Feira Emprego - Final

Page 1

Globalmente, a “1ª Feira de Emprego e Qualificação” foi uma aposta ganha, uma vez que se conseguiu mobilizar para um certame comum, um conjunto de entidades responsáveis pelo emprego, pela qualificação e pela formação na região de Santarém, com consequente participação de largas centenas de visitantes durante os dois dias em que decorreu no Centro Nacional de Exposições do Cnema, em Santarém.

Feira do Emprego e Qualificação: Uma visão de futuro Contrariando o ambiente de crise e de impassibilidade que envolve o mercado do emprego e da qualificação no nosso país, decorreu, em Santarém, nos passados dias 18 e 19 de Junho, a “1ª Feira de Emprego e Qualificação”. Globalmente, esta é mais uma aposta ganha, uma vez que se conseguiu mobilizar para um certame comum, um conjunto de entidades responsáveis pelo emprego, pela qualificação e pela formação na região de Santarém, com consequente participação de largas centenas de visitantes. Os diversos “workshops” do evento estiveram praticamente sempre cheios de público, ávido de saber mais sobre a procura de emprego ou sobre a criação do próprio emprego. Na conferência “Ensino, Emprego e Empreendedorismo” discutiu-se o papel da escola, nos diversos graus de escolaridade, enquanto agente de transformação dos níveis de qualificação da sociedade portuguesa. Nesta conferência, ficou patente a necessidade que existe em qualificar a população portuguesa (não nos podemos esquecer que Portugal apresenta um dos níveis de educação mais baixos dos países da OCDE) para que esta possa corresponder aos novos desafios da sociedade do conhecimento. É necessário que o ensino se ajuste à realidade nacional, preparando os estudantes para dar resposta às necessidades das empresas, dando-lhes competências chave

em áreas determinantes. É preciso um ensino mais rigoroso e exigente, o que exige também a revisão de muitos dos pressupostos actuais. O problema não se deve centrar apenas na quantidade, mas na qualidade e na eficácia do ensino ministrado. Por outro lado, as instituições de ensino têm que compreender o papel do empreendedorismo, incentivando projectos nesta área e dando a conhecer os instrumentos que permitem a transformação de uma ideia num produto ou serviço útil à sociedade, torna-se por isso urgente uma maior aproximação entre a escola e a empresa para que, do conhecimento mútuo, surja o crescimento global. Está provado que a partilha de conhecimento é hoje uma das ferramentas essenciais aos desenvolvimentos económico e os participantes na conferência “Gestão de Talentos e Competitividade Empresarial” tiveram a oportunidade de partilhar esse conhecimento e certamente enriquecer a sua cultura sobre gestão de talentos. A propósito e para que não hajam dúvidas, quando se fala em talentos não estamos a falar das pessoas a que vulgarmente chamamos artistas, estamos a falar das pessoas comuns que conseguem fazer a diferença nas organizações. Estamos a falar daquela empregada de limpeza, isto para citar um dos exemplos referidos na conferência, que ao fazer a sua tarefa detectou uma fuga de óleo numa máquina, avisou o técnico responsável e

Florinda Matos(*)

impediu que o equipamento central de uma unidade industrial fosse queimado, destruindo toda a unidade! Os talentos de uma dada organização são afinal as pessoas com conhecimentos, capacidades, experiências e habilidades que conseguem fazer a diferenciação no processo organizacional. A gestão de talentos, associada à qualificação, é hoje, inquestionavelmente, um factor determinante do sucesso organizacional por isso esperamos ter dado algum contributo para que as empresas da nossa região se aproximem mais dos melhores padrões de competitividade. Novas conferências estarão de volta num futuro próximo. Àqueles que contribuíram para o sucesso da “1ª Feira de Emprego e Qualificação”, da região de Santarém, deixamos os nossos agradecimentos. E como dizia um dos oradores, “Os talentos fazem-se fazendo e participando”! (*) Docente /Investigadora - Consultora PMEConsult (florinda.matos@pmeconsult.pt)


24

O Ribatejo 25 | Junho | 2010

Depoimentos

Exército Português

Sónia Sanfona Governadora Civil de Santarém Esta feira é extraordinariamente importante. É importante porque permite dará conhecer a oferta de emprego e de qualificação do distrito aos jovens. Foi ouro sobre azul trazer a feira conjuntamente com um workshops que ajudam os jovens a se prepararem para o primeiro emprego, para o impacto de enviar currículos e ir a entrevistas. No distrito, o desemprego acompanha a média nacional. Estamos a entrar na época da sazonalidade dos empregos e a perspectiva é que, durante este período de Verão, melhore a performance regional ao nível do emprego. O Governo Civil tem feito um trabalho de divulgação das escolas, de empresas e também da instituição militar, à qual tenho feito algum apelo porque tem um tipo de oferta altamente profissionalizada.

Fajudis

Força A

Ricardo Gonçalves Vereador da Câmara Santarém Esta feira tem pernas para continuar porque é uma iniciativa que, nos dias de hoje, é extremamente importante porque temos mais de 10% de desemprego com perspectivas de aumentar.

Instituto do Emprego e Formação Profissional

Pedro Félix Nersant É uma iniciativa de louvar que se deve multiplicar no distrito e no país. Andamos muitos anos a ignorar esta questão do empreendedorismo e sofremos agora as consequências. Culturalmente não somos um povo empreendedor e, por isso, esta é uma iniciativa muito importante para estimular esse espírito.

Nersant

Institu

Câmara Municipal de Santarém

Império Bonança; Fidelidade Mundial; Bonduelle; TempriRibatejo; Decathlon; PSP


25

O Ribatejo 25 | Junho | 2010

Câmara Municipal do Cartaxo

Escola Profissional Vale do Tejo

Cenfim

Aérea Portuguesa

Go Work

Instituto Politécnico de Santarém

E.Leclerc

Instituto Politécnico de Tomar

Instituto Politécnico de Leiria

Isla

uto Politécnico de Santarém

Escola Profissional Vale do Tejo

Talenter

EPDRA

Escola de Hotelaria e Turismo


26

O Ribatejo 25 | Junho | 2010

conferências

Formação é fundamental para o talento nas empresas “Gestão de talentos e competitividade empresarial” foi o tema da segunda conferência organizada no âmbito da Feira de Emprego, no dia 18, no Cnema em Santarém. Alexandre Rosa, vice-presidente do IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, sublinhou que os recursos humanos são a variável chave da competitividade das empresas e, por isso, o mínimo que um bom gestor pode fazer é olhar para os seus quadros como potenciais talentos”. O dirigente do IEFP considera que “os talentos constroem-se com formação, embora durante muitos anos não se tenha dado valor à educação e formação no nosso país. Por isso, hoje só há uma forma de dar a volta a isto – dar aos

jovens a possibilidade de atingirem níveis de qualificação mais elevados, e garantir formas de qualificar os trabalhadores adultos”. Joaquim Paulo Conceição, CEO do Grupo Lena, defendeu que “os talentos nas empresas têm de ser postos a render, caso contrário é como se não existissem”. Como se faz a gestão dos talentos num grupo que factura 800 milhões de euros e tem 5000 trabalhadores? Joaquim Paulo Conceição sublinhou a importância da monitorização dos talentos, porque “não há bom vento para quem não sabe para onde vai”. Considera que a formação profissional não deve ser só responsabilidade do IEFP, mas tem de ser assumida pelas empresas. “Ao longo destes anos gas-

A Os oradores da conferência consideram a qualificação dos recursos humanos o factor chave para a competitividade das empresas. tou-se muito dinheiro em formação e não se viram resultados, porque a formação não foi à medida”, afirmou.

Para o professor universitário Albino Lopes, “o problema central do país é a estagnação do crescimento económico a partir do ano

2000, quando se completaram 40 anos de crescimento que colocaram Portugal como o segundo país da OCDE que mais cres-

ceu (800%, valor só superado pelo Japão)”. O professor compara Portugal a um grande navio cujo motor parou algures nesta viagem de 40 anos. E que provocou a paragem? “Uma das causas mais importantes, e, no entanto, das menos invocadas, é a falta de qualificação do factor humano”. O problema é que os portugueses falharam o processo de adopção das novas tecnologias. “A tecnologia impôs-se e nós fomos ultrapassados em competitividade porque ficámos na era analógica”, afirmou. Segundo o professor, “não basta comprar computadores - por cada euro investido em tecnologia são precisos 4 euros em formação e mais 5 de investimento organizacional interno nas empresas”.

workshops GENES DO EMPREENDEDOR PARA A INOVAÇÃO

OS CENTROS DE NOVAS OPORTUNIDADES

COMO PLANEAR A CARREIRA PARA GARANTIR EMPREGO

Tiago Nascimento C4G - Consultores de Gestão

Maria Manuela Asseiro Durão Coordenadora do CNO do ISLA

Georgette Devillet Lima Escola Superior de Saúde de Santarém

Os genes do empreendedor são apetências inatas que as pessoas têm para situações de empreendedorismo e inovação. É algo que as pessoas têm no seu ADN e que podem desenvolvem ao longo da vida. Em Portugal, temos sentido que existem muitas pessoas empreendedoras assim como potenciais empreendedores. Estas pessoas têm ideias e querem criar a sua própria empresa. Mas, às vezes, por falta de competências em certas áreas, ou por falta de informação, acabam por não seguir em frente com os projectos. É nessa área que actuamos dando consultoria e formação a nível de empreendedorismo e inovação. Neste momento de crise, nota-se algum receio por parte dos empresários. Ainda assim, nota-se que Portugal tem um povo muito criativo e disponível para novas ideias e novos contactos.

“O core business do ISLA é o ensino superior. Mas julgamos que era importante dar uma resposta formativa a todas as pessoas que se quisessem qualificar, desde o ensino básico até ao ensino superior, tudo dentro da mesma instituição. O Centro de Novas Oportunidades do ISLA existe desde Outubro de 2006 e Certificação contínua e ao longo da vida. Temos certificação de 4º, 6º, 9º e 12º ano. Temos ainda cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), várias formações modulares de curta duração e temos o ensino superior, desde a licenciatura até aos mestrados e doutoramentos. Desde 2006, já certif icamos mais de 2000 pessoas e temos mais de 3000 a 4000 inscritos no centro. O centro tem hoje uma missão mais abrangente do que a mera certificação de competências. Fazemos também o diagnóstico e encaminhamento para opções de formação. Os Centros de Novas Oportunidades podem hoje ser vistos como uma porta de entrada para a qualificação.

Defendo a construção de um projecto profissional que se pode enriquecer ao longo do tempo através da formação contínua e avaliações de desempenho. Actualmente, as competências profissionais devem ser adaptáveis à evolução do mercado de trabalho, aos meios e aos diferentes patamares profissionais. As pessoas devem procurar cada vez mais formações avançadas. Quem estiver desempregado, deve começar primeiro por sonhar, porque sem sonho ninguém tem horizontes. Mas quem sonha e ganha asas também ganha raízes, ganha uma rede de pertença. Se a rede de pertença não dá as melhores oportunidades, as pessoas devem começar a estudar a mobilidade, ver onde o trabalho é mais favorável. Às vezes, o mais importante é lidar com o medo e frustração.


27

O Ribatejo 25 | Junho | 2010

Ensino, emprego e empreendedorismo em debate “Ensino, emprego e empreendedorismo” foi o tema da conferência realizada no dia 18, no âmbito da 1ª Feira de Emprego organizada pelo jornal O Ribatejo, em parceria com a PME Consult. Com moderação de Florinda Matos, consultora da PME Consult, esta conferência abriu com uma intervenção de Hélder Pereira, da Escola Superior de Gestão de Santarém, que contrariou a ideia de que há doutores a mais em Portugal e de que se estão a formar licenciados para o desemprego. “Pelo contrário, Portugal é o país da Europa com a menor taxa de frequência de ensino superior”, afirmou. O professor da ESGS considera que “a falta de competitivida-

de da nossa economia deve-se ao problema da fraca qualificação da população”. Considera especialmente aterradores os dados sobre a qualificação dos empresários portugueses: “Mais de metade dos nossos empresários tem menos do 9º ano de escolaridade”. Maria Salomé Rafael falou da sua enorme experiência à frente das escolas profissionais de Salvaterra de Magos, Coruche e do Vale do Tejo em Santarém, nas quais se formaram cerca de 12 mil alunos nos últimos 20 anos. Salientou o esforço realizado nestas escolas para contrariar a tradicional falta de empreendedorismo do nosso país: “Todos os anos muitos dos nossos alunos criam as suas próprias empresas, a partir

A A relação do ensino com o empreenderismo foi o tema do primeiro debate no âmbiton da Feira do Emprego

dos projectos que desenvolvem no âmbito dos cursos na escola”. O director do ISLA Santarém, Valter Vairinhos, citou dados do Eurobaróme-

tro que dão conta de que só 4% dos portugueses se interessam pelo empreendedorismo, os outros 96% querem é um emprego”. É possível ensinar o empre-

endedorismo? Para Valter Vairinhos, “a escola não pode ensinar a arriscar, mas pode ensinar técnicas que permitam ser bem sucedido”.

O director da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, Miguel Pinto dos Santos, defende que “não é missão do ensino superior promover o emprego, mas sim a formação superior dos jovens”. Criticou as políticas de educação que têm “reduzido os graus de exigência, o que faz com que os jovens cheguem ao ensino superior sem as competências que deveriam ter”. Lopes de Sousa, vice-presidente da Nersant, considera que o sistema de ensino está longe de se ajustar às necessidades do mercado de trabalho. Sublinhou que a Nersant está a realizar o programa EmpCriança na área do empreendedorismo e que se direcciona para jovens do 1º ciclo do ensino básico.

COMO CRIAR O SEU PRÓPRIO EMPREGO

APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

COMO PREPARAR UMA ENTREVISTA DE EMPREGO

Pedro Félix Nersant

Filipa Martinho ISLA

Helena Ribeiro Go Work

Existem um conjunto de apoios à criação do próprio emprego, como os programas do QREN, do Instituto de Emprego e Formação Profissional, um deles especificamente direccionado para a criação do próprio emprego. A Nersant tem um programa próprio, o Apoiar Micro. Não é um programa de que dá apoios financeiros mas que dá apoio técnico quem tem uma ideia para criar um negócio. Fazemos todo o acompanhamento da empresa durante os primeiros seis meses de actividade. “Em primeiro lugar deve construir empresarialmente essa ideia, passar da ideia à empresa. Deve fazer um plano de negócios, saber o que vai vender, a quem vai vender, quem é que são os concorrentes, quais os preços, etc.”, explica Pedro Félix. “No Apoiar Micro, realizamos uma fase prévia de ajustamento da ideia. Não se deve avançar para a criação da empresa só porque tem uma ideia que acha que é brilhante”, frisa o técnico da Nersant.

No ISLA, a aprendizagem ao longo da vida significa que qualquer pessoa, independentemente da sua qualificação pode obter uma qualificação e fazer o seu percurso de educação, desde o 4º ano até ao ensino superior.

Para uma entrevista de emprego, a pessoa deve ir com uma postura calma e séria. Deve preparar a entrevista, sabendo qual é a empresa, qual a função a que se candidata, quais as tarefas e responsabilidades que estão inerentes ao posto de trabalho. Se os candidatos levarem estas informações, irá muito melhor preparada e consequentemente mais calma. Do ponto de vista psicológico, os candidatos devem ir com uma postura de quem vai vencer, de quem vai conseguir o emprego.

NOTA : Também muito concorridos foram os workshops sobre “O currículo perfeito para o anúncio certo”, orientado por Rosa Silva da EGOR; as oportunidades no “Voluntariado Nacional e Europeu”, por Ana Cristina Garcia, da direcção regional do IPJ; e também o exército ministrou um workshop, já no sábado, para divulgação das oportunidades profissionais e carreiras do Exército português.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.