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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 22

Sexta-feira, 03 de janeiro de 2014

UGT EXIGE FISCALIZAÇÃO SUCESSIVA

DO ORÇAMENTO DE ESTADO 2014

URGENTE DAKAR2014 RALI MAIS DURO DO MUNDO ARRANCA DOMINGO

GANHAR “ARMADA PORTUGUESA” PARTE COM FORTES ASPIRAÇÕES NAS MOTOS

n A UGT vai pedir hoje,

Portugueses “sorriem muito pouco e isso é muitíssimo preocupante em termos de saúde” CARROS Peterhansel tenta sexto triunfo

DIRECTOR: RUI ALAS PEREIRA |SÉRIE II ANO XI N.º 1145

www.motor.online.pt

ESTUDO

03-01-2014 | SEMANÁRIO | PREÇO: 1,50 EUROS IVA INCLUÍDO Taxa paga | Devesas - 4400 V.N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado | Autorização n.º 26 de 2026/00

com “caráter de urgência”, audiências ao Presidente da República, ao Provedor de Justiça e aos grupos parlamentares para exigir a fiscalização sucessiva do Orçamento de Estado para 2014, confirmou ontem o líder Carlos Silva. Fonte oficial de Belém revelou entretanto que Cavaco Silva não enviou o OE2014 para o Tribunal, porque os pareceres que solicitou “não apontam para a inconstitucionalidade das normas orçamentais”.

É POSS!VEL ACIDENTE GRAVE SCHUMACHER NA CORRIDA DA SUA VIDA DE ESQUI

ESTALEIROS

Trabalhadores vão ao Parlamento entregar petição em defesa da empresa

BALANÇO

PSP deteve mais de 750 pessoas nos 20 dias da operação Festas Seguras 2013


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

Estudo “Uma década de sorriso em Portugal” revelado no Porto

Levou todo o “dinheiro em caixa”

“Portugueses sorriem muito pouco”

Homem armado assaltou banco em Gaia

Os portugueses sorriem muito pouco, segundo um estudo revelado no Porto que aponta para uma “drástica e preocupante diminuição na frequência e intensidade do sorriso”. O estudo “Uma década de sorriso em Portugal” analisou desde 2003 e até ao final de 2013 quase 400 mil fotografias publicadas na imprensa e concluiu que “os portugueses sorriem muito, muito pouco e tal comportamento acentuou-se assustadoramente nos últimos dois anos”, segundo o autor, Freitas Magalhães, diretor do Laboratório de Expressão Facial da Emoção da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade Fernando Pessoa. “Os resultados da análise ao sorriso dos portugueses durante o segundo semestre de 2013, revelam uma expressiva diminuição na frequência e intensidade, a maior desde o início do estudo em 2003, o que é muitíssimo preocupante em termos de saúde dos portugueses”, indicou. O autor do estudo apresentado ontem no Porto como “pioneiro em Portugal” ressalvou que “não se pode dizer que os portugueses perderam o sorriso, porque tal não se perde”. Porém, continuou, “há uma drástica e preocupante

ESTUDO. Segundo a Universidade Fernando Pessoa, os portugueses estão a sorrir cada menos, “o que é muitíssimo preocupante em termos de saúde” diminuição na frequência e intensidade do sorriso, que é um dos principais organizadores do psiquismo humano”. De acordo com os resultados deste trabalho, as mulheres continuarem a sorrir mais do que os homens, apesar do “registo descendente acentuadíssimo” em relação a 2012, independentemente da idade. Já os homens apresentaram mais o sorriso fechado a partir dos 60 anos e as crianças são as que continuam a apresentar mais e frequentemente o sorriso largo. Os resultados finais deste estudo apontam para “uma diminuição significativa na exibição de qualquer tipo de sorriso e o aumento da expressão neutra em mulheres e homens”. “No universo das fotografias analisadas, verificou-se,

também, que a expressão facial de emoções negativas é mais frequente e intensa do que a de emoções positivas”, adianta o autor, salientando que “este padrão se acentuou expressivamente durante o segundo semestre de 2013”. Freitas Magalhães indicou ainda que “ao longo dos 10 anos de estudo ficou comprovado que um dos moderadores da frequência e intensidade da exibição do sorriso é o contexto social, o que se verificou no caso português, pois a situação económico-social potenciou a inibição da expressão, sendo que o género e a idade são os outros dois moderadores”. Segundo o autor, “o sorriso é uma reação neuropsicofisiológica que se desenvolve em situações que envolvam o bem-estar e a fe-

licidade e quando tal não se verifica, por motivos externos, o sorriso é inibido e recalcado”. O autor alertou ainda para as consequências na saúde desta realidade, sublinhando que a inibição do sorriso “potencia sentimentos, emoções e condutas negativas levando a um quadro psicopatológico preocupante”. A análise de todos os dados recolhidos ao longo de uma década será apresentada no livro “Portugal Emocional - Uma Década de Sorriso em Portugal”. O Laboratório de Expressão Facial da Emoção já iniciou um novo estudo intitulado “A Neuropsicofisiologia da Felicidade - Estudo Longitudinal com Portugueses”, o qual irá prolongar-se também por uma década.

Nos centros de formação profissional do Porto e de Bragança

Trabalhadores das cantinas em greve Os trabalhadores das cantinas dos centros de formação profissional do Porto e de Bragança do IEFP, concessionadas à Solnave, estão em greve reclamando o pagamento do subsídio de Natal e do salário de dezembro. O coordenador do Sindicato da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte afirmou que a adesão ao protesto foi total, obrigando ao encerramento das duas cantinas do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas

fonte da Solnave confirmou apenas a paralisação em Bragança, assegurando que, no Porto, “foram servidos 400 e tal almoços”. Aquelas cantinas do IEFP estão concessionadas à empresa Solnave, de quem os 27 grevistas exigem os 50% do subsídio de Natal e o ordenado de dezembro em atraso. De acordo com o dirigente sindical Francisco Figueiredo, o problema afeta também as cantinas do IEFP de Braga e de Viana do Castelo, mas os respetivos trabalhadores

“decidiram dar o dia de hoje para a empresa regularizar a situação”. O vice-presidente da Solnave, Luís Vieira de Castro, confirmou o atraso no pagamento das remunerações. O responsável esclareceu que os salários relativos a metade das cerca de 130 concessões da empresa “já foram transferidos para o banco” e o restante sê-lo-á “entre amanhã [hoje] e segunda-feira”. Já o subsídio de Natal deverá ser liquidado “até meados deste mês”, disse. E, se o sindicato afirma que “há

cerca de seis meses que a Solnave se vem atrasando sistematicamente no pagamento dos salários”, motivando vários pré-avisos de greve, a administração da Solnave garante que se tratou de uma “situação pontual”, resultante da “conjuntura do país”. “Temos feito os maiores esforços, mas não conseguimos, este mês, cumprir”, sustentou Luís Vieira de Castro, acrescentando que o atraso no pagamento das remunerações “afetou toda a empresa, incluindo a administração”.

Um homem armado com uma caçadeira e de cara tapada com um cachecol assaltou ontem uma dependência bancária de Gaia, levando todo o “dinheiro da caixa”, informou fonte da PSP do Porto. De acordo com a mesma fonte do Comando Metropolitano da PSP do Porto, o indivíduo, com cerca de 40 anos, entrou pelas 10h16 no banco, situado no jardim Soares dos Reis, ameaçou os funcionários com uma caçadeira e levou “todo o dinheiro da caixa”. “Não se sabe quanto”, indicou a mesma fonte policial, acrescentando que os relatos feitos à PSP dão conta de um assalto “muito calmo” e sem registo de “pânico”. A mesma fonte não soube indicar se havia clientes na dependência bancária no momento do assalto. A PSP do Porto refere ainda que tudo leva a crer que o homem tenha fugido “a pé” porque “não se viu nenhuma viatura”. A mesma fonte revelou que a Polícia Judiciária (PJ) esteve no local e ficou encarregada do caso.

Passagem de Ano no Porto

Recorde de pessoas Cerca de cem mil pessoas escolheram a Avenida dos Aliados, no Porto, para entrar em 2014 numa festa cuja programação a autarquia considera ter sido “uma aposta ganha” e que deverá ser reforçada nos próximos anos. Em comunicado, a empresa municipal Porto Lazer adianta que “a constatação deste recorde de público presente, e o reforço da aposta da autarquia na programação deste final de 2013, confirmam o sucesso da estratégia de afirmação nacional e internacional da cidade enquanto destino turístico de eleição e desta festa como um dos momentos âncora dessa estratégia”. A autarquia tinha anunciado em dezembro pretender apostar nesta festa como polo de atração turístico. Este ano, a festa teve início antes da meia-noite, contando com a presença dos Quinta do Bill. A contagem decrescente para 2014 foi protagonizada por Fernando Alvim, seguindo-se um espetáculo de fogo-de-artifício e um concerto dos Azeitonas. A festa, organizada através da Porto Lazer, estendeu-se e prolongou-se pela noite na praça D. João I, onde foi montada uma tenda na qual diversos ritmos musicais foram ouvidos.


regiões

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

Líder da CGTP muito crítico com processo de venda dos estaleiros de Viana

“Cada vez mais nebuloso” No tribunal de Alenquer

Grupo julgado por assaltos violentos O Tribunal de Alenquer começa na próxima quarta-feira a julgar 10 arguidos acusados de vários assaltos violentos em residências e estabelecimentos comerciais e furtos por esticão a idosas em concelhos dos distritos de Lisboa, Portalegre e Santarém. Entre as vítimas, incluíam-se pessoas na posse de elevados montantes em dinheiro, como traficantes de droga, ou de objetos em ouro de elevado valor. Os crimes ocorreram entre julho de 2010 e janeiro de 2012, tendo dado lugar a vários processos dispersos por vários tribunais que foram integrados num único.

Carro conduzido pelo pai

Despiste mata criança de 13 anos

Uma criança de 13 anos morreu, ontem, nas proximidades da aldeia de Valverde, concelho de Mogadouro, na sequência de um acidente de viação. Segundo fonte da GNR, o rapaz seguia num automóvel conduzido pelo pai quando este, à entrada da localidade de Valverde, se terá despistado e embatido numa laje de granito. Os bombeiros assistiram as vítimas no local. No entanto, a criança “não resistiu aos ferimentos acabando por falecer já no Serviço de Urgência Básica do Centro de Saúde Mogadouro”. No local, estiveram os bombeiros de Mogadouro.

“Claramente há aqui qualquer coisa que visa favorecer os interesses da iniciativa privada”, disse Arménio Carlos. O secretário-geral da CGTP disse, ontem, que o caso em torno dos Estaleiros de Viana está cada vez “mais nebuloso”, criticando o Governo por pagar 30 milhões de euros “para as pessoas não trabalharem”. “É um processo que cada vez está mais nebuloso. Claramente há aqui qualquer coisa que visa favorecer os interesses da iniciativa privada”, disse Arménio Carlos, referindo-se à subconcessão dos terrenos e equipamentos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) à Martifer, processo que decorre em paralelo com a liquidação da empresa pública. A assinatura do contrato de subconcessão, segundo fontes ligadas ao processo, deverá acontecer a 7 de janeiro, sendo o mesmo válido até 31 de março de 2031, conforme previsto no concurso internacional lançado em setembro. Este processo implicará o despedimento dos atuais 609 trabalhadores dos ENVC - com indemnizações individuais entre os 6.000 e os 200 mil euros e acesso ao subsídio de desemprego -, mas 400 destes poderão ser recrutados

Viana do Castelo. Arménio Carlos critica Governo por pagar 30 milhões para trabalhadores dos ENVC não trabalharem pela nova empresa West Sea Estaleiros Navais já a partir deste mês. “Não temos nada contra a iniciativa privada. Agora destruirse uma empresa pública, com um projeto, com trabalhadores, com ‘know-how’, com pessoas que querem trabalhar, e depois gastarem-se 30 milhões de euros [em indemnizações para acordos de rescisão] para pagar para as pessoas não trabalharem, não faz sentido nenhum”, sublinhou Arménio Carlos. Afirmou ainda que nesta altura se “justificava” que a implementação de um comissão

parlamentar à situação da empresa “fosse para a frente”, conforme proposta do PCP. Os trabalhadores regressaram ontem aos estaleiros, mas 42 já assinaram, entretanto, as rescisões amigáveis dos contratos, propostas pela administração. À chegada à empresa, em declarações aos jornalistas, Arménio Carlos criticou ainda o Governo por só agora adquirir matéria-prima para a construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela. “A opção do Governo neste momento não está de acor-

do com aquilo que são os interesses nacionais e da indústria naval, que é viabilizar os estaleiros, construindo os dois asfalteiros”, apontou. Trata-se de uma encomenda de 128 milhões de euros, feita em 2010 e a única ativa nos ENVC, mas que ainda não avançou para a fase de construção. “Por que razão os dois asfalteiros estão há dois anos para serem construídos e ainda não o foram? E agora já há aço para serem construídos por uma empresa privada”, questionou o líder da CGTP.

Hospitais de Coimbra pagam empréstimo

Reforço de capital em 17 milhões de euros O reforço do capital estatutário do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) em 17 milhões de euros, via Ministério da Saúde, permitirá aumentar a sustentabilidade financeira dos hospitais da cidade. Martins Nunes, presidente do Conselho de Administração do CHUC, explicou que esta verba de 17 milhões de euros irá pagar a totalidade do empréstimo que o ex-Centro Hospitalar de Coimbra (habitualmente denominado de hospital dos Covões) tinha contraído, em 2008, junto do Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Serviço

Coimbra. Reforço do capital “permite aumentar a sustentabilidade financeira dos hospitais”

Nacional de Saúde. Desta forma, explicou, aumenta-se a sustentabilidade do CHUC e consegue-se uma poupança anual de 300 mil euros, só em juros, além do esforço de amortização do empréstimo. O ex-Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra e exHospitais da Universidade de Coimbra não tinham contraído dívidas junto do Fundo, disse também o presidente do Conselho de Administração do CHUC. Martins Nunes explicou igualmente que o processo de “fusão está praticamente todo concluído”, havendo agora necessidade

de reorganizar o CHUC, em várias áreas. “Perspetivo um bom ano, com a continuação do esforço de reorganizar o hospital”, explicou. O CHUC foi constituído em abril de 2011 e resultou da fusão dos Hospitais da Universidade de Coimbra, do Centro Hospitalar de Coimbra e do Centro Hospitalar e Psiquiátrico de Coimbra. Recorde-se que o Ministério da Saúde (MS) anunciou que, tal como previsto, se realizava no dia 1 de janeiro o aumento de capital de 425,6 milhões de euros em 19 hospitais-empresa, por conversão de dívidas em capital.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

UGT pede audiências ao Presidente da República e aos Provedor de Justiça

“Fiscalização sucessiva” do OE2014 em causa A UGT vai pedir hoje, com “caráter de urgência”, audiências ao Presidente da República, ao provedor de Justiça e aos grupos parlamentares para exigir a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado para 2014. “A UGT vai enviar por escrito ao Presidente da República, ao provedor de Justiça e aos grupos parlamentares um pedido para que solicitem ao Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização sucessiva do OE2014”, confirmou o líder da estrutura sindical, Carlos Silva. Ontem de manhã, fonte oficial

UGT. O líder Carlos Silva solicitou audiências para “exigir a fiscalização sucessiva” do Orçamento de Estado para 2014 de Belém revelou que o Presidente da República não enviou OE2014 para o Tribunal Constitucional, porque os pareceres que solicitou “não apontam para a inconstitucio-

nalidade das normas orçamentais”. “Os pareceres sobre o OE2014 que o Presidente da República solicitou, tendo presente a jurisprudência do Tribunal Constitucional,

não apontam para a inconstitucionalidade das normas orçamentais”, disse fonte de Belém, na sequência de um pedido de esclarecimento sobre a possibilidade do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, poder ainda solicitar a fiscalização sucessiva de normas do OE2014. Perante esta posição do Chefe do Estado, Carlos Silva considerou que Cavaco Silva “não se pode demitir das suas competências” e que “os portugueses merecem mais respeito do que a ‘troika’ e os mercados”. A UGT vai solicitar também audiências “com caráter de urgência” ao Presidente da República, ao provedor de Justiça e aos grupos parlamentares para “transmitir de viva voz” as preocupações da estrutura sindical “para que o OE2014 não continue a violentar os portugueses, à semelhança do que aconteceu com o Orçamento do Estado para 2013”.

Presidente não enviou o Orçamento do Estado para o Tribunal

“Pareceres não apontam para a inconstitucionalidade” O Presidente da República não enviou o Orçamento do Estado para 2014 (OE2014) para o Tribunal Constitucional, porque os pareceres que solicitou “não apontam para a inconstitucionalidade das normas orçamentais”, informou ontem fonte oficial de Belém. “Os pareceres sobre o OE 2014 que o Presidente da República solicitou, tendo presente a jurisprudência do Tribunal Constitucional, não apontam para a inconstitucionalidade das normas orçamentais”, justificou fonte de Belém, na sequência de um pedido de esclarecimento sobre a possibilidade do chefe de Estado poder ainda solicitar a fiscalização sucessiva de normas do OE 2014. A mesma fonte referiu ainda que caso os deputados da Assembleia da República tenham pareceres em sentido contrário, poderão eles próprios requerer a fiscalização sucessiva do documento. “Se os deputados da Assembleia da República têm pareceres em sentido contrário, é normal que façam uso do direito que a Constituição lhes confere e requeiram ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade”, acrescentou. Segundo o artigo 281.º da Constituição “podem requerer ao Tribunal Constitucional a declaração de incons-

titucionalidade ou de ilegalidade, com força obrigatória geral” um décimo dos deputados à Assembleia da República, ou seja, pelo menos 23 parlamentares. De acordo com o mesmo artigo, e além de um décimo dos deputados, podem recorrer à fiscalização sucessiva o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o primeiroministro, o Provedor de Justiça e o Procurador-Geral da República. Podem ainda recorrer ao Palácio Ratton os ministros da República, as assembleias legislativas regionais, os presidentes das assembleias legislativas regionais, os presidentes dos governos regionais ou um décimo dos deputados à respectiva assembleia legislativa regional, mas apenas “quando o pedido de declaração de inconstitucionalidade se fundar em violação dos direitos das regiões autónomas ou o pedido de declaração de ilegalidade se fundar em violação do estatuto da respectiva região ou de lei geral da República”. A Constituição não fixa prazos para os pedidos de fiscalização da constitucionalidade de uma lei em vigor nem o Tribunal Constitucional tem prazo para lhe responder. Os partidos da oposição já tinham garantido que, caso o chefe de Estado

não enviasse o OE 2014 para o ‘Palácio Ratton’, iriam suscitar a fiscalização da constitucionalidade sucessiva do diploma, em particular das normas que alteram o cálculo e os critérios de atribuição das pensões de sobrevivência e que reduzem os salários. Na mensagem que dirigiu na quarta-feira aos portugueses, o Presidente da República referiu o Orçamento do Estado para 2014 como um “instrumento da maior relevância” para atingir o “objetivo fulcral” de terminar o programa de assistência financeira “com sucesso” e para aceder aos mercados de financiamento externo a “taxas de juro razoáveis”. O Orçamento do Estado para 2014 foi aprovado em votação final global no dia 26 de novembro pela maioria PSD/ CDS-PP, com os votos contra de todas as bancadas da oposição e do deputado democrata-cristão eleito pela Madeira Rui Barreto. No diploma, o Governo antecipa que Portugal cresça 0,8% em 2014, que o défice desça para os 4% e a dívida pública caia para os 126,6%, mas que o desemprego continue a subir para os 17,7%. Este orçamento fica também marcado pelos cortes salariais dos funcionários públicos entre os

2,5% e os 12% para as remunerações mensais acima dos 675 euros. Em 2013, o Presidente da República pediu ao pediu ao Tribunal Constitucional que analisasse as normas do Orçamento de Estado referentes à “suspensão do pagamento do subsídio de férias ou equivalente”, à “suspensão do pagamento do subsídio de férias ou equivalentes de aposentados e reformados” e à”contribuição extraordinária de solidariedade”. Quatro meses depois, a 05 de abril, o Tribunal Constitucional anunciou a sua decisão de declarar inconstitucionais o corte do subsídio de férias para o setor público, pensionistas e contratos de docência e investigação, bem como a criação de uma taxa sobre o subsídio de doença e desemprego. Assim, das três normas cuja fiscalização sucessiva havia sido requerida pelo chefe de Estado, os juízes do Palácio Ratton declararam inconstitucionais duas delas (a suspensão do subsídio de férias em geral e do subsídios dos reformados) e consideraram conforme a Lei Fundamental a norma relativa à contribuição extraordinária da solidariedade.

Fiscalização do OE2014

PCP avança com pedido

O PCP reiterou ontem a intenção de pedir a fiscalização sucessiva da constitucionalidade do Orçamento do Estado para 2014 (OE 2014), adiantando que já está a trabalhar no requerimento a apresentar no Tribunal Constitucional. “Vamos tomar a iniciativa, estamos a trabalhar no requerimento a entregar ao Tribunal Constitucional”, afirmou Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, no final de uma conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa. Jorge Pires acrescentou ainda que, visto que o PCP não tem o número de deputados suficientes para só por si poder requerer a fiscalização sucessiva de normas do documento (são necessários pelo menos 23 parlamentares e os comunistas apenas elegeram 14), o partido está também a trabalhar no sentido de apresentar o requerimento “com outros”. Relativamente ao OE para 2014, Jorge Pires renovou as críticas ao documento, que classificou como “o pior OE desde o fascismo”, e repudiou “a grande manifestação de compreensão expressa pelo Presidente da República” ao documento e o “otimismo” manifestado pelo chefe de Estado face aos “sinais da economia”. “Uma leitura só possível vinda de alguém fortemente comprometido com a política que tem vindo a ser seguida no país”, disse, considerando que 2014 apresentase como “um ano ainda mais difícil para a generalidade dos trabalhadores e do povo”. Na conferência de imprensa, Jorge Pires deixou ainda um alerta sobre os “novos e graves aumento de preços de bens essenciais” que começaram a ser cobrados desde quarta-feira, nomeadamente nas taxas moderadoras hospitalares, gás natural e eletricidade, transportes, rendas das casas e telecomunicações. “Estamos perante um conjunto de aumentos de preços inaceitáveis porque injustos, que vêm acentuar a perda de poder de compra dos salários, reformas e pensões, agravando desta forma as condições de vida da esmagadora maioria dos portugueses”, sublinhou, recusando a leitura do Governo de que alguns dos aumentos são “menos agressivos” do que os verificados em 2012 e 2013. Pois, continuou, há que ter em linha de conta que nos últimos três anos foi imposta “uma política que soma austeridade à austeridade, impondo uma redução significativa do rendimento disponível das famílias”. “Foram cerca de três anos em que a quebra do consumo atingiu cerca de nove por cento”, frisou, antevendo uma “queda acentuada” no poder de compra para 2014, devidos aos cortes que estão previstos no Orçamento, nomeadamente para a função pública.


economia

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 5

Prestação do crédito à habitação vai aumentar em janeiro

Subidas para todos Independentemente das condições do contrato, famílias portuguesas vão pagar mais pelos empréstimos da casa já este mês. Nova pista ou mais voos

Cidadãos decidem o futuro de Heathrow Os responsáveis do aeroporto internacional de Heathrow, em Londres, vão testar a reação dos habitantes à construção de uma nova pista para ver se esta ideia recolhe mais apoio que a de aumentar o número de voos. Segundo o Financial Times, a ideia é tentar perceber se os habitantes das localidades mais afetadas pelo grande tráfego de aviões no mais movimentado aeroporto britânico preferem uma terceira pista ou se preferem o aumento do número de voos. A consulta será fundamental para se perceber se os responsáveis de Heathrow preferem manter o plano original, que implica a construção de uma nova pista, ou se escolhem dar o aval à proposta do antigo piloto Jak Lowe, que defende o aumento do número de voos e a extensão da pista mais a norte.

A prestação da casa vai aumentar em janeiro tanto para as famílias com contratos de crédito indexados à taxa Euribor a seis meses como a três meses, segundo os cálculos da Deco/Dinheiro&Direitos. A prestação da casa é calculada na altura da contratação do crédito e, posteriormente, revista de acordo com o prazo do indexante. A maior parte dos créditos à habitação em Portugal estão indexados à Euribor a seis meses e, portanto, são revistos a cada meio ano. No caso de uma família com um empréstimo à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos indexado à Euribor a seis meses e um «spread» (margem de lucro do banco) de 1%,

Habitaçãos. O aumento das prestações do crédito acompanha a subida ligeira que as taxas Euribor registaram em dezembro esta vai passar a pagar 508,45 euros a partir de janeiro, mais 3,56 euros do que na última revisão deste crédito, em julho. Já para os créditos com valor, prazo e «spread» iguais, mas indexados à Euribor a três meses, a prestação a pagar em janeiro salta para os 501,57 euros, neste caso mais 3,59 euros do

que na última revisão, em outubro. O aumento das prestações do crédito à habitação acompanha a subida ligeira que as taxas Euribor registaram em dezembro. A média da taxa Euribor a seis meses fixou-se nos 0,343% no último mês do ano, enquanto a média da taxa a três meses passou para 0,273%.

Já ontem, as Euribor mantiveram a tendência de descida, com a taxa a seis meses, a mais usada pelos bancos nos créditos à habitação, a cair 0,003 pontos, para 0,387%. A Euribor a três meses, por seu turno, a mais utilizada em Portugal na atribuição de crédito às empresas, deslizou 0,002 pontos, para os 0,287%.

Homem mais rico do mundo em 2013

Gates mantém liderança

Mais electricidade consumida no ano passado

O espanhol Amancio Ortega, fundador da cadeia de lojas Inditex, dona da Zara, continuou a ser o europeu mais rico no ano passado, com uma fortuna de 66.400 milhões de dólares (48.154 milhões de euros). Segundo o índice dos 300 mais ricos do mundo da Bloomberg, que é atualizado diariamente, no ano passado o fundador da Microsoft, Bill Gates, foi o homem mais rico do mundo.

O consumo da eletricidade aumentou 0,2% em 2013, após dois anos consecutivos em queda, ainda que tenha apresentado uma variação nula se corrigido dos efeitos da temperatura e do número de dias úteis. De acordo com os dados da REN, depois de uma queda de 1,7% no consumo da energia elétrica no primeiro semestre de 2013, verificou-se uma recuperação na segunda metade do ano, que fez com que o ano tivesse registado uma variação positiva de 0,2% no consumo de eletricidade, a qual é nula se corrigida dos efeitos da temperatura e do número de dias úteis. Considerando apenas o mês de dezembro, o consumo de energia elétrica aumentou 3,9% em termos homólogos, devido às temperaturas baixas registadas neste mês. No entanto, corrigindo esta evolução dos efeitos de temperatura e número de dias úteis, continuou a verificar-se um aumento do consumo de eletricidade, ainda que mais modesto, de 0,8%.

Amancio Ortega é o homem mais rico da Europa, tendo visto a sua fortuna aumentar 8.900 milhões de dólares (6.454 milhões de euros) no ano passado. As 300 pessoas mais ricas do mundo acrescentaram à sua fortuna, durante 2013, 524.000 milhões de dólares (380.000 milhões de euros), num total de 3,7 biliões de dólares. Slim, o segundo homem mais rico do mundo, foi dos poucos

Em contraciclo com as praças europeias

Bolsa de Lisboa fecha sessão em subida ligeira

O PSI20 fechou a primeira sessão do ano, ontem, a subir 0,96% em contraciclo com as praças europeias. Entre as 20 cotadas do principal índice da bolsa portuguesa, 15 subiram e as restantes cinco perderam. O BCP destacou-se a valorizar 6,97% para 0,178 euros por ação, seguido da Semapa e da Sonae Indústria, a avançarem 5,60% e 4,62% para 8,599 e 0,589 euros, respetivamente. Na Europa, as principais praças abriram positivas mas inverteram a tendências e fecharam a perder devido aos fracos dados divulgados sobre a indústria na China. Paris recuou 1,60%, Frankfurt 1,59%, Madrid 1,58%, Londres 0,46% e Milão 0,20%.

da lista que registou uma descida da sua fortuna, tendo perdio 1.400 milhões de dólares (1.015 milhões de euros). O investidor especializado em casinos Sheldon Adelson foi o segundo empresário mais beneficiado em 2013, uma vez que a sua fortuna subiu 14.400 milhões de dólares (10.443 milhões de euros), em boa parte devido ao desempenho do jogo na Ásia.


6 | O Norte Desportivo

futebol

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

Jorge Jesus assegura que está preparado para perder jogadores em janeiro

“Estou sempre em sintonia com o presidente” Sobre a Taça de Portugal, técnico do Benfica espera vitória frente ao Gil Vicente, apesar das dificuldades. O treinador do Benfica assumiu, ontem, que o jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal, frente ao Gil Vicente, vai ser difícil e lembrou as dificuldades da equipa no jogo para a I Liga. “Já passaram alguns meses em relação ao jogo do campeonato com o Gil Vicente, mas não nos esquecemos que para vencer [2-1] sofremos e bem até ao fim. É um alerta para nos dizer que será um jogo difícil, mas numa competição diferente, em que não contam os pontos e tem de ficar decidido”, disse Jorge Jesus, na antevisão do encontro de amanhã. Na mesma conferência de imprensa, o treinador “encarnado” admitiu que o Benfica está melhor do que em agosto – quando recebeu o Gil Vicente na segunda jornada da I Liga –, e, apesar de destacar ainda a evolução do conjunto de Barcelos, referiu a sua ambição de seguir em frente na competição. “O Benfica está melhor do que nesse jogo, o Gil Vicente também, e esperamos fazer um jogo capaz e que a equipa possa vencer a eliminatória”, salientou. Na época passada, a equipa do Benfica perdeu a final da Taça de Portugal frente ao Vitória de Guimarães, depois de ter saído derrotado na visita decisiva ao FC Porto, para a I Liga, e de ter sido batido pelos ingleses do Chelsea, na final da Liga Europa. “Não me importava que este ano fosse igual ao ano passado, mas que depois conquistasse títulos. Chegar às finais só se consegue com um somatório de vitórias, depois falta o título. Conseguimos muitas vitórias mas não conseguimos os títulos”, concluiu. “Campeonato é a prioridade”

O treinador do Benfica afirmou ainda que está preparado para perder algum futebolista durante

Benfica. “Temos um plantel na equipa principal que não é fácil reforçar com outro elemento de dentro ou de fora”, disse Jesus

FC Porto prepara Taça

Quintero e Ghilas ausentes do treino dos «dragões»

As ausências de Quintero e Ghilas e as presenças de Rafa e Ruben Alves marcaram o treino de ontem do FC Porto, no Olival, inserido na preparação da receção ao Atlético para a Taça de Portugal. Após ter cumprido o primeiro treino de 2014 no Estádio do Dragão, o plantel do FC Porto regressou ao Olival, numa sessão em que o trei-

nador Paulo Fonseca chamou o lateral-esquerdo da equipa B Rafa e do avançado Ruben Alves, dos Sub-19. Paulo Fonseca teve 24 jogadores à disposição no penúltimo treino de preparação para o encontro de amanhã com o Atlético, pelas 18h00 horas. De acordo com os «dragões», “o médio Quintero e o avançado Ghilas estiveram ausentes da sessão, limitando-se a realizar tratamento a uma entorse no tornozelo direito e a uma contusão no joelho esquerdo, respetivamente”.

o mês de janeiro, referindo que está em sintonia com o presidente do clube e que, caso aconteça, vai encontrar soluções. O técnico do Benfica explicou que é o presidente, Luís Filipe Vieira, que sabe o que é melhor para o clube e que estão ambos em sintonia. “Só vêm buscar ao Benfica os jogadores fundamentais. Seja o Matic ou outro jogador, normalmente são dos melhores e dos que jogam mais. Se sair tenho de arranjar soluções, é isso que tenho vindo a fazer no Benfica e é isso que vou fazer. Estou, como sempre, em sintonia com o presidente”, disse Jesus. No sentido inverso, o técnico admitiu que vai ser difícil contratar algum jogador, durante o mês de janeiro. “Temos um plantel na equipa principal que não é fácil reforçar com outro elemento de dentro ou de fora”, defendeu, apesar de deixar em aberto a hipótese de alguma «promoção» da equipa B, como aconteceu com Ivan Cavaleiro. Jesus explicou que é difícil que os jogadores que chegam ao plantel se consigam afirmar rapidamente, pela necessidade de adaptação ao futebol português e pela qualidade do plantel do Benfica. O treinador admitiu ainda que a equipa ainda não atingiu o nível exibicional da última época, mas salienta que o grupo tem vindo a melhorar. “O Benfica ainda não atingiu o nível que atingiu o ano passado, mas temos melhorado de jogo para jogo. Em termos práticos, em Portugal, o Benfica só perdeu o primeiro jogo, mas em relação ao que chamo de nota artística, é verdade que não tem tanto como no passado”, defendeu. Numa conferência muito marcada pelas declarações de Luís Filipe Vieira ao jornal A Bola, Jorge Jesus reiterou que o campeonato é a principal prioridade. “Não é só o presidente que diz que a prioridade é o campeonato, os adeptos também querem voltar a ser campeões, mas isso não quer dizer que não existe vontade de conquista de outras competições. Não vou fazer futurologia, para mim um treinador não tem passado nem futuro, só tem presente”, concluiu.

Médio Elias aposta no regresso ao Sporting

“Contrato é para cumprir”

O médio brasileiro Elias chegou, ontem, a Portugal. O jogador terminou o contrato que o ligava ao Flamengo na passada terça-feira e, assim, regressa ao Sporting, que rejeitou uma proposta do clube carioca para ficar com o internacional brasileiro. “Tenho contrato e é para cumprir, estou disponível e motivado mais do que nunca, para mostrar todo o meu potencial”, disse, ainda no aeroporto, esclarecendo: “não sei o que vai acontecer, ainda só falámos pelo telefone e trocámos emails.” O internacional brasileiro rejeitou também a possibilidade de baixar o salário que aufere “Tenho contrato assinado, não sei por que é que teria de reduzir”, disse Elias, assegurando que só pensa “em voltar, treinar e mostrar o futebol” de que é capaz, mas deixando as opções em aberto quando a uma transferência. “Até dia 31 de janeiro tudo pode acontecer, não só o Flamengo mas como outras equipas da Europa”, explicou. Sobre o actual momento do Sporting, Elias comentou que não está surpreendido com a campanha dos «leões» na Liga. “Sempre acreditei nos jogadores que lá estão e com os reforços o plantel melhorou”, frisou, para concluir que “vai ser difícil para arranjar um lugar” no onze.


Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2014

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O Primeiro de Janeiro | 7


1868

Há 144 anos, todos os dias consigo.

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Balanço da operação “Festas Seguras 2013”

CRÓNICAS DE UM CADÁVER ANUNCIADO (49) Minha cara amiga. Meu caro amigo. Quando afirmas que não te interessas por nada, é como se estivesses preparado a dar um passo para o abismo. Quando tu dizes que nada te aquece nem nada te arrefece, é como se te fosse indiferente estares na corda entre a vida e a morte. Quando nenhum emprego te diz alguma coisa, quando nenhuma tarefa te diz alguma coisa, quando as pessoas não significam absolutamente nada para ti, é como se vivesses tal e qual um sarcófaFilipe Abraão go que jaz moribundo na penumbra de um museu qualquer. Martins do Couto* Para ti, a vida passa-te ao lado. O desemprego, a solidão e a televisão são os teus melhores amigos. Como a sociedade te tratou mal! Como a sociedade te encostou para o canto! Como o teu espirito sucumbe, sem o teu corpo saber. A tua mente vive exclusivamente alimentada pela eletricidade dos aparelhos que povoam a tua casa, que te distraem e te mantêm distante da confusão do mundo real. Talvez os teus dias não sejam sempre iguais porque, de vez em quando, mudas os programas da televisão. Não cultivas nenhum interesse por nada, não tens curiosidade por nada, não queres saber de nada. Nem sequer estás revoltado com nada. O teu espírito não permanece quieto nem irrequieto. Desconheces o que é doce ou salgado. O teu corpo permanece configurado com a forma da tua cadeira. Nada te espanta e nada te deslumbra. Esqueceste-te de quem tu és e ainda não tiveste consciência disso. Talvez alguém te tenha dito que tu não valias nada, que tu não prestavas para nada, que tu serias para sempre um ninguém. O problema não reside no facto de te refugiares nos muros da tua casa. O problema reside no facto de tu acreditares que nada te interessa. Desculpa, meu amigo, mas isso não pode ser verdade. Até às flores e árvores interessa-lhes alguma coisa. Na obra “Empenhai-vos”, curiosa é a mensagem de Stéphane Hessel quando encontra estudantes que ainda não decidiram as suas vidas: “Interroguem-se sobre o que vos indigna ou escandaliza e, quando o descobrirem, procurem saber, em concreto, como fazer-lhes frente”. Desta forma, o autor apela e intima as novas gerações a que resistam aos escândalos que as rodeiam e as combatam com toda a energia. Com esta fantástica frase, este pioneiro da ONU lança as novas bases para os milhares de jovens em todo o mundo que ainda não encontraram uma vocação especial na sua vida, em pleno século XXI. Sem dúvida, é uma máxima a ter em conta numa europa cujos filhos estão desempregados, numa europa cujos filhos estão frustrados pelas medidas de absurda austeridade, numa Europa onde os filhos encontram-se desamparados pelas dívidas pesadas que vão herdar para o futuro. É tempo de desligares a televisão e o computador. Desliga todos os equipamentos em tua casa. Vai dar um passeio a pé ou de bicicleta. Procura saber o que te indigna e escandaliza. Sente o frio e o calor. Se estiver a chover, vai tomar um banho ao ar livre. Não te incomodes se as pessoas te considerarem um louco, pois, afinal, nada te interessa. Tenta ousar enfrentar o que existe de mais terrível contra ti: a falta de criatividade, a falta de imaginação, a falha de teres esquecido os teus sonhos mais ínfimos. Vasculha nos arquivos da memória os momentos em que tu dançaste com pés ígneos, o instante em que tu perseguiste os pirilampos ao luar, o ápice com que tu correste sem parar alimentando-te do infinito, o momento em que os teus olhos desembainharam chamas que incendiaram o mundo. Tenta recordar-te dos belos momentos, das más ocasiões, das aflições e dos sofrimentos, os horrores da existência, as angústias e consumições, as frustrações, inibições e as dores, as esperanças e os sonhos, as satisfações e as alegrias que deixaram a tua marca na terra. Tenta lembrar-te do momento em que tu viveste a vida como ela merece ser vivida. Contempla as escadas do teu percurso, analisando onde é que chegaste, o que ganhaste e, sobretudo, o que perdeste. Olha de longe para a tua vida, procurando o significado do que tu foste e o significado do que és agora. Neste momento, és um pálido reflexo de outrora. És um espetro que já não tem forças para se erguer. Vives confinado nas paredes do teu quarto, alimentando-te do conforto das tuas almofadas, nutrindo-te do sonho que um dia a tua vida irá ser diferente quando ganhares o Euro Milhões. Lamentas-te da falta de oportunidades, da falta de emprego, dos ordenados miseráveis, dos pesados impostos, da burocracia excessiva, mas nada fazes para combater estas injustiças. Queixas-te do mundo, mas não te queixas de ti próprio. Lamentas-te que nada se passa na tua vida, lamentas-te que nada se passa na terra onde vives, lamentas-te da cultura letárgica onde estás afogado, lamentas-te que não tens dinheiro para fazer nada. Até te queixas de como a tua vida é um grande lamento. Mas não te apercebes que o lamento que produzes reduz-te o espírito e absorve-te a inteligência. O teu queixume poderá ser a pedra onde irás construir o teu jazigo ou o rastilho aceso através do qual vais explodir para a vida. Que os teus gemidos sejam a catapulta para o futuro! Que as tuas queixas sejam a força que te empurrem para a aventura da tua vida. Que os teus lamentos encerrem, não a subtração do teu espírito, mas o fogo que irá alimentar a odisseia que te espera há muito tempo. Levanta-te, filho da Europa. Levanta-te, filho do mundo. Reivindica as chaves para o reino que pretendes viver na terra. Reivindica o futuro que almejas. Reivindica o presente porque tu fazes parte do futuro. Liberta-te da sombra do armagedão que habita no teu quarto. Liberta-te dos fantasmas que anunciam o apocalipse do teu corpo e do teu espírito. Ergue-te e faz soar bem alto a tua voz. O teu destino está à tua espera. In ABRAÃO, Filipe – Carta Aberta a Um Jovem Espírito – Óbidos: Sinapsis Editores, 2013. * Professor

Mais de 750 pessoas detidas A PSP deteve 772 pessoas, a maioria por condução sob efeito do álcool, e multou mais de 3500 condutores durante os 20 dias da operação “Festas Seguras 2013”, informou ontem aquela força de segurança. A operação “Festas Seguras 2013”, que decorreu entre 13 de dezembro e 01 de janeiro, terminou com 772 detidos, dos quais 366 foram por excesso de álcool, 113 por condução sem carta, 90 por mandados de detenção, 47 por droga, 43 por furto e roubo, 25 por desobediência, 24 por posse de arma ilegal e 19 por agressões e injúrias a agentes da PSP. Numa nota, a PSP adianta que foram fiscalizadas um total de 53 000 viaturas, tendo multado 3558 condutores, nomeadamente 289 por

estarem a usar o telemóvel durante a condução, 85 por conduzirem sem cinto de segurança e 42 automobilistas por não terem dado prioridade aos peões na passadeira. A Polícia de Segurança Pública refere também que foram autuados 2380 condutores em excesso de velocidade, dos quais 1.094 com uma contraordenação grave. Durante a operação, a PSP apreendeu também 20 armas de fogo e 12 armas brancas, além de mais de 11.356 doses de droga. A PSP registou igualmente, na sua área de patrulhamento, uma diminuição de 19,5 por cento da criminalidade geral e 5,1 por cento da criminalidade violenta e grave, em relação ao mesmo período do natal de 2012. A polícia

avança igualmente que os furtos em automóveis desceram 22 por cento e os assaltos dos carteiristas diminuíram 6,2 durante a época de Natal em relação ao mesmo período de 2012. Quanto à sinistralidade rodoviária, a PSP registou quatro vítimas mortais (menos duas que em 2012) e 2564 acidentes com feridos, sendo 17 de dezembro o dia em que se registou mais desastres, 240. Na nota enviada às redações, a PSP refere que os principais objetivos da operação “Festas Seguras 2013”, visibilidade policial, diminuição da sinistralidade rodoviária e dos índices da criminalidade foram alcançados. Nos 20 dias da operação, a Polícia vigiou ainda 96 residências e não verificou qualquer assalto.

Projecto “100% Cool” fiscalizou 12 mil condutores

Mais de 95% não revelaram álcool no sangue Mais de 95% dos 12 mil condutores fiscalizados na noite de fim de ano pelas brigadas do projeto “100% Cool”, que se juntou à GNR nesta operação, ou não revelaram álcool no sangue ou tinham valores dentro dos limites legais. Segundo dados divulgados ontem pela Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE), que promove o “100% Cool”, dos cerca de 12 mil condutores fiscalizados ao nível do álcool 430 revelaram excessos.

“Os jovens portugueses, de uma maneira geral, estão cada vez mais sensibilizados para a necessidade de não consumir álcool, ou fazê-lo de forma moderada, quando vão conduzir”, concluiu a ANEBE perante os resultados da fiscalização na noite de Ano Novo. Brigadas do “100% Cool” juntaram-se às ações de fiscalização da GNR nas cidades de Lisboa, Porto e Albufeira, tendo premiado cerca de 80 condutores jovens que não apresentavam álcool no sangue.

Durante as operações de fiscalização rodoviária do Natal e Ano Novo, a ANEBE levou às estradas portuguesas mensagens de sensibilização para a necessidade de os condutores não consumirem bebidas alcoólicas. Em comunicado, o secretário-geral da associação congratula-se ainda com a redução no limite da taxa de alcoolemia para recém-encartados, mas lembra que a ANEBE “defende o não consumo de álcool para os condutores”.

Viúva do general Humberto Delgado

Maria Iva Delgado morre aos 105 anos De acordo com uma nota biográfica fornecida pela família, Maria Iva de Andrade Delgado faleceu ontem em Lisboa, aos 105 anos de idade. Filha do compositor modernista Carlos de Andrade, nasceu em Leiria a 13 de maio de 1908 e era herdeira do antigo morgadio da Quinta da Cela-Velha, no concelho de Alcobaça. Casou-se a 26 de fevereiro de 1930 com o então tenente pilotoaviador Humberto Delgado, de quem teve três filhos: Humberto Iva, Maria Humberta e Iva Humberta. Segundo a nota fornecida pela

família, em 1958, “temendo embora que a candidatura de seu marido à Presidência da República tivesse graves consequências para o próprio e para a família, [Maria Iva Delgado] apoiou-o com inteira abnegação, tendo participado ativamente na mítica campanha eleitoral”. “A sua influência foi depois determinante no sentido de Humberto Delgado pedir asilo político ao Brasil, país onde estiveram juntos pela última vez em 1960. Apesar da sua sensibilidade tradicional de mãe de família, Maria Iva Delgado acabou por ter um papel indiscutivelmente político enquanto

mulher e depois viúva do ‘General Sem Medo’, só tendo autorizado a trasladação dos restos mortais de seu marido para Portugal após a restauração da democracia”, refere o texto. O corpo de Maria Iva Delgado encontra-se a partir de ontem à tarde em câmara ardente na Igreja de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, onde será celebrada missa amanhã, às 10:00, seguindo o funeral para o jazigo da família Andrade no cemitério da Cela Nova, concelho de Alcobaça, adiantou Humberto Rosa, ex-secretário de Estado do Ambiente e neto de Maria Iva Delgado.


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