Edição Agosto

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AGOSTO2009 · Telefone 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Avenida General Humberto Delgado - Edifício Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · info@jornaldeabrantes.pt

de

jornal abrantes Director JOSÉ ALVES JANA - MENSAL - Nº 5464 - ANO 109 - GRATUITO

X REDE SOCIAL DE ABRANTES

“NINGUÉM FAZ NADA SOZINHO”

X ABRANTES

Museu de Arqueologia: u uma resposta às críticas página 6 pá

X ECONOMIA

M Mega complexo industrial cria 1800 in eenpregos página 8 X CULTURA

F Federação Portuguesa de Cineclubes instala-se d eem Abrantes página 18 X ENTREVISTA

JJosé Miguel Rodrigues, um jovem compositor, maestro e músico página 3 X LAZER

“Vá para fora cá dentro” e descubra o paraíso ao pé da porta página 23 X ASSOCIATIVISMO

OS QUATRO CANTOS DO CISNE página 4

Uma associação de desenvolvimento local, com responsabilidade educativa no concelho de Constância. Actividades para jovens e crianças, apoio no desemprego – empresa de inserção, intercâmbios nacionais e internacionais. Promoção do desporto natureza.


ABERTURA

2 X EDITORIAL

Temos aqui dado atenção à nossa economia local. Não há vida social sustentada senão sobre uma economia sólida. E continuamos a fazêlo nesta edição. Mas é possível uma economia florescente e haver estratos significativos da população a cair na desgraça. Tantas vezes assim acontece. Por isso, é da maior importância que uma atenção à economia seja equilibrada com uma atenção à dimensão dita social da vida colectiva. Por isso, desta vez publicamos um caderno sobre a Rede Social de Abrantes. Fazemo-lo, no essencial, por três razões. Pelo trabalho que aquela Rede significa no concelho de Abrantes, porque ela representa o “mesmo” trabalho que tem vindo a ser feito noutros concelhos, e porque ela é uma parte significativa da economia local. Basta ter em atenção os postos de trabalho e o orçamento de apenas algumas, entre muitas, das organizações referidas. De facto, a economia social dos nossos concelhos é uma parte significativa da economia local. Além disso, há uma quarta e significativa razão para este tema. É a própria noção de rede ou de trabalho em rede. Estamos ainda habituados a métodos de trabalho baseados no “cada um por si”. A fórmula “o segredo é a alma do negócio” é apenas um velho aforismo desta metodologia. Contudo, cada vez mais o mundo é outro e as fórmulas de sucesso são também outras. A cooperação, a parceria, o trabalho em equipa e o trabalho em rede... são novas e indispensáveis formas de acção. Mas as cabeças, sobretudo as cabeças feitas, custam a aprender. No entanto, em cada Rede Social está a desenvolver-se um campo de aprendizagem e vê-se, mais uma vez, que “o caminho faz-se caminhando” (A. Machado). Em todos os domínios. Mas cada um tem de fazer a sua caminhada. Os que não fizerem ficam para trás. Inevitavelmente. Alves Jana

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X FOTO CRÍTICA

ALFERRAREDE (junto ao Tecnopólo) “Escreva lá no jornal que isto precisa aqui de uns semáforos. É uma vergonha o que se passa aqui todas as semanas”. (um popular)

Sugestões de ... Pérsio

Basso

NOME Pérsio Francisco de Brito Basso PROFISSÃO Técnico Superior de Comunicação na Câmara Municipal da Barquinha IDADE 32 anos RESIDÊNCIA Torres Novas UMA CIDADE Porto, a cidade invicta UM CAFÉ Soltejo, e a magnífica vista para o rio Tejo e o Barquinha Parque UM BAR 21, sempre UM PETISCO E ONDE APRECIÁ-LO Os caracóis do STOP, na Atalaia UM RESTAURANTE Solar do Forcado, Portalegre UM LUGAR PARA PASSEAR Sintra UM RECANTO A DESCOBRIR Castelo de Noudar (Barrancos) UM LIVRO Equador, de Miguel Sousa Tavares UM DISCO “Xutos e Pontapés” (álbum homónimo), o melhor da banda e um dos melhores do rock português UM FILME A Noiva Cadáver, do criativo realizador Tim Burton UMA VIAGEM Cruzeiro no Mediterrâneo.

X VOX POP

Como vão ser as suas férias este Verão?

Hernâni Aparício

Vânia Constantino

Taras Matselykh

Telma Lento

Inspector de Automóveis, Sardoal

Estudante, Tramagal

Ucraniano, residente no Sardoal

Estudante, Constância

Estive de férias em Maio, mas agora volto a ter férias na primeira semana de Setembro. Em princípio irei para a praia da Nazaré. Costumo ir para esta praia nos últimos anos. É perto de Sardoal e a minha filha gosta de ir para lá. É agradável e passamos lá uns dias diferentes.

Neste Verão tenho aproveitado para ir para o rio, nomeadamente no Zêzere, em Constância, onde a água é óptima para uns mergulhos, no que diz respeito à praia vou aproveitar para ir até à Costa de Caparica, Foz do Arelho e para umas férias mais extensas este ano escolhi o Baleal, para onde vou com um grupo de amigos.

No ano passado fui à Ucrânia, mas este ano não posso ir à minha terra. Neste momento estou de férias, mas não pretendo sair do Sardoal. Aproveito para estar com os amigos tanto ucranianos como os sardoalenses. Estamos pelo café, conversamos e convivemos.

Este Verão já estive uns dias numa praia perto de Leiria. Entretanto tenho estado com os colegas. Temos saído para algumas festas aqui da região. Ainda devo ir para a praia mais alguns dias. Estou a terminar o curso superior e tenho de aproveitar enquanto estou de férias.


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ENTREVISTA

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X JOSÉ MIGUEL RODRIGUES

“Instituições artísticas devem fazer protocolos para colmatar dificuldades” José Miguel Rodrigues é compositor, maestro e professor de música. Natural de Abrantes, é uma pessoa com grande potencial artístico, a aproveitado pelas instituições musicais da região.

Perfil José Miguel Rodrigues Nascimento: 1979 Naturalidade: Rossio ao Sul do Tejo Licenciatura: Ensino Básico, variante de Educação Musical Pós-Graduação: Direcção de Orquestra de Sopros.

Actualmente de que modo está ligado à música? Dirijo a minha actividade musical para a área de composição de música para crianças, bandas filarmónicas e orquestra de sopros. Sou professor de Educação Musical no Ensino Básico e também ensino saxofone. Como ingressou no mundo da música? Por influência de familiares. O meu pai e o meu avô estavam ligados a uma banda filarmónica. A partir deles que comecei a sentir o gosto pela música. Como vê o ensino da música em Portugal? De uma forma muito positiva, porque está a ser dada igualdade de oportunidades às crianças. Todos têm direito a aprender de igual forma, com metodologias e técnicas de ensino adequadas a cada grupo. É importante defender a igualdade de acesso de todas as crianças à música. E isso está a ser conseguido. Quando comecei a aprender música, senti que tinha esse direito e muitas vezes os meus pais passaram por dificuldades para me manterem a mim e ao meu irmão a estudar música. Compõe desde quando? Eu escrevo música desde 2004. Gosto de expor as minhas ideias, o que me vai na alma. Não tenho uma obra como a de Mozart, mas tenho trabalhos que estão a ser executados, não só por bandas que dirijo, mas também por grupos a nível nacional e até por uma banda de Zamora, em Espanha. Como é tocar as próprias composições? É difícil, porque sinto

que nunca estão acabadas. Os músicos pensam sempre que há alguma coisa a melhorar, então tem de estudar-se outras hipóteses. Mas já há muito tempo que não toco nada meu. Ao tocar obras de outros compositores, contribuimos para a sua divulgação e eu também gosto que divulguem o meu trabalho. Há pouca gente a compor na região. Sente-se um privilegiado? Da minha geração existem dois compositores. Eu e o Samuel Pascoal, da zona de Santarém, que desenvolve trabalhos na Banda da Armada. Não me sinto privilegiado, sinto-me com mais um colega. Estamos a contribuir para a música portuguesa, mostramos além fronteiras o que se faz no nosso país. Que contactos tem com o estrangeiro? Possuo alguns contactos, nomeadamente com o maestro José Luís Represas Carrera, com José Ignacio Petit Matias, com o qual já frequentei dois masterclasses de Direcção de Banda e o qual dirigiu recentemen-

te a minha composição: Principezinho, no âmbito do IV Estágio de Jovens instrumentistas Torrejanos. Desde Abril, sou membro da Wasbe (World Association Symphonic Bands and Ensembles), uma associação que reúne todo o universo bandístico mundial, profissional e amador. A nível de composição, quais são as suas influências? Eu estudei composição no Conservatório, mas não terminei a disciplina por uma questão de tempo e dedicação. Acabei por ter influência de compositores portugueses como Joly Braga Santos, Luís Freitas Branco, Constância Capdeville. Da actualidade cito compositores como Jorge Salgueiro, Afonso Alves, Luís Cardoso, Carlos Marques. A nível da escola Inglesa destaco Gustav Holst e Ralph Vaughan Williams. Da Holanda é inevitável referir Jacob de Haan, um pedagogo de música para banda. Mozart também é uma grande influência por escrever para sopros. Como estão as bandas fi-

larmónicas na região? Já tive uma opinião mais crítica. É de realçar que todas as bandas conseguem ter juventude nos seus quadros, o que é positivo. A organização das bandas depende de quem as lidera, dos directores e dos maestros, não são as autarquias que têm de fazer o trabalho. Com base em projectos sólidos, devidamente fundamentados, é que se pode sustentar os pedidos de apoio às instituições. Infelizmente, a nível de qualidade artística, as pessoas estão fechadas em torno do seu umbigo e não conseguem aproveitar as ofertas de formação que existem na nossa região. Entre Mação e Torres Novas existem muitas oportunidades formativas para os jovens músicos. Para maestros, já tivemos alguns cursos, mas geralmente quem os frequenta são pessoas de fora. É triste que as direcções artísticas não tenham horizontes mais alargados perante os grupos que têm à frente, porque da nossa região têm saído músicos que querem fazer da música profissão.

Quais as linhas essenciais para um bom projecto? É preciso haver mais do que uma cabeça a pensar sobre o projecto, para que possa haver um encontro de ideias e uma discussão sobre essas ideias. É importante não descurar o factor comunidade. O primeiro ponto de um projecto é tratar da comunidade onde estamos inseridos e das necessidades que temos na nossa instituição. Devemos explorar ao máximo a vertente artística que temos na região, a nível dos conservatórios. Os alunos têm direito ao ensino articulado, podendo estudar música de forma gratuita. É uma oportunidade para os que querem estudar música. Na região, onde se pode estudar música? No Conservatório Jaime Chavinha em Minde, no Coral Phidelius em Torres Novas, na Gualdim Pais em Tomar, e recentemente abriu um pólo do Conservatório Canto Firme em Mação. Ofertas não faltam. Haja vontade por parte das direcções e das instituições em estabelecer protocolos. Assim, um conservatório

e uma banda filarmónica podem interagir, rentabilizando o trabalho. E nas suas bandas? Eu trabalho com duas instituições muito diferentes. A banda de Mouriscas está a passar por um processo de revitalização. A de Montalvo tem um projecto mais sólido, estando agora a passar por mudança de quadros, tem vários projectos nas escolas. Tentamos estabelecer parcerias com o Conservatório Coral Phidelius, do qual sou professor. Criamos parcerias com outras bandas a fim de estabelecermos projectos em comum. Se apostarmos na integração das bandas e deixarmos de lado as divergências, é possível desenvolver um trabalho interessante. Que conselhos deixa para quem quer estudar música? Muito trabalho e espírito de dedicação. É essencial existir apoio familiar e da comunidade. Capacidade de ouvir um ´não´ e de pensar por si próprio. Cada vez há mais competição. André Lopes


ASSOCIATIVISMO

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X OS QUATRO CANTOS DO CISNE

Da Pereira para todo o concelho ao serviço do desenvolvimento 4CC presente. No horizonte existe um novo projecto de nome “Be the Change”, com objectivo de aproximar os jovens à democracia. Esta é uma parceria entre quatro associações (os 4CC e uma associação de Peniche e duas associaçoes italianas), com uma duração de dez meses. A primeira fase foi de Maio a Junho do corrente ano. A partir de Setembro 40 jovens das quatro associações parceiras vão juntar-se em Portugal, durante uma semana. Este projecto é co-financiado pelo programa europeu Juventude em Acção.

“Os Quatro Cantos do Cisne” (4CC) - Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário da Pereira – é uma associação juvenil e também IPSS. Está sediada em Pereira, freguesia de Santa Margarida da Coutada, concelho de Constância.

Presentemente os pilares-base desta associação prendem-se com a responsabilidade educativa do concelho, a empresa de inserção, a dinamização de actividades para jovens e mais recentemente a criação do núcleo Desporto Natureza. Como no início, o desenvolvimento rural continua a ser prioridade. O actual presidente, Daniel Martins, reforça que “Muitas pessoas perguntam se nós vamos sair da Pereira. Eu respondo que não. Enquanto nós estivermos na direcção, a sede dos 4CC será sempre na Pereira”. Os 4CC formou-se enquanto associação em Agosto de 1994. A Pereira é uma aldeia que tem cerca de 30 habitantes e os 4CC surgiram para revitalizar e dinamizar essa aldeia, sobretudo para recuperar algum património local. Em 1997 surge o apoio do programa Leader, da Tagus, que ajudou a recuperar noras, entre outros projectos da aldeia. Os 4CC são a associação no concelho com a responsabilidade, desde 2000, de coordenar os Centros de Tempos Livres (CTL). Começou com poucas animadoras e neste momento existem já 17, a dar apoio nos cinco CTL, de Portela, Malpique, Sta. Margarida, Montalvo e Constância. Dão ainda apoio a todos os Jardinsde-infância do concelho e coordenam também as Actividades de Enriquecimento Curricular no concelho. Além disso, dirige “um projecto de intervenção precoce, em termos de terapia da fala, para crian-

ças dos 0 aos 6 anos”, explica Daniel Martins. Empresa de Inserção Surge no ano 2000, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e tem a possibilidade de colocar no mercado de trabalho 15 pessoas do concelho, por um período máximo de dois anos. As pessoas que se propõem a este apoio devem estar no desemprego em regime de longa duração. O resultado tem sido positivo, com uma taxa de sucesso enorme. “Eles estão na empresa de inserção e existe uma prestação de serviços para com a entidade público-privada. Passados dois anos nessa empresa de inserção a taxa de sucesso para ficarem como efectivos é muito positiva“. Festas de 28 a 30 de Agosto Há 14 anos que os 4CC organizam as festas populares da Pereira. Nos últimos anos a fasquia tem sido elevada. Este ano, integrado na Festa Rural, nos dias 28, 29 e 30 de Agosto, realiza-se o 13º Concurso de Gastronomia.

O primeiro prémio tem o valor de 150 euros. Há três anos houve apenas cinco participantes e no ano passado, 2008, estiveram 40 participantes no Concurso de Gastronomia. “O facto dos prémios serem em dinheiro puxou mais participantes. Este dinheiro surge devido à boa gestão que fazemos do financiamento do Plano de Apoio às Associações Juvenis”, conclui o presidente. Este Plano de Apoio às Associações Juvenis dá financiamento para actividades das associações. No caso os 4CC candidataram-se e obtiveram financiamento para aplicar nas Festas Populares da Pereira. “No primeiro ano foi arriscado mas orientámos o financiamento para que as contas no final fossem positivas. Daí para cá temos apostado mais em grupos de música de nome e temos atraido cada vez mais pessoas às Festas da Pereira. No ano passado tivemos o grupo “Ferro & Fogo” que foi maravilhoso e sabemos que as pessoas adoraram. Este ano os nossos convidados são os ‘Kussondulola’”. Ver programa na página 22.

Desporto Natureza Este núcleo vai começar as suas actividades neste mês de Agosto. O objectivo central é a organização de actividades e eventos, para potencializar as características da aldeia e também do concelho. Na Pereira existe possibilidade de fazer-se percursos pedestres, BTT, montanhismo, rapel, slide. Carlos Silvério, responsável directo por este núcleo conta-nos que “É nosso objectivo enquadrar a forte componente pedagógica com uma consciência ambiental. Iremos dar formação base nas várias modalidades. Em relação ao aspecto formativo, vamos trabalhar com as Escolas. Em Agosto, entre 16 e 31, haverá um raid intercultural, aproveitando os conhecimentos dos 25 jovens dos Campos de Trabalho internacionais. Este Campo de Trabalho vai ter uma caractéristica única. Não vai haver qualquer tipo de emissão de CO2, pois as actividades vão ser todas de biblicleta e a pé. Intercâmbios Internacionais Projecto para jovens dos

17 aos 26 anos. “Um grupo é composto por seis, sete pessoas, onde existe um líder que coordena. Os 4CC já estiveram envolvidos em projectos que passaram pela República Checa, Turquia, Itália, Roménia e Polónia”, refere David Silvério. Este programa está ligado ao IPJ, agora designado Programa Juventude em Acção. É feita uma candidatura e a UE financia 70%. O restante é assegurado pelos patrocinios que a associaçao 4CC arrranja (Delta, Celulose do Caima, Câmara). Os últimos intercâmbios foram na Roménia, entre 3 e 11 de Julho, e na Polónia, de 17 a 26 de Julho. Na Polónia foram realizados trabalhos para discutir o tema energias renováveis. Cada grupo dá ainda a conhecer aspectos culturais do país, leva produtos locais, regionais e também nacionais. Estas estadias têm o máximo de duas semanas. No ano 2008, em Agosto, decorreu um intercâmbio em Itália sob o tema “Cidadania Europeia”. Havia seis países a participar, incluindo Portugal, com os

Serviço de Voluntariado Europeu Desde Fevereiro que vários jovens europeus estão a trabalhar com as crianças nos CTL. Já passaram pela associação jovens da Estónia, Egipto e Suécia. Uma jovem da Estónia vai terminar o seu trabalho em Setembro. Até ao final do ano estão aprovados mais 15 jovens para virem fazer este trabalho. Em sentido contrário, Henrique Ricardo, jovem de Sta. Margarida, já participou num intercâmbio, em Itália, em finais de Abril deste ano, com o tema “Web 2.0”. No passado mês de Fevereiro deslocou-se à Roménia, para uma formação. Em 2006 e também em 2008 passou pela República Checa. “A minha primeira experiência foi com 18 anos, fui à República Checa. Foi uma aventura, uma descoberta de uma nova cultura, novas amizades. Durante os intercâmbios vamos integrados num grupo. Nas formações vamos sozinhos e quando estive na Roménia a experiência foi muito enriquecedora. Desde a minha primeira viagem que a vontade de continuar a participar nestes projectos tem vindo a crescer. Agora vou à Polónia”. Maria João Ricardo


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OPINIÃO

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MIAA uma obra de excelência... ...e uma futura trade mark de abrantes

O Jornal de Abrantes publicou, no número do passado mês de Julho, um lamentável artigo assinado por António Castelbranco (doravante ACB), ilustrado com uma fotomontagem de sua autoria, com a legenda «uma imagem vale 1000 palavras», que pretende alertar para o «impacto que o volume do futuro Museu Ibérico vai ter na silhueta de Abrantes». O artigo, completamente vazio de ideias e de argumentos (as únicas frases vagamente opinativas que lá se encontram são de outra pessoa e não passam de um lamento pseudo-filosófico sobre a questão da autoria...), reclama «uma discussão pública e verdadeira», mas começa logo por oferecer aos leitores um embuste e várias falsidades: a sua infeliz fotomontagem, acompanhada por comentários no corpo do artigo sobre o edifício que revelam má-fé. Qualquer pessoa que compare essa ilustração caricatural com as inúmeras fotomontagens e com as maquetes apresentadas

na Exposição de Antevisão do MIAA, patente na igreja do Castelo de Abrantes, e no Catálogo que a acompanha, verificará que ACB quis deliberadamente distorcer a informação com que reclama o debate «sério, informado e de cidadania» sobre o Museu e o futuro da cidade. Uma vez que publicamos junto a este texto uma dessas fotomontagens, podem os leitores comparar a imagem do verdadeiro efeito que se espera da torre que integrará o MIAA, um elemento profundamente evanescente, com diversas aberturas sobre a paisagem urbana e natural, com a horrorosa caricatura que ACB forjou, de proporções falseadas e com uma expressão compacta, para servir os seus intentos claramente desonestos. ACB é arquitecto (cuja obra, em boa verdade, desconheço, mas se calhar nem é para ser conhecida...) e sabe muito bem que está a enganar os leitores e quem ainda tem a paciência de o ouvir. Na miserável prosa que rodeia a fotomontagem caricatural ficamos também a saber que ACB intitula significativamente os seus concidadãos de «pacóvios

abrantinos», que precisam que ele os alerte para o que, no entender do seu pequenino cérebro, está a ser congeminado para Abrantes, nas suas costas!!! Mas o que ACB não diz é que tanto ele como todos os abrantinos tiveram acesso a toda a informação que se encontra disponibilizada pelo projectista e pela equipa que está a conceber e a realizar o MIAA, uma vez que a Exposição de Antevisão abriu ao público a 14 de Junho e o Catálogo que a acompanha foi igualmente distribuído (e não vendido) a partir desse dia. ACB esteve presente, como reconhece no artigo, na sessão de esclarecimento com o Arq. Carrilho da Graça, a 25 do mesmo mês, durante a qual largamente perorou e (julgamos nós) terá ouvido as respostas às suas dúvidas e reservas (e às de outras muitas pessoas que lá se encontravam e se manifestaram, em muitos casos, claramente a favor da obra). Mesmo depois disso, continua a escrever os disparates que lemos no artigo, distorcendo, de forma deliberada, insistimos, os factos relativos ao Projecto (altura relativa da torre face ao

centro histórico, aberturas para o exterior, têxtil de revestimento), porque o seu inconfessável objectivo não é esclarecer seja quem for, no debate sério que todos desejamos, mas ganhar protagonismo numa ridícula batalha de desinformação e boicote, que se arrisca a ser exclusivamente sua e dos medíocres que esvoaçam em seu redor, à medida que a comunidade abrantina se for dando conta da extraordinária qualidade do Projecto e das enormes mais-valias que vai trazer à cidade. Com a realização desta obra de excelência, Abrantes ganha, antes de mais, uma construção emblemática, que recupera um dos seus mais notáveis edifícios históricos – o Convento de S. Domingos – e vai albergar excepcionais colecções arqueológicas e artísticas, que permitirão entender a história local, regional e nacional, em contextos cada vez mais globais. Graças à generosidade do extraordinário coleccionador que é o Sr. João Estrada e de artistas como Maria Lucília Moita e Charters de Almeida, a representatividade dos acervos do MIAA irá ultra-

passar a dimensão local, já de si rica, para se projectar a nível nacional e internacional. O MIAA tornar-se-á, assim, tanto pela excelência da arquitectura como pela qualidade dos acervos, uma verdadeira trade mark de Abrantes nos campos artístico, científico e turístico, contribuindo para a renovação das redes turísticas regionais e criando directa e indirectamente numerosos postos de trabalho. Um tal projecto colocará Abrantes, de forma duradoura e de pleno direito, no centro do mapa cultural português e em condições muito favoráveis para abraçar sustentadamente a tão desejada e necessária internacionalização. É isto que ACB e a corte medíocre que o rodeia não querem ver, mas que os abrantinos de horizontes largos e de bom coração já viram!! Abrantes não pode parar!! Fernando António Baptista Pereira Professor Associado da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Museólogo responsável pelo Projecto do MIAA


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newsletter Legislação Novo Código do Trabalho Tipos de Contrato de Trabalho / Formação Profissional Foi publicada no passado dia 12 de Fevereiro a Lei n.º 7/2009, que aprova o novo Código do Trabalho (NCT) e revoga o anterior, aprovado pela Lei 99/2003, de 29/7 (em vigor desde 01.12.2003), e a respectiva regulamentação, aprovada pela Lei 35/2004, de 29/7. O regime estabelecido no novo Código do Trabalho não se aplica a situações constituídas ou iniciadas antes da sua entrada em vigor e relativas a a) Duração de período experimental; b) Prazos de prescrição e de caducidade; c) Procedimentos para aplicação de sanções, bem como para a cessação de contrato de trabalho; d) Duração de contrato a termo certo; Principais alterações Período experimental Se o período experimental durar mais de 120 dias, a denúncia do contrato por parte do empregador depende de aviso prévio de 15 dias, mantendo-se em 7 dias o prazo de aviso prévio quando a sua duração ultrapassar 60 dias. O não cumprimento, total ou parcial, do período de aviso prévio determina o pagamento da retribuição correspondente ao aviso prévio em falta. Contrato a termo incerto A duração do contrato de trabalho a termo incerto não pode agora ser superior a seis anos. Nos contratos celebrados antes da entrada em vigor do novo código, conta-se o período de seis anos a partir de 17 de Fevereiro.

Código do Trabalho. Novas regras sobre formação profissional O Código do Trabalho, contém alterações no regime da formação profissional, passando a uniformizar as normas relativamente aos contratos a termo e sem termo. Deste modo, independentemente do tipo de contrato celebrado, o trabalhador terá direito a um mínimo anual de: 35 horas de formação contínua certificada. Segundo as novas regras, permite-se à entidade empregadora antecipar a realização da formação profissional até 2 anos, ou a diferi-la por igual período, sempre que previsto no respectivo plano de formação do trabalhador. Nas situações de frequência de processo de reconhecimento, validação e certificação de competências - programa novas oportunidades, ou de formação que atribua dupla certificação, as novas regras estabelecem uma antecipação da formação de 5 anos. Quanto à regulamentação do crédito de horas para formação contínua importa referir que, se o empregador não assegurar ao trabalhador as horas de formação anual até ao termo dos 2 anos seguintes ao seu vencimento, estas transformam-se em crédito de horas em igual número para formação por iniciativa do trabalhador. O crédito de horas para formação é utilizado no período normal de trabalho, mantendo o trabalhador direito à remuneração.

Contrato a termo certo O contrato de trabalho a termo certo pode ser renovado até três vezes, mas a sua duração em caso algum poderá exceder 3 anos. No anterior Código podia ser renovado 2 vezes e excepcional ou adicionalmente uma vez mais, podendo a duração do contrato atingir nesta circunstância os 6 anos. Presunção de contrato de trabalho Passa a presumir-se a existência de contrato de trabalho, desde que se verifiquem algumas (o legislador não determina quantas...!) das seguintes características: - A actividade seja realizada em local pertencente ao seu beneficiário ou por ele determinado; - Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertençam ao beneficiário da actividade; - O prestador de actividade observe horas de início e de termo da prestação, determinadas pelo beneficiário da mesma; - Seja paga, com determinada periodicidade, uma quantia certa ao prestador da actividade, como contrapartida da mesma; - O prestador de actividade desempenhe funções de direcção ou chefia na estrutura orgânica da empresa. É considerada contra-ordenação muito grave imputável ao empregador a prestação de actividade, por forma aparentemente autónoma, em condições características de contrato de trabalho, que possa causar prejuízo ao trabalhador ou ao Estado. Pelo pagamento da coima são solidariamente responsáveis o empregador, as sociedades que com este se encontrem em relações de participações recíprocas, de domínio ou de grupo, bem como o gerente, administrador ou director.

No caso de reincidência, é aplicada a sanção acessória de privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidade ou serviço público, por período até dois anos. Contrato de Trabalho intermitente Nas empresas que exerçam actividade com descontinuidade ou intensidade variável, as partes podem acordar que a prestação de trabalho seja intercalada por um ou mais períodos de inactividade. Durante o período de inactividade, o trabalhador tem direito a compensação retributiva no valor estabelecido no instrumento de regulamentação colectiva ou, na sua falta, de 20% da retribuição base, a pagar pelo empregador com periodicidade igual à da retribuição. O trabalhador pode exercer outra actividade no período de inactividade. Não podem ser celebrados contratos de trabalho intermitente a termo resolutivo ou em regime de trabalho temporário. Contrato de trabalho de muito curta duração Podem ser celebrados contratos de trabalho a termo em actividades sazonais agrícolas ou para a realização de eventos turísticos de duração não superior a uma semana. Estes contratos não estão sujeitos a forma escrita, devendo o empregador comunicar a sua celebração ao serviço competente da segurança social, mediante formulário electrónico. A duração total deste tipo de contratos de trabalho a termo com o mesmo empregador não pode exceder 60 dias de trabalho no ano civil.

PARA CUMPRIMENTO DESTA LEGISLAÇÃO A ASSOCIAÇÃO TEM AO DISPOR DOS SEUS ASSOCIADOS UM VASTO NÚMERO DE ACÇÕES GRATUITAS, DAS QUAIS PASSAMOS A INDICAR: 582 - 2760 582 - 2761 e 3905 582 - 3908 582 - 3909 862 -3770

ÁREA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Noções Básicas de Medições e Orçamentos Preparação, Planeamento e Implantação de Obras Controlo da Qualidade Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - Construção Civil Desenho Técnico - Interpretação de Plantas ÁREA DA SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO

Nível 3 3 3 3 3

Nº Horas 50 50 50 50 25

341 - 349

Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - Conceitos Básicos

2

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541 - 3308 862 - 3771

Cuidados Básicos de Saúde (Primeiros Socorros) Normativos Legais Aplicados À Actividade Profissional

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25 50

862 - 3782

Segurança no Trabalho - Equipamentos

761 - 3239 761 - 3241 761 - 3244 761 - 3251 761 - 3255 761 - 3268 761 - 3274 761-3545 762 - 3540 762 - 3546 762 - 3549 762 - 3550

ÁREA DO APOIO A CRIANÇAS Acompanhante de Crianças Desenvolvimento Infantil Acompanhamento de Crianças - Regras Básicas de Nutrição, Higiene, Segurança e Repouso Acompanhamento de Crianças - Técnicas de Animação Socialização - Desenvolvimento e Formas de Intervenção Comportamentos Disfuncionais na Criança Actividades Pedagógicas em Creches e Jardins de Infância - Materiais, Equipamentos e Espaços Primeiros Socorros - Tipos de Acidentes e Formas de Actuação ÁREA DO APOIO A IDOSOS Higiene da Pessoa Idosa no Domicílio Animação - Conceitos, Princípios e Técnicas Prevenção e Primeiros Socorros - Geriatria Higiene da Pessoa Idosa em Lares e Centros de Dia Alimentação da Pessoa Idosa em Lares e Centros de Dia

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Nível 2 2 2 2 2 2 3 Nível 2 2 2 2 2

Nº Horas 25 50 50 50 25 50 50 Nº Horas 50 50 50 50 50

Destinatários: Activos, empregados associados ou ao serviço de empresas associadas da ACSACSM. Para as acções assinaladas com nível 2, prioritariamente, serão seleccionados adultos com habilitações escolares inferiores ao 9.º Ano. Para as acções assinaladas com nível 3, apenas serão seleccionados adultos com habilitações escolares de, pelo menos, o 9.º Ano. Benefícios: * Subsídio de Alimentação, por dia, no valor de 4,11 €. Numa próxima edição abordaremos outras alterações do Código


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Mega complexo industrial cria 1800 empregos Já estão em marcha os trabalhos de limpeza do terreno que vai acolher o complexo industrial de produção de painéis de energia fotovoltaica, a desenvolver pela RPP Solar, do empresário Alexandre Alves.

Este mega complexo industrial chegou a estar previsto para Santarém mas depois de muitas indefinições na capital do distrito, a Câmara Municipal de Abrantes chegou a acordo com o empresário para a sua localização no concelho. Abrantes tem, segundo Alexandre Alves, todas as condições de localização do complexo. Para o efeito a autarquia adquiriu a propriedade Casal Curtido, por um milhão de euros, para que possa ser vendida à RPP Solar. Alexandre Alves revelou que Abrantes é o “local tecnicamente perfeito por conjugar o acesso a um curso de água, necessária para a refrigeração do fabrico de painéis so-

lares, boas acessibilidades, o acesso a vapor de água, que a Central expele e que pode vir a ser conduzido para esta nova fábrica, e o acesso a fontes de energia eléctrica”. Este Projecto Integrado de Energia Solar (PIES) representa um investimento privado superior a 800 milhões de euros, cria sete empresas distintas que vão produzir localmente todos os componentes para o

fabrico de painéis solares, cria um centro de investigação em energia solar e, após os três anos previstos para a implantação das unidades a 100%, cria 1800 postos de trabalho. Destes 1800 postos de trabalho, o empresário Alexandre Alves destaca cerca de três centenas quadros superiores, de engenheiros a investigadores. O projecto visa agregar toda a cadeia de produção

de energia solar e inclui ainda cinco a sete torres eólicas, painéis solares e turbinas de co-geração. Ssegundo o empresário, “vai ter 40 mil painéis fotovoltaicos instalados para produção de energia limpa de auto-consumo do complexo”. Segundo afirmou, com o PIES ”queremos alcançar a energia limpa, barata e democrática, atingindo em três anos a paridade dos

valores energéticos com a rede de baixa tensão”. A RRP Solar, acrescentou Alexandre Alves, “vai desenvolver-se em quatro fases, ao longo de três anos. A primeira fase implica um investimento de 100 ME, 400 postos de trabalho e deverá ser executada até ao final do ano, permitindo que a fábrica comece imediatamente a laborar”. O empresário garantiu ainda que em três

anos quer estar a produzir 700 megawatts de energia com painéis em linha, ter um volume de facturação de mil milhões de euros e estar no grupo dos cinco maiores produtores de energia limpa do mundo. O empresário, que esteve no dia 17 de Julho na Assembleia Municipal de Abrantes para explicar o investimento, disse ainda que “95% da produção de painéis solares é para exportação”, tendo acrescentado que o projecto já foi candidatado a “Projecto de Interesse Nacional (PIN) e a financiamentos da União Europeia”.

RPP Solar em números Área total: 82 hectares Área industrial: 16 hectares Empresas a instalar: 7 Investimento previsto: 800 milhões € Número de postos de trabalho: 1.800 Quadros superiores: 300 Produção para exportação: 95%


de

jornal abrantes especial

Rede Social do Concelho

de Abrantes

“Ninguém faz nada sozinho. Uns com os outros fazemos mais.” Isilda Jana, Presidente da Rede Social

A Rede Social “um fórum de articulação e congregação de esforços e baseia-se na adesão livre por parte das autarquias e das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que nela queiram participar pelas instituições e grupos de acção social que aí actuem” e foi criada através da Resolução do Conselho de Ministros nº 197/97, de 18 de Novembro. A Rede Social pretende constituir redes de apoio social, envolvendo toda a comunidade de forma a resolver, eficaz e eficientemente, os problemas sociais de cada localidade. Pretende-se criar parcerias efectivas entre várias entidades, nomeadamente, autarquias, entidades públicas e privadas sem fins lucrativos, de modo a criar novas formas de conjugação de esforços, garantindo uma maior eficácia das respostas sociais. Os objectivos gerais são a erradicação da pobreza e exclusão social, a concepção e avaliação das políticas sociais, a renovação e inovação de estratégias de intervenção.


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X A REDE SOCIAL

“Ninguém faz nada sozinho. Uns com os outros fazemos mais” Isilda Jana, Vereadora da Acção Social da Câmara Municipal de Abrantes, é, por delegação do Presidente da Câmara, a Presidente da Rede Social do concelho de Abrantes.

O que é a Rede Social? É um forum de participação livre das várias entidades que lidam com o tecido social que se unem para erradicar ou minorar problemas de pobreza e exclusão social no concelho. Não é uma figura apenas local. É uma figura nacional, que existe em todos os concelhos do país. Não é, à partida, obrigatório que exista, mas para algumas candidaturas a financiamento é preciso o parecer da Rede Social concelhia e aí mesmo os concelhos mais resistentes foram “obrigados” a criar a Rede Social. Como é que se constituiu em Abrantes? Abrantes foi dos primeiros concelhos a ter Rede Social. O processo começou em 1999, Numa experiência piloto, em trinta e três concelhos. Abrantes foi um dos concelhos onde a experiência vingou, ao contrário de muitos outros. No nosso caso, fez-se então o primeiro Diagnóstico Social, em 2001. Depois, em 2002, saiu nova legislação que representou a consolidação das Redes Sociais. Foi a partir daí que Abrantes consolidou mais o processo de criação da sua Rede Social. Fomos a cada uma das freguesias. Convidámos o Presidente da Junta, as várias associações e grupos influentes na freguesia, como grupos da igreja, enfim, pessoas que de alguma maneira se destacavam no tecido social da freguesia. Explicámos a ideia Rede Social, a sua metodologia, o seu interesse. E, depois, as várias entidades formularam a sua adesão, passando a fazer parte. A seguir, foi trabalhar. Em 2007 saiu nova legislação que criou as Plataformas SupraConcelhias da Rede Social e tornou obrigatória a criação de Comissões Sociais de Freguesia nas freguesias com mais de 500 habitantes. Esta obrigatoriedade foi muito contestada em todo o país e a criação está a ser um processo muito complicado, em

todo o país. Mais uma vez, somos um concelho que vamos à frente, pois temos Comissões Sociais de Freguesia, ou inter-freguesias, em quase em todo o concelho. Voltámos de novo ao terreno, a fazer um processo semelhante àquilo que tínhamos feito para a Rede Social. A Comissão Social de Freguesia é, afinal, uma rede social ao nível da freguesia, uma rede dentro da Rede. Muito importante porque é a nível local que as pessoas conhecem de perto os problemas, as necessidades das famílias. E é aí, em primeira instância, que mais facilmente podem detectar os problemas e desenvolver as primeiras respostas, de proximidade. E, nos casos em que é necessário, colocam os problemas à Rede, que resolve o que pode e, no que não pode, remete para níveis superiores. Há Comissões Sociais de Freguesia que reúnem com regularidade e em que as pessoas se sentem a participar de um processo que vêem a dar resultados. Porque a Comissão Social de Freguesia tem o seu Plano de Acção

e algumas dessas acções podem fazer parte do Plano de Acção da Rede concelhia. Quais são as principais dificuldades? É a falta de hábito de trabalhar segundo esta metodologia. As pessoas e as instituições estão muito habituadas a fazer “cada um por si”. É difícil passar a mensagem de que isto tem vantagens. Muitas vezes, só mostrando. Uma vez fui, com mais dois técnicos, a uma freguesia preparar a constituição da Comissão Social de Freguesia. Reunimos com as pessoas para se ver se sentiam necessidade e interesse na criação da Comissão. Começou logo o Presidente da Junta a achar que não era preciso, porque o Presidente da Junta é que tinha obrigação de conhecer os casos e resolver o que podia ser resolvido. Foi este o tom do início das intervenções na reunião. Mas, depois, saiu-se de lá com as pessoas que lá estavam a acharem que era muito importante haver uma Comissão Social de Freguesia. Tinham percebido as

vantagens. A Rede Social tem objectivos idênticos em todos os concelhos ou cada concelho define os seus objectivos? O grande objectivo da Rede é a concertação, é fazer a articulação entre as pessoas e as instituições. Somos um país em que estamos muito habituados a cada um viver e trabalhar em função da sua capelinha. O funcionamento da Rede vem contrariar este modelo. Procura a articulação de esforços entre as várias entidades. Este é o grande objectivo a nível nacional. Depois, cada concelho tem a sua especificidade e uma dinâmica diferenciada, que faz com que uns vão mais à frente e outros mais atrás. Abrantes é reconhecido a nível distrital e mesmo nacional como um concelho que tem ido muito à frente, apontado como exemplo. Porque desde início que temos levado o processo com muita sistematização, e temos um técnico a tempo inteiro que tem trabalhado esta articulação entre as várias entidades.

Quais são as principais preocupações da Rede Social em Abrantes? Inicialmente foi feito o Diagnóstico Social do concelho. Depois e a partir dele, foi feito um Plano de Desenvolvimento Social. E, a partir deste, é feito o Plano de Acção anual com as várias actividades a desenvolver. Podemos dizer que a principal preocupação da Rede é melhorar o processo de articulação entre os vários parceiros de modo a conseguir resolver os problemas e desenvolver determinados projectos. Neste momento estamos em revisão do Diagnóstico Social. Depois será necessário rever o Plano de Desenvolvimento Social em função das alterações entretanto surgidas. Que projectos ou iniciativas existem por causa da Rede? O Programa de Saúde Oral, o Centro de Ajudas Técnicas, a Intervenção Precoce, o PIEF, o Banco Social, a criação da Rede de Amas, entre outros. São pro-


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jectos onde é claro o papel da parceria. Quais são as áreas do trabalho social em que estamos melhor servidos? A área dos idosos, em termos de centros de dia e apoio domiciliário, onde temos uma muito boa cobertura em quase todo o concelho. Há uma pequena área, a Norte, que ainda não está bem servida, mas tem a ver com dificuldades na gestão das instituições. Já, no mesmo sector etário, a nível de lares temos uma muito fraca cobertura, com uma procura que excede, de longe, a capacidade de resposta. Já há vários projectos candidatados, mas que não tiveram ainda aprovação superior. E menos bem servidos? Para além da falta de lares, temos a descoberto áreas como a violência doméstica, onde ainda não há intervenção. Outra das principais carências, em termos de Câmara Municipal, é a habitação social. Um dos primeiros problemas por que as pessoas procuram os Serviços Sociais da Câmara é a falta de habitação. Há muita carência de habitação social. Sobretudo pelo surgimento de famílias monoparentais, resultantes de divórcio. Nós temos, neste momento, 20 habitações, que vamos construir, mas são uma gota de água. Já temos o levantamento para uma nova candidatura para compra e reabilitação de habitação nas freguesias, para não retirar as pessoas do seu meio social. Mas não tem havido abertura para novas candidaturas nesta área. Já adoptámos esta solução algumas vezes, em casos pontuais, mas é uma área onde é preciso apostar. Temos também muitas famílias disfuncionais, desestruturadas. O trabalho como o que está a acontecer no âmbito da Reinserção Social ou do CAFAP, este com as famílias da CPCJ, é muito importante. É um trabalho difícil, mas é muito importante.

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O trabalho em rede é mais invisível, não dá protagonismo público. O que se faz é sempre obra de alguns parceiros, não da Rede. Também não tem um saco de dinheiro fresco para distribuir. O que leva as pessoas a participarem na Rede? Houve algumas desilusões iniciais, porque as pessoas pensaram que a Rede era para virem buscar dinheiro. Depois verificaram a Rede não tem dinheiro para dar. A grande importância é as pessoas sentirem-se a fazer umas com os outras. Este “sentir-se a participar” é um dos segredos, uma das principais vantagens e virtudes da Rede Social. Mas isto não é nada fácil, porque contraria a mentalidade instalada. Mas as pessoas vão aprendendo que uns com os outros fazemos mais. E muitas instituições já sentem que ninguém faz nada sozinho. Do exterior, o trabalho com os estratos mais baixos, os excluídos... não se pode dizer que está a mobilizar recursos a mais para os resultados que mal se vêem? A malandragem continua. A droga permanece. O abandono escolar é dos mais elevados da Europa. Que está a falhar? O trabalho social é muito exigente e os resultados vêem-se pouco. Do exterior e no interior. Há, por exemplo, técnicos a apoiar as famílias, a ensinar competências parentais, ou de higiene, por exemplo, “ensinar a pescar em vez de dar o peixe” em que as coisas correm bem, mas pouco depois tudo volta ao mesmo. Os próprios técnicos sentem-se frustrados. É como se as pessoas estivessem formatas por dentro e não seja nada fácil reescrever os programas. Os resultados são milimétricos. Mas é muito importante continuar. Gasta-se muito dinheiro, é certo, mas – para lá do aspecto humano – se não gastarmos esse dinheiro agora vamos pagar muito mais, depois, em crime e violência. Há, além disso, outro problema. Nas engenharias tradicionais, as coisas dão certo com os proces-

sos conhecidos. Nas “engenharias sociais” ainda não há processos seguros, ainda há diferenças e conflitos de métodos e de técnicas. Nalguns casos há muito boas vontades, mas nem sempre as metodologias são as melhores. Por vezes, há pouca articulação e uns andam a fazer num sentido e outros noutro. Há, de facto, muito a fazer. Mas também aí a Rede pode dar bons contributos. A crise tem-se feito sentir muito entre nós? Não, pela experiência que temos no Banco Social, que é para pessoas em dificuldade em virtude da crise. Não nos têm chegado muitas pessoas nessa circunstância. Temos uma meia dúzia de famílias a ser apoiada. Chegaram-nos mais casos, mas que não cabem neste apoio de crise. São famílias com dificuldades permanentes, que já estão a ser apoiadas por outras vias. O Banco Social visa dar apoio na situação de uma família atingida pelo desemprego e que, de momento, ficou sem poder pagar a renda da casa, ou os medicamentos... Não temos muitas destas situações sinalizadas. A Rede Social organiza elementos que lhe estão abaixo, ou seja, constituintes. Mas também

se organiza para cima, isto é, a Rede também se organiza em rede com outras redes? Sim, existe a chamada Plataforma Supra-Concelhia, que é a rede distrital da área social. É presidida pela Segurança Social e integra ainda os presidentes da Rede Social de cada concelho e outras entidades de nível distrital: as polícias, a Associação Empresarial, a União das Misericórdias, enfim, entidades de âmbito regional. É o forum dos representantes do trabalho social do distrito. Se a fada madrinha trouxesse a varinha mágica para realizar um desejo, apenas um, que “milagre” faria com ela? Um centro de acolhimento para vítimas de violência doméstica. Que não está criado ainda... porquê? Porque não há ainda um trabalho feito nesse sector. Sabe-se que existe, desconhece-se a dimensão do problema. Mas é uma necessidade que se sente no terreno. Seria supra-concelhio. Até porque na violência doméstica, muitas vezes procura-se afastar a vítima do local da violência por razões de segurança. Posso fazer mais pedidos? Seria importante resolver a questão

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do lar de infância e juventude da Santa Casa da Misericórdia, minorar a falta de lares para a terceira idade e minorar a carência de habitação social. Como está organizada a Rede Social? A Rede Social reúne-se no CLAS – Conselho Local de Acção Social, que é como que a assembleia geral. Tem quatro ou cinco reuniões ordinárias por ano e as extraordinárias que for preciso. A presidência é, por inerência, do Presidente da Câmara, que pode delegar no Vereador, que é o caso de Abrantes. Há depois o Núcleo Executivo, constituído por sete técnicos cedidos por parceiros: Câmara Municipal, Segurança Social, Centro de Saúde, CRIA, Agrupamento de Escolas do Tramagal, Centro Social de Alferrarede e Escola Superior de Tecnologia de Abrantes Além disso, existem as Comissões Sociais de Freguesia, a um nível inferior de organização e a Plataforma Supra-Concelhia, num nível superior. A Rede sai cara? Não, não é um projecto caro. Custa um técnico a tempo inteiro, pago pela Câmara, e depois as despesas de expediente, papel, fotocópias, correio, telefone, transporte... E alguns estudos, como o Diagnóstico Social. O trabalho é feito ou por cada um dos parceiros ou, no caso do Núcleo Executivo, em reuniões quinzenais dos sete técnicos cedidos pelos parceiros. A REDE Social é vista como uma coisa da Câmara? Acho que não. Embora se a Rede tivesse um espaço fora da Câmara, como a CPCJ, talvez a separação ficasse mais clara. Mesmo assim, penso que as pessoas não vêem a Rede como uma coisa da Câmara. É uma entidade autónoma, formada pelos parceiros que a constituem. Embora seja a Câmara que lhe dá o apoio de secretariado e os espaços de trabalho.


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X COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS

Muitas responsabilidades em part-time A CPCJ é, como o nome indica, uma Comissão. Reúne representantes de várias instituições que se ocupam, como o nome também indica, das crianças e jovens em risco.

E aqui nascem as vantagens e as limitações. Sobretudo porque são grandes as responsabilidades, mas, explica a Presidente, Vânia Grácio, “o trabalho é feito com base em técnicos de várias instituições que são cedidos à Comissão algum tempo por semana, que não é suficiente para o trabalho que há a fazer, num total de processos que são acima dos 150.” Por exemplo. “A representante da Segurança Social vem um dia por semana. A manhã é para a reunião de trabalho e a tarde é para trabalhar os processos que lhe estão distribuídos. A representante da Assembleia Municipal vem por

cedência da entidade patronal, que não tem qualquer obrigação para com a Comissão.” Pode dizerse que é uma casa cheia de competências e quase vazia de recursos? “Pode. Começa logo pela natureza da Comissão, temos autonomia funcional, mas não financeira. O Município

colabora no que pode, mas há sempre limitações. Sobretudo a falta de técnicos a tempo inteiro. Funciona em part-time, com base na boa vontade dos técnicos e das instituições.” A Comissão é constituída por representantes do Município, da Assembleia Municipal, da Segurança

Social, da Educação, da PSP e da GNR, do Hospital de Abrantes e do Centro de Saúde, das IPSS’s, das associações culturais, das associações de pais e das associações juvenis. Trabalha em Comissão Alargada, que inclui todos os elementos e faz sobretudo a prevenção junto da co-

munidade e divulgação da Comissão, e em Comissão Restrita, um grupo qualificado de representantes que gere os processos em curso de crianças em risco e faz o trabalho junto das famílias. A tempo inteiro tem um administrativo, pago pelo Município. O panorama infantojuvenil no concelho de Abrantes é... “Problemático. Ultimamente têm crescido as situações de maus tratos e violência.” Porquê? “Pelo que se percebe, por dificuldades que se prendem com a crise. As dificuldades económicas na família criam um ambiente propício a este tipo de situações. Casa em que não há pão... Além disso, estão a surgir situações de incumprimento do poder paternal. Os pais separamse e as crianças ficam em situação de risco.” Há boa articulação entre as entidades que intervêm neste tipo de problemas?

“Não. No geral. As parcerias não funcionam ainda como deviam funcionar. Andamos todos a fazer um bocadinho do mesmo e por vezes ninguém se entende. Porque não estão definidos procedimentos. Aliás, no princípio de Setembro vamos reunir para fazer essa definição de quem faz o quê, quando e como.” Daí uma mensagem estratégica. “Que os parceiros começassem a funcionar realmente como parceiros. Porque as parcerias são muito importantes na intervenção social. Não podemos estar voltados para o nosso umbigo. Temos de trabalhar uns com os outros e facilitar ao máximo o trabalho de cada um. Ninguém é dono de uma intervenção, ninguém tem a verdade toda, nem sabe mais que o outro o que deve ser feito. É importante partilharmos os saberes.”

X CRES.SER

Uma carteira de projectos complementares A Cres.Ser – Associação de Desenvolvimento Pessoal e Comunitário é uma das novas associações do sector social. Centro de dia ou creche é coisa que não está nos seus objectivos. A aposta é oferecer “outro tipo” de respostas que “complemente a oferta existente”. É o que diz Ana Silvério, a Presidente da Direcção. O projecto Viver. Sénior trabalha com a terceira idade e faz prevenção no campo da saúde mental. Uma vez por semana, os idosos reúnem-se para fazer trabalho manual, conviver, reavivar memórias e organizar iniciativas. Procura-se “uma melhor qualidade de vida e a manutenção das suas funções cognitivas, físicas e sociais”. Ou seja, “manter os idosos em actividade e reforçar

laços de integração social”. Decorre em seis povoações rurais: Sentieiras, Pego, Bicas, Alferrarede Velha, Casais de Revelhos e Concavada. E é complementado pelo Movi.Sénior, dedicado ao movimento físico. Para a infância e juventude, destaca-se o projecto Cres.Ser Saudável, dirigido a crianças e jovens considerados em situações de risco. Trata-se de fazer prevenção e “treino de competências pessoais e sociais”, através de actividades de férias e em encontros ora mensais, ora bimestrais. O trabalho ambiental e cultural, bem como a reflexão em grupo são as principais estratégias de um leque muito variado. Alguns dos jovens que vêm dos primeiros tempos do projecto são hoje colaboradores do mesmo e em

várias actividades da Cres. Ser. Um outro projecto, Sede de Cres.Ser, decorreu durante algum tempo, direccionado para miúdos do ensino básico, para treino de competências cognitivas e sociais, através do atendimento individual e do trabalho em grupo. O Euro.Abrantes foi um campo internacional de trabalho no Verão, que decorreu já três vezes. Jovens de vários países europeus vinham quinze dias a Abrantes para trabalho ambiental e cultural. Este ano o projecto foi suspenso. Faz ainda todo o trabalho de gestão administrativa e financeira do PETI a funcionar em Abrantes, Chamusca e Rio Maior. É um grande projecto, comparado com os outros que

a Cres.Ser desenvolve, mas à associação apenas cabe o serviço de gestão e não o trabalho social propriamente dito. O Serviço de Psicologia conta com duas psicólogas clínicas e uma vocacional que fazem o trabalho da especialidade, mas a preços sociais. A associação tem a sua bolsa de voluntários, para apoio a actividades várias, que está a integrar agora no Banco do Voluntariado. E participa no Conselho Municipal da Juventude e na Rede Social, de cujo Núcleo Executivo fez parte durante ano e meio. “Partilhamos do espírito da Rede. Qualquer projecto que a Cres.Ser desenvolve é sempre através de parcerias, maiores ou menores. E procuramos, através de outro tipo de

projectos, complementar o trabalho das outras instituições em problemas que são comuns. Além disso, trabalhamos sobretudo no meio rural.”

Criação: 2006 Valências: Viver.Sénior, Movi.Sénior, Cres.Ser Saudável, PETI, administração Orçamento 09: 25.000€ Trabalhadores: 1 (administrativo)


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X JORGE CLARO

“Hoje, já não faz sentido avançar sozinho” Jorge Claro é o técnico ao Serviço da Rede Social. Embora contratado pela Câmara, a sua missão é ao serviço da Rede.

Quais as principais dificuldades de pôr a funcionar a Rede Social do ponto de vista técnico? O entendimento do que é uma parceria, em que todos são importantes e todos têm que contribuir para o mesmo. Agora já não, mas numa primeira fase pensava-se que, por ser a Câmara a dinamizar o processo, era a Câmara que tinha de dinamizar as actividades. Mas, com o tempo, temos superado esta visão. Hoje há outra abertura e entendimento por parte das entidades, percebe-se que a Rede é dos parceiros da Rede e, por isso, foi possível fazer avançar alguns projectos que, de outro modo, não avançariam. Um outro problema, tanto da parte das instituições do Estado como

das outras, é a falta de técnicos para trabalhar estas questões. Os que existem estão já cheios de trabalho e há falta de pessoas e tempo para afectar ao trabalho da Rede Social. E há instituições em que só um técnico para tudo. Mas houve ganhos no processo? Claramente. Pelos projectos assentes em parcerias que foi possível fazer avançar. Sem este processo de amadurecimento, entendimento e discussão ao longo destes anos, não teria sido possível chegar onde chegámos. Por exemplo, o Banco Social, o Banco das Ajudas Técnicas... Iniciativas que só foi possível fazer avançar porque há esta abertura das várias entidades para colaborar. Os hábitos instituídos têm sido sobretudo de cada um trabalhar para si. Tem havido resistên-

cias ao trabalho em rede? Tem. Mas nos últimos anos tem havido algumas alterações legislativas que têm dado um empurrão. Hoje, as candidaturas a apoio financeiro para equipamentos sociais têm de levar o “parecer” da Rede Social e se o parecer for negativo, a candidatura nem sequer é apreciada superiormente. Parece insignificante, mas foi um sinal que deu um novo significado à Rede. Nalguns concelhos levou mesmo a que tivesse de ser criada. Além disso, há cinco anos, ouvia-se falar que havia projectos e candidaturas para equipamentos sociais. Hoje, estão todos claramente identificados, há circulação de informação, e há um diagnóstico de necessidades e uma definição de prioridades e cada um dos parceiros sabe com que pode contar. Pode ainda dizer-se que hoje é muito difícil uma instituição avançar sozinha para um projecto. Já não faz sentido. É muito

mais eficaz contar à partida logo com um conjunto de parceiros a apostarem num mesmo projecto. E quanto aos processos de trabalho. Como foi passar da ideia à concretização da Rede Social? Foi, antes de mais, o Município afectar recursos humanos e financeiros ao projecto. Depois, a vontade e disponibilidade para trabalhar as parcerias. E sobretudo ter-se percorrido cada uma das freguesias a explicar o que é a Rede, as mais valias a tirar. As pessoas perceberam que era de interesse participar. No ano passado, com as Comissões Sociais de freguesia, voltou-se a fazer o mesmo. Tratava-se de ajudar a perceber que o forum local faz todo o sentido, na medida em que um problema pode mais facilmente ter solução de proximidade, através de uma vizinha, da Junta ou de uma instituição local.

X CENTRO SOCIAL DO PEGO

Função social a várias dimensões “A ideia do Centro Social do Pego não é o centro de dia, o lar, ou a creche”, explica António Mor, Presidente da Direcção, mas de “centro comunitário: através das várias respostas, servir esta comunidade. Que não é só o Pego. De facto, o nosso serviço vai além da freguesia, sobretudo na creche e jardim de infância e mais ainda quando abrirmos o lar.” Começou por ter Centro de Dia e Apoio Domiciliário, em 2000, mas a situação mudou e evoluiu para Creche abriu e o Jardim de Infância, em 2004. Em projecto e candidatura superior está um lar para 60 utentes. Querem que “o social” esteja no equipamento e serviço mas também “em dar

prioridade no atendimento às pessoas mais necessitadas”. E desde 2000 que os trabalhadores admitidos “são ou profissionais qualificados à procura do primeiro emprego ou desempregados de longa duração admitidos através da empresa de inserção” em que se constituíram. Na generalidade, estes têm depois ficado com contrato sem termo. Têm sido objecto de formação específica, por isso “todos têm hoje qualificação técnica para as funções que exercem. É-nos muito grato perceber que há um conjunto de famílias que viu a sua situação muito melhorada.” Há dois anos que foi autorizada a abertura do jardim de infância, mas não proto-

colada: “Há dois anos que cobramos às famílias como se houvesse apoio da Segurança Social, mas ainda não recebemos nada. Esperamos que agora a Segurança Social assine o Acordo de Cooperação” que dá direito a esse apoio. Nas palavras da Directora Técnica, Ana

Lopes, a creche e o jardim de infância são sobretudo procurados por pessoas de fora da freguesia pelo horário e sobretudo pela qualidade do serviço. Além do que é normal, na creche e jardim de infância, o Centro oferece, sem mais custos, música, expressão dramática e gi-

nástica, e ainda informática no jardim de infância. E procuram um envolvimento dos pais. “Fazem-se reuniões de avaliação, donde surgem ideias do que pode ser feito para melhorar”. Por isso há crianças que vêm de fora. “Os pais que investem na educação dos filhos percebem a diferença”, diz. “A educação no Pego é mais tradicional. Basta-lhes o jardim de infância público. E os pais aqui ainda recorrem muito aos avós”, em vez da creche. Já quanto aos idosos, a música é outra. “O que aí mais nos preocupa é o seu abandono pelos filhos, que se negam a ser responsáveis pelos pais. Por vezes nem na véspera de Natal e Ano Novo os chamam a casa.” Para o futuro, a ideia

mais pesada é a construção do lar para 60 pessoas. É um projecto a construir em três anos, no valor de dois milhões de euros, que vai exigir que o Centro Social encontre os 8000.000 € para cobrir os 40% da sua responsabilidade. Quanto à Rede Social. “A Rede Social é um sítio para onde todos vão com uma mão cheia de nada e donde todos retiram alguma coisa. Com as experiências, as realizações e as aflições dos outros, todos vamos aprendendo.”

Criação: 1991 Valências/ Utentes: Centro de Dia: 30, Apoio domiciliário: 30 Creche: 35, Jardim de Infância: 42 Trabalhadores: 41 Orçamento 09: cerca 600.000 €


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Santa Casa da Misericórdia

X CENTRO SOCIAL INTERPAROQUIAL DE ABRANTES

Situação económica “muito difícil”

Uma mão cheia de projectos e outro para doentes do foro psiquiátrico, já com projecto aprovado e financiamento em princípio assegurado, a construir em dois anos. Vou aumentar a creche para mais 60 utentes, ainda em fase de projecto.” E a cozinha social? “O único problema é encontrar alguém que o queira oferecer o espaço, que não tenho dinheiro para o construir.” Quanto à Rede. “Colaboramos sempre que nos seja solicitado. Temos as nossas limitações em ceder pessoal para lá do que seja pontual. É necessária e é nosso dever esta contribuição, apesar de limitada.”

É o projecto de solidariedade social das freguesias de S. João e S. Vicente.

A Santa Casa da Misericórdia de Abrantes é várias vezes centenária e, por isso, a mais antiga entidade privada de acção social. E a de maior envergadura. E a que detém um rico património histórico. Isso traz algumas dores de cabeça. Nomeadamente, quanto à segurança desse património. Na palavra do seu Provedor, Horácio Mourão de Sousa, “falta ainda um levantamento de todo esse património. Estamos a procurar, junto da União das Misericórdias, um acordo nesse sentido. De qualquer modo, os objectos mais sensíveis estão todos salvaguardados.”. Mas é o trabalho social que aqui nos interessa. Ainda segundo Horário de Sousa, trata-se de “prestar todo o apoio social com a maior dignidade e o maior humanismo possível”. Para isso, a Misericórdia tem um lar, um centro de dia, um serviço de apoio domiciliário, um lar para infância e juventude, uma creche e jardim de infância. De todos estes serviços, importa destacar o lar e mesmo o centro de dia, onde “há uma alta taxa de dependência física, mesmo de Alzheimer, o que implica uma sobrecarga em termos da prestação de serviço.” “Quanto a projectos, infelizmente tínhamos um para o lar de infância e juventude. Mas estamos numa visão muito sombria porquanto as dificuldades em termos financeiros são assustadoras. Trata-se de uma valência altamente deficitária. E não podemos abrandar as actividades nas outras áreas. Temos o projecto aprovado pela Câmara Municipal, mas falta-nos todo o resto do equipamento e do património para podermos fazer face às despesas.” Isso quer dizer que a Santa Casa está em situação de dificuldade financeira? “Muito difícil mesmo. O lar da infância e juventude traduz-se num deficit anual da ordem de vinte e dois mil contos [440.000 €]. Também o valor de comparticipação da Segurança Social para o centro de dia não permite satisfazer sequer as despesas de pessoal, quanto mais o resto.“ Qual é, então a perspectiva a prazo? “Temos que tomar algumas medidas radicais, para eliminar uma ou outra valência, para podermos equilibrar o orçamento.” Quanto à Rede, a resposta é rápida. “Participamos activamente em tudo o que possa beneficiar a comunidade.” Fundação: 1504 Valências/Utentes: Lar: 105, Centro de dia: 45, Apoio domiciliário: 43, Lar infância juventude: 26, Creche: 42, Jardim de infância: 72 Trabalhadores: 166 Orçamento 09: 3.350.000 €

Tem à frente o Cónego José da Graça e tem por objectivo “o desenvolvimento integral da pessoa” desde a infância e adolescência até aos adultos e idosos. Daí as diversas valências. De que talvez valha a pena destacar o Projecto Homem, com a sua comunidade terapêutica e os três apartamentos de reinserção social em Abrantes, Castelo Branco e Ponte de Sor. Mas o CAT, Centro de Acolhimento Temporário para crianças sujeitas a maustratos ou abandono, dos 0 aos 12 anos. “São crianças que vêm carregadas de problemas”. O projecto Recordar é Viver visa combater a solidão e é sobretudo um espaço de convívio, de tarde, para a terceira idade. Quanto a projectos? “Vamos lançar de imediato um lar para rapazes dos 12 aos 18

anos, numa casa que nos foi oferecida. Pode dar continuidade às que tenham de deixar o CAT. Depois, pode vir a

pensar-se num lar para raparigas, mas não para já. Vou também construir um lar com dois edifícios, um para idosos

Criação: 1965 (?) Antecedentes: 1955 Valências / Utentes: CAT: 12 crianças Creche: 55 Jardim de Infância: 100 Apoio domiciliário: 90 Recordar é Viver: 35 Mini-Centro de Enfermagem: (?) Trabalhadores: 68 Orçamento 09: 1.800.000 €

X VIDAS CRUZADAS

“Para não haver sobreposições e para rentabilizar os recursos” Vânia Grácio é a Presidente da Direcção de uma das novas de associações de âmbito social, a Vidas Cruzadas, do Tramagal. A aposta não passa já pelo centro de dia ou a creche, mas por um novo tipo de serviços. Por exemplo o CAFAP.

O Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental começou a funcionar em Dezembro passado e foi “pensado para aplicar as medidas de promoção e protecção em meio natural a crianças em risco de institucionalização ou já institucionalizadas”. Ou seja, trata-se de “desenvolver as competências parentais”, isto é, familiares, “para evitar que crianças em risco tenham de ser institucionalizadas ou para que crianças que estão em instituições possam regressar à sua família”. Tratase de crianças com processos abertos na CPCJ, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, ou com processo a correr em tribunal. Como não se

pode fazer tudo, a prioridade vai para os casos de violência e maus tratos. Para o trabalho nas e com as famílias, há uma equipa técnica que vai ao terreno e procura desenvolver competências ao nível da gestão doméstica, ou das relações interpessoais, por exemplo no domínio do estabelecimento de regras às crianças. Trata-se de um processo negociado com a família, após um diagnóstico que tem em conta o processo que deu origem à intervenção. É um processo “demorado, difícil... frustrante. Mexe muito connosco a nível pessoal. Investimos tudo o que podemos numa família, as coisas parece que estão a andar bem, mas depois, de repente, tudo volta ao princípio. Mas já há casos de êxito, apesar de só estarmos a trabalhar há seis meses. Mas não são muitos.” Neste domínio, o que contam são os sucessos, não os fracassos. O Centro de Recursos de Ajudas Técnicas é um serviço de empréstimo de camas ar-

ticuladas, cadeiras de rodas e similares. Funciona em parceria com o Centro de Saúde, o Hospital e a Segurança Social e é apoiado financeiramente pelo Município. O Serviço de Psicologia é prestado por uma psicóloga clínica, mas a preço social. A Rede Social é, para Vânia Grácio, “muito importante. E a nossa Rede funciona mais ou menos bem. É certo que são quase sempre as mesmas instituições a desenvolver os

grandes projectos. Mas não é de admirar. Contudo, tem sido feito um esforço para conseguir um plano de acção equilibrado, tem-se ouvido as instituições... É importante que as pessoas os trabalhos que se fazem, até para não haver sobreposições e para rentabilizar os recursos”. Criação: 2007 Valências: CAFAP, Serviço de Psicologia, Centro de Recursos de Ajudas Técnicas Trabalhadores: 6 Orçamento 09: 170.000 €


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X RENDIMENTO SOCIAL DE INSERÇÃO

“Nem que fosse numa única família, já valia a pena” O Rendimento Social de Inserção consiste numa prestação em dinheiro e num programa de inserção laboral, social e comunitária.

A verba é directamente entregue pela Segurança Social e o programa de inserção é, embora sob responsabilidade da Segurança Social, ministrado por outras entidades sob protocolo. O CRIA – Centro de Recuperação e Integração de Abrantes faz esse serviço com 150 famílias da metade Norte do concelho de Abrantes. Ana Martins, educadora social em serviço no RSI dá-nos conta desse trabalho. “Começa-se por uma avaliação das necessidades da família, elabora-se um plano ou programa de trabalho que é apresentado à Segurança Social e que, uma vez aprovado, deve ser levado à prática. Para isso, depois de uma negociação, faz-se um acordo ou contrato entre vários parceiros e a família, em que esta se responsabiliza a cumprir no sentido de melhorar as suas condições de vida. Aí começa talvez a parte

mais difícil. “O trabalho consiste sobretudo em visitas das ajudantes de acção directa à família, nalguns casos três vezes por semana. Nessas visitas trabalha-se com as famílias, isto é, explica-se e exemplifica-se o que deve ser feito nos campos da gestão doméstica, da gestão orçamental, toda a economia familiar. Isto de acordo com as necessidades da família detectadas no diagnóstico feito. Para lá disso, há o acompanhamento por parte dos técnicos.” Que são três: a educadora social, que nos presta esta informação, um técnico de serviço social, dito assistente social, e um psicólogo, que “fazem sobretudo a gestão dos processos e também algumas visitas e atendimentos.” As ajudantes de acção directa são três, com formação ao nível do secundário.A maior dificuldade prática prende-se com o problema do transporte: “um único carro para seis técnicos para meio concelho, é muito difícil articular”. Mas a verdadeira dificuldade é a própria da natureza do trabalho. Vale a pena? “Vale.

Nem que se conseguisse resultados numa única família, já valia a pena.” Isso não significa um certo reconhecimento de falta de resultados? “Não. É uma afirmação de princípio. É claro que os resultados não são muitos. Mas há resultados. Sobretudo em famílias que caíram numa situação de necessidade, por exemplo por desemprego, e conseguiram sair dela. Nas outras, de longo prazo, é mais difícil, mas também há resultados, embora muito poucos. Já nos sentimos gratificados quando há resultados com as crianças, de modo que eles venham a ter comportamentos diferentes dos dos pais.” A propósito de crianças. Alguns dos problemas de base vêm do absentismo escolar. Como é que os pais não são chamados à responsabilidade por isso? “Mas são. Se fizer parte do acordo negociado, são responsabilizados e há penalizações se não cumprirem.” Por exemplo, as raparigas ciganas não vão à escola e as famílias continuam a receber o RSI. “Já estão a ir à escola, no ensino recorrente, em grande parte

das famílias que acompanhamos. Esse é um dos resultados.” Este trabalho tem a ver com muitas entidades. Há uma boa coordenação? “Há alguma articulação, mas há ainda muito caminho para andar. Sobretudo da parte dos parceiros mais informais. A articulação melhorou bastante com o Centro de Emprego e é boa com a Câmara, o Centro de Saúde, a educação, que são parceiros formais.” Com os outros é mais difícil.

Uma última mensagem. “As famílias que recebem RSI têm por vezes um rótulo e são alvo de discriminação negativa. É importante percebermos que são famílias que não tiveram as mesmas oportunidades que as outras famílias ditas normais.” Se a fada madrinha lhe concedesse um desejo, que lhe pedia? “Que as famílias com crianças em risco conseguissem mudar mais comportamentos do que têm sido mudados.”

X CRIA – Centro de Recuperação e Integração de Abrantes

X Banco Alimentar Contra a fome

Um forte pilar da Rede Social

Um serviço todo assente no voluntariado

Já focámos a nossa atenção no CRIA na nossa edição de Abril, a primeira desta nova série do Jornal de Abrantes. Vamos, por isso, ser breves. Apenas o necessário para dizer que se trata de uma das grandes entidades de acção social do concelho, e que tem mantido uma disponibilidade e abertura para colher novos projectos. Um, entre outros, é o programa de inserção laboral, social e comunitária com as famílias abrangidas com o Rendimento Social de Inserção, de que damos conta noutro trabalho. Humberto Lopes, presi-

O Banco Alimentar contra a Fome não é, ao contrário do que por vezes se pensa, talvez por o responsável ser o mesmo, uma valência do Centro Social Interparoquial. “É totalmente independente”, explica o Cónego José da Graça. Cobre o Médio Tejo e serve também a zona de Castelo Branco. “Embora eu deseje que tenham lá maior autonomia. Não faz sentido recolherem lá os alimentos, trazerem-nos para cá e depois virem cá buscá-los.” O Banco tem agora tem novas instalações, cedidas pela Câmara Municipal, o que se torna “um desafio e uma responsabilidade, não apenas em que funcione bem, mas que tenha uma nova força para angariar mais alimentos para poder distribuí-los.” Essa distribuição não é nem poder ser feita a pessoas singulares, mas apenas a instituições que se inscrevem para esse efeito. Importa realçar que todo o funcionamento é com base no voluntariado. Nem orçamento tem.

dente da Direcção, assume de modo expresso a participação activa do CRIA na Rede Social. “Somos parceiros e pertencemos ao Núcleo Executivo já há muitos anos. E todos os nosso projectos de alargamento ou de novas construções passam pela Rede Social.” E é um dos pilares do recente Banco Social. “O CRIA é um dos três parceiros e faz a gestão financeira dos dinheiros do Banco Social.” Isso significa que lhe reconhecem importância à Rede Social. “É muito importante porque coordena todo o esforço social a nível do concelho.”

CRIAÇÃO 1977 VALÊNCIAS/UTENTES Educacional: 18, Actividades ocupacionais: 61, Formação profissional: 35 Lar para deficientes: 20, Intervenção precoce: 40, Programa RSI: 150 famílias, Centro Recursos para a Inclusão: 250 Amas: 3 amas para 6 bebés TRABALHADORES 91 ORÇAMENTO 09 1.700.000 €

Criação: 1998 Utentes: 52 instituições Trabalhadores: só voluntários Orçamento: 0 €


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Cronologia 1997 Resolução do Conselho de Ministros que cria a figura da Rede Social.

1999 Criação da Rede Social de Abrantes, na fase piloto que decorre em 33 concelhos.

2000 É constituído o primeiro CLAS - Conselho Local de Acção Social, de Abrantes

2001 Aprovação do Diagnóstico Social do Concelho de Abrantes. 2002 Sai nova legislação, que institui a Rede Social a nível nacional

2003 É reactivada a Rede Social de Abrantes, a título definitivo, segundo a nova legislação. É afecto a tempo inteiro um técnico à Rede Social.

2004 É aprovado o Plano de Desenvolvimento Social

(2004-2009) Aprovação do primeiro Plano de Acção (anual) da Rede Social II Jornadas Sociais do concelho de Abrantes - “Redes e Parcerias – Um desafio para o Século XXI”

2005 Criação de grupo de trabalho para avaliação da execução do Plano de Acção da Rede Social. Criação do Sistema de Informação Local, da Rede. Revisão do Plano de Desenvolvimento Social.

2006 I Semana Social do concelho de Abrantes Sai nova legislação que cria as Plataformas Supra-Concelhias, a nível distrital, e torna obrigatórias as Comissões Sociais de Freguesia ou interfreguesias. 2008 Semana da Qualificação e Competitividade Protocolo da Saúde oral

2008/9 Criação das Comissões Sociais de Freguesia (e dinamização de algumas criadas em 2006, entretanto pouco activas).

2009 Criação do Banco Social Criação do Banco do Voluntariado Social de Abrantes Criação do Projecto “Dar a Mão”, de atendimento de proximidade, em resultado das necessidades diagnosticadas nas comissões sociais de freguesia. Protocolo para a criação do Centro de Recursos Técnicos

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A Terceira Idade Podia ser a infância, ou as pessoas com deficiência, ou... Mas também podemos abrir um olhar panorâmico sobre o sector da terceira idade. No 25 de Abril, há pouco, se não erro, que os trabalhadores rurais tinham ganhado o direito à reforma. E em termos de instituições de acolhimento havia, igualmente se não erro, apenas uma camarata na Misericórdia que, dizem, era o Chapas, o velho cinema que Solano de Abreu construíra como fonte de receita. Hoje, passados 35 anos, a situação é muito diferente. A reforma é universal e há mesmo um complemento de reforma para os casos em que é mais baixa. Há apoio domiciliário em todo o concelho. A cobertura em termos de centro de dia é quase completa, ainda que com algumas falhas de qualidades a Norte. E já não é apenas “ter lá” as pessoas. Há cuidado com a qualidade da vida vivida pelos mais idosos. A animação no local já existe em vários centros, de que o projecto “+ Vida”, programa de expressão física e motora com os utente dos centros de dia, é apenas um exemplo. Fazemse espectáculos para idosos. E mesmo por idosos. Há mesmo uma articulação específica entre técnicos dos vários centros de dia para esse efeito. O mesmo se passa no que respeita à

valência de lar, sobretudo nas IPSS’s. Aqui, porém, a oferta é diminuta face à procura. Temos o Lar da Misericórdia e o do Centro Social do Rossio, e alguns outros de iniciativa privada, mas existem longas listas de espera. Há já vários projectos para novas construções, mas vai ainda demorar a resolver o problema. Entretanto, surgiram outros tipos de resposta. A ARTRAM, Associação de Reformados do Tramagal, assume de modo explícito a vocação para este sector etário e desenvolve actividades ao longo do ano. As Universidades da Terceira Idade de Abrantes e do Tramagal, esta dentro da ARTRAM, oferecem actividades de desenvolvimento intelectual e de integração social aos mais idosos. A Cres.Ser tem a funcionar núcleos do Viver.

Senior, projecto de prevenção em saúde, em seis freguesias. E Centro Social Interparoquial de Abrantes tem o “Recordar é Viver”. Todos estes projectos são para os mais velhos “muito importantes”, “fonte de felicidade” e “quebra de isolamento”. Os serviços de Psicologia a preço social da Cres. Ser e da Vidas Cruzadas abre novas possibilidade aos mais carenciados. E o projecto “Dar a Mão”, atendimento social de proximidade nas freguesias, vem ajudar a resolver problemas significativos. As aulas nas piscinas de Abrantes e Tramagal, bem como o aumento das iniciativas de caminhada trabalham o físico e o emocional e reforçam os laços sociais. Vários outros projectos, não dirigidos a este escalão etário, têm também efeitos positivos nesta idade.

Não podemos esquecer que as Comissões Sociais de Freguesia estão já a actuar em maior proximidade. E que as Juntas tornaram já habitual o almoço e o passeio da terceira idade. E é importante lembrar o Serviço Nacional de Saúde e os postos do Centro de Saúde no meio rural, ainda que estejamos a atravessar uma fase, que desejamos seja conjuntural, de falta de médicos de família. E o transporte para doentes faz “milagres”. Há ainda muito por fazer. Mas devemos dar-nos conta de que há um longo e meritório caminho andado nestes 35 anos depois de Abril. Um trabalho em que se articulam, nem sempre bem, o poder central e o local, associações de solidariedade social e empresas de iniciativa privada. Alves Jana

X COMISSÃO SOCIAL DE FREGUESIA DE FONTES

Na periferia, a começar a andar A Comissão Social de Freguesia de Fontes é a única cujo presidente não é o Presidente da Junta. Adérito Alagoa é Presidente da Direcção da Unimaxial e é nessa qualidade que está á cabeça da jovem, Comissão Social, pois “foi criada há cerca de três meses.” Mas já anda. “O primeiro objectivo foi identificar duas ou três situações críticas, mais graves. Os idosos, a falta de ocupação dos tempos livres para as crianças e a dificuldade dos estudantes se deslocarem para Abrantes, porque os transportes estão desadequados, apesar do esforço feito, são os principais problemas a enfrentar.” A Junta de Freguesia e três associações, de Maxial, Portela e Água das Casas, além de várias pessoas a título individual desde a primeira hora, são o corpo da Co-

missão. Mas “estamos já a tentar juntar outros parceiros e reunir o máximo de apoios locais.” Na freguesia há várias associações e entidades, mas cada uma vive de costas voltadas para as outras. A Comissão está a empenhar-se para juntar as pessoas todas à mesma mesa. E os parceiros locais estão a ter uma boa relação? “Sim, conseguimos, pelo menos, reunir-nos de quinze em quinze dias e entendermo-nos. E isso já é muito bom. Os parceiros a título individual têm sido muito importantes para criar ali o meio termo.” E com os parceiros de fora? “Ainda só contactámos com a Câmara e não temos tido qualquer problema. Tivemos todo o apoio. Com os outros parceiros, ainda não tivemos essa experiência.”


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X 1º CURSO DE VÍDEO E CINEMA DOCUMENTAL

Cinema: outra forma de comunicar O Cinema Documental não tem uma tradição muito marcada no nosso país. Por este facto, não existia até ao ano lectivo anterior um curso superior nesta área.

A Escola Superior de Tecnologia de Abrantes superou esta lacuna e iniciou com sucesso, para já, a licenciatura de Vídeo e Cinema Documental. Carlos Coelho é um dos responsáveis pelo cineclube de Abrantes, bem como docente nesta Escola, e este facto fez crescer a vontade de apresentar ao Ministério da Educação um novo curso que iria ser ministrado na ESTA. Após aprovação do Ministério da Educação começou com 20 alunos, no ano lectivo 2008/2009. Para além de Comunicação Social, Engenharia Mecânica, Tecnologias de Informação e Comunicação existe agora a licenciatura de Vídeo e Cinema Documental. A vinda deste novo curso para a cidade abrantina trouxe novos rostos, com uma motivação acrescida, que vão ser os futuros “artistas” das áreas do Vídeo e do Cinema. A

cidade e a sua população percebeu desde logo que estes alunos eram “especiais”, devido à sua forma de olhar, analisar o quotidiano, quando rodavam pelas ruas com a câmara nos ombros a interpelar as pessoas. Carlos Coelho é director do departamento do curso de Mecânica da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. “O interesse pelo cinema surgiu-me há algum tempo, aliado ao facto de eu ser um dos responsáveis do cineclube de Abrantes, o Espalhafitas. A ida a alguns seminários sobre cinema documental fez crescer a minha ideia de iniciar uma formação específica em cinema documental, que não existia em Portugal. Este curso está enquadrado no departamento do curso de Comunicação Social, também ministrado na ESTA.” Na concepção do curso, foi considerado necessário ligar o cinema ao documentário, daí “cinema documental”. O vídeo vem como algo de experimental, e era de todo o interesse aliar as duas áreas. José Manuel Costa, professor das cadeiras de História Estética do Cinema e também de Te-

oria Cinematográfica, do curso da ESTA, é ainda professor na Universidade Nova, a dar aulas de História do Cinema e Documentário. Exerceu durante anos o cargo de Vice-Presidente da Cinemateca com o pelouro do Arquivo. Refere que cada vez existe um maior entusiasmo sobre cinema documental em Portugal. “As tradições do cinema documental, ao nivel da produção e do documentário, não foram continuadas. O documentário chegou à academia porque existe uma tradição na história do cinema, que chegou a um ponto que justifica que se faça dentro do ensino superior uma formação integrada dentro da formação artística mais geral”. O professor José Manuel Costa reforça que “Uma imagem aprende-se a ler. É preciso ver muitos filmes. Olhar para as imagens e pensar sobre elas. Aprender a olhar”. O curso de Vídeo e Cinema Documental já tem inscrições abertas para o seu segundo ano. Federação Portuguesa de Cineclubes A sede da Federação Portugue-

sa de Cineclubes, que se encontrava sediada no Porto, já está instalada no edifício Carneiro, em Abrantes, desde o início deste mês de Agosto. A autarquia cedeu duas salas a esta Federação que conta com 32 estruturas federadas de norte a sul do país. No distrito de Santarém existem quatro cineclubes: Abrantes, Tomar, Torres Novas e Santarém. O Espalhafitas, cineclube de Abrantes foi a principal alavanca a desencadear este processo de mudança, uma vez que existem dois elementos deste cineclube que fazem parte da Federação. A centralidade de Abrantes foi um factor importante para esta mudança. A autarquia já se comprometeu em ser um parceiro activo, assegurando financiamento de projectos e cedendo a sala de cinema. Cineclubes do distrito O distrito de Santarém conta com quatro cineclubes. O Espalhafitas, em Abrantes, nasceu há sete anos, com um grupo de pessoas que sentiu a necessidade de haver projecção alternativa de cinema. Tem as suas sessões no cine-teatro S. Pedro, às quartas-

feiras e desenvolve ainda outras actividades como atelieres de fotografia, de edição, de montagem e trabalha em cinema de animação com várias escolas. Os cineclubes de Tomar e Santarém são muito recentes, ambos fundados neste ano. O cineclube de Torres Novas é o irmão mais velho, pois conta já com 50 anos de existência. Tem as suas sessões no cine-teatro Vírginia, também às quartas-feiras.

TRAMAGAL - ABRANTES

SANTA MARGARIDA DA COUTADA - CONSTÂNCIA

SÃO FACUNDO - ABRANTES

Faleceu

Faleceu

Faleceu

Maria da Conceição Nalha

Maria de Jesus Heliodoro Mendes Luís

Maria Virgínia Silveira

22-01-1921 • 06-07-2009

06-09-1937 • 26-07-2009

Seus filhos, genros, noras, netos, bisnetos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada.

Sua filha, genro, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada.

A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

TRAMAGAL - ABRANTES

PEGO - ABRANTES

Faleceu

Faleceu

José D’ Oliveira Marques

Narcisa Gil Marcão

03-10-1922 • 21-07-2009

24-09-1930 • 25-07-2009

Sua filha, genro, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada.

Sua filha, genro, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada.

A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

20-12-1942 • 27-07-2009

Seus, filhos, genro, netas e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à sua última morada. A cargo de: Funerária José Grilo Lda. Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

PAREDE - SARDOAL

Maria de Salete Nunes Lopes de Oliveira Baptista Faleceu a 25/06/2005

4 anos de Eterna Saudade


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PROFISSÕES LIBERAIS

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CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEM DE ABRANTES Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

C O N S U LTA S

POR

ACUPUNCTURA Dr.ª Elisabete Alexandra Duarte Serra ALERGOLOGIA Dr. Mário de Almeida; Dr.ª Cristina Santa Marta CARDIOLOGIA Dr.ª Maria João Carvalho CIRURGIA Dr. Francisco Rufino CLÍNICA GERAL Dr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa DERMATOLOGIA Dr.ª Maria João Silva GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira MEDICINA INTERNA Dr. Matoso Ferreira NEFROLOGIA Dr. Mário Silva NEUROCIRURGIA Dr. Armando Lopes NEUROLOGIA Dr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme

MARCAÇÃO

OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA Dr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga ORTOPEDIA Dr. Matos Melo OTORRINOLARINGOLOGIA Dr. João Eloi PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Patricia Gerra PSICOLOGIA Dr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch; Dr.ª Maria Conceição Calado PSIQUIATRIA Dr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro SERVIÇO DE ENFERMAGEM Maria João TERAPEUTA DA FALA Dr.ª Susana Martins

ABRANTES

Agradecimento

Fernando Manuel do Nascimento Mendes Abóbora N: 07/07/1941 - F. 29/07/2009

Sua esposa, Cremilde Maria Gomes da Silva Mendes Abóbora, assim como seu enteado Pedro Manuel da Silva Fernandes, esposa Sandra Mesquita Fernandes, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que se interessaram pelo seu estado de saúde, como os que acompanharam no seu velório. A todos o nosso obrigado.

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CULTURA

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X RETRATO TIPO PASSE

Maria da Piedade Anselmo Fiz 90 anos no dia quatro de Agosto. Nasci nesta casa onde moro. Mas foi arranjada depois de me casar.

Eu trabalhava de costura, de alfaiate. Depois o meu marido foi trabalhar para Minde, era lavador de carros. E eu, para ir para o pé dele, fui também, trabalhar numa fábrica de têxteis. Estive dezasseis anos sem ter filhos. Tinha muita pena, chorava, dizia que não era como as outras mulheres. A minha mãe ralhava comigo, “Deixa lá”. Eu já não fazia conta. Então, em Minde, fomos dar um passeio à Serra de Aire, e começámos a brincar lá no alto da serra. Foi aí que se arranjou a minha filha. Eu nem queria acreditar. Foi no tempo em que a Tonicha cantava “Menina do alto da serra”. E eu dizia, a minha é que é do alto da serra mesmo. Hoje, ela é tudo para mim, é tudo o que eu tenho de meu. Já estou viúva há 10 anos.

Além da minha filha, tenho muitas amigas, agora. Eu fui catequista muitos anos. Depois, entrei para a Universidade da Terceira Idade. Nunca arranjei amigas tão sinceras, tão boas, como na Universidade, nem quando fui catequista. A Universidade tem sido a minha família. Preocupam-se comigo. Ando na Universidade desde que ela abriu, há onze anos. Eu tinha só a quarta classe. Mas gostava muito, muito, de ler e de escrever. Eu devorava livros quando era nova. A minha mãe chegava a ralhar comigo e a tirar-me os livros. Mas eu, às escondidas, lia muito. Só estava bem era a ler. Tenho muita prática na leitura. E escrevia. Era muito romântica quando era rapariga. Escrevia poemas de amor. Mas envergonhava-me e rasgava tudo. Mas depois continuei a escrever. Uma vez escrevi um poema “A solidão”. Nessa altura, na igreja

cantava-se “A solidão”. Mas era uma solidão muito negativa. “Ai solidão, ai isso não, ai isso não”. Um dia levei a minha “Solidão” no bolso e disse ao P. Bonifácio “Eu não gosto daquela Solidão” Leia lá a minha.” Ele leu e disse “Então onde é que isto está? Está na gaveta? Deite isso cá para fora.” Eu fiquei muito contente. E então comecei a escrever para o Jornal de Abrantes. O senhor Velez ajudou-me muito. “Escreva.” E comecei a escrever todas as semanas para o jornal. Na Universidade da Terceira Idade gosto muito de Mitologia Grega e Romana. Gosto desses deuses, adoro isso. Frequento também a Ginástica de Manutenção e a Ginástica Geriática. As pernas já não querem andar. Mas eu forço-as. Não uso bengala, porque encontro sempre uma bengala humana na rua. O meu marido era um homem um bocado machão. Se eu dissesse alguma coisa, ele já

pensava que eu estava a querer mandar nele. Mas um dia disselhe “Deixas-me ir para a Universidade?” E ele disse “Olha, agora depois de velha queres ir para a Universidade. Fazer o quê?” “Ó Manel, eu escrevo, versos, e vou para lá e aprendo.” “O mulher, isso é contigo. Vai.” Foi o que eu quis ouvir. Fui para a Universidade quando ela abriu. E lá estou. Eu quis ir a para a Universidade para aprender a escrever melhor.

Eu já escrevia. E pensei “Se eu for para a Universidade, aprendo e começo a escrever melhor.” E fui. Até já publiquei dois livros, de poesia, claro. E também fui pelo convívio. Na Universidade encontro pessoas com uma certa educação. Eu gosto. E as pessoas gostam de mim. Sou uma velhinha com muita sorte, feliz. Eu sou muito feliz, agora, na minha idade, pelo carinho das pessoas, porque tenho muitas amigas.

CARTÓRIO NOTARIAL DE GAVIÃO

de

jornal abrantes

NOVO TELEFONE

241 360 170

Certifico, para efeitos de publicação que neste Cartório e no livro de Notas para Escrituras Diversas n.º 52-B, a folhas setenta e uma e seguintes, se encontra exarada uma escritura de Justificação Notarial, outorgada no dia 06 de Agosto de 2009 na qual MARIA HEITOR MARTINS e marido JOÃO FERREIRA, casados sob o regime da comunhão geral, naturais ela da freguesia de Belver, concelho de Gavião, e ele da freguesia e concelho de Gavião, residentes na Rua Principal, n.º 14, no lugar de Alvisquer, referida freguesia de Belver, se declaram donos, com exclusão de outrem, do seguinte imóvel: Prédio urbano composto de casa de rés-do-chão destinada a habitação, com a área coberta de trinta e quatro metros quadrados, sito no lugar de Alvisquer, freguesia de Belver, concelho de Gavião, a confrontar do Norte e Nascente com Rua Pública o do Sul e Poente com Celestino de Matos Rolo, inscrito na respectiva matriz, sob o artigo 1076, com o valor patrimonial e atribuído de quinhentos e vinte e um euros e trinta e nove cêntimos, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Gavião. Que o prédio encontra-se ainda inscrito na matriz predial urbana a favor da herança de João Martins, residente que foi na referida Rua Principal, n.º 14, lugar de Alvisquer, referido, a quem eles justificantes o adquiriram por Doação verbal, por volta do ano do mil novecentos e setenta e três, acto este que nunca chegou a ser formalizado. Que, desde aquela data, entraram os justificantes na posse e fruição do dito prédio, em nome próprio, posse que assim detêm há mais de vinte anos, sem interrupção ou ocultação de quem quer que seja, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. Que esta posse foi adquirida e mantida sem violência e sem oposição, ostensivamente, traduzida na defesa e conservação da propriedade, usando o imóvel como casa de habitação, nele dormindo e cozinhando as refeições, beneficiando-o, procedendo às necessárias obras de reparação e pintura, dele retirando todos os proveitos inerentes à sua natureza e pagando pontualmente as contribuições e impostos por ele devidos, de forma contínua, pacífica, pública e de boa fé, sem oposição de quem quer que seja. Tais factos integram a figura jurídica de usucapião, que invocam na impossibilidade de comprovar o referido domínio e posse pelos meios extrajudiciais normais. Está conforme o original. Cartório Notarial de Gavião, 06 de Agosto de 2009. A Notária, (Ana Rute Ribeiro Nunes) (em Jornal de Abrantes, edição 5464 - Agosto de 2009)


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PATRIMÓNIO

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X LUGARES COM HISTÓRIA

O convento da Quinta d’arca - Chainça Foi este o segundo convento franciscano de Santo António construído no concelho de Abrantes, pois já anteriormente existira outro na Ribeira de Abrançalha, junto à ermida da Senhora da Luz, imagem ainda hoje de grande devoção.

Este primeiro convento foi fundado em 1526 e dele restam ainda alguns, poucos, vestígios numa casa que foi de habitação e que hoje se encontra há muito abandonada. Como este sítio era húmido e os frades adoeciam com frequência, resolveram construir um segundo convento, para onde se mudaram em 1571, este situado perto da Ribeira de Vale de Rãs, na Quinta d’Arca, local onde também havia e há água em abundância. Foi até nas proximidades que se fizeram as perfurações para o primeiro abastecimento de água da cidade. Mas, aqui, os frades continuavam a ser atacados de “morrinha”, pelo que este novo edifício acabou por ser

ocupado apenas durante vinte cinco anos. Novamente os frades tiveram de se mudar, desta vez para um local conhecido por Fonte do Ouro, num espaço entre o Hotel de Turismo e o Edifício Pirâmide. Este sítio era arejado e saudável, pelo que os frades aí se mantiveram até à extinção das ordens religiosas, em 1834.

Dos três conventos referidos, é deste segundo que se encontram hoje mais vestígios, pois a estrutura está bastante bem conservada e no interior, ainda há poucos anos, se podiam situar com precisão a enfermaria, as celas do dormitório, a cozinha, a igreja com restos de pinturas, os claustros, etc.. Sabe-se também que, para a capela-mor, deviam ter sido tras-

ladadas, vindas da Abrançalha, as ossadas do 3º Conde de Abrantes, fundador do primeiro convento. Hoje, as aberturas do edifício principal estão emparedadas de modo a preservar o interior de actos de vandalismo, com excepção de uma das portas que permite o acesso ao mesmo. Toda a propriedade é hoje pertença da Câmara Municipal de Abrantes,

que ali pretende instalar o futuro parque Arca d’Agua. Os vestígios do antigo convento, bem como o que resta dum aqueduto que se encontra próximo, estão oficialmente classificados como “valores concelhios”. Bibliografia: Silva, Joaquim Candeias, Jornal de Alferrarede, Abril de 1995 Teresa Aparício


CARTAZ

22 de

jornal abrantes FICHA TÉCNICA Director Geral Joaquim Duarte Director Alves Jana alves.jana@jornaldeabrantes.pt Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@jornaldeabrantes.pt Redacção Maria João Ricardo (CP. 6383) maria.ricardo@jornaldeabrantes.pt André Lopes João Carvalho Publicidade publicidade@jornaldeabrantes.pt Rita Duarte (directora comercial) rita.duarte@jornaldeabrantes.pt Miguel Ângelo miguel.angelo@jornaldeabrantes.pt Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa Editora e proprietária Jortejo, Lda. Apartado 355 2002 SANTARÉM Codex GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira, Gabriela Alves e João Machado info@lenacomunicacao.pt Departamento de Marketing Patricia Duarte (Direcção), Catarina Fonseca e Catarina Silva. marketing@sojormedia.pt Departamento Recursos Humanos Sónia Vieira (Direcção) drh@sojormedia.pt Departamento Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@sojormedia.pt Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 501636110 Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 83%

AGOSTO2009

ABRANTES

CRATO

Até 30 de Agosto – Exposição “O Fogo” – Fotografia de Rogério Oliveira – Biblioteca António Botto.

De 25 a 29 de Agosto – Festival do Norte Alentejano – Pelo festival vão passar nomes musicais como The Animals, Emir Kusturica, Reammon, Abba Platinum, The Gift, Rui Veloso, Pólo Norte, Susana Félix, Martinho da Vila, entre outros.

13, 14, 15 e 16 de Agosto - XVII Feira Mostra de Artesanato Gastronomia e Actividades Económicas - Escola E. B. Mouriscas - Animação, quermesse, feira de artesanato, torneios de sueca, entre outros. 3, 4, 5 e 6 de Setembro – Lan Festival – Uclic, X-wife, Pontos Negros, DJ Fernando Alvim, entre outros. BTT, Paintball, Karts, campismo grátis. 12 de Setembro – Festival Hípico – provas de saltos de obstáculos e baptismos a cavalo para o público em geral - Centro Hípico da Quinta do Cabrito, às 10h00.

de Papel Dia 23 – 10h00 – Pilates/ Step/ Aeróbica, 16h00 – Caça ao Tesouro /Jogos Pré-Desportivos Dia 29 – 17h/23h – Insufláveis, 16h30 – Aerobics Kids – Dança – Fitness Dia 30 – 10h00 – Pilates – Insufláveis, 16h/20h – Jogos Tradicionais

DESPORTO Ve r ã o A q u a p o l i s : 2 2 d e A g o s to – Torneio Futpraia, às 10h00. 30 de Agosto – Canoagem, às 10h00. 6 de Setembro – Pesca, entre as 9h00 e as 13h00. 12 e 13 de Setembro – Futvolei, entre as 16h00 e as 21h00.

BARQUINHA Mês de Agosto – Verão com Sorrisos – Todos os fins-de-semana: Dia 21 – 18h30 – Ginástica para idosos – fitness grupo Dia 22 – 15h30 – Oficina de Teatro – Atelier de Construção de Aviões

COSTÂNCIA Até 31 de Agosto – Mostra Bibliográfica de Soeiro Pereira Gomes – Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill – Das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30. Ateliês de Verão – das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30: 20 de Agosto - Trapilho – Sara Nunes 27 de Agosto - Dança – Ludovina Inácio Até 30 de Agosto – Exposição de pintura de António Almas – Colecção Vénus – Posto de Turismo, aberto todos os dias. 19 e 26 de Agosto – Hora do Conto, Mil e uma

histórias – “Amor-Perfeito” – Babette Cole – Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill. 22 de Agosto – Biologia no Verão – Observação de seres vivos que habitam no meio aquático, percurso pedestre e exploração dos vários equipamentos existentes no Parque Ambiental – Parque Ambiental de Santa Margarida. Animação de Verão – Anfiteatro dos Rios: 22 de Agosto – Há Noite no Museu – Contos ao luar – Museu dos Rios e das Artes Marítimas – 21h30. 29 de Agosto – Los Cubanitos – 22h00.

SARDOAL Até 22 de Agosto – Exposição – Pintura de Álvaro Mendes e escultura de Carlos Oliveira – Celebração dos 500 anos da Misericórdia de Sardoal – Centro Cultural de Sardoal, de Terça a Sexta-feira, entre as 16 e as 18 horas. Aos

ja

Sábados, das 15 e as 18 horas. “Quartas-feiras de Agosto”, a partir das 21h30: Dia 19 – Futsal Jovem (Parque Desportivo) Dia 26 – Filarmónica União Sardoalense e GETAS – Centro Cultural 30 de Agosto – Comemoração do 147º Aniversário da Filarmónica União Sardoalense – às 10h30 missa seguido de arruada e almoço convívio – inscrição até 29/8/2009.

MAÇÃO De 16 a 21 e de 23 a 28 de Agosto – Campo de Formação – Preparação para a Expedição – Barca da Amieira – Envendos.

TORRES NOVAS Até 28 de Agosto – Exposição “Esculturas do Tempo” de Carlos Flor Dias – Hall da Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes Inauguração da praça 5 de Outubro – “A Praça ConVida”, a partir das 21h30: 22 de Agosto – Los Cubanitos 29 de Agosto – Mandrágona

TOMAR Até 30 de Agosto – XXVII Curso Internacional de Música Antiga – Convento de Cristo – Concertos às 19h00. Até 31 de Agosto – Exposição “O mundo à cabeceira ao pé das letras” – Pintura de Carlos Farinha – Segunda a Sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00.


ja

LAZERES

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Lazer? Rua... Vá passear... Com um tempo destes, lazer rima com ar livre, com passeio, com natureza.

BARQUINHA PARQUE O Barquinha Parque é um espaço de lazer, recreio e turismo, que tem levado muitas pessoas até à vila da Barquinha. Ocupa uma área de 7 hectares, onde existem equipamentos desportivos, espaços lúdicos para as crianças e percursos ribeirinhos, tudo enquadrado numa área natural a escassos metros do rio Tejo. O parque ribeirinho de Vila Nova da Barquinha é o primeiro espaço público do concelho, ao ar livre, equipado com uma rede de internet sem fios. Quem tiver um computa-

dor portátil pode ligar-se à internet gratuitamente. O Barquinha Parque conquistou o Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2007, e é um lugar aprazível para se estar.

PRAIA DO ZÊZERE Se for a Constância não se esqueça que a vila tem uma praia fluvial, com boas condições e várias actividades de que pode dispor. Na Praia do Zêzere onde os rios Tejo e Zêzere confluem, encontra um Centro Náutico, uma área em que se pode praticar actividades desportivas, como paintball; kartcross; tiro com arco, zarabatana e fisga; percurso aquático e slide. A praia possui um areal

Eleição para as Autarquias Locais - 2009 O Grupo de Cidadãos Eleitores MIVA, vem, nos termos e para os efeitos do artigo 21.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de Junho, comunicar que constitui Mandatário Financeiro CÁTIA ALEXANDRA OLIVEIRA NEVES

ALUGA-SE R/c c/ 4 divisões, cozinha, despensa e terraço c/ cerca de 70m2 Calçada de S. José, 37 – Abrantes

Contactar 936 641 425

onde pode estender a sua toalha e aproveitar da vista sobre a natureza. Há um jardim poucos metros acima do areal, com um campo para a prática desportiva, cafés e um restaurante. Este jardim está equipado com mesas e cadeiras, casas de banho e um anfiteatro, com vista sobre os dois rios, que este verão recebe vários concertos.

PEGO DA RAINHA Este espaço rural possui belas paisagens, com uma cascata natural. O Pego da Rainha é o local ideal, visitado por inúmeras pessoas, para nadar, acampar e fazer piqueniques. Na parte de cima da cascata estão algumas mesas, onde predomina a sombra dos plátanos.

O melhor acesso rodoviário será pela A23, saindo da auto-estrada na saída para Envendos. Chegando a Envendos, junto à Igreja, segue-se a placa que diz Zimbreira. Desta localidade até ao Pego da Rainha, o acesso é feito através de estrada de terra batida.

de Mação.

BREJO RIBEIRA DE EIRAS O concelho de Mação é rico em recursos naturais. Esta vila aproveitou a passagem da Ribeira de Eiras mesmo ao lado da localidade e a partir do espaço envolvente, criou uma zona para que o verão seja aproveitado da melhor maneira. Rodeado pela natureza, este espaço fica a poucos quilómetros da vila

O Parque de Merendas do Brejo é um local no Concelho de Mação para usufruir de momentos passados em contacto com a Natureza. Localizado no Chão do Brejo, esta zona possui um parque de merendas e tanques para quem se quiser refrescar. Siga na direcção de Mação – Castelo. Aqui há indicação para o Brejo, que fica na na serra.

RABAÇAL O Parque de Merendas, localizado junto a Água das Casas, foi requalificado recentemente. A área tem várias fontes, onde a água corre constantemente, mesas de apoio, grelhadores, uma pequena piscina, lagos e um espaço ajardinado. Contudo a acessibilidade ao parque de merendas não é feita através de caminho de terra batida. Esta zona balnear foi inaugurada no dia 27 de Junho deste ano.



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