especial
coruche
textos e fotos: João Nuno Pepino e Vânia Clemente
Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo
Depois de uma semana celebrações religiosas dedicadas a Nossa Senhora do Castelo, o fogo-de-artifício sobre o rio, no sábado, dia 14, marca simbolicamente o arranque da parte profana das festas de Coruche, onde são esperados milhares de visitantes até 18 de Agosto. Actividades taurinas para todos os gostos, o cortejo etnográfico e os espectáculos musicais são os principais motivos para uma visita à capital do Sorraia.
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“Defender as tradições é o único caminho para fugir à aculturação” Comissão de festas ∑ Espectáculos taurinos de cariz popular regressam em grande força a Coruche Uma picaria à vara larga, algo que já não se realiza em Coruche há mais de 60 anos, é uma das grandes novidades da chamada vertente profana do programa das festas em honra de Nossa Senhora do Castelo. Paulo Tomaz, presidente da Comissão de Festas, encara com grande expectativa este evento, que será “o reavivar de uma das manifestações mais genuínas que temos cá no concelho”. “Vai fazer lembrar tempos idos, em que os campinos levavam os toiros pelos campos até perto do rio, e onde os lidavam em espaço aberto, à vara larga”, explica o responsável. A picaria terá lugar na segunda-feira, 16 de Agosto, na Vinha das Baleias, um espaço cedido à Comissão de Festas pela Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Coruche, e que será o centro nevrálgico das actividades taurinas preparadas pela organização. “Há vários anos que precisávamos de um espaço assim, para desenvolver o nosso
A Do programa deste ano, Paulo Tomaz destaca a realização de uma picaria à vara larga trabalho com condições logísticas muito melhores”, afirma Paulo Tomaz, explicando que também será na Vinha das Baleias que vão terminar as entradas de toiros pelas ruas da vila e que serão montados todos os espaços necessários para guardar o gado antes e depois das largadas, em condições de segurança. Ao longo dos últimos
anos, as tradições taurinas têm ganho um relevo cada vez maior e são hoje, sem dúvida, uma das matrizes centrais das festas e um dos elementos mais fortes da sua programação, a par do fogo-de-artifício, da procissão ou do cortejo etnográfico e do trabalho. A festa brava sempre fez parte dos usos e costumes ancestrais dos coruchenses e
o reavivar destas tradições deve-se ao trabalho que a Comissão de Festas tem desenvolvido desde que foi criada, em 2001. “Nos dias de hoje, com o fenómeno da globalização, a única hipótese que temos para não nos deixarmos aculturar é defender as nossas tradições”, defende Paulo Tomaz, para quem “num espaço tão pequeno como
é o mundo de hoje, se não vincarmos as nossas origens, passamos a ser iguais a todos os outros”. “Espectáculos com artistas, iluminação nas ruas e fogode-artifício encontram-se desde Faro a Vila Real. Se há algo que nos faz genuínos, é esta vertente taurina popular”, concluiu, rejeitando a ideia de “haver toiros a mais nas festas”.
Contenção orçamental não vai ensombrar a festa Apesar da contenção orçamental, “o programa deste ano é digno de umas festas como as de Coruche, dada a sua importância, dimensão e peso histórico, e estamos certos que vão honrar a vila e a sua população”, garante Paulo Tomaz. O orçamento da edição de
2010 anda entre os 190 e os 200 mil euros, em que 90 mil euros são um apoio directo por parte da Câmara Municipal e o restante é recolhido pela Comissão de Festas junto de patrocinadores, empresas, particulares e aluguer de espaço no recinto dos festejos.
No entanto, o apoio anual da autarquia foi reduzido em 10 mil euros (passou dos habituais 100 mil para 90 mil euros), tal como consta do plano de contenção financeira definido pelo município. “Só lamentamos o timing em que essa redução nos foi transmitida, apesar
de compreendermos perfeitamente a necessidade de apertar o cinto”, afirma o presidente, explicando que o corte “obrigou a comissão a ser mais rigorosa e a definir bem onde gastar o dinheiro, que é pouco”. Paulo Tomaz destaca que o cartaz de espectáculos musicais
é “forte”, com Rui Veloso, Boss AC e Orquestrada, o número de actividades ligadas à festa brava, e o fogode-artifício, que este ano é inteiramente assumido pela Comissão de Festas, e que será “um grande espectáculo visual de luz e cor nos céus de Coruche”.
O Ribatejo 13 | Agosto | 2010
UMA DAS DEZ MAIORES COMISSÕES DE FESTAS DO PAÍS A Comissão de Festas propriamente dita é composta apenas por 11 elementos, a quem se junta sempre um grupo de cerca de 30 a 40 voluntários e amigos, mais coisa menos coisa, que ajudam a montar toda a estrutura e colaboram durante as actividades. “Para um volume tão grande de trabalho a que é preciso responder, até nem se pode considerar um grupo muito grande”, adianta Paulo Tomar, que, além de ser presidente no primeiro ano de mandato, é também o elemento mais velho e membro fundador desta comissão, formada em 2001. “Só há uma forma de ter uma noção do trabalho que as festas envolvem: é passar por isto”, acrescenta o responsável, Tendo em conta o volume financeiro que movimenta, a Comissão de Festas de Coruche é uma das dez maiores do país. “Somos das maiores enquanto entidades privadas sem fins lucrativos que organiza festas populares, uma vez que muitos festejos são ainda da responsabilidade das Câmaras ou empresas municipais”, explica Paulo Tomaz, acrescentando que a descoberta foi feita “por via fiscal”. “Foi uma enorme surpresa, porque não sabíamos. Em 2005, o governo legislou uma tributação fiscal para a organização de festas populares e romarias, que teve dois anos de carência. Ora, em 2007, ficámos logo a saber quando fomos chamados para ser fiscalizados”, recorda Paulo Tomaz.
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Rui Veloso é o cabeça de cartaz Animação ∑ Mariza Duvall, Oquestrada, Rui Veloso e Boss AC prometem festa rija Coruche recebe até dia 18 de Agosto as Festas em honra de Nossa senhora do Castelo. Dia 13 de Agosto é o dia oficial da inauguração das festas, às 18h00, no Parque do Sorraia e às 22h00, a banda da Sociedade de Instrução Coruchense animará a esplanada do Castelo, seguida do desfile de fanfarras dos bombeiros e ainda o espectáculo da banda FS, no palco das tasquinhas. Dia 14, é dia de última novena das festas religiosas, para dar então começo às festas profanas. Durante a tarde realiza-se a primeira grandiosa corrida de toiros e às 00h00 dá-se o tradicional fogo de artificio, junto ao rio Sorraia. Às 01h30 começa o espectáculo com o Grupo Dois em Linha,
no palco das Tasquinhas e às 02h00, a animação para os mais novos com um Dj no espaço da Tertúlia. No dia da Padroeira (dia 15), a alvorada dá-se às 06h00, com a concentração dos
pescadores e a saídas para os pesqueiros, seguido do início de um concurso de pesca no rio Sorraia. Ao cair da tarde dá-se um dos momentos altos das festas religiosas com a tradi-
cional procissão em honra da Nossa Senhora do Castelo, que percorrerá as principais ruas da vila. A noite é dedicada ao folclore e às 00h00 começa o espectáculo com a artis-
ta Mariza Duvall. Dia 16, é dia do aficionado, com os cabrestos a entrarem nas ruas da vila às 10h00, às 17h00, começa a picaria à vara larga. Quanto à música, o grupo Oquestrada promete animar a noite, às 22h00. Dia 17, é dia do cortejo etnográfico e do trabalho, às 11h00, este ano com o tema das Casas agrícolas. Às 22h00, Rui Veloso mostra-nos todo o seu lado lunar, no palco principal e Beatriz Felizardo, artista da região canta o fado, na Tasca do fado, às 00h00. Para terminar o certame, o último dia das festas é dedicado à juventude, com Boss AC, a mostrar todo o seu rap, no palco principal, seguido de um espectáculo pirotécnico e o grupo Contrabanda a animar o baile.
DUAS GRANDIOSAS CORRIDAS DE TOIROS A edição 2010 das Festas em honra da Nossa Senhora do Castelo volta a receber duas grandiosas corridas de toiros. A primeira dia 14 de Agosto, às 18h00, com os cavaleiros António Ribeiro Telles, João Salgueiro e António Ferreira e ainda os forcados de Coruche e Alcochete. Dia 17, será dia de grande toirada de toiros à portuguesa, com os cavaleiros Rui Fernandes, João Ribeiro Telles Júnior e Isabel Ramos, com a presença dos forcados amadores de Coruche e seis grandes toiros, das ganadarias Pissanha e Inácio Ramos.
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Coruche desespera por serviço de urgência que sirva o sul do distrito O funcionamento do Serviço de Urgência Básico de Coruche foi adiado pela segunda vez em nove meses, alegadamente por dificuldades na contratação do corpo clínico. A Câmara Municipal de Coruche já pediu uma reunião à ministra da Saúde e exige respostas concretas.
A Dionísio Mendes começa a ficar impaciente com os sucessivos atrasos da Administração Regional de Saúde Que explicação lhe foi dada para este atraso na abertura do serviço de urgência básico (SUB) de Coruche?
Segundo informações que nos transmitiram, a Administração Regional de Saúde (ARS) está com dificuldades na contratação do pessoal para assegurar o funcionamento do SUB. É um facto que a ARS se comprometeu a abrir o serviço até 31 de Julho e que o equipamento, que se situa no centro de saúde, está praticamente concluído, mas de facto a promessa ficou por cumprir. Sabemos também que, neste momento, o Ministério da Saúde está a tentar estabelecer um protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Coruche para agilizar a contratação de médicos, enfermeiros e o restante pessoal técnico especificamente para o SUB. Através do Serviço Nacional de Saúde, há uma maior dificuldade em contratar médicos para formar estas equipas. Então, a quebra da promes-
sa é da exclusiva responsabilidade da ARS?
Sim, completamente. A nível de equipamentos, penso que está tudo entregue, o problema é mesmo só ao nível dos recursos humanos. Segundo nos foi transmitido, o problema nem sequer está relacionado com verbas, é mesmo só cingido à questão da contratação. A Câmara de Coruche começa a ficar impaciente com este atraso?
Evidentemente que estamos, sobretudo porque o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) deixou de ter instalações condignas com a construção do SUB. O SAP funcionava como aquilo a que chamamos vulgarmente de urgência, mas, uma vez que o SUB foi feito aproveitando parte das suas instalações, o SAP passou a funcionar de improviso em duas pequenas salas numa zona do centro de saúde onde está tudo apertado. Ou seja, saiu do espaço onde estava bem instalado para que fosse fei-
to o SUB, e agora não funciona nem um nem outro. Com os transtornos óbvios que isso causa…
Neste momento, não entra sequer uma maca dos bombeiros no SAP. Se chegar uma ambulância numa urgência com um doente acamado, não pode entrar porque não cabe, com a agravante do médico se recusar a realizar o acto na maca da ambulância. A ambulância acaba por parar no SAP apenas para pedir uma guia ao médico para fazer o transporte para o Hospital de Santarém, enquanto o doente fica ali deitado à espera. Isto não faz sentido nenhum nem pode continuar, de forma alguma. Houve algum investimento no SUB por parte da Câmara de Coruche?
Não, nem isso nos foi solicitado. Até as obras de adaptação do espaço ficaram por conta do Ministério da Saúde. E recorde-se que foram os próprios dirigentes da ARS que assumi-
ram a data de 30 de Julho, durante o lançamento da monografia sobre o Centro de Saúde de Coruche, que realizámos no museu municipal, em Junho. E já lhe foi transmitida alguma nova data?
Não, nada nos foi dito
até ao momento sobre essa questão. Sabemos só que ainda duram as conversações entre a ARS e a Misericórdia de Coruche, e que agora será preciso resolver as burocracias do costume, inerentes aos acertos do protocolo e à contratação do pessoal, mas só pode-
mos esperar que tudo esteja resolvido o mais rápido possível. Da parte da Câmara, solicitámos uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde, porque esta situação é insustentável e queremos uma resposta concreta no mais curto espaço de tempo possível.
Um serviço sem urgência nenhuma para arrancar A entrada em funcionamento do Serviço de Urgência Básica (SUB) do centro de saúde de Coruche esteve inicialmente prevista para Outubro de 2009, mas a data não foi cumprida devido à burocracia inerente ao processo de contratação de recursos humanos e dos concursos para fornecimento de equipamentos. Se abrisse no final de Julho de 2010, a segunda data anunciada pelos responsáveis da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), o atraso já rondava os nove meses. O SUB de Coruche é um serviço desenhado para servir os concelhos mais a sul da lezíria ribatejana, onde há graves carências a nível da prestação de cui-
dados primários de saúde, e este novo atraso só prejudicar ainda mais as populações destes concelhos. O centro de saúde de Coruche já deiva ter a funcionar um atendimento de urgência durante 24 horas por dia, com dois médicos das 8 às 20 horas e um profissional no período da noite. Em termos materiais, o serviço está equipado com equipamento de R-X, electrocardiógrafo com capacidade para telemedicina, exames clínicos, equipamento para pequenas cirurgias e um monitor – desfribilhador com capacidade de ligação directa ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
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Espectáculos taurinos “têm trazido mais gente às festas de Coruche” Dionísio Mendes ∑ Presidente da Câmara refuta a ideia de que há “toiros a mais” no programa das Festas do Castelo Para o presidente da Câmara de Coruche, o modelo organizativo das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, com a Irmandade a cargo da parte religiosa e a Comissão de Festas a assumir a chamada parte profana, tem sido o mais adequado e temse traduzido num crescimento qualitativo dos grandes festejos do concelho. Assim como a aposta em dar maior destaque às tradições taurinas no programa oficial tem dado “bons resultados”, na opinião de Dionísio Mendes. Ao autarca, não restam dúvidas que os toiros “têm trazido cada vez mais gente a Coruche, sobretudo os toiros nas ruas”. “É muito positivo ter novamente os toiros nas ruas como se faz na Moita, em Azambuja ou em Vila Franca, e como se
fazia em Coruche até ao 25 de Abril”, assinala Dionísio Mendes, destacando ainda a realização de uma picaria à vara larga e de duas corridas de toiros, na Praça de Coruche, durante as festas de 2010. “Uma delas será
mista”, sublinha. “Os «encierros», ou entradas na vila, com cabrestos e campinos, tem dado outro dinamismo e trazido muita gente que gosta de brincar com os toiros e sente essa paixão pelas
festa brava”, diz Dionísio Mendes. Não há qualquer “excesso de toiros”, na opinião do presidente, “porque são espectáculos verdadeiramente populares e aos quais as pessoas aderem e gostam imenso”, dando
como exemplo as toiradas à corda, uma tradição dos Açores com grande sucesso por terras do Sorraia. De resto, “há mais dois momentos muito fortes nas festas”, que são o fogo-deartifício e o cortejo, além
da procissão, que faz parte da componente religiosa das celebrações. “Sem fogo, cortejo e toiros, não haveria certamente festa”, diz Dionísio Mendes, apesar de sublinhar que a origem das festas é, na verdade, religiosa. O culto mariano e a devoção a Nossa Senhora do Castelo é anterior à chamada vertente profana das festas, que começou sensivelmente nos anos 40 do século passado, com a introdução do cortejo etnográfico e do trabalho e com a festa brava. Dionísio Mendes sublinhou ainda que o tema deste ano do cortejo pretende assinalar as casas agrícolas do concelho de Coruche, o que é, segundo o autarca, “um regresso às origens mais antigas e profundas do cortejo, tal como se realizava no século passado”.
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Telenovela vai mostrar cenas do cortejo e procissão
A Maria Antónia Morais e Célia Ramalho, junto a um dos carros
Cortejo regressa às origens “A Nossa Terra” é o tema central do cortejo etnográfico deste ano, um dos momentos mais altos das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo e aquele que vinca a identidade e valoriza a memória de Coruche. Na terça-feira, 17 de Agosto, cerca de 500 participantes vão recriar entre 40 a 50 quadro representativos da faina agrícola nos anos 40 nas grandes herdades latifundiárias do concelho, em quase três horas de percurso. O primeiro cortejo em que as casas agrícolas mostraram nas ruas da vila as suas alfaias, gado e animais de criação, os ranchos que
trabalhavam nos campos e os respectivos capatazes foi realizado em 1946, explicou ao nosso jornal Maria Antónia Morais, que nos últimos anos tem sido a principal responsável pela pesquisa histórica e etnográfica que tem vindo a dignificar o cortejo. Este ano, todas as freguesias vão representar uma casa agrícola, à excepção do Couço, que vai recriar as antigas praças de jorna, e da Lamarosa, por ser uma terra onde os proprietários de média dimensão predominam sobre o latifúndio. A concepção e construção dos carros começou há vários meses nos estaleiros
da Câmara Municipal, depois das primeiras reuniões para escolha e acerto do tema com as Juntas de Freguesia, ranchos folclóricos e colectividades locais. “Tentamos sempre envolver o maior número de associações e colectividades de cada freguesia para dar uma dimensão digna ao cortejo”, referiu a vereadora Célia Ramalho, elogiando o envolvimento e o empenho dos coruchenses na crescente valorização desta iniciativa. “Começa a notar-se alguma rivalidade saudável entre as freguesias, que mostram o desejo de melhorar ano após ano”, cons-
tata a vereadora, explicando que “isso também é fruto do trabalho que temos vindo a realizar no sentido de atingir um grau de excelência muito elevado”. Além do maior rigor histórico possível no “mise en scene” das representações, respeitando integralmente as vestimentas da época, “é preciso estarmos sempre atentos para que os participantes não surjam com peças de roupa fora de época, pulseiras e relógios modernos, unhas pintadas, e outros pormenores”, exemplificou a vereadora. “Não podemos descurar nada, porque no final tudo conta”, concluiu.
O cortejo e a procissão em honra de Nossa Senhora do Castelo vão ser filmados pela produtora de televisão que está a rodar no concelho a telenovela “Espírito Indomável”, actualmente em exibição na TVI. Para os responsáveis da Câmara de Coruche, esta é uma forma de dar maior visibilidade mediática a um ritual etnográfico que, no país inteiro, só encontra paralelo no cortejo de Viana do Castelo. “Uma das condições que impusemos à produtora foi precisamente a incorporação do cortejo em cenas da telenovela. É uma forma de dar maior visibilidade às festas e de valorizarmos o que é nosso”, disse ao nos-
so jornal o presidente da Câmara, Dionísio Mendes. A novela “Espírito Indomável” gravada em terras de Coruche, entrou nas casas dos portugueses, em horário nobre, no dia 31de Maio e desde aí tem sido mais um sucesso da ficção nacional. Com Vera Kolodzig e Diogo Amaral nos principais papéis, uma novela que nos conta a história de dois fazendeiros rivais, devido ao amor pela mesma mulher, que disputam há anos e que vai trazer muitas desavenças e lágrimas para as duas famílias. Amor, ódio, traição e intrigas, aliados ao bom humor e às belas paisagens de Coruche.
O Ribatejo 13 | Agosto | 2010
vox pop
FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO | ESPECIAL CORUCHE 23 1. Qual a sua opinião das Festas de Coruche? 2. O que mudaria nas Festas?
1. Acho que as festas de Coruche são muito boas e vem sempre muita gente ver, seja para ver as religiosas, como as missas, a procissão e as novelas ou profanas com as largadas e toiradas. Quanto a mim, aqui gosto de tudo um pouco até das largadas, mas continuo a achar Maria Helena Ferreira Comerciante que o numero um das festas e o momento principal são as festas religiosas com a saída da nossa senhora do Castelo, na procissão, só depois vem as lides tau-
romáquicas, com as largadas, apesar de nos dias de hoje serem elas que trazem mais gente às festas. Também acho que recuperam muito da tradição ligada ao toiro bravo e ao campo.
1. Venho sempre às festas de Coruche. São muito importantes aqui no concelho e até já a nível nacional, porque são uma das maiores e começam a ser muito conhecidas pela sua qualidade. São festas que trazem sempre muita gente, mas outrora ainda traziam mais e de ouSilvino Tadeia Reformado tro modo, as pessoas de Almeirim, Salvaterra e até Alentejo vinham ver a procissão e chegavam a ficar acampadas junto à zona do castelo, durante dias. Mas actualmente, acho que tanto as cerimónias religiosas
como as profanas estão em enquadradas e uma não invalida a outra. Além disso, recuperam as raízes de Coruche, mas já não se faz um cortejo como antigamente, o espírito é outro.
1. Se este ano as festas forem como as dos anos anteriores são muito boas, alias têm melhorado cada vez mais e são talvez a melhor da região. Eu pessoalmente, gosto tanto das festas religiosas como das festas profanas, mas cada uma ao seu modo. A cristã tem mais imAntónio José Baptista Reformado portância para a população de Coruche, pela figura intocável da Nossa Senhora do Castelo, um marco na história e na religião de Coruche. Já as tou-
radas e largadas também são importantes, pois recuperam a tradição do toiro e do campo e chamam a atenção das pessoas de fora, para participarem nas festas.
1. Venho sempre passear e trabalhar nas nossas festas de Coruche. Gosto de tudo aqui, desde as festas religiosas seja a procissão ou o cortejo e até os touros que são uma atracção para toda a população, pelo que as lides taurinas representam na nossa terra tão Leonor Frade Cantoneira ligada ao trabalho no campo, trabalho que antigamente era todo feito com bois.
Mas para mim, o mais importante mesmo são as festas religiosas, com as novenas e o culto à Nossa Senhora, mas as largadas e touradas também têm a sua importância e trazem muito divertimento apesar do perigo.
2. Se pudesse mudar alguma coisa, talvez mudasse o local das festas para o centro histórico, pois são muito lá para cima e aqui o centro da vila ficou esquecido, o que também prejudica e muito o comércio.
2. Mudaria a forma como os toiros andam nas ruas, antigamente andavam muito mais tempo, dava para gozar a cultura taurina e com esta alteração a tradição dos toiros foi mudando e aqui o centro histórico é que sofreu, porque vêm menos gente para as ruas.
2. Acho que as festas aqui no centro histórico estão perdidas e por não se realizarem aqui, faz com que exista pouco movimento na zona. Mas sinceramente, para mudar para pior, não mudava nada.
2. Não mudava nada, acho que as festas assim estão muito bem.
1. Gosto muito das festas, já são uma tradição na terra de Coruche. Quanto à lide dos toiros, não sou muito adepto dessa arte. Não digo que sou contra nem que não aconteça, mas não é um espectáculo que me agrade. No entanto, há pessoas Franquelim Gonçalves que gostam de ver e porque faReformado zem parte da cultura da terra, podem continuar a acontecer, alias, são elas que trazem muita gente de fora para a terra. Mas para mim, importante mesmo é a procissão e a devoção à Nossa
Senhora do Castelo, é a ela que devemos as festas.
1. Costumo vir trabalhar para as festas principalmente, mas venho sempre também a lazer, para ver a procissão e o cortejo que tão bem representa a nossa cultura e as gentes do campo. Quanto à tauromaquia, não gosto, tenho medo dos toiros e por Clotilde Jacinto isso nunca venho ver. Para mim, Cantoneira toiro só no prato, aí sim gosto de dar de caras com ele. Para mim,
o importante mesmo é a devoção à nossa padroeira, com a procissão, a ela devemos as festas.
2. Eu mudaria a festa para o centro histórico, porque antigamente, com as festas cá mais para baixo, o Largo de Santo António era muito mais alegre e agora deixou de o ser, depois, os bois, passam aqui mas é durante muito pouco tempo, passam para cima e para baixo e depois acaba. Também isso deveria mudar.
2. As festas estão muito centradas lá para o centro da cidade e daí esta zona histórica estar um pouco esquecida, mas não é isso que diminui o número de pessoas nas festas de Coruche.
24 ESPECIAL CORUCHE | FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO FEIRA DO BARATO E DAS OPORTUNIDADES AJUDA COMÉRCIO De 3 a 5 de Setembro, Coruche realiza a habitual “Feira do Barato e das Oportunidades”, este ano com um novo formato. A organização pretende envolver os comerciantes locais, para que durante um fim-de-semana estes permaneçam com as suas portas abertas até às 22h00 da noite, envolvendo do mesmo modo a população e incentivando-a a realizar as suas compras, com saldos atractivos e a baixo custo. Também a animação pelas ruas será uma novidade, uma medida que dará vida e cor ao centro histórico de Coruche. Mais uma iniciativa que pretende envolver a população local e os comerciantes, levando o nome de Coruche mais além e trazendo às suas terras novas caras para encher as ruas da vila.
Coruche inaugura Núcleo Tauromáquico
O Ribatejo 13 | Agosto | 2010
CORUCHE RECEBE CAMPEONATO EUROPEU DE PESCA DESPORTIVA
Arte ∑ novo núcleo do museu ganha vida no antigo edifício dos CTT Coruche inaugura dia 14 de Agosto, às 11h00, o Núcleo Tauromáquico de Coruche do Museu Municipal de Coruche. Um núcleo, com sede no antigo edifício dos CTT, que remonta aos anos de 1944, e que depois de comprado, recuperado e adaptado pretende preservar a memória taurina de Coruche, numa verdadeira aproximação entre toiro, forcado, cavaleiro e bandarilheiro. Este núcleo terá ainda patente a evolução da praça de toiros desde a sua origem, em tempos remotos até aos dias de hoje, com a actual praça de toiros, já remodelada. Terá também patente ao público a exposição Tauromaquia de Coruche. Histó-
ria, Arte, Tradição a qual se apresenta como um esboço da história tauromáquica coruchense e que só foi possível de realizar devido a estudos documentais e a histórias de vida contadas, em alguns casos na primeira pessoa. Esta exposição é o mote para um projecto que a autarquia, em conjunto com a comunidade, quer construir: o conhecimento e fruição da temática, relembrando tempos de outrora traduzidos em experiências de vida. Um núcleo que permitirá mostrar à população traços das lides taurinas, aproximando a comunidade a esta cultura, assim como preservar a memória taurina de Coruche.
A Núcleo Tauromáquico será inaugurado dia 14
Dias 4 e 5 de Setembro, Coruche acolhe mais uma iniciativa a título internacional, o Campeonato Europeu de Pesca Desportiva, de água doce. Presentes nesta iniciativa europeia, vão estar vinte e seis selecções nas margens do rio Sorraia, que para além de ser uma das imagens de marca de Coruche, é considerado pelos amantes da modalidade, uma das melhores pistas de pesca do planeta. Em 2009, realizou-se no Sorraia o Campeonato do Mundo nas categorias de juvenis, cadetes e juniores, este ano decide-se em Coruche o campeão europeu em seniores