MOURINHO SOMA E SEGUE TÉCNICO PORTUGUÊS DO CHELSEA FESTEJA CENTÉSIMA VITÓRIA NA LIGA INGLESA
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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
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DIÁRIO NACIONAL
Ano CXLVI | N.º 33
Segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
SEGURO DIZ QUE PASSOS JÁ ENTROU EM CAMPANHA
ILUSÕES
n O líder do PS diz que o Governo se prepara para festejar a saída da ‘troika’ “com champanhe” e quer dar a entender que acontece pelo seu “bom desempenho”. Falando em “campanha eleitoral”, Seguro destaca: “O Governo não passa de um vendedor de ilusões que visa criar a ideia nas pessoas que o nosso país está a sair da crise mas, infelizmente, não é assim”...
RODRIGO DECIDE APELO À LUTA Jerónimo de Sousa quer “travar o passo à política de saque”
MARCO n Benfica vence (2-0) Marítimo e recupera liderança isolada
Escola Profissional de Agricultura é um exemplo para todos
local porto
2 | O Primeiro de Janeiro
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
Escola de Agricultura do Marco é um exemplo a seguir
Matosinhos
Seis pessoas detidas
“Futuro passa pelas escolas profissionais” Quase metade dos alunos que terminam, todos os anos, a formação na Escola Profissional de Agricultura do Marco de Canaveses conseguem emprego no curto prazo. De acordo com João Gonçalves, presidente da instituição, outra parte dos formandos consegue trabalho nos dois anos seguintes, de acordo com a média do estabelecimento. Outros 18% dos alunos que terminam o 12.º ano seguem para o ensino superior. “Muitos dos nossos alunos estão a trabalhar na área da agricultura e turismo em empresas da região e também no estrangeiro. Temos três ex-alunos a trabalhar na Suíça, nas áreas de formação deles”, diz o mesmo responsável. João Gonçalves revelou ainda que, “num contexto tão grande de crise e falta de emprego, a mão-de-obra qualificada de nível intermédio (secundário) é muito valorizada”, o que se traduz na procura de empresários por alunos da escola. Empresas ligadas às áreas agroalimentar e de turismo são as que mais procuram os alunos desta escola. “São empresas que já estão instaladas ou que vêm instalar-se no território geográfico da escola, que comporta o concelho de Marco de Canaveses e município limítrofes, como Amarante, Baião, Penafiel e Cinfães, e que lançam projetos inovadores, contando com a mão-de-obra
MARCO. Escola Profissional de Agricultura lança no mercado “mão-de-obra muito qualificada e valorizada” de alunos da escola”, assinalou. O estabelecimento está instalado há 24 anos na localidade de Rosem, a cerca de seis quilómetros da cidade do Marco de Canaveses. As instalações estão rodeadas por campos agrícolas, num cenário que reflete a ruralidade que no passado predominou na região do Baixo Tâmega. O estabelecimento conta com 100 hectares de terrenos totalmente dedicados ao desenvolvimento agrícola, turismo e criação de cavalos. Essas condições, diz o diretor, têm sido decisivas para o aumento do número de alunos nos últimos seis anos. A escola passou, em seis anos, de 80 para 284 alunos, em resultado da oferta formativa com cursos como jardinagem em espaços verdes, produção agrária, turismo ambiental e rural, gestão equina, gestão de animação tu-
rística em espaço rural e cuidados veterinários. Os cursos de gestão de animação turística em espaço rural e cuidados veterinários dão acesso ao ensino superior, através de um protocolo celebrado com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Alguns alunos que frequentam a escola profissional são oriundos de vários concelhos do país, entre os quais Torre de Moncorvo, Mogadouro, Vila Real e Vale de Cambra. Para esses alunos, o estabelecimento disponibiliza um regime de internato, com dormida e refeições gratuitas, apoios suportados pela instituição, ao abrigo de programas do Fundo Social Europeu. A escola tem neste momento cerca de 70 alunos em internato. O grande número de forman-
dos neste regime obrigou a escola a colocá-los em instalações provisórias, enquanto se aguarda a ampliação da residência. A propósito do sucesso daquele projeto educativo, João Gonçalves disse acreditar que “o futuro passa pelas escolas profissionais”. O diretor espera que, no futuro, “haja abertura política para dar espaço e importância” e este tipo de ensino. “Tradicionalmente recuperamos para o sistema de ensino uma parte significativa de alunos que não querem andar noutras outras escolas e que encontram aqui um caminho para a sua vida”, destacou ainda. Em termos de projetos para o futuro, anuncia-se, a curto prazo, a construção de um picadeiro coberto e a recuperação de uma habitação para turismo rural.
Vereador da CDU defende “intervenção irgente”
“Caminhos de cabras” na zona da Lomba O vereador da CDU na Câmara do Porto defende uma “intervenção urgente” na zona da Lomba, freguesia do Bonfim, onde há “quase caminhos de cabras” e ruas com “crateras” que podiam ser reabilitados “sem grandes investimentos”. A recomendação foi aprovada em sessão camarária em janeiro de 2013, mas por ter sido alvo de um “veto de gaveta”, o comunista Pedro Carvalho pretende chamar a atenção do novo executivo na reunião de terça-feira para “um Porto esquecido e quase rural”, onde há “arruamentos do século 18”. “A zona está muito pior, quer em
termos de arruamentos, de passeios ou da inexistência de passeios. Sem grandes investimentos, a reabilitação das ruas era um primeiro passo para a reabilitação de toda a zona, que tem cerca de 26 ilhas [habitações operárias típicas do Porto]”, observou o vereador da CDU, em declarações no final de uma visita ao local. Pedro Carvalho pretende insistir junto da Câmara do Porto para que “pelo menos a rua de Vera Cruz seja reabilitada”, devido à existência daquilo a que chama “crateras” e alerta que o problema se situa no Bonfim e perto de Campanhã, áreas que o atual presi-
dente da autarquia, Rui Moreira, elegeu como prioridade. “Vamos chamar a atenção do novo executivo para cumprir a recomendação aprovada e para que a prioridade dada a Campanhã não seja retórica”, observou o vereador. Na proposta apresentada há um ano, a CDU alertava também para a necessidade de a câmara falar com os senhorios privados no sentido de os levar a “remover entulhos de casas devolutas” e de requalificar um ringue que continua “com a iluminação desativada”. “Com milhares de euros conseguia-se resolver. Noutros locais, como a avenida da Boavista, gastam-se
milhões e esta é uma zona com fragilidades sociais e em termos de acessibilidades mas tem bastante potencial, devido à proximidade da estação de Campanhã”, observou Pedro Carvalho. O vereador destacou ainda ser necessário apoiar a Associação de Moradores da Lomba, cuja sede “precisa de ser adquirida e reabilitada”. Ainda de acordo com Pedro Carvalho, a associação presta “diversos serviços sociais aos moradores” da zona, “nomeadamente o de banhos públicos”, permitindo a quem não dispõe de instalações sanitárias em casa o uso dos balneários.
A PSP do Porto deteve em Matosinhos seis pessoas, cinco por condução sob o efeito do álcool e uma por tráfico de estupefacientes, depois de fiscalizar 154 viaturas e respetivos condutores. Em comunicado enviado às redações, o Comando Metropolitano do Porto da PSP informa que, durante a operação levada a cabo entre as 02h00 e as 06h00, foram registadas oito infrações ao Código da Estrada e “demais legislação rodoviária”. A PSP acrescenta ter identificado 14 pessoas “no âmbito do combate ao consumo e tráfico de estupefacientes” e ter aprendido haxixe suficiente para “cerca de 42 doses individuais”. Os detidos relacionados com a condução sob o efeito de álcool “foram notificados para comparecerem junto das Autoridades Judiciárias”, ao passo que o detido por tráfico de droga “será presente junto do respetivo tribunal”, acrescenta aquela força policial.
Estreia em Serralves
“The Pixelated Revolution”
A Fundação de Serralves, no Porto, recebe em fevereiro a peça “The Pixelated Revolution”, na qual o libanês Rabih Mroué reflete sobre novas formas de documentação, como as imagens capturadas por telemóvel durante a revolução síria. Em comunicado enviado às redações, a instituição revela que esta “estreia absoluta em Portugal” consiste numa “coleção de vídeos encontrados pelo artista libanês Rabih Mroué no YouTube e outras redes sociais, que mostram em flagrante a morte de opositores ao regime Sírio”, porque todos foram feitos “pelas próprias vítimas”. O espetáculo de “teatro-performance”, que começa com a afirmação “Os sírios estão a filmar a sua própria morte”, vai ser apresentada no Auditório de Serralves a 08 de fevereiro, pelas 18:00 horas.
regiões
Segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Centro Hospitalar do Oeste resolve problema nas Caldas da Rainha
Contratar enfermeiros de fora para manter VMER
PCP/Açores critica Governo Regional
40 mil desempregados O líder do PCP/Açores, Aníbal Pires, disse, ontem, que existem “mais de 40 mil desempregados” no arquipélago, entre pessoas sem emprego e sub-empregados, número que considerou representar uma situação “dramática”. “Estamos perante um problema de emergência social, para o qual é necessário encontrar respostas urgentes, respostas conjunturais, mas sobretudo respostas estruturais que contribuam para fazer regredir a catástrofe social que se vive na Região”, defendeu o dirigente comunista, em conferência de imprensa, na cidade da Horta. Para Aníbal Pires, este aumento do desemprego resulta do “falhanço” da Agenda para o Emprego e Competitividade, criada pelo Governo Regional, que incluía “seis dezenas de medidas” de apoio às empresas, com vista à criação de mais postos de trabalho. No seu entender, o problema do desemprego nos Açores só se resolve através do aumento do salário mínimo na Região, que além de “repor justiça e equidade salarial”, contribuiria para o aumento da procura interna. Os comunistas açorianos dizem que a situação sócio-económica dos Açores vai ainda agravar-se mais este ano, devido ao aumento dos impostos (IRS, IRC e IVA), por via da revisão da Lei de Finanças Regionais
CHO vai recorrer à contratação de enfermeiros através de uma empresa para garantir o funcionamento da VMER das Caldas da Rainha.
reconheceu Carlos Sá, “há problemas estruturais que dificultam o fluxo de circuito dos doentes nas urgências” e que o CHO vai tentar colmatar com a transformação de um corredor próximo das urgências num espaço de internamento transitório com capacidade para quatro camas.
O Centro Hospitalar do Oeste e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Oeste Norte iniciam, hoje, uma parceria com vista a reduzir o número de doentes não urgentes que recorrem ao serviço de urgência. “Vamos implementar em conjunto um mecanismo de monitorização que permitirá avaliar a procura nas urgências, semana a semana, e tomar medidas para reduzir o número de doentes que vão ao serviço sem precisar”, disse o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Carlos Sá. A monitorização arranca no serviço de urgências do Hospital das Caldas da Rainha (que em conjunto com as unidades de Torres Vedras e Peniche forma o CHO) através de um inquérito que será distribuído a todos os utentes que se inscrevam nas urgências. “Vamos perguntar porque vêm às urgências, se por não terem médico, se por os tempos de espera no respetivo centro de saúde serem muito demorados ou se por qualquer outro motivo”, adiantou o responsável, explicando que os resultados serão diariamente informatizados e semanalmente analisados em conjunto com o ACES – Oeste Norte. A parceria entre as duas instituições é implementada num ano em que, segundo a administração, “o tempo médio de espera nas urgências para doentes com senha amarela na triagem de Manchester [0urgentes] aumentou cerca de dez a 15 minutos” em relação ao ano passado, apesar de o tempo máximo de espera “ter diminuído de nove horas para cinco horas e meia”. Para além da diminuição do tempo de espera, o CHO pretende este ano “aumentar as condições de internamento” dos doentes atendidos no serviço de urgência, muitos dos quais ficam em macas durante horas ou mesmo dias. Ainda assim,
Garantir funcionamento do VMER
Oeste. Centro Hospitalar e Agrupamento de Centros de Saúde iniciam, hoje, uma parceria com vista a reduzir o número de doentes não urgentes
Distrito de Beja
Mau tempo provoca queda de 30 árvores
Cerca de 30 quedas de árvores foram registadas, durante a madrugada de ontem, no distrito de Beja, em quase todos os concelhos, devido ao vento forte e à chuva que fustigaram a região, segundo fonte dos bombeiros. O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja indicou, em declarações prestadas ao início da manhã, que as quedas de
árvores ocorreram em quase todos os concelhos do distrito, sem provocar danos. Dos 14 concelhos, só não se registaram ocorrências em Barrancos, Moura e Vidigueira, precisou a mesma fonte da proteção civil. Na zona de Évora, o CDOS adiantou que a situação foi mais calma, tendo-se registado, já de manhã, a queda de uma árvore no concelho de Arraiolos. Mais a norte, em Portalegre, o CDOS referiu que não houve ocorrências no distrito devido ao mau tempo.
O Centro Hospitalar do Oeste vai recorrer à contratação de enfermeiros através de uma empresa para garantir o funcionamento da VMER das Caldas da Rainha, que a partir do próximo mês perde três profissionais. “Com a saída de enfermeiros que vão deixar o hospital [das Caldas da Rainha] e o País vamos ficar com 27 turnos em falta e teremos que recorrer a uma empresa para resolver a questão no imediato”, explicou Carlos Sá. Sem os três enfermeiros para completar os 90 turnos, mensais a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) “não teria equipas suficientes para assegurar os três turnos diários de oito horas”, admitiu o administrador, que disse estar a tomar “medidas para evitar um decréscimo da taxa de operacionalidade” da viatura. O recurso à contratação de enfermeiros através de uma empresa de prestação de serviços será, no entanto, temporária, já que, segundo o administrador, já foi solicitado INEM que seja dada formação a enfermeiros do quadro de pessoal do hospital, para integrarem a equipa de emergência. Para além da VMER sediada no hospital das Caldas da Rainha o CHO tem na sua alçada uma outra, no hospital de Torres Vedras, que em setembro de 2013 esteve parada, durante sete dias, por falta de médicos e enfermeiros necessários para preencher as escalas de serviço. Os profissionais, contratados através de uma empresa, recusaram aceitar a redução do preço pago à hora, que no caso dos médicos passou de 23 para 18 euros. Sem meios próprios suficientes para assegurar os turnos da VMER, o CHO acabou por adjudicar o serviço a outra empresa, possibilitando assim que ao fim de sete dias fossem asseguradas as equipas necessárias.
nacional
4 | O Primeiro de Janeiro
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
Seguro diz que PSD e Passos Coelho já entraram em campanha eleitoral…
Comissão do PSD e a coadoção
“Governo só vende ilusões”
Referendo por “unanimidade”
O secretário-geral do PS, António José Seguro, refere que o Governo prepara-se para festejar a saída da ‘troika’ de Portugal “com champanhe” e quer dar a entender que acontece pelo seu “bom desempenho”. “O Governo prepara-se para abrir garrafas de champanhe no dia 17 de maio”, disse o secretáriogeral socialista no encerramento do XVI Congresso Regional do PSMadeira que aclamou Vítor Freitas líder do partido na Região. Porém, lembrou que no dia 17 de maio faz três anos que Portugal assinou o Memorando com a ‘troika’ estando previsto, desde o início, que esta saia do país. “Não é, por isso, nada que decorra do bom desempenho do Governo mas, no entanto, o Governo prepara-se para abrir garrafas de champanhe e já fala em milagre económico”, declarou. Para o líder do PS, “o Governo não passa de um vendedor de ilusões que visa criar a ideia nas pessoas que o nosso país está a sair da crise mas, infelizmente, não é assim”. Realçou também que “o primeiro-ministro há dois dias, dando o dito por não dito” tendo apelado
SEGURO. O líder do PS diz que o “Governo se prepara para abrir garrafas de champanhe no dia 17 de maio”… ao Partido Socialista para que fosse “feito um acordo para que pudesse haver um bom equilíbrio das contas públicas”. “Já repararam que este primeiro-ministro governa há mais de dois anos e meio e diz que temos vindo a fazer reformas. Ora, se fosse verdade, não precisava de propor nenhum pacto para o futuro”, disse. Para o secretário-geral do PS, “o primeiro-ministro só propõe pactos para cortar do lado da despesa e aquilo que está demonstrado não apenas em Portugal, mas em vários outros países é que para equilibrar contas públicas é preciso gerir e ter um limite para a despesa pública mas, simultaneamente, é necessário agir do
lado da receita o que significa ter uma economia a crescer, a gerar riqueza, criar oportunidades de emprego, a preservar os postos de trabalho que atualmente existe”. António José Seguro elogiou a estratégia de Vítor Freitas desenvolvida nas eleições autárquicas de coligação com outros partidos que fez o partido conquistar a Câmara Municipal do Funchal, classificou de “irresponsabilidade” o que aconteceu nas contas públicas da Madeira com um défice de 6,3 mil milhões de euros e garantiu, caso venha a ser primeiro-ministro, “a solidariedade aos madeirenses e portossantenses”. O presidente aclamado do PSMadeira, Vítor Freitas, propôs “um
projeto de mudança política” que passa pela união dos madeirenses e portossantenses: “o momento presente exige-nos que dispamos as nossas vestes ideológicas para construirmos o futuro da Madeira, mais como cidadãos e menos como partidos”. “Neste projeto cabem todos, socialistas, democratas cristãos, comunistas, bloquistas, sociais-democratas, homens e mulheres de esquerda e de direita, homens e mulheres com e sem filiação partidária”, propôs. A Moção de Estratégia Global “Uma alternativa responsável” foi aprovada por unanimidade pelos congressistas, tendo o XVI congresso regional do partido confirmado a reeleição de Victor Freitas.
PCP apela à “luta” contra o Governo
“Travar o passo à política de saque” O secretário-geral do PCP diZ que é preciso “travar o passo à política de saque”, apelando à luta para que chegue mais cedo o dia em que o país veja o Governo, de coligação PSD/CDS-PP, “pelas costas”. “O país precisa de travar o passo à política de saque dos trabalhadores e do povo”, afirmou Jerónimo de Sousa, na Marinha Grande, num comício no âmbito das comemorações do 80.º aniversário da Revolta de 18 de Janeiro de 1934, na qual os operários vidreiros tomaram, por algumas horas, o poder. Para Jerónimo de Sousa, não se pode “aceitar que este Governo ilegítimo, que governa contra a Constituição e faz o contrário do que anunciou, mentindo aos portugueses,
continue o seu rumo de destruição” dos direitos “ao trabalho, ao trabalho com direitos, dos direitos a uma pensão e a uma reforma digna, à saúde, à educação, à proteção social”. Recordando a luta dos revolucionários de 18 de Janeiro e o papel do PCP nesta insurreição e garantindo que os comunistas jamais deixarão apagar da memória a “primeira grande ação de massas contra o fascismo salazarista”, o líder comunista desafiou os presentes à “intensificação e alargamento da luta” nos locais de trabalho e na rua. “Sim, camaradas, é preciso continuar a luta. Se outros que se dizem de esquerda estão comprometidos com esta política e abandonam a exigência da demissão do Governo, nós não desistimos de
apressar a sua saída”, afirmou Jerónimo de Sousa, continuando: “Não estamos à espera de 2015, estamos a lutar para chegar mais cedo o dia em que vejamos pelas costas um Governo que tanto mal tem feito – e está a fazer – ao país e aos portugueses”. O responsável do PCP disse ainda que está em curso uma “descarada campanha de propaganda do Governo” que quer fazer crer que o pior já passou e referiu que “falam até em milagre económico e crescimento”. A este propósito, acrescentou: “É preciso descaramento. A realidade não se altera com a instrumentalização e a manipulação das estatísticas como este Governo faz e ainda agora fez [o primeiro-ministro] Passos Coelho em relação ao emprego”.
No seu entender, “o seu milagre de crescimento é um ‘bluff ’”, já que se passa a ideia de que “está a chegar o momento da saída da ‘troika’, do fim do pacto de agressão e, com isso, o dia da recuperação da nossa soberania e dos nossos direitos”. Acusando de tudo fazerem “para aparecerem como os salvadores da pátria”, o secretário-geral do PCP advertiu: “Chega ao fim um pacto, mas prossegue outro, com as mesmas medidas, as mesmas soluções, as mesmas políticas de extorsão do povo, o roubo dos trabalhadores e reformados, embora com outro nome […]. Nem eles são os salvadores da pátria, nem o pacto que assinaram salvou o país”.
A Comissão Política Nacional do PSD decidiu a 22 de outubro, por unanimidade, “não se opor” a uma proposta de referendo sobre coadoção e adoção plena de crianças por homossexuais, segundo um extrato da ata desta reunião. O documento, disponibilizado pela assessoria de imprensa do PSD, refere que estiveram presentes nessa reunião, entre outros dirigentes, o presidente do partido, Passos Coelho, e os vice-presidentes Marco António Costa e Teresa Leal Coelho - que na sexta-feira se demitiu da direção da bancada social-democrata depois de faltar à votação em que foi aprovada essa proposta de referendo. De acordo com extrato da ata assinado pelo secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, a Comissão Política Nacional “deliberou, por unanimidade”, nessa reunião de 22 de outubro, “não se opor à proposta já apresentada pelos deputados da JSD na Assembleia da República de realização de um referendo sobre o tema da coadoção e adoção plena por casais do mesmo sexo, incumbindo a direção do Grupo Parlamentar na Assembleia da República de conduzir este processo”. Essa proposta de referendo, subscrita por um conjunto de deputados do PSD, membros da juventude social-democrata (JSD), tem como data de entrada na Assembleia da República precisamente o dia 22 de outubro. Na reunião de 22 de outubro, a Comissão Política Nacional do PSD decidiu também, “por unanimidade”, determinar “a disciplina de voto favorável nas votações do Orçamento do Estado para o ano de 2014” para os deputados da bancada social-democrata. A vice-presidente do PSD Nilza Sena, o secretário-geral, José Matos Rosa, o presidente do Grupo Parlamentar, Luís Montenegro, e os vogais da Comissão Política Nacional Fernando Armindo da Costa, Fernando Jorge, José António Gomes de Jesus, Maria da Conceição Pereira, Maria da Trindade Vale e Rogério Gomes estiveram igualmente presentes nessa reunião, segundo o extrato de ata divulgado. Marcaram ainda presença nessa reunião Hugo Soares e Cristóvão Ribeiro, pela JSD, Pedro Roque, pelos Trabalhadores Sociais Democratas, Jorge Braga de Macedo, pela Comissão de Relações Internacionais do PSD, e Manuel Correia de Jesus, em representação do PSD/Madeira - que, no entanto, “não participou na votação por não estar mandatado para tal pela Comissão Política Regional”. Faltaram à reunião o vice-presidente do PSD Pedro Pinto, os vogais Desidério Jorge Silva, Paulo Simões Júlio e Rodrigo Moita de Deus, os representantes dos Açores, Duarte Freitas, e dos Autarcas Sociais Democratas, Pedro Oliveira Pinto, do Gabinete de Estudos Nacional, Paulo Mota Pinto, e do grupo de eurodeputados do PSD, Paulo Rangel. De acordo com o extrato de ata divulgado, o vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva e o vogal Hermínio Loureiro saíram antes da votação. Na quarta-feira, a bancada do PSD reuniu-se para decidir como votar a proposta de referendo sobre a coadoção e adoção de crianças por homosexuais. A direção parlamentar colocou a votação o apoio a essa proposta, com disciplina de voto, posição que foi aprovada por maioria. Nessa reunião de quarta-feira, a bancada do PSD foi informada do teor da decisão da Comissão Política Nacional de 22 de outubro, disseram à Lusa deputados sociais-democratas. A referida proposta de referendo, que tem como primeiro subscritor o presidente da JSD, Hugo Soares, foi aprovada na sexta-feira pelo PSD, com a abstenção do CDS-PP e os votos contra da oposição. O projeto de resolução em causa propõe que sejam colocadas aos portugueses as seguintes questões: “1. Concorda que o cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo possa adotar o filho do seu cônjuge ou unido de facto? 2. Concorda com a adoção por casais, casados ou unidos de facto, do mesmo sexo?”.
Segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
economia
O Primeiro de Janeiro | 5
Machete viaja para um dos 10 principais destinos das exportações lusas
Diplomacia comercial em visita a Marrocos Marrocos tornou-se, em 2013, o 10.º principal destino dos produtos nacionais. Chefe da diplomacia lusa chega hoje ao país. Necessidade de capital da banca europeia
767 mil milhões de euros Os bancos europeus apresentam necessidades de capital na ordem dos 767 mil milhões de euros, antes dos exercícios do Banco Central Europeu (BCE), segundo um estudo conduzido por um investigador alemão e um académico norte-americano. Os bancos franceses têm o maior buraco (285 mil milhões de euros), seguidos pelos bancos alemães (199 mil milhões de euros), revelam as conclusões do estudo de Sascha Steffen, da Escola Europeia de Gestão e Tecnologia, em Berlim, e de Viral Acharya, da Universidade de Nova Iorque, segundo a agência de informação financeira Bloomberg. “Uma análise exaustiva sobre a qualidade dos ativos da banca europeia deverá revelar uma falta de capital substancial em muitos países periféricos e do centro da Europa”, escrevem os autores, que analisaram 109 dos 124 bancos da Zona Euro que vão ser analisados nos exames do BCE, antes de a entidade liderada por Draghi assumir a sua supervisão. Além de anteciparem a necessidade de serem feitos aumentos de capital significativos e a transformação de dívida em capital, os autores dizem que, nalguns casos, será inevitável o recurso a ajudas estatais para fazer face à falta de capital das instituições financeiras analisadas.
vo também para o relacionamento entre a União Europeia e Marrocos, tendo em conta o novo acordo de pescas assinado recentemente. Outro assunto que o ministro deverá abordar é o da insegurança na região do Sahel e do Golfo da Guiné, problema para o qual o chefe da diplomacia portuguesa alertou recentemente, no Seminário Diplomático. “Esta situação é tanto mais preocupante quanto pode existir uma correlação com um conjunto de outras atividades criminosas como o tráfico de droga e também de pessoas, através de África e com destino último a Europa”, referiu, na ocasião, propondo várias medidas de combate.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, inicia, hoje, uma visita oficial a Marrocos, atualmente um dos 10 principais destinos das exportações nacionais, onde irá reunir-se com o primeiro-ministro marroquino e com a comunidade portuguesa. As relações comerciais entre Portugal e Marrocos e questões ligadas à cooperação multilateral serão abordadas nesta deslocação, durante a qual o governante português vai encontrarse com o primeiro-ministro marroquino, Abdel-Ilah Benkiran. O ministro participa, no primeiro dia da visita, numa reunião de trabalho com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Salaheddine Mezouar. Amanhã, além do encontro com o primeiro-ministro, Rui Machete manterá encontros com os presidentes das comissões de Negócios Estrangeiros e com a presidente da Confederação Geral das Empresas de Marrocos.
Contacto com comunidade lusa
Crescimento em cinco anos
O aumento das relações comerciais entre Portugal e Marrocos será um dos temas em destaque nesta visita, em que também participa um administrador da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. No ano passado, as exportações portuguesas para Marrocos aumentaram em 63%, seguindo a tendência de crescimento de anos anteriores. Marrocos tornou-se, em 2013, o 10.º principal destino dos produtos nacionais. Em 2008 e 2009, encontrava-se na 17ª posição, em 2010 e 2011 na 15.ª e em 2012 em 13.ª, segundo dados da AICEP. Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), o crescimento das exportações para aquele país do norte de África reflete “a excelência do relacionamento político” entre Portugal e Marrocos. A visita decorre num momento considerado positi-
Marrocos. Para o MNE, o crescimento das exportações para este país reflete “a excelência do relacionamento político”
Informação bancária
Dados de 15 milhões de sul coreanos expostos
Dados bancários de 15 milhões de pessoas na Coreia do Sul, correspondentes a 70% dos titulares dos cartões de crédito do país, poderão ter sido objeto de uma fuga de informação a partir de bancos locais. “Houve fugas de informação de quase todas as pessoas economicamente ativas” do país de 50 milhões de habitantes, indicou à agência sul-coreana Yonhap
um funcionário do Serviço de Supervisão Financeira de Seul. O mesmo responsável declarou que o organismo regulador das finanças pediu aos principais bancos sul-coreanos, como o Kookmin e Shinhan, que investiguem o caso, já que a informação supostamente vazada procederia dos seus arquivos. Os dados confidenciais incluiriam os números de telefone, moradas e registos bancários de 15 milhões de pessoas titulares de cartões de crédito registados na Coreia do Sul.
Nesta visita, Rui Machete deverá também abordar a realização, no primeiro semestre deste ano em Lisboa, do fórum do Diálogo do Mediterrâneo Ocidental 5+5, atualmente copresidido por Portugal e pela Mauritânia, que integra também Espanha, França, Itália, Malta, Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia. O governante vai ainda reunir-se com elementos da comunidade portuguesa, numa receção organizada pela embaixada de Portugal e pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa de Marrocos. Calcula-se que vivam entre 2500 a 3 mil portugueses naquele país, estando inscritos na secção consular da embaixada 2.112, de acordo com números deste mês. Grande parte dos cidadãos portugueses trabalha em empresas de capital total ou parcialmente nacional, concentrando-se na zona de Tânger e no sul do país. Há também pequenos núcleos distribuídos pela restante faixa litoral, nomeadamente em Agadir e El Jadida. Segundo informação do MNE, a imigração portuguesa é essencialmente composta por quadros técnicos jovens e empresários, sendo bastante móvel, com o período de permanência determinado pelos contratos de trabalho. Há também portugueses radicados “há muitos anos, encontrando-se plenamente integrados”. As principais atividades económicas desenvolvidas pelos portugueses em Marrocos incluem a construção civil, têxteis, eletrónica e serviços.
desporto
6 | O Norte Desportivo
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
Marco Silva não quer colocar mais pressão sobre o Estoril
Sem assumir a Europa O Nacional, sexto classificado, e o Estoril, quinto, defrontam-se a partir das 20h00, no Estádio da Madeira, no Funchal. O treinador do Estoril-Praia, Marco Silva, alertou para as dificuldades que o Nacional irá apresentar, hoje, na 16.ª jornada da I Liga, salientando a experiência do adversário, mais rodado a nível europeu. Em antevisão ao encontro com os insulares, Marco Silva reconhece que ambas as equipas têm “mérito” pelo lugar que ocupam no campeonato e sustenta que o encontro não irá definir metas europeias. “Nós não assumimos porque a nossa época não foi projetada dessa forma. O clube ainda não está preparado para assumir essa luta. O Nacional já tem alguma tarimba nesse campo e já participou algumas
vezes na Liga Europa”, disse. Para Marco Silva, as “duas equipas têm feito um excelente campeonato e têm demonstrado a razão desta classificação e da excelente Liga que têm feito”. Para o jogo com os «alvinegros», o treinador do Estoril-Praia uma baixa de peso. O avançado Bruno Lopes mantém-se indisponível, depois de já não ter defrontado o Belenenses, para a Taça da Liga, e deixa alertas na equipa da Amoreira, que procura reforçar a frente de ataque. “O perfil do avançado tem de ser o de alguém que se enquadre no nosso modelo e estamos à procura da melhor solução”, concluiu. Do lado madeirense, o egípcio Gomaa, recentemente contratado pelo Nacional, estreou-se nas convocatórias de Manuel Machado. Com pouco mais de uma semana a treinar com a sua nova equipa, é pouco provável que o reforço jogue de início, mas se for utilizado fará a sua estreia absoluta no principal campeonato português.
Liga. Para Marco Silva, Estoril e Nacional “têm feito um excelente campeonato e têm demonstrado a razão desta classificação”
Penafiel vence FC Porto por 1-0
Vingança contra os «B» O Penafiel venceu, ontem, em casa o FC Porto B, por 1-0, com um golo apontado por Aldair, em jogo da 25.ª jornada da II Liga. Depois da derrota pesada (4-0) frente à principal equipa do FC Porto, em partida da Taça da Liga, o Penafiel desforrou-se e regressou às vitórias, colocandose agora, no campeonato, em posição que poderá dar acesso
à subida. O equilibro pautou ao longo de quase toda a primeira parte, com as duas equipas a não conseguirem criar grandes dificuldades junto das balizas. Ainda assim, e nos últimos minutos do primeiro tempo, os dragões aceleraram o ritmo e assumiram o comando do encontro. No entanto, e fruto das alterações na equipa levadas a cabo pelo trei-
nador penafidelense, na segunda parte, a supremacia azul e branca já não foi tão sentida. O golo do Penafiel aconteceu poucos minutos depois, aos 58 minutos, altura em que Aldair, de primeira, atirou para inaugurar o marcador. Depois disso, o FC Porto B aumentou a pressão e, aos 78 minutos, quase conseguiu repor a igualdade, sem sucesso.
Após polémica visita à Coreia do Norte
Rodman internado em clínica de reabilitação
O antigo basquetebolista Dennis Rodman, que no início do ano fez nova visita à Coreia do Norte, internou-se numa clínica de reabilitação alcoólica. Dennis Rodman foi para a clínica de reabilitação na quarta-feira, não se sabendo ao certo quanto tempo irá ficar em tratamento, revelou, ontem, a CNN. Rodman foi criticado pela entrevista que deu à CNN, em que sugeria que Kenneth Bae, cidadão norte-americano de origem sul-coreana detido na Coreia do Norte desde 2012, merecia a sentença de 15 anos de prisão a que foi condenado. O jogador pediu desculpas pelas declarações, tendo culpado o álcool pelo seu comportamento.
Open da Austrália
Ana Ivanovic elimina Serena Williams
A norte-americana Serena Williams, número um mundial, foi, ontem, eliminada na quarta ronda do Open da Austrália em ténis pela sérvia Ana Ivanovic e adiou a hipótese de alcançar um 18.º título do Grand Slam. Enquanto o campeão masculino, Novak Djokovic, se qualificava para os quartos-de-final com a sua 28.ª vitória consecutiva desde setembro, a sua compatriota punha fim ao percurso da grande favorita feminina, travando a segunda série vitoriosa mais longa da carreira da americana, com 25 triunfos. Serena, apresentou-se fortemente medicada, para debelar uma lesão nas costas e Ivanovic, ex-número um mundial, tirou o melhor proveito da fragilidade da adversária para vencer por 4-6, 6-3 e 6-3.
Frederico Silva substitui Pedro Sousa
O tenista Frederico Silva vai substituir Pedro Sousa na seleção que vai representar Portugal na primeira eliminatória do Grupo I da Zona Europa/África da Taça Davis, na Eslovénia, entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro. Segundo a Federação Portuguesa de Ténis, “Pedro Sousa lesionou-se num pulso num treino nos Estados Unidos e estará em recuperação durante algum tempo, pelo que o selecionador nacional da Taça Davis, Nuno Marques, optou por promover a estreia de Frederico Silva”. O jovem jogador, vencedor de dois torneios do Grand Slam em pares no escalão de juniores, junta-se assim a João Sousa, Gastão Elias e Rui Machado. Com a saída de Pedro Sousa e a entrada de Frederico Silva fica desfeito o quarteto que conseguiu o apuramento para o Grupo I da Zona Europa/África em setembro de 2013, frente à Moldávia. A seleção será ainda composta pelo treinador Emanuel Couto e pelo fisioterapeuta Carlos Costa.
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
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O Primeiro de Janeiro | 7
1868
Há 144 anos, todos os dias consigo.
Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |
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FEIOS, PORCOS E MAUS… Há muito que alguns sabiam e outros suspeitavam que o País não podia continuar a viver acima das suas possibilidades. E se aqueles que estavam no governo, neste caso o PS, deviam saber, aqueles que para lá queriam ir, pelo menos, deviam suspeitar. O que não se pode admitir é que tanto uns como outros tenham, sem qualquer ponta de Gustavo Pires* vergonha, mentido aos portugueses. A ação política sustentada na mentira, na trapaça, no embuste e nas manobras de diversão, é qualquer coisa que os portugueses não podem admitir aos dirigentes partidários pelo que os devem penalizar sempre que tal aconteça. Porque, a confirmarem-se as informações prestadas pelo semanário Expresso relativamente à saga da adoção e coadoção só podemos concluir que a política partidária em Portugal atingiu um estado de repugnância total o que não é nada saudável para a democracia. E os portugueses estão a atingir o limite daquilo que é possível suportar. Repare-se que segundo Santos Silva que é bem melhor académico do que foi ministro da defesa, a partir de dados de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em 2013, só 13% dos portugueses diziam confiar no Parlamento e 9% nos partidos. Numa escala de 1 a 4 o grau de interesse pela política ficou-se em 1,9. Por isso, o que se pode concluir é que os portugueses, como diria Santos Silva, estão a malhar nos partidos. É evidente que o País não pode gastar mais do que aquilo que produz, contudo, o equilíbrio das contas públicas não pode ser conseguido na base de uma política de “pagam todos e fé em Deus”. Na perspetiva do liberalismo político de John Rawls os princípios de justiça que governam as sociedades devem ser idealizadas a partir dos direitos e deveres dos cidadãos tendo em atenção o princípio da equidade. Quer dizer: (1º) cada pessoa tem o mesmo direito irrevogável a liberdades básicas iguais e compatíveis com a liberdade de todos e cada um; (2º) as desigualdades sociais e económicas devem: (a) estar vinculadas a cargos e posições acessíveis a todos em condições de igualdade de oportunidades; (b) as desigualdades têm que se traduzir em benefícios máximos para os menos favorecidos. Estamos todos de acordo que só podemos gastar aquilo que produzimos. O problema está na justificação, no método e no estilo. Porque, quando as justificações são falsas, o método antissocial e o estilo corrupto, para além do governo que já pouca credibilidade tem, é a política que perde toda e qualquer credulidade na medida em que os portugueses estão cansados de serem enganados. Quer dizer, as justificações já não os convencem; as soluções não os satisfazem; e o estilo ganancioso, arrogante, falho de qualquer competência, é-lhes insuportável. Por isso, bem podem os arautos do governo cantar louvores à ação governativa porque, assim que o défice e a divida, à custa da sangria dos portugueses, estiverem minimamente controlados o mais certo é tudo voltar à mesma. Porque, infelizmente, o mal continua nas entranhas da cultura política nacional e na própria honorabilidade da generalidade dos políticos partidários e seus simpatizantes. Se a política partidária é feia, porca e má, os seus políticos são-no a condizer…
Diretor: Rui Alas Pereira (CP-2017). E-mail: ruialas@oprimeirodejaneiro.pt Redatores: Joaquim Sousa (CP-5632), Andreia Cavaleiro (CP-6983), Cátia Costa (Lisboa) e Vasco Samouco. Fotografia: Ivo Pereira (CP-3916) Secretariado de Direção: Sandra Pereira. Secretariado de Redação: Elisabete Cairrão. Publicidade: Conceição Carvalho (chefe), Elsa Novais (Lisboa, 918 520 111) e Fátima Pinto. E-mail: conceicao.carvalho@oprimeirodejaneiro.pt Morada: Rua de Santa Catarina, 489 2º - 4000-452 Porto. Contactos: redação - Tel. 22 096 78 47 - Tm: 912 820 510 E-mail: geral.cloverpress@oprimeirodejaneiro.pt - Publicidade - Telefone: 22 096 78 46, Fax: 22 096 78 45 Propriedade: Globinóplia, Unipessoal Lda. Edição: Cloverpress, Lda. NIF: 509 229 921 Depósito legal nº 1388/82 Impressão: Coraze, Telefs.910252676 / 910253116 / 914602969, Oliveira de Azeméis. Distribuição: Vasp. Tiragem: 20 000
Benfica vence (2-0) Marítimo e continua líder da I Liga
Rodrigo tornou tudo mais fácil A vitória sobre o Marítimo, no estádio da Luz, foi uma missão fácil para o Benfica, que soube tirar bem partido de erros da defesa adversária e da “má visão” do árbitro, que validou um golo irregular. O 2-0 sobre os insulares permite aos “encarnados” regressar ao topo da classificação da Liga portuguesa de futebol, neste arranque da primeira volta, mantendo os níveis de confiança, em clara alta desde o triunfo sobre o FC Porto. O Marítimo foi “presa fácil” para as “águias”, é justo que se diga, com a sua linha defensiva a ter fortes responsabilidades no resultado com que se chegou ao intervalo. Primeiro, na forma como deixaram que Rodrigo aparecesse desmarcado na esquerda da grande área, aos 18 minutos, para rematar colocado para o primeiro golo de um jogo que ainda não registava qualquer lance de perigo. Igor Rossi, central dos funchalenses, esteve mal no alívio de uma bola enviada por Gaitán: a sua entrada permitiu, de facto, que o lance não chegasse a Lima, mas em contrapartida “serviu” na perfeição Rodrigo. O espanhol bisou aos 35 minutos e aqui a grande culpa da jogada vai para João Diogo, que ainda no seu meio-campo foi desarmado por Markovic, com Rodrigo muito perto do lance. O outro “culpado” no 2-0 é o árbitro Hugo Miguel (e os seus auxiliares), ao não ver que Rodrigo estava em posição irregular, quando arrancou para o “sprint” de uma trintena de metros que finalizou com remate certeiro. O Marítimo estava já resignado a prolongar a sua série de jogos sem vencer para sete, incluindo na Taça da Liga, ante um Benfica que nem estava a jogar bem em termos ofensivos, mas que também não “abria brechas” para ser surpreendido em contra-ataques. De novo a titular para o campeonato, o jovem Oblak mostrava segurança, sempre que era chamado à ação, tendo sido decisivo por duas vezes para manter o 1-0, fazendo esquecer Artur. Na zona do meio-campo recuado não acontecia o mesmo e a falta de Matic é evidente. Fejsa foi um jogador esforçado, preocupado em não comprometer nas suas funções, mas perde na comparação – é mais lento e claramente menos seguro no passe. Rodrigo, com o “bis” no jogo, aca-
bou por ser o homem da partida e mereceu os aplausos quando foi substituído para dar entrada a Ruben Amorim. É certo que beneficiou de erros clamorosos da defesa maritimista, mas não desperdiçou as oportunidades, concretizando com remates calmos e muito bem colocados. Enquanto se prolonga a ausência por lesão de Cardozo, o Benfica “descobre” aqui que afinal tem mesmo mais um concretizador. Rodrigo passa a ter sete golos no campeonato, tantos quantos soma Lima, hoje muito apagado até à meia hora final. O melhor de Lima no jogo aconteceu aos 67 minutos, com um “tiro” a que José Sá deu boa resposta, defendendo para canto. Aos 80 contabilizou novo remate, com o guarda-redes adversário a suster, sendo a bola depois afastada por Gégé. Em jogo de sentido único, o Benfica também não esteve longe do 3-0 aos 77 minutos, só que aqui o cabeceamento de Enzo Perez acabou por embater na barra. Do outro lado, aos 80, o último sinal de réplica do Marítimo saiu dos pés de Heldon, mas esbarrou no poste, depois de nova grande intervenção de Oblak, a desviar a bola do caminho das redes. Ficha de Jogo Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa. Ao intervalo: 2-0. Marcadores: 1-0, Rodrigo, 18 minutos. 2-0, Rodrigo, 35. Benfica: Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay, Siqueira, Fejsa, Gaitán, Enzo Pérez (André Gomes, 90+1), Markovic (Iván Cavaleiro, 89), Lima e Rodrigo (Rúben Amorim, 73). (Suplentes: Artur, Rúben Amorim, Funes Mori, Djuricic, André Gomes, Jardel e Iván Cavaleiro). Treinador: Jorge Jesus. Marítimo: José Sá, João Diogo, Gégé, Igor Rossi, Luis Olim, Marakis (Weeks, 46), Danilo Pereira, Nuno Rocha (Rúben Brígido, 75), Danilo Dias, Heldon (Fidélis, 84) e Derley. (Suplentes: Wellington, Artur, Fidélis, Patrick Bauer, Briguel, Rúben Brígido e Weeks). Treinador: Pedro Martins. Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Markovic (75) e Gégé (76). Assistência: 34 396 espetadores. OPINIÃO TÉCNICA
Jorge Jesus (treinador do Benfica): “O objetivo era vencer e tentar conciliar a isso uma boa exibição. Realizámos uns primeiros 45 minutos ao nível do que tínhamos feito no último jogo aqui, contra o FC Porto. Voltámos a jogar a esse nível. Na segunda parte, face ao resultado, é natural que os jogadores controlem mais o encontro. Mais um penálti que ficou por marcar a nosso favor. No outro fim de semana foi andebol e agora foi o árbitro que, a dois metros do Markovic, acaba por dar-lhe amarelo. Isto está a passar dos limites. Mas o que interessa é que fizemos um excelente jogo e os adeptos estão com a equipa”. Pedro Martins (treinador do Marítimo): “Cometemos dois erros infantis, que a este nível acabaram por ditar o vencedor. Tínhamos o jogo perfeitamente controlado, a equipa bem encaixada taticamente, embora não estivéssemos a conseguir sair com qualidade. Depois de sofrer o primeiro golo saímos melhor, obrigámos o Oblak a intervir bem, mas a seguir sofremos o 2-0. Na segunda parte, a tendência manteve-se. Subimos as linhas, o Benfica aproveitou as transições, mas, na minha opinião, não foi um bom jogo, até porque o estado do relvado também não ajudou”. Rodrigo (jogador do Benfica): “Foi um bom jogo, mais uma vitória para manter a liderança. Jogámos bem na primeira parte. A equipa está bem, muito confiante. Vitória no clássico tem um gostinho melhor, mas antes desse jogo já estávamos a melhorar. Fizemos pressão forte, recebi a ajuda do Markovic, acabei por ter um pouco de sorte, porque a bola passou por baixo da perna do guarda-redes, mas o que interessa é que entrou”. José Sá (guarda-redes do Marítimo): “A nossa intenção era ganhar. Batemo-nos bem, mas por erros nossos sofremos dois golos e depois não foi possível regressar ao jogo. Foi um jogo especial, espero um dia voltar a ser feliz como fui nesta casa. Mas no Marítimo também sou feliz”.