23 07 2014

Page 1

RUI COSTA ABANDONA TOUR CICLISTA PORTUGUÊS SAI DA VOLTA A FRANÇA COM UMA BRONCOPNEUMONIA

Há 145 anos, sempre consigo. 1868

Continente - 0,60 € (iva incluido) – Ilhas - S. Miguel e Madeira - 0,75 € (iva incluido) – Porto Santo 0,80 € (iva incluido)

Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

|

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

DIÁRIO NACIONAL

Ano CXLVI | N.º 170

Quarta-feira, 23 de julho de 2014

PASSOS DIZ QUE PORTUGAL NÃO PODE OPOR-SE AO ALARGAMENTO DA CPLP

ENTRADA GARANT!DA

n Apesar de Cavaco Silva já ter manifestado opinião contrária, é um dado garantido que a Guiné Equatorial passará a fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa a partir da X Cimeira da CLPL. “Uma vez que essas condições foram respeitadas, cumpre agora aos estados dar-lhe sequência. E é isso que eu julgo que se fará”, destacou Passos Coelho, defendendo que Portugal ficaria isolado caso se opusesse ao alargamento e argumentando que não pode haver duas palavras quanto às condições de entrada...

STCP

Comissão de trabalhadores realiza ação de rua para alertar população dos “riscos”

PACC

Professores dizem-se “humilhados e pressionados” pelo Ministério da Educação

ÉTICA

Ordem dos Médicos destaca “recuo” do Ministério da Saúde


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

Professores protestaram na secundária Rodrigues de Freitas

“Tu aprovas esta prova? Eu não!” A Área Metropolitana do Porto (AMP) já selecionou os dez finalistas do Concurso de Ideias de Inovação Social, que visa promover projetos com potencial de resolução de problemas sociais, estando marcado para o dia 24 o anúncio do vencedor. Os cerca de 20 manifestantes, que ontem invadiram a secundária Rodrigues de Freitas, localizada em Cedofeita, no Porto, desmobilizaram ao fim de cerca de duas horas e com a certeza de que a prova decorreu no interior da escola. Numa manhã agitada, por volta das 10h40, cerca de vinte pessoas, que até aí se concentravam no passeio exterior à escola, entraram no átrio e nos corredores do edifício com apitos, tachos e megafones, com a intenção de perturbar a realização do exame. Cerca das 12h30 foram convidados a sair por agentes da PSP e às 13h00 já estavam de regresso ao passeio para “saudar” e “encorajar” os colegas que realizaram a prova. Segundo Raquel Couto, professora

PACC. Os professores manifestaram-se contra a prova de avaliação nas escolas do Porto que foi convocada para fazer a prova e decidiu comparecer mas apenas em protesto, na sala onde esteve estavam mais 11 colegas, sendo que no total estariam cerca de 16 pessoas a realizar o exame de um total de 50 inscritos nesta escola. A professora escreveu o seu protesto no enunciado da prova e terá pedido, conforme descreveu aos jornalistas, para sair, mas não foi autorizada. “Nesta escola eliminam-se professores”, “Tu aprovas esta prova? Eu não!!!”, “Exigimos respeito” - eram algumas das frases que se liam nas placas e faixas espalhadas pelo protesto.

Já um dos representantes do Movimento Boicote & Cerco, Daniel Pereira, informou ter recebido indicações por parte de colegas que se encontravam nas salas de prova com a intenção apenas de fazer barulho de que agentes da polícia os teriam impedido de “perturbar”. Durante a manhã e na mesma escola do Porto, uma professora de História, Cátia Guimarães, aproveitou para fazer uma queixa ao Ministério da Educação, na qual perguntava “quais os critérios usados para convocar os docentes para esta prova”, uma vez que, disse a docente, esta “não foi convocada quando deveria ter sido,

o que prova que este processo é uma farsa”. A PSP esteve no local a controlar a situação, mas até às 13h00 não deram informações aos jornalistas sobre quantos agentes foram chamados. Por volta das 09h00 uma delegada sindical do Sindicado de Professores do Norte, Marta Cruz, contou aos jornalistas que a direção do Agrupamento de Escolas em que se insere a Rodrigues de Freitas não permitiu que um plenário de professores se realizasse nas instalações desta escola, pelo que teriam de se encaminhar para uma sala da EB1 de Miragaia, estabelecimento pertencente a este agrupamento.

Comissão de Trabalhadores contra a concessão da STCP

“Alertar a população para os riscos” A Comissão de Trabalhadores da STCP realizou uma ação de rua destinada a alertar a população para “os riscos” da concessão da transportadora e a mobilizar os utentes para ajudar a “parar o processo”. O coordenador da CT da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto afirmou aos jornalistas que, juntamente com as populações, será possível “abrandar e até mesmo parar o processo” de abertura à iniciativa privada do serviço público de transporte de passageiros prestado pela empresa. “Entendemos quer o privado irá laborar nas linhas mais rentáveis e às horas mais rentáveis, deixando as populações de zonas mais isoladas sem transporte”, sustentou Pedro Silva. O Governo determinou o início do processo de abertura à iniciativa privada dos serviços públicos de transporte de passageiros prestados pela STCP e pela Metro do Porto, através da sub-

concessão dos serviços, de acordo com uma resolução do Conselho de Ministros aprovada na quinta-feira e publicada ontem em Diário da República. De acordo com o documento, cabe agora aos conselhos de administração das duas empresas “preparar e aprovar as relevantes peças concursais do procedimento, bem como da condução do mesmo”. Os trabalhadores da transportadora rodoviária concentraram-se ontem de manhã na estação do Metro do Porto da Trindade, distribuindo panfletos “em defesa dos utentes e da mobilidade” à população. No panfleto, a CT afirma que os argumentos usados para justificar a concessão a privados do serviço prestado pela STCP são falsos” e que “é mentira” que esta concessão “permite prestar um serviço menos dispendioso para o Estado”. Para a CT, a população “ainda não tem bem a

consciência do que poderá acontecer se isto passar para a esfera privada”. Pedro Silva defendeu ainda que, “com contributos dos autarcas, que também poderão ser uma parte importante neste processo, ainda há tempo de parar [o processo] em prol das populações do grande Porto”. O mesmo responsável disse não acreditar nas palavras do Governo quando afirma que será mantido o serviço público e que o desejo é aumentar a eficiência do mesmo. “O Governo mente descaradamente. Como é que um privado poderá fazer serviço melhor quando [o Governo] diz que a rede será a mesma, o vínculo dos trabalhadores será o mesmo, mas sem indemnizações compensatórias? Só um milagre e não acreditamos em milagres”, sublinhou. Afirmando que está “aberta a qualquer forma de luta”, a CT garantiu ainda que tudo fará “em defesa da população e dos trabalhadores

da STCP”. A resolução do Conselho de Ministros refere que esta subconcessão dos serviços será feita através da “realização de um único procedimento concursal, no qual será adjudicada a prestação dos serviços atualmente prestados quer pela STCP, quer pela Metro do Porto, separadamente ou em conjunto, e que o mesmo seja aberto à participação de qualquer interessado que reúna as condições necessárias à exploração destes serviços”. É também proposta “a transferência para o operador privado das responsabilidades e riscos inerentes à gestão da operação e manutenção do serviço público, bem como os inerentes à introdução de reformas adicionais que lhe possibilitem aumentar a eficiência do serviço”. “Por outro lado, o operador privado passa ainda a estar exposto a risco comercial, de modo a alinhar os seus incentivos com os do Estado”, acrescenta o documento.

Contra fecho da Segurança Social em Rio Tinto

Abaixo-assinado com 2700 assinaturas

Um grupo de cidadãos de Rio Tinto entregou ontem no Centro Distrital da Segurança Social do Porto um abaixo-assinado com 2700 assinaturas contra o anunciado encerramento do posto de atendimento da freguesia mais populosa de Gondomar. “Em Rio Tinto existe um posto de atendimento da Segurança Social num edifício cedido gratuitamente pela Junta de Freguesia. Soubemos, pelo presidente da Junta, que o posto iria encerrar, quando atende diariamente cerca de 255 utentes”, explicou José Manuel Fernandes, um dos representantes do grupo de cidadãos de Rio Tinto. Referindo ter como objetivo “tentar travar a decisão” de encerrar o atendimento da Segurança Social numa freguesia com cerca de 60 mil habitantes, José Manuel Fernandes adiantou que “o mesmo dossiê” distribuído no Centro Distrital vai ser enviado “ainda hoje, por correio, ao ministro da tutela”. “Passar a ir a Gondomar ou ao Porto, nesta altura, é inviável. Fica muito distante e são postos que também já estão acima da sua capacidade, o que iria entupir os serviços”, critica o organizador. José Manuel Fernandes esclareceu que o objetivo da iniciativa desta tarde é “mostrar a indignação”, nomeadamente pela falta de resposta da diretora do Centro Distrital da Segurança Social do Porto, a quem os utentes pediram uma audiência a 09 de julho. “Não houve qualquer tipo de resposta. A autarquia também mais nada disse”, lamentou o organizador. Este utente esclarece que a indicação dada pelo presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto dava conta de que o posto “iria encerrar”, que “a decisão estaria tomada” e que “os representantes da segurança social informaram que o processo passaria para um organismo superior”. Ainda de acordo com José Manuel Fernandes, o posto de atendimento de Rio Tinto “é cada vez mais procurado, devido à crise que assola o país, em que há cada vez mais pessoas em situação com carências de vária ordem”.


Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

regiões

O Primeiro de Janeiro | 3

ANMP alerta para situação de municípios de pequena e média dimensão

Câmaras em “quase rutura financeira” “Os municípios têm superavits orçamentais e baixaram a sua dívida total em 21%”, disse Manuel Machado.

Práticas no mercado do trabalho temporário

Burla de 19, milhões Catorze arguidos, um dos quais que se encontra em prisão preventiva, vão ser levados a julgamento por burla de 1,9 milhões de euros (ME) no mercado de trabalho temporário, revelou, ontem, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL). O Ministério Público acusou os suspeitos “de associação criminosa para a prática de burlas relativamente aos arguidos principais - e ainda pela autoria dos crimes de burlas qualificadas e de falsificação de documentos”. “Os arguidos agiram (...) de forma organizada e permanente, tinham divisão de tarefas entre si, utilizavam designadamente angariadores para os fins tidos em vista”, refere a PGDL. Os prejuízos causados a empresas de trabalho temporário, no período compreendido entre 2011 a 2013, foram no “total de 1.905.209,82 euros”. Os arguidos “utilizavam empresas fictícias ou aproveitavam outras empresas formalmente constituídas, mas sem atividade real e, em suposto nome dessas mesmas empresas, contactavam empresas de trabalho temporário para fornecimento de trabalho”. Este esquema permitia aos indiciados “ficcionar a existência de trabalhadores e a prestação de trabalho e fazer suas as quantias que as empresas de trabalho temporário pagavam a título de vencimentos “.

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) alertou para o que considerou ser “a quase rutura financeira” das Câmaras de menor dimensão. Na sua análise ao Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, ontem apresentado em Lisboa, Manuel Machado disse que o documento conclui que houve uma redução das transferências financeiras do Orçamento do Estado para a administração local, embora tenha havido menos dinheiro mas mais competências, “o que se traduziu no aumento das despesas das Câmaras municipais”. “Se a este aumento da despesa autárquica confrontarmos as mesmas receitas municipais de anos anteriores encontramos a explicação para, em função da diminuição das transferências do Estado central para as autarquias, haver endividamento, sobretudo por parte dos pequenos municípios. Sendo estes a maioria dos municípios, a ANMP manifesta preocupação face à situação criada que deixou algumas Câmaras municipais numa situação aflitiva de rutura, ou quase rutura, financeira”, sustentou. Obrigados a recorrer ao FAM

O presidente da ANMP disse que estão nesta situação municípios que recorreram ao Programa de Apoio à Economia Local [PAEL] e que “agora são obrigados a socorrerem-se do Fundo de Apoio Municipal [FAM]”. Trata-se, na maioria dos casos, e segundo a análise de Manuel Machado ao anuário, de “municípios de pequena e média dimensão, mas que, tal como os grandes, têm de pagar vencimentos a funcionários, despesas a fornecedores, alimentação e transportes das crianças dos jardins de infância e do 1.º ciclo das escolas do ensino básico, entre muitas outras despesas sociais”. O também presidente da Câmara de Coimbra salientou que “as Câmaras municipais, apesar de todos os

constrangimentos, trabalham para garantirem os serviços que as populações precisam”. Manuel Machado referiu-se ao facto de as Câmaras, além de assegurarem a prestação dos serviços públicos municipais, terem ainda assumido, “por força da crise social e económica, muitas despesas que deveriam ser asseguradas pela administração central”. O presidente da ANMP exemplificou com “apoios diretos às famílias, sejam subsídios de renda de casa e alojamentos habitacionais, medicamentos, transporte de doentes, deficientes e idosos, seja assegurando a alimentação em cantinas nas escolas, mesmo fora do período de aulas”. Segundo Manuel Machado, as transferências do Orçamento do Estado para os municípios têm diminuído todos os anos. “Comparando as receitas municipais do IMT [imposto municipal sobre a transferência onerosa de imóveis] e da derrama, entre 2007 e 2013, a ANMP apurou que a redução foi de 480 milhões de euros, ou seja, menos 40%”, disse. Apesar disso, notou que, “enquanto a administração central acumula anualmente o défice público, os municípios têm superavits orçamentais e baixaram a sua dívida total em 21%. A dívida do Estado é 95% da administração central, 3% da administração regional e apenas 2% é dívida dos municípios”. Crise. Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses alerta para o que considera ser “a quase rutura financeira” das Câmaras de menor dimensão

Homicídio do sobrinho

Agricultor condenado a 17 anos de prisão

O Tribunal de Alenquer condenou, ontem, a 17 anos de prisão um agricultor por ter disparado mortalmente sobre o sobrinho em setembro de 2013, devido a desavenças relativas ao acesso a um terreno agrícola. O arguido, de 54 anos, foi condenado pelos crimes de homicídio qualificado agravado e detenção de arma ilegal e tem de pagar à família

da vítima uma indemnização total de 140 mil euros. A juíza presidente do coletivo, Raquel Matos, justificou a condenação por um crime duplamente agravado, por ter sido “praticado por um motivo fútil relacionado com uma birra” relativa à passagem por um terreno, pelo grau de parentesco entre ambos e por o arguido ter disparado sem ser visto pelo ofendido, de 53 anos, também agricultor. Para o coletivo de juízes, “não há dúvidas” de que o crime foi praticado pelo agricultor.

Poiares Maduro elogia

O ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional destacou, por seu turno, que os municípios portugueses tiveram uma evolução financeira positiva nos últimos três anos, uma situação que disse dever-se às próprias Câmaras e às medidas do Governo. De acordo com Miguel Poiares Maduro, registou-se uma redução do endividamento em 20% nos últimos três anos, uma redução dos pagamentos em atraso na ordem dos 60% e, nos últimos dois anos, a globalidade da administração local obteve excedentes orçamentais. “Esta é uma evolução notável para a qual muito tem contribuído o esforço dos autarcas, mas também a legislação e as medidas adotadas pelo Governo”, sublinhou.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

Passos Coelho defende admissão da Guiné Equatorial na CPLP

Comissão de Reforma do IRS deixa um alerta

“Condições foram respeitadas”

“Famílias sem filhos vão pagar mais”

O primeiro-ministro português defende que Portugal ficaria isolado caso se opusesse ao alargamento da CPLP e argumentou que não pode haver duas palavras quanto às condições de entrada, considerando que a Guiné Equatorial deve ser admitida. “Uma vez que essas condições foram respeitadas, cumpre agora aos estados dar-lhe sequência. E é isso que eu julgo que se fará”, declarou Passos Coelho aos jornalistas, em Díli, onde chegou para participar hoje na X Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O chefe do Executivo português adiantou que houve uma articulação com o Presidente da República, Cavaco Silva, sobre este assunto, e afirmou ainda que não tem “a consciência à mercê de decisões desta matéria”, referindo que as condições para a adesão da Guiné Equatorial foram acordadas “por outro Governo”. Questionado se, tendo em conta a situação dos direitos humanos na Guiné Equatorial, não lhe pesa na consciência a entrada deste país na CPLP, Passos Coelho invocou o dever de cumprir e honrar as orientações assumidas por Portugal, prosseguindo a “linha de continuidade que a política externa deve merecer ao Estado português”.

CPLP. O primeiro-ministro português diz que Portugal só pode ser a favor da entrada da Guiné Equatorial, uma posição que vai contra a opinião já manifestada por Cavaco Silva Antes, o primeiro-ministro referiu que na base da previsível adesão da Guiné Equatorial à CPLP está em causa “um roteiro” estabelecido em 2010 por “todos os chefes de Estado e de Governo” com um conjunto de condições. Segundo o primeiro-ministro, o fim da pena de morte era, “em termos de símbolos dos direitos humanos, uma questão mais emblemática, que foi devidamente respondida”, entre “muitas outras condições” definidas e posteriormente avaliadas. “E, uma vez que foram avaliadas, as instituições e os estados não podem ter duas palavras, não podem estabelecer um conjunto de condições um dia e depois passado um ano ou dois virem a definir outras condições”, argumentou. Depois, Passos Coelho afirmou que a CPLP “não é apenas de um ou de outro Estado” e alegou que tem havido “uma concordância muito grande com esta realidade do alargamento” desta comunidade de países. “E seria, penso eu, muito negativo que Portugal permanecesse de forma resiliente opondo-

se a esse alargamento. Creio que isso conduziria Portugal a um isolamento no seio da comunidade de língua portuguesa que não é aquilo que Portugal deseja com certeza”, defendeu. Interrogado se houve articulação com o chefe de Estado, Cavaco Silva, sobre este assunto, Passos respondeu que nos casos da comunidade iberoamericana e da CPLP é o Presidente da República quem “chefia a delegação externa” de Portugal. “Portanto, todas as matérias têm de ser articuladas com o chefe de missão que, neste caso, é o senhor Presidente da República, embora a política externa seja conduzida pelo Governo”, concluiu, reforçando: “Neste caso em que o senhor Presidente da República é o cabeça da nossa delegação, por maioria de razão, as coisas têm de ser sempre devidamente concertadas, não pode ser de outra maneira”. Mudando de assunto, o primeiroministro português revelou que o Governo vai enviar proximamente uma carta ao Presidente da República ex-

pondo os motivos pelos quais pretende que ele suscite a fiscalização preventiva de normas orçamentais relativas aos salários e pensões. “Oportunamente, o Governo fará chegar uma carta ao senhor Presidente da República exprimindo os termos em que julgamos que uma fiscalização preventiva pode ser útil para o país - não para o Governo, mas para o país”, declarou, adiantando que “isso deverá acontecer até ao final deste mês”. Por último, destaque para a festa de inauguração da nova ponte sobre a ribeira de Comoro, em Díli, à qual foi dado o nome CPLP, realizada na véspera da X Cimeira. Esta cerimónia, que durou mais de uma hora e incluiu espumante, bolo e fogo-de-artifício, contou com a presença de vários governantes, incluindo Passos Coelho, o primeiroministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, o vice-presidente de Angola, Manuel Domingos Vicente, e o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira.

Prova de Avaliação foi realizada com a serenidade possível

Professores “humilhados e pressionados” A Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos foi realizada com serenidade na Escola Básica 2.3 Quinta de Marrocos, em Lisboa, mas no final alguns professores disseram sentir-se “humilhados, pressionados e tristes com um exame que consideram injusto”. Muitos dos professores convocados para vigiar a realização da prova na escola optou por participar no plenário que estava a decorrer no ginásio da escola desde as 09h00, promovido pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mas a sua ausência não foi suficiente para adiar a realização do exame. “Poucos colegas foram fazer vigilância, mas também eram precisos muito poucos, apenas oito”, disse Manuel Grilo, dirigente da Fenprof que liderou a reunião sindical.

Cerca de 50 professores realizaram a prova nesta escola, em Benfica, onde “todas as salas funcionaram”, disse o sindicalista. Durante a prova, alguns elementos gritavam palavras de ordem como “não à prova”, acompanhadas de algumas buzinadelas e mostravam-se indignados pelo facto de os enunciados das provas já estarem a ser divulgados na internet enquanto decorria o exame. À saída da prova, às 12h30, reinava o silêncio entre os professores, que iam saindo lentamente pelos portões da escola sob o olhar de alguns polícias que estiveram toda a manhã à porta do estabelecimento de ensino. Para o dirigente sindical da Fenprof, os professores deram uma “lição de ética profissional” ao Ministério da Educação, “que não foi capaz de per-

ceber que não pode ter atitudes ignominiosas como teve com a prova de avaliação de conhecimentos”. Manuel Grilo lembrou que os professores estão sempre a ser avaliados e que “não podem ser vítimas”, nem “enxovalhados com esta prova de avaliação”. “Esta prova destinou-se a humilhar os professores”, frisou, comentando: “Professor humilhado perante o país, perante as famílias perde a autoridade”. “É isto que o senhor ministro está a fazer, retirar a autoridade aos professores”, sustentou o sindicalista. Entretanto, a Fenprof já garantiu apoio jurídico a todos os docentes que não fizeram a prova. “Todos os professores que, por qualquer razão, não fizeram esta prova, terão o apoio jurídico da Fenprof, caso o Ministério da Educação tente contra eles qualquer

tipo de prejuízo, penalização ou punição”, disse aos jornalistas o secretáriogeral, no final de um plenário realizado na Escola Básica 2/3 Azeredo Perdigão, em Viseu. Segundo Mário Nogueira, “os professores que estão já em fase de concurso, independentemente de terem feito ou não [a prova], não podem ser excluídos dos concursos”. “Os requisitos que se verificavam ao início do lançamento do concurso são os que têm que se verificar agora”, esclareceu. O mesmo responsável lamentou a “falta de rigor” do Ministério da Educação em todo o processo, considerando que o dia de ontem demonstrou “a incompetência, a desorganização, a incapacidade e, ao mesmo tempo, a intenção de humilhar e fazer vergar todos, sobretudo os professores”.

Paula Rosado Pereira, da Comissão de Reforma do IRS, explica que, “mesmo no cenário mais vantajoso para os contribuintes, em que as deduções fixas são mais elevadas, as famílias que não tenham filhos vão em princípio pagar mais”. Num encontro com jornalistas, ontem em Lisboa, a advogada explicou que, face ao contexto atual, “se a proposta [da Comissão] previsse apenas um cenário de diminuição da arrecadação tributária sem compensação seria difícil de pôr em prática”. “Num contexto financeiro difícil como o atual, uma política de apoio à família e de estímulo à natalidade acaba por implicar uma repartição do custo fiscal desta reforma por toda a sociedade”, explicou a fiscalista. Dados da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) indicam que, dos cerca de cinco milhões de declarações que foram apresentadas em 2012, cerca de 3,7 milhões dizem respeito a agregados sem dependentes (solteiros, viúvos, casados e unidos de facto sem filho e pensionistas), cerca de 809 mil corresponde a famílias com um dependente, 476 mil declarações são de agregados com dois dependentes, 69 mil de agregados com três dependentes e 9 mil são de famílias com quatro dependentes. A Comissão de Reforma do IRS – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares estima que, em média, os agregados sem dependentes tenham um agravamento de 46 euros na coleta líquida de IRS, mas que “em média todos os agregados com dependentes beneficiam”, podendo a redução da coleta em IRS chegar aos 65 euros (famílias com um dependente) e aos 206 euros (famílias com dois dependentes), ganhos que “tendencialmente serão crescentes com o número de dependentes”. A introdução do quociente familiar no cálculo do rendimento coletável para efeitos de IRS, proposta pela Comissão de Reforma, custa 301,6 milhões de euros no cenário mais generoso para os contribuintes, que prevê deduções fixas mais elevadas. A Comissão de Reforma do IRS propõe a introdução do quociente familiar no cálculo do rendimento coletável, atribuindo uma ponderação de 0,3% por dependente, e conjuga a esta medida com a adoção de deduções fixas ‘per capita’. O grupo de trabalho liderado pelo fiscalista Rui Duarte Morais apresentou três cenários para a aplicação da medida: num primeiro cenário o Estado assumiria a perda total destes 301,6 milhões de euros de receita fiscal, no cenário intermédio perderia metade deste valor e no terceiro cenário não haveria lugar a perda de receita fiscal. Estes diferentes impactos orçamentais dependem do valor da dedução fixa que vier a ser escolhido pelo Governo: segundo as estimativas da Comissão de Reforma, no cenário mais generoso para os contribuintes e mais penalizador para os cofres do Estado, a dedução fixa por despesas de saúde, educação e formação e encargos com imóveis seria de 330,95 por cada sujeito passivo e de 321,95 euros por cada dependente. Já no cenário intermédio, em que o Estado perderia cerca de 150 milhões de euros em receita fiscal, a dedução fixa por estas despesas seria de 301,63 euros por cada sujeito passivo e de 293,56 euros por cada dependente. Finalmente, num cenário em que a reforma do IRS se paga a si própria (sem perda de receita fiscal), os montantes das deduções fixas seriam inferiores: de 272,32 euros por cada sujeito passivo e de 265,37 euros por dependente.


economia

Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

O Primeiro de Janeiro | 5

Dívida pública de Portugal sobe no primeiro trimestre do ano para os 132,9%

Terceira mais elevada da UE Financiamento de PME

Bruxelas e FEI assinam novo acordo

A Comissão Europeia e o Fundo Europeu de Investimento (FEI) assinaram, ontem, em Bruxelas, um acordo que deverá reforçar, em cerca de 25 mil milhões de euros, o financiamento às PME europeias. Depois da assinatura do acordo, o FEI lançará um convite à manifestação de interesse, ao qual poderão candidatar-se as instituições financeiras elegíveis (bancos, instituições de garantia e fundos, entre outros), sendo então selecionados os intermediários financeiros, que poderão, no final de 2014, disponibilizar o novo financiamento às PME.

Apenas com 19 cotadas

Bolsa de Lisboa encerra a valorizar 1,14%

O PSI20 encerrou, ontem, em alta, a valorizar 1,14% para os 6.273,64 pontos, animado pela EDP, CTT e EDP Renováveis. Dos títulos que compõem o índice, 14 valorizaram-se, um permaneceu inalterado e quatro registaram perdas. O PSI20 transaciona agora com apenas 19 cotadas, por decisão da Euronext, depois da saída do Espírito Santo Financial Group (ESFG). A Bolsa de Lisboa encerrou em linha com as principais bolsas europeias, já que Londres, Paris, Frankfurt e Madrid encerraram a valorizar 0,99%, 1,50%, 1,27% e 1,59%.

Dívida pública portuguesa atingiu, no final de março, os 220.696 milhões de euros, apesar do Governo prever um recuo. A dívida pública de Portugal subiu no primeiro trimestre do ano para os 132,9% do Produto Interno Bruto, depois de ter «fechado» 2013 nos 129%, sendo atualmente a terceira mais elevada da União Europeia, revela o Eurostat. Os dados, ontem, divulgados pelo gabinete oficial de estatísticas da UE revelam que, na comparação com o último trimestre de 2013, Portugal registou, a par da Bélgica, a terceira maior subida da dívida pública entre todos os Estados-membros (mais 3,9 pontos percentuais, equivalente no rácio português dívida/ PIB a mais de 7 mil milhões de euros), apenas atrás da Eslovénia (mais 7%) e Hungria (5%). Portugal superou assim a barreira dos 130% e só não passou para o segundo lugar na lista dos mais endividados porque a Itália também registou uma subida de três pontos, de 132,6% do PIB no final do ano passado para 135,6% no fim dos primeiros três meses do corrente ano. A Grécia permaneceu como o país com a dí-

Portugal. Dívida pública atingiu, no final de março, os 220.696 milhões de euros, apesar do Governo prever um recuo vida pública mais alta, de 174,1% (ainda assim, 1 ponto percentual abaixo do valor registado no trimestre anterior, de 175,1%). A dívida pública portuguesa atingiu, no final de março, os 220.696 milhões de euros, apesar de as estimativas do Governo apontarem para um recuo em 2014, para 126,7% do PIB. Além de ser mais do dobro do limite previsto no Tratado Orçamental, que estipula que a dívida pública dos Estados-membros não pode superar os 60% do PIB,

o rácio dívida/PIB de Portugal está também consideravelmente acima da média europeia, embora também se tenha assinalado uma subida tanto na zona euro - de 92,7% no último trimestre de 2013 para 93,9% no final do primeiro trimestre de 2014 - como no conjunto da UE a 28, de 87,2 para 88%. Na comparação homóloga, ou seja, com o final do primeiro trimestre de 2013, a dívida pública também subiu, quer no espaço da moeda única (era de 92,5%), quer na UE (era de 86,2%), tendo Portugal

sido um dos 16 Estados-membros a registar uma subida. Nesse período, Portugal aumentou a dívida em 5,5 pontos, dos 127,4% do PIB para 132,9%, embora neste caso não esteja entre as mais significativas, que foram protagonizadas por Eslovénia (mais 23,9%), Grécia (13,5) e Croácia (9,9). No extremo oposto, os países da UE com menor dívida pública são atualmente (no final do primeiro trimestre deste ano) a Estónia (10%), a Bulgária (20,3%) e o Luxemburgo (22,8%).

Paulo Portas e as ramificações do caso BES

“Portugal e Angola trabalham em conjunto” O vice-primeiro-ministro Paulo Portas garantiu, ontem, em Luanda, que os bancos centrais de Angola e de Portugal estão a trabalhar em conjunto na situação no Grupo Espírito Santo e ramificações nos bancos do grupo nos dois países. A posição foi transmitida aos jornalistas após uma audiência de quase uma hora entre Paulo Portas e o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, no âmbito de uma visita que o viceprimeiro-ministro português está a promover a Luanda. “Eu serei naturalmente discreto

BES. “Reguladores de Angola e de Portugal têm trabalhado conjuntamente”, garantiu Paulo Portas

sobre essa matéria, mas sempre poderei adiantar que os reguladores de Angola e de Portugal têm trabalhado conjuntamente e eu confio nas medidas de estabilização que saberão encontrar”, afirmou Paulo Portas, questionado pelos jornalistas sobre os problemas no grupo. O Banco Espírito Santo detém 55,71 por cento do BES Angola, instituição bancária que segundo o próprio regulador angolano apresenta problemas na carteira de crédito. Embora sem adiantar o teor da conversa com José Eduardo dos Santos ou a solução técnica para

o caso, Paulo Portas - que está em Angola para a abertura da Feira Internacional de Luanda (FILDA) - disse apenas entender que a articulação em curso é um “sinal com confiança”. Por outro lado, o Banco Espírito Santo adiou a apresentação dos resultados relativos ao primeiro semestre deste ano para dia 30 de julho, quarta-feira da próxima semana, após o fecho do mercado. A apresentação dos resultados relativos ao período entre janeiro e junho estava inicialmente agendada para sexta-feira (dia 25 de julho).


desporto

6 | O Norte Desportivo

Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

Ciclista obrigado a desistir da Volta a França devido a uma broncopneumonia

Adeus de Rui Costa “A bronquite que tinha nunca chegou a passar e agora avançou para uma broncopneumonia”, explicou o português. O ciclista Rui Costa abandonou, ontem, a Volta à França em bicicleta devido a uma broncopneumonia, falhando assim o início da 16ª etapa da prova. O atleta, na sua página do Facebook, explicou que a bronquite de que sofria evoluiu para uma broncopneumonia e, por isso, o médico da equipa, Lampre-Merida, aconselhou-o a abandonar o Tour. “A bronquite que tinha nunca chegou a passar e agora avançou para uma broncopneumonia. Já há uma semana que ando doente e o médico da equipa diz que é melhor que me retire do Tour”, disse. O atleta contou que na segundafeira, dia de descanso da prova, sentiu-se mal após o treino, com dores musculares e febre, tendo sido depois transportado ao hospital para fazer exames médicos. “Fui levado ao hospital fazer um raio-x e o resultado foi este. Ainda esperámos para ver como despertava hoje para tomar uma decisão definitiva, mas sinto-me pior, como se tivesse sido atropelado por um camião. Felizmente detetámos a tempo de evitar lesões graves”, escreve Rui Costa. Na mensagem deixada no facebook, Rui Costa lamentou o sucedido e pediu desculpa ao público, aos amigos, à equipa e à organização da Volta à França. “Queria continuar mas o doutor fez-me entender e concordar que além de pôr em risco a minha saúde, posso pôr

Oblak justifica decisão

“Vi que muitos outros jogadores iam sair”

O guarda-redes Jan Oblak disse, ontem, na apresentação oficial no Atlético Madrid, que a sua decisão foi também motivada pela saída de outros futebolistas do Benfica, além da “grande oportunidade” que lhe oferecia o clube espanhol. “Trataram-me muito bem [no Benfica], tive uma grande temporada, mas vi que muitos jogadores iam sair e tive esta oportunidade que não podia recusar”, justificou. Oblak chega a Madrid com um contrato de seis épocas e após os «colchoneros» pagarem 16 milhões de euros da cláusula de rescisão.

Volta a França. Rui Costa falhou o início da 16.ª etapa, a mais longa do Tour, que foi ganha por Michael Rogers em risco a minha própria carreira, por isso tomamos esta decisão: vou abandonar o Tour”, sublinhou. Na segunda-feira, o Tour cumpriu o seu segundo dia de descanso, regressando à estrada, ontem, para uma longa maratona de 237,5 quilómetros entre Carcassonne e Bagnères-de-Luchon. O australiano Michael Rogers (Tinkoff-Saxo) impôs-se na etapa mais longa desta Volta a França, ao distanciar-se

dos seus companheiros de fuga na descida até Bagnères-de-Luchon, num dia tranquilo para o líder Vincenzo Nibali (Astana). Depois de quase 237,5 quilómetros de etapa, com partida em Carcassone, e quase 200 quilómetros de fuga, o veterano australiano isolou-se nos quilómetros finais, para cruzar isolado a meta, com o tempo de 06h07.10. Na segunda posição ficou o francês Thomas Voeckler

(Europcar), com o bielorrusso Vassil Kiriyenka (Sky) a ser terceiro. O líder Vincenzo Nibali (Astana) perdeu mais de oito minutos para o vencedor da 16.ª etapa, mas manteve a amarela. Hoje, disputa-se a 17.ª etapa, uma ligação de 124,5 quilómetros entre Saint-Gaudens e Pla d’Adet, com a meta a coincidir com uma contagem de categoria especial, colocada depois de três de primeira. Venda ao Catania

Cristiano Ronaldo pronto para a nova época

“Estou muito focado, a minha lesão já foi” O internacional português Cristiano Ronaldo deixou para trás a fraca campanha de Portugal no Mundial2014 e diz estar preparado para continuar a conquistar troféus no Real Madrid. “Darei o meu melhor durante toda a época, tal como faço todos os anos. Tentarei ser o melhor, ajudar a minha equipa, marcar golos e ganhar troféus”, salientou o jogador, de 29 anos, num evento publicitário, ontem, em Tóquio. “Estou muito focado, a minha lesão já foi. Sinto-me muito, muito bem”, explicando que pretende começar e acabar a temporada em Espanha “em boa forma”.

Real Madrid. Cristiano Ronaldo vai ter como colega de equipa o colombiano James Rodriguez

Sem se referir à má prestação da equipa das «quinas» no Brasil, o extremo descreveu a última época como «fantástica» e listou as conquistas do décimo título de campeão europeu do Real Madrid e da Taça do Rei. “Dedico-me a 100 por cento e quero continuar assim até terminar a minha carreira”, finalizou, explicando que a cada época o desafio é continuar a ser bom, com a oportunidade de ganhar cinco a seis títulos. Por outro lado, o AS Mónaco confirmou o acordo com o Real Madrid para a venda do internacional colombiano James Rodriguez, avaliando o negócio como

“uma das maiores transferências da história do futebol”. “O clube não tinha intenção de vender o jogador. Chegou o momento em que considerámos que uma transferência seria benéfica para todas as partes. O AS Mónaco orgulha-se de ter conseguido uma das maiores transferências da história do futebol”, escreveu o clube monegasco. Tal como o Real Madrid, também o clube do Principado não quis revelar os números da transferência, mas a imprensa desportiva espanhola fala de um negócio a rondar os 80 milhões de euros.

Rinaudo pode render 2,5 milhões de euros

O Sporting informou, ontem, que a transferência do futebolista Rinaudo aos italianos do Catania pode chegar aos 2,5 milhões de euros. “A Sporting SAD informa que chegou a acordo com o Catania para a transferência definitiva do jogador Fito Rinaudo, com a venda de 50% dos direitos económicos do jogador por um montante que pode ascender a 2,5 milhões de euros”, refere o clube. Em relação a Wilson Eduardo, o médio foi emprestado por uma época por 500 mil euros, com os croatas do Dínamo de Zagreb a ficarem com opção de compra por três milhões de euros.


Quarta-feira, 23 de Julho de 2014

publicidade

O Primeiro de Janeiro | 7


1868

Há 144 anos, todos os dias consigo.

Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

|

Diretor: Rui Alas Pereira (CP-2017). E-mail: ruialas@oprimeirodejaneiro.pt Publicidade: Conceição Carvalho E-mail: conceicao.carvalho@oprimeirodejaneiro.pt Morada: Rua do Vilar, n.º 235, 3.º, Sala 12, PORTO E-mail: geral.cloverpress@oprimeirodejaneiro.pt - Publicidade - Telefone: 22 096 78 46/ tlm: 912820679 Propriedade: Globinóplia, Unipessoal Lda. Edição: Cloverpress, Lda. NIF: 509 229 921 Depósito legal nº 1388/82

O PRIMEIRO DE JANEIRO, está on line e sempre atualizado em: www.oprimeirodejaneiro.pt

ESTRATÉGIA DE VITIMIZAÇÃO O Movimento Olímpico (MO) não deve assumir a estratégia do discurso de vitimização produzido pelo seu responsável no documento “A Sustentabilidade Competitiva do Desporto Português” quando diz: “… o simples facto, possível a quem revela um mérito desportivo excecional ganho em competição de participar nuns Jogos Olímpicos (JO), está vulgarizado e desvalorizado”. E não o deve fazer porGustavo Pires* que há muito que o Comité Olímpico de Portugal (COP) possui as condições políticas, técnicas e financeiras necessárias para liderar o MO em Portugal de modo a que, ao cabo de cada quatro anos, como refere o seu presidente, as “consciências adormecidas” não acordem e descubram que, afinal, “não somos tão competitivos quanto devíamos.” A vitimização ocorre quando alguém resolve proclamar-se mártir dos outros ou das circunstâncias. A imagem da vítima tem vindo a proliferar na sociedade portuguesa como uma estratégia de desculpabilização dos eternos detentores do poder. Hoje, parece não haver político que, perante adversidades de que é o próprio responsável, não assuma imediatamente o papel de vítima. Contudo, o presidente do COP é a última pessoa a quem se pode aceitar que ensaie protagonizar o papel de vítima da incultura olímpica dos portugueses. Desde logo porque ele é duplamente responsável pela situação que denuncia no documento que referimos. E tal fica-se a dever às seguintes circunstâncias: depois de, durante vários anos, ter ocupado a presidência da Confederação do Desporto de Portugal, ao assumir em 2004 as funções de presidente do Instituto do Desporto de Portugal, não perdeu tempo para, em 2005, assinar por parte da Administração Pública um Contrato Programa de desenvolvimento com o então presidente do COP que resultou na hecatombe do programa Pequim (2008) e na confusão do programa Londres (2012). Agora, ao assumir em 2013 as funções, o novo presidente do COP, insistiu no erro e voltou a assinar um Contrato Programa na mesma linha do assinado em 2005. Por isso, não fazem qualquer sentido os seus receios sobre uns perigosos fantasmas neoliberais que não especifica, como a causa da incultura olímpica dos portugueses. Porque, a incultura desportiva dos portugueses não se fica a dever a quaisquer fantasmas neoliberais mas tão só a uma visão distorcida do desenvolvimento do desporto que, de há muitos anos a esta parte, tem vindo a ser apanágio das políticas públicas desportivas que tiveram o seu ponto alto em eventos como o Europeu de Futebol (2004), os JO de Pequim (2008), os JO de Londres (2012) ou, entre outros, o Mundial de Futebol (2014) que os portugueses estão a pagar bem caro. O que se passa é que devido à conceção errada do Contrato Programa mesmo que por graça dos deuses do Olimpo a Missão portuguesa regresse do Rio de Janeiro carregada de medalhas, os portugueses vão continuar a considerar que participar nuns JO é qualquer coisa de vulgar e com pouco valor. Por isso, são de todo incompreensíveis as aflições do presidente do COP. Em primeiro lugar porque se o COP é vítima da incompreensão da sociedade este facto fica-se a dever aos seus ex dirigentes que, nos últimos vinte anos, não conseguiram desenvolver uma qualquer ideia alternativa ao que se está a passar no desporto nacional. Repare-se que o COP, desde os JO de Moscovo (1980), nunca mais conseguiu envolver conscientemente os portugueses num projeto com um verdadeiro significado desportivo. Em segundo lugar, porque tendo tido a oportunidade de mudar o rumo à história atual do desporto, num individualismo incompreensível, numa perspetiva instrumental sem qualquer sentido e num desperdiçar contranatura da liberdade da instituição, a liderança do COP limitou-se a reforçar o que já vinha do passado. Por isso, para além de não lhe ficarem bem os lamentos, não pode esperar que o desporto em Portugal venha a atingir um padrão cultural muito diferente daquele que já vem do passado. Se existe conclusão que decorre do documento “A Sustentabilidade Competitiva do Desporto Português” é a de que a atual liderança do COP não tem a mínima ideia acerca do desenvolvimento do desporto no quadro de uma sociedade liberal e democrática. Por isso, para além das estafadas desculpas do neoliberalismo, seria bem melhor que se preocupasse em apurar se tem sido o COP vítima da incompreensão dos portugueses, ou se têm sido os portugueses vítimas da incompreensão do COP. (continua)

José Manuel Silva destaca “recuo” do Ministério da Saúde

“Soube reconhecer as razões da Ordem” O bastonário da Ordem dos Médicos saudou o “recuo” do Ministério da Saúde na publicação do Código de Ética, sem alguns dos pontos que foram apontados como motivos da última greve dos médicos. José Manuel Silva considera que, com a publicação em despacho da versão final do Código de Ética, cuja primeira versão levou os médicos a apelidá-lo de “lei da rolha”, o Ministério da Saúde “soube reconhecer as razões da Ordem dos Médicos e da própria sociedade que respondeu com grande veemência, em defesa da transparência do SNS”. “Apraznos registar que isso foi reconhecido pelo Ministério da Saúde”, adiantou. O Código de Ética para os profissionais da saúde, um dos motivos da última greve dos médicos, foi publicado em Diário da República e prevê que possa haver comunicação de irregularidades ou erros que possam prejudicar os utentes. Segundo o diploma, o sigilo profissional pode ser quebrado para “comunicação de irregularidades, nomeadamente situações que prefigurem erros ou omissões que possam prejudicar os destinatários da atuação da instituição”. O despacho, publicado na noite de segunda-feira,

prevê também a quebra de sigilo “perante a obrigação de comunicação ou denúncia de factos relevantes às instâncias externas administrativas reguladoras, inspetivas, policiais e judiciárias”. “Naturalmente este código ainda não é perfeito, algumas questões que não foram consideradas. No entanto, pensamos que há um espaço para a continuação do diálogo e a construção de um entendimento positivo que salvaguarde os interesses dos doentes”, disse José Manuel Silva, ressalvando: “Gostaria que, neste documento, tivesse ficado explícita a reafirmação que a mais importante missão e a primeira responsabilidade das instituições de saúde e dos profissionais é para com os cidadãos e doentes. Gostaríamos que tivesse ficado explícito que a comunicação dos profissionais às respetivas ordens não viola o direito de sigilo e de confidencialidade do código de conduta ética”. A Ordem, no entanto, considera que “esse direito está devidamente salvaguardado no seu articulado”. O texto inicial de projeto Código de Ética referia que, “salvo quando se encontrem mandatados para o efeito, os colaboradores (…) devem abster-se de emitir declarações

públicas, por sua iniciativa ou mediante solicitação de terceiros, nomeadamente quando possam pôr em causa a imagem [do serviço ou organismo], em especial fazendo uso dos meios de comunicação social”. Outro ponto polémico do documento dizia respeito às ofertas a receber pelos profissionais de saúde, que inicialmente se propunha que fossem encaminhadas para instituições de solidariedade. No despacho agora publicado em Diário da República, permite-se aos profissionais receberem ofertas entregues “por força do desempenho das funções (….) que se fundamentem numa mera relação de cortesia e que tenham valor insignificante”. O Sindicato Independente dos Médicos considerou já, numa nota publicado no seu site, que este documento final “não merece reparos sindicais e jurídicos, sem prejuízo de se dever atentar com toda a cautela os resultados futuros das aplicações (…) do despacho em cada estabelecimento”. O despacho, aliás, prevê que cada entidade do Ministério da Saúde desenvolva cada princípio do Código “de acordo com as suas especificidades”.

ARS-Norte refuta acusações da Ordem dos Médicos

“Não foi impedida qualquer prescrição médica” A Administração Regional de Saúde do Norte garante que “não impede qualquer prescrição médica”, reagindo assim às acusações do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, sobre situações que podem “colocar em causa tratamento a doentes com patologia respiratória crónica”. “A divulgação recente de um comunicado da Seção Regional da Ordem dos Médicos, relativo à Diretiva da ARS sobre cuidados respiratórios domiciliários, deixou-nos surpreendidos”, refere uma carta remetida pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) ao presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães. “A ARS-Norte não impede qualquer prescrição médica seja do que for. Pode é não poder pagar

tudo o que é prescrito”, pode ler-se, ainda, na mesma carta. Na segunda-feira, o CRN-OM, em conferência de imprensa, acusou a ARS-Norte de colocar em causa o tratamento a doentes com patologia respiratória crónica, garantindo ter denúncias de centros de saúde. Em causa está uma diretiva que Miguel Guimarães disse ter sido enviada aos centros de saúde, na qual se refere que “a prescrição de aerossolterapia [sistemas de nebulização] e do aspirador de secreções está limitada a situações clínicas seguidas em serviços especializados”. O responsável do CRN-OM acrescentou que esta imposição não “assegura” as condições necessárias que “garantam os cuidados de proximidade e o acesso aos cuidados de saúde que os doentes, com doenças respiratórias crónicas, têm direito”, e que

“tal situação é particularmente grave no caso de doentes acamados com múltiplas comorbilidades”. Em resposta, a ARS-Norte referiu, no mesmo dia, que “cumpre indicações da Direção-Geral de Saúde (DGS)” e agora esta entidade remeteu ao CRN-OM uma carta em que reclama e rebate o teor das declarações de Miguel Guimarães. “Admitimos que a Ordem conheça a PEMCRD e as normas associadas e produzidas pela DGS, até por se ter associado à respetiva negociação, produção e em alguns casos, auditoria”, refere a carta que, por fim, aconselha a “Secção Regional [Norte da Ordem dos Médicos] a canalizar os seus pontos de vista para a DGS e, junto do senhor bastonário, apurar e enquadrar a colaboração agora em causa pela fundamentação invocada”.

Laurent Fabius apela a um cessar-fogo entre Israel e Hamas

“Nada justifica a manutenção dos massacres” Depois da posição dos EUA, pela voz do presidente Obama, é a agora a vez da França, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, apelar a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, afirmando que “nada justifica a manutenção dos massacres” que já mataram mais de meio milhar de pessoas nas últimas semanas. “Em Israel e em Gaza, a situação é muito dura”, referiu Laurent Fabius, à chegada a uma

reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, em Bruxelas. “Nada pode justificar a continuação dos ataques e massacres que têm feito tantas vítimas e que só aumentam as tensões e os ódios entre as populações”, acrescentou, destacando: “A França vai exigir com muita força um cessarfogo imediato e manter a posição”. Na segunda-feira, o presidente François Hollande já tinha afirmado que “deve

ser feito tudo para pôr um fim imediato ao sofrimento das populações civis em Gaza”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o líder da diplomacia norte-americana, John Kerry, estiveram ontem no Cairo para tentar um cessarfogo entre Israel e o Hamas depois de 14 dias de bombardeamentos israelitas em Gaza que já fizeram mais de 570 vítimas mortais.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.