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SUAREZ SUSPENSO QUATRO MESES FIFA COM MÃO PESADA PARA AS MORDIDELAS DO CRAQUE URUGUAIO

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 152

Sexta-feira, 27 de junho de 2014

PORTUGAL VENCE (2-1) COM GANAS MAS FAZ MESMO A MALA MAIS CEDO

NÃO HÁ

M!LAGRES n A Alemanha de Merkel até deu uma ajuda preciosa – vitória sobre os EUA – mas Portugal ficou muito aquém do que poderia e deveria fazer frente a um Gana descrente e cheio de problemas internos, que até pareceu querer dar um “empurrãozinho” à seleção portuguesa, ao marcar um golo na própria baliza e a oferecer um “brinde” a Cristiano Ronaldo, para que o português não deixasse o Mundial em branco. Feitas as contas, Paulo Bento e os seus pupilos tiveram mesmo de fazer as malas mais cedo por não cumprirem o objetivo traçado à partida para o Brasil...

VALONGO

Câmara dá parecer favorável à desagregação das freguesias de Campo e Sobrado

CONSELHO

de Estado marcado para o próximo dia 3 de julho

CONSTITUIÇÃO

PS diz que o PSD só recusou a proposta depois de Seguro dizer “não à revisão”


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

Valongo que desagregar freguesias de Campo e Sobrado

Amarante

“Dar voz à vontade popular” A Câmara de Valongo aprovou dois pareceres favoráveis aos projetoslei do PCP sobre a constituição das freguesias de Campo e de Sobrado, o que na prática se traduziria na desagregação feita com a lei da reorganização administrativa local. O concelho de Valongo contava, até à entrada em vigor da lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro, com cinco freguesias, sendo que com a reorganização administrativa local Sobrado e Campo foram agregadas. Agora a câmara de Valongo, liderada pelo socialista José Manuel Ribeiro, deu parecer positivo aos projetos-lei entregues, em abril, pelo PCP, na Assembleia da República (AR), para desagregação das duas freguesias. A posição camarária foi tomada por unanimidade. “Não somos contra as agregações, mas no concelho de Valongo fomos. Tudo o que forem iniciativas que possam levar a repor o equilíbrio no concelho, somos a favor”, disse o vereador do PSD, João Paulo Baltazar.

VALONGO. A Câmara deu parecer positivo para que as duas freguesias de Sobrado e Campo possam ser desagregadas Também a CDU, por intermédio de Cláudia Santos, referiu que o grupo parlamentar do PCP está com estes projetos-lei a “dar voz à vontade popular de Campo e de Sobrado”. Os argumentos aduzidos nos projetos-lei entregues pelo PCP na

AR prendem-se com as diferenças de ambas as comunidades e com as dificuldades que a população passou a sentir depois desta agregação. A freguesia de Campo é descrita como “de cariz mais industrial”, enquanto Sobrado é “a maior do

concelho de Valongo em área, mas a menor em população”, mantendo-se como uma “zona bastante mais rural do que urbana”. “Acresce o facto de que, com a agregação das duas freguesias, Sobrado teve um aumento de despesas, que foram criadas face ao novo panorama territorial, perdendo a sua Junta de Freguesia e deixando de ter diariamente contacto com os seus representantes autárquicos, obrigando a população a ter que se deslocar à sede da União das Freguesias, que ficou em Campo”, refere o projeto-lei sobre Sobrado. O PCP adjetiva de “transtorno” esta situação, lembrando que “não existem transportes públicos entre Sobrado e qualquer outra freguesia do concelho”. Já uma moção da Câmara de Valongo, que data de 2012, tendo sido igualmente remetida para a AR aquando da discussão da reorganização administrativa local, referia que “no que respeita à demografia do concelho, comprovase, por um lado, uma densidade populacional elevada em todas as freguesias e por outro lado uma tendência crescente da fixação da população residente”. Com este argumento, a autarquia de Valongo quer sublinhar que considera que “a população global de cada uma das freguesias justifica por si só a sua autonomia territorial e administrativa”.

Câmara do Porto escolhe o presidente da UDIPSS-Porto

Um padre como provedor do Inquilino Municipal A maioria da Câmara do Porto escolheu o padre José Lopes Batista, presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Porto (UDIPSS-Porto), que residiu durante duas décadas num bairro municipal, para provedor do Inquilino Municipal. A informação foi divulgada em comunicado da autarquia, de acordo com quem o executivo de Rui Moreira escolheu o atual pároco das Antas, que vai ser votado na reunião camarária de terça-feira, “após auscultação das Associações de Moradores dos Bairros Municipais”. A Câmara destaca que José Lopes Batista residiu, durante cerca de 20 anos, no Bairro Municipal Rainha D. Leonor” e, que, “na década de 90, integrou a comissão que acompanhou os realojamentos dos moradores das barracas, no âmbito do Programa Es-

pecial de Realojamento”. O município realça ainda “a reconhecida reputação de integridade moral e cívica” de José Lopes Batista, que “esteve à frente da Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda (Pasteleira) de 1975 a 2011”. “A criação do Provedor do Inquilino Municipal corresponde a um compromisso político sufragado pelos portuenses e terá por função contribuir para a defesa e a garantia dos direitos e interesses legítimos dos inquilinos municipais”, conclui o comunicado. A Câmara do Porto aprovou a 03 de junho o regulamento que institui a criação do provedor do inquilino municipal, tendo alterado a proposta inicialmente proposta para que o mesmo seja eleito pela Assembleia Municipal (AM). Na redação final, a proposta de criação do provedor estipula que terá de ser eleito por “maioria simples” na

AM, explicou aos jornalistas o vereador da CDU, Pedro Carvalho, após a reunião privada do executivo. A proposta da maioria camarária para criação do provedor indicava que o mesmo fosse designado pela autarquia “sob proposta do presidente”, ao passo que uma recomendação da CDU pretendia que fosse “eleito pela AM com uma maioria qualificada” (dois terços dos deputados). Na proposta que levou ao executivo, a autarquia explicou que o provedor do inquilino municipal terá como função “contribuir para a defesa e a garantia dos direitos e interesses legítimos dos inquilinos municipais perante os serviços da autarquia”. No mesmo documento, o vereador do pelouro da Habitação e Ação Social, Manuel Pizarro, justifica a criação do provedor com a

necessidade de criar uma figura “de mediação” entre os inquilinos e aqueles que procuram habitação junto da autarquia e a empresa de habitação da autarquia – DomusSocial. O provedor deve “caracterizar-se pela autonomia e imparcialidade face aos cidadãos, aos órgãos de gestão da DomusSocial e aos órgãos executivos e serviços municipais”, pode ainda lerse na proposta. O mandato do provedor coincidirá com o mandato do executivo autárquico e este terá como funções “receber queixas e reclamações” dos inquilinos, emitir pareceres, recomendações e sugestões no âmbito das suas competências, bem como dar informação, sob solicitação da câmara ou da assembleia municipal, sobre quaisquer matérias relacionadas com a sua atividade.

Homem morre ao cair do terceiro andar

Um homem de 80 anos morreu ontem após ter caído de um terceiro andar de um edifício de habitações, em Freixo de Cima, Amarante, informou fonte dos bombeiros da Lixa. De acordo com o comandante da corporação, José Campos, os bombeiros foram chamados ao local (lugar de S. Gens) pouco depois das 16:10, encontrando a vítima politraumatizada. “Supostamente, terá caído da varanda de um terceiro andar. Estava num estado muito grave”, disse o comandante. Ao local foram chamadas a Viatura de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Amarante e a Viatura de Emergência Médica de Amarante. Os meios de socorro acabaram por confirmar no local o óbito do octogenário. A GNR também esteve no local. Marco de Canaveses

Avelino Ferreira Torres renuncia ao mandato

O antigo presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, confirmou que renunciou ao mandato de vereador da oposição, alegando razões de saúde. O ex-autarca explicou que, atendendo às questões de saúde, não está “motivado” para exercer o cargo para o qual foi eleito, em 2013, à frente de uma lista independente, mas apoiado pelo CDS. Avelino recordou que tinha o seu mandato suspenso desde o início do mandato, também por razões de saúde. A lista independente que foi encabeçada pelo antigo presidente da autarquia foi a segunda mais votada nas eleições autárquicas de 2013, elegendo dois vereadores. O PSD, liderado por Manuel Moreira, alcançou a maioria absoluta, com quatro eleitos no executivo. Luís Magalhães, que era o segundo da lista independente, também não chegou a tomar posse, sendo substituído por Natália Ribeiro. O segundo vereador da lista independente é atualmente Bruno Magalhães. Avelino Ferreira Torres foi presidente durante vários mandatos, deixando a Câmara do Marco de Canaveses para se candidatar, em 2005, sem sucesso, à vizinha autarquia de Amarante, concelho de onde é natural.


regiões

Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

PJ desmantela rede de tráfico de pessoas que operava em Portugal e Espanha

Detidos por escravidão Nos moldes do Governo

Câmara de Loures rejeita criação do FAM

A Câmara de Loures aprovou uma moção que rejeita a criação do Fundo de Apoio Municipal nos moldes que constam da proposta de lei do Governo. A moção, apresentada na última reunião do executivo municipal, realizada na quarta-feira, foi aprovada com os votos favoráveis da CDU e do PS e com a abstenção do PSD. A proposta governamental inicial prevê que o fundo tenha uma dotação financeira global de 650 milhões de euros, comparticipado em 70% pelos municípios. Bernardino Soares considera que o proposto vai “restringir a autonomia local e impedir a livre gestão das receitas”.

Crianças entre os 12 e os 15

Dois detidos por violação e abuso sexual

A Polícia Judiciária anunciou, ontem, ter detido dois homens, um de 37 e outro de 24 anos, por suspeita de violação e abuso sexual de crianças e adolescentes, nas zonas de Lisboa e de Santarém. O primeiro suspeito ficou sujeito a apresentar-se diariamente às autoridades e proibido de contactar com a vítima. O segundo detido, de 24 anos, conhecia e seduzia as vítimas, entre os 12 e os 15 anos, para pretensas relações de namoro, de acordo com a PJ. Este detido ficou em prisão preventiva após o primeiro interrogatório judicial.

Os crimes terão ocorrido em várias localidades dos distritos de Beja, Faro e Guarda, bem como em Espanha. A Polícia Judiciária anunciou, ontem, a detenção de sete suspeitos de tráfico de pessoas, escravidão, rapto e sequestro, tendo identificado seis alegadas vítimas que terão sido aliciadas para trabalhar na atividade agrícola e construção civil. As detenções decorreram no âmbito da «Operação Portugal Total» que foi desencadeada pela Diretoria do Norte da PJ e os crimes terão ocorrido em várias localidades dos distritos de Beja, Faro e Guarda, bem como em Espanha. Os detidos, cinco homens e duas mulheres, com idades compreendidas entre os 23 e 41 anos são agricultores ou não possuem ocupação laboral. Segundo referiu a PJ, em comunicado, os suspeitos foram indiciados pelos crimes de tráfico de pessoas, escravidão, rapto, sequestro para fins de exploração laboral e ainda ofensas à integridade física qualificada. Durante a operação, foram detidas mais duas pessoas, por crimes de resistência e coação sobre funcionário e posse de armas proibidas. A PJ disse ainda que identificou, até ao momento, seis pessoas

Escravidão. As vítimas “viram-se forçadas a trabalhar de forma não remunerada, sujeitos a condições indignas e condicionados na sua liberdade” que terão sido aliciadas para trabalhar na atividade agrícola e construção civil por conta dos suspeitos, nomeadamente em campanhas agrícolas espanholas. Em contrapartida, os detidos alegadamente ofereciam um “montante diário em numerário, alojamento, transporte e alimentação”. No entanto, segundo a PJ, contrariamente ao que lhes havia sido proposto, as vítimas “viram-se forçadas a trabalhar de forma não remunerada, sujeitos a condições indignas e condicionados na sua

liberdade ambulatória, perante o regime de intimidação, ameaças e maus-tratos por parte dos suspeitos, aproveitando-se das condições de fragilidade das vítimas”. Os indícios recolhidos pela investigação demonstram o “caráter prolongado da atividade ilícita desenvolvida pelos detidos, não só no âmbito da tutela da ordem jurídica portuguesa mas também da espanhola. De acordo com a PJ, os suspeitos “vão fazendo circular entre várias famílias os ‘trabalhadores’ como

de mera mercadoria se tratasse”. A operação contou com a colaboração de várias unidades da Polícia Judiciária, bem como dos destacamentos e unidades da GNR e da PSP das respetivas áreas de intervenção. Esta ação policial foi realizada no desenvolvimento de várias investigações que têm sido encetadas pela Diretoria do Norte da PJ e que têm vindo a revelar um campo alargado de atuação criminosa no território nacional e em território espanhol.

Viana do Castelo contesta fecho da Empordef

Autarca critica decisão do ministro da Defesa O presidente da Câmara de Viana do Castelo acusou, ontem, o Ministro da Defesa de colocar em causa o contrato dos navios asfalteiros encomendados pela Venezuela aos estaleiros navais com o encerramento da Empresa Portuguesa de Defesa (Empordef). A desativação da Empordef “poderá colocar em risco o esforço de vários anos na manutenção destas encomendas, bem como da sua execução”, disse José Maria Costa, em comunicado. Conjuntamente com a administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a Empresa Portuguesa de Defesa “liderava

Viana do Castelo. “A quem interessará e qual a motivação que estará por detrás desta pulverização”, questiona José Maria Costa

as negociações para a conclusão dos contratos, que poderiam incentivar e reanimar a construção naval na cidade através de uma eventual parceria com a nova empresa West Sea”, enfatiza. O contrato para a construção dos navios foi celebrado em 2010 entre a empresa Petróleos da Venezuela (PDVSA) Naval e os ENVC no valor de 128 milhões de euros. O ministro Aguiar-Branco anunciou, quarta-feira, na comissão parlamentar de Defesa que irá encerrar a Empordef e que as sociedades que a integram passarão a ser geridas pelas tutelas setoriais da Defesa e das Finanças.

Para o socialista que preside à autarquia de Viana do Castelo, esta liquidação representa “um duro golpe num setor estratégico”. Acrescenta que a dissolução da Empordef “poderá pôr em causa anos de trabalho de inovação e desenvolvimento em vários setores de ponta da indústria de defesa militar”. “A quem interessará e qual a motivação que estará por detrás desta pulverização anunciada das empresas da holding Empordef e que interesses económicos e eventualmente privados poderão ser beneficiados?”, questionou.


nacional

4 | O Primeiro de Janeiro

Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

António José Seguro e a proposta de “extinguir a Constituição da República”

“Eles querem o poder absoluto” O secretário-geral do PS disse em Setúbal que a proposta de revisão constitucional apresentada pelo PSD/ Madeira tem como principal objetivo “extinguir a Constituição da República”. “Eles já têm uma maioria absoluta, um Governo, um Presidente, um Presidente da Comissão Europeia. Agora, querem extinguir o Tribunal Constitucional, o que significa transformar uma maioria absoluta num poder absoluto”, disse António José Seguro, acrescentando que aquilo que o PSD quer, verdadeiramente, “é extinguir a Constituição da República Portuguesa”. “Não é o Tribunal Constitucional que erra ao zelar pelo cumprimento da lei fundamental do País. Quem erra é um Governo que está sempre contra a Constituição, a violar a lei fundamental do País e a afrontar o Tribunal Constitucional”, acrescentou o dirigente socialista, deixando duras críticas ao Governo PSD/CDS-PP. O líder socialista, que falava a centenas de militantes e simpatizantes socialistas que esgotaram o auditório de uma unidade hoteleira de Setúbal, garantiu também que o PS nunca permitirá a inclusão da

SEGURO. O líder do PS não poupou em críticas ao Governo e à maioria que o apoia, destacando que o “PSD quer, verdadeiramente, é extinguir a Constituição da República Portuguesa” regra de ouro que limita o défice das contas públicas, que também faz parte da proposta de revisão constitucional do PSD/Madeira. “Eu já disse há três anos que sou contra a inclusão dessa regra de ouro na Constituição. Bem sabemos que alguns socialistas, como Luís Amado, apoiante de António Costa, que defende, tal como a direita, a inclusão dessa regra de ouro na constituição”, disse. “Comigo não haverá a inclusão dessa regra de ouro na Constitui-

ção”, reforçou o dirigente socialista, que deixou para os dirigentes locais as críticas ao presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que terá como adversário nas eleições primárias para a escolha do candidato do PS a primeiroministro. Sem referirem o nome de António Costa, o presidente da concelhia socialista de Setúbal, Paulo Lopes, e a presidente da Comissão Política Distrital, Madalena Alves Pereira, deixaram elogios à cora-

gem de António José Seguro quando assumiu a liderança do partido após a derrota eleitoral de José Sócrates, ao mesmo tempo que criticavam a postura de algumas “elites do poder” na corrida à liderança do PS. Seguro afirmou também, pouco depois, que luta por um País mais justo e com oportunidades para todos, “independentemente do apelido de cada um, do local onde nasceram e do dinheiro que têm no banco ou no bolso”.

Alberto Martins e a “manobra dilatória” do PSD

“Contra o estado de direito” O líder parlamentar do PS atribuiu ao PSD a “manobra dilatória” de apresentação de uma proposta de revisão constitucional pelos deputados sociais-democratas da Madeira, afirmando que só foi recusada depois de o líder socialista ter-se mostrado indisponível para rever a Constituição. “Temos consciência que esta proposta do PSD só foi recusada pelo PSD nacional depois de o secretário-geral do PS ter dito ontem não à revisão constitucional, [ter dito] não é possível fazer-se uma revisão constitucional com quem governa contra a Constituição, contra o estado de direito”, afirmou Alberto Martins aos jornalistas no parlamento. O presidente da bancada socialista considerou que se tratou de “uma manobra dilatória sem consistência, proposta pelo PSD, insolitamente

iniciada por alguns deputados do PSD Madeira, mas contendo normas que não iludem ninguém”. “Quando vem na proposta a inscrição na Constituição da República de regras relativas ao défice orçamental, ninguém está a pensar que o doutor Alberto João Jardim se lembrasse desta proposta”, sustentou. Alberto Martins reiterou “o PS não está disponível para estas manobras dilatórias, que não são sérias”, considerando que que a “iniciativa morreu à nascença”. “O PSD e o Governo governam contra a Constituição da República, o estado de direito e regras essenciais da democracia. Agora parece que pretendem eliminar a Constituição da República, extinguir o Tribunal Constitucional e pôr em causa valor essenciais do regime democrático”, sustentou. O PSD demarcou-se da propos-

ta de revisão da Constituição da República apresentada pelos deputados sociais-democratas eleitos pela Madeira, por discordar do seu conteúdo e do momento escolhido para a abertura do processo de revisão constitucional. O vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD e deputado José de Matos Correia afirmou que a proposta entregue quartafeira não foi concertada com a direção nacional do partido, que a vê como “um ato normal” e “um exercício de um direito”, mas discorda de parte das propostas, a começar pela extinção do Tribunal Constitucional e pelas “matérias de autonomia regional”. Matos Correia considerou ainda que a proposta “é extemporânea”, assinalando que, quando falta pouco mais de um ano para um ato elei-

toral, “o tempo não é adequado para permitir os consensos que a revisão da Constituição exige”. A proposta entregue quarta-feira pelos deputados do PSD eleitos pela Madeira prevê a extinção do Tribunal Constitucional, a criação de uma secção constitucional no Supremo Tribunal de Justiça, a possibilidade de submeter a referendo alterações à Lei Fundamental e a eliminação da fiscalização preventiva das leis. Ao nível regional, o projeto visa o reforço da autonomia, com um “alargamento dos poderes da Assembleia Legislativa”, a extinção da figura do Representante da República, a possibilidade de existência de partidos regionais e de apresentação de candidaturas independentes à Assembleia da República e às Assembleias Legislativas.

Para dia 3 de julho

Cavaco Silva convoca Conselho de Estado

O Presidente da República convocou o Conselho de Estado para o dia 3 de julho, divulgou a Presidência da República. A reunião terá como ordem de trabalhos a “situação económica, social e política, face à conclusão do programa de ajustamento e ao acordo de parceria 20142020 entre Portugal e a União Europeia para os fundos estruturais”, revelou o Palácio de Belém no seu sítio na internet. O Conselho de Estado, órgão político de consulta do Presidente da República, reuniu pela última vez no dia 20 de maio de 2013, durante sete horas, sobre o tema “perspetivas da economia portuguesa no pós-troika, no quadro de uma União Económica e Monetária efetiva e aprofundada”. O Conselho de Estado defendeu na altura a necessidade de equilíbrio entre disciplina financeira, solidariedade e estímulo à economia, realçando a possibilidade de criação de um instrumento financeiro de solidariedade para apoiar as reformas estruturais, aumentar a competitividade e o crescimento. Estradas de Portugal

Mais de 6000 acidentes e 224 mortos em 2013

Cerca de 6600 acidentes, dos quais resultaram 224 vítimas mortais, foram registados no ano passado na rede rodoviária a cargo da Estradas de Portugal (EP), revelou a empresa em comunicado. Segundo a EP, os 6604 acidentes registados em 2013 representam uma redução superior a 16% em relação a 2010. De acordo com dados provisórios de sinistralidade divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), citados pela EP, em 2012 registaramse 6674 acidentes na rede rodoviária gerida por aquela empresa, em 2011 o número de acidentes foi de 6968 e em 2010 foi de 7879. Em relação ao número de vítimas mortais, a EP afirma no comunicado que “tem conseguido alcançar importantes reduções e superado todas as metas estabelecidas, não só as estipuladas no Plano Nacional de Segurança Rodoviária, como também as que a União Europeia (UE) determinou como objetivo EU2020”.


economia

Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

O Primeiro de Janeiro | 5

Estado aprova a venda dos 30% que ainda detém da empresa

Privatização total dos CTT Avisa Soares dos Santos

Jerónimo Martins pode ir para Genebra

Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, admitiu quarta-feira à noite, em Coimbra, a transferência da sede da empresa para Genebra por falta de resposta da banca portuguesa. “A Jerónimo Martins, dentro de um ou dois anos, deve estar em Genebra. É lá que estão os mercados e a banca cá não dá a resposta” necessária, sublinhou Alexandre Soares dos Santos. Além de “não existir banca” em Portugal, o empresário criticou a atual política fiscal. “A iniciativa privada não pode estar calada e tem de defender os seus méritos”, sublinhou.

Penalizada pela banca

Bolsa de Lisboa fecha sessão em queda

A Bolsa de Lisboa fechou, ontem, no vermelho, com o índice PSI 20 a cair 0,19% para os 6.969,17 pontos, penalizado pelo setor da banca e pela Galp. Das 20 cotadas que compõem o principal índice, 10 fecharam em queda, uma permaneceu inalterada e nove encerraram as negociações em alta. Na banca, o Espírito Santo Financial Group caiu 6,06% para os 2,123 euros, o Banif perdeu 1% para os 0,0099 euros, o BES recuou 0,17% para os 0,1797 euros e o BCP deslizou 0,10% para os 10,43 euros. Apenas o BPI assinalou ganhos, tendo sido a segunda maior valorização do dia.

Diploma aprovado determina que o Conselho de Ministros venha a definir posteriormente o caderno de encargos da privatização. O Governo aprovou, ontem, que a privatização do capital que ainda detém nos CTT (31,5%) ocorra através de venda direta institucional como “modalidade autónoma”, a realizar via sindicato bancário ou por dispersão direta junto dos investidores. Além das modalidades de venda previstas aquando da primeira fase de privatização dos CTT, no ano passado, o Governo “considerou essencial que a privatização [remanescente] se possa concretizar através de uma venda direta institucional como modalidade autónoma, a qual pode realizar-se através de sindicato bancário ou por dispersão direta junto de investidores”, afirmou o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues. Para o governante, que falava na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, a inclusão da possibilidade de dispersão “potencia o retorno financeiro do Estado e beneficia a empresa e o mercado”. Em causa está a conclusão do processo de privatização dos 30% remanescentes dos CTT, bem como o lote de 1,5%

Correios. Governo aprovou que a privatização do capital que ainda detém nos CTT (31,5%) ocorra através de venda direta institucional do capital da empresa que veio a ser readquirido pela Parpública após o período de estabilização. Por sua vez, o ministro da Presidência, Marques Guedes, recordou que o diploma inicial para a privatização dos primeiros 70% dos CTT já previa as várias modalidades de venda e explicou que o diploma hoje aprovado vem “clarificar que as modalidades [de venda] podem ser combinadas entre si ou isoladamente”. O diploma aprovado determina que o Conselho de Ministros venha a definir posteriormente o caderno

de encargos da privatização, o número de ações a vender, o critério e modos de definição do preço de venda e do preço unitário das ações. Manuel Rodrigues disse que o Governo coloca este processo à disposição do Tribunal de Contas e da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para “averiguar a regularidade da privatização”. Por definir, fica o calendário do processo. Em comunicado enviado à CMVM, os CTT informaram que foi aprovado um decreto-lei em que estão

definidas “as condições da alienação da participação de 31,5% do Estado português” na empresa, a qual é atualmente detida pela empresa pública Parpública. Em dezembro de 2013, o Estado vendeu 70% do capital social da empresa a 5,52 euros por ação, uma operação que permitiu um encaixe de 579 milhões de euros. Na altura, o Estado português comprometeuse a manter pelo menos durante nove meses 30% do capital social e direitos de voto dos CTT com que ficou.

Maria Luís Albuquerque minimiza impacto

“Nada muda face ao regime atual” A ministra das Finanças minimizou, ontem, o impacto nas contas públicas do regime que permite aos bancos a transformação dos impostos diferidos em créditos fiscais justificando com o mecanismo de compensação criado pelo Governo. Maria Luís Albuquerque disse, no Parlamento, que este regime “tem um mecanismo de compensação que evita o eventual impacto no Orçamento [do Estado] da medida”, mas não adiantou eventuais estimativas sobre esse impacto. A ministra das Finanças sublinhou que, apesar do benefício que os bancos podem tirar deste

Banca. Ministra minimiza impacto nas contas públicas da transformação dos impostos em créditos

regime, este pode ser usado por todas as empresas de qualquer setor e acrescentou que o impacto nas contas públicas deste regime está em parte compensado pelo facto de as empresas que transformarem ativos por impostos diferidos em créditos fiscais terem de emitir direitos de conversão a favor do Estado no valor de 110% do crédito usado, que dá ao Estado o direito de entrar no capital dessas empresas (tornando-se acionista) ou vender esses direitos no mercado. Isso, garantiu Maria Luís Albuquerque, “minimiza o impacto orçamental” deste regime.

A governante afirmou que, para que os ativos por impostos diferidos sejam convertidos em créditos fiscais, é necessário que as empresas tenham prejuízos, pelo que considerou que para este regime pudesse ter “impacto muito negativo” nas contas públicas seriam necessários “muitos anos seguidos de prejuízos das empresas” e que, se a banca voltar aos resultados positivos “como tudo indica”, “nada muda face ao regime atual”. Além disso, acrescentou, o novo regime entra vigor a 01 janeiro 2015, pelo que “os seus efeitos apenas terão impacto em 2016”.


desporto

6 | O Norte Desportivo

Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

Prova de contrarrelógio é mais um passo na preparação para Volta a França

Rui Costa vem defender título nacional “Não tenho nenhuma meta concreta. Penso sempre que o meu objetivo é melhorar a cada ano”, diz sobre o Tour. Rui Costa, que no domingo entrou na história do ciclismo ao vencer pela terceira vez consecutiva a Volta à Suíça, vai tentar defender, hoje, o título de campeão português de contrarrelógio, no Sabugal. “Não podia faltar aos nacionais do meu País. É um orgulho e será com muito prazer que vou alinhar na prova de contrarrelógio, em que tentarei defender o título obtido em 2013”, disse Rui Costa, citado em comunicado da organização da competição, referindose à prova de 32,2 quilómetros, a disputar em Soito, no Sabugal. O traçado da prova de elite vai testar as aptidões de contrarrelogista do campeão do Mundo, que, para revalidar o título nacional conquistado no ano passado, terá de ser o melhor nos 32,2 quilómetros com partida e chegada no Soito. O corredor da Lampre-Merida é um dos quatro campeões nacionais de elite e sub-23 que se deverão apresentar no Sabugal, município do distrito da Guarda. O primeiro ciclista a fazer-se à estrada junto ao Centro de Negócios Transfronteiriços do Soito vai partir às 16h00, com a chegada de Rui Costa a estar prevista para as 17h30. Também hoje terá lugar o «crono» da variante sub-23. As provas de fundo serão distribuídas pelo fim de semana, começando pelos sub-23, amanhã, com os corredores a lutarem pelo título de campeão numa corrida de 167,5 quilómetros, cuja início está marcado para as 11h00 na Avenida 25 de Abril no Sabugal, que também acolherá a chegada. No domingo, a partir das 11h00, será conhecido o sucessor de Joni Brandão (EfapelGlassdrive) na prova de elites, que propõe um percurso de 201 quilómetros aos ciclistas. “No Tour há 23 dias importantes”

Rui Costa considerou, ainda,

Ciclismo. “Não posso dizer que o meu objetivo no Tour é ser terceiro, porque até agora nunca me vi envolvido nessas lutas”, diz

Agradecimento ao FC Porto

Fernando “muito feliz” por ir jogar no City

O futebolista brasileiro Fernando referiu estar “muito feliz por finalmente se juntar ao Manchester City”, depois de o FC Porto ter anunciado na quarta-feira a transferência por 15 milhões de euros. Em declarações ao site oficial do Manchester City, o médio lembra que se falou na possibilidade da sua contratação já em janeiro

e que está contente pelo facto de o negócio ter sido feito e de ser agora jogador do campeão inglês. “Estou ansioso para conhecer os meus companheiros de equipa e ajudar o City a defender o título. É muito entusiasmante fazer parte deste clube e mal posso esperar para disputar a ‘Premier League´”, refere Fernando. O jogador, de 26 anos, comprometeu-se ainda a dar tudo e aproveitou para agradecer aos adeptos do FC Porto. “Agora estou pronto para um novo desafio na minha carreira”, concluiu.

que a concentração é a “chave” para um bom desempenho na Volta a França em bicicleta, e admitiu não ter uma meta concreta na mais importante prova velocipédica mundial. “O Tour é uma prova muito complicada e é importante ser frio e tentar perceber qual o objetivo a cada momento. Num dia podemos pensar em vencer etapas, mas de repente estar envolvidos na luta por um bom lugar na geral”, referiu, acrescentando: “mas pode surgir um dia mau e é preciso esquecer a classificação geral”. “No Tour há 23 dias importantes (...) a qualquer momento pode surgir um dia decisivo. É uma prova em que é necessário estar totalmente concentrado. Desde a partida sabes que não podes relaxar nem um segundo. O problema é que os outros 200 ciclistas também o sabem”, afirmou em entrevista ao site Biciciclismo. Rui Costa, que em 2013 ao serviço da Movistar venceu duas etapas do Tour, admitiu não ter um objetivo concreto para a edição 2014 que marca a sua estreia como chefe de fila. “Não tenho nenhuma meta concreta. Penso sempre que o meu objetivo é melhorar a cada ano. A verdade é que nunca corri o Tour a pensar na classificação geral. Este ano vai ser a minha estreia com essa mentalidade e por isso não tenho referências sobre o que pode acontecer”, referiu. “Froome e Contador têm a vantagem de saber o que é ganhar. Não posso dizer que o meu objetivo é ser terceiro, porque até agora nunca me vi envolvido nessas lutas”, disse, admitindo que Vincenzo Nibali e Alejandro Valverde são candidatos ao pódio. Por outro lado, os portugueses Tiago Machado e José Mendes fazem parte do lot, estreando-se assim na histórica prova francesa. “Terminamos a primeira parte da época com vários êxitos, o que nos permite estar bastante confiantes no nosso primeiro `Tour´. Temos muito respeito por esta prova histórica e os nossos corredores estão extremamente motivados”, indicou Ralph Denk, o «manager» da Team NetApp Endura, que ontem anunciou oficialmente a composição da equipa.

Luis Suarez já conhece castigo da FIFA

4 meses de suspensão A FIFA suspendeu, ontem, o uruguaio Luis Suarez por nove jogos e baniu-o de todas as atividades relacionadas com o futebol por quatro meses, por este ter mordido o italiano Chiellini, durante um jogo do Mundial. A porta-voz da FIFA Delia Fischer declarou que o castigo tem efeitos imediatos, pelo que o avançado já não poderá jogar no sábado no jogo dos oitavos de final que opõe o Uruguai à Colômbia. A FIFA deu como provado que Suarez mordeu o ombro de Chiellini no seu terceiro e último jogo da fase de grupos, frente à Itália, uma partida que os sul-americanos ganharam por 1-0. Durante o jogo, o árbitro da partida não agiu disciplinarmente contra Suarez, apesar de o defesa italiano lhe ter mostrado o ombro mordido. “Este tipo de comportamento não é tolerável, especialmente durante um Campeonato do Mundo”, salientou Fischer. Os nove jogos aplicados ao avançado do Liverpool aplicam-se somente a embates pela sua seleção, enquanto os quatro meses impedem que jogue pelo vicecampeão inglês. Recorde-se que o avançado uruguaio é reincidente em atitudes deste tipo, tendo feito o mesmo com a camisola do Ajax e do Liverpool.


Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7

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O PRIMEIRO DE JANEIRO, está on line e sempre atualizado em: www.oprimeirodejaneiro.pt

DESPEDIR PAULO BENTO… Muita comunicação social já decidiu que as palavras de ordem são – despedir Paulo Bento. Contudo, a mesma comunicação social não nos diz o que é que acontece depois de Paulo Bento a não ser o hipotético nome do próximo treinador que, sendo igual a Paulo Bento (mais coisa menos coisa), terá sempre uma desvantaGustavo Pires* gem inultrapassável: chegará à FPF, tal qual D. Sebastião, pronto a impor as suas ideias sejam elas quais forem. A partir de então, pode ser que a comunicação social acalme, mas o mais certo é começarem-se a cometer os mesmos erros de outra maneira. O problema da FPF não está em despedir ou deixar de despedir o treinador. O problema da FPF está em ser capaz de idealizar um projeto de desenvolvimento para o futebol nacional no quadro de desenvolvimento do desporto e do País. Depois, para além de se poder decidir qual é o melhor treinador para o projeto é o próprio treinador a dizer se está disponível para se integrar em tal projeto. Se as coisas não acontecerem assim cumpre-se o velho princípio de que “é necessário mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma”, ou pior porque se vão cometer os mesmos erros de outra maneira. De há muitos anos a esta parte, o grande erro estratégico da FPF tem sido o de centrar todo o processo de desenavolvimento da seleção nacional na pessoa do treinador principal. Ora, o treinador principal, por via de regra, para além de não ter interesse não tem capacidade nem competências para ver o futebol para além do resultado próximo jogo da seleção A. E assim, surge um paradoxo que, pelo menos aparentemente, a FPF nunca foi capaz de superar. Se, por um lado, o êxito do futebol nacional assenta no prestígio da seleção A, por outro lado, o efeito de ídolo não se faz sentir para montante do processo de desenvolvimento desde logo porque o treinador principal não pode nem deve estar interessado nesse processo sob pena de, se estiver, perder o verdadeiro foco segundo o qual devem estar orientadas as suas preocupações. Por isso, as perguntas que se colocam são as seguintes: (1ª) Qual o trabalho sequencial realizado entre as seleções A, sub 21, sub 20, sub 19, sub 18, sub 17, sub 16 e sub 15? (2ª) Quais as políticas de encadeamento à retaguarda desencadeadas a partir da seleção A? Em consequência das respostas às perguntas formuladas que, de uma maneira geral são conhecidas, aconteceu um estrangulamento que resultou numa seleção nacional pouco ou nada renovada. Assim sendo, mais do que discutir desaires, pessoas e chorar sobre o leite derramado é necessário, transformar a FPF numa organização aprendente capaz de, numa dinâmica institucional, estabelecer objetivos no tempo longo; idealizar estratégias; conceber planos; e distribuir atribuições a fim de tirar o futebol nacional do beco em que se encontra. Para o efeito, deve ser constituída uma constelação de trabalho onde estejam representadas as mais diversas entidades públicas e privadas que, de uma forma direta e indireta, tenham a ver com o mundo do futebol. Esta comissão, numa de brainstorming /método de Delfos, com um horizonte temporal previamente determinado deve ter duas missões fundamentais: (1ª) provocar uma ampla reflexão nacional acerca das perspetivas futuras do futebol a fim de cumprir o princípio da participação; (2ª) levantar as grandes questões de ordem estratégica determinantes para a organização do futuro do futebol nacional a fim de apresentar à Direção da FPF um processo de tomada de decisão que, posteriormente, deve garantir o empenho do poder político. O problema do futebol nacional não está em despedir ou deixar de despedir Paulo Bento.

Portugal fora do Mundial apesar da vitória (2-1)

Nem com “ganas” fomos lá! Um brindo do guardaredes do Gana deu a Cristiano Ronaldo, a 10 minutos do fim do Mundial2014, a oportunidade para o avançado português oferecer a Portugal uma vitória insuficiente (2-1), que atirou as duas equipas para fora do campeonato do Mundo. O melhor futebolista mundial de 2013, o “eixo monumental” em torno do qual deveria girar – mas não girou – todo o futebol da seleção nacional, aproveitou uma “prenda” do guardião Dauda para estabelecer o 2-1 aos 80 minutos, depois de um autogolo John Boye ter colocado Portugal em vantagem, aos 31, e de Asamoah Gyan ter restabelecido o empate, aos 57. Para atingir os oitavos de final, a equipa lusa precisava de golear o Gana e de esperar que o embate entre Estados Unidos e Alemanha, no outro jogo do Grupo G, não terminasse empatado. Os pressupostos não eram animadores e o desfecho confirmou-o: se a Alemanha fez a “sua parte”, vencendo os norte-americanos por 1-0, a equipa das quinas não conseguiu melhor do que magro triunfo sobre os africanos. Depois da goleada por 4-0 encaixada na estreia frente à Alemanha e do sofrido empate 2-2 com os Estados Unidos, a despedida do Mundial2014 foi, ainda assim, menos amarga, com a equipa lusa a reencontrar alguma precisão do seu futebol em Brasília, uma cidade desenhada a regra e esquadro por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, considerada um património mundial pela UNESCO. Com cinco jogadores impedidos de jogar devido a lesão, o selecionador Paulo Bento apresentou o terceiro “onze” diferente no torneio, destacando-se o regresso de Pepe, que cumpriu um jogo de suspensão frente aos Estados Unidos, a passagem de Miguel Veloso para defesa esquerdo e as apostas em William Carvalho e Ruben Amorim no meio campo e em Éder no ataque. O Gana devia ser a única seleção com mais problemas do que Portugal, devido ao atraso no pagamento dos prémios de participação aos atletas e às expulsões na véspera do jogo dos influentes Sulley Muntari (que já não podia jogar hoje, por estar suspenso) e Kevin-Prince Boateng, por motivos disciplinares. No entanto, era em Cristiano Ronaldo que continuavam a estar postos todos os olhos e o avançado nunca esteve tão perto de marcar em todo o torneio como aos seis minutos - ainda que de forma inadvertida -, quando o seu cruzamento ganhou a direção da baliza, acabando por acertar em cheio na barra. Se o guarda-redes Dauda estava irremediavelmente ultrapassado naquele lance, mostrou possuir excelentes reflexos a

meio da primeira parte, ao desviar o remate de cabeça à queima-roupa do capitão da equipa lusa, mas pouco depois foi uma saída arrojada de Beto que impediu Gyan de inaugurar o marcador para o Gana. Dauda só não foi capaz de evitar aos 31 minutos a “traição” de John Boye, que, pressionado por João Moutinho, desviou para dentro da própria baliza o cruzamento de Miguel Veloso, e o central ganês quase protagonizou o segundo capítulo perto do intervalo, mas, dessa vez, a bola saiu ligeiramente sobre a barra. As notícias vindas da Arena Pernambuco eram positivas: o “incontornável” Thomas Müller, autor de três golos a Portugal, acabava de colocar a Alemanha em vantagem no arranque da segunda parte, mas, num ápice, os pressupostos inverteram-se e o sol de Brasília começou a sorrir para o Gana, até porque tinha um saldo menos negativo do que Portugal entre golos marcados e sofridos. Miguel Veloso esqueceuse de Asamoah Gyan e o avançado, melhor marcador da zona africana de apuramento, restabeleceu o empate aos 57 minutos, com um golpe de cabeça que Beto nunca poderia defender, e pouco depois foi Waris que, numa situação ainda mais privilegiada, errou o alvo, após nova jogada perigosa dos africanos pelo corredor esquerdo de Portugal. Paulo Bento procurou mudar algo com a entrada de Varela para o lugar de João Pereira e mais tarde trocando Éder por Vieirinha, e quando parecia que a hora de Portugal já tinha passado surgiu, finalmente, Cristiano Ronaldo a aproveitar um “brinde” do guarda-redes do Gana e a festejar o seu primeiro, e único, golo no Campeonato do Mundo de 2014. Mas os últimos 10 minutos poderiam ter sido memoráveis para o avançado português, que esteve perto de marcar mais três golos e com isso colocar Portugal na segunda fase, mas, Dauda, primeiro, um desvio que saiu a escassos centímetros da barra, depois, e, de novo, a intervenção do guarda-redes do Gana impediram que Cristiano Ronaldo pudesse aumentar a vantagem nacional. Num recinto tratado friamente pela FIFA por Estádio Nacional, mas que os brasileiros não deixam esquecer que recebeu o nome de Mané Garrincha, “a alegria do povo” e talvez o maior expoente do futebol local depois do “rei” Pelé, Portugal viveu uma despedida, apesar de tudo, menos sombria.

FICHA DE JOGO Jogo no Estádio Nacional de Brasília, no Brasil. Ao intervalo: 1-0. Marcadores: 1-0, Boye, 31 minutos (própria baliza). 1-1, Asamoah Gyan, 57. 2-1, Cristiano Ronaldo, 80. Portugal: Beto (Eduardo, 89), João Pereira (Varela, 61), Bruno Alves, Pepe, Miguel Veloso, William Carvalho, João Moutinho, Rúben Amorim, Nani, Cristiano Ronaldo e Éder (Vieirinha, 69). (Suplentes: Eduardo, Ricardo Costa, Luís Neto, Raúl Meireles, Rafa, Vieirinha e Varela). Selecionador: Paulo Bento. Gana: Dauda, Harrison Afful, Boye, Jonathan Mensah, Kwadwo Asamoah, Rabiu (Acquah Afriyie, 76), Agyemang Badu, Atsu, André Ayew (Wakaso, 81), Waris (Jordan Ayew, 71) e Asamoah Gyan. (Suplentes: Adams, Kwarasey, Inkoom, Opare, Sumaila, Essien, Acquah Afriyie, Adomah, Wakaso e Jordan Ayew). Selecionador: Kwasi James Appiah. Árbitro: Nawaf Shukralla (Bahrein). Ação disciplinar: Cartão amarelo para Harrison Afful (39), Waris (54), Jordan Ayew (78) e João Moutinho (90+4). Assistência: 67 540 espetadores. OPINIÃO TÉCNICA No final do jogo, as opiniões possíveis de quem acabou por fazer as malas sem o principal objetivo cumprido – passar aos oitavos de final do Mundial do Brasil: Paulo Bento (selecionador de Portugal) – “É difícil fazer um balanço num ‘flash’. Não alcançámos o primeiro objetivo, que era chegar aos oitavos de final, mas a verdade é que não merecemos lá chegar em função da forma como nos correram os três jogos. A Alemanha e os Estados Unidos acabaram por merecer a qualificação. Ficámos demasiado condicionados pelo que se passou no primeiro jogo frente aos alemães [0-4], o qual deixou mossa na nossa equipa. Hoje, o Gana não nos criou problemas na primeira parte, na qual fomos muito melhores. Não entrámos tão bem na segunda parte, mas, mesmo assim, criámos oportunidades para alcançar um resultado mais volumoso, que podia ter criado a ilusão de que era possível, ainda, a qualificação. Agora há que analisar o que correu mal. Só se tivesse endoidecido é que tinha mudado de ideias em 24 horas sobre a minha permanência no cargo de selecionador português”. Bruno Alves (jogador de Portugal) – “O futebol é isto mesmo. Todos demos o nosso melhor, jogadores, equipa técnica e dirigentes. Somos os mesmos jogadores que conseguiram o apuramento para este Mundial. Hoje estávamos dependentes de terceiros e era difícil fazer melhor. Agora é continuar o trabalho que vinha a ser feito. Tenho orgulho em ser português, orgulho do trabalho e da atitude que tivemos aqui no Brasil”. Pepe (jogador de Portugal) – “Lutámos até ao final e vamos sair daqui sabendo que não podemos cometer os mesmos erros no futuro. Foi uma lição muito grande e foi um dia triste para todos os portugueses. Agora há que saber perder e felicitar os Estados Unidos e a Alemanha [pelo apuramento para os oitavos de final].[Sobre as palavras de Cristiano Ronaldo sobre a qualidade da seleção] Cada um tem a sua opinião. Passámos uma mensagem que não eramos favoritos. Não íamos enganar os portugueses”.


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