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O Ribatejo 18 | Fevereiro | 2011

amiais de baixo Mulheres organizam festas

textos e fotos ∑ Bruno Oliveira

25 de Fevereiro a 1 de Março∑ Pela primeira vez, as festas estão a ser organizadas só por mulheres

A A comissão é formada por 57 mulheres que se juntaram para, pela primeira, serem elas a assumir a orgaização das Festas São 57 valentes festeiras que este ano têm a seu cargo a organização de uma das maiores festas populares da região, as tradicionais Festas de Amiais de Baixo que acontecem de 25 de Fevereiro a 1 de Março. A líder desta mais de meia centena de festeiras é a juíza Catarina Varanda que, há nove anos, decidiu assumir a realização das festas em 2011. Mas nessa altura, não lhe passava pela cabeça ter ao seu lado uma comissão composta exclusivamente por mulheres. Foi só à quatro anos que, quando estava quase prestes a desistir de organizar estas festas, teve o incentivo e a sugestão para que continuasse e organizasse uma comissão só com senhoras. As festeiras começaram a trabalhar há cerca de um ano atrás para que

nos próximos dias esteja tudo pronto para receber os milhares de visitantes que passam por Amiais de Baixo. “Tem sido um trabalho diário, complicado, mas com boa vontade consegue-se tudo”, afirma Catarina Varanda. Para rebater algumas críticas que diz já ter ouvido, Catarina faz questão de

frisar: “ao contrário do que muita gente pensa, o trabalho tem sido feito exclusivamente por nós e não pelos maridos, pelos namorados e pelos pais. Os maridos e namorados têm ajudado nalguns trabalhos mais pesados, de transporte de materiais”. Feito o esclarecimento A organização destas fes-

tas toma muitas horas de vida familiar a estas mulheres. As ausências lá em casa são naturais e frequentes mas a juíza Catarina Varanda diz que os companheiros homens têm compreendido. “Têm que compreender, não lhes resta outra opção”, brinca a juíza. Os apoios das empresas também não têm faltado.

Uma festa secular com raízes religiosas-pagãs ∑ As Festas de Amiais de Baixo dão continuidade a uma tradição que remonta a 1847, em que se começou a realizar por volta do dia 20 de Janeiro. Mais tarde, passou a celebrar-se no sábado anterior ao Domingo Magro, tendo o seu nome passado de “Festa em Honra de São Sebastião” para a designação actual, segundo

dizem, numa alusão ao “martírio dos homens de Amiais, obrigados a longos períodos de ausência passados nos pinhais”.

Programa religioso A religião tem um papel muito forte nas festas de Amiais. A principal procissão realiza-se no sábado, com o cortejo de archotes, que foi recorde do Guiness,

e qual os amienses rumam ao cemitério para trazer o Arcanjo S. Miguel para a igreja da freguesia. No domingo há nova procissão pelas ruas da vila com todas as imagens religiosas da terra, a partir das 15h. Na segunda-feira, há a última grande procissão com a “devolução” da imagem do Arcanjo à capela no cemitério, por volta das 16h.

“Nós conseguimos muitas publicidades, ao contrário do que aconteceu noutros anos”, explica a juíza. A câmara também dá um apoio financeiro mas uma das principais fontes de receita são as tradicionais rifas que cada uma das festeiras fica encarregue de vender. Cada uma das 57 mulheres tem à sua responsabi-

lidade mil euros em rifas e, caso as vendam todas, conseguem pelo menos 57 mil euros para financiar estas festas. Uma soma considerável e que normalmente gera o principal suporte das festas, a par com os apoios das empresas. Q u a nto ao prog rama, destaca-se o grupo Deolinda que tem estado em alta na música portuguesa. “Foi uma escolha minha. Achei que não havia nenhum grupo no panorama musical português que fosse mais adequado e agora veio-se comprovar com a música que lançaram e com a projecção que têm tido”, explica a juíza. Pode acompanhar todas as novidades e conhecer o cartaz das Festas em detalhe através do Facebook oficial criado pela comissão: em www.facebook. com/festasamiaisdebaixo.


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DJ’s, jazz e bandas filarmónicas As festas de Amiais são para todos os gostos, mesmo até para os mais requintados. Aqui poderá ouvir desde música electrónica de topo nacional, como no caso do DJ Diego Miranda e do DJ Alvim, como poderá assistir a várias actuações da Orquestra Filarmónica 12 de Abril Travassô de Águeda (com destaque para a despedida na terça-feira dia 1 de Março, às 22h), ou até mesmo a um concerto de jazz no coreto, pelo grupo Dixie Naza Jazz Band.

Tem ainda o tradicional baile popular com vários grupos: Função Públika (dia 25), Rui Saraiva (dia 26), Banda Vip (dia 27) e FH5 (dia 28). O “filho da terra”, DJ Kristof vai actuar e vai trazer novidades: animação do bar e a melhor dupla de barmans de Portugal. Nestas festas encontra também locais para petiscar e vários bares com bebidas para aguentar as loucas noites de Amiais de Baixo

Deolinda lideram cartaz Concertos ∑ Programa com animação para todos os gostos Os Deolinda são o nome grande do cartaz das Festas dos Amiais de Baixo deste ano. O grupo actua no sábado, dia 26, a partir das 23h50, depois da procissão de archotes e do fogo-de-artifício. As festas começam na sexta-feira, dia 25, com mais um nome forte do cartaz, o DJ Fernando Alvim, o conhecido locutor da rádio Antena 3, que vai passar música a partir das 2h30 da manhã. A seguir actua um “filho da terra”, do DJ Kristof, que regressa no sábado, no domingo e da segunda-feira. Outro dos nomes fortes é o DJ Diego Miranda, um dos nomes mais conhecidas da música electrónica em Portugal e que é o autor do conhecido êxito “Ibiza for Dreams”. O espectáculo está marcado para as 2h30 da madrugada de sábado para domingo. Destaque também para o conhecido Fernando Pe-

A

Deolinda, DJ Alvim, Dj Diego Miranda e Fernando Pereira são principais nomes do cartaz reira, que actua na segunda-feira, dia 28, a partir das 23h50. Neste dia actuam também os FH5. Este ano há também uma arruada de motards, logo a abrir as festas na sexta-feira às 2h. neste dia

actua a banda Função Públika, uma habituée destas festas. As entradas para os concertos no recinto de espectáculos (Pavilhão da Cerâmica) têm os seguintes valores: 5 euros na sexta-feira,

10 euros no sábado (DJ Diego Miranda e Deolinda), 5 euros no sábado (Dj Diego Miranda), entrada livre no domingo e 7,5 euros na segunda-feira. O conjunto de bilhetes para todos os dias custa 20 euros.


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PDM LIMITA FIXAÇÃO DOS JOVENS

Junta ajusta-se à crise Projectos e obras ∑ Limitações financeiras impõe objectivos mais “modestos” O presidente da Junta de Amiais de Baixo, César Rei, diz que não tem muitas ilusões. O ano de 2011 é mau a nível financeiro e o autarca, apesar de ter alguns projectos pensados, diz que esta não é a altura para entrar em grandes voos. “Não nos podemos alargar a muitos projectos devido a esta crise político-financeira”, refere, acrescentando que considera que “os presidentes de junta e a câmara têm que se apoiar uns aos outros e compreender que, devido às dificuldades actuais, não se pode pedir muita coisa”. Apesar das contas da junta estarem equilibradas e da junta não passar por dificuldades, César Rei diz que a junta tem respondido a algumas pequenas necessidades que vão sur-

A César Rei, o presidente da Junta de Amiais de Baixo, fala dos principais projectos da freguesia gindo. É o caso de algumas estradas da freguesia mas também de algumas casas degradas que ameaçavam ruir e que a junta demoliu. Uma das mais recentes e importantes obras foi a

requalificação do cemitério, designadamente com a remodelação da envolvente e a construção de um painel na entrada. “É um prémio para as 57 festeiras deste ano porque o cemi-

tério é dos locais mais frequentados nestes dias das festas”, explica o presidente da Junta. Apesar das limitações financeiras, César Rei diz que as contas da junta es-

tão equilibradas e que a câmara de Santarém tem sido um importante apoio. “Se não fosse a capacidade que o presidente Moita Flores tem, as coisas estariam muito piores”, salienta.

César Rei chama a atenção para um problema que afecta o futuro da freguesia: o PDM. “Há muitos jovens em Amiais de Baixo, que terminaram a sua formação e que querem agora regressar à sua terra. O problema é que o PDM limita muito a construção de casas”. O autarca garante que está empenhado em tentar negociar com a câmara alterações a esta questão porque considera que “a fixação de jovens é uma mais-valia para o futuro de Amiais”. Mesmo em tempos difíceis, o autarca de Amiais não deixa de sonhar com a ideia de construir na freguesia uma escola com 2º ciclo de ensino, até ao 7º ano de escolaridade, juntando as crianças e jovens da freguesia e de outras freguesias vizinhas.

Uma terra no livro do Guiness

A procissão dos archotes, que no ano passado colocou Amiais de Baixo no livro dos recordes do Guiness com a reunião de 624 pessoas a marchar pelas ruas da vila com archotes de fogo, é um dos pontos altos da festa e mobiliza sempre muita gente, quer da freguesia quer das redondezas. A seguir a esta procissão realiza-se outro dos atractivos grandes desta festa: o espectáculo de fogo-de-artíficio com música que tem sido, normalmente, realizado pela empresa Macedo’s Pirotecnia, a mesma que reali-

za o maior fogo-de-artifício do mundo que acontece na Madeira na noite de passagem de ano. A procissão e o espectáculo piromusical acontecem no sábado, dia 26, a partir das 21h30, com início no cemitério e com percurso pelas ruas da vila, numa marcha que integra também os ícones religiosos da terra, nomeadamente o padroeiro São Sebastião. A procissão de archotes de Amiais de Baixo superou largamente uma procissão do género, que se realizou na Suécia, e que detinha o recorde

mundial nesta categoria. Este ano a procissão realiza-se nos moldes habituais, batido que está o recorde mundial. A procissão de archotes de Amiais de Baixo é uma manifestação popular com vários anos e é realizada habitualmente no sábado do fim-de-semana em que se realizam as festas da terra. Esta procissão percorre um percurso dentro da vila até ao cemitério, onde a população vai buscar uma imagem do arcanjo S.Miguel que é trazido em seguida, numa outra procissão, para a igreja da freguesia.


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Lar inaugurado mas já lotado Alargamento ∑ Associação pondera alargar o lar para um terreno anexo Mal abriu, há menos de um ano, o novo lar de idosos de Amiais encheu. Neste momento, tem ao seu cuidado 25 idosos da freguesia e arredores que esgotam a capacidade total do equipamento. “Temos uma lista de espera de outras tantas pessoas e acredito que, se tivéssemos capacidade para 50 ou 60 utentes estaríamos cheios na mesma”, refere o presidente da direcção da Associação de Solidariedade Social de Melhoramento de Amiais de Baixo, o também autarca César Rei. O dirigente refere que este equipamento social está quase pago, tendo sido uma obra apoiada pelo PARES que custou cerca de 745 mil euros. Entre lar de idosos, cen-

A O novo lar de idosos tem capacidade para 25 utentes mas outros tantos ficaram na lista de espera tro de dia (já existente há alguns anos) e apoio domiciliário, esta associação de solidariedade presta apoio a 75 pessoas.

Além disso, dá emprego a 30 pessoas, inclusivamente a algum pessoal especializado, nomeadamente a um médico e um enfer-

meiro. “É já uma pequena empresa que talvez seja aquela da freguesia que dá mais emprego”, salienta o presidente.

Ara dar resposta a esta lista de espera, a associação pondera avançar, no futuro, com a construção de novas instalações

num terreno com 5 mil metros quadrados que existe ao lado das actuais instalações. César Rei refere também que existe a ideia de construir neste terreno algumas moradias unifamiliares para casais de idosos que queiram aqui viver mais auxiliados. O lar de idosos dispõe de quartos simples e duplos, casas de banho adaptadas às necessidades dos idosos com menos mobilidade, gabinete médico e enfermaria, refeitório, sala de convívio, entre outras valências. A Associação dispõe ainda de várias carrinhas para transporte dos idosos e para fazer chegar o apoio domiciliário aos utentes que beneficiam deste apoio.


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Amiense alcança estabilidade directiva Nova direcção ∑ Dificuldades financeiras quase ultrapassadas; sucesso desportivo aquém do esperado O Clube Desportivo Amiense é uma das marcas fortes desta freguesia. Com um nome bem conhecido (e temido) no mundo do futebol distrital, o Amiense viveu recentemente uma crise directiva em que ninguém “se chegava à frente” para assumir a presidência do clube. António Parreira avançou e é agora o novo líder de uma nova direcção que procura estabilizar as contas do clube que tem agora novo fôlego para encarar o futuro. Apesar dos dois anos de atraso nos subsídios da câmara municipal, que perfaz uma soma já de 90 mil euros, o Amiense vai conseguindo angariar os apoios de empresas e patrocinadores, entre os quais se des-

A António Parreira é o novo presidente do Clube Desportivo Amiense taca o grupo JJ Louro. Para lá da estabilidade directiva, a equipa sénior de futebol não esta tão bem, encontrando-se entre as três últimas equi-

pas da divisão principal do campeonato distrital de futebol de Santarém. O objectivo, confessa-nos o presidente, é conseguir assegurar a manutenção – e

se possível chegar aos primeiros lugares - neste escalão, durante esta época que começou atribulada e com a equipa composta essencialmente com joga-

dores “da prata da casa”. Com equipas em vários escalões de formação, das escolinhas aos juniores, o clube conta com mais de 200 atletas, contando tam-

bém com as 3 equipas de basquetebol feminino. Os sócios pagantes são cerca de 600, sendo que o clube tem uma massa de associados que ultrapassa o milhar. O clube vai participar na festa com a exploração de um bar e é aqui que todos os anos consegue também amealhar algumas verbas para ir fazendo face às muitas despesas com a manutenção do pavilhão e do campo de futebol com relvado sintético. Um relvado que precisava de menos carga de treino para estar em melhores condições e, para isso, o clube necessita também de encontrar um espaço e verbas para construir um campo de treinos secundário. Um projecto, para já, adiado até virem melhores dias.


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