonato, para o FC Porto, e da Liga Europa, para o Chelsea. Tal como na época passada, o Benfica subiu ao relvado do Estádio Nacional, em Oeiras, poucos dias depois de ter perdido a final da segunda prova europeia, desta vez frente ao Sevilha, mas já com o título nacional e Taça da Liga na galeria de troféus e um estado de espírito diametralmente oposto. Presente pela segunda vez no Jamor, 30 anos depois de ter perdido por 4-1 com o FC Porto, o Rio Ave voltou a falhar a conquista do seu primeiro título nacional, revelando-se incapaz de evitar o mesmo desfecho da final da Taça da Liga, que perdeu há pouco mais de uma semana para o Benfica (2-0). O treinador Jorge Jesus apresentou o “onze” com que gostaria de ter alinhado frente ao Sevilha, com os argentinos Enzo Pérez e Salvio, ausentes em Turim devido a suspensão, a reforçarem o meio-campo, mas sem o lesionado Siqueira, que, ao contrário de Garay, não recuperou e foi substituído por André Almeida. Do lado do Rio Ave, o técnico Nuno Espírito Santo prescindiu do ponta-de-lança egípcio Hassan e apostou na mobilidade de Braga e Rúben Ribeiro, os dois elementos mais adiantados da equipa vila-condense, com Ukra e Pedro Santos a terem carta branca para atacar pelos flancos. Sem aviso prévio, o equilíbrio da fase inicial do encontro foi desfeito aos 20 minutos de forma brusca por Nico Gaitán, que, com um raro remate com o pé direito, visou o ângulo superior direito da baliza vila-condense e tornou inútil a estirada do guarda-redes brasileiro Ederson. Há um ano, o extremo argentino tinha demorado mais dez minutos para colocar o Benfica em vantagem, desbaratada já na fase final e em apenas dois minutos, nos quais sofreu os dois golos do Vitória de Guimarães, mas agora, apesar de alguns sobressaltos, o Benfica teve engenho para segurar a magra vantagem. Os reflexos de Ederson revelaram-se preciosos cinco minutos mais tarde, evitando que os “encarnados” aumentassem a vantagem na sequência de um cabeceamento de Garay, após livre de Gaitán, e até ao intervalo o guardião do Rio Ave não teve muito mais trabalho. A equipa de Vila do Conde entrou na segunda parte determinada a chegar ao empate e logo nos minutos iniciais criou um lance muito perigoso na área benfiquista, sem que vários jogadores conseguissem encontrar espaço para rematar. A substituição do lesionado Ruben Amorim por André Gomes não ajudou o Benfica a recuperar as “rédeas” do jogo e, depois de Lima ter procurado o 2-0, só o poste esquerdo da baliza de Oblak impediu que o remate de Pedro Santos restabele-

cesse a igualdade aos 63 minutos. O guarda-redes do Benfica brilhou a grande altura pouco depois, desviando sobre a barra um remate de longe de Ukra que parecia destinado a responder à letra ao de Gaitán na primeira parte. Na sequência do canto, o cabeceamento de Marcelo errou o alvo por muito pouco. Markovic, que tinha substituído minutos antes o apático Rodrigo, deu nota da reação “encarnada”, obrigando Ederson a defesa apertada, mas até ao apito final o Rio Ave manteve sempre o Benfica na iminência de ter de disputar o prolongamento para conquistar a 10.ª “dobradinha”, que não conseguia há 27 anos. Jorge Jesus, que conquistou pela primeira vez a Taça de Portugal após duas tentativas falhadas, emocionou-se e a festa dos adeptos do Benfica tomou conta do Estádio Nacional e o cartão vermelho mostrado pelo árbitro Carlos Xistra ao defesa vila-condense Lionn, já depois do apito final, passou despercebido a muitos. Ficha de jogo Jogo no Estádio Nacional, em Oeiras, perante casa cheia (37 150 espetadores). Ao intervalo: 1-0. Marcador: 1-0, Gaitán, 20 minutos. Benfica: Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay, André Almeida, Rúben Amorim (André Gomes, 56), Salvio, Enzo Pérez, Gaitán (Cardozo, 87), Rodrigo (Lazar Markovic, 66) e Lima. (Suplentes: Artur, Cardozo, Funes Mori, André Gomes, Jardel, Lazar Markovic e Iván Cavaleiro). Treinador: Jorge Jesus. Rio Ave: Ederson, Lionn, Marcelo, Rodríguez, Edimar, Pedro Santos (Hassan, 80), Tarantini, Filipe Augusto, Ukra, Rúben Ribeiro (Diego Lopes, 67) e Braga (André Vilas Boas, 89). (Suplentes: Ventura, Hassan, Diego Lopes, André Vilas Boas, Tiago Pinto, Nuno Lopes e Roderick). Treinador: Nuno Espírito Santo. Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco). Ação disciplinar: cartão amarelo para Pedro Santos (30), Rúben Ribeiro (45), Lima (54), Braga (56), Rodríguez (após o apito final) e Lionn (após o apito final). Cartão vermelho direto para Lionn (após o apito final). Opinião técnica Jorge Jesus (Treinador do Benfica): “É sempre importante ganhar a final da Taça. Estivemos aqui no ano passado e foi um dia muito triste para mim pessoalmente. Era importante ganhar mas também fazer história. Hoje, se não tivéssemos marcado na primeira parte, não tínhamos capacidade de ir à procura do golo, porque estávamos completamente esgotados depois da final da Liga Europa. Somos a primeira equipa em Portugal a ganhar três competições. Podiam ser quatro em quatro, mas não vamos recordar a final de Turim. Estamos a corresponder nas conquistas, nos jogos, apesar de hoje ter sido um jogo difícil, porque estávamos esgotados. Tenho neste estádio alguns dos momentos mais tristes da minha vida desportiva. O que interessa é ter conquistado este resultado e ter dado o terceiro título aos adeptos do Benfica. A vida é assim: o futebol compensa sempre no amanhã”. Nuno Espírito Santo (Treinador do Rio Ave): “Tivemos mérito para ter outro resultado. Fizemos um grande jogo. Na segunda parte fomos

superiores de uma maneira tao evidente que saímos daqui com uma grande tristeza. Duas finais, estes jogadores mereciam outra coisa. Custa muito. Tivemos oportunidades claríssimas, uma bola no poste. O Benfica tem a sorte de ter um grande guarda-redes. Na segunda parte fomos muito superiores em tudo. Tenho a certeza de que quando voltar ao Jamor vou ganhar. Estar aqui é um privilégio. Sinto-me privilegiado por trabalhar com estes jogadores”. Enzo Pérez (Jogador do Benfica): “Merecíamos porque trabalhámos a época toda. Ficamos na história de um clube grande. O clube merece-o. Isto é para o Benfica e para toda a gente que veio aqui hoje”. Nico Gaitán (Jogador do Benfica): “Estou muito contente pela época que a equipa fez. Estamos todos muito contentes pelo que fizemos, porque o início foi complicado, depois do que aconteceu a época passada. Depois de termos jogado 120 minutos na quarta-feira, voltámos a jogar cheios de garra 90 minutos. Não vou dizer adeus aos adeptos. Até logo”. Tarantini (Jogador do Rio Ave): “Valorizámos demasiado o Benfica na primeira parte. Pelo que fizemos na segunda parte merecíamos ter marcado e sair daqui com outro resultado. Íamos bem com a vitória”. Jamor precisa de mais obras É verdade que o Estádio Nacional é muito bonito e a festa é um verdadeiro espetáculo, mas não é menos correto dizer-se que o “Jamor” precisa de mais obras se quiser continuar a receber a final da prova rainha do futebol português… A PSP atribuiu a “confusão” registada na porta da maratona, antes da final da Taça, à deslocação tardia dos adeptos para esta zona. “No que diz respeito à segurança pública, não houve ocorrências. Registámos apenas alguma confusão, junto à entrada da maratona, devido ao facto de os adeptos se terem dirigido para esta zona em cima da hora do jogo”, afirmou o comissário Rui Costa. Pouco antes do início do jogo entre Benfica e Rio Ave, registaram-se dificuldades na entrada de adeptos para o estádio, com centenas de pessoas imobilizadas na principal área de acesso ao recinto. “Estes adeptos já estão dentro do estádio, a situação foi normalizada. Houve esse efeito de pressão, dada a enorme quantidade de pessoas que se precipitaram para esta zona, perto da hora do jogo, impedindo o funcionamento normal dos torniquetes, assim como os outros procedimentos habituais, como a revista”, explicou o mesmo responsável policial, que fez questão de destacar: “Do ponto de vista da PSP não há nada a obstar na realização dos jogos no Jamor. Deixo um alerta aos adeptos de futebol que se desloquem para qualquer estádio cedo. A última hora é a hora de maior tensão e a hora de maior fluxo de pessoas. É esta situação que temos de inverter”. O certo é que todos os anos se repetem as mesmas “cenas tristes” e, só quando acontecer mesmo uma tragédia, é que os responsáveis vão deitar mãos à obra… O Estádio Nacional precisa de melhores acessos, entradas mais amplas e casas de banho em condições, pois o que existe é uma vergonha. As senhoras e as crianças que o digam…


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