02 As tecnologias digitais na aprendizagem: possibilidades e desafios Equipe Pedagógica Educrescere Crianças e jovens andam com seus telefones celulares, escutando músicas enquanto trocam mensagens; deslizam os dedos nas telas para acessarem vídeos e aplicativos com desenhos animados. Essa geração possui características diferentes das anteriores, principalmente na forma de obter informações, que acontece rápida e imediatamente, além de interagir com diversas mídias ao mesmo tempo. Eles pensam e processam informações de forma diferente, constantemente conectados com seus pares, seja através de seus celulares e mensagens instantâneas, ou de computadores ligados à rede. Podemos afirmar que o principal contraste entre as gerações não se trata apenas do que esses jovens estão fazendo, mas também como estão fazendo. Para eles, por exemplo, não faz sentido ler o manual de um aplicativo ou de um jogo para saber usá-lo. Ao invés disto, preferem experimentar, num processo de tentativas e erro, ir se apropriando da lógica para utilizá-lo. Eles se sentem estimulados e motivados a participar de atividades que os convidem a interagir, simplesmente não conseguem ficar parados ou sentados, vendo o professor falar-ditar e depois repetir o que foi dito. É muito claro que o celular, o computador e qualquer outra forma dinâmica será muito mais interessante do que a recepção passiva na sala de aula. De um lado, temos a geração dos pais e professores, vindos de uma cultura de transmissão passiva do conhecimento, em que a aprendizagem se dava através do falar-ditar do professor e re-
petir para memorizar do aluno, e, do outro lado, temos os nativos digitais que querem ser agentes do processo, e não simplesmente ouvintes ou espectadores. E o queremos dizer com tudo isto? A intenção é demonstrar que estamos diante de pessoas que apresentam diferente forma de aprendizagem, que não é baseada em informações/instruções (que seria dada pelo manual), mas numa busca do que se precisa aprender, explorar e sentir (a forma como o programa funciona). Hoje, nossas crianças aprendem fazendo. A curiosidade que as intriga é a força motriz para experimentar, ter acesso ao conhecimento e, assim, construir seu processo de aprendizagem, de forma interativa e dinâmica. No entanto, quem é da geração anterior ainda encontra dificuldades para lidar com isso e sempre se surpreende com o quanto é fácil para seus filhos e estudantes usarem a tecnologia em suas tarefas diárias. É indispensável que tanto educadores como pais estejam familiarizados com este mundo digital e intenso, para que suas ações e propostas de ensino sejam eficazes. Não adianta travar um braço de ferro com os videogames e celulares! Ao invés de tentar eliminá-los da rotina diária de estudantes, a saída seria oferecer atividades em que é necessária a participação ativa desses alunos, baseadas em atividades on-line, games e exercícios interativos. Educadores atualmente precisam ter um perfil de flexibilidade e, talvez, até uma certa humildade e disposição para aprender com seus alunos, a fim
de unirem-se em redes digitais e construir redes de aprendizagem, permitindo rever e redimensionar suas práticas. O professor, com seu saber pedagógico, aliado ao saber tecnológico do aluno, pode produzir tecnologias educacionais, que aliem a produção e a construção com a participação interativa, resultando em propostas didáticas mais atrativas e motivadoras, que contarão com a participação efetiva e ativa de todos os atores do processo. É urgente motivar e dialogar. Os estudantes devem ter sua curiosidade atiçada, caso contrário, as tecnologias e mídias digitais serão vencedoras neste braço de ferro. Migrar de um modelo que compreende a transmissão do conhecimento de “A para B” ou “A sobre B”, para “A com B”, como sabiamente afirmou Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros, compreende também falar a mesma linguagem que os estudantes. Para atingir esses estudantes e conquistar seu comprometimento com sua aprendizagem, nós – como pais e educadores – precisamos ter em mente que suas expectativas, desejos e necessidades estão relacionados a informações e recursos interativos, referentes a experiências reais de vida. Devemos reconhecer que o uso da internet, recursos e ferramentas digitais acontece o tempo toda na vida destes jovens e que trazê-los para as atividades escolares, sob a orientação educacional de seus professores, só resultará em benefícios para os dois lados. contato@educrescere.com.br O tabloide “O Progresso da Criança” é uma publicação da Empresa Jornalística O Progresso de Tatuí. Redação: Praça Adelaide Guedes, 145 - Centro - Tatuí -SP Tel.: (15) 3251-3040 / www.oprogressodetatui.com.br Jornalista responsável IVAN CAMARGO Reportagens e fotos: BRUNNO VOGAH Projeto Gráfico e diagramação ERIVELTON DE MORAIS
expediente
Revisão ANA MARIA DE CAMARGO DEL FIOL Arte final ALTAIR VIEIRA DE CAMARGO (BISTEKA)
Da reportagem
a m o c o ã ç a p u Preoc l e v á d u a s o ã alimentaç INÍCIO NO BERÇO;
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R DEVE TER EDUCAÇÃO ALIMENTA A ADOLESCÊNCIA TÉ A E U G SE O Ã Ç PA U C PREO
Com mais crianças com sobrepeso e obesidade, os pais devem redobrar a atenção com a alimentação dos filhos. Segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), 7,3% das crianças com até cinco anos estão acima do peso. De acordo com a nutricionista Ana Flavia Almeida de Camargo, da Clínica Sigma, o sobrepeso e a obesidade infantil são preocupantes, inclusive, em Tatuí. A profissional tem notado aumento de crianças acima do peso, sobretudo devido aos alimentos industrializados. “Os supermercados têm muitos alimentos industrializados voltados às crianças. Eles têm embalagens bonitas e atrativas, para chamar a atenção”, opinou. A obesidade começa a ser percebida a partir do terceiro ano. Antes, devido aos estirões, os bebês engordam um pouco, mas tendem a distribuir a massa corporal com o aumento na estatura. No primeiro ano de vida, um bebê cresce 50% na altura e triplica o peso. “Nas crianças um pouco maiores, dá para perceber o sobrepeso ou a obesidade apenas pela aparência física. Os pais devem ficar atentos ao peso antes da adolescência, quando eles comem mais e tendem a alimentar-se com industrializados”, declarou. Devido às mudanças hormonais na transição da infância à adolescência, o sobrepeso pode fazer com que os jovens tenham maior dificuldade em perder peso no futuro.
Quanto mais colorida e diversificada a alimentação, melhor, diz especialista
Para prevenir, o correto é ensinar as crianças, desde “o berço”, a consumirem alimentos saudáveis. A recomendação é de que, quando os bebês passam a ser alimentados com papinhas em complementação ao leite materno, seja dada a preferência por frutas, verduras e legumes. Alimentos como refrigerantes, industrializados e bolachas não devem ser oferecidos a bebês. “Quando a criança aprende a alimentar-se de maneira equilibrada, é mais difícil que ela tenha interesse em industrializados. O grande problema é que as escolas oferecem alimentos nada saudáveis, como salgados fritos, salgadinhos e doces”, afirmou. Para a nutricionista, a criança é um “espelho” dos hábitos alimentares dos pais. Geralmente, em casos de sobrepeso ou obesidade infantil, a reeducação
nutricional deve estender-se, além do próprio paciente, aos pais e irmãos. “Alguns pais não têm consciência sobre alimentação. A nutrição dos filhos envolve todos os âmbitos da vida e do futuro deles, desde o desenvolvimento físico, passando pelo intelectual e pelo social, pois crianças obesas tendem a sofrer mais com bullying”, declarou. A redução de peso para crianças e adolescentes deve basear-se no tripé: nutrição, prática esportiva e acompanhamento psicológico. A segunda base deve-se à necessidade de aumentar o gasto calórico, balanceando a quantidade de calorias ingeridas no dia. Já a presença de um psicólogo é devida a alguns casos de sobrepeso ou obesidade estarem ligados à ansiedade alimentar,
aponta Flávia. “Há crianças que comem muito por serem ansiosas. Nós não podemos ajudar tanto nessa parte.
Então, encaminhamos para um trabalho multidisciplinar. Um psicólogo avaliará quais fatores fazem com que aquela criança
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04 ou adolescente está comendo demais”. As atividades físicas, que vão desde as brincadeiras de correr até a natação e o futebol, são importantes para o controle do peso na infância e na adolescência. A educação física nas escolas é boa, conforme a nutricionista, mas não suficiente para o controle de peso. “As pessoas acabam culpando muito a genética. Com alimentação regrada e atividades físicas, é possível anular esses efeitos. Então, não tem desculpa”, opinou. A nutricionista listou orientações para crianças e adolescentes. A primeira é para o supermercado e consiste em preencher o carrinho de compras com 80% de produtos da feira. A segunda é vetar os refrigerantes, sucos de caixinha, bolachas e biscoitos, alimentos ricos em sódio, açúcares e gordura trans. Quando a criança já consume alimentos industrializados, a redução pode ser gradual, como limitar o refrigerante para os finais de semana. “Há diversas marcas que se dizem saudáveis, usam os termos ‘fit’ ou ‘rico em fibras’, mas, quando avaliamos a ficha nutricional, tem tantas calorias quanto as bolachas recheadas. Cuidado com esses alimentos”, aconselhou. Outra orientação é ler a lista de ingredientes na embalagem dos alimentos industrializados. A ordem dos produtos usados na fabricação é decrescente, do usado em maior quantidade para a menor. Na composição de um achocolatados, por exemplo, o açúcar encabeça a lista. A cada 20 gramas, 15 gramas são de açúcar. Na versão “light”, cuja redução de
calorias chega a 30%, o subproduto da cana também é o mais usado. “Não custa nada dar uma olhada na composição e na quantidade de calorias e sódio dos produtos. Os pais podem fazer isso junto aos filhos, para que eles aprendam”, afirmou.
VITAMINAS
disso, a compra desses produtos pode acarretar em desperdício de dinheiro. “Não adianta comprar um complexo vitamínico de ‘A a Z’ na farmácia e dar para o filho tomar. As vitaminas devem ser feitas de maneira individualizada, para não incluir na fórmula componentes que a criança já tem em quantidade boa no organismo”, aconselhou.
O uso de suplementos vitamínicos e minerais na infância deve ser realizado com supervisão profissional. O indicado é consultar um nutricionista, que irá analisar a alimentação da criança ou adolescente, podendo solicitar um exame laboratorial. Suplementos vitamínicos vendidos em farmácia contêm formulação padronizada. Alguns dos nutrientes no produto já podem estar em excesso no corpo da criança. Ao ter uma suplementação excessiva, corre-se o risco de sobrecarregar os rins, órgãos responsáveis pela filtragem do sangue. Além
O Colégio MACK busca promover a excelência acadêmica, desenvolvendo no educando o pensamento lógico, o interesse pela pesquisa científica, o conhecimento de seuas próprias aptidões, contribuindo para a formação do aluno-cidadão, que compreende o valor e a dignidade do ser humano, além de desenvolver todo seu potencial individual.
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Da reportagem
‘Bullying’ exige diálog o e amparo familiar
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PSICÓLOGA ENSINA PAIS A IDENTIFICAREM FILHO “VALENTÃO” E A REDUZIR NÍVEL DE AGRESSIVIDADE
Grande parte do cotidiano das crianças e adolescentes é vivida em sala de aula. Local de aprendizado e convivência social com pessoas da mesma idade, a escola pode se tornar um lugar torturante quando a criança é vítima de bullying. Quando a prática acontece, vítima, agressor e, até, as testemunhas precisam de amparo familiar, da equipe multidisciplinar da escola e, conforme o caso, de psicólogo. A orientação é da psicóloga Adriana Horigushi, do Espaço Saúde Santa Tereza. As crianças e adolescentes, por vezes, não costumam contar com detalhes o que acontece em sala de aula, o que pode ser um problema. Segundo a profissional, a maioria dos casos de bullying ocorre entre crianças com idade de 10 a 13 anos. Para saber se o filho é vítima de violência na escola, é necessário estar atento aos sinais dados por ele. Comportamento estranho, estresse, irritabilidade podem ser sintomas apresentados pela vítima, aponta a psicóloga. “É fundamental os pais prestarem atenção ao comportamento da criança. Eles não devem achar que é algo da fase do adolescente e precisam investigar. É importante, sempre, manter aberto o diálogo com o filho e deixar claro quem deve ser procurado quando precisar de ajuda”, explicou. Para a psicóloga, a demonstração de confiança dos pais para com os filhos é fundamental. As vítimas podem apresentar sintomas físicos, como dor de cabeça ou de barriga. Resistência em ir à escola é um sinal de que as coisas não vão bem. “São distorções que a criança acaba tendo, pois, todos os dias, é recebida de forma agressiva por um colega. Isso leva ela a acreditar que todos os locais e todas as pessoas são agressivas. O bullying leva a vítima a ter comportamento arisco, de se esquivar do
convívio social”, observou. Durante a entrevista da criança com a psicóloga, a profissional pode perceber que algo não vai bem na escola. De forma lúdica, o caso de bullying é descoberto. Quando o diagnóstico é fechado, a profissional parte para a terapia, chamada de “intervenção psicológica”. “É importante a parceria entre a família e a escola, com realização de palestras. Os funcionários precisam ser orientados e treinados para observar os alunos e ter uma relação próxima com eles”. O tratamento abrange treinos de habilidades sociais, reestruturação cognitiva e com relaxamento, para diminuir os sintomas físicos apresentados pela vítima. À criança é ensinada que pode impor limites sem partir para a agressão. De acordo com a psicóloga, o agressor também deveria passar por tratamento psicológico. Na maior parte dos casos, os pais não têm conhecimento do comportamento do filho na escola. Em outras situações, percebem que o filho é um “valentão”, mas acabam não fazendo nada para contê-lo. Para Adriana, de maneira geral, a recomendação é para que os pais tenham contatos frequentes com a escola onde o filho estuda. A psicóloga lembra que a educação é uma tarefa que cabe tanto aos pais quanto ao local onde as crianças e adolescentes estudam. “Não dá para colocar todo o peso da educação sobre os professores e a escola. Os pais precisam se lembrar de que lá (a escola) é um local de formação acadêmica. Fazer vistas grossas só fazem as coisas ficarem piores”, opinou. Por ter pouca empatia perante o próximo, o agressor tende a ser autoritário e manipulador quando adulto. A frequente quebra de regras, sem nenhum tipo de sanção, faz com que
uma personalidade transgressora se desenvolva. “Alguns pais, por permissividade, acabam criando um indivíduo totalmente sem limites, que acredita poder fazer tudo, sem barreiras. É esse o perfil do agressor na escola. A criança sabe do sofrimento causado no outro, mas não tem empatia e sente prazer, pois tem gosto pela dominação”, descreveu. A escolha da vítima, de acordo com a psicóloga, não é aleatória. Frequentemente, os agressores buscam um perfil com aparência destoante do grupo escolar, como os alunos mais aplicados, os obesos, os que têm estilos diferentes ou os tímidos. A vítima, por vezes, apresenta comportamento isolado, sem muito contato com outros colegas de escola. Por não ter quem a apoie, acaba se tornando uma “presa fácil” ao “bully”, palavra inglesa que designa o agressor. “Como o agressor desenvolve nível muito alto de ansiedade e tensão, a recomendação é que seja trabalhada essa parte com ele, além de estabelecer limites e regras”, explicou. Se não identificado e tratado a tempo, o bullying pode desenvolver sérios problemas psicológicos tanto na vítima quanto no agressor, de acordo com a profissional. No caso da vítima, as consequências podem ser de alto nível de ansiedade, depressão e fobia social, um transtorno caracterizado pelo medo de ir à festa e encontrar pessoas. Em casos mais graves, as agressões na escola podem ocasionar estresse pós-traumático, automutilação e, até, suicídio. “Daí vem a necessidade de trabalharmos a autoestima da vítima, pois ela se vê em uma desesperança tão
grande e usa do suicídio como recurso para tentar uma saída do problema”, orientou. O agressor também sofre implicações, segundo a psicóloga. Altos níveis de ansiedade e tensão constante são alguns dos sintomas que podem ser levados à vida adulta. O envolvimento com a criminalidade é um risco, pois pode haver o desenvolvimento da mentalidade impulsiva e transgressora. Segundo a psicóloga, há diferenças na prática de bullying entre meninos e meninas. Apesar de a prática ser frequentemente ligada às crianças e adolescentes do sexo masculino, há agressões também entre as meninas, mas de forma “mais sutil” e velada. A incidência de bullying é a mesma entre adolescentes e crianças do sexo masculino e feminino. Enquanto que, entre os meninos, o bullying é mais explícito, com agressões física e xingamentos, entre as meninas, a prática inclui a difamação, fofoca, boato e a exclusão de grupos.
Da reportagem
Aprender um segundo idioma é benéfico
Cresce a tendência de matricular os filhos pequenos em escolas de inglês
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ESPECIALISTAS ‘DERRUBAM MITOS’ E APONTAM AS VANTAGENS DO APRENDIZADO NA INFÂNCIA
Como forma de preparar os pequenos para um mundo cada vez mais globalizado, alguns pais matriculam desde cedo os filhos em centros de idiomas. A predominância da língua inglesa nas relações internacionais e no mercado de trabalho – cada vez mais exigente – fez com que a idade média dos alunos dos cursos de inglês baixasse nos últimos anos. Há cerca de dez anos, os adolescentes “dominavam” as escolas de idiomas. No entanto, recentemente, foi aumentando o número de crianças matriculadas. A nova “onda” do mercado é colocar o filho para aprender o segundo idioma desde cedo. A tendência é nacional, e, nos grandes centros urbanos, como São Paulo, é possível matricular os filhos em escolas bilíngues. Tatuí segue a orientação nacional e já se pode encontrar, em algumas escolas, crianças com idade a partir de cinco anos aprendendo inglês. Segundo Marilda Ribeiro Rosa, da escola Fisk, o ensino de inglês antes da alfabetização não é prejudicial. Há mais de 30 anos lecionando a língua inglesa para alunos de Tatuí, a professora afasta o “mito” de que o ensino de outra língua pode confundir as crianças. “Quanto mais cedo (ensinar), melhor. Quando a criança trabalha com a língua, não somente ouve, mas fala, ela exercita alguns grupos musculares da boca que dificilmente usaria se não tivesse prática desde pequena. O resultado é uma pronúncia tão limpa a ponto de parecer inglês falado por nativos”, explicou. Segundo a professora, é perfeitamente possível ensinar um novo idioma para adolescentes e adultos. Todavia, conforme a idade vai aumentando, as chances de se obter a pronúncia nativa diminuem. “Conheço alguns adultos que se queixaram de dores na boca porque estavam usando músculos bucais que não usavam antes. Há algumas partes da boca e da língua não usadas na língua portuguesa. Cada idioma tem sons particulares, daí vem a facilidade das crianças em aprenderem, pois não têm os vícios dos maiores”, argumentou. Para a professora, é possível ensinar um segundo idioma por volta dos quatro anos de idade. O método de aprendizado é semelhante ao aplicado naturalmente pelas famílias durante o estímulo da fala em português. Repetições, conversas, brincadeiras são os meios aplicados por pais que estão ensinando os filhos a falarem. Como as crianças não aprenderam a escrever ainda, a escola ensina o idioma de forma lúdica, com a criança pintando corretamente CONTINUA
08 os desenhos conforme o pedido da professora em inglês. “É muito interessante o ensino. É semelhante ao que ocorre nos países da Europa. Lá, é comum crianças aprenderem vários idiomas quando pequenas, pois os países são muito próximos e a exposição a outras línguas acontece naturalmente”, opinou. Para Jaqueline da Costa Giroldo Ferraz, coordenadora de ensino do CCAA, as crianças pequenas veem o aprendizado da língua inglesa como uma brincadeira. Por não ter o caráter obrigatório, nem tarefas, elas aprendem com música, desenhos e joguinhos em grupo. “Nós tentamos explicar para os menores que existem outras formas de comunicar-se além do português. O inglês pode ser usado em todos os lugares do mundo. Quem aprende não tem dificuldades na comunicação”, ressaltou. Com as aulas, novas palavras em inglês são adicionadas ao vocabulário das crianças. O repertório vai aumentando conforme elas crescem e têm mais contato com a nova língua. “O ensino é como as aulas de iniciação musical: ninguém aprende piano logo na primeira aula. A pessoa tem alguns contatos com o instrumento, pega afinidade e vai ganhando confiança no aprendizado”, observou. De acordo com Pedro José Ferraz Júnior, diretor do CCAA, o ensino de um segundo idioma deve respeitar a maturidade e a capacidade cognitiva de cada idade. A partir dos 11 anos, os alunos ganham maturidade e estão prontos para aprenderem abstrações, como tempos verbais. Alguns dos conceitos aplicados no idioma falado em países como Estados Unidos e Inglaterra não existem na língua de Camões. “Antes de aprender os tempos verbais, a criança vai absorvendo mecanicamente o vocabulário em si. Se ensinado desde cedo, ela aprenderá bem a falar no tempo presente, melhor do que muitos adultos”, ressaltou
Ferraz. Os professores salientaram que, assim como nas escolas de ensino fundamental e médio, os alunos ficam prejudicados quando faltam às aulas e “perdem conteúdo”. “Os pais, às vezes, não levam o aluno para a aula. Então, no encontro seguinte, a criança vai sentir-se mal por ver que os outros colegas estão falando mais do que ela e aprenderam mais palavras do vocabulário”, comentou Ferraz. O ensino de um novo idioma não deve se resumir às aulas no centro de línguas. Para a professora Fabiana Maria Soares de Camargo, do Anglo Tatuí, o contato com a língua estrangeira deve acontecer o “máximo possível”, incluindo assistir séries no idioma original, brincar com jogos de videogame em inglês e cantar músicas internacionais. Prevendo a expansão do mercado de ensino de inglês para crianças e adolescente, o grupo “Somos Educação”, dono do sistema de ensino Anglo, comprou a rede de escolas de inglês Red Balloon. Como consequência, a unidade tatuiana do Anglo abriu as portas da escola de inglês há três anos. “O Red Balloon tem um sistema de ensino de inglês mais completo do que o existente nas aulas do ensino fundamental e médio. Nós costumamos estimular as crianças com o inglês desde a pré-escola, no Anglinho, e o centro de idiomas é mais
aprofundado”, explicou. Por não ter o preconceito adquirido ao longo da vida, as crianças tendem a adotar a nova língua como um “segundo idioma” e não como algo estrangeiro. Segundo Fabiana, o aprendizado do inglês na infância ajuda até na percepção da própria língua portuguesa. Ao comparar um idioma com o outro, as crianças percebem as peculiaridades de cada código de comunicação. “Conforme vai aprendendo, a fala se torna mais automática. Quem aprende um novo
idioma quando criança não fica traduzindo palavra por palavra antes de mencionar uma frase, ela já pensa em inglês”, contou. Como cada idioma tem um conjunto de códigos e regras próprio, ele traduz culturas, pensamentos e visões de mundo diferenciadas. “Cada língua tem a sua matemática, química, física e história. O nosso aprendizado do idioma nativo - no caso, o português - é natural, pois vamos aprendendo a cada dia da nossa vida. Quando aprendemos uma nova língua
depois de velho, ela vem junto com todas as regras, história e carga de conhecimento de uma vez, daí a dificuldade”, opinou. Os professores ouvidos por O Progresso salientaram que os pais são fundamentais no aprendizado das crianças. Os adultos jamais podem transmitir as próprias ansiedades em relação ao ensino do segundo idioma, correndo o risco de atrapalharem o desenvolvimento. Os pequenos podem ficar acanhados ou culpados por não terem aprendido o suficiente para impressionar os pais. “É importante entender o processo e ter bastante paciência. Alguns pais são um pouco ansiosos. Algumas crianças têm a personalidade mais extrovertida e adoram contar o que aprenderam na escola; outras, preferem não demonstrar o conhecimento até atingirem certo grau de confiança”, pontuou Fabiana. Para Marilda, os pais precisam dosar as cobranças, para não deixarem os filhos frustrados. “Cada indivíduo tem sua própria maneira de aprender e um caminhar próprio”.
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Da reportagem
a r a p ’ a d a r t n e e d a t r ‘Po o Conser vatórioRANTE
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AS E JÁ GA INICIAÇÃO É GRATUITA PARA CRIANÇ OS VAGA NOS CURSOS DE INSTRUMENT
Crianças da região e, principalmente, as que moram em Tatuí contam com uma opção especial de acesso aos cursos de instrumento musical oferecidos pelo Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos: a iniciação musical. Enquanto os demais candidatos precisam se submeter ao processo seletivo, as crianças matriculadas no curso de iniciação musical já têm vaga garantida se quiserem seguir carreira. São em torno de cem vagas oferecidas anualmente para crianças a partir dos quatro anos. A participação é gratuita e a distribuição das vagas se dá por sorteio. Crianças de quatro e cinco anos podem se inscrever no curso de musicalização infantil. São 48 vagas para crianças de quatro anos – 24 no turno da manhã e 24 à tarde –, com aulas uma vez por semana. Também é possível ingressar no curso de musicalização infantil, aos cinco anos. Neste caso, são 28 vagas, também distribuídas igualmente entre os dois turnos, e aulas duas vezes por semana. “As estratégias de ensino incluem brincadeiras e atividades mais lúdicas. As crianças cantam, dançam, desenham, mas tudo sempre envolve a música”, afirma a professora Shirlei Escobar Tudissaki, coordenadora do Setor de Educação Musical do Conservatório. Já o curso de iniciação musical recebe alunos de seis, sete e oito anos. “Para ingressar no curso de iniciação musical, não é necessário ter participado das aulas de musicalização infantil. Porém, como o curso tem duração de três anos, a matrícula só é permitida aos seis anos”, explica Cristiano Guimarães, gerente da secretaria escolar do Conservatório. Anualmente, são oferecidas 30 vagas, metade para cada turno. As aulas são realizadas duas vezes por semana e
incluem ensinamentos de consciência corporal, prática de música em conjunto, prática vocal e treinamento auditivo. A coordenadora Shirlei considera a iniciação musical um grande diferencial do Conservatório de Tatuí. “Esse modelo de trabalho, inclusive, já foi apresentado em um evento em Buenos Aires, na Argentina, e creio que não existe nada igual na América Latina. É motivo de muito orgulho para todos nós fazermos parte deste trabalho”, comenta ela. Tanto na musicalização infantil quanto na iniciação musical, as inscrições são abertas uma vez ao ano, geralmente em dezembro, para ingresso no primeiro semestre letivo do ano seguinte. O sorteio para distribuição das vagas pode ser acompanhado por todos os interessados. Na ocasião, são definidas até mesmo as vagas para suplência.
MOSTRA INSTRUMENTAL DEFINE O FUTURO
O momento mais importante no curso de iniciação musical ocorre no terceiro ano, quando as crianças de oito anos participam da Mostra Instrumental. Durante uma semana, professores de todas as áreas musicais da escola vão até o Setor de Educação Musical e os alunos são apresentados aos instrumentos que eles poderão aprender a tocar se permanecerem no Conservatório. A professora de oboé Valquíria de Campos Porciúncula participou da Mostra Instrumental em 2017. Ela considera muito significativo poder proporcionar, à criança, o conhecimento
sobre cada instrumento musical. “Saber que existe o clarinete, a flauta, o contrabaixo, e tantos outros, isso desperta o interesse nas crianças, ainda mais ao ver o instrumento sendo tocado. Elas querem tocar também”, comenta. Durante a Mostra Instrumental, os professores convidados atuam de modo a observar a aptidão instrumental de cada criança. A combinação entre aptidão e interesse significa a certeza de vaga para cursar o instrumento. “A criança já passa a estudar o instrumento, mas continua matriculada no curso de iniciação musical até concluí-lo”, observa o gerente da secretaria escolar. Ele também ressalta ser impressionante a capacidade musical das crianças que saem da iniciação e passam a fazer os cursos instrumentais do Conservatório. “É por conta de tamanha capacidade que os coordenadores dão
prioridade a essas crianças”, afirma Guimarães. Se por um lado há qualificação, no que se refere às crianças, o interesse também chama a atenção. Tanto é que, no ano passado, apenas um aluno da iniciação musical não ingressou nos cursos de instrumento do Conservatório. Na turma de 2017, um resultado ainda melhor: “Todas as crianças matriculadas avançaram!”, comemora Shirlei. Da mesma forma comemoram os professores de instrumento. De acordo com o professor de trompete Gerson Brandino, o progresso do aluno que não participou da iniciação musical é mais lento. “Chega a ser surpreendente, pois essa facilidade das nossas crianças não fica só na parte teórica. Para elas, até o aspecto técnico do instrumento - no meu caso, o trompete - é mais fácil. Os outros alunos chegam a demorar o dobro do tempo”, comenta. Foto: AI Conservatório / Paulo Rogér
io Ribeiro
Na Mostra Instrumental, crianças têm o primeiro contato com os instrumentos que poderão estudar
e v e d a r u t i e l e Hábito d ’ o ç r e b ‘ o n r a começ TIVIDADE, A MAIOR CRIA O TÃ ES S, IO ÍC EF EN B S ENTRE O TO DE MUNDO’ EN IM D N TE N ‘E E E D A D CURIOSI
Fabi Almeida
Da reportagem
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Raquel Prestes decidiu entrar na literatura infantil por causa do filho
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Com tantas formas de diversão “concorrentes” consideradas mais tecnológicas, a leitura de livros desde o “berço” tem um papel importante na formação de novos leitores. Para especialistas em ensino infantil e língua portuguesa ouvidas por O Progresso, as crianças e adolescentes precisam receber, desde cedo, estímulos para cultivar o hábito da leitura, seja livros, tirinhas de jornal, gibis ou reportagem. Segundo a professora Cimira Cameron, que lecionou por décadas nas redes pública e privada, atualmente, é mais cômodo aos pais deixarem as crianças “apertando botões” de smartphones e tablets do que separar um tempo no cotidiano para a leitura de livros. “O mundo virtual, hoje em dia, está muito desenvolvido - não vamos negar isso -, mas os pais têm que dosar. Deixem um tempo as crianças folheando livros, gibis e revistas para aguçar a curiosidade delas. Os pais devem ler historinhas para os filhos e ensinar esse hábito”, argumentou. Atualmente, o mercado editorial tem apresentado soluções para incentivar desde pequenas as crianças a lerem. Há desde livros desenvolvidos para aguçar os sentidos dos pimpolhos, com variadas formas, texturas e cores, até edições com pequenas frases para os que estão no início do aprendizado do bê-á-bá. “O livro não exclui o videogame, o celular ou tablet. Cada um pode ser usado em um período do dia. Ver fotos, filmes e histórias no celular é importante. Os pais têm que fazer as crian-
ças gostarem de livros, e isso não se faz com imposição”, ressaltou. Aquela velha máxima de “educar pelo exemplo” pode ser aplicada diante do desafio de fazer os pequenos ficarem apaixonados pelo “maravilhoso mundo das letras”. Ler junto aos filhos, contar histórias, estimular as crianças a darem um final alternativo ao livro são dicas de especialistas em educação. “Hoje, os pequenos nascem conectados à internet, então vamos fazê-los ficarem ‘plugados’ nos livros, desde que façam por vontade própria e por prazer. Tudo isso estimula a criatividade e aguça a curiosidade”, orientou. Autora de quatro livros infantis, com o quinto “no forno” e mais de 20 títulos aguardando edição, a professora Raquel Prestes é exemplo de mãe que se aventurou a escrever livros para crianças. Após ler várias histórias para o filho, quando ele tinha apenas quatro anos, a coordenadora de ensino infantil passou a inventar alguns contos. Anotada, uma das histórias rendeu o primeiro da sequência de livros da autora. “As crianças ficam encantadas ao ouvirem histórias. Nas escolas, trabalhamos para criar os hábitos nos pequeninos, mas os pais têm papel importante para estimular a leitura”, observou. Recheados de ilustrações multicoloridas – que, por sua vez, já são meios de contar a história -, os livros infantis servem como “trampolim” para leituras mais elaboradas, como romances e clássicos da literatura, em idades mais avançadas. A professora e coordenadora lembra que alguns projetos, como um do banco Itaú, disponibilizam gratuitamente livros para crianças. O programa “Leia para uma Criança”, com inscrições encerradas para este ano, teve como público-alvo crianças na faixa etária entre zero e cinco anos. “Quando a criança desperta desde cedo o gosto pela leitura, a alegria de ler, de descobrir uma história, fará deste hábito algo muito prazeroso quando chegar à adolescência ou à vida adulta. Ler livros nunca vai se tornar um fardo, e sim um prazer”, comentou. No ano passado, Raquel lançou “As Mães
11 Nunca São Iguais”, cujas ilustrações foram assinadas por ela própria. O fato de responsabilizar-se pelos desenhos do livro facilitou o processo de concepção da história e das imagens. “Para mim, é mais fácil ter a ideia escrita e daí ir para a ilustração. Como eu mesma passei a desenhar nos meus livros, facilitou também o trabalho com a editora, pois eu posso entregar tudo junto e eles conseguem avaliar a obra de forma mais completa”, explicou. Tendo o hábito de escrever como “alegria” e não profissão, devido à impossibilidade de manter-se financeiramente somente com a venda de livros, a professora diz ficar grata pela receptividade dela nas escolas. “A experiência é encantadora. As crianças ficam sentadas, prestando atenção. Todo o grupo para o que está fazendo para ouvir a história. A literatura estimula a imaginação, a atenção, a memória. Algumas histórias clássicas, como ‘Chapeuzinho Vermelho’, eles decoram as falas”, contou a escritora. Para Raquel, as editoras buscam dar diversidade para os títulos oferecidos. Temáticas indígenas, ambientais, de crianças com necessidades especiais e afrodescendentes ganham prioridade no lançamento, assim como as que abrangem o folclore. “O interesse das editoras varia conforme o que elas têm disponível no catálogo, e depende do tema, da faixa etária. Hoje, existe um interesse muito grande em contar histórias para as crianças especiais. Há um benefício muito grande em fazer isso, seja por meio de livros, de desenhos, fantoches ou dobraduras”, declarou. De acordo com Cimira, os benefícios da leitura na infância estendem-se pela vida toda. A professora aconselha a educadores e pais que estimulem as crianças e adolescentes a lerem sobre o tema que mais lhes agrada, sem “forçar a barra”. “Se o adolescente gosta de futebol, estimule-o a ler e escrever sobre isso, assim como textos de humor. Tem muitos que gostam de colunas de humor. É sempre um ganho o hábito de leitura, não importa o tema”, ressaltou. Para a professora, Tatuí se ressente da falta de livrarias. Apesar
de contar com mais de 118 mil habi- de venda de obras literárias, Tatuí dispõe tantes - de acordo com a atualização de vários espaços nos quais é possível censitária do IBGE (Instituto Brasileiro estimular a cultura pelos livros. Talvez de Geografia e Estatística) para este ano um dos mais representativos seja o -, a cidade não tem lojas especializadas. mantido pela Apodet (Associação dos Há uma papelaria com uma seção de Portadores de Deficiência de Tatuí). A entidade oferece, gratuitamente, livros e dois sebos. “Caso saia uma edição nova de um volumes de clássicos da literatura livro, nós vemos nos jornais, mas não nacional e internacional para crianças tem como comprar. Se não tiver quem com necessidades especiais. Em Tatuí, compre em São Paulo ou faça a compra pela internet, não tem como receber o livro”, pontuou a professora. Cimira aconselha os pais a comprarem livros para os filhos. O investimento, de acordo com ela, é mais vantajoso em comparação ao celular. “Comprem livros, são muito mais baratos do que os celulares de último tipo. Claro que podem comprar celular, não sou contra a modernidade, até mesmo porque é maravilhoso o aparelho, mas os livros são estimuladores”, reforçou. Para as famílias que não dispõem de renda suficiente para comprar livros, a dica da educadora é procurar a Biblioteca Municipal “Brigadeiro 41314_AFF_Habibs_Tatui_MiniChefe_Anuncio_146x117mm.indd 1 Jordão” e a biblioteca do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) “Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires”. “Até as escolas poderiam separar um dia no mês para levarem os alunos à biblioteca. Em um local cheio de livros, a possibilidade de conseguir um título que mais agrada é maior. Quem lê conhece um mundo novo e sem hipocrisia”, ressaltou.
mantém uma das maiores bibliotecas do interior do Estado de São Paulo, com obras na versão em Braille, um sistema de escrita e leitura tátil para cegos. Mais informações sobre a biblioteca da Apodet podem ser obtidas à rua Coronel Aureliano de Camargo, 645, no centro. O telefone de contato é o 3305-2461.
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NA PALMA DA MÃO
Ainda que careça de pontos
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05/10/17 16:09
m Da reportage
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s a s r e v i d m e t í u t Ta l i t n a f n i r e z a l e d s ES EM e D A õ ID IV ç T A p E o ER DESD DEM ESCOLH ÓGICOS
Classificada como MIT (Município de Interesse Turístico) desde maio deste ano, Tatuí tem diversas opções de lazer para as crianças. Entre as gratuitas, estão o Parque Ayrton Senna da Silva, na vila Dr. Laurindo, e a Praça do Carroção, no Jardim Nossa Senhora de Fátima. Inaugurado em agosto de 2012, o parque é um dos maiores espaços públicos de lazer no perímetro urbano da cidade. Com aproximadamente 15 mil metros quadrados, o local conta com aparelhos de ginástica e brinquedos infantis, quadras de tênis e futsal, pista de skate e cancha para disputa de malha. O parque é amplamente arborizado e de fácil acesso. Ladeado pelas ruas 7 de Setembro, Santo Bertin, Nhô Inácio Vieira, Cesário da Silva Franco e Oto Stadler, o espaço atende visitantes de toda a cidade, sobretudo moradores da vila Dr. Laurindo, Colina Verde, vila Jurema e Parque Santa Maria. Distante quase quatro quilômetros do Parque Ayrton Senna da Silva, a Praça do Carroção está no coração do Valinho e é outra ótima opção de lazer para pais e filhos. Com a primeira academia ao ar livre da região, somando mais de 25 aparelhos, o local é apropriado para caminhadas e atividades físicas para públicos de todas as faixas etárias. Adotada em 2009 pelo Sítio do Carroção, a praça conta com diversas “ilhas” equipadas com brinquedos, desenvolvidos “ecologicamente” com euca-
O T S P E DAG R O CRIANÇAS P S E R M E VISITA PRAÇAS ATÉ
liptos fornecidos por áreas de reflorestamento. Todos os dias, diversas pessoas fazem da Praça de Carroção um ponto de parada em meio à caminhada na avenida Professora Zilah de Aquino. Aos sábados e domingos, o local é visitado por crianças e adolescentes, que dividem o espaço em brinquedos e aparelhos de ginástica. Outra opção de lazer são os playgrounds da avenida Cônego João Clímaco de Camargo. Às sombras das mangueiras, as crianças podem brincar em dois parques, próximos à Prefeitura e à Câmara Municipal. No ano passado, a avenida ganhou academia ao ar livre e uma pista com 1.200 metros de comprimento, para corridas e caminhadas. O espaço público também ganhou novos bancos, jardinagem e iluminação. O Parque “Maria Tuca” está aberto aos finais de semana, com entrada gratuita. Durante a semana, o local é utilizado pelo projeto Envelhecer com Qualidade de Vida, do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí), para atividades físicas e artísticas, e por alunos da rede municipal e estadual, em projeto de educação ambiental. O parque conta com 257 mil metros quadrados, tem lago, trilha ecológica, campo de futebol, quadras de areia e espaço para diversas atividades, como caminhada. No início do ano, o “Maria Tuca” foi alvo de intervenção de voluntários do projeto Abrace Tatuí, que pintaram o espaço, realizaram plantio de vegetais
Parque Ayrton Senna, na vila Dr. Laurindo, é boa opção para crianças
ornamentais e roçaram o extenso gramado da propriedade. Em abril, o local foi reaberto à população com uma festa. O parque funciona ao público aos finais de semana, das 9h às 17h. Crianças e adolescentes que queiram participar de atividades físicas têm uma ótima opção no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) “Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires”. O espaço conta com pista para prática de skate, quadra poliesportiva e salas multiuso. Ainda oferece aulas de xadrez, vôlei, boxe e capoeira, na programação esportiva, e aulas de coral e voz, violão, teatro, balé, dança do ventre, break, dança gaúcha e street dance, na programação artística. Algumas atividades dependem de matrícula. As inscrições são realizadas de forma contínua durante todo o ano. Mensalmente, mais de 12 mil pessoas visitam as instalações do equipamento esportivo e cultural. O espaço conta, ainda,
com biblioteca, teatro, pista de caminhada e atendimento do Cras (Centro de Referência em Assistência Social). Informações sobre as atividades do CEU, como horários e cursos, podem ser obtidas pelo telefone 3259-5340. O CEU fica na rua Rosa Monteiro, 475, vila Santa Helena. O horário de funcionamento é das 8h às 20h, todos os dias. O CAT (Centro de Atividades) “Wilson Sampaio”, do Sesi (Serviço Social da Indústria) de Tatuí, tem diversas atrações culturais e esportivas para todas as idades. O local é frequentemente sede de mostras de artes plásticas, fotografias e conta com exibições de filmes “fora de circuito”. Neste ano, a unidade tatuiana recebeu longas-metragens do país considerado o berço do cinema, a França. Algumas das atividades do centro esportivo do Sesi são reservadas a associados. Entretanto, em alguns dias do ano, o
C AT abre as portas para toda a população. Informações sobre as atividades do CAT “Wilson Sampaio” podem ser obtidas pelo site www.sesi.org.br/tatui e pelo telefone (15) 3205-7910. O Sesi de Tatuí fica na avenida São Carlos, 900, vila Dr. Laurindo. Um dos locais mais frequentados pelos tatuianos é o Museu Histórico “Paulo Setúbal”, na praça Manoel Guedes, no centro. O acervo é composto por objetos que pertenceram ao imortal escritor tatuiano, além de peças de arte sacra, do cotidiano dos tropeiros e dos pracinhas da Revolução Constitucionalista de 1932. Uma visita ao museu é uma boa oportunidade para mostrar, aos pequenos, a história da Cidade Ternura. O Museu Histórico “Paulo Setúbal” funciona de terça a sexta, das 8h30 às 18h; sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h. A visitação é gratuita. O telefone é o (15) 3251-6586.
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Habib’s Tatuí oferece playground e espaço para comemorações Adolescentes também têm espaço para práticas esportivas, como o skate
TURISMO PEDAGÓGICO
Os tatuianos têm o privilégio de possuir, na cidade, duas iniciativas voltadas ao turismo pedagógico focado na educação ambiental: o Sítio do Carroção e o Sítio Santa Rosa. Localizado no bairro Pederneiras, o Sítio do Carroção é conhecido por ser o único resort pedagógico do país. O local promove atividades pedagógicas ao longo de todo o ano, além de acampamento de férias no inverno, verão e Carnaval, quando recebe crianças e adolescentes, com idade entre 5 e 16 anos, de todo o Brasil. O Sítio do Carroção tem um amplo rol de atrações e possibilidades, e possui infraestrutura completa para alunos, com suas escolas, para comemoração de formatura. Recentemente, o Sítio do Carroção passou a oferecer pacotes para famílias passarem o dia no resort e aproveitarem as principais atrações, das 9h às 17h. A programação inclui alimentação em almoço e dois “coffee breaks”. As próximas datas do “Day Use” são 15 de outubro e 4 de novembro. O Sítio do Carroção fica na rodovia Gladys Bernardes Minhoto (SP-129), km 43,2, no bairro Pederneiras. Mais informações pelo telefone (15) 3305-2000, ou pelo site www. carrocao.com. Crianças que gostam de ter contato com a natureza e fazer intercâmbio cultural têm no Sítio Santa Rosa uma opção de passeios e
oportunidade para despertarem a consciência ecológica. O Sítio está localizado no bairro Água Branca e oferece extensa programação de atividades educativas, com jogos, aprendizado sobre o meio ambiente, minhocultura, alimentação orgânica e reciclagem. Outra iniciativa já tradicional do Sítio Santa Rosa é o intercâmbio cultural com índios de diversas partes do país. Durante todo o mês de abril, as crianças têm a oportunidade de conhecer e vivenciar um pouco da cultura dos habitantes originais do Brasil. No Sítio Santa Rosa, a alimentação tem o toque especial do fogão à lenha, com vegetais plantados sem a utilização de agrotóxicos. Bolos, pães e tortas, assim como geleias e queijos, são de fabricação própria. O local recebe crianças de quatro a dez anos, da educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental. Na temporada de férias, podem participar, inclusive, adolescentes de até 14 anos. O Sítio Santa Rosa fica na estrada do Queimador, no bairro Água Branca. Informações podem ser obtidas pelo site www.sitiosantarosa.com. br, ou pelo telefone (15) 99705-6883.
Sítio do Carroção tem caverna e recebe visitantes de todo o Brasil
Espaço kids do Habib’s Tatuí tem túnel e piscina de bolinhas
Muitos pais de crianças pequenas sentem dificuldades em encontrar restaurantes para levar os filhos. Entendendo essa dificuldade, o Habib’s Tatuí oferece um exclusivo e amplo “espaço kids” com brinquedos para os pequenos de até 11 anos de idade. O espaço infantil foi inaugurado em conjunto com a filial tatuiana. O local dispõe de piscina de bolinhas, escorregador, ponte suspensa e túneis. Os brinquedos são feitos de plástico e com material emborrachado, para a proteção das crianças, segundo a gerente financeira Maria Gisele Sebastião. “O nosso espaço é totalmente gratuito e seguro. Os brinquedos estão disponíveis no horário de funcionamento do restaurante”, informou ela. Além do espaço voltado às crianças, o Habib’s Tatuí conta com salão para festas. Pais e mães que desejam economizar na hora de fazer o aniversário dos filhos podem planejar a comemoração no restaurante. O serviço é totalmente gratuito e o restaurante disponibiliza garçom para a festa. Dos pais somente é cobrada a consumação. A vantagem do espaço é
a passagem direta para o espaço kids, o que facilita a comemoração. “Nós fazemos agendamento pelo telefone e os pais podem escolher qualquer dia para realizarem a festa”, ressaltou. O restaurante funciona de segunda a sexta, das 11h às 23h30. Aos sábados e domingos, o horário é estendido até a meia-noite. Segundo a gerente, o Habib’s Tatuí conta com cardápio exclusivo para crianças. Alguns dos itens do menu são acompanhados por brindes, que podem ser escolhidos. Atualmente, a rede oferece brindes com o personagem de desenho animado Pica-Pau. “A própria criança pode montar o kit com esfirras, hambúrguer e cachorro-quente. Além dos kits, temos sorvetes, doces e pudins para sobremesa”, concluiu.
Habib’s fica na avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali, no S. Cristóvão
Da reportagem
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Acompanhamento médico é fundamental
RECOMENDAÇÃO É DE QUE SE VISIT E O PEDIATRA PERIODICAMENTE PARA PREVENIR DOENÇAS
As visitas ao pediatra são importantíssimas para as crianças e recomendadas pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Para a associação brasileira, o acompanhamento é fundamental nos primeiros mil dias de vida, que incluem a gravidez, de nove meses, até o aniversário de dois anos. O período é extremamente fundamental para o futuro da criança, nas palavras do pediatra Jorge Sidnei Rodrigues da Costa. Tanto a gravidez quanto os dois primeiros anos devem ser cercados de cuidados, carinho e atenção, tanto dos pais quanto do médico. A presença do pediatra na vida do bebê tem início no nascimento. Uma portaria do Ministério da Saúde obriga um médico especializado na clínica infantil em operações cesarianas. “O pediatra recepciona o bebê e verifica a vitalidade dele nos primeiros minutos, após nascido. Ele dá uma nota de zero a dez no primeiro e no quinto minuto, que se chama ‘Índice de Apgar’”, explicou. Após o nascimento, no primeiro ano de vida, a recomendação da SBP é de que a criança visite o médico uma vez ao mês. No segundo ano, as consultas passam a ser bimestrais. O acompanhamento periódico da criança é chamado de puericultura. Durante a consulta, o profissional afere o peso e a altura do bebê para saber como anda o desenvolvimento, procura saber como está o consumo de vitaminas e se há sinais de anemia. “A consulta deve ser realizada com um pediatra mesmo que a criança não esteja doente. Em casos de febre, vômitos, algum outro sintoma, os pais devem levar o filho ao médico para avaliação”, detalhou. Após os dois anos de vida, as visitas passam a ser semestrais. Quando a criança completa quatro anos, o acompanhamento é anual. O pediatra reforça a orientação já
dada pelo Ministério da Saúde, pela OMS e pela SBP sobre a alimentação exclusiva com leite materno até o sexto mês de vida. Após esse período e até os dois anos, os bebês devem tomar o leite da mãe em conjunto com outros alimentos, como suco, papinha e frutas. A recomendação somente não vale para bebês filhos de mães portadoras de HIV (vírus da imunodeficiência humana, na sigla em inglês), ou que estejam fazendo tratamento para tuberculose. O médico alerta para o uso de alimentos industrializados na alimentação das crianças. Devem ser evitados, a todo custo, salgadinhos, batatas fritas, biscoitos e refrigerantes. “Percebo que as mães levam os filhos desde cedo ao supermercado e os deixam escolherem o que vão comer. Eles enchem o carrinho de alimento que faz mal à saúde, com alto teor de sódio, corantes e conservantes”, afirmou. Entre as opções dadas pelo médico e que podem fazer parte do cardápio infantil, estão a laranjada, limonada, sucos de melancia e abacaxi. A orientação é de que os pais comprem, sempre, a fruta da época, para diminuir custos e variar a alimentação. “O importante é variar nas cores e nos sabores, oferecendo, sempre, um grande número de vitaminas. Dependendo da digestão da criança, podemos recomendar dietas para melhorar o funcionamento do intestino. Isso vai de cada criança e depende do médico”, apontou. Os pais devem ficar aten-
O acompanhamento médico deve ser mensal no primeiro ano de vida
tos às infecções que podem acometer o bebê no primeiro ano de vida. Entre as mais graves, estão a meningite, a meningococcemia e a coqueluche, enfermidades que podem levar à morte. Tanto a meningite quanto a meningococcemia são causadas pela mesma bactéria. No caso da primeira, o micróbio causa inflamação das membranas que revestem o sistema nervoso central; a
segunda é caracterizada por uma infecção generalizada e tem sintomas como máculas roxas pelo corpo. Nos postos de saúde, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece vacinas para o tipo C de meningite, a mais comum no Brasil. Outros sorotipos, como o B, W e Y circulam pelo país, mas não têm imunização prevista no calendário oficial e são pagas na rede particular.
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Da reportagem
Aconselhamento é 1o passo para adoção
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AÇÃO FICA A CARGO DO G AATA; CANDIDATOS EM TATUÍ QUEREM FILHOS COM ATÉ 1 ANO
espero que meus filhos tenham avós e tios e que vocês estejam no mesmo barco que a gente”, lembrou. A reunião do grupo de apoio foi acompanhada por outros quatro casais. Todos eles serão “pais de Claudia Rauscher e Lúcio Ribeiro primeira viagem”, fazem parte de grupo de apoio caso a adoção seja concretizada, o que pode demorar um, Após dois ou até sete anos. Em alguns casos, seis anos de relacionamento, dos quais a preferência é por crianças de até um dois “no papel”, o casal Bruna Aparecida ano de idade, faixa etária difícil de ser Gatti e Sharlene Correia Maximiniano adotada, por entraves legais. resolveu adotar uma criança. Para isso, Diante das dificuldades perante a as duas procuraram o Gaata (Grupo de adoção de bebês, Janaína Paula Vieira Apoio à Adoção em Tatuí). Trindade e Wellington do Amaral TrinO assunto foi abordado inicialmente dade, casados há seis anos e juntos há por Sharlene, no início da relação, há 13 anos, aumentaram a faixa etária da seis anos. Com o passar do tempo, criança de até um para três anos. Bruna começou a assimilar a ideia e “Conversamos depois da primeira “abraçou a causa”, levando as duas a reunião e fomos batendo papo. Pensainiciar os trâmites processuais. mos, agora, que podemos adotar casais Os pretendentes a adoção em Tatuí de crianças, irmãos de até três anos. são aconselhados a acompanhamento Estamos mais abertos e sabemos que, com o Gaata. Formado por Claudia na nossa realidade, são poucas as crianRauscher, a presidente, Adriana Coeças pequenas para adoção”, explicou. lho, Bernadete Elmec e Lúcio Ribeiro Para ajudar a se familiarizar com o o grupo fazia até terça-feira, 3, o acontema da adoção, o casal assistiu a vários selhamento a cinco casais nos estágios vídeos, com depoimentos de casais que iniciais do processo de adoção. adotaram crianças. “Venho de uma família grande e A presidente Claudia é experiente tenho cinco irmãos. Temos ideia de quando o assunto é adoção. Mãe de adotar uma criança de até cinco anos, seis filhos, dos quais, quatro adotivos, sem opção de cor ou sexo. Estamos a chef de cozinha e empresária orienta entrando em acordo para optar por os candidatos à adoção sobre como grupos de irmãos”, contou Sharlene. procederem com o processo judicial. O casal conversou com os pais e “Procuramos sanar todas as dúvidas irmãos para informar a decisão de dos candidatos. Realizamos três reuadotar. A princípio, as mães delas niões informais, sempre nas quartas ficaram um pouco resistentes à ideia, terças-feiras de cada mês. Depois, todavia, a má impressão diminuiu, após damos o encaminhamento para que esclarecimentos. os pretendentes façam o cadastro no “Falei para minha mãe, pai e irmãos: fórum”, descreveu.
Uma das dúvidas dos candidatos a pais adotivos corresponde à forma como devem conhecer as crianças nos abrigos da cidade. Atualmente, Tatuí tem dois locais de acolhimento: a Casa do Bom Menino e a Casa de Acolhimento Institucional. O processo de entrada na fila pode durar até nove meses, em média. Após as palestras do Gaata, os pretendentes fazem cadastro na Justiça, entregam a documentação exigida e passam por novo curso, com a presença de um juiz, promotor, assistentes sociais e pais que já adotaram. Após o curso, realizado em uma tarde, os futuros pais são avaliados por assistentes sociais e psicólogos. São eles que darão o parecer ao juiz da Vara da Infância e Juventude, a autoridade responsável pela inclusão dos pretendentes na fila de espera. O Brasil possui 41.288 pretendentes habilitados para adoção e as casas de acolhimento têm 8.101 crianças e adolescentes disponíveis. Em São Paulo, há 9.817 pais e 1.702 menores à espera da adoção, segundo o CNA (Cadastro Nacional de Adoção), do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A preferência por bebês fica aparente nos dados do CNA. Segundo o levantamento, 50,65% preferem crianças de até três anos, enquanto que 17,97% dos menores disponíveis nos lares de acolhimento têm essa faixa etária. Em contraposição, 46,1% do total de abrigados têm mais de 12 anos, mas 0,83% dos candidatos se propõem a adotá-los. Segundo o Gaata, atualmente, entre 25 e 30 candidatos aptos à adoção estão na fila de espera no município, número insuficiente para “atender à demanda”. Entre os problemas, está justamente a faixa etária: os pais idealizam uma faixa etária não encontrada nos abrigos, a de crianças com até um ano.
“A Justiça sempre respeita a ordem da fila, mas sempre enquadrando o perfil desejado pelos pretendentes. Se os pais dizem que desejam crianças de até um ano, as assistentes sociais do fórum não vão acioná-los quando aparecer uma criança fora desse perfil”, informou Adriana, membro do grupo de apoio. Por conta da preferência, alguns pais que entraram na fila posteriormente “passam na frente” de pretendentes que estão há mais tempo esperando pelo filho adotivo. Pais mais “liberais” em relação à faixa etária, cor, sexo e que aceitam crianças com problemas de saúde, como portadoras de HIV (vírus da imunodeficiência humana), doenças mentais e deficiências físicas, conseguem adotar com mais rapidez. As adoções em Tatuí são geridas pela Vara da Infância e Juventude. A área é responsável por dois aspectos jurídicos: a infracional, quando crianças e adolescentes estão em conflito com a lei, e a protetiva, quando menores de 18 anos estão em risco, como vulnerabilidade social e familiar. Segundo o juiz Marcelo Nalesso Salmaso, responsável pela Vara da Infância, o número pequeno de crianças e adolescentes em abrigos na cidade mostra que os órgãos garantidores de direitos, como a assistência social, saúde e educação, estão fazendo um bom trabalho. “Se os serviços e a rede de assistência fazem um trabalho mais eficaz, menos famílias estarão em situação de risco. Assim, o número de crianças acolhidas institucionalmente diminui”, relatou. Até o final do ano passado, cinco processos de adoção foram concluídos na cidade. Outro processo aguardava a fase de oitiva da mãe biológica e outro esperava laudo psicológico dos pretendentes. No total, 12 processos tramitaram na Vara da Infância e Juventude.
santa rosa