RUI COSTA FAZ HISTÓRIA CICLISTA PORTUGUÊS VENCE PELA TERCEIRA VEZ CONSECUTIVA A VOLTA À SUÍÇA
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DIÁRIO NACIONAL
Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
Ano CXLVI | N.º 148
Segunda-feira, 23 de junho de 2014
SEGURO E COSTA DISPONÍVEIS PARA DEBATE SOBRE IDEIAS E PROPOSTAS PARA O PAÍS
FORÇA
ANTÓN!O n A luta interna pela liderança do PS aqueceu em Ermesinde, mas Seguro parece ter levado a melhor sobre Costa, conseguindo confirmar as primárias para 28 de setembro e colocando, “finalmente”, um ponto final nas diretas e no congresso extraordinário...
ESCOLAS
Confap espera que encerramento seja analisado caso a caso
NOITADA
Festejos de São João prometem não deixar ninguém dormir no Porto
COIMBRA
Apupos dos estudantes não deixam secretário de Estado da Cultura discursar
2 | O Primeiro de Janeiro
local porto
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
Câmara do Porto quer reforçar aposta nas festas de S. João
Dirigentes intermédios continuam em funções
“Concertos são um grande sucesso” A câmara do Porto estima que 60 mil pessoas assistiram aos concertos integrados nas festividades de São João, informou em comunicado, acrescentando que está a apostar no alargamento da “data festiva” a nível “turístico e económico”. “Uma das grandes novidades das festividades de São João no Porto este ano são os ‘Concertos da Avenida’, que nos primeiros dois dias atraíram mais de 60 mil espectadores (...). Um grande sucesso e estão a ajudar a cumprir o objetivo de alargar a data festiva do ponto de vista turístico e económico”, refere o comunicado da autarquia do Porto. Na sexta-feira à noite subiram ao palco da Avenida dos Aliadas, mesmo no centro da cidade do Porto, os Azeitonas, enquanto sábado foi a vez do grupo GNR. “Se a noite de São João é, tradicionalmente, uma noite de ocupação hoteleira plena ou quase plena, a estratégica seguida pela câmara do
SÃO JOÃO. A noitada, como sempre, promete muita música, animação e fogo-de-artifício nas zonas das Fontainhas, Sé e Ribeira Porto e pela Porto Lazer [empresa municipal] este ano está a permitir alargar, também desse ponto de vista, o impacto positivo da festa”, continua o comunicado da autarquia. Dados recolhidos pelo executivo do independente Rui Moreira apontam para que as festividades de São João, no Porto, venha a envolver “perto de meio milhão de consumidores”, sendo que a hotelaria, garante a autarquia, está “praticamente a 100%”. Ontem, dia do jogo Portugal EUA, a contar para o Campeonato do Mundo de 2014, atuou a fadista
Ana Moura, pelas 21h00, também no palco da Avenida dos Aliados, e pelas 23h00, como não podia deixar de ser, houve a transmissão em direto do jogo de futebol na Praça D. João I e junto ao Edifício Transparente, na Foz. O programa “Concertos da Avenida” inclui um espetáculo dos DJs Fernando Alvim e Bob Sinclar, previsto para hoje, noitada dedicada ao Santo Popular. Nas zonas que mais tradicionalmente se celebra o São João, como são as Fontainhas, Sé e Ribeira, haverá fogo-de-artifício à meianoite.
A nota da autarquia do Porto dá, ainda, conta de que Rui Moreira receberá ao jantar, no Centro Social do Barredo, a partir das 20h45, “numerosas personalidades portuguesas e mesmo estrangeiras”, entre as quais os seus homólogos das câmaras de Lisboa, António Costa, de Faro, Rogério Bacalhau, e de Matosinhos, Guilherme Pinto. Um pouco antes, às 20h30, Rui Moreira e o presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, dão início, no tabuleiro inferior da Ponte D. Luís, à “grande noite” de festejos sanjoaninos.
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa
Direção demite-se em bloco A Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa apresentou a demissão em bloco, cabendo agora à mesa da assembleia-geral desta instituição a nomeação de uma comissão administrativa para desencadear um processo eleitoral. “Por sermos transparentes, e por sermos leais a quem nos elegeu, não poderíamos aceitar que nos impusessem nomes para o comando do corpo de bombeiros que já tinham dado provas de efetiva falta de liderança e de falta de lealdade e empenho para com os
bombeiros”, refere-se um comunicado lido no quartel dos Bombeiros Voluntários da Trofa. Os nomes aos quais se refere a Direção não foram revelados aos jornalistas, no entanto, é público que em março o então comandante, Filipe Coutinho, se demitiu de funções por divergências com a direção que hoje também decidiu sair. Dando cumprimento aos estatutos da instituição, a mesa da assembleia-geral aceitou que Filipe Coutinho se mantivesse na corporação como “oficial de primeira categoria”, o que lhe
conferia, por ser o mais antigo da corporação, tarefas semelhantes às de comandante. Ontem, a Direção explicou que depois de ter procurado no interior da corporação um comandante definitivo, “por indisponibilidade de alguns e por falta de perfil de outros” foi “conduzida à necessidade de contratação de um comandante vindo do exterior”, nome que não terá sido aceite pelo presidente da assembleia-geral. “A forma de ser e de estar dos nove elementos que compõem esta Direção não se identifica com essa forma de trabalhar.
Hospital de S. João
Perante todos estes factos, chegou então o momento da nossa saída”, pode ler-se ainda no comunicado da Direção demissionária. A Direção, que agora se demite em bloco, estava em funções desde 2009 e é presidida por Pedro Ortiga, que não quis explicar com mais pormenor as divergências internas dentro desta associação, remetendo sempre para o comunicado lido na conferência de imprensa. Quem também não se mostrou disponível para prestar mais esclarecimentos foi o presidente da assembleia-geral, Amadeu Castro Fernandes.
O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João garante que os dirigentes intermédios aguardam pela decisão, na próxima semana, da administração sobre os pedidos de demissão, garantindo o funcionamento do hospital “sem convulsão ou problema”. António Ferreira respondia às perguntas dos jornalistas no final de uma reunião com os presidentes das Unidades Autónomas de Gestão e Diretores de Serviço que, na quinta-feira, apresentaram em bloco a sua demissão. “Nem mantêm, nem deixam de manter. Apresentaram um pedido de demissão e aguardam que o Conselho de Administração proceda à demissão deles ou não aceite a demissão dos mesmos”, respondeu o responsável, antecipando que essa decisão será tomada na reunião do Conselho de Administração, na próxima semana. De acordo com o comunicado que leu inicialmente, antes das perguntas dos jornalistas, “as lideranças intermédias avaliaram favoravelmente” as soluções propostas pela tutela e “aguardam a concretização das mesmas por parte do governo nos prazos definidos pela tutela, a maioria dos quais decorre até 15 de julho”, assegurando “durante este período” a “continuidade de funções”. António Ferreira rejeita assim que se trate de cedências ou de exigências, considerando que este processo passou pelo “reconhecimento que os profissionais do S. João, ao longo deste tempo, fizeram de dificuldades que se vinham acumulando, em relação às quais o ministério propôs soluções”. “Essas soluções são consideradas adequadas quer pelo conselho, quer pelos profissionais. Os profissionais não deram nenhuma margem de tempo, não puseram nenhuma condição temporal para o que quer que seja. Por prazos definidos pela tutela, ficou definido uma previsão de que todas as medidas podem ser implementadas - ou a maioria - até dia 15”, disse, acrescentando ainda que todos os órgãos de gestão intermédia confiam no Conselho de Administração para implementar estas medidas e “todos eles mantêm a garantia de que o hospital vai continuar a funcionar sem qualquer tipo de convulsão ou problema”. Interrogado sobre as soluções apresentadas pelo Governo, António Ferreira explicou que passam por dois tipos de abordagem, sendo a primeira de “caráter “conjuntural, que têm a ver com situações de resposta a solicitações e a necessidades mais emergentes”, nomeadamente no Serviço de Urgência, com a contratação de profissionais e resolução de alguns problemas relacionados com a manutenção de equipamentos. “Há outro tipo de abordagem, que tem a ver com questões de ordem estrutural, que tal como o Ministério da Saúde já anunciou - eu pelo menos vi ontem nas notícias - tem a ver com a aplicação de um novo modelo de gestão para os hospitais que estão em equilíbrio económico, relacionado com mais autonomia na gestão dos seus recursos”, concluiu.
regiões
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Tutela dos irmãos de Daniel Vieira não é competência da Segurança Social
Tribunal decide Povoação de Souto da Casa
Incêndio em casa deixa um desalojado
Um incêndio destruiu, ontem, uma habitação no concelho do Fundão, deixando uma pessoa desalojada, revelou o Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco. Segundo a mesma fonte, as chamas, que deflagraram cerca das 10h30, consumiram uma residência da povoação de Souto da Casa. O único residente, um homem com cerca de 60 anos, ficou desalojado e ainda foi transportado ao hospital por inalação de fumo da combustão. No local estiveram 37 homens, das corporações do Fundão, Covilhã e Castelo Branco, apoiados por 12 veículos.
Fora do arquipélago
Madeira contrata 8 nadadores salvadores
A Associação Madeirense para Socorro no Mar foi obrigada a recorrer este ano à contratação de nadadores-salvadores externos para fazer face às necessidades do verão na ilha da Madeira, informou o seu presidente. Ao todo, foram contratados oito nadadores-salvadores fora do arquipélago, três portugueses do continente e cinco brasileiros. Segundo o presidente da SANAS, Francisco Rezende, existe a possibilidade da associação ter de recorrer “a mais mão-de-obra importada”. Este ano, 25 praias foram consideradas “de banhos” na região.
A mãe do menino desaparecido durante três dias, em janeiro, foi detida no sábado, por suspeitas de envolvimento no caso. A diretora regional da Segurança Social, Bernardete Vieira, disse, ontemm que será o Tribunal a decidir quem fica com a tutela dos menores, Daniel e Mariana, filhos de Lídia Vieira, que se encontra detida no Estabelecimento Prisional do Funchal. A mãe de Daniel, o menino que esteve desaparecido durante três dias em janeiro no concelho da Calheta, deu sábado à noite entrada no estabelecimento prisional da Cancela, sendo suspeita de envolvimento no caso. “Foi detida, foi constituída arguida e conduzida ao Estabelecimento Prisional da Cancela e volta na segunda-feira [hoje] para ser ouvida pelo juiz de instrução”, explicou fonte da Polícia Judiciária. “Neste momento é uma situação crime pelo que é o Tribunal quem vai decidir o que fazer acerca da tutela dos filhos menores e a Segurança Social vai cumprir o que o Tribunal decidir, é uma situação que, agora, ultrapassa os serviços da Segurança Social”, disse Bernardete Vieira, reforçando: “temos de aguardar a decisão do tribunal.” A mãe do menino de 18 meses, juntamente com pai da criança e um
Funchal. A mãe do menino de 18 meses prestou declarações na PJ, sendo suspeita de ter «encenado» o desaparecimento do filho
outro indivíduo - não identificado -, prestou declarações na madrugada de sábado nas instalações da PJ no Funchal durante cerca de sete horas, sendo suspeita de ter «encenado» o desaparecimento do filho. A detenção da mãe de Daniel surge depois de desavenças com o pai da criança, na sequência das quais foram feitas acusações que levaram a PJ a efetuar várias diligências, designadamente interrogatórios, que começaram sexta-feira. Daniel, um menino de 18 meses,
foi dado como desaparecido desde a tarde 19 de janeiro, quando se encontrava num encontro familiar na casa do tio, localizada no sítio dos Reis Acima, na zona alta do concelho da Calheta, acabando por ser encontrado três dias depois por um profissional responsável pela distribuição de água de rega na Madeira entre as 07h00 e as 08h00 no meio da floresta. Quando foi encontrada, a criança apresentava sinais de frio, mas segundo o pediatra que o observou
no Hospital do Funchal, estava “clinicamente bem”. Na altura, o médico considerou “intrigante” que o bebé tenha conseguido sobreviver sozinho ao relento durante três dias e noites nas zonas altas da Calheta. Após o alerta do desaparecimento da criança foi desencadeada uma operação de busca para encontrar o menino, mas, no fim da manhã do dia seguinte, o coordenador da PJ no Funchal deu por “terminadas” as buscas sem que a criança tivesse sido encontrada.
Para comemorar o Dia Mundial do Yoga
Mega aula reúne centenas em Cascais Centenas de pessoas participaram, ontem, numa mega aula de Yoga, em Cascais, a cidade escolhida para celebrar o Dia Mundial do Yoga, que foi criado para defender a paz no mundo, e cujas celebrações se realizam há doze anos em Portugal. Depois de esperar pacientemente que o tempo melhorasse, a organização optou por transferir as iniciativas para o pavilhão coberto do Grupo Dramático, obrigando a uma ginástica que os praticantes de Yoga garantem já estar habituados. Dezenas de crianças participaram na abertura oficial do Dia Mundial do Yoga para Crianças, tendo
Cascais. Dia Mundial do Yoga foi criado para defender a paz no mundo e celebrações realizam-se há doze anos em Portugal
feito uma aula, seguindo-se depois uma apresentação de Dança Clássica Indiana – Bhárata Nathyam. Antes do almoço vegetariano, os participantes puderam finalmente participar na Mega Aula de Yoga Avançado que, apesar do nome, não afastou os novatos, como Sandra Silva, que começou a fazer Yoga apenas em dezembro do ano passado. “Gosto muito de Yoga porque me ajuda a descomprimir do ‘stress’ do dia-adia. Está a ser uma experiência muito enriquecedora”, contou, acompanhada de duas amigas. Já Sandra Xavier, 40 anos, come-
çou a fazer Yoga na adolescência, mas garante que a sua paixão surgiu “quando ainda era muito pequenina” e nunca mais deixou de fazer: “agora, o Yoga faz parte de mim”, disse, explicando os benefícios desta prática. O presidente Confederação Portuguesa de Yoga, Jorge Veiga e Castro, sublinhou a importância da iniciativa que se realizou pela primeira vez em Portugal em 2002, para comemorar o solstício junho 21. A Confederação Portuguesa do Yoga ensina Yoga em mais de uma centena de Centros do Yoga - Áshrama, em cerca de 50 cidades do País.
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nacional
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
Seguro espera que “primárias” resolvam o problema interno do PS
“Deixemo-nos de regras e rodriguinhos” O secretáriogeral do PS disse esperar que os temas das diretas e do congresso extraordinário fiquem “completamente ultrapassados”, pedindo concentração aos socialistas “no essencial” e que se deixem “questões estatutárias, de regras, de rodriguinhos”. António José Seguro falava aos jornalistas no final da Comissão Nacional do PS, que decorreu em Ermesinde, Valongo - e onde António Costa viu ser recusada a proposta para realização de um congresso extraordinário e de diretas para a liderança do partido – tendo o líder socialista recordado que não criou “esse problema” ao PS, mas resolveu-o, propondo “a marcação de eleições primárias”. “Fiquei admirado e fiquei muito surpreendido que mesmo depois de ter ha-
de antecipação das eleições primárias de 28 para 14 de setembro, o líder socialista disse que “essa matéria já está resolvida”. “Já resolvemos isso no dia 05 de junho. Eu fiz aqui um apelo, espero que seja seguido: para que nos deixemos de questões estatutárias, de regras, de rodriguinhos. O que é preciso neste momento é um debate sobre as propostas e sobre as ideias. Eu estou disponível para esse debate”, garantiu.
PS. A luta pela liderança no Partido Socialista continua a despertar paixões e ontem, em Ermesinde, António Costa teve de ouvir das que não queria… vido essa aprovação, tivessem havido camaradas meus que tivessem insistido na realização de um congresso extraordinário que nada realizaria. Eu espero que depois desta comissão nacional esses assuntos fiquem completamente ultrapassados”, pediu. O secretário-geral do PS apela por isso a que haja concentração de todos “no essencial”: “em primeiro lugar oposição ao Governo e em segundo lugar afirmação de uma alternativa política. É essa a minha responsabilidade e espero contar com os socialistas para me ajudarem a concretizála”. “Saí muito satisfeito e julgo que neste momento todo o partido se deve concentrar no essencial. As eleições do dia 28 de
setembro foram marcadas há mais de 15 dias. Esta é a altura de todos nós debatermos as propostas diferentes para apresentarmos aos portugueses”, enfatizou. Seguro insistiu na ideia de estas diretas serem “uma novidade e de uma grande inovação na democracia portuguesa”, que abre o PS “à participação dos eleitores, à participação da cidadania”. “Espero que agora o povo socialista, os militantes e os simpatizantes, possam participar, se possam envolver e possam votar no dia 28 de setembro para eleger o candidato do PS a primeiro-ministro, que eu desejo que venha a ser também o próximo primeiroministro de Portugal”, sublinhou. Sobre a proposta de António Costa
Costa insultado O dirigente socialista António Costa saiu da Comissão Nacional do PS num ambiente de grande confusão e tensão, recebendo algumas palmas, mas com uma dezena de populares a mandarem-no para Lisboa e a gritarem “Seguro”. Em Ermesinde, concelho de Valongo, concentraram-se várias dezenas de pessoas à porta do Centro Cultural do município, onde decorreu a Comissão Nacional do PS. A maioria dos populares começou primeiro por aplaudir António José Seguro, quando saiu da reunião da Comissão Nacional. Dois ou três minutos depois, foi a vez de António Costa abandonar o edifício e começar a prestar declarações aos jornalistas. Costa recebeu então algumas palmas, mas cinco mulheres iniciaram um coro de protestos contra o autarca de Lisboa, começando logo a chamar-lhe “borra-botas” e “vai-te embora”, atitude que foi seguida por outras pessoas. Ouviam-se também gritos “Seguro, Seguro” ou “traidor, traidor”, enquanto alguns dirigentes socialistas apoiantes de Costa tentavam acalmar os populares que se insurgiam contra o presidente da Câmara de Lisboa. O atual presidente da Câmara de Lisboa prestou declarações aos jornalistas, tentando ignorar o ambiente de confusão que o rodeava e que foi inédito em reuniões internas socialistas.
António Costa no final da Comissão Nacional do PS
“Temos de dar o exemplo de serenidade” O dirigente socialista diz que aceitará debates com António José Seguro quando os apoiantes do atual líder abdicarem de “ataques pessoais” e o PS entrar numa fase de maior serenidade interna. António Costa falava aos jornalistas no final da Comissão Nacional do PS, ocasião em que fez um apelo para que o debate interno decorra “com muita serenidade”. “Há pessoas que às vezes se exaltam, mas temos de dar o exemplo de serenidade”, contrapôs o presidente da Câmara de Lisboa, num momento em que tinha à sua volta cerca de uma dezena de pessoas a gritarem por “Seguro” e a mandarem-no para Lisboa. Questionado sobre quando aceita debates públicos com o atual secretáriogeral do PS, António Costa advogou que primeiro é preciso concluir o processo de preparação das eleições primárias. “Vamos deixar o partido serenar. Eu tenho uma opção diferente daquela que tem sido seguida pelo António José Seguro, que é falar sobre o país, falar sobre política e não me dedicar
a ataques pessoais ou a responder a ataques pessoais ou a minudências estatutárias”, respondeu. Ou seja, de acordo com Costa, “quando a outra parte também estiver a discutir política e não questões pessoais, teremos então condições para ter debates certamente frutuosos”. “Neste momento, obviamente, os debates para discutir questiúnculas pessoais não dignificariam certamente o PS - e para isso não estou disponível para contribuir”, advertiu. Interrogado sobre as divisões cada vez mais profundas entre os socialistas, na sequência da sua intenção de avançar para a liderança do PS, António Costa respondeu: “Podem estar tranquilos”. “Se há coisa que eu já demonstrei saber fazer bem na vida é unir. Já herdei uma câmara [de Lisboa] muito dividida e que felizmente agora está unida”, sustentou. De acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, “é preciso perceber que os adversários do PS estão fora do PS e que dentro do partido deve haver relações de
camaradagem”. “Por mim, estou tranquilo. Sei que posso contar com todos os socialistas”, declarou. António Costa disse ainda que o PS não pode ser “um partido bloqueado” e que tudo aquilo que não se resolveu em Comissão Nacional será decidido após as eleições primárias. “Aquilo que não se resolver agora vai com certeza resolver-se a seguir às eleições primárias. O PS não pode ser um partido bloqueado e, mais tarde ou mais cedo, os militantes vão poder voltar a exercer a sua voz e fazer as escolhas que democraticamente devem fazer”, explicou. De acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, há já um consenso no sentido de que a clarificação interna se faça o mais cedo possível. “O processo das primárias tem de decorrer com toda a isenção para prestigiar o PS. Nesse sentido, propus uma comissão organizadora presidida [pelo exministro] Jorge Coelho e com um órgão de fiscalização liderada [pelo ex-comissário europeu] António Vitorino”, referiu.
Costa defendeu então que o processo “deve estar acima de qualquer dúvida ou de suspeita”. “Acho que cada dia conta e penso que as pessoas entendem que o congresso [extraordinário] poderia realizar-se em julho, como os estatutos permitem, e as primárias mais tarde. Mas, por mim, não faço questão nem de datas, nem de normas, nem sobre o como” em termos de processo. Interrogado sobre o motivo que o levou a escolher os ex-ministros Jorge Coelho e António Vitorino para liderar o processo de controlo interno das primárias para a escolha do candidato socialista a primeiro-ministro, Costa disse que “são duas pessoas que merecem a credibilidade e o apoio de todos” os elementos do PS. “Temos de ter um processo que esteja acima de qualquer dúvida em termos de democraticidade e de autenticidade. Agora, vamos para a frente devolvendo a palavra aos socialistas”, concluiu.
João Proença
“Clarificação passa pelas eleições primárias”
O conhecido membro do Secretariado Nacional do PS considera que a clarificação do partido “passa pelas eleições primárias”, sublinhando que “só pode haver diretas para cargos que estão vazios”, rejeitando tentativas para “pôr em causa os estatutos”. João Proença falava aos jornalistas, sublinhando que “o que está na ordem do dia é haver primárias”, que estão marcadas para 28 de setembro, esperando que o “debate entre os candidatos, de facto, comece no mais curto prazo de tempo”. “Um partido é regulado pelos seus estatutos. Quando José Sócrates se demitiu do partido respeitaram os estatutos do partido e demoraram 45 dias. As pessoas façam as contas e não andem com tentativas de pôr em causa os estatutos do partido”, disse. Na opinião do ex-secretário-geral da UGT, “a clarificação passa pelas eleições primárias” porque “ou ganha António Costa, ou ganha António José Seguro”. Na opinião de João Proença, “se as pessoas acham que a Constituição não deve ser alterada ao sabor dos acontecimentos, [então] também respeitem os estatutos que são a lei fundamental do partido”. No Peso da Régua
Jerónimo acusa Governo de esconder lista de escolas
O secretário-geral do PCP acusou ontem, no Peso da Régua, o Governo de esconder quais são as 311 escolas a encerrar no país para “apanhar os pais e professores distraídos”. O Ministério da Educação e Ciência anunciou no sábado que vai fechar 311 escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e integrá-las em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar. Jerónimo de Sousa, que discursava no decorrer de uma sessão pública que juntou dezenas de viticultores, militantes e simpatizantes do PCP em defesa do Douro e da Casa do Douro, aproveitou para falar sobre o encerramento de escolas que vai ocorrer por todo o país. “Ainda ontem [sábado] soubemos que [o executivo] quer fechar mais de 300 escolas do Ensino Básico. Já definiu o número mas escondeu quais são as escolas que quer fechar para apanhar os pais e os professores distraídos”, afirmou o líder comunista.
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
economia
O Primeiro de Janeiro | 5
Receitas aduaneiras rendem ao Estado cerca de 500 milhões por mês
5 mil milhões de euros anuais Alerta do BCE à UE
“PEC não pode perder a credibilidade”
O membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), Benoît Coeuré, criticou as propostas dos líderes do centro-esquerda na Europa para relaxar as regras da União Europeia sobre o défice público, em declarações, ontem, publicadas por um jornal alemão. “O Pacto de Estabilidade e Crescimento não pode ser relaxado ao ponto de perder a sua credibilidade”, afirmou o responsável, frisando: “não vamos repetir os erros de 2003”, quando a Alemanha e a França violaram as rígidas regras orçamentais.
Garante a Siemens
Negociações com Alstom em aberto
O presidente da Siemens, Joe Kaeser, afirmou que mantém abertas as negociações com a francesa Alstom, apesar de os franceses terem rejeitado a oferta do grupo alemão e escolhido a proposta de aliança oferecida pela norte-americana General Electric (GE). “Estamos sempre prontos a conversar. As portas estão abertas para a Alstom e para o governo francês”, vincou o responsável num excerto de uma entrevista ao jornal alemão Bild, que será publicada na íntegra hoje. O gestor frisou que “a complexidade dos contratos exigirá meses de trabalho”.
Valor desceu ligeiramente desde o início da crise, mas não de forma acentuada, pois continua-se a importar “muita matériaprima”. As receitas aduaneiras rendem ao Estado cerca de 5 mil milhões de euros anuais, um valor que pouco se alterou nos últimos anos apesar da crise, segundo o presidente da Câmara do Despachantes Oficiais (CDO). Os despachantes, que celebram em 2014 os 150 anos de existência da profissão, são responsáveis pelo cumprimento das formalidades ligadas à saída e entrada de bens incluindo o pagamento ao Estado de vários tributos (impostos especiais sobre o consumo, imposto sobre veículos automóveis, direitos aduaneiros, etc.). “Em regra, numa média, por ano, entregamos ao Estado cerca de 5 mil milhões de euros, o que dá quase 500 milhões de euros por mês”, disse o presidente da CDO, Fernando Carmo. Este valor desceu ligeiramente desde o início da crise, mas não de forma acentuada, notou o mesmo responsável, salientando que se continua a importar “muita matéria-prima”, que representa quase 90% do total de importações. “Se não se importarem materiais, não se fazem têxteislar, que se exportam em quantida-
Despachantes. Receitas aduaneiras rendem ao Estado cerca de 5 mil milhões de euros anuais, valor que pouco se alterou com a crise
des astronómicas para os Estados Unidos. Se não importarmos peles, não se fazem sapatos”, exemplificou. Fernando Carmo estima que cerca de 70% destas mercadorias sejam provenientes do continente asiático: “Hoje há um peso muito grande do Oriente, sem dúvida, quer da China, quer ao nível dos têxteis, da zona da India, Paquistão, Malásia, quer ao nível de alguma maquinaria, a Malásia, o Vietname e Taiwan”. Em 1988, a introdução da Caução Global de Desalfandegamento, pas-
sou a garantir ao Estado o recebimento dos impostos devidos pelas mercadorias importadas, que são “adiantados” pelos despachantes. A CDO estima que sejam cobrados mais de mil milhões de euros, por ano, de direitos aduaneiros e IVA e mais de 3 mil milhões de euros de impostos especiais sobre o consumo (Tabaco, Álcool, Produtos Petrolíferos e Imposto Sobre Veículos). Segundo o presidente da CDO, este “acordo tácito” entre despachantes e a administração fiscal permitiu “agilizar o desalfande-
gamento em 50%”, contando-se “pelos dedos” os incidentes ou incumprimentos que se verificaram em 25 anos. Fernando Carmo acredita que o comércio internacional será totalmente liberalizado no futuro e que o acordo que está a ser negociado entre EUA e União Europeia é mais um passo deste processo. A parceria, conhecida pela sigla inglesa TTIP, visa eliminar tarifas alfandegárias e alcançar uma hamonização regulatória entre os dois maiores blocos económicos mundiais.
Honorários a cartórios com processos de inventário
Atraso no pagamento de 865 mil euros A falta de portaria do Ministério da Justiça está a provocar o atraso no pagamento de cerca de 865.000 euros de honorários a cartórios com processos de inventário e que têm apoio judiciário, segundo a Ordem dos Notários. O Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) admitiu que “o pagamento dos honorários está dependente da publicação da portaria que estabelece o regime dos pagamentos e despesas” nos processos de inventário com apoio judiciário”. No entanto, aquele organismo esclarece que “a estimativa dos encargos” com
Alerta. “A situação é preocupante”, refere o bastonário dos notários, João Maia Rodrigues
o apoio judiciário nos processos de inventário (relação de bens de uma herança), fornecido pela Ordem dos Notários (ON) em fevereiro, é “de cerca de 284.000 euros”. A ON revela a existência no presente de “289 notários a tramitar processos de inventário com apoio judiciário num universo total de 359 cartórios”. A representação da classe sublinha ainda que, dos 2.913 processos apresentados nos cartórios notariais, “1.080 foram-no com apoio judiciário”, a que corresponde um total “de cerca de 865.000 euros” que a IGFEJ tem para liquidar. “A situação é preocupante”, refe-
re o bastonário dos notários, João Maia Rodrigues, sublinhando que o montante em atraso corresponde “única e exclusivamente à primeira prestação de honorários” dos notários, com competência para atos do processo de inventário conferidos pelo novo regime jurídico (lei 23/2013, em vigor desde 1 de setembro do ano passado). No que concerne às despesas - citações, notificações e avaliações de peritos -, a ON não tem “conhecimento de que o IGFEJ tenha pago qualquer valor e têm sido muitos os notários que têm adiantado estes pagamentos do seu próprio bolso”.
desporto
6 | O Norte Desportivo
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
Ciclista português da LAmpre vence etapa e conquista Volta à Suíça
«Tri» de Rui Costa Ciclista da Lampre ganhou a primeira competição desde que se sagrou campeão mundial de estrada ao vencer a última etapa. O ciclista português Rui Costa (Lampre-Merida) venceu, ontem, pela terceira vez consecutiva a Volta à Suíça, depois de ganhar a nona e última etapa, que ligou Martigny a Saas-Fee, na distância de 156,5 quilómetros. Rui Costa ganhou a primeira competição desde que se sagrou campeão mundial de estrada ao vencer a última etapa, que terminava com uma contagem especial de montanha, com 14 segundos de vantagem sobre o perseguidor direto, o holandês Bauke Mollema (Belkin Pro), e 24 sobre o terceiro classificado, o suíço Mathias Frank (IAM Cycling). Em declarações publicadas na rede social Twitter, Rui Costa agradeceu aos companheiros de equipa e manifestou-se honrado por vencer pela primeirz vez com a «camisola do arco-íris», com a qual corre o campeão do Mundo. “Tão bom vencer com esta camisola. Que honra. Obrigado equipa da Lampre Merida, companheiros e a todos vocês que me apoiam. Esta vitória é nossa”, salientou. Com esta vitória na Suíça, Rui Costa ascendeu à terceira posição do ranking mundial da UCI (União Ciclista Internacional), saltando da 15.ª posição, e reforça as expetativas para uma boa prestação na Volta a França em bicicleta, com arranque marcado para 5 de julho.
Última jornada do grupo C
Proença arbitra jogo entre Japão e Colômbia
O português Pedro Proença foi nomeado pela FIFA para arbitrar o jogo de amanhã entre o Japão e a Colômbia, da terceira e última jornada do Grupo C do Mundial2014, num embate que só é decisivo para os nipónicos. A Colômbia já garantiu o apuramento para os oitavos de final, enquanto a outra vaga do agrupamento será discutida entre Japão e Grécia, seleção orientada por Fernando Santos e que defronta no mesmo dia a Costa do Marfim, já sem hipóteses de apuramento. Este será o segundo jogo que Pedro Proença arbitrará, depois de ter dirigido o Camarões-Croácia.
«Tri». Rui Costa (Lampre-Merida) venceu pela terceira vez consecutiva a Volta à Suíça, depois de ganhar a nona e última etapa
Instantes antes de subir ao pódio para a cerimónia de consagração, Rui Costa alargou o agradecimento a todos os portugueses que o apoiaram no decorrer da prova suíça. “Com a camisola arco-íris não é fácil ganhar, mas é muito especial vencer a Volta à Suíça com esta camisola. Estou muito feliz e quero agradecer à minha equipa e a todos os portugueses que me apoiaram durante a Volta à Suíça”, disse Rui Costa. Na geral, Rui Costa terminou
com uma vantagem de 33 segundos sobre o Mathias Frank e de 50 segundos sobre Bauke Mollena. O alemão Tony Martin (Omega Pharma), que liderava até ontem, terminou em quarto da geral, a 1.13 minutos do português. Rui Costa atacou numa subida sensivelmente a meio da tirada, integrado num grupo alargado de ciclistas, tentando ganhar distância de Tony Martin. O alemão respondeu, sobretudo na subida de 20 quilómetros até
chegar a Saas-Fee, mas Rui Costa aguentou-se bem, tirou partido dos ciclistas da Belkin e da IAM Cycling - que tentavam apoiar Mollema e Frank - e atacou sozinho a três quilómetros da meta. O português André Cardoso (Garmin Sharp) acabou a etapa no sexto lugar, a 1.28 minutos do vencedor, e concluiu a Volta na 22.ª posição. Já Nelson Oliveira, colega de Rui Costa na LampreMerida, terminou a Volta na 63.ª posição da geral.
Nova «dobradinha» da Mercedes no Canadá
Nico Rosberg regressa aos triunfos A vitória do alemão Nico Rosberg no GP da Áustria devolveu «a normalidade» à época de Fórmula 1, depois de um «soluço» no Canadá: dois Mercedes na frente e os Red Bull Renault, mesmo em casa, cada vez pior. Depois de ter perdido a «invencibilidade» no início do mês - vitória de Daniel Ricciardo (Red Bull) no GP do Canadá - a Mercedes enfrentava na Áustria uma outra posição inédita nesta época: pela primeira vez um dos seus carros não partia da «pole position». No sábado, os homens da Williams Mercedes (o brasileiro Felipe Mas-
Canadá. Rosberg conseguiu a terceira vitória, à frente de Hamilton, naquela que foi a sexta «dobradinha» da temporada
sa e o finlandês Valtteri Bottas) fizeram os tempos mais rápidos da qualificação, levando a pensar que, tal como no Canadá, a concorrência à Mercedes seria mais forte. Mas a largada rapidamente começou a desfazer as dúvidas: Rosberg passou da quarta posição para a segunda e o seu companheiro de equipa, o britânico Lewis Hamilton, assinou o melhor arranque, saltando do nono posto para o quarto. Os Williams resistiram como puderam até ao final - demonstrando mais uma vez que os motores Mercedes não têm rival este ano - mas foi Rosberg quem
conseguiu a terceira vitória, à frente de Hamilton, naquela que foi a sexta «dobradinha» da escuderia alemã nesta temporada. Num circuito de Spielberg que tem o nome Red Bull Ring, as coisas não poderiam ter corrido muito pior para os atuais campeões do Mundo. O tetracampeão Sebastien Vettel partiu da 12.ª posição, o carro parou no meio da pista - com o alemão a pedir instruções pelo rádio sobre a melhor forma de voltar a pô-lo em andamento - e acabou mesmo por desistir. Quanto a Ricciardo, apenas conseguiu «espremer» um oitavo lugar.
Selecções de atletismo
Portugal só oitavo na Taça da Europa
A seleção portuguesa de atletismo ficou-se, ontem, pelo oitavo lugar no campeonato da Europa de seleções, em Talin. Depois de vários terceiros e quartos lugares na I Liga da antiga Taça da Europa, do terceiro na I Liga de 2010, que permitiu a segunda presença na Superliga, em 2011, e do quinto posto na época passada, Portugal dececionou. A segunda jornada foi bastante modesta, com apenas sete presenças na primeira metade das classificações, em 19 provas. Portugal conseguiu uma só vitória individual, através de Dulce Félix, nos 5.000 metros.
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Segunda-feira, 23 de Junho de 2014
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PEPE E A GESTÃO DA VIOLÊNCIA Pepe devia ter sido despachado para férias imediatamente após o jogo com a Alemanha. Um jogador profissional de futebol que não é capaz de se controlar não pode pertencer à equipa nacional. O futebol é um jogo de confronto entre duas equipas. Assim sendo, só existe jogo se o confronto se consumar na disputa pelo resultado Gustavo Pires* que pode determinar a própria sobrevivência da equipa. Nesta conformidade, a competição desportiva cumpre o princípio básico da dialética de confronto que determina a lógica do pensamento estratégico. Este, enquanto ato criativo de reflexão num ambiente agónico que, em cada momento, questiona a própria sobrevivência da equipa, antecipa o próprio planeamento estratégico que se limita a estabelecer o processo metodológico que visa atingir determinados objetivos que devem estar integrados num propósito comum. A competência do treinador passa pela capacidade de, através da reflexão estratégica, compreender aquilo que verdadeiramente dá sentido à organização da vitória. Porque, uma coisa são os argumentos do apaniguado quando, sem qualquer rigor, usa a informação que recolhe de cada jogo e do ambiente que o circunda a fim de formular a sua opinião de acordo com a cor da camisola da sua preferência, e outra, completamente diferente, o pensamento de rigor e criatividade do treinador que, sustentado nos conhecimentos teóricos de uma prática refletida, organiza o seu pensamento através de modelos de análise suscetíveis de serem verificados na realidade vivida em cada jogo do campeonato. Hoje, a competição de equipas de profissionais assume um caráter violento extremamente acentuado na medida em que a disputa se desenrola no quadro de sobrevivência não só de cada jogador em particular como da equipa em geral. Em conformidade, em muitas circunstâncias, a violência do jogo dispara para níveis inaceitáveis. Assim sendo, o futebol vive na necessidade de gerir um paradoxo de extraordinária complexidade. Por um lado, o jogo obriga ao confronto direto entre equipas e jogadores. Sem confronto o jogo não acontece. Por outro lado, a violência própria do confronto não pode disparar para níveis incontroláveis sob pena do próprio jogo perder as suas funções educativa, económica, política e social. Portanto, trata-se de gerir a violência que está dentro de cada jogador em particular e da equipa em geral. Não é fácil. Como nos diz Thomas Moore: “é ilusório abordar a violência, movidos pela singela ideia de que a podemos eliminar.” De facto, qualquer tentativa de erradicar a violência que existe no ser humano, poderá fazer com que ele se desligue do poder profundo que sustenta a vida criadora. O futebol moderno: (1º) obriga os treinadores a uma adaptação acelerada às mudanças que ocorrem num ambiente agónico em transformação constante; (2º) exige um conhecimento novo que já não é só oriundo da experiência prática mas dos dados mais recentes da investigação; (3º) Requer uma capacidade quase sobre-humana para manter o equilíbrio emocional no confronto de vontades que acontece em cada desafio; (4º) mobiliza a comunicação social que quanto mais o ambiente arde mais ela lhe atira com gasolina; (5º) desafia os mais básicos princípios da racionalidade quando se projeta na sociedade ao mobilizar centenas de milhares de apaniguados, tal horda incontrolável que, de um momento para o outro, crucifica o treinador. Como referiu Friedrich Nietzsche (1844-1900): “… é cómodo acreditar naquilo que nos consola. Mais difícil é perseguir a verdade. Quanta verdade são os responsáveis pela seleção nacional de futebol capazes de suportar? Pepe não tem condições para pertencer à seleção nacional. E se os responsáveis Presidente da Federação e Treinador insistirem em permitir que ele continue a representar a seleção nacional vão fazer passar uma imagem deplorável para o País e do País para o estrangeiro.
Jorge Barreto Xavier não discursou na U. Coimbra
“Vocês vão deixar-me falar ou não?!” O secretário de Estado da Cultura acabou por não discursar na Universidade de Coimbra, como previsto, devido aos apupos de um pequeno grupo de manifestantes, que protestavam contra a nova lei do arrendamento. O governante preparava-se para usar da palavra na sessão comemorativa do primeiro aniversário da passagem da Universidade - Alta e Sofia a Património Mundial da UNESCO, quando foi apupado por cerca de duas dezenas de jovens estudantes universitários. “Vocês vão deixar-me falar ou não?!”, questionou ainda Barreto Xavier, que após ouvir resposta negativa voltou a sentar-se na primeira fila da cerimónia evocativa, que decorreu esta tarde no Pátio das Escolas da Universidade de Coimbra. Momentos antes, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, já tinha sido obrigado a suspender, mais do que uma vez, por breves instantes, a sua intervenção, devido aos comentários dos jovens em protesto.
O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, encerrou as intervenções sem que se registasse mais nenhum incidente. O mesmo aconteceu durante o discurso do antigo reitor Seabra Santos, que foi o primeiro interveniente a falar.
Os manifestantes empunhavam uma tarja em que se lia “Construir património destruindo direito à habitação!” e dois cartazes com as inscrições “Património da Humanidade ou património do capital” e “Nova lei do arrendamento. As Repúblicas já eram?”.
Confederação Nacional das Associações de Pais avisa
Encerramento das escolas deve ser analisado caso a caso A Confederação Nacional das Associações de Pais espera que o encerramento de escolas anunciado sábado deve ser analisado “caso a caso” e defende que é preciso conhecer a lista de estabelecimentos para poder perceber os efeitos nas comunidades. O Ministério da Educação e Ciência anunciou sábado que vai fechar 311 escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e integrá-las em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar. Para o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), o anúncio de encerramento de escolas “não surpreende” e o número é até mais baixo do que inicialmente tinha sido avançado pela Associação Nacional de Municípios, que apontava para o encerramento de 439 escolas. Jorge Ascensão considera que o impacto desta medida só poderá ser avaliado depois de conhecida a lista de escolas a encerrar,
que espera possa acontecer no início da semana. “Depende das escolas. Há um objetivo, pelo que percebi, de proporcionar melhores condições, [mas] temos famílias que nos fazem chegar que, em algumas situações, os meninos vão para escolas em que as condições estão piores ou idênticas”, disse. Para o mesmo responsável da Confap, “os encerramentos têm que ser analisados caso a caso, num processo que deverá ser trabalhado com as autarquias e com as associações de pais locais”. “Há situações [de encerramento] que se percebem, desde que salvaguardadas as condições de transporte, alimentação e de meios das próprias escolas para albergar novos alunos, e admitidos que isso tem que ser feito. Há outras em que não é fácil entender o porquê da mudança quando se vai para escolas que não têm as condições mínimas para receber os alunos das escolas que fecham e portanto são situações que devem ser avaliadas localmente”, continuou.
Jorge Ascensão defendeu o envolvimento das autarquias e as famílias neste processo, sublinhando que o país tem também que repensar a desertificação das localidades. “Muitas vezes estamos a fechar escolas e depois ficam populações, ainda que pequenas, completamente isoladas”, disse. O presidente da Confap espera que “já no início da semana” seja divulgada a lista de escolas a encerrar e que as associações locais de pais possam sinalizar as “situações que entendam não ser plausíveis”, para tentar inverter “uma ou outra situação que não faça sentido”. “Percebo que não seja fácil ter uma escola a funcionar com muito poucos alunos, mas há um ponto de equilíbrio entre o número de alunos, a distância que vai obrigar a deslocalização e as condições da escola que vai receber esses alunos. Admito que nalguns casos se possa ter que rever e repensar algumas decisões implicando as autarquias e as famílias”, concluiu.