Centenário da República fascículo especial # escola secundária martins sarmento
Editorial
>> No âmbito das Comemorações do Centenário da República e, de acordo com as actividades programadas pela escola para assinalar este aniversário da História nacional, o grupo disciplinar de Filosofia desenvolveu, com os alunos do 10º e 11º anos, um conjunto de actividades ligadas ao estudo de um grupo de personalidades vimaranenses da época que se destacaram em vários campos de estudo durante esta época histórica. Personalidades vimaranenses contemporâneas da 1ª República – Quem são? O que fizeram? Como se relacionaram com o evento histórico? Há fi-
lósofos entre eles? Quais as suas teorias? Tendo estas questões como norteadoras da sua investigação, os alunos partiram da toponímia local e investigaram sobre a vida e a obra de figuras vimaranenses relevantes durante a época em análise, em particular daquelas que tiveram uma produção científica e filosófica relevante, e que, de alguma forma, ainda permanecem na actualidade como figuras desconhecidas do grande público. Profª Cristiana Lopes
2 | O centenário da implantação da República Personalidades da Républica - Abel Salazar
Abel Salazar Abel de Lima Salazar (Guimarães, 19 de Julho de 1889 — Lisboa, 29 de Dezembro de 1946) foi médico, professor, investigador, pintor e resistente ao regime salazarista português, trabalhou e viveu no Porto. As suas obras artísticas, com referências sociais, antecipam o movimento neorrealista na pintura portuguesa. O reputado Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto presta-lhe homenagem. Biografia
B.I. Nascimento: 19 de Julho de 1889 Guimarães, Portugal Morte: 29 de Dezembro de 1946 Lisboa, Portugal Nacionalidade: Portuguesa Ocupação: Médico, cientista, professor, artista plástico e prosador
Obras
1909: Abel Salazar entra na Escola Médico-Cirúrgica do Porto 1915: conclui o curso de Medicina e apresenta a sua tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica (classificada com 20 valores). 1918: tem nesta altura 30 anos. É nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Funda e passa a dirigir o Instituto de Histologia e Embriologia da universidade. Como investigador, contribuiu, nomeadamente, com trabalhos relativos à estrutura e evolução do ovário (cria o método de coloração tano-férrico de Salazar). 1919 – 1925: o seu trabalho torna-se internacionalmente conhecido e publicado em várias revistas científicas internacionais. Abel Salazar participa em numerosos congressos no estrangeiro. 1921: casa-se com Zélia de Barros (não tiveram filhos). 1928: ao fim de 10 anos de trabalho, Abel Salazar sofre um esgotamento, interrompendo, por isso, a sua actividade durante quatro anos para se tratar. 1931: regressa à faculdade e encontra o seu gabinete desmantelado e o instituto que fundara praticamente ao abandono e desprovido da biblioteca. Nos anos que se seguiram, reconstruiu o laboratório e prosseguiu o trabalho nas áreas de Ciência, Arte e Filosofia. 1935: é afastado da sua cátedra, do laboratório; é proibido de frequentar a biblioteca e de ausentar-se do País pela Portaria de 5 de Junho desse ano, dada “a influência deletéria da sua acção pedagógica sobre a mocidade universitária”. Com o seu afastamento forçado da vida académica, Abel Salazar desenvolve em sua casa uma produção artística variada: gravura, pintura mural, pintura a óleo de paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados, muitos hoje expostos na Casa-Museu Abel Salazar, em S. Mamede de Infesta.
Marcas de Abel Salazar na cidade de Guimarães 1
• Ensaio de psicologia filosófica. Porto, 1915. 1 vol. • L’Institut d’Histologie et d’Embryologie. Porto, 1925. 1 folh. • Notes de laboratoire. Coimbra, 1932. 1 folh. • Procédé rapid de dessin rnicroscopique. Coimbra, 1932. 1 folh. • Travaux de l’Institut d’Histologie et d’Embryologie. Porto, 1933. 1 folh. • A posição actual da ciência, da filosofia e da religião. Lisboa, 1934. 1 folh. • Uma primavera em Itália. Lisboa, 1934. 1 folh. • A posição actual da ciência e da filosofia. Lisboa, 1934. 1 folh. • Colaboração na «Revista de Guimarães»: • A Sciencia e a Arte. (Vol. 1,1884, p. 77). • As Artes mechanicas. (Vol. II, 1885, p. 36). • Carta a uma Senhora. (Vol. IV, 1887, p. 165).
2 1: Placa informativa da Alameda Abel Salazar 2: Placa informativa da casa onde nasceu Abel Salazar (Largo do Toural, Guimarães) 3: Busto de Abel Salazar, junto à Caixa Geral de Depósitos (da escultora Irene Vilar)
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4: Alameda Abel Salazar (onde fica situada a Escola Secundária Martins Sarmento) Fotografias: tiradas no âmbito da visita de estudo da disciplina de Filosofia
Cristiana Marinho - 12º Ano http://www.csarmento.uminho.pt/ndat_24_det.asp?autorID=2 (Abel Salazar) | http://pt.wikipedia.org/wiki/Abel_Salazar (Abel Salazar)
O centenário da implantação da República | 3 Personalidades da Républica - Abel Salazar
Hipácia Abel Salazar, em 1935, escreveu um texto intitulado “Um símbolo”, dedicado a Hipácia, onde afirma que o nome desta mulher “merece ser recordado, nos tristes tempos de hoje”. A leitura deste artigo suscitou-me duas perguntas: Quem foi Hipácia? Por que razão Abel Salazar a considera um símbolo?
>> Hipácia foi uma matemática e filósofa neoplatónica, nascida em Alexandria por volta de 355, tendo morrido, assassinada, em 415. Era filha de Theon, filósofo, astrónomo e matemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria. Hipácia foi criada num ambiente de ideias filosóficas; tinha uma forte ligação ao pai que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientações paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helénico de ter a mente sã num corpo são. Hipácia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A oratória e a retórica também não eram descuidadas. Quando adolescente, deslocou-se a Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatónica, onde não demorou a destacar-se pelos esforços para unificar a matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio e Plotino. Ao retornar a Alexandria, tornou-se professora na Academia onde fizera a maior parte dos seus estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos, já era directora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período. Um dos seus alunos foi o notável filósofo Sinésio de Cirene, que lhe escrevia frequentemente. Através destas cartas, sabemos que Hipácia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrómetro e a bússola. Sabemos também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto, tendo escrito um tratado sobre o assunto. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides. Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas matemáticos, sendo muito procurada para esse efeito. Era obcecada pelo processo de demonstração lógica. Quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade.
A sua morte ocorreu em 415; quando regressava do Museu, Hipácia foi atacada em plena rua por cristãos enfurecidos; foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o seu corpo sido dilacerado por conchas de ostras. Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira. Tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, acto que enfureceu o bispo Cirilo, patriarca de Alexandria e seus correlegionários. Devido à influência política que Hipácia exercia sobre Orestes, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge. Para Abel Salazar, Hipácia é um símbolo porque junta à beleza o talento, ao talento a coragem, e à coragem o martírio e, como o martírio é devido a uma nobre causa, Abel Salazar considera Hipácia uma deusa cujo nome deve ser recordado. Neste artigo, Abel Salazar realça, mais uma vez, a importância da mulher, tantas vezes presente na sua obra. Aqui, enquanto intelectual; nos seus desenhos, enquanto mulher doméstica e trabalhadora; em todos os casos, enquanto elemento central da sociedade, muitas vezes incompreendida, injustiçada e martirizada. É curioso notar também o forte contraste que Abel Salazar estabelece entre Hipácia, farol da cultura ocidental, uma deusa, e a mulher portuguesa, analfabeta e remetida para os trabalhos duros e para as lides domésticas. Com este contraste, talvez ele quisesse chamar a atenção para a deusa existente na mulher que a sociedade portuguesa da época, “os tristes tempos de hoje”, não permitia manifestar-se em todo o seu esplendor. Tânia Silva – 12º Ano SALAZAR, Abel, “Um símbolo”, in NOGUEIRA, Jofre Amaral (selec. e introd.), O pensamento de Abel Salazar (antologia), Editorial Inova, pag. 237-238.
Agora é o título de um filme espanhol dirigido por Alejandro Amenábar, lançado na Espanha, em 9 de outubro de 2009. O filme é estrelado por Rachel Weisz e Max Minghela e relata a história da filósofa Hipátia, que viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, época da dominação romana. Durante o relato, a história apresenta uma licença romântica, incluindo uma ligação entre Hipátia e um de seus escravos.
4 | O centenário da implantação da República Personalidades da Républica
O professor >> Adelaide Estrada foi aluna de Abel Salazar e, mais tarde, sua colaboradora nos trabalhos científicos. Tem uma bibliografia científica extensa e pertenceu à “Société de Biologie” de Paris. No artigo “Inquérito sobre Abel Salazar” (1) apresenta o Mestre como um professor que guiava os alunos em vez de os ensinar, como normalmente acontece. Em vez de dar resposta fácil às dúvidas, levava os alunos a responder colocando-lhes perguntas. E ensinava todos os que quisessem, a porta da sala de aula estava sempre aberta. Não se importava com a religião e as opiniões políticas de quem ensinava; se quisessem trabalhar e aprender o Mestre ensinava. Também nunca marcava falta a quem não estava presente nos trabalhos laboratoriais.
Aqueles que não estavam interessados e que não queriam trabalhar ficavam de fora. Quem não sabia como se fazia alguma coisa era mandado ir ler nos livros da biblioteca ao lado do laboratório modesto onde trabalhava. A maneira como viveu tem tudo a ver com esta maneira de dar aulas a quem quisesse; também deu as suas obras àqueles com quem vivia. Além da obra literária que inclui Paris em 1933, Um estio na Alemanha, e outras, também deixou obras pintadas, desenhadas e esculpida e, no meio destas, muitos retratos de pessoas que admirava, por exemplo Einstein. Sendo o trabalho dele tão válido, acho lamentável que tenha sido expulso da uni-
versidade, como aconteceu em 1935. Expulsar um professor com criações científicas originais e com o seu nível pedagógico como se mostra neste texto não devia ser possível. Sendo o método de ensino de Abel Salazar um método mais prático, em que o aluno é que tinha de pensar por si próprio em vez de ter um professor a dizer as respostas e alunos a tomar notas, eu gostaria de ter um professor como ele! Peter Andersen- Aluno dinamarquês que frequentou a nossa escola (1) ESTRADA, Adelaide. “Inquérito sobre Abel Salazar”, in Presença de Abel Salazar, Porto, Editorial Inova Limitada, 1969, pp 100-113
Confissão de fé : A vida ou a vida >> Abel Salazar, em vários textos que explanam o seu pensamento, pretende descobrir qual é a finalidade da vida, confessando que, na sua opinião, ela consiste no próprio acto de viver. Para ele, a obra de um artista, após realizada, passa apenas a ser alvo de um interesse de curiosidade, mas não como um interesse vital que lhe deu origem; ou seja, os sentimentos (sofrimento, dor, euforia, desespero, etc.) usados na sua execução desaparecem, desaparecendo com eles o interesse que o faz viver. Para Abel Salazar, até aqueles que duvidam do valor da sua própria existência, tal como os cépticos, os pessimistas ou os ascetas, têm a finalidade de viver: “Na gestação, realização, defesa e propaganda dessa ascese, desse cepticismo está o acto que os sustenta e vivifica” – acto de viver. Afirma que, se isto não ocorresse, reduzir-se-iam ao absoluto silêncio. Mas que até mesmo neste Silêncio ou Nirvana praticado, por exemplo, por um budista encontra-se sempre o acto vital pois, como ele declara, “os fanáticos do Nada não repararam em que desse Nada e para esse Nada vivem”. Ou seja, para um budista o Nada é tudo e assim vive para ele. Acompanhando o Budismo, estão todos os abdicacionistas (como Xáquia-Múni, Nietzsche, Cristo, etc.) que negam a acção vital deixando que esta lhes
ocupe a vida inteira, residindo aqui a sua finalidade de viver. Estes vivem o acto com a mesma intensidade de qualquer outra pessoa, uma vez que o “acto de viver é independente da positividade ou negatividade dos seus resultados” – não interessa se este é vivido pelo Nada ou por outra crença, pois no final encontramos sempre o acto de viver. Até os niilistas (apoiantes da corrente filosófica que concebe a existência humana como desprovida de qualquer sentido) que tentam com todos os esforços não viver, vivem num acto vital tão intenso como se o ideal fosse o contrário. Salazar opõe-se, também, à existência de um Além, como crêem as religiões ou miragens justificando que isto apenas acontece porque as pessoas projectam as suas ambições, arquitectam utopias acabando por ser, inevitavelmente, o acto de viver a causa da realidade destes fenómenos. Abel Salazar conclui que “a vida vinga-se assim do próprio homem que a pretende anular; porque no seu esforço, de resto pueril, em a esvaziar da sua substância, ela ressurge mais real do que nunca”. Até as ideias mais negativas estão longe de ser a aniquilação da vida, mas, sim, a sua afirmação. Eu concordo com a opinião de Abel Salazar, pois, tentando não viver, nós acabamos
sempre por fazê-lo - viver. Mesmo quando não gostamos da nossa vida, são esses sentimentos que nos fazem viver, lutar, assegurando, assim, o seu objectivo: o acto de viver. Ninguém sobrevive do Nada, pois ao lutarmos por esse mesmo Nada estamos a envolver-nos nele e a viver para ele. Esta teoria poderia ser refutada com o exemplo do suicídio, mas até nesta situação acontece algo semelhante, pois quando alguém pensa no suicídio não quer dizer que a pessoa não tenha sede de viver, mas sim que esta apenas não aguenta o esforço vital que isso implica. Ou seja, a força sentimental e emocional precisa para o acto de viver é maior que aquela que possuímos, fazendo com que, mesmo desejando viver, este acto não seja possível. Concluindo, tal como Salazar afirma, temos de aceitar que a finalidade da vida é na verdade o acto de viver. Aceitar esta constatação permitirá ao homem ter uma ideia mais verdadeira de si mesmo e dar origem a uma nova era filosófica onde a vida como acto constituirá o vector principal. Ana Débora – 12º Ano SALAZAR, Abel, “Confissão de fé”, in NOGUEIRA, Jofre Amaral, O pensamento de Abel Salazar, Editorial Inova, 1972, pp. 233-239
O centenário da implantação da República | 5 Personalidades da Républica
Alfredo Pimenta “O nome do Dr. Alfredo Pimenta é mais conhecido entre os positivistas franceses do que em Portugal; é preciso que chegue para ele a sua hora de justiça, associando o seu talento à obra da reorganização da nossa nacionalidade.” (Teófilo Braga)
Vida e Obra >> Nasceu a 3 de Dezembro de 1882, pelas três horas da manhã, em S. Mamede de Aldão, concelho de Guimarães, tendo sido baptizado no dia 4 de Dezembro, na Igreja de S. Romão de Rendufe, também em Guimarães, pelo pároco da paróquia, o Presbítero Constantino António Barbosa. Vive com a família em Guimarães até 1890, data em que se mudam para Braga, para uma casa na Rua de S. Vítor. Já em Braga, entra no Colégio Académico “A Guadalupe” e mais tarde no “Espírito Santo”. Regressa pouco tempo depois a Guimarães com os pais, transferindo-se para o Colégio de S. Nicolau, no Largo de Santa Clara e posteriormente na Casa do Beringel, dirigido então pelo Cónego José Maria Gomes, que, na altura, duvidava que Alfredo Pimenta viesse a conseguir ser alguém na vida, opinião que viria a mudar radicalmente alguns anos depois, quando o próprio Cónego se torna admirador do seu ex-colegial. Em 1895, porém, com o falecimento de seu pai a 18 de Fevereiro e de sua mãe a 3 de Março, Alfredo Pimenta é entregue aos cuidados de um tutor: o seu tio Silvestre. Os tios inscreveram-no, então, no Externato do Padre José Maria Fiuza, onde Alfredo Pimenta recupera o tempo perdido nos estudos, dando mostras de grandes dotes intelectuais, o que o levou a concluir em poucos anos o curso transitório com os exames que fez no Liceu de Viana do Castelo. Entrou, em 1899, na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Direito, facto de grande alegria em casa dos tios. Por esta altura, Alfredo Pimenta absorve
as ideias democráticas que então circulavam no país e, particularmente, no ambiente académico de Coimbra. Em formação, estes jovens cultos assistiam a um espectáculo político decadente em que já parecia que ninguém tinha poder e que todos os órgãos políticos funcionavam como uma fachada, um “circo de cavalinhos”, como ele mesmo chega a chamar ao Parlamento. Alfredo Pimenta demora-se três anos para completar o 1º ano de Direito e dois para fazer o 2º, abandonando depois a Universidade, seduzido pela necessidade de agir pela democracia, querendo então tornar-se jornalista. Após uma chamada de atenção por parte de Teófilo Braga, Alfredo Pimenta volta a Coimbra para continuar o curso que tinha abandonado, acabando-o em 1908. Em 1910, Alfredo Pimenta vê o seu sonho realizado através da queda da monarquia e embrenha-se na política, esperançoso de que surgisse um regime ditatorial mas depressa se desilude e entra na Nova Geração Portuguesa, voltando à ideia de que a monarquia é realmente a melhor forma de governar um país. Afonso Pimenta nunca deixa de admirar e gostar da sua cidade berço, escrevendo várias vezes sobre ela, saudoso. Por esta razão, volta a casa no ano de 1929, instalando-se provisoriamente na Casa de Madre Deus. Cria-se, então, em 1931, o Arquivo Municipal, do qual fica director. Em consequência deste seu novo cargo, Alfredo Pimenta passou a vir todos os anos passar alguns meses à Casa de Madre Deus, casa pela qual passaram quase todos os seus amigos.
Um grupo de amigos começou a juntar-se para um jantar íntimo de homenagem a Alfredo Pimenta, todos os anos. O último destes jantares foi realizado em Guimarães a 23 de Outubro de 1948, no Hotel da Penha, jantar esse no qual os amigos lhe ofereceram um busto em bronze esculpido por Joaquim Teixeira, na altura um jovem escultor vimaranense, o que o comoveu bastante. Em 15 de Outubro de 1950, Alfredo Pimenta falece em Lisboa. Por seu pedido, ainda em vida, a 22 de Outubro de 1951, a Câmara Municipal de Guimarães homenageou-o e trasladou os seus restos mortais de Lisboa para Guimarães, onde ficou sepultado, na Capela de Nossa Senhora, em frente da Casa de Madre Deus. O conjunto das obras e estudos realizados por Alfredo Pimenta é muito vasto. Apresento, seguidamente, uma pequena resenha: • 1912 - Na Torre da Ilusão • 1914 - Alma Ajoelhada • 1906 - Mentira Monarchica • 1908 - Factos sociais • 1911 - Aos conservadores portugueses • 1913 - Política portuguesa • 1937 - Subsídios para a História de Portugal • 1937-1948 - Estudos Históricos (série de 25 pequenos ensaios) Sara Sousa – 12º Ano OLIVEIRA, Manuel Alves de, Revista GIL VICENTE
6 | O centenário da implantação da República Personalidades da Républica
O único modo para estabilizar o país >> Num capítulo da obra “Estudos Sociológicos” de Alfredo Pimenta, este tem como principal intuito a defesa da República como único modo de alcançar a paz, a serenidade e a estabilidade num país como Portugal. Desde sempre que existe uma oposição entre o corpo socialista e o corpo republicano. No entanto, Alfredo Pimenta apoia Pablo Iglezias, chefe do partido socialista espanhol, quando este afirma que, em vez de os republicanos e os socialistas persistirem com o aumento das suas disparidades e manifestações “deviam (…) recolher alento e energia para outras lutas mais sérias, nas quais se demonstre que certas instituições não podem subsistir nos povos modernos”. Estas “certas instituições” seriam, então, a própria monarquia. Pimenta aponta-lhe variadíssimos defeitos, afirmando que muita da miséria social e material lhe é devida. Acusa a monarquia de ser a causa da pobreza de Portugal, sendo esta pobreza transportada a um nível superior daquele que abrange o dinheiro: a monarquia é sinónimo de ignorância e de povo “destituído de senso cívico”. Assim, chega à conclusão de que, para se poder resolver o problema económico português, tem primeiro de se resolver o problema político de Portugal. Esta resolução será, desta forma, a instauração da República, único meio capaz de trazer ordem e, assim, progresso ao nosso país. Porém, o autor não fica por aqui, acrescentando que, embora a República possa funcionar como um remédio para Portugal, não será “um paraíso para ninguém”. Sublinha que serão necessários sacrifícios por parte dos cidadãos portugueses, os quais serão postos à prova em todos os sentidos, comparando a República a “uma grande e complicada obra a construir”. Então, sendo assim, que vantagens traria, segundo Alfredo Pimenta, a República para Portugal? Por que haveria Portugal de mudar de estratégia, quando essa estratégia traria consigo um monte de barreiras a ultrapassar?
Antes de mais, assevera que o papel da República, ao deparar-se com a situação catastrófica portuguesa, seria começar por “colocar cada um nos seus lugares”. Por outras palavras, dentro de uma mesma sociedade, cada um faria aquilo para que tivesse competência, e receberia apenas aquilo a que tinha direito, como resultado do seu trabalho. Ao mesmo tempo, apoia-se no facto de a República exigir inúmeros sacrifícios para defender que a sua maior qualidade está relacionada com esse mesmo defeito. Se com a monarquia existe uma “lamentável e desgraçada desorientação”, com a República haverá, como já atrás foi referido, progresso baseado na ordem. Só assim será permitido aos portugueses desejar e realizar os seus desejos, sendo promovida a igualdade e o respeito entre e para com os operários. Mais, enquanto que com a monarquia, “as superstições teológicas (…) são (…) a base fundamental da educação”, com a instauração da República todas essas superstições serão, finalmente, ultrapassadas, passando a população a acreditar apenas naquilo que pode ser provado. Após toda esta argumentação, o autor vai mais longe, perguntando-se a si e a nós, leitores, se não poderá a monarquia tomar o lugar que deveria ser tomado pela República. Para Alfredo Pimenta, a razão que impossibilita esta opção é o facto de faltar à monarquia força, e até vontade, para mudar algo tão enorme e trabalhoso como um país. No final do capítulo, Pimenta coloca ainda a nu o principal defeito da monarquia: a subestimação do povo português. Segundo o autor, a monarquia apenas se importa com a manutenção das aparências, dando ao povo português aquilo que ele mais quer – bens materiais – mas não aquilo de que ele mais precisa. De acordo com as palavras do autor, a monarquia está iludida e acredita piamente que o povo português é um povo fácil de ser enganado, já que, citando o mesmo, “tão convencida anda ela de que o nosso país, entre o Estômago e o
Cérebro, não hesita: vai por aquele”. Por outras palavras, para a monarquia o povo português não duvida em deixar de parte toda a sua racionalidade e capacidade de distinguir o bem do mal quando se trata de ter algo sem se esforçar minimamente para o alcançar. No meu modo de ver, a opinião do autor é plausível, na medida em que, quando nos é colocado um cenário tão negativo como aquele que foi colocado a Alfredo Pimenta, aquilo que nos parece ser a única fuga é a mudança: se já estamos muito mal, a possibilidade de mudança só pode trazer melhorias. Porém, não posso deixar de notar que, embora esta mudança da monarquia para a República se tenha de facto concretizado, não consigo ainda enumerar quaisquer mudanças substanciais que tenham ocorrido. O país continua a caminhar a paços largos e alegremente para aquilo que só pode ser o seu fim mais penoso? Continua. Não são os problemas económicos tão ou mais graves do que aquilo que eram? São. Teria sido melhor continuar com o regime monárquico? Talvez. No meu ponto de vista, a resolução dos problemas, tanto de Portugal como do Mundo, não dependem de uma mudança exclusiva do ramo político. Se alguém quer mudar para melhor não pode esperar que o país o faça por si. Uma mudança colectiva tem, antes de todo o mais, de operar individualmente. Só no momento em que todos – e quando digo todos refiro-me à completa população, começando nos chefes de estado e terminando naqueles que irão nascer – se capacitarem de que apenas a união pode fazer a força, se poderá dizer que poderá existir uma modificação positiva a nível de um país. Infelizmente para muitos, já é tempo de parar de remar contra a maré para passar a ajudar a controlar o barco. A verdadeira doutrina, essa, apenas a podemos encontrar em nós próprios. Cristiana Soares - 12º Ano
O centenário da implantação da República | 7 Personalidades da Républica
A moral positiva >> Alfredo Pimenta considera que existem dois tipos de moral, a Moral Theologica e a Moral Metaphysica que, em sua opinião, deverão ser substituídas por uma Moral Positiva. A moral Theologica supõe a existência de um ser superior que dita leis morais, castigando ou premiando aqueles que as cumprem ou não as cumprem; este tipo de moral é alicerçada pela bíblia. Já a moral Metaphysica supõe a existência de entidades abstractas a que o homem se submete como a justiça, a verdade, o bem e o amor. A moral Metaphysica é construída pelo homem e é baseada na razão humana. A Moral Positiva é diferente destes dois tipos de moral; é a ciência dos deveres e tem como único critério o interesse social. Para a moral positiva existem dois tipos de instintos: instintos individuais e instintos sociais, e conforme predominam estes instintos numa pessoa podemos considerá-la social ou anti-social. Enquanto a moral Theologica pensou em reprimir os instintos ego individuais, a moral positiva preocupa-se apenas em regulamentá-los, uma vez que a estimulação dos instintos altruístas abrandam os instintos egoístas. Os instintos individuais são: - o da conservação própria; - o nutritivo;
- o da propriedade; - o sexual; - o destruidor e construtor; - o de orgulho e vaidade. Um exemplo de necessidade de regulamentação destes instintos pode ser dado com o instinto nutritivo, pois a sua regulação leva-nos a não ter problemas de obesidade nem de alcoolismo; caso contrário podem prejudicar a vida da pessoa tanto ao nível social como económico. Os instintos sociais são: - Os de afecto – quando falamos em afecto entre iguais, queremos referir-nos a homens que vivam nas mesmas condições gerais de vida como a educação e profissão. . Veneração – é o respeito dos inferiores para com os superiores como o respeito do filho em relação ao pai. - Bondade – Aqueles que mandam devem ser bondosos, pois quem manda, manda para o bem. Só quando estes três sentimentos forem compreendidos e forem a base da vida humana é que estão reunidas as condições necessárias para que se possa atingir a harmonia. Mas como o homem não é só sentimento, mas também inteligência, a sua educação ficaria incompleta se pensássemos apenas em regulamentar os seus sentimentos. Apesar disso, o homem não deve pensar por pensar, mas sim pen-
sar para melhorar as condições de vida da existência da humanidade. Por fim, o homem também é actividade e, do mesmo modo que o homem não deve pensar por pensar, também não deve trabalhar por trabalhar, para não se transformar numa máquina. Pelo contrário, o homem deve ter consciência do seu trabalho e dar-lhe sempre um fim. Temos que ter presente a ideia de que o salário não deve ser considerado como um pagamento mas sim como um meio de subsistência para nós e para a nossa família. Apesar de o trabalhador receber o salário como uma máquina recebe energia, devemos-lhe mais afecto, carinho, simpatia e auxílio; este, por sua vez, também deve ter consciência que o trabalho é um dever social que deve cumprir honesta e conscientemente. O fim da vida humana deve ser conhecer, amar e servir a família, a pátria e a humanidade. Hoje, mais do que nunca, no meio de toda a desordem em que vivemos, é necessário convencermo-nos de que o nosso fim e o fim de todos nós é esse. Luís Sousa 12ºAno [1] PIMENTA, Alfredo, Estudos Sociológicos, Centro de Publicidade Editora, Lisboa, 1913, pp. 256-263.
8 | O centenário da implantação da República Página de Espanhol
Revolución del 5 de octubre de 1910 La proclamación de la Primera República Portuguesa fue el resultado de la Revolución del 5 de octubre de 1910 que en esa fecha pone fin a la monarquía en Portugal.
Contexto >> El movimiento revolucionario del 5 de octubre de 1910 se dio como una secuencia natural de la acción doctrinaria y política que se venía desarrollando en Portugal desde la creación del Partido Republicano en 1876. La propaganda republicana supo sacar partido de algunos hechos históricos de repercusión popular: las conmemoraciones del centenario de la muerte de Camões, en 1890, y los disturbios provocados por el ultimátum británico de 1890 fueron aprovechados por los defensores de las doctrinas republicanas, los cuales lograron identificarse con los sentimientos nacionales y aspiraciones populares portugueses. Elias Garcia, Manuel Arriaga, Magalhães Lima, así como el obrero Agostinho da Silva, fueron personajes importantes de las asambleas de propaganda republicana en 1880. El tercer centenario de la muerte de Camões, fue conmemorado con actos sig-
nificativos —como el cortejo cívico que recorrió las calles de Lisboa, entre gran entusiasmo popular y, también, el traslado de los restos mortales de Camões y Vasco da Gama al Panteón Nacional. Las luces y el aire de fiesta nacional que caracterizaron estas conmemoraciones completaron el cuadro de exaltación patriótica. La idea de las conmemoraciones en honor de Camões había partido de la Sociedad de Geografía de Lisboa, si bien la ejecución correspondió la una comisión de representantes de la Imprensa de Lisboa, constituida por el vizconde de Jorumenha, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Batalha Reis, Magalhães Lima y Pinheiro Chagas. El Partido Republicano, al que pertenecían las figuras más representativas de la Comisión Ejecutiva de las conmemoraciones del tricentenario, ganó gran popularidad, consiguiendo un escaño en el parlamento y logrando fundar un periódico nacional.
La revuelta >> Durante el breve reinado de Manuel II de Portugal — que ascendió al trono después del atentado en el que murió Carlos I de Portugal, así como su hijo y heredero, Luis Felipe, Duque de Braganza—, el movimiento republicano se afianzó, llegando incluso la ridicularizar a la monarquía.El 3 de octubre de 1910 estalló la revuelta republicana, que ya se adivinaba en el contexto de la inestabilidad política. Aunque muchos de los involucrados rechazaron participar —llegando incluso a parecer que la revuelta había fracasado— la victoria se debió también a la incapacidad del gobierno para reunir tropas que dominaran a los cerca de doscientos revolucionarios que resistían
armas en mano. Con la adhesión de algunos buques de guerra, el gobierno se rindió, los republicanos proclamaron la República, y Manuel II de Portugal se exilió. Wikipédia
Impacto de la proclamación de la I República portuguesa en España a través de la prensa >> El 5 de octubre de 1910 se proclamó la primera república portuguesa, una rápida revolución acabó con la monarquía en Portugal. La noticia fue muy bien acogida entre los republicanos españoles que siguieron los acontecimientos a través de la prensa. Los principales diarios de Madrid y Barcelona recibieron puntualmente las novedades sobre el cambio político, por fuentes directas o indirectas, y se aprestaron a publicarlas sin más demora. A partir del día 6 de octubre las portadas de los periódicos fueron para la revolución portuguesa que siguieron contando los sucesos durante todo el mes de octubre. La mayoría de países acogieron la noticia con cautela y no reconocieron a la nueva republica con rapidez. Las expectativas creadas sobre la evolución de la nueva republica provocaron un enorme interés en España por todo lo que estaba sucediendo en Portugal. Las novedades eran seguidas a través de la prensa. Una causa puede ser la proximidad y las posibles consecuencias inmediatas para España, pero también hay que buscar en otras causas el gran interés de España por la recién proclamada Republica Portuguesa. Sólo había pasado un año de los sucesos de la Semana Trágica de Barcelona y del impresionante eco que tuvo la ejecución de Ferrer y Guardia, cabeza de turco de los importantes disturbios, en Europa. No es de extrañar que los elementos más avanzados de la política española vieran a la recién estrenada Republica Portuguesa como una esperanza, como una posible salida también para España. Por otra parte los sectores monárquicos, estupefactos después de la noticia de la proclamación y posterior evolución de la republica portuguesa, contemplaron la posibilidad de anexionarse Portugal. Las noticias llegadas de Portugal no eran iguales en toda la prensa. La inclinación política del periódico condicionaba completamente la visión. Prof. António Mendes
10 | O centenário da implantação da República Página de Francês
La République Française et ses Révolutions >> En France, du 5 mai 1789 au 9 novembre 1799, il y a eu la Révolution Française, à cause du mécontentement du peuple avec la monarchie de Louis XVI. 1793 et 1794 ont été les années de terreur, car les républicains poursuivaient tous ceux qui étaient contre la république et tous ceux qui pouvaient être une menace pour la concrétisation des objectifs républicains. L’une des victimes a été la reine Marie Antoinette, femme de Louis VI qui a été mort au début de la Révolution. Leurs fils n’ont pas échappé n’ont plus. La première constitution française date de 1791 et la première république de 1792, sous de commandement des Jacobins. À la même époque, est élaborée la Déclaration des Droits de l’Homme et du citoyen. Le 14 Juillet 1789, les républicains ont
pris la Bastille, à Paris. C’était une prison pour les personnes de qualités (nobles, grands bourgeois). Le peuple parisien pris la bastille pour y chercher de la poudre et il s’agissait également pour les révolutionnaires de s’emparer du dernier bastion royal à Paris. Le 14 juillet est jour férié en France, pour fêter la République Française. Dès que Jacques Chirac a été président, il y a des défilés. En 1994, les soldats allemands (les eurocorps) ont participé aux défilés comme geste de réconciliation. En 1989, François Mitterrand a invité les chefs d’États à participer au spectacle particulier de Jean Paul Goude Géant « La Marsellaise », pour célébrer le bicentenaire de la révolution.
LE 5 OCTOBRE PORTUGAIS -L’écho d’une révolution, en France
10º LH3
Nouvelles habitudes à la loupe du Français >> Le XVIII siècle a salué une individualisation de la nourriture, c’est-à-dire, un plat et ses couverts par personne. C´est à ce moment l´initiation de l´utilisation fréquente de la fourchette et de nouveaux plats et nouvelles pratiques alimentaires. Au long du siècle, apparaissent les fondements de la modernisation des repas: l´élégance sur la table, l´étiquette, le comportement à table pour manger et boire. La nourriture dans les plats a été fortement influencée para les accompagnements et l’expulsion de l’habitude de l’ail et de l’oignon: légumes, végétaux, les verts, tempérés passaient à donner des couleurs aux plats. Sevcenko dit que la culinaire Française c´ est comme l’une des grandes conquêtes de la Révolution Française. 10º LH3
10º LH3 Profª Cristela e Profª Fátima Lopes
O centenário da implantação da República | 11 Vários
República e a Educação Antes da implantação da República a esmagadora maioria da população era analfabeta.
• Criaram as Universidades de Lisboa e Porto (ficando o país com três universidades: Lisboa, Porto e Coimbra);
Os Republicanos: • Criaram o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;
• Concederam maior número de “bolsas de estudo” a alunos necessitados e passaram a existir escolas “móveis” para o ensino de adultos.
• Tornaram o ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos; • Criaram novas escolas do ensino primário e técnico (escolas agrícolas, comerciais e industriais); • Fundaram “escolas normais” destinadas a formar professores primários;
Livros: Era uma vez a República Um livro de José Fanha, no ano em que se comemora o seu centenário (19102010) - 5 de Outubro. Um livro que faz história. Será que sabemos o que é uma República? Qual é a diferença entre a República e a Monarquia? Quem concebeu O Mapa Cor-de-Rosa? Como é que nasceu o Hino Nacional? Como é que se escolheu a nova bandeira portuguesa? Quem é que era eleito para o Parlamento? O que é a Maçonaria? E a Carbonária? Porque é que assassinaram o rei D. Carlos? Quem foi Afonso Costa? Porque é que chamavam o Presidente-rei a Sidónio Pais? De uma forma bastante coloquial, José Fanha elabora um conjunto de textos sobre o 5 de Outubro de 1910, onde nos relata os antecedentes que levaram à implantação do regime republicano em Portugal. Ano da Edição/ 2010 Editora/ Edições Gailivro http://revisitaraeducacao.blogspot.com/2010/09/ era-uma-vez-republica.html
Letra do Hino Nacional “A Portuguesa” Heróis do mar, nobre Povo, Nação valente, imortal Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria, sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória! Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar. Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! Desfralda a invicta Bandeira, À luz viva do teu céu! Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu Beija o solo teu jucundo O Oceano, a rugir d’amor, E o teu braço vencedor Deu mundos novos ao Mundo! Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar. Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! Saudai o Sol que desponta Sobre um ridente porvir; Seja o eco de uma afronta O sinal de ressurgir. Raios dessa aurora forte São como beijos de mãe, Que nos guardam, nos sustêm, Contra as injúrias da sorte. Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar. Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! Letra: Henrique Lopes de Mendonça Música: Alfredo Keil
Teófilo Braga A mulher do Dr. Teófilo Braga era natural do Porto, mas oriunda de S. João Airão, freguesia vizinha do concelho de Famalicão, mas pertencente a Guimarães. Nessa freguesia, tinha uma quinta, a Quinta da Pereira, onde o casal passava grandes temporadas. O Dr. Teófilo Braga escreveu algumas das suas obras nesta freguesia, bem como Lendas de Airão.
12 | O centenário da implantação da República Curiosidades
Relógios Republicanos
>> Temos aqui mais um exemplo da utilização do nome da República e/ou de nomes de políticos republicanos na publicidade. Desta feita, trata-se de chapéus, acessório indispensável na toilette dos homens nesta época. Quem é que não quereria estar na moda e usar um chapéu Dr. Afonso Costa? Era a publicidade da Chapelaria A Social, publicada no Jornal A Luta, em 1907. Fonte: 1907- No advento da República
A bandeira nacional >> Depois de proclamada a República o governo não perdeu tempo e logo a 15 de Outubro reuniu um grupo de gente com grande prestígio para que elaborasse um projecto de bandeira. Desse grupo faziam parte: o pintor Columbano Bordalo Pinheiro; o jornalista João Chagas; o escritor Abel Acácio de Almeida Botelho; o capitão de artilharia José Afonso Pala e o primeiro-tenente da Marinha António Ladislau Parreira. Naturalmente inspiraram-se nas bandeiras dos centros republicanos e das sociedades secretas que tinham contribuído para o êxito da revolução. Para justificar os motivos da escolha da bandeira actual elaboraram um relatório. Os motivos apresentados, em resumo, baseavam-se no seguinte: o vermelho “cor combativa e quente, é a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante,
ardente, alegre. Lembra o sangue e incita à vitória”; o verde “cor da esperança e do relâmpago, significa uma mudança representativa na vida do país”; a esfera armilar é o símbolo dos Descobrimentos Portugueses, a fase mais brilhante da nossa História, portanto deve aparecer na bandeira; o escudo com as quinas deve continuar na bandeira como homenagem à bravura e aos feitos dos portugueses que lutaram pela independência; a faixa com sete castelos também deve permanecer porque representa a independência nacional. A aprovação da Bandeira Nacional provocou grandes discussões e houve gente que imaginou outros modelos. Muitos desses modelos foram publicados em jornais, revistas, postais e num almanaque da época.
Conjunto de Bandeiras que integraram o concurso da selecção da Bandeira Nacional
Os selos nos primeiros anos da República
>> «Os selos foram uma das armas utilizadas pelos republicanos para fazer chegar à população os seus ideais e tornar mais conhecidos os seus dirigentes. Estes selos eram muitas vezes apostos na correspondência lado a lado com os selos emitidos pelos correios, recebendo também o carimbo da respectiva circulação.» Até 1912, os selos existentes continuaram a ser utilizados sendo-lhes realizada uma pequena modificação através de um carimbo a dizer REPÚBLICA. A primeira série de selos republicanos foi lançada em 1912, recebendo o título de CERES, por neles figurar a deusa grega Ceres, deusa das plantas e do amor maternal. Os selos registavam também a inscrição “REPÚBLICA PORTUGUESA”, no topo e “CORREIO” em baixo da figura. Fonte: Fundação Mário Soares
Fonte: http://www.centenariorepublica.pt/escolas/s%C3%ADmbolos-da-rep%C3%BAblica/ bandeira-nacional