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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |
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DIÁRIO NACIONAL
Ano CXLVI | N.º 39
Terça-feira, 28 de janeiro de 2014
“AINDA NÃO HÁ UMA DECISÃO DE COMO SAIR DO PROGRAMA”
ABR!L
n A ministra das Finanças refere que a decisão sobre a forma de saída do resgate financeiro deverá ser tomada “em abril” e que as hipóteses de um programa cautelar ou uma “saída limpa” continuam em aberto. “Respeitamos todas essas opiniões, mas não resultam de uma discussão prévia connosco”, afirmou Maria Luís Albuquerque, em Bruxelas.
“DANIEL ESTÁ BEM”
FUNDOS
Autarcas socialistas defendem gestão mais descentralizada
SEMEDO
Coordenador do Bloco de Esquerda desvaloriza saída de Ana Drago
n Bebé teve alta hospitalar e já está em casa junto dos seus familiares. Entretanto, a Polícia de Segurança Pública mandou abrir um processo de inquérito ao agente que “vendeu uma foto do menor”
PRAXES
Presidente da AAC lembra ao Governo que “há problemas mais urgentes para tratar”
2 | O Primeiro de Janeiro
local porto
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014
Para evitar “comportamentos bestas e bárbaros”
Póvoa de Varzim
FCUP já proíbe praxe académica desde 2010 O diretor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto revelou que já proíbe, desde 2010, a praxe académica no interior da escola para evitar “comportamentos bestas e bárbaros” e as consequências que daí poderiam advir. António Fernando Silva defende que as associações de estudantes deveriam opor-se abertamente a este tipo de manifestações, assumindo uma atitude pedagógica junto dos jovens que chegam à universidade. “O movimento estudantil não favorece isto, mas também não se opõe abertamente. Eles também têm alguma responsabilidade nestes casos. As associações de estudantes sabem de muitos destes atos bárbaros que se cometem e não querem envolver-se diretamente. Dizem que está fora do movimento associativo, é verdade que está, mas podiam ter uma ação muito mais pedagógica no sentido de evitar certos comportamentos”, considerou. O diretor da FCUP disse ainda
PORTO. A Faculdade de Ciências defende “uma ação muito mais pedagógica no sentido de evitar certos comportamentos” que proíbe a entrada de comissões de praxe nas instalações da sua faculdade desde que descobriu que “essas comissões nem eram constituídas por estudantes da Faculdade de Ciências e, em alguns casos, nem universitários eram”. “É uma situação muito complicada porque estão envolvidas muitas pessoas fora da universidade, pessoas que já acabaram o curso, pessoas que não estão matriculadas em parte nenhuma ou pessoas que são de outras escolas de ensino superior. Como não há qualquer tipo de identificação, é impossível controlar. Ninguém consegue identificá-los. Eles podem ser
estudantes ou não, qualquer pessoa pode comprar um traje num sítio qualquer, constituir um grupo e andar por aí, assim, a fazer essas barbaridades todas”, alertou. Por isso, António Fernando Silva considera que se trata de “um problema cultural, educacional, e que é preciso alertar os pais e os jovens, mas antes de eles chegarem à universidade”. A questão que se coloca, sublinha o professor universitário, é saber quais são os limites. “O limite para mim é proibir esse tipo de manifestações dentro da faculdade. Fora da faculda-
de, deixo ficar a definição dos limites para cada um, como é normal numa vida democrática e de cidadãos livres. Se querem cantar, dançar, brincar acho muito bem, também o fiz no meu tempo, se querem ter comportamentos de bestas e de bárbaros não concordo, mas já não tenho poder para intervir”. António Fernando Silva contou também que em 2010 decidiu proibir a praxe académica no interior da escola por considerar que “o que se estava a passar era indigno e podia comportar até risco de legais, responsabilidade civil e penal”. Na ocasião, “houve um acidente com uma aluna nossa. Uns estudantes meteram-na numa casa de banho pública e cortaram-lhe o cabelo. Ela veio cá queixar-se, mas eu não tinha nenhum instrumento para atuar e encaminhamo-la para a polícia, porque era mesmo um caso de polícia”, referiu, acrescentando: “Tudo isso e a experiencia de situações que eu tinha visto e das quais discordava levaramse a emitir um despacho no sentido não só de não autorizar como alertar todos os estudantes no momento em que entravam na faculdade”. Esse despacho é distribuído por todos os estudantes que se matriculam pela primeira vez na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e alerta para as consequências penais da praxe e sobre as regras que devem ser praticadas.
Centro de Dança do Porto acolhe atualmente 22 bailarinos
Bolsa gratuita para incentivar rapazes a aprender ballet O Centro de Dança do Porto (CDP) criou uma bolsa de mensalidade zero para incentivar rapazes a aprender ballet e atualmente acolhe 22 bailarinos, a maior parte dos quais selecionados em escolas básicas do concelho. Eles apreciam, depois de começar desistem menos do que as meninas, são mais persistentes, falam em seguir carreira, já não são alvo de grandes preconceitos, mas precisam do estímulo, admite a diretora, Teresa Vieira: mesmo com um projeto desenvolvido em colaboração com a Câmara do Porto, os 22 rapazes do CDP são uma gota num oceano de quase 350 alunas. “Gosto. Aqui liberto as minhas energias, parece que estou livre. Danço, não estou com livros e cadernos e essas preocupações todas. Aqui só tenho preocupações pequeninas: dançar, mais nada”, explica Guilherme Catita, de dez anos. Aluno do CDP “há dois anos e meio”, o menino tem já uma postura irrepreensível – as tais
“costas direitíssimas, ombros para trás, pescoço comprido”, que a professora Ágata repete vezes sem conta durante a aula e quase serve de ritmo ao esforço dos rapazes. Ser bailarino é uma das possibilidades que Guilherme equaciona: “Sim, se calhar sigo essa carreira. Tenho outras hipóteses: gostava também de ser biólogo ou cineasta”. Ainda ofegante por causa de uma aula onde lhe foram pedidas muitas “perninhas de rã”, Diogo Lopes, de 7 anos, está mais cheio de certezas: gosta das aulas porque “gosta de dançar” e quer ser bailarino “mesmo a sério” porque gosta “muito de dançar”. “Há oito anos que colaboramos com a Câmara no projeto Porto Criança. São oferecidas atividades nas escolas oficiais e uma delas é o ballet. Procuramos incentivar os meninos. Ainda há um estigma muito grande relativamente ao ballet para meninos”, sublinha a diretora da instituição que este ano celebra o 20º aniversário.
Apesar das dificuldades em cativar os rapazes para a dança clássica, as opiniões menos favoráveis à prática masculina parecem estar dissipadas. “Fala-se por falar. Já não é aquele preconceito de que é só para as meninas. Ele está bem, na escola não sentiu diferença com os colegas, nunca disse que lhe disseram ‘então és bailarino?’ Pelo contrário, está a conversar com os amigos e a mostrar o que faz. Está feliz, está bem”, descreve Manuela Cardoso, mãe do Xavier Monteiro, de oito anos. Desde outubro que o rapaz aprende ballet devido a uma bolsa e a mãe ficou “muito feliz”. ”Nunca teria dinheiro para pagar. Foi uma coisa boa”, explica. As mensalidades variam entre os 35 euros de uma aula por semana no nível mais básico e os 87,50 euros para os estudantes “avançados do grupo II”, esclarece Teresa Vieira. “A bolsa é a mensalidade no total e não há nenhum rapaz que não tenha. Um ou dois vieram por eles. Os outros
foram selecionados no projeto da Câmara”, acrescenta. No ano letivo de 2012-2013 foram atribuídas 15 novas bolsas “e os meninos mantiveram-se” congratula-se a diretora. A escolha foi feita “nas escolas oficiais”, após nove meses de aulas para analisar “as capacidades físicas” dos rapazes, “a forma como enfrentam os desafios” e os “níveis expressivos e musicais”, descreve. Os bailarinos estão divididos em três turmas só de rapazes: os mais pequenos têm entre seis e sete anos, os “médios”, entre nove e 12, os mais velhos entre 16 e 26, explica a responsável. “Fui muito bom a fazer os exercícios e escolheram-me. Fiquei contente”, resume Xavier, esclarecendo que nas aulas têm de estar “muito concentrados” para “fazerem as coisas bem”. A mãe admite que o ballet ajuda fora de portas: “Antes era um miúdo muito ativo, agora tem uma postura, está calmo, mesmo a conversar”.
Operação de drenagem vai arrancar
A barra do porto de pesca da Póvoa de Varzim vai ser alvo de profunda operação de dragagem de forma a solucionar o problema de assoreamento, que se arrasta há vários anos e que tem condicionado a navegabilidade. A informação foi adiantada pelo presidente da Câmara, Aires Pereira, que citou informações do Governo e acrescentou que em breve avançará o concurso público para a intervenção, a fim de as operações arrancarem a partir do mês de maio. “Depois de ter falado com secretário de Estado do Mar e com o novo diretorgeral da Atividade Portuária, sei que está a ser preparado o concurso para se avançar com uma dragagem de grande escala que vai colocar o porto às quotas do projeto inicial e resolver o assoreamento”, revelou o autarca. Aires Pereira lembrou que, atualmente, “a barra da Póvoa está frequentemente bloqueada porque não aguenta a acumulação das areias, o que impede a navegação”. Mas com esta intervenção agendada “a situação pode ficar resolvida, apesar de continuar a precisar de manutenção”, explicou.
Furto de cobre
PSP detém quatro suspeitos
A PSP deteve em Ermesinde quatro suspeitos do furto de cobre, um dos quais tinha pendente um “mandado de detenção para cumprimento de pena de prisão”, pelo que foi entretanto conduzido ao Estabelecimento Prisional do Porto. Em comunicado, o Comando Metropolitano da PSP do Porto revela que, durante a operação realizada pelas 06h00 de ontem no bairro dos Sonhos, em Ermesinde, apreendeu “diversos rolos de cobre”, a maior parte dos quais “já limpos”, ou seja, sem o “plástico envolvente”, de forma a “aumentar o seu valor comercial”. A ação levada a cabo pelo efetivo da Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial da Divisão da Maia resultou ainda na apreensão de “14 placas de alumínio, vários rolos de cabos elétricos” e um “veículo ligeiro de mercadorias furtado”. A PSP esclarece que a viatura “constava para apreender” por ter sido furtada, de acordo com uma “denúncia formalizada na esquadra de Ermesinde”.
regiões
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014
O Primeiro de Janeiro | 3
Secretário de Estado da Juventude fala sobre tragédia do Meco
“Uma questão policial” A praxe “não é aquilo, nem nunca o foi”, afirma Emídio Guerreiro, que diz que os actos ilícitos devem ser punidos. Protesto amanhã à tarde
Utentes promovem vigília no Amadora/ Sintra As comissões de utentes da saúde dos concelhos da Amadora e de Sintra promovem, amanhã, uma vigília junto ao Hospital Fernando Fonseca, em protesto contra o que apelidam de degradação da assistência às populações. A ação de protesto está marcada para as 18h00, junto ao hospital Amadora-Sintra e, em comunicado, os promotores da vigília apontam como razões para a iniciativa, entre outras, as “mais de 12 horas de espera” e “a demissão da direção do serviço de urgência”. Perante a intenção do Governo de reduzir 300 milhões de euros no orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), as comissões de utentes receiam que “as perspetivas para 2014” sejam de “maior agravamento no hospital AmadoraSintra”.
O secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro, considerou, ontem, em Coimbra, que o incidente que levou à morte de seis estudantes na Praia do Meco “não é praxe académica”. A praxe “não é aquilo, nem nunca o foi”, afirmou Emídio Guerreiro, também antigo presidente da Associação Académica de Coimbra, sublinhando que aquilo que levou à morte dos seis estudantes da Universidade Lusófona são “atos ilícitos que devem ser punidos”. O secretário de Estado frisou que os acontecimentos na praia do Meco são “uma questão policial”, por haver “quem esteja a incumprir a lei”. Os seis jovens que morreram na praia do Meco faziam parte de um
grupo de estudantes universitários que tinham alugado uma casa na zona para passar o fim de semana. Segundo as autoridades, uma onda arrastou-os na madrugada de 15 de dezembro, mas um dos universitários conseguiu sobreviver e dar o alerta. Os corpos dos restantes foram encontrados nos dias que se seguiram. O Ministério da Educação e Ciência convocou as associações de estudantes do ensino superior para uma reunião, nesta semana, sobre praxes académicas, sendo que a questão irá também ser abordada nas reuniões previstas nas próximas semanas com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. O Ministério pretende debater com os alunos e as instituições as “melhores formas de prevenir este tipo de situações de extrema gravidade”. Meco. Secretário de Estado diz que acontecimentos do Meco são “uma questão policial”, por haver “quem esteja a incumprir a lei”
Criança recebe alta hospitalar
Daniel já está em casa
Trabalhadores não entregam pré-aviso de greve
A criança de 18 meses que esteve desaparecida durante três dias na Calheta, ilha da Madeira, teve alta hospitalar, ontem de manhã, anunciou o presidente do Serviço Regional de Saúde, Miguel Ferreira, assegurando que o Daniel está “clinicamente bem”. O médico adiantou que o hospital “comunicou esta decisão às autoridades, neste caso à Polícia Judiciária, que
não colocou qualquer objeção ou limitação à saída da criança”. Os pais receberam a criança com felicidade mas entraram rapidamente em casa, sem fazer declarações além de pedir para que a sua intimidade seja respeitada. Por outro lado, o Comando Regional da Madeira da PSP vai averiguar as circunstâncias e o comportamento do agente suspeito de vender fotos
Assalto sem sucesso em Casal do Cotão
Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa decidiram, ontem, em plenário pedir uma reunião urgente ao presidente da Câmara de Lisboa para saberem qual a sua posição sobre a concessão da empresa a privados. A proposta foi aprovada por unanimidade, num plenário que reuniu mais de 300 trabalhadores e reformados do Metro e ao qual se juntaram, em solidariedade, alguns reformados da rodoviária Carris. Os trabalhadores decidiram ainda marcar um plenário público conjunto do Metro e da Carris para 7 de fevereiro, seguido de uma ida até ao Ministério da Economia, para “perguntar ao secretário de Estado [dos Transportes] o que vai decidir sobre o futuro das empresas”, que foram agregadas. Para mostrarem “seriedade” em todo o processo de negociação com a empresa, os trabalhadores decidiram não avançar com um pré-aviso de greve para quinta-feira e esperar pela reunião do dia 29, mas alertaram que não vão “baixar os braços”.
Explodem caixa ATM mas não levam dinheiro Três indivíduos encapuzados fizeram, ontem, explodir uma caixa multibanco no Casal do Cotão, Cacém, concelho de Sintra, tendo fugido numa viatura sem levar o dinheiro do local. Segundo fonte da PSP de Lisboa, a tentativa de assalto ocorreu cerca das 04h00, com o rebentamento de uma caixa multibanco que se encontrava dentro de uma loja de móveis, localizada no Casal do Cotão, em São Marcos. O dinheiro que se encontrava dentro da caixa multibanco ficou no local, de acordo com a fonte da PSP, presumindo que os assaltantes só tiveram tempo de fugir do local, após terem feito explodir o objeto. A explosão provocou danos numa viatura estacionada no local e uma loja ficou sem montra.
tiradas quando a criança de 18 meses foi encontrada. “Considerando as recentes publicações [na comunicação social] sobre uma foto em que um elemento policial está com a criança reaparecida da Calheta - Madeira, decidiu o Comando Regional da Madeira instaurar um processo de averiguações”, adiantou fonte oficial da Direção Nacional da PSP.
nacional
4 | O Primeiro de Janeiro
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014
Maria Luís Albuquerque e o modo de sair do resgate financeiro
“Ainda é cedo para decidir” A ministra das Finanças refere que a decisão sobre a forma de saída do resgate financeiro deverá ser tomada “em abril” e que as hipóteses de um programa cautelar ou uma “saída limpa” continuam em aberto. As posições da ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foram assumidas na conferência de imprensa no final da reunião do Eurogrupo, em Bruxelas. A governante assegurou que ainda não há conversações sobre cenários após a conclusão do atual programa de assistência económico-financeira, que termina oficialmente a 17 de maio, e que a decisão só deverá ser fechada “umas semanas antes” dessa data. Questionada sobre as posições já assumidas, por exemplo, pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que defendeu um programa cautelar para Portugal, Maria Luís Albuquerque reiterou que “é cedo” para optar e vincou que o executivo quer esperar pelos dados macroeconómicos finais de 2013 e ter “mais dado sobre o acesso ao mercado”. “Respeitamos essas opiniões, mas não resultam de uma discussão prévia connosco”, afirmou. “Em boa verdade, relativamente a isso, eu sei o mesmo que os senhores, porque são vocês que
João Semedo e a saída de Ana Drago
“Acidente de percurso”
EUROGRUPO. Ministra das Finanças respeita todas as opiniões, mas diz que não resultaram de uma “discussão prévia” com as entidades portuguesas reportam o que tem sido dito, eu não tive conversas com nenhum relativamente ao programa cautelar (…) o que sei é o que está nos jornais”, acrescentou Albuquerque. A ministra das Finanças referiu ainda ter defendido junto do presidente do Eurogrupo e da Comissão Europeia o adiamento desta discussão, o que foi aceite por todos os parceiros. “Não marcámos ainda [uma data], o programa
acaba a 17 de maio, possivelmente [a decisão será] em abril, mas em maio também há uma reunião do Eurogrupo antes de dia 17 (…) [a decisão] será tomada umas semanas antes, como aconteceu com a Irlanda”, disse. Para a ministra das Finanças, o Governo PSD/CDS-PP “não deve ter uma preferência sem estar mais perto” da data de conclusão do atual programa de assistência. Confrontada com as posições
da oposição, e nomeadamente do PS, que já disse que a ausência de uma saída limpa representará uma derrota para o Governo, a ministra desvalorizou. “Os partidos da oposição também acharam que os números do défice foram uma má notícia, a interpretação das coisas é o que é”, concluiu. A última reunião do Eurogrupo antes do final do programa de assistência português terá lugar a 05 de maio.
Autarcas socialistas defendem junto do Governo
Descentralização da gestão dos fundos comunitário Os autarcas socialistas defenderam junto do Governo propostas de descentralização de competências ao nível dos cuidados primários de saúde, prestações sociais da Segurança Social, cobrança de impostos e gestão de fundos comunitários. Estas propostas foram transmitidas em conferência de imprensa pelo presidente da Associação Nacional de Autarcas (ANA) do PS, José Luís Carneiro, após ter estado reunido com o secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro. Perante os jornalistas, José Luís Carneiro fez fortes críticas a um alegado “caminho de centralismo e de desproteção das comunidades locais” seguido pelo atual Governo,
mas, simultaneamente, salientou que os autarcas socialistas “têm propostas alternativas” e “querem ser parte da solução dos problemas” do país. Ao nível da administração dos fundos comunitários que Portugal receberá até 2020, cerca de 22 mil milhões de euros no total, o líder da Federação do PS/Porto defendeu que a sua gestão “deverá ser territorializada, garantindo por essa via programas regionais e também que a construção de soluções para os territórios parte das comunidades locais e regionais”. “O PS tem propostas também para a descentralização de serviços, porque é possível que o Governo, em diálogo com a Associação Na-
cional dos Municípios Portugueses (ANMP), aceite transferir para os territórios locais políticas ao nível dos cuidados primários de saúde, prestações sociais da Segurança Social, formação e emprego e, igualmente, ao nível da contratualização com os municípios na cobrança de impostos. Por essa via, manter-seão abertos os serviços de finanças, sendo ao mesmo tempo até possível integrar outros serviços em plataformas municipais”, defendeu José Luís Carneiro. O líder da ANA/PS advogou ainda que o Governo deverá “acautelar” a defesa dos interesses municipais no que respeita à Lei das Finanças Locais. “Uma lei das finanças locais amiga do desenvolvimento tem de
possibilitar que os municípios aproveitem na sua plenitude os fundos comunitários e que possuam instrumentos para valorizarem os recursos locais de natureza cultural, ambiental ou territorial. É possível encontrar alternativas a um caminho que esvazia territórios, que colide com os interesses das comunidades locais e que desprotege muitos milhares de cidadãos”, criticou o líder da Federação do PS/Porto. Neste contexto, José Luís Carneiro referiu que “os autarcas socialistas disseram ao secretário de Estado da Administração Local que, mais do que contestar o caminho seguido de centralismo atávico, têm propostas alternativas e querem ser parte da solução dos problemas”.
O coordenador do Bloco de Esquerda (BE) considerou a saída de Ana Drago da Comissão Política um “acidente de percurso”. Em Barcelos, onde visitou o hospital do concelho, no âmbito das jornadas parlamentares do bloco, João Semedo disse ainda estar estar “à espera” da resposta do Movimento 3D sobre uma proposta “muito clara” com vista às eleições europeias. “O BE vai muito para além da sua direção, dos dirigentes, de mim próprio, da Ana Drago. São acidentes de percurso, de pormenores da vida interna do bloco, não têm mais valor do que isso”, desvalorizou o coordenador bloquista. A ex-deputada Ana Drago anunciou sábado a demissão da Comissão Política do BE alegando “uma divergência profunda e fundamental” com a direção do partido relativamente à estratégia que está a ser seguida, nomeadamente o facto do bloco ter rejeitado um debate com outros movimentos de esquerda para participar num processo de convergência que resultasse numa candidatura única às eleições europeias. João Semedo considerou ainda “ridículo” falar de exclusão de quem se “autoexcluiu”, referindo-se ao eurodeputado Rui Tavares. Questionado sobre as acusaçõesque nos últimos dias têm sido feito ao bloco de que o partido recusa alargar o debate à esquerda, João Semedo respondeu “pelo contrário” dando como exemplo o repto lançado ao Movimento 3D. “Propusemos, fizemos uma proposta muito clara ao movimento Manifesto 3D, ou seja, a convergência para as próximas eleições europeias em torno de um programa e compromisso de candidatura e estamos à espera que nos deem essa resposta”, esclareceu. João Semedo apontou ainda o dedo ao eurodeputado Rui Tavares, eleito pelo BE para o Parlamento Europeu, mas que entretanto deixou o partido e fundou um novo movimento político, afirmando ser “ridículo” que Tavares se diga excluído do debate como bloco. “Eu tenho eu dizer com toda a clareza que é um pouco ridículo que se fale em exclusão a propósito de quem se autoexcluiu. Estamos a falar de Rui Tavares que foi eleito eurodeputado pelo BE, que o convidou para as suas listas. Nunca o convidou a sair do seu grupo no Parlamento Europeu”, disse, finalizando: “Se saiu foi porque quis, portanto autoexclui-se”.
economia
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014
O Primeiro de Janeiro | 5
Presidente do Eurogrupo e a saída de Portugal do programa de ajustamento
“Decisão em março ou abril” Chineses lideram lista
49 vistos «gold» originam 27 milhões
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, disse, ontem, que Portugal concedeu nas três primeiras semanas de janeiro 49 vistos «gold», que se traduzem num volume de investimento de 27 milhões de euros no país. “2014 será [tal como em 2013] mais um ano promissor”, disse o governante, lembrando que no ano passado Portugal concedeu cerca de 470 vistos para atividade de investimento, num total que rondou os 300 milhões de euros. Os chineses lideram, de forma destacada, a lista dos cidadãos estrangeiros que recebem os chamados vistos «gold».
Segue tendência europeia
Bolsa de Lisboa fecha sessão em queda
O principal índice da bolsa portuguesa, PSI20, encerrou a sessão de ontem a descer 1,24% para 6.689,19 pontos, acompanhando a tendência negativa europeia. Das 20 cotadas que compõem o PSI20, 15 desvalorizaram, uma ficou inalterada face ao valor de fecho de sexta-feira e apenas quatro subiram. No resto da Europa, as perdas variaram entre os 0,41% de Paris e os 1,70% de Londres. Em Lisboa, o BCP foi o título com a maior descida, perdendo 3,17% para 0,165 euros, enquanto o Banif liderou os ganhos ao subir 0,85% para 0,0118 euros.
“Vamos trabalhar de forma estreita com o Governo português, para podermos chegar a uma conclusão conjunta”, declarou Dijsselbloem. O presidente do Eurogrupo afirmou, ontem, em Bruxelas, que uma decisão sobre a saída de Portugal do programa de ajustamento só deverá ser tomada “em março ou abril”, defendendo uma “conclusão conjunta” entre a zona euro o Governo português. “Diria que é demasiado cedo para dizer (como se deve concretizar a conclusão do programa). Quero ver todos os números. Vai haver uma nova revisão (do programa), a 11.ª revisão, antes de termos de tomar uma decisão. Por isso, vamos utilizar o tempo que temos, trabalhar de forma estreita com o Governo português, para podermos chegar a uma conclusão conjunta”, declarou Jeroen Dijsselbloem, à chegada para uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro. O presidente do Eurogrupo reiterou que ainda é demasiado cedo para decidir se Portugal deve optar por uma “saída limpa” - como a Irlanda - ou com recurso a uma linha cautelar. “Trataremos dessa decisão mais tarde, em março ou abril, tendo em conta também os últimos desenvolvimentos, (designadamente) o acesso aos merca-
Crise. “Diria que é demasiado cedo para dizer [como se deve concretizar a conclusão do programa]”, disse Dijsselbloem dos, os últimos progressos feitos em Portugal, e iremos então decidir. E claro que a posição que o próprio Governo português tomar é muito importante”, sublinhou. Dijsselbloem insistiu que uma decisão final sobre a melhor forma de Portugal sair do programa de ajustamento - o que está previsto para finais de maio - e regressar aos mercados deve ser influenciada pelos “dados mais recentes” que estiverem disponíveis e sempre em estreita cooperação entre o Eurogrupo e
as autoridades nacionais, tal como sucedeu no caso da Irlanda, que terminou o respetivo programa em dezembro de 2013. “Essa seria essa a minha forma preferida, foi assim basicamente que aconteceu com a Irlanda, e resultou muito bem: em estreita cooperação, chegámos a uma decisão atempada”, disse, embora ressalvando que a conclusão pode não ser a mesma, já que são “processos diferentes”, razão pela qual o facto de Dublin ter decidido sair do programa sem qual-
quer apoio não é necessariamente um precedente para Portugal. Jeroen Dijsselbloem falava à chegada para uma reunião do fórum de ministros das Finanças da zona euro, na qual estava prevista a discussão da implementação do programa de ajustamento em Portugal, mas ainda não a estratégia de saída. A mesma fonte indicou que os ministros das Finanças da zona euro assistem, para já, com satisfação às reações dos mercados, com a descida consistente dos juros da dívida.
Zeinal Bava e a substituição pela MEO
“A TMN não acaba, ganha nova vida” O presidente executivo da PT Portugal, Zeinal Bava, anunciou, ontem, a fusão da PT SI (Sistemas de Informação) com a PT Inovação, no âmbito da reorganização naquela empresa operacional da PT. Zeinal Bava falava depois do anúncio de que a PT abandonou a marca de comunicação móvel TMN, substituindo-a pelo MEO, decisão justificada pelo sucesso da MEO e a política de convergência introduzida em janeiro de 2013. “A [nova empresa] PT Inovação e Sistemas vai ter dimensão e fazer mais projetos no Brasil e poder competir com outras
grandes empresas de inovação no mundo”, disse Zeinal Bava, acrescentando que a nova empresa poderá olhar para outros mercados “com dimensão e estrutura”. Durante a apresentação da estratégia de uniformização da marca para o mercado residencial em Portugal, Zeinal Bava assegurou que os clientes da rede móvel não terão de fazer “absolutamente nada”, beneficiando “da mesma cobertura, dos mesmos serviços, tarifários e equipamentos”. Nas lojas, o atendimento será igual, assim como os números dos ‘call centers’, passando a existir apenas
um ‘site’, explicou Zeinal Bava, acrescentando que mesmo no multibanco aparece TMN/Meo “para garantir um processo de transição tranquilo”. “A TMN não acaba, ganha uma nova vida que passa a chamar-se Meo, uma oferta integrada de voz, dados e vídeo, que reflete a aposta no entretenimento e largura de banda”, disse Zeinal Bava. A marca TMN, que vai ser substituída pela MEO, foi avaliada pela BrandFinance em 332 milhões de euros no ano passado, mas estava a perder valor há vários anos, enquanto o valor da MEO aumentou mais de 330%.
6 | O Norte Desportivo
futebol
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014
Seleccionador de futsal quer equipa a ultrapassar os quartos de final
Portugal no Europeu para deixar marca DR
“Não queremos ficar nos quartos-de-final como temos ficado. Estando entre os quatro melhores, vamos redefinir e avaliar”, disse. A seleção portuguesa de futsal procura regressar aos lugares cimeiros no Europeu de 2014, que se realiza na Bélgica, reeditando a presença na final de 2010 e apagando a má imagem deixada pela eliminação prematura há dois anos. Portugal conta nas suas fileiras com um dos melhores jogadores do Mundo, o ala Ricardinho, e reúne todas as condições para, no mínimo, se qualificar no Grupo B da fase final, no qual terá como adversários a Rússia, vice-campeã europeia em exercício, e a mais acessível Holanda. Com apenas três equipas por «poule», o encontro inaugural, com a seleção holandesa, na quinta-feira, reveste-se de importância decisiva, pois uma entrada em falso poderá revelar-se fatal para as pretensões dos lusos, até porque depois terão de defrontar a Rússia, a 1 de fevereiro. Se a história se repetir, a possibilidade de um deslize frente à Holanda parece estar afastada, pois a equipa das «quinas» perdeu apenas o primeiro dos 10 encontros que disputou, há mais de 20 anos, em 1992, tendo conquistado depois nove triunfos consecutivos, o mais importante dos quais no Mundial de 2000. Com apenas duas ausências nas oito edições anteriores, em 1996, na edição inaugural, e 2001, a representação portuguesa qualificou-se para o Europeu de Antuérpia com um percurso cem por cento vitorioso, frente às congéneres da Grécia (6-1), Polónia (5-2) e Sérvia (2-1). Autor de 77 golos em 100 internacionalizações, Ricardinho é a principal referência entre os 15 convocados pelo selecionador Jorge Braz, assumindo-se como o único jogador português distinguido com o troféu para o melhor jogador mundial, em 2010.
“Ambiente extremamente postivo”
Futsal. Jorge Braz ambiciona que Portugal, que tem Ricardinho entre os convocados, passe os quartos de final no Europeu de Antuérpia
Após vencer em Daytona
João Barbosa assume candidatura ao campeonato
O português João Barbosa, vencedor das 24 Horas de Daytona em equipa com o brasileiro Christian Fittipaldi e com o francês Sébastien Bourdais, admitiu, ontem, que “a equipa está em excelente posição para ser candidata ao campeonato”. O piloto nortenho, que reside há vários anos nos EUA, repetiu a vitória alcançada em 2010 na
clássica prova automobilística norte-americana de endurance, que este ano foi a corrida inaugural do novo Tudor SportsCar Championship. “É uma sensação excelente. Sobretudo este ano que se assinala um novo campeonato nas corridas de endurance nos EUA e é sempre bom ganhar a primeira corrida de uma nova era”, disse o piloto, escassas horas após o triunfo em Daytona ao volante de um Corvette DP, considerando que a prova correu “muitíssimo bem”.
O selecionador português de futsal, Jorge Braz, reafirmou, ontem, à partida para Antuérpia, que não quer voltar a ficar pelos quartos-de-final no Europeu e disse ter um grupo “mais capaz e maturo”. “Tivemos sempre organização e qualidade de jogo, mas temos que saber competir bem, jogar bem não chega. Sinto este grupo mais capaz e com outra maturidade, com outra consciência dessa necessidade que nos tem faltado”, disse o técnico me declarações ao site da Federação Portuguesa de Futebol. Jorge Braz considerou que a equipa está muito focada no essencial e que todos, desde os jogadores, equipa técnica e staff, têm bem ciente qual a função que têm e o tipo de competição que vão enfrentar. “Sinto um ambiente extremamente positivo, sempre referi que temos que nos focar no essencial, estamos num momento positivo, a finalizar esta etapa de preparação”, acrescentou. O técnico avaliou uma vez mais os adversários no grupo, qualificando a Holanda como uma equipa a renascer, com qualidade, criatividade e um “jogo físico forte”, e a Rússia, que tem uma das ligas mais fortes do Mundo e “jogadores inacreditáveis”. “É claro o objetivo de passar grupo e, passando, não queremos ficar nos quartos-definal como temos ficado. Estando entre os quatro melhores, vamos redefinir e avaliar”, concluiu. Já o internacional Pedro Cary, jogador do Sporting, considerou que Portugal vai ter “dois jogos difíceis”, mas que a seleção está preparada e o objetivo “é a passagem do grupo”. “Não podemos falhar no primeiro jogo contra a Holanda [30 de janeiro], uma equipa que temos vindo a conhecer ao longo dos dias e certamente vai correr da melhor forma. É forte fisicamente e tem jogadores tecnicamente evoluídos”, avaliou o ala «leonino». Em relação à Rússia, que Portugal defrontará na segunda jornada [1 de fevereiro], o jogador lembrou que é um poderio mundial do futsal e que todos estão cientes das dificuldades neste Europeu, mas acredita que este correrá melhor que os anteriores.
Belenenses apresenta Marco Paulo como treinador
“Sempre primeira opção”
O presidente da SAD do Belenenses mostrou-se, ontem, convicto de que o treinador Marco Paulo é a aposta certa para conduzir a equipa à manutenção na I Liga. Rui Pedro Soares, que falava durante a apresentação oficial do novo técnico, garantiu que este “foi sempre a primeira opção”, após o holandês Mitchell van der Gaag ter apresentado a demissão, há cerca de duas semanas.”É um treinador que nos vai dar muitas alegrias. Conhece bem o clube e os jogadores do plantel. A partir de agora, o sucesso do Marco Paulo será o sucesso de todos nós. É uma viagem que está a meio e tem todas as condições para correr bem, apesar do momento em que nos encontramos. Nós e mais seis equipas”, afirmou o líder da SAD. Sem qualquer vitória nos últimos nove jogos para o campeonato, o Belenenses caiu para a 14.ª posição, a dois pontos do último classificado, mas Rui Pedro Soares fez questão de lembrar que os «azuis» já superaram uma fase complicada, no arranque da prova. “No dia em que subimos de divisão, disse que este seria um ano muito difícil. Quero dizer aos nossos adeptos que vamos resolver este problema. Não prometemos vida fácil, mas prometemos trabalho”, sublinhou.
Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014
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QUE HIPÓCRITA! “O governo nada tem contra os funcionários públicos”, assumiu o primeirom i n i s t ro. S ó h á u m a p a l av r a qu e o caracterize: hipócrita. Que o digam os funcionários mensalmente martirizados com uma longa lista de impostos, taxas André Escórcio* e sobretaxas, encostados à parede com os inimagináveis valores do IMI, IVA, seguros, habitação, encargos gerais e com a substancial redução de direitos à saúde, educação e apoios sociais. Poderia explanar vários exemplos, de médicos, enfermeiros a professores, passando por todos os restantes sectores e áreas públicas, deixo, apenas, o confisco que se passa no sector que melhor conheço: o da educação e ciência. Na relação entre as receitas de 2013 e 2014 (ilíquido), o roubo anual a um professor contratado será de 1,1 salários (€ 1.442,84); a um professor no topo da carreira, o esbulho será de 1,7 salários (€ 5.194,26). Este último professor, muitos com quarenta anos de serviço, passará a receber, mensalmente, menos do que os descontos que faz (€ 1.540,28/1.551,54)! Fora os cortes que já vêm de trás. Em outras profissões o mesmo acontece. E o safado do primeiro-ministro diz, com aquele ar que transmite cinismo político, que “nada tem contra os funcionários públicos”, isto é, contra as carreiras profissionais violentadas, os direitos extorquidos e a confiança abalada. Ele nada tem contra o “eterno” congelamento das carreiras, os despedimentos, a aberrante proposta de desvinculação, as 40 horas, a paranóia dos exames a quem já lecciona, o desmantelamento da escola pública e do SNS, contra os caminhos da tendencial privatização na lógica de um repelente neoliberalismo, nada tem contra o facto de à escola chegarem crianças com fome, milhares que ficam pelo ensino secundário ou desistem da frequência do ensino superior, o empobrecimento e retrocesso social e civilizacional do país, através da emigração, em geral, e dos talentos, em particular, contra, ainda, o desinvestimento na ciência. É verdade que nada tem contra, por um lado, pela sua (in)cultura, porque é insensível aos dramas do povo, por outro, porque se alimenta, no plano político, do sangue desse povo que, em campanha eleitoral, disse defender. Os funcionários públicos que se lixem, os reformados e pensionistas (públicos e privados) que se danem, novos e velhos que emigrem, porque o seu caminho ideológico, assente num estúpido posicionamento ultraliberal e a subserviência aos grandes e obscuros interesses europeus do deus mercado, e não só, determinam comportamentos de forçado empobrecimento e de escravatura, enquanto os credores enriquecem nesta mina a céu aberto. Três anos de sacrifícios e continuamos “lixo”! Só que há gente atenta. Sampaio da Nóvoa sublinhou que “ninguém tem o direito de ficar em silêncio” e Boaventura Sousa Santos alertou que “este é um governo de morte”. *Professor www.comqueentao.blogspot.com
Sindicatos vão reunir com administração do grupo Martifer
“Estamos convencidos que há boa-fé” Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) autorizaram os dirigentes sindicais a solicitarem uma reunião com a administração do novo subconcessionário para conhecerem o plano de contratação previsto pelo grupo Martifer. O pedido desta reunião consta de uma moção aprovada por maioria, durante o plenário realizado nos estaleiros, convocado pelas estruturas sindicais. “Estamos a dar o passo da parte sindical. Agora mesmo será enviado o pedido de reunião à nova subconcessionária para vermos se há boa-fé neste processo e nós estamos convencidos que há boa-fé”, afirmou Branco Viana, coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo, estrutura que vai conduzir estes contactos. A nova empresa West Sea (Martifer) iniciou na passada quinta-feira o recrutamento de 400 trabalhadores para a nova unidade em Viana do Castelo, tendo a administração garantido, antes, que a “prioridade” seria para os 609 funcionários dos ENVC. De acordo com os estalei-
ros, cerca de uma centena e meia de trabalhadores já rescindiram contrato, no âmbito do processo amigável lançado pela administração em dezembro. Nesta altura, mantêm-se com vínculo à empresa pública pouco mais de 450 trabalhadores. “Temos a esperança que uma grande parte destes trabalhadores sejam contratados para uma empresa que venha a continuar a ser de construção e reparação naval como são os estaleiros de Viana do Castelo”, admitiu o sindicalista Branco Viana, aos jornalistas, no final deste plenário. Sobre esta vontade de dialogar, afirma resultar da “necessidade” de “salvaguardar” os direitos dos trabalhadores, nomeadamente para “saber qual o plano de contratações” dos atuais trabalhadores dos ENVC pelo novo subconcessionário. Contudo mantêm o apelo à “resistência” dos trabalhadores às revogações amigáveis dos contratos de trabalho, como forma de “defender os seus direitos”, nomeadamente sobre o fundo de pensões da empresa, para o qual descontaram ao longo dos
anos. “Os sindicatos sempre admitiram o diálogo e é para isso que eles servem: Falar com todas as entidades patronais e esta não foge à regra, até para salvaguardar o futuro dos postos de trabalho e os direitos desses trabalhadores”, explicou Branco Viana. De acordo com o sindicalista, este pedido de reunião à administração da West Sea, liderada por Carlos Martins, visa ainda obter informações sobre a situação da construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela, que continua na carteira de encomendas da empresa pública. Por esse motivo, face à anunciada extinção dos estaleiros, a mesma moção prevê também um pedido de audiência ao embaixador da Venezuela em Lisboa. Os dirigentes sindicais ficaram igualmente mandatos para solicitar, também ainda hoje, uma reunião com o ministro da Defesa, para esclarecer o futuro do fundo de pensões da empresa e o seu acesso, bem como sobre o processo de recrutamento, por parte do novo subconcessionário dos terrenos e infraestruturas dos ENVC.
Presidente da Associação Académica de Coimbra defende
“Há problemas que necessitam de respostas mais rápidas” O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Ricardo Morgado, defende que os problemas que afetam o ensino superior precisam de respostas mais rápidas e urgentes, por parte do Ministério da Educação e Ciência, do que a praxe. O MEC chamou “as associações de estudantes, que nem regulam a praxe, para discutir com urgência este assunto, mas não me recordo de uma chamada desta urgência para problemas tão graves que têm acontecido nos últimos anos no ensino superior”, criticou Ricardo Morgado, presidente da direção-geral da AAC. “Há problemas na Ciência, na investigação e nas instituições que devem merecer a total disponibilidade do ministério”, defendeu Ricardo Morgado, considerando que, apesar de “a praxe ser algo que se deve discutir, há problemas que necessitam de respostas mais rápidas”. O presidente da AAC exigiu mais disponibilidade por parte do ministério para “discutir os assuntos que afetam os estudantes e o futuro do país”, relembrando que há “uma diminuição de entradas no ensino
superior” que “é preocupante”. “Estamos a chegar a pontos da discussão em que se desvirtua o que é importante e em que se esquece quais são os problemas da nossa geração”, disse Ricardo Morgado que, na sua página de uma rede social, lembrou a precariedade e o desemprego que afetam os jovens portugueses. Sobre os seis jovens que morreram na praia do Meco, Ricardo Morgado sublinhou que o que “aconteceu foi uma irresponsabilidade clara, em atos de abuso e de violência que não podem ser permitidos, dentro ou fora da praxe”. As atitudes dos jovens “têm de ser condenadas”, contudo há uma “generalização fácil em relação à praxe”, que apresenta os “estudantes sem cabeça nem opinião própria, quando estes casos são pontuais”, frisou. Ricardo Morgado afirmou também que estes mesmos casos “devem ser combatidos” e que a AAC está disponível para discutir o tema, considerando que os “códigos de praxe deveriam ter mais restrições”. O presidente da AAC salientou que os abusos observados, apesar
de poder haver uma maior regulamentação, já “infringem leis básicas do nosso Estado de direito”. Os seis jovens que morreram na praia do Meco faziam parte de um grupo de estudantes universitários que tinham alugado uma casa na zona, para passar o fim de semana. Segundo as autoridades, uma onda arrastou-os na madrugada de 15 de dezembro, mas um dos universitários conseguiu sobreviver e dar o alerta. Os corpos dos restantes foram encontrados nos dias que se seguiram. O Ministério da Educação e Ciência convocou as associações de estudantes do ensino superior para uma reunião, esta semana, sobre praxes académicas, sendo que a questão irá também ser abordada nas reuniões previstas nas próximas semanas com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. O ministério pretende debater com os alunos e as instituições as “melhores formas de prevenir este tipo de situações de extrema gravidade”.