ed JA Abril/10

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jornal abrantes Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5471 - ANO 110 - GRATUITO

Abrantes pela vida faz um dia histórico Milhares e pessoas encheram o Tecnopolo para celebrar a Vida e assumirem a luta contra o cancro.. págs. 4 a 5

Constância celebra Nossa

Senhora da Boa Viagem A festa religiosa e a festa pagã já são uma imagem de marca. páginas 17 a 24

Fé e tradição na Semana Santa do Sardoal Câmara, igreja e população atraem milhares de visitantes. páginas 9 a 16

REGIÃO

EDUCAÇÃO E ARTE

EXPOSIÇÕES

“Redes do Tejo” contra a pobreza

FNATES mostra como Arte Sacra e Poesia se faz teatro experimental

Nove municípios e a União das IPSS’s assinaram protocolo de cooperação.

O Festival promovido pelo CRIA mostra como a arte faz a inclusão.

No Sardoal e em Abrantes, duas importantes exposições a não perder.

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2 abertura

PERFIL

FOTO DO MÊS

de

jornal abrantes

ABRIL2010

Árvore a árvore se constrói uma floresta, e o mundo. Ou se destrói.

FICHA TÉCNICA Director Geral Joaquim Duarte

Director Alves Jana (TE.756) alves.jana@lenacomunicacao.pt

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@lenacomunicacao.pt

MARIA ANTÓNIA COELHO

Redacção Jerónimo Belo Jorge (CP.1907 jeronimo.jorge@lenacomunicacao.pt

Maria João Ricardo (CP. 6383) maria.ricardo@lenacomunicacao.pt

André Lopes andré.lopes@lenacomunicacao.pt

Publicidade Rita Duarte (directora comercial) rita.duarte@lenacomunicacao.pt

Miguel Ângelo miguel.angelo@lenacomunicacao.pt

Andreia P. Almeida andreia.almeida@lenacomunicacao.pt

Design gráfico e paginação António Vieira

Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

INQUÉRITO

Porque está a participar no “Um Dia pela Vida?

Editora e proprietária Jortejo, Lda. Apartado 355 2002 SANTARÉM Codex

GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira, Gabriela Alves e João Machado info@lenacomunicacao.pt

Lúcia Serras

José Marques

Isabel Borda d’Água

Abrantes

Abrantes

Abrantes

Abrantes

Sou sensível a causas nobres e, como professora, tentei mobilizar toda a Escola Dr. Solano de Abreu para esta causa.

É uma causa em que não há palavras para uma rejeição. É uma causa com a qual temos de ser solidários porque com coragem podemos vencer.

É uma causa pela qual vale a pena dar um pouco mais de nós. Acima de tudo, é uma causa pela qual vale a pena lutar, porque sozinho é difícil, mas todos juntos fazemos melhor.

Porque já tive alguns casos na família e é uma causa que nos toca a todos. É o mínimo que podemos fazer por esta luta.

Nelson Delgado

IDADE 52 anos RESIDÊNCIA Barquinha PROFISSÃO Professora de História CARGO Directora do Agrupamento de Escolas D. Maria II de Vila Nova da Barquinha UMA POVOAÇÃO Marvão, onde a visão mágica das formas e o silêncio da Serra nos aquieta a alma. UM CAFÉ Paraíso, em Tomar UM BAR “Bar 21”, na Barquinha UM PETISCO Peixinhos da horta UM RESTAURANTE “Remédio d’ Alma”, em Constância PRATO PREFERIDO Cabrito assado no forno com grelos UM LUGAR PARA PASSEAR Óbidos, onde as recordações do passado são desvendadas no percurso deslumbrante das ruas estreitas UM RECANTO PARA DESCOBRIR Mata da Margaraça na Serra do Açor, concelho de Arganil UM DISCO Tannäuser, de Wagner (o CD de referência para os grandes momentos de reflexão e decisão). UM FILME Cinema Paraíso e O Carteiro de Pablo Neruda UMA VIAGEM Escócia, Terras Altas UM LEMA DE VIDA A liberdade como princípio fundamental do ser humano

Marketing Patricia Duarte (Direcção), Catarina Fonseca e Catarina Silva. marketing@enacomunicacao.pt

EDITORIAL

Recursos Humanos Nuno Silva (Direcção) Sónia Vieira drh@lenacomunicacao.pt

A lei da vida

Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@enacomunicacao.pt Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 501636110 Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 83%

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“Um Dia pela Vida” e “Limpar Portugal” vêm desmentir à evidência a tese, tão propalada, de que ninguém se importa, ninguém quer saber, ninguém participa, não há cidadania, a política morreu. Mas vem afirmar, de forma clara, que o exercício político da cidadania não se faz “à velha maneira”, tipo comando e controlo, mas de outro modo. Aliás, do mesmo modo que em Constância e Sardoal se celebra uma,

duas festas que mobilizam a população. Na gestão do país, dos concelhos, das associações, das empresas, há uma forma gasta de gerir a coisa, pública ou privada, e uma forma nova de recriar o mundo e as relações. Ninguém por aqui tem certezas, mas há pistas que se afirmam com alguma nitidez. Participação, espaço de criatividade, produção de resultados de facto, livre iniciativa, cooperação entre iguais, co-

ordenação respeitosa… E, em contraponto, a morte lenta, ou acelerada?, de uma autoridade impositiva, de um comando e controlo que asfixia – esta, sim, é uma asfixia democrática! – de uma usurpação dos louros por quem comanda, de um arredar de quem puder fazer sombra… Não é por acaso que nuns lugares a vida se multiplica como na floresta tropical e noutros definha e morre como no deserto de Kalahari, apesar

da resistência de alguns bosquímanes. As leis da biologia fazem-se respeitar por todo o lado. Tanto no reino das plantas e dos insectos como no dos mamíferos, homem incluído. Alves Jana


à conversa

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IRMÃ MARIA, PORTA VOZ DO CONVENTO DAS CLARISSAS EM MONTALVO

Simplicidade, fraternidade e pobreza ao serviço da paz no Mundo po vivia em guerra, e pediu aos seus irmãos e às suas irmãs que fossem testemunho de paz e de fraternidade no mundo em que vivem. São esses os nossos valores, na pobreza de Jesus Cristo.

ALVES JANA

Um convento de clausura é sempre um sinal de contradição com o espírito do tempo e, por isso, um objecto de curiosidade. Mas só algo de muito importante pode ali passar-se para que mulheres normais, muitas com cursos superiores, larguem tudo e se recolham para uma vida contemplativa de oração e trabalho. Todas as reportagens num espaço de clausura dizem a alegria e a serenidade que ali se encontra. Foi também o caso, embora apenas tenhamos contactado com a irmã porteira e com a “porta voz” do convento, a Irmã Maria, cujas respostas devem ser lidas num ritmo muito lento e pausado, como tivéssemos todo o tempo do mundo.

Qual é o espírito e a mensagem das clarissas? Santa Clara, com o seu entusiasmo de mulher jovem, fundou a ordem em 1212, dedicada à contemplação. Contemplação é libertar-se para se dedicar inteiramente a Cristo estando ao serviço da humanidade, da comunidade. Criou uma ordem em que brilhasse e simplicidade, a fraternidade e a pobreza, como S. Francisco de Assis. Mas a clausura e o retirarse para a contemplação parece em contradição com esse “estar ao serviço da comunidade”. O mosteiro é um espaço

O “voto de obediência”, nas ordens religiosas, está hoje em contradição com o espírito do mundo. A obediência é um espaço de liberdade, porque é uma opção pessoal. E sendo uma opção de cada irmã, é uma opção comunitária. Não vemos a obediência como uma sujeição. Procuramos ser fiéis à vontade do Pai, como Jesus Cristo, que também viveu em obediência a Deus e foi o homem mais livre.

de silêncio e de recolhimento para podermos estar mais próximas de Deus e da comunidade humana. Na medida em que estamos próximas de Deus podemos ter presentes as necessidades das pessoas. E na medida em que podemos estar mais livres e perto das pessoas, podemos trazerlhes Deus. Porque deixam o nome civil e adoptam um nome religioso? Lemos na Sagrada Escritura que Deus disse a Abraão: “Deixa a tua terra e vem para a terra que eu te indicar. Lá

te darei um nome novo.” É a partir desse passo da Bíblia que nós, quando tomamos o hábito da ordem, recebemos um nome novo. Antigamente deixávamos mesmo o nome civil, mas agora conservamos os dois. Neste corte com o mundo, o que procuram “lá dentro” que não há “cá fora”? A vocação religiosa é um chamado de Deus. Não somos nós que escolhemos. Deus escolhe-nos, e a nós compete-nos sermos fiéis. Sermos fiéis a esse chamado de Deus é o que vimos buscar aqui dentro. Buscamos o

A irmã Maria Naturalidade: Louriçal, Pombal Profissão religiosa: no convento do Louriçal Permanência no Louriçal: 17 anos Em Montalvo: desde a preparação dos 800 anos do nascimento de Sta. Clara, que foi em 1994 Função no convento: vigaria da abadessa, com o pelouro das relações públicas

silêncio, o equilíbrio, a paz, para nos doarmos a Deus pela humanidade. E volto a repetir: estamos em Deus para estarmos com a comunidade. Procuramos um espaço de silêncio para que a nossa missão de serviço à comunidade humana seja uma realidade.

Quais são, além dos que já referiu, os valores que norteiam o vosso dia-a-dia? A fraternidade, a paz e a pobreza que são, essencialmente, valores franciscanos no seguimento de Jesus Cristo. Francisco de Assis trouxe uma lufada de ar fresco ao mundo, que no seu tem-

E como é vivido o silêncio? É uma necessidade pessoal, para encontrarmos Deus. Mas temos as nossas horas de lazer, além das horas de formação em comum e as de oração comunitária. Todos os dias temos uma hora de conversação fraterna, de convívio fraterno, que é muito importante para equilibrar o dia de silêncio. Que mensagem deixa aos nossos leitores? Uma mensagem de paz, de amizade e de fraternidade, que as pessoas nunca vivam a solidão, o desespero, que se possam encontrar com elas próprias e com Deus e assim encontrem a felicidade e o equilíbrio.

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“O segredo está na prevenção e no diagnóstico precoce”

• O cortejo deu início ao dia histórico contra o cancro LUTA CONTRA O CANCRO

Abrantes pela vida Cerca de duas mil pessoas durante quatro meses prepararam e fizeram o grande Um Dia Pela Vida a 20 de Março. O cortejo inicial partiu do Jardim dos Plátanos e dirigiu-se para o Tecnopolo. Aí teve lugar o primeiro momento de grande emoção, a Volta dos Vencedores. As lágrimas nos olhos da maioria dos presen-

tes celebravam a Vida na passagem das pessoas que venceram o cancro ou estão a lutar contra ele. Durante todo o dia e quase toda a noite, música no palco, comes e bebes para o sustento do corpo, mil formas de fazer dinheiro contra o cancro e sempre pessoas a andar na passadeira e a significar a caminhada individual e colectiva da luta contra o cancro. Às dez da

noite, a Cerimónia das Luminárias voltou a inundar os olhos dos presentes. Foi o momento de recordar os mortos e honrar os heróis vivos desta luta com o cancro. Feitas as contas, ainda não finais, foi já apurade uma receita global de 135.000 euros. A avaliação geral, dentro e fora da organização, foi de que foram superadas as expectativas.

O director do Centro de Saúde, o médico Fernando Siborro, tem vindo a insistir no cuidado com a alimentação. “Uma alimentação variada é muito importante,” tem vindo a dizer nas várias sessões do projecto Abrantes pela vida. E sublinha a importância da comida tradicional portuguesa, ou mediterrânica, considerada uma das melhores. A sopa, os legumes, mas sobretudo a variedade, contra o fast food e o excesso de carnes vermelhas. E, é claro, nada de tabaco, pois está provado que provoca o cancro e é mau caminho para quem não quer morrer cedo. Os vários médicos e enfermeiros que têm participado nas várias sessões de sensibilização insistem também na detecção precoce dos problemas. “Há quem tenha medo de receber más notícias, mas recebê-las cedo é a melhor forma de as tornar menos más, porque quanto mais cedo um cancro for detectado, maiores são as probabilidades de êxito no combate.” Trata-se, portanto, de um erro estratégico desleixar todas as formas de rastreio, seja por apalpação, seja por análises clínicas ou exame físico. Quando um doente é detectado

Fernando Ciborro, director do •Centro de Saúde. com cancro, normalmente pelo médico de família, é enviado para o sistema hospitalar, onde há competências de diagnóstico e tratamento. “Se as coisas funcionassem bem, explica Fernando Siborro, o hospital devia manter o médico de família informado da evolução do doente. Mas raramente isso acontece.” Por isso, os centros de saúde nem sequer têm uma noção do panorama oncológico desta nossa zona. “Talvez consultanto o ROR, o Registo Oncológico Nacional, mas também não funciona bem”, acrescenta.

o jornal de abrantes on line em www.oribatejo.pt jornaldeabrantes


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A qualidade da decisão terapêutica O director clínico do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Edgar Pereira, reforça de vários modos a mensagem central: “O principal é a qualidade da decisão terapêutica. Só depois é que se deve procurar a proximidade, seja a proximidade dessa decisão, seja a proximidade do acompanhamento. Inverter as coisas é um erro que se paga caro.”

Como quem diz, para uma boa decisão, vai-se à China se for preciso, porque uma má decisão não pode dar bom tratamento, por melhor que sejam os cuidados que o doente tiver. Palavra de médico, que é também administrador do sistema. Sabemos que no ano passado, Abrantes foi agitada pela iminência do fecho do hospital de dia, dedicado aos cuidados oncológicos. Edgar Pereira explica que “cada hospital do Médio Tejo nasceu isoladamente e fez a sua própria história.” No caso de Abrantes, toda a terapêutica oncológica, estava centrada num médico, que se reformou no ano passado. Por isso, “todo o sistema ruiu”. É preciso encontrar uma solução. A melhor seria contratar um oncologista, mas não os há no mercado. Na

Edgar Pereira, director clínico do Centro Hospitalar do Médio Tejo. melhor das hipóteses, a solução passa por conseguir que um oncologista venha a Abrantes para a decisão terapêutica. É essa a solução que está em negociação. Porque “para haver qualidade, neste domínio como noutro qualquer, não pode ter-se um caso ou dois por mês. É preciso lidar com os mesmos problemas todos os dias. Só assim se ganha competência e especialização”, explica Edgar Pereira. É isto que é preciso garantir em Abrantes. Até lá, os doentes têm de ir a Tomar ou Torres Novas, que já tinham garantido uma solução própria. Entretanto, está já assegurado no hospital de Abrantes o acompanhamento aos doentes em tratamento.

Acontece que está neste momento em discussão pública a reorganização do sistema oncológico nacional. O caso do Médio Tejo está ainda em avaliação. Edgar Pereira explica: “Aqui, o importante é assumirmo-nos como Centro Hospitalar, com três unidades. Porque cada hospital, isolado, não tem expressão, isto é, não tem doentes suficientes que garantam uma prática de qualidade a quem tenha de tratar deles. A estratégia tem de ser criar centros por onde passem muitos doentes que dêem aos especialistas uma prática continuada e lhes permitam uma dedicação exclusiva a um tipo de patologia e uma troca de informação que isolados

não podem fazer.” E Edgar Pereira recorda que “ainda não há muito, fazer quimioterapia exigia internamento e deixava o doente muito debilitado. Entretanto, as técnicas de diagnóstico e terapia evoluíram, e continuam a evoluir, de modo que já se pode aplicar quimioterapia, por exemplo em cada um dos hospitais do Médio Tejo. Mas, porque a evolução é rápida em cada um dos sectores, é necessária uma dedicação exclusiva.” Ou seja, os doentes só ganham se recorrerem a especialistas de elevada competência, o que não é compatível com a dispersão por locais sem números expressivos. Ora, se cada hospital não tem esses valores, “o Médio Tejo em conjunto já tem valores que lhe permitem, em princípio, se houver colaboração entre clínicos, ficar dentro do sistema que vai ser montado,” acredita Edgar Pereira. Ainda assim, porque o cancro tem muitas variantes com problemas diversos, mesmo dentro do Centro Hospitalar o desejável é que os médicos que vierem a ficar dedicados ao cancro se diversifiquem entre si em sub-especialidades. “Ninguém consegue saber tudo e acompanhar tudo”, mesmo dentro do domínio oncológico.

“Era grave, mas ainda cá estou” Ana, nome fictício, tinha 35 anos quando foi operada a um tumor no peito. “Comecei com muitas dores nas costas. Passados uns meses fui a um ortopedista, pois pensava que era da coluna. Fiz vários Tac’s e não acusaram nada. Mais tarde encontrei um durão na parte superior do peito direito. Não tinha mais sinais nenhuns e fui à médica de família. Ela mandou-me fazer uma ecografia e uma mamografia. Nessa altura viu-se logo que era algo grave. Voltei a repetir a mamografia. Quando veio o relatório, o resultado foi uma massa tumoral com 12 centímetros de comprimento e 5 centímetros de diâmetro, com características malignas. “Contactei um médico amigo do hospital da CUF que também fazia serviço no IPO, e encaminhou-me para um cirurgião. O médico quando falou comigo disse que eu tinha de ser operada o mais rápido possivel. Na semana a seguir fui operada, numa clínica particular, porque nao havia vagas no IPO. Depois fui para o IPO novamente, a outro médico da especialidade de oncologia, e comecei os tratamentos de quimioterapia. Fiz 12 sessões com intervalo de três semanas entre cada uma. A seguir fiz 35 sessões de radioterapia. E agora, cá estou. Já fez 11 anos que fui operada”. Maria João Ricardo

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PROTOCOLO ASSINADO NO PASSADO DIA 22

“Redes do Tejo” contra a pobreza Nove municípios do Médio Tejo e a União Distrital das IPSS’s assinaram no passado dia 22 o protocolo do projecto Redes do Tejo.

Abrantes, que lidera, Constância, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha comprometem-se, com a União das IPSS’s a desenvolver um conjunto de acções numa estratégia conjunta integrada no Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social. Trata-se de um caso exemplar, e ao que parece único, de cooperação pró-activa num projecto supra municipal de trabalho em rede. O lema adoptado é significativo: “Enquanto houver margens, queremos continuar a construir pontes.” Os parceiros comprometemse a trabalhar numa perspectiva de conjugação de esforços e

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recursos, com vista a “colmatar as dificuldades com que inúmeras pessoas e instituições se deparam, de modo a minimizar e combater eficazmente a pobreza e a exclusão social e sensibilizar todos os agentes do território em causa”. A promoção de actividades de solidariedade, a dinamização das redes sociais de cada concelho, a realização da feira social e do mês da solidariedade e acções de sensibilização e informação são, entre outras, algumas das actividades a realizar a partir de agora, com vista à persecução dos objectivos inerentes a este projecto e à linha orientadoras do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. Este projecto foi alvo de uma candidatura conjunta ao PNAECPES. Embora careça ainda de aprovação, entenderam os parceiros assumir a sua realização.

Distrital das IPSS’s de Santarém assinou o protocolo com •noveA União municípios do Médio Tejo.

“Redes do Tejo” Objectivos - Desenvolver uma parceria efectiva e dinâmica que articule a actuação dos diferentes agentes sociais; - Promover o planeamento integrado do desenvolvimento social, potenciando sinergias, competências e recursos; - Garantir maior eficácia nas respostas sociais ao nível dos concelhos e freguesias; - Formar e qualificar agentes envolvidos nos processos de desenvolvimento local. Actividades - Organização de Encontro de Redes e parcerias locais; - Realização de acções de formação e sensibilização; - Elaboração de instrumentos de comunicação e informação; - Realização da Feira Social; - Dinamização das Redes Sociais de cada concelho e da plataforma supra concelhia; - Realização de actividades no mês da solidariedade.


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INSEGURANÇA

Casos sucedem-se sem as medidas necessárias Com regularidade, Abrantes é atravessada por relatos indignados de “mais uma” estória de agressão ou roubo ou de actos da mesma família. Sempre por jovens há muito identificados. No passado mês de Janeiro, novos episódios vieram reacender a indignação por não se sentir que estejam a ser tomadas medidas eficazes. Os sentimentos de insegurança e de revoltam vão crescendo.

Os protagonistas estão identificados. São, em geral, menores, que crescem na marginalidade e que apenas na marginalidade terão futuro. A indignação por o problema continuar a crescer e não se sentir medidas de combate é manifesta, ainda que permaneça latente… até que o balão estoire. Fomos recolher três casos, os dois do mês de

janeiro e um anterior. Para que conste, para que as coisas não tombem no silêncio. Os nomes são fictícios, por razões que se compreende, mas os relatos são autênticos.

Agredidos pai e filha Sara ouviu barulho lá fora, junto ao carro e foi ver à janela, porque já há tempo lhe tinham feito estragos no automóvel. Dois jovens estavam a maltratar o espelho lateral. Saiu à rua e interpelou-os, se achavam bem, se o carro os estava a incomodar. Entretanto, Júlio, o pai da jovem, ouviu barulho na rua e foi ver. A filha estava a ser incomodada pelos dois rapazes. Foi em defesa da filha, mas um dos dois começou a empurrá-lo enquanto o outro deitava a sua filha ao chão e a agredia. Para defender a filha, baixou-se para agarrar o agressor quan-

montra vazia, com estore de segurança por trás, •falaApor si.

do o outro o agrediu no nariz, certamente com um pontapé pela força e gravidade da agressão. Os vizinhos acudiram de imediato ao barulho, os agressores fugiram e os agredidos foram para o hospital. À hora de recolha desta informação, o pai tinha sido operado ao nariz, em Lisboa, para recompor a fractura e a

filha continuava de baixa. Foi em Abrantes, neste mês de Janeiro. Entretanto, correm na rua novas ameaças.

beça e saiu. Estava no seu trabalho quando sentiu que lhe estavam a cair em cima o que pensou serem pedras. Gritou por ajuda e quando foi socorrido, viu-se que tinha sido alvejado com chumbos de tiros próximos. Via-se dois rapazes a fugir ali perto, não eram os mesmos do caso anterior. Como o agredido sangrava com abundância, teve de ser socorrido no hospital. “Por um milímetro não atingiu uma veia importante, teria sido o seu fim”, diz quem sabe. O chapéu foi levado à polícia como prova. Também foi em Janeiro passado, na Chainça.

Agressão em grupo Alvejado a tiro Samuel vai todos os dias a um terreno próximo tratar dos animais, apesar da sua idade bastante avançada. Como de costume, pôs o chapéu na ca-

Já por várias vezes eles tinham ido lá roubar galinhas. Numa das últimas vezes, tinham matado toda a criação e deixaram-na lá… Por isso, naquele dia, quando os viram

parados junto ao barracão, foram interpelá-los, perguntarlhes o que é que queriam. A resposta foi serem agredidos. Quando se quiseram defender, apareceram mais uns 10, e não é difícil imaginar o que possa ter acontecido. Manuel caiu e foi agredido a pontapé, por isso ficou com o maxilar e o nariz partidos. O cunhado e o filho tiveram também de ser assistidos no hospital. Foi há seis meses, mais ou menos. Foram à polícia, para apresentar queixa, mas disseramlhes que teriam de voltar no dia seguinte. Mas no dia seguinte um dos dois teria de estar a trabalhar longe, onde mora. Que assim, não. Acabaram por desistir da queixa. Ainda voltaram a ser chamados outra vez para a questão da queixa, mas “como já tínhamos desistido, mantivemos a coisa assim”.

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ROSSIO AO SUL DO TEJO

Abrantes com nova estação de canoagem JERÓNIMO BELO JORGE

Abrantes passou a dispor de uma estação de canoagem, em Rossio ao Sul do Tejo, junto ao rio. Tratase de um edifício requalificado pela Junta de Freguesia, num protocolo assinado com a Câmara Municipal de Abrantes que contribuiu com um subsídio de cerca de 72 mil euros.

Esta infraestrutura, depois de recuperada, foi cedida ao clube desportivo Os Patos, à secção de canoagem, criando condições para que a associação possa desenvolver a modalidade, na qual tem dado passos de qualidade, tendo alguns atletas nas selecções nacionais. Não será de estranhar que a pequena cerimónia tenha contado com a presença do presidente da Federação Nacional de

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Canoagem que, ao associar-se ao evento, quis deixar o apoio ao clube e ao desenvolvimento da modalidade, que tem no espelho de água de Abrantes um potencial de crescimento e atracção em torno da modalidade. De referir ainda que a Junta de Freguesia do Rossio promoveu esta requalificação, segundo o seu presidente, Luís Valamatos, com dois objectivos: primeiro apoiar uma associação da freguesia e, em segundo lugar, recuperar o edifício do antigo matadouro que estava ao abandono e degradado, mostrando assim aos cidadãos para a necessidade de requalificar os prédios degradados do centro histórico da freguesia. Na ocasião, a presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, prometeu obras na estação de

canoagem de Alvega, que já tem uma série de anos, e informou que está a avançar o projecto de arquitectura do Centro Náutico de Abrantes, a construir na margem Norte do Aquapolis, criando condições de atractividade para estágios de atletas oriundos do Norte da Europa que no Inverno procuram o nosso país para a prática da modalidade. A requalificação da margem Sul do Aquapolis, cujo projecto de execução deverá ser lançado ainda este ano, contempla bons acessos ao espelho de água, melhorando as condições existentes actualmente. Refira-se que a margem Norte tem um acesso para os automóveis descarregarem as embarcações até à água, estrutura esta que não existe ainda na margem de Rossio ao Sul do Tejo e nem sequer estava prevista no projecto inicial.


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Foto: Paulo Sousa

especial sardoal

Sardoal celebra Semana Santa de 28 de Março a 4 de Abril As celebrações religiosas da Semana Santa são as grandes festas do Sardoal. Mobilizam os habitantes, atarem visitantes e animam a vida local a partir de elementos que partem do mais interior das pessoas e do mais fundo dos tempos. Na Semana Santa, o Sardoal vale ainda mais a pena.

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MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO SARDOAL

Durante a Semana Santa temos um potencial turístico muito bom MARIA JOÃO RICARDO

Quem passa pelo Sardoal durante a Semana Santa não fica indiferente, e quer lá voltar. As capelas e igrejas enfeitadas, a venda de amêndoas, a cozinha típica, o bom vinho e as paisagens deslumbrantes, os cantos e recantos da vila, fazem deste “um concelho bom para as pessoas morarem”, adianta o vice-presidente Miguel Borges. A Vila-Jardim, como carinhosamente é conhecido o Sardoal, espera por si.

O que representa a Semana Santa para o Sardoal? - É um momento de grande importância, não só de cariz religioso, como cultural e turístico. Existe uma relação muito próxima entre a Câmara Municipal, a Paróquia, a Sta. Casa da Misericórdia e todos os organizadores da parte religiosa. Essa vertente turística levou a que a câmara tenha apostado mais na Semana Santa, desde 1997. As Festas do concelho são outra coisa. - Sim, sem dúvida. Durante a Semana Santa temos um potencial turístico muito bom, aliado à religião. A aposta foi forte e pretendemos que continue crescendo. Nas Festas do concelho, a aposta é dar a conhecer a vertente económica local, com animação à mistura. No fundo é uma festa popular, como existe noutras regiões. Qual destas festividades atrai mais pessoas ao Sardoal? - Todas as festas religiosas são de uma importância muito forte, e no nosso caso existe uma particularidade única – temos o enfeitar de capelas com flores e verduras. Envolvem-se associações, a Sta. Casa da Misericórdia, escolas, no fundo toda a comunidade. É uma tradição que tem passado de pais para filhos e queremos preservar o mais possível. É cada vez maior o número de pessoas a vir ao nosso concelho. Por exemplo, a Procissão dos Fogaréus tem uma afluência grande. O que podemos ver este ano no programa da Semana Santa? - Para além das cerimónias religiosas habituais, do enfeitar das capelas e das Procissões, vamos ter uma venda de amêndoas e uma expo-

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sição da Sta. Casa da Misericórdia. A venda de amêndoas decorre no átrio da Casa Grande. Antigamente os namorados compravam amêndoas para oferecer às namoradas, por esta altura. No sábado, realiza-se um concerto de piano a quatro mãos, com música de Bach, Endel e outros compositores, no Centro Cultural Gil Vicente. Vai estar patente durante três meses, no Centro Cultural, uma exposição sobre os 500 anos do aniversário da Sta. Casa da Misericórdia. É um espólio riquíssimo, com os painéis originais da Sta. Casa, que têm figuras da Paixão e Morte de Cristo, o Oratório de Arte Namban, entre outros. Este Oratório é único e tem percorrido o mundo, em várias exposições. Como é que a câmara e a igreja organizam a Semana Santa? - Fazemos sempre uma reunião preparatória com o padre, e disponibilizamo-nos para apoiar no que a Irmandade precisar. Estamos a ultimar os procedimentos para regular o trânsito, para que este não interfira no percurso das procissões. Juntamente com a junta de freguesia estamos a caiar todas as capelas da vila. Temos uma colaboração estreita com a igreja e com as três Irmandades.

Um concelho no Centro de Portugal Para além destas festividades o que tem o Sardoal para oferecer aos visitantes? - Temos boa gastronomia, a cozinha fervida, ruas muito lindas, as capelas que agora estão enfeitadas. Temos bom vinho e estamos no centro de Portugal. Temos paisagens fantásticas não só em Sardoal, como Codes, Lapa, Vale do Cabril. Qual é o grande potencial do Sardoal? - Temos alguma agricultura e pequenas indústrias, mas o comércio não é muito significativo. Contudo, é um local que tem qualidade de vida. É um concelho bom para as pessoas morarem, para deixarem os seus filhos na escola, onde a cultura tem força, e o desporto já vai tendo outro dinamismo. Vamos começar ainda este ano com a construção de um pavilhão gimnodesportivo, aqui na vila, e em breve um parque des-

portivo em Sta. Clara. Em relação ao saneamento básico estamos a trabalhar para dar qualidade de vida à população. Qual é a aposta do município nas áreas social, educação, associativismo, cultural? - Vamos divulgar em breve um projecto que se chama Pampi , ocupação dos idosos. Passa pela piscina, aulas de hidromassagem, leitura, bordados, o avô on-line. Este projecto tem uma psicóloga, uma socióloga e uma assistente social. A equipa vai andar no terreno para saber junto desta camada etária o que eles precisam. Em termos de educação, além do Agrupamento de Escolas, temos agora um jardim-de-infância novo, com todas as condições. As crianças podem lá ficar das 8 da manha até às 19h, com uma oferta diversificada, com componente de apoio à família. Durante o verão vol-

ta a realizar-se o ATL, em colaboração com a Associação de Pais e com o Agrupamento. Contudo, precisamos de requalificar o nosso parque escolar. É urgente uma intervenção de fundo na Escola C+S. De futuro queremos construir um pólo escolar no Sardoal e outro em Alcaravela. Para além das crianças, apoiamos também os nossos jovens. Com muito agrado nosso foi criada há pouco tempo uma nova associação de jovens, que já nos fez muitas propostas, como observação de estrelas, festivais de música. Para além desta existem outras associações que também merecem o nosso apoio, como a Associação da Presa, a Filarmónica, ou o GETAS, por exemplo. Estamos a trabalhar nos regulamentos para o novo Conselho Municipal do Associativismo. Na área cultural temos o Centro Cultural com muitas actividades, com exposições e iniciativas de vá-

Perfil António Miguel Borges 44 anos de idade Natural de Abrantes Residente em Sardoal vice-presidente da Câmara pelouros: Serviço de Projectos Comparticipados Ambiente Cultura, Desporto e Acção Social Desenvolvimento Económico/ Social Inovação e Modernização Articulação com as Juntas de Freguesia e com as Associações Antecedentes locais Professor de educação musical Maestro do GETAS e da Filarmónica União Sardoalense Membro da CPCJ local, Membro do Conselho Municipal de Educação Presidente da Assembleia Geral da Associação Pais de Sardoal


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rias associações do concelho. No ano passado o Centro Cultural teve mais de 10 mil utilizadores, contabilizados na bilheteira electrónica. Por exemplo a Associação de Valhascos e a da Presa também fazem actividades. Como está o projecto para a Rota do Pão? E o Arquivo Histórico? - A Rota do Pão ainda é apenas isso, um projecto. Esta Rota já existe, mas precisamos operacionalizar as azenhas e os moinhos. A ideia será terminar no antigo lagar, com um grande museu e com exposições do pão e do azeite. O Arquivo Histórico é mais prioritário. Estamos a fazer o levantamento de todos os documentos, com qualidade e rigor, para que a nossa história não se perca. Para quando um novo Parque Industrial? - O actual Parque está esgotado, não se pode ampliar. Existem 15 empresas no local. Está a ser feita uma revisão do PDM, e é urgente a sua conclusão. A empresa que está a fazer esta revisão está com alguns problemas, e a câmara está a agilizar o processo, o mais rápido possível. No entanto tem havido vários entraves, em termos de governo.

do carro de aluguer. No futuro podemos ver o vereador Miguel Borges como presidente do município? - (risos) De momento a presidência do Sardoal está muito bem entregue. O meu objectivo é trabalhar o melhor que sei, com a máxima força, pelo concelho de Sardoal. Se no futuro essa hipótese se colocar irei analisá-la. A única coisa que eu tenho certa é ser professor. De futuro queremos criar pequenos parques industriais em algumas das nossas freguesias, para que as famílias se possam fixar lá. Como está a situação do mau funcionamento dos semáforos? - Os semáforos não dependem da câmara municipal. Quando eles não funcionam em condições alertamos os responsáveis, mas o que é certo é que nem sempre vêm com a rapidez que desejamos. No ano passado alertámos o Presidente da República sobre esta situação. Vamos continuar a insistir para que aquela zona, que é considerada de risco, tenha solução. Como classifica a relação da câmara com entidades exteriores?

- Ninguém está sozinho e todos juntos podemos oferecer mais. Trabalhamos com Constância, Abrantes, Mação, Vila de Rei e outros municípios. Nós temos que procurar dentro de um contexto regional o que podemos oferecer às populações. Por exemplo, o projecto supramunicipal “Redes do Tejo”, onde Sardoal está inserido, terá sem dúvida muito sucesso pelo envolvimento total de todos. O que falta no Sardoal? - Em termos de saúde, tal como noutros concelhos, a falta de médicos é algo que nos preocupa. Nestes cinco meses de trabalho, este é um problema que eu tenho registado. Temos uma população idosa, e não conseguimos resposta em tem-

po útil. Os actuais médicos de família não são em número suficiente para todo o concelho. Já disponibilizámos uma casa para alojar médicos de países de Leste que queiram vir para Sardoal, mas não depende de nós. Durante vários anos parece que andámos a brincar um pouco com a saúde, e hoje enquanto europeus os resultados são muito maus. A rede de transportes no concelho é adequada? - Não, infelizmente. Estamos a apostar em conjunto com a Comunidade Intermunicipal, numa rede de transportes para a comunidade, que vai avançar já este ano. O Sardoal tem uma população idosa e a interioridade é algo que não ajuda. Muitas pessoas têm que se socorrer

O futuro? Logo se verá Quando é que ingressou na vida política? - Foi apenas há quatro meses. (risos) É devido a um convite irrecusável do presidente Fernando Moleirinho, que agora aqui estou. Ao longo dos anos tenho tido uma participação cívica, tanto em Abrantes como aqui no Sardoal, mas em termos políticos esta é a primeira experiência. Prepara-se para ser o próximo presidente? Agora é a hora de fazer o meu trabalho o melhor possível. Quanto ao resto, se verá, não estou preocupado com isso. Até porque eu ainda não sei se “é isto que quero”. Estou a começar, vamos ver o resultado.

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A igreja do Convento de Santa Maria da Caridade

FERNANDO MOLEIRINHO, PRESIDENTE DA CÂMARA DO SARDOAL

Fé, tradição e cultura É o Concelho de Sardoal rico em História e em Tradições, muitas delas relacionadas com as profundas convicções religiosas do povo, cuja origem e significado se perdem na marcha do Tempo e das gerações.

Essas tradições, mais que sentimentos de Fé, são agora marcas indeléveis da nossa Cultura, no seu sentido mais vasto e completo. É neste perspectiva que a Câmara Municipal, enquanto entidade institucional laica, se associa activamente às festividades da Semana Santa e Páscoa. Até porque a nossa Semana Santa já ultrapassa as “fronteiras” dos rituais e

celebrações litúrgicas, por ser uma referência no coração dos sardoalenses, sejam eles crentes, não – crentes ou agnósticos. É nesta ocasião que as pessoas se juntam e convivem. Vêm os que residem ou trabalham fora, reúnem-se as famílias, os amigos, os vizinhos. O cenário é triste e nostálgico mas é, também, a festa do reencontro e da aproximação. Foram as Festividades desde sempre organizadas com o maior brilho pela Paróquia de Santiago e São Mateus, Santa Casa da Misericórdia e Irmandades, mas nos últimos anos a Câmara Municipal assumiu uma maior presença na sua divulgação, promovendo a colocação de

faixas, velas e candeias, publicando cartazes, folhetos e suplementos temáticos na imprensa regional e – sobretudo – levando a efeito um Programa Complementar que integra exposições de artesplásticas, concertos musicais, cinema e venda de amêndoas na Casa Grande. Igualmente importante é a tarefa dos moradores locais que enfeitam as Capelas com motivos simbólicos da sua devoção e as associações concelhias que participam em iniciativas paralelas. É o trabalho de todos no presente que vai perpetuando a nossa entidade colectiva! Fernando Constantino Moleirinho

No cume da colina mais elevada da Vila de Sardoal, de onde se vislumbra um vasto horizonte em todos os sentidos, encontra-se o sinal e a memória da secular presença dos filhos de S. Francisco. Os frades menores Franciscanos, vindos da Abrançalha, instalam-se neste lugar em 1571, junto a uma ermida já muito acarinhada pelos devotos da Santa Mãe de Deus, aí invocada com o título da Caridade. É esta invocação que passa a designar o Convento, e é ao redor da bela imagem da Virgem que todo o Convento terá a sua expansão. A Senhora apresenta-se com o Menino nos braços, e com um fruto na mão direita, é esculpida em pedra de Ançã, obra do gótico tardio, das laborações oficinais de Coimbra. Esta imagem da Senhora continua a presidir à Igreja que lhe é dedicada e a acolher as preces devotas dos que se confiam ao seu auxílio. Para a fábrica do Convento e beneficiação da ermida colaboraram os habitantes da Vila, evidenciando-se um ilustre morador e senhor desta mesma Vila, D. Duarte de Almeida, filho de D. Lopo de Almeida, terceiro Conde de Abrantes. A 17 de Dezembro de 1677 o Convento viria a ter como padroeiro D. Gaspar Barata de Mendonça, que era natural do Sardoal, foi o primeiro arcebispo da Baía e primaz do Brasil. É este bis-

po que promove a reedificação da Igreja de modo mais significativo e que chega aos nossos dias. A Igreja de N. Sr.ª da Caridade tem uma única nave, com a capela-mor separada por arco cruzeiro e abóbada de berço, sobre a porta de entrada encontra-se o coro alto com cadeiral para os ofícios corais e estante no centro; uma balaustrada limita e protege o espaço. No alçado esquerdo podemos encontrar os nichos que serviam de confessionário e o belo púlpito onde são ainda proferidos os sermões. Anexa à Igreja do Convento existe uma sacristia de grande riqueza artística. O tecto em caixotões seiscentistas foi pintado em 1720. O arcaz tal como o tecto é decorado com pintura de elementos figurativos orientais. O grande valor material e artístico, a beleza e o exotismo que podemos contemplar nesta magnífica Igreja de Santa Maria da Caridade, manifestam o reconhecimento da importante acção desenvolvida pelos religiosos na Vila do Sardoal e o afecto pessoal e social da população. Muitas das expressões da religiosidade popular que ainda permanecem ficarão a dever-se a esta presença e à valorização de expressões evangelizadoras e celebrativas tão caras à espiritualidade franciscana. Pe. Francisco Valente

As Tábuas Quinhentistas da Matriz do Sardoal A Igreja matriz da Vila de Sardoal guarda um dos mais preciosos tesouros da primitiva pintura portuguesa. Um núcleo constituído por sete tábuas pintadas a óleo representando temáticas sagradas. Pertenceram ao primeiro retábulo da Igreja que foi erguido no início de quinhentos e provável encomenda de D. Francisco de Almeida. Desde a sua descoberta

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pelo Dr. João Couto nos finais da década de 1930, que desconhecendo a identidade da sua autoria atribuiu-a a um mestre do Sardoal. Os mais importantes historiadores de arte são hoje unânimes em referir estas obras a uma oficina sedeada em Coimbra e dirigida por Manuel Vicente e Vicente Gil. Estes mestres tiveram grande actividade e muitas das suas

obras retabulares ainda se conservam. Após o desmantelamento do retábulo para ser substituído pelo de estilo Barroco que ainda se conserva, as tábuas foram guardadas numa sala da Irmandade do Santíssimo Sacramento sob a Capela-mor, até à sua descoberta. Hoje, estas obras encontram-se expostas numa capela lateral da igreja matriz, dedicada ao

Sagrado Coração de Jesus. Este não é o espaço favorável nem adequado para a conservação e observação deste excelente núcleo de pintura. Será desejável num futuro próximo encontrar soluções que permitam condições favoráveis para a sua exposição de modo permanente, possibilitando uma correcta e adequada conservação e leitura das mes-

mas. As pinturas que referenciam a Vila do Sardoal nos roteiros da cultura portuguesa são o testemunho da importância deste lugar nos alvores da Idade Moderna, e da erudição e gosto dos mecenas, especialmente a família dos Almeidas que estavam afectivamente ligados à Vila, e que dotaram a vila de obras singulares. Pe. Francisco Valente


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PADRE CARLOS ALMEIDA, PÁROCO DO SARDOAL

“´É importante as pessoas perceberem o que é celebrado” MARIA JOÃO RICARDO

A Igreja celebra nesta época o chamado Tríodo Pascal, os três dias mais importantes do ano litúrgico cristão. Nos dias que correm, cada vez mais secularizados, é cada vez menos claro o significado da Semana Santa. Por isso, fomos ouvir o pároco do Sardoal. Quase com dois anos de funções na freguesia, o padre Carlos Almeida relembra que “é importante as pessoas perceberem o que realmente é ali celebrado”. Na Quinta-Feira Santa, dia 1 de Abril, realiza-se a missa vespertina da Ceia do Senhor e a cerimónia do Lava-Pés, na Igreja Matriz de Sardoal. “Esta cerimónia simboliza o que Cristo fez no Cenáculo, com os discípulos. À noite realizase a procissão do Mandato, também conhecida como dos Fogaréus ou do Senhor da Misericórdia”, explica o pároco. Mais adiante salienta “este é um tempo de reflexão. Terminamos o evangelho na Quinta-Feira Santa com a expressão “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, que está simbolizada na cerimónia do Lava-Pés, e depois fazse a procissão. O nome original é Procissão do Mandato, e

é isso mesmo que vamos fazer. Vamos para a rua anunciar o que Cristo nos mandou fazer”. Na Sexta-Feira Santa não se realiza missa, é conhecido como um dia alitúrgico, “mas os cristãos reúnem-se para celebrar e fazer memória da Paixão de Cristo”. Neste dia faz-se a Leitura da Paixão do evangelho de S. João, faz-se a Adoração à Cruz, e uma Oração especial que se chama Oração Universal. No final do dia realiza-se a Procissão do Enterro

do Senhor. O padre Carlos recorda que o sábado é um dia para meditar. “Nesse dia meditamos na Morte de Cristo. É conhecido como um dia de trevas e escuridão, porque se anuncia uma grande luz, que vem dar sentido à nossa vida. Por isso, às 22h, é celebrada, na igreja matriz, a grande Vigília Pascal e a Bênção do Lume Novo. Acende-se o Sírio Pascal, uma vela grande e grossa, e depois entra-se na Igreja, ao som de um hino muito an-

tigo”. No Domingo de Páscoa realiza-se a Procissão da Ressurreição e termina-se com uma Eucaristia, na igreja matriz. O padre Carlos Almeida manifesta a sua insatisfação pela falta de devoção nas cerimónias litúrgicas, reforçando que a maioria dos visitantes passa pelo Sardoal nesta altura“pelo aparato, pelo espectáculo exterior e não tanto por consciência cristã”. Regista com mágoa que durante o ano não se vê muitas pessoas na igreja. As pessoas não participam regularmente nos sacramentos, na catequese. “Tenho-me confrontado com a falta de pessoas para organizar um coro ou até um grupo de leitura. Reconheço, infelizmente, que os jovens não participam na vida religiosa do Sardoal. As primeiras missas que celebrei no Sardoal tinham apenas 20 pessoas, já com alguma idade. Não tem sido fácil puxar os jovens. Estou aberto a trabalhar com eles, mas nunca ninguém me procurou com algum tipo de iniciativa para avançar. Acho que ainda não existe um ambiente criado onde eles se possam sentir acolhidos, por isso ainda não fui mais ao encontro deles”.

Capelas enfeitadas Perde-se no tempo esta tradição, que segundo relatos é única em Portugal. Moradores de várias ruas da vila, associações, alunos e professores do Agrupamento de Escolas de Sardoal, funcionários da Câmara, no fundo toda a comunidade sardoalense reúne-se em pequenos grupos para enfeitar as várias capelas e igrejas, sobretudo na Quarta-Feira Santa. Manuela Grácio e o seu grupo enfeitam há muitos anos a Capela de S. Sebastião, que se situa logo no início da vila. A recolha de flores e verduras é feita por todos, algumas no campo mas a maioria em jardins. Muitas pessoas de outras freguesias oferecem as flores dos seus jardins. Quando não conseguimos muitas flores, como é o caso deste ano devido ao inverno rigoroso que tivemos, e se ninguém nos oferecer, temos que comprar”, explica Manuela Grácio. Um

valor que é repartido pelo grupo. Para além de enfeitarem o chão da Capela de S. Sebastião este grupo é também o guardião do espaço. Fazemos a limpeza da Capela, renovamos jarras e outros acessórios que estejam danificados e quando são organizadas excursões vamos abrir as portas da Capela para os visitantes. Manuela Grácio recorda que esta tradição já vem de pais para filhos, e apesar da própria já não morar na rua, continua a fazer parte do grupo. Temos lá uma senhora de 87 anos que é a mais velha. Mas vamos tendo também malta jovem. Esta tradição das capelas enfeitadas tem a virtude de activar por dentro a comunidade local. Como é fácil de perceber, pessoas de vários estratos etários e sociais desenvolvem entre si laços de comunicação e pertença que não são habituais nas funções sociais comuns e diárias.

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As irmandades Irmandade da Vera Cruz

As procisões do Sardoal MARIA JOÃO RICARDO

Procissão do Senhor da Misericórdia ou Fogaréus

Procissão dos Passos do Senhor

Na noite de Quinta-Feira Santa sai da Igreja Matriz a Procissão do Senhor da Misericórdia, do Mandato ou também conhecida por Procissão dos Fogaréus, que tem o Sermão do Mandato na Igreja de Sta. Maria da Caridade. A Irmandade da Misericórdia, é a responsável pela organização desta Procissão, e os seus Irmãos juntamse aos fiéis, envergando capas (opas) negras, e seguem uma ordem própria recolhida numa edição de 1935 do Jornal de Abrantes. (ver Curiosidade). Pelo facto desta procissão se realizar à noite, e como a iluminação da via pública é desligada, havendo apenas a luz de archotes, velas, lanternas e lamparinas, tanto nas janelas, varandas e sacadas como na mão dos fiéis que acompanham o cortejo religioso, começou a ser conhecida também como Procissão dos Fogaréus. Contudo o seu nome original é Procissão do Mandato.

A imagem de Cristo Crucificado, em tamanho natural, vergado sob o madeiro, com vestes de cor roxa, é o centro das atenções desta Procissão, que percorre as principais ruas da vila. A Irmandade da Vera Cruz organiza esta Procissão. Na Praça da República, junto ao Pelourinho, é pregado o Sermão do Encontro, cuja temática incide sobre a Paixão e a Morte do Senhor. De seguida, dá-se o Encontro simbólico da imagem de Cristo Crucificado e da Sua Santíssima Mãe. Acompanhadas pela Filarmónica União Sardoalense, as duas Imagens e todo o cortejo religioso seguem até ao Largo do Convento de Sta. Maria da Caridade, onde é pregado o Sermão do Calvário. Seguidamente expõe-se aos fiéis uma imagem de Cristo Crucificado, em tamanho natural, que se encontra num oratório, na parede da Capela do Senhor dos Remédios, que normalmente só é aberto durante este Sermão. A Procissão regressa à Igreja Matriz onde termina.

Procissão dos Ramos Neste dia a Procissão dos Ramos sai da Capela do Espírito Santo para a Igreja Matriz, a lembrar a entrada de Jesus em Jerusalém. Antes da Procissão, realiza-se a bênção ritual dos Ramos. A Irmandade do Santíssimo Sacramento, que veste de vermelho, acompanha a Procissão.

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Procissão do Enterro do Senhor Na Sexta-Feira Santa sai à rua, à noite, a Procissão do Enterro do Senhor, em que participam as Irmandades da Vera Cruz e do Santíssimo Sacramento. O percurso é feito pelas ruas velhas da vila de Sardoal, passa pela Igreja de Sta. Maria da Caridade e regressa à Igreja Matriz, onde se realizam as cerimónias do Enterro do Senhor.

Procissão da Ressurreição A Procissão do Domingo de Páscoa

recorda Cristo Ressuscitado. Sai da Igreja Matriz, acompanhada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, capas vermelhas, mas com um percurso mais curto que o das anteriores Procissões. Regressa depois para a Igreja Matriz. Por onde esta passa, as ruas são ornamentadas com flores e verduras, e nas janelas são colocadas bonitas colchas, de particulares e também cedidas pela autarquia.

Uma curiosidade Jornal de Abrantes dita a ordem na procissão No nº 3 do boletim informativo da Câmara Municipal do Sardoal pode ler-se o seguinte. De acordo com notícia publicada pelo “JORNAL DE ABRANTES”, de 7 de Abril de 1935, a Procissão dos Fogaréus, que está a cargo da Irmandade da Misericórdia, e é composta da seguinte forma: “Abre a Procissão um Irmão com o Senhor da Misericórdia. Seguirá o Secretário da Mesa com vara preta; o Tesoureiro com a bandeira e dois Irmãos, um de cada lado com lanternas; um Mesário com vara; o primeiro painel com duas lanternas; um Mesário com uma vara; o segundo painel com duas lanternas; o terceiro painel com duas lanternas; o quarto painel com duas lanternas; a Irmandade da Misericórdia com tochas acesas; o Padre com o Senhor, indo dos lados quatro Irmãos com lanternas; o Provedor com a sua vara, ladeado por outros elementos oficiais. Entre a Irmandade e o Senhor irá o Corpo Eclesiástico”. Esta é uma das funções de um jornal mais que centenário.

A cargo desta Irmandade estão as Procissões dos Passos do Senhor e do Enterro do Senhor. A Irmandade da Vera Cruz existe desde 1870. A Mesa Administrativa é composta pelo Reitor e cinco Irmãos. Todos os elementos desta Irmandade pagam uma quota simbólica, cujo valor reverte para a Igreja. “A Irmandade é organizada pelos superiores eclesiásticos. Temos um compromisso próprio, religioso, canónico”, salienta José Curado, o Reitor. Para angariar dinheiro, organizam um peditório antes da Semana Santa, para apoiar a Igreja e para algumas despesas da Irmandade, como acessórios e novas capas. “No dia das Procissões, as nossas capas ou opas têm cor roxa. Organizamo-nos para saber quem leva as imagens, as lanternas, as varas, o guião e organizamos também os anjinhos, crianças pequenas vestidas de anjo. Muitos pais doam os fatos de anjinhos dos seus filhos à nossa Irmandade, para que outras crianças possam fazer parte da procissão”.

Irmandade do Santíssimo Sacramento Data de 1878 o novo compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Arnaldo Cardoso é o Juiz que preside a esta Irmandade. Actualmente tem 64 Irmãos, homens, mulheres e jovens. Todos os anos pagam uma quota, cujo valor reverte para a Igreja. Usam capas ou opas de cor vermelha, e organizam a Procissão dos Ramos e a Procissão da Ressurreição. Em colaboração com a Irmandade da Vera Cruz organizam a Procissão do Enterro do Senhor. Na Procissão da Ressurreição dois Irmãos vão a segurar as borlas do Guião. Vem depois o cortejo religioso com a população, segue-se o estandarte da Irmandade, os pajens (jovens), os Irmãos que vestem as capas vermelhas, outros Irmãos que levam as varas do Pálio, e as lanternas que acompanham. Por último os restantes Irmãos. Esta Irmandade tem uma participação especial na cerimónia do Lava-Pés, na Quinta-Feira Santa, na Igreja Matriz. Este é um momento simbólico que recorda quando Jesus Cristo la-

vou os pés aos Apóstolos. Antes da Semana Santa é feito um peditório na freguesia. A Irmandade participa nas festas de Domingo de Ramos, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa, Domingo de Páscoa, Pentecostes, Corpo de Deus e Imaculada Conceição. Instituída na Igreja Paroquial de S. Tiago e S. Mateus, é reconhecida pela Diocese de Portalegre e Castelo Branco. Em Março do ano passado, o bispo diocesano aprovou o actual compromisso.

Irmandade da Misericórdia A Misericórdia de Sardoal tem cerca de 400 Irmãos. Por esta altura organiza a Procissão do Senhor da Misericórdia ou Fogaréus. Utentes e funcionários enfeitam o chão da Capela do Senhor dos Remédios e da Igreja de Sta. Maria da Caridade, com tapetes de flores. Vestidos de negro, vários Irmãos acompanham o Senhor da Misericórdia, com as bandeiras da instituição e painéis com cenas da Paixão, em haste. À frente vai um lampião com sete velas a representar as sete obras da Misericórdia, e no fim da Procissão a imagem do Senhor. Anacleto Batista, provedor da Santa Casa, relembra que “a Irmandade da Sta. Casa da Misericórdia de Sardoal existe desde 1509. Antes era conhecida como Confraria de Sta. Maria da Caridade. Somos uma Irmandade constituída no âmbito da génese das Misericórdias”. A Sta. Casa de Sardoal espera a aprovação da Administração Regional de Saúde para a construção de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados, uma valência “cada vez mais necessária para dar resposta a muitas situações que temos. O nosso espaço está muito limitado e a lista de espera é grande”. Para o futuro, fala de um sonho. “Queremos fazer um Centro de Dia anexo a uma propriedade da Misericórdia, quando se vai de Sardoal para Venda Nova. Embora seja um sonho, não desistimos de alcançá-lo”. Actualmente a Sta. Casa de Sardoal tem uma valência de Lar, com 44 utentes e um Centro de Dia que apoia 48 utentes. No apoio domiciliário contam-se 66 utentes e em residências assistidas são 36.


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O programa da Semana Santa Programa Religioso

VALE DO CABRIL

A natureza no estado puro MARIA JOÃO RICARDO

De todos os lugares que Sardoal tem, o Vale do Cabril possui um misto de natureza no seu estado mais puro, de calma e de serenidade. Várias espécies fazem daquele local o seu habitat, misturando-se na densa vegetação, nos salgueiros e nos amieiros.

O Vale do Cabril é verde, perfumado, tem águas cristalinas, convida à reflexão, contemplação, com um sentido

de espiritualidade que não se constrói, apenas existe. O Vale do Cabril estendese desde a Rosa Mana, na aldeia da Presa, até à Barragem da Lapa, na aldeia de Entrevinhas. O nome Rosa Mana vem de outros tempos. O terreno pertencia a uma família que tinha duas irmãs – a Rosa e a Maria Rosa. Ao longo dos tempos a população, para identificar o espaço dizia “aquele terreno da rosa e da mana”. Daí extrapolou o nome para “Rosa Mana”. Aqui encontra-se uma praia fluvial

e um espaço de lazer, ao ar livre, para miúdos e graúdos. Possui uma ribeira que atravessa o terreno em toda a sua extensão e onde outrora existiam várias azenhas. Agora estão desactivadas, mas permanecem ainda como marca da história daquela zona. Mais à frente a Barragem da Lapa. Sem dúvida um fim-de-semana diferente, sempre em contacto com a natureza. Para lá chegar é muito fácil. Saindo da vila de Sardoal, passa-se por Alcaravela, depois Presa e chega-se

até Rosa Mana. Depois é fazer o percurso a pé, em contacto com a natureza até às azenhas, descobrindo a beleza daquele local, terminando na Barragem da Lapa. Este percurso fará no futuro parte da Rota do Pão, um projecto que a autarquia de Sardoal pretende recuperar. Rosa Mana e Barragem da Lapa, são dois dos muitos locais a visitar no concelho, e que representam uma maisvalia de rentabilização económica e cultural para o Sardoal.

Domingo, 28 de março 15h - Procissão dos Ramos, Celebração da Eucaristia. Quinta-Feira Santa, 1 de abril 19h - Missa Vespertina da Ceia do Senhor (Igreja Matriz), Cerimónia do Lava-Pés e Trasladação, Adoração com a participação dos Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento. 21h30 - Procissão do Senhor da Misericórdia (ou Fogaréus), Sermão do Mandato (a cargo da Irmandade da Sta. Casa da Misericórdia, na Igreja do Convento). Esta Procissão é feita à luz de velas, archotes e candeeiros, com a electricidade da rede pública desligada. Sexta-Feira Santa, 2 de abril 17h - Celebração da Paixão do Senhor, Adoração da Cruz. 18h30 - Procissão do Enterro do Senhor, Sermão da Soledade (Enterro), a cargo da Irmandade da Vera Cruz e do Santíssimo Sacramento. Sábado Santo, 3 de abril 22h - Vigília Pascal, Bênção do Lume Novo, Bênção da Água, Renovação das Promessas do Baptismo e Ressurreição do Senhor. Domingo de Páscoa, 4 de abril 15h - Procissão da Ressurreição do Senhor, Missa Pascal.

Programa Complementar Até 15 de Maio - Centro Cultural Gil Vicente - Exposição de Arte Sacra Sta. Casa da Misericórdia de Sardoal - 500 anos de Arte - com peças de enorme valia e raridade do acervo da Sta. Casa de Sardoal Horário na Semana Santa: 28 março - das 15 às 18h; 1 de abril - das 15h às 21h30; 2 de abril – das 15h às 20h; 4 e 5 de abril das 15h às 18h. Horário normal: terça a sexta-feira das 16h às 18h; sábados das 15h às 18h; encerra aos domingos, segundas-feiras e feriados. Dia 2 de abril – 9h00 - 4º Passeio Pedestre - Património de Fé. Dia 4 de abril - 17h - Centro Cultural Gil Vicente - Recital de piano a quatro mãos - entrada livre. Dias 21 e 28 de março e 1, 2, 3 e 4 de abril - Quiosque com venda de amêndoas - Espaço de entrada da Casa Grande.

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COLECÇÃO DE CALENDÁRIOS

Igrejas e capelas do Sardoal Para divulgar as Solenidades da Quaresma, Semana Santa e Páscoa no concelho, foi editada pela Junta de Freguesia do Sardoal uma colecção de oito calendários de bolso para 2010.

As fotos mostram imagens ou símbolos que enfeitam os chãos das igrejas da Misericórdia e do Convento de Sta. Maria da Caridade e das capelas de S. Sebastião, Senhor dos Remédios, Sant’ Ana, Santa Catarina, Nossa Senhora do Carmo e Espírito Santo. As fotos

são da autoria do fotógrafo sardoalense Paulo Sousa. De Quinta-feira Santa até Domingo de Páscoa, estão abertas ao público as capelas e igrejas, que se encontram enfeitadas, no chão, com tapetes à base de pétalas de flores e verduras naturais. Esta original tradição, que se pensa ser única no país, é efectuada por grupos de moradores, alunos e professores do agrupamento de Escolas e entidades associativas, na noite de Quarta-feira. Este ano, a Festa do Espírito Santo ou do Bodo, a 23 de Maio, encerra este ciclo da liturgia cristã. Os interessados em adquirira esta colecção de calendários devem contactar 241 855 169 ou o e-mail: j.freguesia.sardoal@sapo.pt Fotos: Paulo Sousa

• Capela do Espírito Santo

• Capela de Nossa Senhora do Carmo

• Capela de São Sebastião

• Capela de Sant’ Ana

• Capela Santa Catarina

• Capela Senhor dos Remédios

• Convento Santa Maria da Caridade

• Igreja da Misericórdia

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As Festas de Constância souberam juntar um fundo religioso que vem da tradição e uma parte profana que tem sido cultivada com cuidado e rigor. Os resultados impõem-se tanto na região como nos forasteiros que atrai de todo o país. A bênção dos barcos é um dos momentos principais.

Constância celebra Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem jornaldeabrantes


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MÁXIMO FERREIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE CONSTÂNCIA

“Fazer recuperação do património e pôr as pessoas a viver em conjunto” Entrou na Câmara como presidente em Outubro passado. Vindo não da política, mas do ensino e da ciência. Mostra-se atento e cauteloso, mas firme a seguir em frente. Habituado a olhar as estrelas, matem-se atento ao lugar onde coloca os pés.

Como foi a entrada na Câmara? Com alguma expectativa, embora também com alguma preocupação. A única certeza é que vinha com vontade de trabalhar. Quanto ao que havia para fazer, não trazia preocupações de inovar, mas de aproveitar o andamento do comboio, que era bom e seguro. Foi preciso começar por perceber o funcionamento da Câmara naquilo que ainda não conhecia e os meandros da ligação com as outras câmaras e com o poder central. Tem sido interessante. Quer dar continuidade, portanto. Mas um homem novo traz um olhar novo, não? Não diria um olhar novo. Posso é contar com alguns problemas resolvidos que me permitem agora olhar para outro lado. Quase não preciso de me preocupar com saneamento básico, com estradas... No presente mandato e no próximo, partindo do princípio de que não ficarei apenas quatro anos, gostava de ver resolvidos alguns aspectos do património, sobretudo na zona histórica. Custa muito dinheiro, mas estamos a definir estratégias para ir buscá-lo. Ao nível do turismo, apostamos não apenas em trazer pessoas cá, mas em fazer participar as populações locais como actores, o que tem também uma importância social muito significativa. Estas Festas são uma grande aposta do Município, uma aposta que vem de trás. É a maior aposta de mobilização das pessoas, quer do concelho, quer de fora. E são já uma imagem de marca. São uma recuperação feita pelo presidente António Mendes e a sua equipa, que resultou muito bem, de pegar na tradição de uma festa religiosa, incentivá-la a que se tornasse mais viva e associar-lhe a outra parte civil, ou pagã. Para além

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de trazer turistas a Constância, é a grande ocasião em que as pessoas e as colectividades do concelho se envolvem num projecto comum. Desse modo, as pessoas convivem entre si para a realização do seu projecto e, além disso, conseguem obter alguma receita que lhes permite enfrentar as suas dificuldades. Tem, portanto, diversas componentes, umas mais viradas para o exterior, como a bênção dos barcos, outras mais viradas para a população local. São um marco que queremos preservar. Há alguma componente nova que deva ser testada nas Festas? Para estas primeiras nem teria havido tempo. Para as próximas, não queremos mexer muito, mas, já com um primeiro sinal este ano, vamos tentar agilizar as estruturas. Agora são meses de trabalho dos funcionários da Câmara, a co-

locar postes e palcos, a decorar as ruas e depois a tirar tudo. Por vezes com algum prejuízo estético para o centro histórico. Vamos procurar, na medida em que nos seja possível do ponto de vista financeiro, fazer alguma coisa que agilize o processo e não colida com a estética do local. Para lá disso não se justifica mexer na estrutura da Festa. E queremos manter também as Pomonas Camonianas, por altura do 10 de Junho, esta mais com um carácter cultural. Quais são os próximos grandes desafios do concelho de Constância naquilo que depende do concelho? Os concelhos em geral e os mais pequenos em particular dependem muito do que vem de fora. Com o orçamento corrente da Câmara, chegamos ao fim do ano com menos de meio milhão de euros para

investimento, que não chega para nada. Mas no que depende de nós, mantendo o nível da despesa, vamos procurar fazer alguma recuperação do património, não só material mas também imaterial, do que as pessoas sabem contar do que foi a sua vida, os usos e costumes, as tradições, e o testemunhos das mudanças que foram acontecendo ao longos das várias décadas, para melhor percebermos a nossa intervenção hoje. Podemos animar o associativismo, procurar que os equipamentos que temos sejam mais e melhor fruídos pelas pessoas que cá vivem. Queremos implementar alguns encontros simples, como percursos de bicicleta ou andar a pé ao domingo de manhã, ou tratar uma horta comunitária. Preservar o artesanato que tende a perder-se. São iniciativas que não exigem grandes investimentos. No fundo, é pôr os quatro mil habitan-

tes a viver mais em conjunto, sobretudo em iniciativas próprias. A economia concelhia está muito assente em dois pilares, a Caima e a Tuperware. Há perspectivas de diversificação? Uma autarquia, sobretudo de um concelho pequeno, não pode fazer muito. Isso depende sempre dos investidores. Neste momento de crise, para nós já é muito bom podermos pensar que tanto uma como a outra vão resistir à crise. Depois, a própria Caima está a procurar essa diversificação, quer através da biomassa, que do projecto de uma mini-hídrica no Zêzere, que, embora não crie postes de trabalho, cria riqueza e consolida a empresa. Não podemos fazer muito mais. Gostaríamos de ter na população mais jovens, com capacidade de iniciativa para a criação de pequenas indústrias, ou na prestação de servi-


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ços. Podemos incentivar, mas não mais que isso. Queremos é envolver as pessoas em iniciativas que, embora não lhes dêem o pão para a boa, as mantenham com ânimo e capacidade de resistir sem ficarem de braços cruzados e até a procurarem mais formação para aproveitar melhor a saída da crise. Como é a relação com as outras autarquias, as mais próximas e ao nível do Médio Tejo? Quem entra de novo tem que ir dando passos com algum cuidado. Sobretudo para não estragar o que estava feito. E depois, se possível, aprender a dar passos mais largos. A nossa integração na Comunidade Intermunicipal tem sido boa. Existem projectos comuns com concelhos vizinhos, por exemplo com Abrantes, em virtude de uma relação que vem já do G.A.T. Mas também no âmbito do Parque Almourol, ou num projecto de ligação aos rios. Quanto a passos mais externos, somos comedidos. Mesmo assim, temos em perspectiva, por exemplo, uma geminação com o município do Tarrafal de S. Nicolau, em Cabo Verde, o que faz com que os dois municípios aqui vizinhos fiquem geminados com dois municípios vizinhos lá. O Centro de Ciência Viva está bem entregue? Continua muito bem entregue. O presidente da Câmara é também

presidente do Centro Ciência Viva. (risos) De resto, quando começou a desenhar-se a hipótese de eu vir para a Câmara, tive o cuidado de preparar a equipa, de modo que o Centro Ciência Viva já pode funcionar muito bem sem mim, embora eu continue a dar todo meu apoio. Além disso, transformámos o Centro numa associação, o que era um imperativo para estar a par com os outros Centros, e isso agilizou o seu funcionamento e abriu novas possibilidades de financiamento. Por exemplo, a Agência Nacional passou a poder financiar despesas de funcionamento, o que até então não podia. E com esta liberdade burocrática estamos muito mais integrados com os outros Centros. Além disso, um novo financiamento vai permitir-nos passar de um para dois planetários. São apenas três meses de autonomia, mas nos quais já obtivemos resultados muito positivos, para o Centro e para a Câmara. E o pavilhão multiusos? Muito provavelmente entrará em obra já este ano. O financiamento está garantido pelo QREN, com a particularidade de a Agência Nacional poder agora, com o novo estatuto de associação, assumir parte da componente nacional que, sem isso teria de ser assumida pela Câmara, o que já estava, aliás, aprovado pelo Executivo anterior. Mais uma vez, a Câmara ficou a ganhar.

A ponte e o açude são feridas em aberto? Sobretudo a ponte. A nossa população sente-se, de facto, ferida. Não ferida de inveja, por a ponte ser ali ou além. Ferida por não ter uma ponte, por não ter um meio digno e segurode ligar as duas margens. Lembro que temos uma ponte em vistas de ser classificada pelo Instituto de Estradas de Portugal como “em préruína”, o último dos graus depois do “muito mau” que é o grau quatro. Temos, portanto, uma ponte que é reconhecida pelo menos

por uma entidade oficial que está nesse estado, o que significa que não há grande segurança na passagem. E foi já por isso que, em 2001, quando foi feita a avaliação de grau três, houve a decisão de interditar a passagem de pesados na ponte, o que significava já a consciência da falta de segurança. Temos agora a utilização por ligeiros, mas em modo alternado, e com um número crescente de utilizadores, perto de quatro mil por dia. Isto significa um conjunto de constrangimentos muito penalizadores para as pesso-

as, para as indústrias e até para o Campo Militar de Santa Margarida. Por exemplo, por falta de ponte, alguns fornecedores deixaram de trazer madeira para a Caima e passaram a levá-la para a Figueira, portanto com prejuízos para a empresa e para a nossa economia. Sabemos que da parte do poder central a nova ponte está por agora posta de parte e a recuperação da ponte actual está adiada, mesmo nesta situação altamente deficitária de trânsito alternado. Temos, portanto, que continuar a insistir.

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VEREADORA JÚLIA AMORIM

Se pudesse, investia num projecto educativo concelhio e no apoio directo às famílias Júlia Amorim é a vereadora que vem do Executivo anterior e faz a ligação. Tem, entre outros, o pelouro da educação. Qual o estado da educação no concelho? As instituições responsáveis pela educação no concelho têm feito um grande esforço para que se alcancem resultados ao nível do sucesso educativo dos alunos. Sucesso não apenas ao nível dos resultados escolares em sentido restrito, mas também quanto aos seus percursos educativos. Diferentes alunos, mas todos sem excepção, têm que ter diferentes oportunidades para poderem formarse de acordo com as suas aptidões cognitivas e das suas formas de estar na vida. E falo tanto das escolas ou do Agrupamento de Escolas, como da autarquia, das empresas e das associações que também têm aqui um papel muito importante, embora nem sempre se apercebam de que o estão a fazer. O parque escolar e as outras infraestruturas educativas estão consolidadas? Temos sempre preocupações. O nosso parque escolar, ao nível do jardim de infância e do primeiro ciclo, está conservado de modo a responder às necessidades, mas não está estruturalmente adequado. Por exemplo na educação físico-motora, nas acti-

vidades de enriquecimento curricular, enfim, na resposta à nova filosofia da escola a tempo inteiro e à componente de apoio à família, que é também importante. Nesse sentido não responde às novas exigências que hoje se colocam. Há portanto obra a fazer. A nossa Carta Educativa apontou para a criação de três centros educativos, um em cada freguesia. A Direcção Regional queria menos centros educativos, mas foi nosso entendimento que, embora possa parecer um pouco excessivo em termos de aproveitamento de recursos, o nosso território exige um em cada freguesia. O de Cons-

tância vai ser feito ao lado da sede do Agrupamento aproveitando os recursos já aí instalados, por exemplo a cozinha e o refeitório, que podem ser comuns. O centro escolar de Santa Margarida está em construção e prevê-se entrar em funcionamento no início ano lectivo de 2011-12. O de Constância deve iniciar-se já em Outubro. E o de Montalvo está um pouco mais atrasado por problemas com a propriedade do terreno, mas estão ultrapassados e pensamos iniciar a obra pelo menos no início do próximo ano civil. O Conselho Municipal da Educação de Constância foi

um dos pioneiros na região, já lá vão muitos anos. Continua a funcionar bem depois das alterações legislativas? (risos) Eu já nem me lembrava de que tínhamos sido pioneiros, com o Conselho Local de Educação, criado creio que em 95. O grande objectivo era colocar os professores a trabalhar em conjunto, planear as actividades com antecedência e tentar cruzá-las com as actividades da autarquia e das outras entidades da comunidade educativa. Foi muito importante, permitiu às pessoas aprender a trabalhar em conjunto, a fazer cedências mútuas, a rentabilizar recursos ma-

teriais, humanos e financeiros. O facto de se terem organizado actividades em conjunto permitiu fazer uma articulação entre professores sobretudo do primeiro ciclo e dos seguintes. Por isso, quando se colocou o problema dos agrupamentos de escolas, em Constância foi natural e unânime que fosse um agrupamento vertical e fez-se sem problemas. Com a nova legislação, piorou. Porque tem um papel muito consultivo, de emissão de pareceres, e porque os principais actores do processo não estão presentes de direito mas são apenas convidados e digamos que não se sentem ali por inteiro. Ou seja, os professores estão representados, mas as escolas não estão, e só uma Junta de Freguesia. As outras e o Agrupamento de Escolas são convidados a participar mas não têm direito de voto, não é a mesma coisa. Além disso, surgiu todo um conjunto de comissões - RSI, Acção Social, Segurança, CPCJ, etc. – e há vários parceiros que fazem parte de todas elas. Em resumo, hoje não é um órgão que nos satisfaça em termos de funcionamento. A resposta em termos de necessidades educativas especiais é satisfatória? A que é dada através do CRIA e dos congéneres de En-

GEOLOGIA, BORBOLETAS E ÁGUA PARA APRENDER NO JARDIM ÁRABE

Parque Ambiental de Santa Margarida “Novos equipamentos relacionados com a geologia e um borboletário tropical” são alguns dos próximos projectos do Parque Ambiental de Santa Margarida, segundo Tiago Lopes, o responsável por este equipamento da autarquia. “Sempre com uma função turística e outra pedagógica”, sublinha. E para valorizar o elemento água, vamos alterar um pouco a entrada sul e criar um jardim árabe.” É assim, a vida também ali

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não pára. Março é o Mês do Ambiente. Mas no Parque Ambiental de Santa Margarida, o ambiente é vedeta e projecto todo o ano. Inaugurado em 2002, portanto quase a fazer oito anos, dedicado ao lazer, depressa se percebeu as potencialidades didácticas que oferecia. Hoje é visitado por cerca de 30.000 pessoas por ano. Sobretudo escolas, mas também famílias. Ao longo dos anos, segundo Tiago Lopes, engenheiro de recur-

sos naturais, tem havido um “continuado esforço de equipamento que permita melhorar a função didáctica do Parque e fazer uma diferenciação dos outros parques existentes na região”. O Parque tanto é utilizado por iniciativa das pessoas ou grupos, como há actividades programadas para as quais as pessoas e os grupos são convidados a aderir. No ano passado, por exemplo, “tivemos 8.001 pessoas a fazer actividades connosco, o que é bas-

tante bom.” No plano anual contam-se actividades para celebrar o Dia Mundial da Floresta e o Dia da Água, os percursos pedestres, mensais, a Feira da Primavera, em Maio, os Aromas e Sabores da Natureza, em Novembro. São “alguns exemplos daquilo com que as pessoas já contam”. A embrulhar tudo isto, a calma e a tranquilidade convidam à pausa e á contemplação. Um remédio para o corpo e para a alma.

troncamento e Torres Novas é boa. Já ao nível das nossas escolas, sentimos que há falta de quadros técnicos qualificados que possam apoiar esses alunos e mesmo os pais. Há uma parceria entre o Agrupamento e o CRIA, que dá algum apoio, mas não é suficiente. No capítulo dos adultos, há a iniciativa recente da Universidade Sénior. Funciona na freguesia de Santa Margarida e surgiu na sequência de um programa de luta contra a pobreza. Faz o seu trabalho e, ao seu nível, dá uma boa resposta. Se lhe saísse a “sorte grande”, que faria com ela? (risos) Contratava uma equipa técnica para trabalhar com a nossa comunidade local, com as forças vivas do concelho, e elaborar um projecto educativo concelhio. Não “do Agrupamento de Escolas”, mas “concelhio”. Por exemplo, para que as nossas associações pudessem perceber melhor o importante papel educativo que têm e o assumissem melhor. Depois, investia no apoio e acompanhamento directo de famílias em que vemos alguma falta de competências sociais. Gostava de criar riqueza, para que as pessoas pudessem viver melhor, mas não lhes dava o dinheiro em subsídios, fomentava o empreendedorismo…


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VEREADORA MANUELA ARSÉNIO

Um projecto de desenvolvimento turístico é uma das prioridades Convento das Clarissas faz 30 anos em Outubro Em 1212 foi nascia a Ordem das Irmãs Pobres, hoje Clarissas, fundada por Clara de Assis, admiradora de Francisco de Assis. Em 1980, a 5 de Outubro, nascia o Convento das Clarissas de Montalvo, a pedido do bispo da diocese, D. Augusto César. Vieram nove irmãs do convento de Louriçal, Pombal, e uma do convento de Vila das Aves, Santo Tirso. Ainda se instalaram em Medelim, mas o local não oferecia condições. D. Maria de Serpa Pimentel Themudo ofereceu então uma sua casa solarenga do séc. XVIII em Montalvo para o Convento de Clarissas “até que as irmãs ali queiram e possam habitar”. E ali se encontram, até hoje, em regime de clausura, isto é, de isolamento firme do mundo, mas por vontade própria. No presente são dez as freiras do convento de Montalvo. Como a capela da casa, familiar, era pequena para tantas irmãs e para o povo local que queria participar na eucaristia, as irmãs empreenderam a construção de nova capela, que foi inaugurada a 2 de Junho de 1990. Na mesma ocasião apresentaram também um novo claustro com quartos individuais, mais adequados às suas necessidades de clausura. Desde então, reconstruíram todo o edifício e a capela primitiva da propriedade. Num dia normal, a vida das clarissas está estruturado por regras muito definidas, que criam um ritmo muito próprio. “Procuramos equilibrá-lo com oração, trabalho, estudo e lazer”, explica-nos a Irmã Maria. “Levantamo-nos às seis da manhã e temos logo hora e meia de oração. Depois do pequeno almoço temos trabalho até ao almoço. Ao meio dia a comu-

nidade vai novamente à capela para oração. Depois do almoço temos um tempo de estudo.” ESTUDO. Vamos novamente rezar às quinze horas e segue-se um tempo de trabalho Das dezassete e trinta às dezanove e trinta temos novamente oração na capela e à noite temos o tempo de convívio. Entretanto, enquanto umas irmãs trabalham, outras rezam, porque nós, as clarissas portuguesas, temos a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento exposto.” O tempo de trabalho é dedicado ao que podemos chamar de lida doméstica, desde a limpeza e a cozinha até ao cuidado da roupa, mas também ao trabalho para o seu sustento, sobretudo a confecção de doces, por encomenda para cafés e pastelarias, e algum, mas pouco, trabalho para igrejas. Durante anos, fizeram bordados e trabalhos similares para fora, mas acabaram por optar pela doçaria. Foi sobretudo com os recursos desse trabalho que conseguiram restaurar e ampliar o edifico do convento. E “com a ajuda de muitas pessoas que nos ajudam, não tanto com donativos, mas comprando os nossos doces. Quando andávamos em obras, havia duas senhoras que iam vender doces à saída das missas e as pessoas compravam porque sabiam que era para nos ajudar. Actualmente só confeccionamos doces por encomenda.” Os conventos das clarissas são independentes. Em Portugal são doze. Seguem uma regra comum, mas subsistem por si. Depois do Vaticano II, foram estimulados a formar uma federação, que não elimina a independência mas promove a cooperação.

Manuela Arsénio estreiase como vereadora no actual executivo. Tem, entre outros, o pelouro do Turismo. Qual a situação do concelho em termos de turismo? O que, de momento nos faz mais falta, é um projecto de desenvolvimento turístico sedimentado e com linhas orientadoras bem delineadas. É claro que tudo o que fazemos tem uma boa intenção, mas precisa de ser enquadrado. O turismo no concelho assenta em alguns pilares fundamentais: a natureza, os rios. a ciência. Temos que investir mais em “Constância, vila poema”. Sente-se ainda pouco a poesia na sede do concelho. Há projectos que conheço que gostaria de adaptar aqui. É preciso explorar a actividade “marítima”, o transporte fluvial, a pesca e a construção naval, por exemplo, já presentes no Museus dos Rios. Bem como o património imaterial ligado às formas de vida das pessoas. São potencialidades que há a explorar. Podemos ainda explorar ligações entre as festas de Nossa Senhora da Boa Viagem com outros concelhos ou regiões com a mesma devoção. Quanto ao turismo científico, o Centro Ciência Viva e o Parque Ambiental trazem cerca de 30.000 pessoas por ano ao concelho, tantas como o Museu de Etnologia em Lisboa. Somos um concelho pequenino, mas estamos num lugar central onde as

acessibilidades trazem muita gente, muitas escolas. É fácil fazer descer à vila de Constância as pessoas que vêm ao Centro Ciência Viva e ao Parque Ambiental? Algumas das visitas de estudo já vêm à vila e fazem percursos por pontos essenciais. Aliás, quando nos pedem uma visita, nós procuramos sugerir outros motivos de interesse. Parte da nossa actividade de restauração beneficia já deste turismo. Há, no entanto, um aspecto que se começa a notar. Algumas visitas de estudo estão a ser desmarcadas em cima da hora, por os professores não terem alunos suficientes que justifiquem, em termos de custos, a deslocação. São os efeitos da crise.

Camões tem sido uma aposta com frutos. Tem ainda mais futuro? Camões e Alexandre O’Neil são duas apostas a fazerem parte do referido projecto de desenvolvimento turístico. Eu gostaria de passar em cada recanto da vila e poder respirar um pouco da poesia de cada um deles. Por exemplo, pequenos apontamentos de poesia retratados nas nossas paredes, nos nossos recantos… Há articulação com os concelhos vizinhos, ou o Médio Tejo, por exemplo? Para já, o que temos a nascer a esse nível é na temática dos rios. Por exemplo, no âmbito do Parque Almourol. Uma das componentes do produto turístico também é

o património edificado. Temos, por exemplo, o projecto de “devolver o Museu dos Rios aos rios”, trazê-lo para a parte baixa da vila. Para isso, pretendemos requalificar algumas casas contíguas ao Jardim Horto, o que poderia incluir o posto de turismo e um espaço polivalente. Mais ambicioso ainda é o caso das habitações degradadas do centro histórico. São de propriedade privada, mas poderiam ser recuperadas por exemplo para efeitos de turismo. Porque um dos nossos grandes problemas é a falta de alojamento para turistas. Não temos resposta para um autocarro cheio. E a albergaria João Chagas está precisa de uma boa intervenção. Há, portanto, muito para fazer.

A associação Filarmónica de Montalvo A Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro foi fundada a 5 de Novembro de 1986. Nesse ano adquiriu os seus primeiros instrumentos musicais e realizou a sua primeira apresentação no dia 13 de Junho. A associação tem como objectivo a divulgação, valorização e o enriquecimento da arte musical com especial incidência na música filarmónica, além de pretender divulgar cul-

turalmente e musicalmente o meio onde se encontra inserida. Actualmente a sua banda de música é composta por trinta e cinco músicos, dirigidos deste Outubro 2001 pelo maestro José Miguel Vitória Rodrigues. A Escola de Música da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro proporciona de modo regular aulas de instrumento, música de câmara e formação musical, a

um universo de sessenta alunos. Para a sua Escola de Música conta actualmente com quatro professores, sendo estes coadjuvados por uma equipa de oito monitores. Além do funcionamento regular, a Escola de Música desenvolve ainda os seguintes projectos: “Oficina da Música”; “Olimpíadas do Solfejo”; “Estágio Musical de Verão – orquestra de sopros”; “Banda infantil”; “Coro Juvenil”; e

mais recentemente, em regime de articulação com o funcionamento das Actividades de Enriquecimento Curricular no 1 CEB, o projecto: “Músikos Philarmónikos”. Com toda esta actividade continuada, a Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro é hoje um dos mais importantes centros de produção e divulgação da música filarmónica desta nossa região.

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D. ZIZINHA É A MEMÓRIA VIVA DAS FESTAS DE OUTROS TEMPOS

“Tinhamos muita fé e estávamos sempre ansiosas por aquele dia” No meu tempo de moça nova, na Festa só existia a procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem, na segundafeira de Páscoa. Resumia-se à missa solene e à procissão, onde havia a bênção dos barcos.

Havia aqui um senhor, Bartolomeu Pereira, que deitava muito fogo, tinha barcos e trazia-os. Depois faleceu-lhe um neto e ele perdeu a alegria e deixou de fazer isso. Para a procissão vinha muita gente aqui dos arredores. Era uma procissão simples, mas muito piedosa, de que nós gostávamos muito, estávamos sempre ansiosas por aquele dia. Tínhamos muita fé, e as pessoas das redondezas também tinham essa fé. Havia uma missa de manhã, para as pessoas poderem comungar mais cedo, porque nesse tempo para se comungar era preciso estar em jejum desde a meia-noite. A missa da festa era sempre às quatro horas e a seguir saía a procissão. Nesse tempo ainda não havia feriados. Os marítimos andavam na sua actividade, mas vinham sempre passar a Páscoa a casa, e eles é que sem encarregavam de fazer a festa, de um ano para o outro já ficavam os festei-

ros organizados e eles vinham com antecedência. Por isso nesse dia não se trabalhava. E na terça-feira também ninguém trabalhava, era a “terçafeira de praia”, ia tudo para o Tejo, aqui em Constância, comer sável e saboga e passar um dia de pic-nic. Antes da Festa, havia a Semana Santa e havia celebrações. Na quarta-feira de trevas era o dia das confissões. Na quinta-feira santa havia missa às quatro horas, que era o dia da Ceia do Senhor. Na sex-

ta-feira santa não havia missa e não tocavam os sinos, era só a adoração da cruz. Mais tarde, quando os meus filhos tinham uns 15 ou 16 anos, começou a haver na sexta-feira a procissão do Senhor dos Passos, que vinha da igreja da Misericórdia, dava a volta à terra e voltava à mesma igreja. No sábado, era a vigília pascal, à noite, por volta das 10 horas, com a bênção do lume novo e da água. No domingo, era a missa da Páscoa, da ressurreição e não havia mais nada.

No tempo da avó Leopoldina A minha avó Leopoldina nasceu em 1884 e ela e as primas falavam muito desta festa no fim do século e princípios do século XX. Faziam as festas da Semana Santa com muito rigor. Faziam até, na sexta-feira santa, o Enterro do Senhor, que saía num esquife, entravam muitas raparigas novas que iam cantar e fazer a padeirinha, que eu nem sei o que era, vestidas de Madalena e cantava

Casa Memória de Camões tem financiamento assegurado Constância tem a convicção firme, com apoio histórico, embora não a certeza, de que Camões viveu aqui. Com essa base, Manuela de Azevedo sonhou e a obra foi nascendo, um Jardim Horto de Camões, uma esfera armilar, um monumento ao poeta, encontros camonianos e, sobretudo, a Casa Memória de Camões. Restaurar o edifício em que, segundo a tradição, Camões viveu foi um projecto realizado. Falta, contudo, ainda terminar a adaptação para que seja

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levada a bom termo a sua função, albergar um espólio de valor significativo e, sobretudo, desenvolver uma actividade continuada que dê a conhecer e a estudar a vida e obra de Camões. Agora, um passo importante foi dado em frente. O financiamento necessário foi aprovado no âmbito do QREN e o sonho recomeça em alta. Não há ainda dada de abertura, mas já se ouvem alvíssaras ao longe. Camões merece, a nossa forma-

ção cultural precisa e a Câmara de Constância quer, entre outras coisas que a sua população se aproprie ainda mais de Camões e integre na sua identidade colectiva esta tradição camoniana. Quer ainda que se possa “respirar Camões” pelos vários cantos da vila. Camões deu já, com certeza, uma volta no túmulo, de contentamento desta vez. E a Câmara dá voltas ao processo para fazer andar as coisas. A Casa de Camões vem aí. Para nós podermos ir até mais perto de Camões.

a Madalena e iram os miúdos com os martírios do Senhor. Faziam os Passos, havia até aí em Constância os diversos recantos onde se faziam “os passos” para a via sacra. Ela tinha muita fé. Era muito bonito, contava ela. E contava também que na segunda-feira havia sempre arraial na praça, baile, festa mundana. Até as minhas primas, da idade dela, contavam que ela nunca se queria ir embora. Elas moravam ali na charneca, a caminho de onde é hoje o Centro Ciência Via, e elas queriam ir-se embora, “Já é tarde!” e ela dizia “Não, que o Zé Pedro ainda não dançou o fandango”. Era o que viria a ser o meu avô e eles andavam a querer-se namorar. Depois, com muita mágoa dela, tudo acabou. Suponho que ela dizia que foi por altura da República que ficou tudo mais desorganizado com a Igreja, porque os republicanos afastaram-se da Igreja e a festa foi-se transformando em cada vez menos. Depois que o presidente António Mendes veio para cá, passado pouco tempo é que começou a implementar a festa com as dimensões que agora tem. E passou a haver de novo arraial.

Zizinha de anjinho Na procissão iam muitos anjinhos, de vários tamanhos. Mas os maiores tinham de ser os anjinhos da Senhora da Boa Viagem, para poderem suportar as asas que levavam e uma espécie de arcos com uns barquinhos desenhados. Era com um fato azul céu, com uns dourados e um cordão ao lado. Os outros podiam ir de branco. A minha mãe foi operada, esteve bastante mal e fez uma promessa em que comprava o vestido para eu ir vestida de anjo e eu fui três anos vestida de anjo. Tinha aí uns 9 a 11 anos. Levávamos o turíbulo e a navete, onde ia o incenso, e a água benta para a bênção dos barcos. Íamos sempre ao pé do andor da Senhora da Boa Viagem e estávamos ao pé do senhor padre para ele deitar o incenso no turíbulo e abençoar os barcos. Eram aí uns 10 barcos.


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MONTALVO

Oficina de Sopros é escola de músicos

ESCOLA LUÍS DE CAMÕES

Campeões de malabares e da alegria de viver Quarta-feira à tarde. A trupe de malabares da Escola C+S de Constância ensaia com a professora Célia Mendes. Formalmente três horas de “desporto escolar”, mas sobretudo estão ali porque gostam. Gostam dos malabarismos, da loucura de uma certa anarquia organizada, da ginástica tipo circense. “Gostamos de aprender coisas novas, é giro”, dizem. Tudo começou há cerca de dois anos, como desafio para animação de rua nas Pomonas Camonianas. Depois, “vimos que era isto que eles queriam”. E vai daí, ala que se faz tarde. São dezasseis alu-

A VII Oficina de Música para instrumentos de sopro decorre de 7 a 11 de Abril próximo em Montalvo. A iniciativa é da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro e da sua banda filarmónica e pretende melhorar as prestações dos músicos ao serviço das bandas filarmónicas. Mais uma vez, a Oficina tem a direcção artística do maestro e compositor José Miguel

Vtória Rodrigues, que é o regente da Banda Filarmónica Montalvense. Segundo José Miguel, “a é um evento, em torno do qual é desenvolvido em regime de “laboratório” um curso para jovens instrumentistas de sopros e percussão (estendível à participação de violoncelos e Contrabaixos de cordas), em regime de orquestra de sopros.” Desde a sua primeira

edição, a Oficina conta com a participação de músicos de de todo o país que vêm para o efeito aprofundar a sua formação em Montalvo. O maestro convidado é, desta vez, Carlos Amarelinho. Professor de saxofone, música de câmara, coro e orquestra no Conservatório Regional do Baixo Alentejo e no Conservatório Regional de Vila Real de Santo António,

onde também desempenha o cargo de director pedagógico. Carlos Amarelinho tem ainda um vasto currículo musical. Como formadores estarão também Alexandre Vilela, para os metais e Marco Fernandes para a percussão. Como de costume, a Oficina de Sopros termina com um concerto na Casa do Povo de Montalvo.

nos. Este mês foram às competições do desporto escolar, em desportos gímnicos, modalidade de ginástica acrobática e ginástica de grupo, e trouxeram dois primeiros lugares, em dupla e trio, um segundo lugar, em trio, e um terceiro lugar, em grupo. Vê-se-lhes o brilho nos olhos. “As provas desportivas formais têm regras a cumprir e disso eles não gostam tanto. Onde eles se sentem bem é quando fazem animação”, explica a professora. Como na ceia medieval organizada no âmbito do Abrantes pela Vida.

UM ARTISTA NOS MALABARES

Leonardo Ferreira quer voltar ao circo Nasceu no circo, filho de artistas circenses. Desde criança que os malabares o fascinavam nas mãos do pai, que também exercia a arte de palhaço. Começou a praticar a arte de lançar em movimento e manter vários objectos no ar “sozinho, com força de vontade”, e com a ajuda de vídeos, onde procura descobrir os segredos dos mestres. O maior? António Gatto, o seu ídolo. A vida trouxe-o até Montalvo, onde passou a residir. E até à Escola Luís de Camões, onde existe um grupo de malabares. Como peixe na água. Hoje, com 16 anos, destaca-se no grupo. Pratica duas horas por dia maças, arcos, bolas, bolas de futebol e com fogo. As notas do 8º ano vão bem, que uma coisa não mata a outra. O futuro, se tudo correr bem, será de volta ao circo. Mas se corressem mesmo bem, seria no Circo do Monte Carlo, “o melhor do mundo”, diz.

Esse é o sonho. E diz a todos os jovens, e porque não adultos? “Quem tiver um sonho, siga em frente, nunca desista. Sempre pode ter uma oportunidade na vida para ser alguém.” Na Escola C+S encontra essa oportunidade hoje, onde é reconhecido como artista, e ali alimenta o sonho de vê-la acrescida no futuro. Talvez o vejamos um dia, no Natal, no Circo do Monte Carlo. Porque não?

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ANTENA LIVRE ANO 30

Gala Antena Livre no palco a 20 de Maio A V Gala Antena Livre sobe ao palco do Cine-teatro S.Pedro no próximo dia 20 de Maio, quinta-feira.

Mais uma vez, a equipa de produção está a trabalhar para que seja um espectáculo memorável. Este ano com

o particular interesse se integrar a celebração do Ano 30 de uma das pioneiras do movimento das rádios livres. Produzida para o efeito, vai estrear na Gala Antena Livre uma produção musical com músicos da nossa região. Será, sem dúvida, um dos

pratos fortes da noite que já se impôs no calendário das expectativas. A estrutura segue o modelo habitual. Um espectáculo musical que se pretende de qualidade e a atribuição dos Galardões Antena Livre que visam assinalar pessoas e ins-

tituições que se destacam na vida desta nossa zona. O êxito da Gala Antena Livre de 2009 criou já elevadas responsabilidades para a Gala deste ano. Mas estas são ainda agravadas pelo facto de se estar a assinalar o Ano 30 da RAL, agora Antena Livre.

LIMPAR PORTUGAL

Operação de limpeza e denúncia No passado dia 20 de Março, mais de 400 pessoas retiram várias toneladas de lixo das nossas florestas no concelho de Abrantes. Em Portugal foram mais de 100.000, e

milhares as toneladas retiradas. Foi, sem dúvida, um enorme gesto de cidadania colectiva. Tanto na limpeza feita como na denúncia do estado

lamentável em que o nosso descuido, também colectivo, tem sujado e mantidas sujas as nossas florestas. O trabalho consistiu, primeiro, em identificar as lixei-

ras e, depois, em recolher os detritos ali lançados. Portugal está mais limpo e a floresta um pouco mais segura. Talvez tenhamos aprendido alguma coisa.

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cultura&lazer

Linguagens d’Escritas em Abrantes Na galeria Municipal de Arte, mas a estender-se para a Biblioteca António Botto, está patente a exposição Linguagens D’Escritas – Poesia Experimental do Arquivo de Fernando Aguiar. Se a poesia é a mãe de toda a literatura, a Poesia Experimental tem mais a ver com um movimento que em Portugal se afirma sobretudo a partir da década de 60 do século passado. Sem grande rigor podemos dizer que se trata de explorar os limites da poesia até então praticada e sobretudo experimentar o lado visual do próprio texto poético. O objecto poético situa-se, assim, num campo ao mesmo tempo de texto escrito e de quadro visual. Por isso, esta exposição é, além do mais, uma festa de letra e cor. O material da exposição vem da colecção de Fernando Aguiar que integra “cerca de 200 dos mais activos poetas experimentais de 31 países” e é a maior colecção particular de poesia experimental internacional em Portugal. José-Alberto Marques, poeta que vive em Abrantes, é um dos nomes consagrados

500 anos de Arte da Santa Casa da Misericórdia, no Sardoal deste movimento que se constituiu “talvez, no único movimento literário e artístico português contemporâneo daquilo que se fazia lá fora”. Mais ainda, José-Alberto Marques é hoje considerado o autor do primeiro poema visual publicado em Portugal. Uma exposição a não perder, até 16 de Abril, dia em que se realiza um debate sobre Poesia Experimental, seguido de leitura de poemas por Ana Hatherly, José-Alberto Marques, Manuel Portela, Fernando Aguiar e José Oliveira Baptista que vai apresentar o livro “Livre”.

O Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, apresenta, até 15 de Maio, uma rara oportunidade para apreciarmos uma parte do importante património da santa Casa da Misericórdia. Em especial o precioso oratório de Arte Namban, que tem corrido mundo e é agora exposto pela primeira vez no Sardoal. A imagem de Nossa Senhora da Caridade é um outro ponto de interesse, pela qualidade da obra e pelo facto de ser a patrona da Misericórdia e o orago da capela anexa à Santa Casa. Outras imagens, com inegável interesse, compõem o acervo escultórico em expo-

sição. Mas também o conjunto de originais das bandeiras da Misericórdia dão a conhecer a fonte do que os sardoalenses e visitantes conhecem através de cópias que salvam da agressão do tempo os originais agora expostos. Por fim, mas não em último lugar de interesse, um Cristo Crucificado de talhe delicado e corte fino, embora sujeito a restauro pouco inspirado, assinala todo o espírito da época que o Sardoal está a viver. Da exposição foi ainda publicado um interessante catálogo, verdadeira obra de iniciação a um conjunto patrimonial de inegável interesse.

AGENDA DO MÊS

Abrantes Até 16 de abril – Exposição – Linguagens D’Escrita(s) – Obras de poesia experimental da colecção de Fernando Aguiar – Galeria Municipal de Arte, de terça-feira a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30. e na Biblioteca António Botto Até 27 de março – Teatro FNATES 2010 – Festival Nacional de Teatro Especial - Cine-teatro São Pedro – Bilhetes a 1 euro De 27 de março a 23 de abril – Festa da Primavera – Centro histórico de Abrantes; 28 de março – Dia Mundial dos Centros Históricos – Música com Banda Filarmónica Mourisquense, às 14h30; 17 de abril –Desfile de Moda Infantil, às 16h00; 23 de abril – Desfile da Flor, entre as 10h00 e as 13h00; 24 de abril – Encontro de Tunas – Cine-tea-

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tro São Pedro, às 21h30; 25 de abril – Música na Primavera – Concerto pela Banda Filarmónica - Sociedade de Instrução Musical Rossiense, às 15h00 6 de abril – Música com “Cant´Abrantes” – Cine-teatro São Pedro, às 15h00 9 de abril – Café-concerto com “Lufa Lufa” – Pequeno Auditório do Cine-teatro São Pedro, às 21h30 15 de abril – “Entre Nós e as Palavras...” – Encontro com o autor Rui Cardoso Martins – Biblioteca António Botto, às 21h30 16 de abril – Outras Linguagens – Encontro de Poetas – Debate sobre poesia experimental – Biblioteca António Botto, às 21h30 16 de abril – Dança - “Entrar

na Dança” – Cine-teatro São Pedro, às 21h30 17 de abril – Dança – “Personagens de Água” – Cine-teatro São Pedro, às 10h30 De 19 a 30 de abril – Exposição “Espaço Idança – Olhares” Mostra fotográfca da actividade do Espaço Idança – Biblioteca António Botto

Barquinha Até 27 de março – Exposição “A Meio Caminho” – pelos alunos finalistas do Curso de Artes Plásticas do IPT – Galeria de Arte – de 2ª a sábado das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00 27 de março – Noite de Fados com o grupo “Al Mouraria” – SIRA, Atalaia, às 21 horas 27 de março – Lançamento do livro “Elidhir e Morah” de Rita Betânia – Centro Cultural

, às 15 horas Até 31 de março – Mostra bibliográfica “1 mês, 1 escritor” – Eça de Queirós em destaque – Biblioteca Municipal Até 4 de abril – XVI mês do Sável e da Lampreia – Mostra gastronómica – Restaurantes aderentes 2 e 3 de abril – XXV Descida dos 3 Castelos – 25 anos de canoagem - Abrantes, Constância e Barquiinha

reira e Maria Raquel Atalaia – Posto de Turismo, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18 horas De 1 a 30 de abril – Mostra Bio-bibliográfica de António Torrado – Biblioteca Alexandre O’Neill 3 a 25 de abril – Exposição – Retratos da Festa – Posto de Turismo, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 17h30 3, 4 e 5 de abril – Festas do Concelho de Constância – Actuações de GNR, O´questrada, Mercado Negro, entre outros

Constância Até 31 de março – Mostra Bio-bibliográfica de Ana de Castro Osório – Biblioteca Alexandre O’Neill, dias úteis das 10h às 12h30 e das 14h às 18h30 De 6 a 27 de março – Exposição de pintura “Contar Histórias” de Maria Leonor Pe-

23 de abril – Concurso concelhio de leitura – Cineteatro Municipal, às 21h00

Mação 27 de março – Bandas em concerto – Filarmónica União Taveirense – Cine-teatro Municipal, às 21h30 – Entrada li-

vre 28 de março – Feira dos Ramos – Venda de um leque variado de produtos – Largo Infante D. Henrique

Sardoal 4 de abril – Música – Recital de Piano a quatro mãos com “DueAna” – Centro Cultural Gil Vicente, às 17h00 Até 9 de abril – “Doce Páscoa” – Actividades na Biblioteca Municipal, das 10h00 às 11h30 e das 15h00 às 16h30 17 de abril – I Mostra de Teatro de Sardoal – “Médico à força”, pela companhia Ultimacto – Centro Cultural Gil Vicente, às 21h30 Até 15 de maio – Exposição “Santa Casa da Misericórdia de Sardoal – 500 anos de Arte” – Centro Cultural Gil Vicente


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Festival de teatro nos últimos dias O Festival Nacional de Teatro Especial, promovido pelo CRIA, continua até ao dia 27, sábado. Na sexta, às 9h00, tem lugar no edifício Pirâmide um seminário sobre “novas formas de inclusão… a Arte”. No cine-teatro S. Pedro, seguem-se os espectáculos de teatro. Às 14h00, “Uma história das histórias”, pelo grupo de Torres

Novas e “Os sentimentos”, pelo grupo de Faro, e às 21h00 “A Terra pode ser chamada de chão”, pelo grupo TamTaM, de Santos, Brasil. No sábado, às 14h30, a dança “Murmúrios do corpo” e o teatro “O feiticeiro de Oz”, pelo CRIA e às 21h00, “O pátio dos patos”, pelo Grupo de Teatro Palha de Abrantes.

CINEMA

Abrantes Cine-teatro São Pedro – Espalhafitas, às 21h30 31 de março – “O Sangue” 14 de abril – “O Laço Branco – Das Weisse Band” 21 de abril – “Afterschool – Depois das aulas” 28 de abril – “4 Copas” CC Millenium, às 21h30 Até 31 de março – “Homens que matam cabras só com o olhar”

Constância Biblioteca Alexandre O’Neill, às 15horas 26 de março – “A Bíblia em Animação: Criação e Dilúvio – O Fim do Paraíso e a Arca de Noé” 9 de abril – “Dia do Surf” 16 de abril – “As Pontes de Madison County” 23 de abril - “Capitães de Abril” Cine-teatro, às 21h30 27 de março - “Sherlock Holmes”

Sardoal Centro Cultural Gil Vicente 27 de março – “A Bela e o Paparazzo” – 16h00 e às 21h30 18 de abril – “A Princesa e o Sapo” – Às 16h00 24 de abril – “O Lobisomem” – 16h00 e às 21h30

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LUGARES COM HISTÓRIA

O santuário da Senhora das Necessidades TERESA APARÍCIO

Quando seguimos pela estrada que vai de Alferrarede Velha para Mouriscas, logo à saída da Barca do Pego, encontramos, do nosso lado esquerdo, uma placa com a indicação de Valhascos. Cortando por aí e percorrendo a curta distância de apenas um ou dois quilómetros, deparamo-nos com uma imponente torre quadrangular, com mais de treze metros de altura, com grossas paredes de pedra e algumas janelas abertas sobre a paisagem circundante.

O telhado é de quatro águas e do lado nascente vemos o que resta do que teria sido a pequena torre sineira. No piso térreo desta torre, encontrase o espaço que foi em tempos ocupado pela Igreja das Necessidades, hoje profanado, vandalizado e completamente votado ao abandono. A porta principal, virada a sul, aberta e parcialmente destruída, permite-nos entrar, facilmente, no que foi outrora um lugar sagrado, muito frequentado pelo povo da região, que ali acorria com grande devoção. O

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que encontrámos é verdadeiramente confrangedor: ruínas, cheiro a humidade e apenas uma pintura mural, na parede virada a poente, permite a identificação fácil do local, com o que teria sido um templo. As figuras são de grandes dimensões, conservam restos de cor e facilmente se descobre que representam uma Natividade: S. José, a Virgem e o Menino deitado numa manjedoura e de um lado e do outro pastores e pastoras com as suas ofertas a Jesus. Das outras pinturas nada resta, destruídas pelo tempo e pela humidade que fez cair no chão grande parte do seu suporte. E esta Natividade, se não lhe acodem, terá em breve o mesmo destino. A imagem da Senhora das Necessidades encontra-se hoje, felizmente, a salvo, na igreja de Casais de Revelhos. Que foi objecto de grande devoção sabemo-lo, entre outros, por Frei Agostinho de Santa Maria que, no início do século XVIII, no seu “Santuário Mariano”, refere: “Com esta Senhora, têm todos os moradores de Abrantes muito grande devoção e assim a vão visitar muitas vezes, e que ela lhes aumenta com muitas maravilhas

e milagres que obra a favor de todos. É também muito grande o concurso de romeiros e peregrinos, que de todas as partes concorrem e que vão visitar a Senhora, uns a cumprir os seus votos e outros a pedir-lhe o remédio de suas necessidades; muitos lhe mandam lá celebrar missa em acção de graças pelos favores que por meio da Senhora alcançaram de seu Santíssimo Filho. Naquele santuário se vêem pender muitas memórias dos seus milagres e maravilhas, como são quadros, mortalhas, braços e pernas de cera e outros sinais desta qualidade.” Os dois pisos da torre, que se sobrepõem à capela, serviriam para al-

bergar os romeiros que de longe se deslocavam até aqui, por altura das festas. Esta capela encontra-se coberta por uma abóbada de aresta, que teria os seus quatro panos totalmente cobertos com pinturas, cujos elementos, de cunho vegetalista, ainda se podem descortinar nas extremidades. A uma distância de cerca de duzentos metros, encontravase um cruzeiro, de que hoje só resta a base e que seria datado de 1653. Aqui costumavam os romeiros iniciar as suas devoções, seguindo de joelhos até ao Santuário. Segundo investigação feita pelo Doutor J. Candeias da Silva, a Igreja

das Necessidades teria sido edificada na década de trinta do século XVII, por João Pereira de Betencourt, fidalgo abrantino que, em 1624, participou na defesa da praça da Baía, no Brasil, que se encontrava ameaçada pelos holandeses. De regresso, fundaria neste aprazível local “um morgado em uma quinta de regalo e rendimento”, onde estava integrada esta “casa da Senhora”. Com efeito, se observarmos bem, afogados pela vegetação que agora ali cresce, podemos divisar restos do que teria sido um lagar e várias casas de habitação. Esta “casa da Senhora”, de um lugar de culto particular, ter-se-ia tornado em breve, graças à devoção popular e à fama dos milagres operados pela Virgem, num importante santuário mariano. Bibliografia Candeias Silva, Joaquim, “Dois importantes santuários antigos da freguesia de Alferrarede”, in Jornal de Alferrarede, nº 217, Novembro de 2003. Santos, Bruno, “Pintura mural seiscentista nos concelhos de Abrantes e Sardoal”, in Revista Zahara, nº 7, Junho de 2006.


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NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO DE SANTARÉM A CARGO DA NOTÁRIA ISABEL MARIA RAIMUNDO DE OLIVEIRA FILIPE BATISTA MARQUES. Eu Isabel Maria Raimundo de Oliveira Marques, Notaria do Cartório Notarial de Isabel Marques, na cidade de Santarém, CERTIFICO, para efeitos de publicação que por escritura de três de Março de dois mil e dez, lavrada de folhas trinta a folhas trinta e um verso, no livro de notas para escrituras diversas número cento e noventa-A. ARTUR GASPAR ESTEVES, contribuinte fiscal 149 955 448 e mulher MARIA FILOMENA DE MATOS FERNANDES ESTEVES, contribuinte fiscal 149 955 430, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia e concelho de Mação, residentes Rua do Restolho, nº 12, 2º Esq., Alfragide, Amadora, outorgaram uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual com exclusão de outrem se declaram donos e legítimos possuidores do seguinte: Prédio rústico, composto de cultura arvense de sequeiro e olival, sito em Vale Martim Joana, na freguesia e concelho de Mação, com a área de dois mil metros quadrados, a confrontar do norte com herdeiros de José Pedro Mirrado, do sul com Ribeiro, de nascente com herdeiros de Manuel Raimundo Ferreira e do poente com Teresa de Matos, OMISSO na Conservatória do Registo Predial de Mação, e inscrito na matriz cadastral respectiva sob o artigo 87 da secção AT, com o valor patrimonial tributário para IMI de 109,39 € e para IMT de 237,98 €. Que possuem o referido prédio há mais de VINTE ANOS, tendo o mesmo vindo à posse dos justificantes por volta do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal a Luísa Gil Correia Arruda e marido José Arruda, residentes que foram em Mação, não tendo no entanto reduzido a escritura pública a referida compra verbal, mas posse essa que vêm exercendo sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, sem interrupção e ostensivamente, à vista e com o conhecimento de toda a gente, traduzida em actos de fruição, cultivando-o, pagando a respectiva contribuição e impostos, tudo isto por um lapso de tempo superior a vinte anos, sendo portanto uma posse contínua, pública, pacífica e de boa fé, pelo que adquiriram o referido prédio por usucapião, não tendo todavia documento que lhes permita fazer prova do seu direito de propriedade pelos meios e extrajudiciais normais. Estando assim impossibilitados pelos meios normais, de comprovar a aquisição do identificado imóvel, invocam, por esta forma a USUCAPIÃO, como meio aquisitivo do direito de propriedade suprindo a ausência de título com vista ao registo de aquisição a seu favor. ESTÁ CONFORME. Cartório Notarial de Isabel Marques, três de Março de dois mil e dez. A Notária, (Isabel Maria Raimundo de Oliveira Filipe Batista Marques) (em Jornal de Abrantes, edição de Abril de 2010)

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Álvaro Martins Damas N. 07/08/1922 • F. 18/02/2010

Agradecimento Seus filhos, nora, genro e netos agradecem a todos os que o acompanharam à sua última morada, assim como os que estiveram presentes na Missa de 7.º dia.

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José Veríssimo de Andrade N. 06-08-1920 • F. 15-02-2010

Seu filho, nora, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada. A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

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Vítor Manuel Lopes de Matos N. 30-03-1968 • F. 23-02-2010

Sua esposa, filho e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada. A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

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Maria Teresa Ramos de Matos Bento dos Santos

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N: 13 de Outubro de 1938 • F: 2 de Março de 2010

Agradecimento Seu marido, filha, genro, neto e restante família, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todos os que velaram a nossa ente querida, assistiram à Missa de Corpo Presente e a acompanharam à sua última morada, (cemitério de Ortiga), as manifestações de carinho e amizade recebidas. A todos o nosso profundo reconhecimento.

Manuel Rosado Vaz Ferreira N. 19-06-1922 • F. 20-02-2010

Sua esposa, sobrinhos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada. A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal


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ACUPUNCTURA Dr.ª Elisabete Alexandra Duarte Serra ALERGOLOGIA Dr. Mário de Almeida; Dr.ª Cristina Santa Marta CARDIOLOGIA Dr.ª Maria João Carvalho CIRURGIA Dr. Francisco Rufino CLÍNICA GERAL Dr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa DERMATOLOGIA Dr.ª Maria João Silva GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira MEDICINA INTERNA Dr. Matoso Ferreira NEFROLOGIA Dr. Mário Silva NEUROCIRURGIA Dr. Armando Lopes NEUROLOGIA Dr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme

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OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA Dr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga ORTOPEDIA Dr. Matos Melo OTORRINOLARINGOLOGIA Dr. João Eloi PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Patricia Gerra PSICOLOGIA Dr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch; Dr.ª Maria Conceição Calado PSIQUIATRIA Dr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro SERVIÇO DE ENFERMAGEM Maria João TERAPEUTA DA FALA Dr.ª Susana Martins

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