Jornal de Abrantes

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MAIO2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed.

Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · jornaldeabrantes@lenacomunicacao.pt

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de

jornal abrantes

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Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5484 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ESTA JORNAL aqui connosco A Escola Superior de Tecnologia de Abrantes está a fechar as portas de mais um ano lectivo, mas volta a abrir aqui as 12 páginas do seu jornal.

BARQUINHA

AS FESTAS DE ABRANTES ESTÃO AÍ páginas 7 a 14

AS FESTAS DE ABRANTES ESTÃO AÍ

Muita animação em Junho com Barquinha Non Stop página 21

CONSTÂNCIA

Vila Poema volta a exaltar Camões, com as Pomonas página 6

ENTREVISTA

Charters de Almeida, um escultor de referência página 3

Os galardoados da Antena Livre, em noite de Gala

A VI Gala Antena Livre voltou a galardoar pessoas singulares e colectivas que se distinguiram ao nosso serviço. páginas 4 e 5


2 ABERTURA FOTO DO MÊS

EDITORIAL

de

jornal abrantes

MAIO2011

FICHA TÉCNICA Director Alves Jana (TE.756) alves.jana@lenacomunicacao.pt

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@lenacomunicacao.pt

111 anos Com este número, o Jornal de Abrantes cumpre 111 anos de vida. Viu a luz das ruas a 27 de Maio de 1900 e trazia o mesmo nome de um jornal anterior (março a outubro de 1884), mas afirma-se claramente como outro jornal, não tendo nada a ver com o anterior. Tão longa vida é a afirmação clara de que cada um de nós é uma gora de água no rio que corre para uma foz desconhecida. Mas é ainda a afirmação também nítida de que cada um de nós é parte necessária para que a corrente continue. É bonita uma idade de 111 anos, mas podia ter sido interrompida algures. Por isso, cada uma das nossas decisões e acções tem um significado histórico de longo alcance. Mesmo que quase sempre invisível no momento. Esta é uma forma de render a nossa homenagem a todos – e são muitos – os que trouxeram o JA até hoje e desse modo contribuíram para o papel relevante que este jornal teve nesta região. Mas é também o modo de dizer que em cada momento são necessárias medidas para que a corrente continue, para que a vida se propague, para que o serviço a esta terra se renove.

Redacção Jerónimo Belo Jorge (CP.1907) jeronimo.jorge@lenacomunicacao.pt

Joana Margarida Carvalho (CP.9319) joana.carvalho@lenacomunicacao.pt

André Lopes

Publicidade Andreia Almeida andreia.almeida@lenacomunicacao.pt

Miguel Ângelo miguel.angelo@lenacomunicacao.pt

Design gráfico e paginação António Vieira

Abrantes, 2011 Até há pouco, era assim que estava a meia-porta do Tribunal de Abrantes. Até que alguém viu o absurdo e o corrigiu. Parabéns!

Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietária Media On Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes

INQUÉRITO

Que recado quer dar aos deputados do Distrito de Santarém eleitos no próximo dia 5 de Julho?

GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves info@lenacomunicacao.pt

Marketing

Luísa Gonçalves

Micael Reis

Francisco Rocha

Rossio

Barreiras do Tejo

S. Vicente

Mais policiamento para o distrito de Santarém, visto a criminalidade estar a aumentar e para dinamizarem o interior do país para evitar a desertificação.

Diria para serem pessoas coerentes, imparciais, que a transparência no seu trabalho fosse a 100% para que o desenvolvimento do distrito seja bom para todos”.

O conselho que dava aos deputados era que se abstraíssem de querelas pessoais e partidárias e que pudessem ter em consideração o todo nacional.

ALVES JANA

P.S. – Com esta edição, o JA, que era editado pela Jortejo, de Santarém, passa a ser editado pela Media On, a empresa que detém a rádio Antena Livre. Por isso, a ficha técnica surge renovada.

Catarina Fonseca marketing@enacomunicacao.pt

Recursos Humanos Sónia Vieira drh@lenacomunicacao.pt

SUGESTÕES

Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@enacomunicacao.pt

ANDRÉ LOPES, Estudante, mestrado de jornalismo Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 505 500 094 Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 100%

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IDADE 23 RESIDÊNCIA Sardoal PROFISSÃO Estudante UMA POVOAÇÃO Sardoal, a Vila Jardim UM CAFÉ Chave d´Ouro, Abrantes UM BAR Bar Puro, Sardoal UM PETISCO Polvo

UM RESTAURANTE Recanto da Barquinha, Barquinha PRATO PREFERIDO Bacalhau assado com batata a murro UM LUGAR PARA PASSEAR Vila de Constância UM RECANTO PARA DESCOBRIR Centro histórico de Abrantes UM DISCO “Explode”, dos The Gift

UM FILME Fabuloso Destino de Amélie Poulain” UMA VIAGEM Bélgica, Bruxelas-Bruges UM LEMA DE VIDA O mundo é 1% bom, 1% mau e 98% neutro, tanto pode pender para um lado como para o outro. Esta é a razão que torna tudo o que fazemos tão importante.


ENTREVISTA 3

MAIO2011

CHARTERS DE ALMEIDA, ESCULTOR

“O meu trabalho cria novas relações” JOANA MARGARIDA CARVALHO E ALVES JANA

Charters de Almeida é um escultor com obra de dimensão arquitectónica, espalhada por vários continentes e um medalhista de obra reconhecida. Doutor honoris causa pela Universidade Lusíada (Lisboa), ofereceu a Abrantes uma importante colecção da sua obra, que integra o projecto do MIAA. É hoje o representante da Casa dos Almeidas, outrora senhores de Abrantes. Uma exposição da sua primeira fase está patente na Galeria Municipal.

O que o fez optar pela escultura? Foi ter conhecido um professor, Barata Feio, o autor da estátua D. Francisco de Almeida, em Abrantes, um homem que foi um marco na escultura portuguesa, um pedagogo, um estatuário e um verdadeiro artista. Foi ele que me desviou da arquitectura para a escultura, quando estava no terceiro ano, na Escola Superior de Belas Artes do Porto. O que representou o trabalho como escultor em Londres? Londres foi uma passagem muito curta. Serviu apenas para tomar contacto com técnicas novas na minha área. Já os Estados Unidos tiveram uma maior importância no meu percurso. Passei ali pelas maiores universidades dedicadas ao Desing onde dei aulas na cidade de Nova Iorque, Washington, Texas entre outras grandes metrópoles. Desenvolvi lá imensos projectos nos parques do país, fui convidado para conferências, dei aulas Trabalhei imenso nos Estados Unidos pois eles entenderam que as minhas intervenções no espaço público eram interessantes. Houve no seu percurso uma pausa. Durante dez anos, de 1973 a 83, passei por uma fase sabática. Em 1983 tomei consciência de uma nova forma de escultura que podia integrar e intervir nas cidades. Foi a partir deste momento que surgiram as portas, as janelas, as cidades imaginárias. Em 1983, construí o meu primeiro trabalho nestes moldes, que está na Fundação Gulbenkian.

Charters de Almeida Nasce em Lisboa (1935). Faz o curso de escultura na ESBA do Porto, com 20 valores. 1962-1973: período do bronze; 1973-83: período sabático; 1983-actualidade: período arquitectónico. Distinções: Cidadão honorário de Rhode Island (USA), e de El Paso (México). Agraciado com o equivalente à Chave da Cidade de Newport (USA). Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (Portugal). Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras (França). Oficial da Ordem de Leopoldo (Bélgica). Grã Cruz da Ordem de Malta (Itália). Medalha de Mérito cívico e cultural (Abrantes). Doutor Honoris Causa pela Univ. Lusíada (Lisboa).

Foi em Itália que, mais tarde, vi o reconhecimento do meu trabalho, eles tinham a minha obra toda estudada. Entenderam que era uma proposta nova, dando oportunidade a todos os que transitam no espaço público de encontrar perspectivas diferentes. Sem vaidade, (risos) eu devo ser dos escultores com mais obras de grande volume realizadas em mais sítios no mundo. E isto não é fácil, pois as minhas obras exigem logísticas pesadas e orçamentos folgados. É impossível trabalhar sozinho, desenvolvo todos os meus projectos com equipas numerosas, orçamentistas, engenheiros, fotógrafos, medidores, advogados, entre outros especialistas. Eu trabalho a uma grande escala arquitectónica. Todos os meus trabalhos resultam de uma forma muito particular de pensar e sentir a escultura. A escultura sempre viveu por arrasto do espaço disponível. Nas catedrais góticas, românicas e do barroco, vemos os nichos para pôr as esculturas, nas colunas é capitel que é esculpido, nas cidades a estátua equestre vive da pra-

ça. No meu caso, a escultura necessita de espaço para viver. A escultura por si só exige volume, volume que é dado pela cor e o desenho. Porquê esculturas de grandes dimensões? Porque aplico a noção de escala à importância do homem. Não é apenas porque ser grande dá mais importância ao homem, mas se esse ser grande estiver bem feito e bem colocado, aí o homem sai valorizado. Por isso é que em qualquer religião do mundo, a tentativa é sempre a procura de espaços monumentais, como as catedrais e as mesquitas, para que o homem se sinta bem. Como apresenta a escultura no Aquapolis, em Abrantes? Como um trabalho de vários anos. É uma cidade imaginária. A partir das minhas estruturas é possível criar novas relações, novos enquadramentos imaginários. É um desenho à escala da cidade. No caso de Abrantes, em que há uma cidade real por trás, quem observa o real

pode, através das minhas estruturas, criar uma nova realidade, uma cidade imaginária. Numa perspectiva sociológica, o meu trabalho cria novas relações. É nesta questão que para mim tudo tem valor, pois uma das coisas que nos esgota a todos é o tédio. Não por sermos preguiçosos, mas porque estamos cansados. Porquê vermelha? A cor vermelha é uma pergunta sistemática a qual eu respondo com muito gosto (risos). O branco absorve tudo, tem penumbra, fica sem se ver quando não há luz. O preto é luminoso de mais. O vermelho resiste muito bem ao excesso de luz e quando a luz está a desaparecer. Com aquele vermelho, o todo mantém-se muito estável até ao limite. Passados todos estes anos como vê o seu percurso como escultor? Só me posso sentir feliz. Para já, porque é sempre gratificante uma pessoa poder desenvolver o que gosta, e é o meu caso. Depois, por-

que ter pessoas que se interessam pelo que faço é muito bom. Por último, por ter a sorte de poder fazer o meu trabalho como idealizo. Sinto que tenho uma grande responsabilidade, dado que as pessoas continuam a querer dialogar e a trabalhar comigo. Doou uma parte da sua obra à Câmara Municipal. Que doação? Numa primeira fase, em 2006, doei um conjunto de maquetes dos meus trabalhos mais recentes, do universo das Cidades Imaginárias. Agora, fiz uma segunda doação, para reforçar a anterior, com peças das outras fases, a do bronze (de antes de 1973), a dos diedros em expansão e a dos relógios de sol, para permitir compreender os trabalhos mais recentes. O que significa para si ser o representante actual da Casa dos Almeida? É uma responsabilidade muito grande. São antepassados que tenho obrigação de respeitar e de manter o respeito por este nome que passa através de nós.

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4 DESTAQUE

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CINE-TEATRO SÃO PEDRO

VI Gala Antena Livre premiou a região No dia 29 de Abril, a sala do cine-teatro São Pedro encheu para mais uma Gala da estação emissora de Abrantes, Antena Livre.

Foi um espectáculo cultural, que este ano, à semelhança dos anteriores, teve como objectivo, destacar o trabalho bem feito de empresas, instituições, companhias e profissionais da região e do país, e divulgar a boa música que se faz na região. O palco do cine teatro São Pedro recebeu boa música com a presença de Hyubris, Pedro Dionísio, Apple Pie e The Scart. Ainda contou com as actuações de Nuno Norte, The Joes e apresentação do novo disco de Filipe Santos. A Gala Antena Livre marca a agenda cultural de Abrantes e cada vez mais é reconhecida no Médio Tejo pela qualidade da sua produção. Registamos aqui os Galardões Antena Livre atribuídos na ocasião.

Galardão Social PEGOP A PEGOP é a nossa maior empresa e são muitos e muito importantes os impactos positivos que, como empresa, faz no nosso meio social. Mas este Galardão destaca um papel também da maior importância que tem assumido desde o início - o apoio aos projectos de carácter social e a iniciativas de carácter cultural, nos vários concelhos à sua volta. Todos beneficiámos de algum modo da sua acção social.

Galardão Música, Revelação THE KAVIAR Começou por ser um sonho distante Desse sonho até à realidade, parece que se percorreram milhões de milhas. O distante sonho ganhou forma em 2010 com a participação num dos maiores festivais de música nacionais, o Optimus Alive. Em 2011, o disco Beluga lança definitivamente esta banda abrantina no exigente panorama musical nacional. Depois do HardClub no Porto, ou do MusicBox em Lisboa, Portugal continua a saborear um requintado Kaviar, que se pode encontrar num Beluga que promete esgotar rapidamente.

Galardão Carreira / Prestígio Eng. LUÍS BAIRRÃO Nasceu e viveu sempre no Tramagal. Engenheiro agrónomo de formação, foi toda a vida um agricultor, no sentido mais nobre do termo. Tirou um curso de arqueologia para melhor assumir a responsabilidade da Herdade de Alcolobra, rica de património romano. Foi vereador da Câmara Municipal de Abrantes, ainda antes do 25 de Abril. Foi um dos responsáveis pela criação da Associação de Agricultores de Abrantes (1985) e da Caixa de Crédito Agrícola do Tramagal (1988), e não é por acaso que leva esse nome. Era um homem de sorriso quente e de coração aberto. As múltiplas homenagens de que foi alvo em vida expressam bem o enorme respeito que lhe é devido.

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Galardão Nacional / Comunicação SALVADOR Salvador Mendes de Almeida nasceu em Lisboa, em 1982. Dezasseis anos depois, sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. À primeira vista, seria o fim de tudo. Mas a chama continuava acesa. Por isso, é hoje licenciado em Marketing e Publicidade, pelo IADE, a principal escola do sector. Fundou a Associação Salvador, que luta pela inclusão de pessoas com deficiência motora. Publicou já, em co-autoria, três livros, o primeiro dos quais Ser feliz assim , em 2007. E todos nós o conhecemos da televisão, onde assina um programa dedicado à sua causa. É um homem da comunicação, e um exemplo de vida.


DESTAQUE 5

MAIO2011

Galardão Empresa MITSUBISHI FUSO TRUCKS EUROPE A Mitsubishi, no Tramagal, deu-nos nos últimos tempos, uma lição maior - a crise também é o que fazemos dela. A crise automóvel, que o mundo viveu nos últimos anos, atingiu a Mitsubishi em cheio e obrigou a gestão e os trabalhadores a tomarem decisões difíceis. Estas foram tomadas de forma inteligente, o que se vê pelos resultados. Hoje, a Mitsubishi avança confiante para os próximos anos e está a preparar-se para produzir um novo modelo, sobretudo para exportação.

Galardão Jovem Jornalista BRUNO RIBEIRO

Cultura JOÃO COUTINHO

Veio de malas aviadas de Amarante para Abrantes, estudar Comunicação Social na ESTA. Daqui saiu de malas aviadas para Lisboa, a fim de fazer estágio na TSF. Nesta emissora, prestigiou a Escola que o formou e prestigiou-se a si próprio. Por isso, ali ficou e ali ainda hoje é jornalista desportivo. De Lisboa, todas as semanas regressa, de pasta aviada, à sua escola para aqui, na ESTA, leccionar a disciplina de Discurso e Formatos Radiofónicos.

A Companhia de Teatro do Ribatejo foi criada na Chamusca em 1982, já lá vão, portanto, quase 30 anos. À sua frente tem estado, como dinamizador e encenador, João Coutinho. Ao longo destes anos, o seu trabalho fez da Chamusca uma referência no teatro em toda a nossa região. E àquela vila têm ido milhares de pessoas para ver teatro de qualidade e com uma opção clara pela implicação directa na vida das pessoas e das comunidades.

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6 ACTUALIDADE

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CONSTÂNCIA

MAÇÃO

Pomonas Camonianas

Criar laços “apadrinhando um idoso”

Entre os dias 10 e 12 de Junho, a vila de Constância recebe mais uma edição das Pomonas Camonianas. Esta iniciativa cultural-pedagógica é a recriação de um Mercado Quinhentista onde estarão expostos alguns frutos e flores que o poeta Luís Vaz de Camões refere na sua obra.

Com o objectivo de homenagear Camões, a sua ligação com a vila de Constância e assinalar o Dia de Portugal, a Câmara Municipal de Constância organiza mais uma edição deste certame que, novamente, conta com muita animação, música, concursos, danças e alegria. As comemorações têm início no dia 9 de Junho com o XIII Encontros do Cantar Diferente, onde participam Pedro Barroso, María do Ceo e Natália Camargo. Vai decorrer ainda uma prova de orientação nocturna. No entanto, apenas no dia 10, pelas 15 horas, é a inauguração o certame junto do Monumento de Camões com declamações – “Jovens dão voz ao Poeta Camões”. No decorrer destes três dias são recriados acontecimentos da época,

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como um casamento renascentista, danças, malabares, ceia do povo, cuspidores de fogo, concerto de órgão de tubos e também um bailde renascentista. Os visitantes podem também desfrutar de exposições de vitrais, uma taberna quinhentista assim como de um mercado, também ele quinhentista, onde serão vendi-

dos os frutos e as flores da obra de Camões. Muita da animação que decorrerá ao longo dos dias de festa está a cargo do Agrupamento de Escolas de Constância que, mais uma vez, se junta à Câmara Municipal para organizar este evento. Daniela Santos

A Câmara de Mação lançou uma campanha de apadrinhamento de idosos com o objectivo de garantir acompanhamento a estas pessoas e evitar casos maiores de abandono. Segundo os dados recolhidos no âmbito da operação Censos Sénior da Guarda Nacional Republicana, o concelho de Mação é o que apresenta um maior número de idosos isolados no país. Este facto fez com que a autarquia de Mação desenvolvesse este projecto de acompanhamento. A ideia passa por criar uma rede de voluntários para que, com alguma frequência, visitem estes idosos solitários, ou seja, os voluntários passam a ter um contacto mais permanente com eles, quer através de visitas, quer através de conversas telefónicas. O número de idosos nesta situação rondar a casa dos 270

a 300 idosos. No entanto, quando se fala em isolamento não significa que não têm acompanhamento nenhum. Pelo contrário, esta população sénior é permanentemente acompanhada por Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), pela Comissão Local de Desenvolvimento Social (CLDS) e pelas Juntas de Freguesia. Vasco Estrela, vice-presidente da Câmara de Mação, afirma que “neste momento estamos a fazer a divulgação deste projecto junto do banco local do voluntariado de Mação no sentido de podermos implementar esta campanha a curto prazo”. O vice-presidente apela ainda a todas as pessoas que estão a par deste assunto para “participarem nesta campanha que nos parece ser de extrema importância para o nosso concelho e para a nossa região”.


especial ABRANTES

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As Festas do Concelho estão de volta A Abrantes vai estar em Festa durante ccinco dias. Com um orçamento men mas com muita música, animanor ç espectáculos, exposições, folção, c clore e muito mais... O centro hist tórico da cidade prepara-se para receber milhares de visitantes no ano em que se assinala a 30ª edição da Feira de Artesanato. O antigo Mercado Diário vai dar lugar a um Mercado das Artes, inaugurado no feriado municipal. Ao JA Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal, fala de novos projectos onde a revitalização do centro histórico, novos serviços, projectos e obras estão em cima da mesa.

30 anos de Feira de Artesanato Corria o ano de 1981 quando a Câmara Municipal de Abrantes decidiu organizar a sua primeira Feira de Artesanato. Depois de alguns anos a enviar artesãos para outros concelhos, nomeadamente para Vila do Conde, a autarquia aproveitou um ensaio de um evento com artesãos concelhios na então Escola Preparatória (actualmente, escola D. Miguel de Almeida), para lançar um evento próprio.

Era então vereador do pelouro do Turismo, António Gomes Mor, que recordou os primeiros tempos da Feira do Artesanato. Foi um arranque “muito bom, com a colaboração do António Colaço, então funcionário da autarquia”, num espaço que era o cartão de visita da cidade, o Convento de S. Domingos. “Conseguimos pôr a exposição no résdo-chão e primeiro andar, com as actuações no centro dos claustros, e com os artesãos a dormir nos es-

paços anexos do Convento. As refeições eram servidas na sala grande (local onde hoje existe a Biblioteca António Botto). António Mor recorda que nesses anos vinham artesãos de todo o país, em representação das autarquias. Foi também no início da década de 80 que a autarquia promoveu um levantamento de todos os artesãos do concelho para incentivar a criação de actividade económica, já que o concelho vivia a res-

saca da crise do desmantelamento da Metalúrgica Duarte Ferreira, de Tramagal. A feira, de artesanato e com motivos alusivos à flor, cresceu e mudouse para o Castelo. E em 1989, com a atribuição do pelouro dos jardins e espaços verdes ao vereador Manuel Lopes, foi criada a Feira da Flor e manteve-se a Feira de Artesanato. Em 1994, com Hélder Silvano a vereador da Cultura, a Câmara muda o conceito que até então existia e

unifica todos os eventos, artesanato e flor, nas Festas da Cidade de Abrantes, mudando igualmente a localização para a Esplanada 1º de Maio. A Feira de Artesanato inserida nas Festas tem vindo a mudar de conceito. António Mor lembrou ao JA a presença forte de artesãos a trabalhar ao vivo nos primórdios, enquanto nos dias de hoje “há mais produtos comerciais”. Jerónimo Belo Jorge

Fotos: Arquivo Municipal Eduardo Campos – Arquivo Iconográfico

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8 ESPECIAL ABRANTES

MAIO2011

MARIA DO CÉU ALBUQUERQUE - PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ABRANTES

Novos projectos municipais incluem “uma aposta clara na cultura” JOANA MARGARIDA CARVALHO E ALVES JANA

Como vão ser as Festas da cidade 2011? Este ano, optámos por reduzir o orçamento, menos 70 mil euros em relação à edição anterior. Vamos apostar novamente nas bandas da região. O modelo de feira e os espaços temáticos vão manterse. Vamos ter connosco Jorge Palma e a cantora Áurea, dois artistas de nome nacional. Este ano, não vamos fazer concerto nos Mourões, devido às obras que ali decorrem, nem vamos ter fogo-de-artifício, por razões de poupança. Estamos em época de contenção e para as festas tivemos de ter isso em conta. Como está o mercado diário? Houve um interregno devido alguns problemas ao nível da estabilidade dos edifícios que ladeiam a obra. Esta questão já foi ultrapassada e a construção já está a decorrer. Adjudicada em dezembro passado, esperamos que no início do próximo ano a obra já esteja em fase de conclusão. Qual a situação do MIAA? A revitalização que pretendemos fazer no centro histórico vai incidir na cultura e, assim, o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, MIAA, é uma aposta forte. Uma aposta devido ao valor das colecções que vão integrar o espaço. Falo da grande colecção de mais de cinco mil peças, a colecção Estrada, as duas colecções de Charters de Almeida e de Maria Lucília Moita e a colecção de arqueologia e arte da Câmara Municipal. No âmbito da Regeneração Urbana, temos informação que abrirá em breve uma medida para nos podermos candidatar a um apoio comunitário. Mas para já, a nossa intenção é, numa primeira fase, avançarmos com a recuperação do convento de São Domingos. O museu é para ser construído, muito embora possamos ter a necessidade de dividi-lo por fases. Até ao final de maio, pensamos estar tudo concluído para lançar a empreitada. Como é que se compreende que o processo vá tão adiantado e ainda não se conhece nenhum estudo de viabilidade económica? O estudo está a ser feito e está a ser acompanhado pelos melhores

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especialistas, no sentido de criarmos um melhor modelo para que o projecto seja sustentável. Agora o que nos interessa é a manutenção das colecções e, aquando a adjudicação da obra, podermos ter já o estudo feito, para a equipa que vier a liderar o projecto possa fazer toda a dinamização possível. O centro histórico está cada vez pior do ponto de vista do comércio, dos edifícios… O ar é de abandono… Nós vamos fazer a apresentação pública no dia 14 de junho da estratégia que foi elaborada entre o município e os intervenientes do centro histórico para a revitalização do espaço. Esta estratégia vai assentar em três vectores: serviços, habitação e cultura. É importante referir que fomos escolhidos pela Direcção-Geral das Actividades Económicas para fazermos um estudo de urbanismo comercial, para estudarmos a dinâmica comercial e sabermos onde é que o investimento deve ser feito. Ao nível do centro histórico, todos percebemos a necessidade de termos lojas mais modernas, com marcas-âncora, com horários mais compatíveis com a vida dos munícipes. Também precisamos de ter serviços no centro, como é o Centro de Saúde, que vai para a antiga rodoviária, a Loja do Cidadão, a Segurança Social entre outros. Mas também é necessário povoar o centro histórico, voltar a ter as condições de habitação, sobretudo para famílias jovens. A dinâmica da vivência cria a dinâmica comercial. Este é um trabalho que não vai ser fácil, mas é uma emergência para o concelho. Quanto à Escola Superior de Tecnologia Abrantes… Para podermos continuar a ser competitivos, para podermos continuar a investir nos jovens e a trazer mais adolescentes para a cidade, a Escola tem um papel determinante. A nossa estratégia é avançar rapidamente com a obra da ESTA no Tecnopolo e obter financiamento, que esperamos seja a 80%. O que está previsto para o espaço onde está a actual Escola Superior de Tecnologia de Abrantes? É nossa intenção colocar ali os serviços da Câmara: os serviços políti-


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cos, de cidadania, a presidência, os serviços administrativos e o atendimento ao público. O edifício Falcão, onde estamos agora, vai ficar para a actividade social, não só para os serviços da Câmara nesta área, mas para as instituições e associações que trabalham no âmbito social. E a casa de Maria de Lourdes Pintasilgo? Estamos a negociar a compra do imóvel para o tornar uma casa de acolhimento para vítimas de violência dos mais variados tipos. Para que possam pernoitar ou ficar durante uns dias, fazendo assim jus à memória dessa grande mulher. O que é a Rota do Tejo? Vai ser uma rota, no caso de Abrantes, com início em Alvega e a terminar na aldeia de Amoreira. Depois continua para Constância e Gavião. Faz parte de um projecto maior que vai acompanhar todo rio Tejo. Aqui, tem como primeiro ponto a estação de canoagem de Alvega, que vai ser recuperada e melhorada. De seguida, a rota vai passar no Rossio onde já está em obra o Centro de Acolhimento do Tejo. Aí, o visitante pode pernoitar e conhecer o rio, no Centro de Interpretação do Tejo Ibérico. Este último centro vai ter conteúdos virtuais sobre o Tejo, desde a nascente até à foz. Através da ponte do Rossio, chegamos ao cais de Rio de Moinhos, onde vamos ter um equipamento para espectáculos e outras iniciativas. Do outro lado do rio, no Tramagal, vamos proceder à melhoria do Miradouro Duarte Ferreira e do Porto das Barcas, com um conjunto de pesqueiros que vão ficar para a utilização do cidadão. Esta rota vai ter vários pontos ao longo do percurso com informação sobre o rio, a biodiversidade do espaço, o património etc., para quem faz o trajecto a pé ou de bicicleta. É uma rota que possibilita ao visitante tanto o acesso à água como às povoações. As obras na freguesia de Rio de Moinhos e Tramagal já arrancaram e no Rossio também está tudo a correr pelo melhor. O que está mais atrasado é o percurso em si, que decidimos manter na sua forma natural. O Centro de Acolhimento e

o Centro de Interpretação do Tejo Ibérico, no Rossio, vão custar um milhão de euros, a restante rota deverá rondar os 700 mil euros. O antigo quartel de bombeiros será a próxima Galeria Municipal de Arte? Sim, será, mas é um projecto que ainda não conseguimos pôr em marcha, pois temos de fazer opções. Queremos fazê-lo mantendo a traça arquitectónica do equipamento, fazendo apenas uma intervenção minimalista no espaço. Novidades quanto ao antigo edifício do IEFP e para quando? Olhámos para o antigo edifício do IEFP, estivemos lá com representantes da ESTA e do IPT e percebemos que seria um espaço bastante agradável para se tornar numa residência para estudantes. A existência de um equipamento deste género é muito importante para os nossos jovens. Queremos no próximo ano lectivo ter a residência já a funcionar. A parte de cima do edifício fica para os apartamentos dos estudantes, com capacidade para 20 pessoas. O rés-do-chão, um espaço muito amplo, é destinado a uma loja de juventude, com acesso à internet e horário específico para os jovens, entre outros serviços. Vamos ponderar a possibilidade de fazer uma parceria com Associação de Estudantes da ESTA para a optimização da loja. E qual o destino do edifício da actual Galeria de Arte? Será para habitação. O antigo mercado diário fica esquecido? Não, será o próximo Mercado das Artes, num projecto que vamos inaugurar no dia 14, feriado municipal. Fizemos algumas obras de melhoria, e vamos criar condições para que ali se possa vender livros, fazer a prova de produtos da região e a entrega dos cabazes do PROVE, por exemplo. Como aquele edifício tem lojas à volta, vamos disponibilizá-las sobretudo para os jovens criativos, para darem azo à imaginação e criarem novos projectos e mais valor para economia da cidade. O Museu Tramagal. Qual objectivo?

A ideia é preservar o património deixado, musealizar as peças e deixar aquele espaço disponível para fomentar a identidade das comunidades. O edifício e as peças pertencem a uma empresa que fez um protocolo com a Câmara e com a Junta de Freguesia, no sentido de criar um espaço expositivo na parte inferior do edifício. O andar de cima está destinado a um auditório para discussões e visitas que possam ser feitas sobre aquela matéria. Além disso, a nossa intenção é fazer um núcleo museológico em cada uma das nossas freguesias mais rurais. Nas Mouriscas, na antiga escola primária; em Martinchel já temos o ecomuseu; outro no Souto, e, por último, temos a intenção de construir um núcleo em Casais de Revelhos. A ideia depois é avançar para as outras freguesias, capacitando-as de terem um espaço expositivo capaz de preservar a memória, a identidade e património das nossas gentes.

devido a dificuldades nos financiamentos, capitais próprios e da banca. Depois desta reunião soubemos da entrada de um pedido de insolvência no tribunal e de imediato eu notifiquei por escrito o investidor, que me garantiu que não há qualquer problema e que se comprometeu a resolver a situação. Os interesses do município estão salvaguardados: há uma cláusula no protocolo que foi assinado que diz que o terreno só pode ser utilizado para aquele fim. Os nossos juristas estão atentos a esta situação. Se for necessário vamos intervir para salvaguardar os interesses do município e dos cidadãos abrantinos. O vandalismo, a violência, os roubos e a insegurança na cidade continuam. O que se está a fazer?

Sente-se já alguma diferença, houve um período muito mais conturbado do que o que vivemos actualmente. Ainda assim, existe vandalismo, um sentimento de insegurança e importa que se tomem medidas. Entreguei à senhora Secretária de Estado da Administração Interna o nosso Diagnóstico Local de Segurança, feito no âmbito do Conselho Local de Segurança. O Diagnóstico tem uma posposta de medidas concretas, para minimizar o problema e devolver o sentimento de segurança aos cidadãos. A senhora Secretária de Estado gostou do que lhe mostrámos, vai agora analisar para que possamos trabalhar o mais rapidamente com as instituições, de forma a resolvermos esta questão tão importante para o concelho.

A Agenda 21 caiu no esquecimento? Não está esquecida. Por contingências várias, incluindo a eleição presidencial pelo meio, tivemos de parar o trabalho. Neste momento, estamos a fechar a Agenda, a trabalhar a vertente do empreendedorismo voltado para as artes, para a cultura e para a criatividade. Brevemente, com a Universidade Nova de Lisboa, vamos apresentar o projecto a público. E o PDM? Está em fase de revisão, a decorrer como era espectável. Esperamos chegar ao final do ano já em fase de discussão pública. Como está a situação da RPP Solar? Os interesses do município estão salvaguardados? Não há como negar, há problemas e nós estamos a acompanhar esta situação de perto com o investidor. Na última reunião, o investidor garantiu-me que durante o mês de maio a situação com os credores ficaria resolvida e que estaria em condições de montar a primeira linha. A justificação dada foi de que o atraso é

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10 ESPECIAL ABRANTES

MAIO2011

RIO DE MOINHOS

O mistério da Carantonha que marcou uma geração Situada nos antigos terrenos da Quinta do Azinhal, sobre o tanque cheio de água, bem no coração do mato da freguesia de Rio de Moinhos, encontra-se a Fonte da Carantonha. Aquela que foi visitada vezes sem conta pelas gentes riomenhenses que lá encontravam a melhor água para as suas casas.

Uma fonte que servia os camponeses que por lá paravam para beber a água que corria constantemente naquele espaço, cheio de árvores, de terra, de pedras e de mística. A água era caracterizada por ser muito fresca e boa para beber. A fonte ficava ainda distante do centro da aldeia, mas na altura aquele era um local onde todos iam buscar a caruma, a lenha, entre outros bens para o dia-adia das famílias. Ao trazerem os bens essenciais, os riomenhenses aproveitavam e traziam os cântaros à cabeça, cheios de água fresquinha que corria na Fonte da Carantonha. Era assim conhecida porque nela existia uma cara em pedra, que diziam ser de uma mulher já velha, de cuja boca a água provinha. Uma cara que assustava as pessoas que por lá passavam, como contou ao JA Guilhermino Oliveira, nascido em 1927. “Na época, quando os meus pais iam ao mato, eu acompanhava-os e parávamos lá junto à fonte para beber água e confraternizar um pouco. De facto, aquela carantonha deixava-nos um pouco intimidados. O que se ouvia é que lá aparecia uma

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Obras de requalificação na Igreja de Mouriscas

velha que tinha a cara exactamente igual à da fonte. Quando ouvíamos “vem aí a velha!”, desatávamos a correr por aqueles caminhos em terra batida, cheios de pedras. Eu de facto nunca vi lá velha nenhuma, mas aquele espaço transmitia um certo medo”. Pelo que conseguimos perceber não era apenas a presença da suposta velha que deixava os riomenhenses assustados. Maria Roqueta, por exemplo, fala de um padre que por lá surgia. “Uma vez, eu andava a juntar a carrasca e nesse dia era a minha vez de ir buscar a água à fonte. Estava sentada junto a um pinheiro à espera que o cântaro enchesse, quando de repente olho e vejo um padre de cor muito branca, vestido de preto, sentado a orar. Mal o vi, corri… corri… e quando chego

ao pé do meu marido, as lágrimas corriam-me, de tão assustada que estava. Nunca mais lá voltei e nunca mais voltei ao mato sozinha. Verdade é que já os meus pais contavam que viam esse padre junto à Fonte da Carantonha”. Joaquim Bento, que foi presidente de Junta de Freguesia de Rio de Moinhos entre 1989 e 2001, referiu que a presença dos padres não era uma ilusão nem uma “visão” dos visitantes da fonte. “De facto, apareciam lá padres sobretudo antes da Páscoa que se dirigiam aquele local para orar, ou seja, as pessoas não tinham visões, eram mesmo padres que se dirigiam à nossa terra, pois consideravam que aquela fonte era o sítio ideal para momentos de culto”. Sem histórias misteriosas, muitos dos idosos

da freguesia disseram que nunca viram nada de anormal naquela fonte, mas que aquela cara de onde água saía não era a mais agradável de se encontrar. Actualmente, a fonte está inalcançável devido a vegetação serrada que impossibilita o acesso. A cara em pedra já não se encontra colocada na fonte, pois foi levada pela família dona dos terrenos, há já alguns anos atrás. Hoje, aquele é um lugar cheio de recordações que apenas vive no pensamento dos mais idosos da aldeia, uns por bons motivos, outros por motivos mais assustadores. Facto é que ali se experienciaram vivências que hoje apenas se traduzem em recordações, num lugar que parece que foi esquecido ao longo dos tempos. Joana Margarida Carvalho

No passado mês de Abril a Fábrica da Igreja Paroquial entregou a sua candidatura para a reconstrução da igreja da freguesia das Mouriscas, ao Programa de Equipamentos Urbanos de Utilização Colectiva obtendo uma resposta positiva por parte do Estado português, que vai apoiar em 45% o valor previsto para o empreendimento.Na cerimónia estiveram presentes o secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro, o padre Francisco Valente e a presidente da Câmara de Abrantes que anunciou que a autarquia vai garantir 25% desse valor. Afirmando que «a Câmara só tem de se satisfazer com estas iniciativas da sociedade civil, mas ainda assim estar ao lado e acompanhar, nomeadamente nas dificuldades». Ficando assim os restantes custos a cargo da Fábrica da Igreja Paroquial. Desde a sua construção que

a Igreja Paroquial das Mouriscas não teve qualquer tipo de obra de reparação. Tendo esta valor arquitectónico, contudo não tem o seu valor histórico. Segundo Francisco Valente, padre da paróquia, «marca a nossa época» pretendendo assim legá-la ao futuro. A requalificação vai incidir maioritariamente na estrutura e torre, que segundo o padre Francisco Valente, «é uma construção moderna que vai também mostrando as suas fragilidades e que é preciso intervir». De momento as obras ainda não foram iniciadas, como explicou o Padre Francisco Valente «ainda estamos nos preliminares do processo, pois estamos a contactar várias empresas, para depois escolhermos com quem vamos trabalhar». O tempo estimado para a conclusão da requalificação do edifício é de um ano. Cátia Romualdo

Maria Mota, 100 anos com muita vida Natural de Valhascos, vive em Alvega quase há 80 anos. Viúva. Vive sozinha, não recebe apoio domiciliário, ainda faz o seu comer, cuida das suas galinhas e da sua horta. O que mais teme é morrer sozinha. Mas continua com muita vida e muita lucidez, para a idade. Parabéns.


ESPECIAL ABRANTES 11

MAIO2011

HÁ 30 ANOS

Rotary Clube de Abrantes ao serviço da comunidade O Rotary Clube de Abrantes (RCA) nasceu em 1981 e é um grupo de profissionais que trabalham para ajudar a comunidade, nas suas carências sociais, culturais e económicas. Actualmente constituído por 25 elementos, festejou de forma discreta o seu aniversário. “Temos solicitado à nossa comunidade contributos para várias causas e temos sido bem correspondidos. Ainda há pouco fizemos, com sucesso, uma campanha para oferecer um equipamento de primeiros socorros à Missão de Cumura na Guiné-Bissau. Pensámos que não devíamos sobrecarregar as pessoas com um aniversário do próprio Rotary”, explica-nos Fernando Albuquerque, o presidente do clube neste ano. Neste ano, porque todos os cargos são rotativos, daí o nome “rotary”. O próximo presidente será, a partir de Junho, Manuel Silva, do

Sardoal. A preocupação em ajudar realiza-se de vários modos. O RCA tem apoiado operações cirúrgicas, faz anualmente rastreios de audição e de visão, tem colaborado com o Banco Alimentar, entre muitas outras. “Há pouco tempo”, explica o presidente,“comprámos um colchão para acamados e uma cadeira para tomar banho para uma senhora tetraplégica de Ponte de Sôr, em resposta a um alerta que nos chegou de um outro clube do Brasil. Ela necessitava deste equipamento para viver, mas não tinha possibilidades.” Além disso, todos os anos atribuem bolsa de estudo a jovens com dificuldades. Este ano são 29, do ensino secundário e superior. Já este ano civil, promoveu um curso de liderança para jovens, que envolveu bolseiros e também filhos de membros do RCA, de modo a implicar vários estratos sociais.

Porque um dos seus objectivos é a Paz no mundo.

O Rotary International

Fernando Albuquerque, presidente do Rotary Clube e Alberto •Margarido.

À semelhança do que se passa em todos os outros Rotary Clubes do mundo, todos os meses há um tema e motivos de reflexão para aprofundar o espírito de serviço e para conhecer o meio social e os seus problemas. Outubro, por exemplo, é o “mês dos serviços

profissionais” e os rotários destacam um profissional da sua comunidade que consideram ter um desempenho exemplar. E, para tudo isto, cada Rotary Clube desenvolve o companheirismo entre os seus membros e a comunicação com os outros Rotary Clubes do mundo.

O Rotary International é a associação de Rotary Clubs do mundo inteiro. Tudo começou em 1905, em Chicago. Um advogado, Paul Harris, pensou que os empresários podiam reunir-se não só por negócios, mas também por um ideal de Servir os necessitados e a Paz mundial, ao mesmo tempo que estimulam elevados padrões de ética em todas as profissões. “Dar de si antes de pensar em si” é o lema e toda uma filosofia para mais de um milhão de membros espalhados por todo o mundo. O nome Rotary surgiu porque as reuniões iniciais começaram a realizar-se em diferentes escritórios e dessa rotatividade surge o nome do clube. Hoje, o nome mantémse, mas relativo à rotatividade anual dos membros nos vários cargos.

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12 ESPECIAL ABRANTES

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RETRATO TIPO PASSE

António Rodrigues António Rodrigues foi presidente da junta de freguesia de Vale das Mós entre 1986 a 2009

Eu sou natural de Vale das Mós, tenho 54 anos, sou casado, tenho duas filhas e dois netos. Dediquei a minha juventude ao futebol. Dos 16 aos 36 anos de idade fui jogador e treinador de futebol. Presenciei a formação da primeira equipa de Vale das Mós. Tirei o curso geral de mecânica na Escola Industrial e Comercial de Abrantes e iniciei a minha vida profissional em Lisboa. Ao fim de três anos numa empresa, optei por voltar às origens e procurar trabalho aqui na região. Consegui. Durante 18 anos estive na empresa INLAN, sedeada em Ponte de Sôr. No dia 9 julho de 1985, foi criada a freguesia de Vale das Mós. Fui

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convidado a integrar, como independente, a lista do PS às primeiras eleições. Ganhámos e eu estive na presidência até 2009. Seis mandatos de muito trabalho e dedicação, com muitos projectos e amizades construídas. Quando ouço algumas pessoas a dizer que faz sentido acabar com as juntas de freguesia, peço a essas pessoas que venham visitar Vale das Mós e constatar o que é que uma Junta pode fazer pela sua terra. Em 1989, inaugurámos a sede da Junta de Freguesia que tem também a Segurança Social e o Posto Médico. Em 1992 inauguramos a casa mortuária e no ano seguinte salvo erro o cemitério. Em 1993, construímos duas piscinas descobertas, algo estranho para a altura numa aldeia. Este projecto surgiu por dois motivos. Pri-

meiro porque havia alguns toxicodependentes em Vale das Mós e nós tínhamos todo o interesse em criar outros entretenimentos para jovens. Depois, porque quando a Central do Pego começou a funcionar tivemos algum apoio financeiro. E foi conseguido! Muitos dos jovens de Bemposta, São Miguel, Concavada, São Facundo e Pego utilizavam e utilizam bastante aquele espaço, conseguido por nós e com o apoio da PEGOP e da Câmara Municipal de Abrantes. No ano de 2000, outro desafio, construímos o parque desportivo e o salão de festas. Um espaço com uma sala para jantares, cozinha, um ringue, ginásio e uma serie de gabinetes, um para cada associação da freguesia. Foi com muito trabalho que todas estas etapas foram su-

visitar Vale das Mós e constatar o que é que uma Junta •pode“Venham fazer” , propõe António Rodrigues. peradas. As verbas eram muito reduzidas e, assim, foi necessário gerir a junta como geri a minha própria casa (risos). De salientar que a população de Vale das Mós também deu o seu forte contributo. No dia em que começámos a abrir os caboucos para as piscinas, estava a chover, e eu tinha lá duzentas e tal pessoas para trabalhar. Não acon-

tece isto em qualquer terra, é necessário existir uma grande união e gosto pela terra onde se vive. Aos 36 anos tive um problema de saúde, que me obrigou à reforma, mas continuei na Junta de Freguesia. Actualmente, sou presidente da Assembleia de Freguesia e continuo a dar o meu contributo no que posso.


ESPECIAL ABRANTES 13

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CONTO

MAR DE TANTO AMAR

A febre do jogo

Fadista Dora Maria lança álbum

Subir a Avenida das Pimenteiras cansa, e a poeira no ar arranca o pigarro das gargantas secas, o catarro, e o lenço tabaqueiro. Cheira já a bonico, e a maresia. É a praça do peixe, na Ferraria. - Como são as sardinhas, ó Soeiro? - Três sardinhas, dez tostões. Defronte da tipografia Minerva, há um mar de gente, entusiastas, carteiristas, e curiosos como o Soeiro. A que horas começa? É no Campo Grande, a hora não sei… Pergunta ali ao Pinga, na barbearia Benamor. Todos à escuta. Olham em vão o placard informativo do Diário de Notícias, inaugurado a 29 de Abril, onde subirá a letra elegante do José Mata sintonizado o aparelho com a antena de Tancos. Papéis escritos. - Tem uma galena! - Mas não está proibido? - Está e não está. Sorrisos. Quem distribui sorrisos é o Soeiro, empurrando os outros com o apêndice do nariz. Há uma poeira no ar, xarope para o catarro que são as vozes, uma corrente de miasmas e cheiros. Batem no ombro do Soeiro. Desafiam-no para um cálice. Está ali toda a sociedade de Abrantes, ombro com ombro, bigode com bigode, e uma bengala no ar. São as seleções militares disputando a Taça da Guarnição Militar de Lisboa. Os homens das fardas na primeira, na segunda e na terceira fila são os mais atentos graças a uma surdez de infantaria. Quem irá ganhar o oitavo match? Um rapaz débil, o Chico, assomou à curva do Gato Preto. Os joelhos dobrados e, debaixo dos sovacos, folhas de papel almaço. Agitam-se as cabeças nas varandas. Começou já? LISBOA - MADRID

Às 17 horas menos dez minutos deram entrada no campo as duas equipas que formaram de frente aos camarotes, saudando o Chefe de Estado. Seguiu-se a troca de ramos de flores entre os dois capitães, Jorge Vieira e Quesada. Findos os cumprimentos, Felipe dos Santos procede à escolha dos campos, cabendo a sorte aos espanhóis que ficam com sol e vento contra. Os grupos alinham com… A ansiedade tão alta que o correspondente do jornal, Rómulo Lemos, leu todo o pedaço de prosa. Aplausos e vivas, chapéus pelo ar. Ó Soeiro, queres o jornal? A multidão como vagas contra o Rómulo, erguendo numa mão os papéis escritos. Um polícia municipal, esbofeteando o Carvalho carteirista, gritou para quem quis ouvir. - Vai-te embora! Hoje só me interessa dinheiro falso. Soeiro compra as notícias do Zé Mateus, e o ardina em troca cheirará a sardinha. O Homero, gordo como um polícia municipal, vai no encalce do vendedor de sardinha. Para revistar encontra, fila por fila, uma multidão refeita, as cabeças no ar. Os olhos ardem, e trota na cabeça a batida dos pitons, esse silêncio opressivo depois do Arocha ter batido o guarda-redes de Lisboa. É o primeiro goal! - Lá vem o Chico ! A rua dos Castanhos grita, esbaforida, por um copo de capilé. O Homero não escutará os acenos das varandas, os agarra-agarra, as sereias emergindo do mar de cabeças e bengalas. Fugir pela direita, esgota-se o Soeiro, ou esconder-se nos sanitários? Pepe não volta ao terreno, entrando Jorge Tavares como centro-

avançado e derivando Silva Marques para interior-esquerdo. Felipe dos Santos não volta a arbitrar, sendo substituído por Tavares da Silva. Alto lá! À porta dos sanitários, o Chelas põe uma mão à frente do bafo do Soeiro. Cinco tostões uma cagada. Este sacode-o, escondendo-se. Pergunta-se em surdina na rua dos Castanhos, já marcámos? - A-acabaste ? - Hum… - Toma lá papel do melhor. Suspiro fundo. O Soeiro lê uma edição atrasada do Jornal de Abrantes, mas ao contrário, de pernas para o ar as letras. O único ruído de fundo é o assobio do Chelas. Escapei desta. O Homero, já no Largo João de Deus, duas braçadas. Pedir ajuda ao Regimento? Ouve-se na rua dos Castanhos uma ovação frenética, gritos, aplausos perdidos. Terá sido o goal do empate? Uma hora de sustento, outra de conforto, uma terceira para a cagada geral. Uma vontade louca de beber a aragem que sobe do Tejo aos domingos de Maio, um bufete tomando ares de catarro, de recolhimento, de quartel. No Largo da Câmara, seis ruas desembocam. O Soeiro apalpa-se, ainda lá está o maço de notas. Significa que há igual número de saídas. Todas servem, quando Homero desertou para o Gato Preto, menos a rua da Cadeia. Àquela hora, os gatos lambemse de miasmas e espinhas de carapau, atrás dele miam, e voltam a miar. Como são as sardinhas, ó Soeiro?

Dora Maria, fadista abrantina, lançou o seu álbum “Mar de tanto Amar” no dia 29 de Abril, num espectáculo único realizado no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal.

A artista foi acompanhada por grandes músicos, tais como: Bruno Mira na guitarra portuguesa, João Chora na viola e Rui Santos no contrabaixo. O espectáculo contou ainda com a participação especial do jovem campeão internacional de acordeão André Natanael Teixeira e do conhecido declamador ribatejano Raul Caldeira. “Estou muito bem acompanhada a nível musical e só assim as coisas nos correm bem”. O álbum que surgiu de uma conversa entre amigos que também estavam interessados em fazer algo deste género, é um trabalho muito variado. Passando desde o fado mais tradicional a composições mais rebuscadas,

o disco conta ainda com dois temas, “Eu já não sei” e “A Ribeirinha” de Carlos Gonçalves e Amália Rodrigues, nos quais André Natanael Teixeira fez uma participação especial. “As pessoas têm dito que ele é o homem que deu charme aos fados”. André Teixeira afirma que “estes dois temas dão uma cor diferente ao álbum e a integração do acordeão no fado resulta extremamente bem e nem sempre é utilizado”. Em declarações ao JA, Dora Maria mostrou-se muito entusiasmada com todo este trabalho e referiu ainda que não estava à espera que o público a recebesse tão bem. “A adesão do público não podia estar a ser melhor”. A fadista abrantina sente-se muito contente com o sucesso que o seu trabalho está a ter e com a procura que tem existido por parte do público. Daniela Santos

José Falcão Tavares

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14 ESPECIAL ABRANTES

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Aurea

Jorge Palma

The Kaviar Virgem Suta

Kwantta

DJ Alvim

FESTAS DO CONCELHO

Programa desportivo

Muita música para animar a festa

À semelhança dos anos anteriores, o desporto tem um lugar significativo. O IV Águas Abertas (dia 10), a Caça ao Pato (dia 10), o Festival de Canoagem (dia 11), os torneios de voleibol de praia, futebol de praia e rugby de praia (dia 12) casam com downhill urbano (dia 11), a corrida de carrinhos de rolamentos (dia 12) e o meeting de atletismo (dia 12).

“A gente vai continuar…” a ouvir Jorge Palma (dia 13) que regressa este ano ao palco principal das Festas do Concelho, provando que o artista continua na moda. Acompanhado pela banda “Os Demitidos”, Palma sobe ao palco do Largo 1º de Maio com os mais recentes trabalhos debaixo do braço, num espectáculo onde os clássicos conhecem os novos originais. As festas mantêm o modelo descentralizado das últimas edições. O cartaz é variado e serve o gosto das famílias, com concertos em horas e locais diferentes: Largo 1º de Maio, Praça Barão da Batalha e Praça Raimundo Soares, sempre com entrada livre. Aurea (dia 11) é outra das atracções. Uma voz poderosa que arrebatou o

O programa oficial do Dia do Concelho começa, como é hábito, pelo hastear da Bandeira Nacional nos Paços do Concelho, ao som da Banda da Sociedade de Instrução Musical Rossiense, seguido das homenagens aos trabalhadores do Município e as intervenções institucionais. À tarde, inauguração da Casa das Artes no antigo mercado diário, presididas pelo Ministro da Agricultura. À noite, depois de uma intenvenção musical pelo Orfeão de Abrantes, temos a apresentação do projecto da Regeneração Urbana. E depois, para finalizar, a música pela Orquestra Ligeira do Exército.

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público português. Chegou e surpreendeu o panorama musical português com o single “Busy (For Me)”. Outra presença é de um dos grupos que mais está a contribuir para o salto qualitativo da música feita em Português, Virgem Suta (dia 10), que utiliza instrumentos tradicionais e faz uso da sua rusticidade, com um espírito intervencionista e irónico tipicamente alentejano para produzirem música totalmente moderna e carregada de mensagem. Kumpania Algazarra (dia 10), Monte Lunai (dia 11), Dazkarieh (dia 12), DJ Nuno Calado da Antena 3 (dia 11) e DJ Alvim (dia 13) são nomes garantidos para as noites de animação. O programa das Festas privilegia a prata da casa, com as bandas de

Dia do Concelho

Abrantes que têm percorrido muitos dos palcos nacionais. Kwantta (dia10), Kaviar (dia 11), Projecto Amar(dia12) e Hyubris (dia 12). Além das novas bandas nacionais, há sempre uma marca tradicional. A OLE – Orquestra Ligeira do Exército encerra o conjunto de concertos, no dia da cidade (14 de Junho). Já no largo 1º de Maio e nas ruas do centro histórico desfilam alguns grupos do concelho: Rancho do Pego (dia 10), Rancho de Casais de Revelhos (dia 11), Grupo Etnográfico Os Esparteiros de Mouriscas (dia 12), Universidade da Terceira Idade de Abrantes (dia12), Orfeão de Abrantes (dia 14) e Sociedade Instrução Musical Rossiense (dia 14). Paulo Delgado

As crianças… Têm no Largo João de Deus o seu espaço. Pinturas faciais, moldagem de balões, animação com palhaços, insufláveis e teatro infantil são actividades depois coroadas com karaoke infantil, que é de pequenino que se torce o pepino… e os artistas.


JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

FOTOGRAFIA JOANA FERREIRA

MAIO DE 2011 EDIÇÃO Nº 25 www.estajornal.com

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João Quinas, director da EPDRA, explica que a excelente avaliação da escola é o resultado do trabalho de equipa

Em entrevista, Pais do Amaral, da Media Capital, elogia os jornalistas portugueses e diz que Abrantes está cada vez mais no mapa.

F PÁGINA 06

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Fátima

12 DE MAIO Lágrimas de sofrimento, de mudança, de tristeza ou de alegria, simplesmente lágrimas.

13 DE MAIO As lágrimas que ontem caíam em silêncio, hoje fazem eco e por todo o santuário se escuta um simples fungar.

FOTOGRAFIA ANA ISABEL SILVA

F reportagem p. 10

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Alunos da ESTA enviados ao Kosovo Cinco estudantes de Comunicação Social da ESTA estiveram, entre 1 e 7 de Maio, no Kosovo. O convite partiu do Tenente-Coronel Amaral Lopes, do 2,º Batalhão de Infantaria Mecanizada de Santa Margarida, que comanda

a força militar, que no Kosovo, desenvolve um missão de paz. A viagem dos alunos conretizou-se com o apoio da Câmara Municipal de Abrantes. Entrevista na página 4 e dossier em www.estajornal.com

“Energia subtil” Acupunctura é uma disciplina Medicina Tradicional chinesa que, com agulhas filiformes, estimula a energia de diferentes órgãos do corpo. Pacientes com dores físicas e com distúrbios psicológicos são os que mais recorrem a esta terapia, mas em tratamentos de infertilidade também há casos de sucesso. F p. 09

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www.nyb.pt


02

A abrir

MAIO 2011

Curso inovador Técnico de Energias Renováveis

EDITOR AL

Na ESTA, a prática existe, as coisas fazem-se! HÁLIA COSTA SANTOS ESTA D ABRANTES

Quando esta edição do ESTAJornal estiver a circular, já terá passado mais um grande momento do Curso de Comunicação Social da ESTA: o Encontro de Comunicação voltou a ser organizado, assim como a Gala Comic Awards. Para além de todas as actividades em que os alunos deste curso tiveram a oportunidade de participar, ao longo deste ano lectivo, este final de semestre ficou marcado por diversas iniciativas, como workshops, aulas abertas, palestras e, sobretudo, muito trabalho no terreno. Proporcionar contactos com profissionais de Comunicação que estão a trabalhar nos principais órgãos de comunicação social e em grandes empresas que actuam na área da Comunicação são objectivos que continuarão a fazer parte do plano de actividades deste curso. A estratégia, para além de alargar os conhecimentos dos nossos alunos, tem sido – e continuará a ser – a de aproximar a formação dada na ESTA ao mercado de trabalho. Sabemos que esta é uma condição determinante para o sucesso dos nossos alunos, uma vez entrados no mundo profissio-

nal, e, por isso, não abdicamos de o fazer. O ESTAJornal continua a ser, também, um espelho das apostas do curso de Comunicação Social da ESTA. Numa época em que o digital é cada vez mais forte, continuamos a defender que o papel ainda faz todo o sentido. Queremos chegar às pessoas, desta forma, para que possam folhear o jornal, página por página. Os temas resultam de trabalhos desenvolvidos em contexto de sala de aula, depois desenvolvidos em diferentes contextos. Nuns casos são propostas dos próprios alunos; noutros são sugeridos pelos professores. O que se segue, nas próximas páginas, são trabalhos jornalísticos feitos por alunos e alunas nas unidades curriculares de Práticas Redactoriais, Atelier de Imprensa, Jornalismo Económico e Fotojornalismo. Este é o melhor exemplo de que a componente prática do curso continua a ser uma clara aposta. Orgulhamo-nos de o fazer e ficamos contentes por saber que a grande maioria dos nossos alunos, quando chegam ao momento do estágio, se evidenciam de outros, que completaram uma licenciatura em Jornalismo, noutras escolas e noutras faculdades, sem nunca terem feito um notícia ou editado uma peça de rádio ou de televisão. Na ESTA, faz-se!

Ficha TÉCNICA EDITORA EXECUTIVA: Raquel Botelho

REDACTORES: Ana Isabel Silva, Manuel António, Juliana Madeira, Daniela Afonso, Joana Antunes, Joana Ferreira, Paula Pereira, Teresa Franco, Sofia Schabowski

REVISÃO DE TEXTO: Sandra Barata

PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís

COLABORADORES: Ana Isabel Silva, Ana Ferreira, João Calretas, João Miranda, Pedro Colaço, Vanda Botas

PAGINAÇÃO: João Pereira

DIRECTORA: Hália Costa Santos

ESTA JORNAL

Tiragem: 15000 exemplares

O AGRUPAMENTO de Escolas Dr. Manuel Fernandes tem a funcionar, na sua Escola sede, desde 2007/08, um curso profissional de energias renováveis (solar térmico e fotovoltaico). Destinado a alunos com o 9ºano de escolaridade, ou equivalente, tem por objectivo formar técnicos qualificados, aptos a instalar e realizar a manutenção/reparação de sistemas solares térmicos

e sistemas fotovoltaicos e confere uma qualificação profissional de nível 3 (com equivalência ao 12º ano de escolaridade). Embora a missão principal seja a preparação dos alunos para a vida activa, o prosseguimento de estudos não é impossibilitado, se essa for a opção, no final dos 3 anos de formação. A formação nesta área, em crescente desenvolvimento, assume

uma componente essencialmente tecnológica e prática, não deixando de parte os conteúdos sócio-culturais. O plano de estudos, num total de 3100 horas, realizados no sistema modular, distribui-se por disciplinas técnicas (desenho técnico, práticas oficinais, organização industrial e tecnologias e processos), disciplinas científicas (matemática, física e química) e disciplinas de formação geral (português, língua estrangeira, tecnologias de informação e comunicação, área de integração e educação física). Inclui ainda um estágio realizado em contexto real de trabalho e uma prova de aptidão profissional onde os formandos defendem um projecto que reúna conhecimentos, teóricos e práticos, adquiridos ao longo dos 3 anos de formação. Em Julho do ano passado concluíram este curso os primeiros 18 alunos sendo positivo referir que 4 entraram no mundo do trabalho, em empresas do sector energético renovável (3 dos quais em empresas onde realizaram o seu estágio profissional) e 7 ingressaram num curso de especialização tecnológica (CET) de energias renováveis, prosseguindo assim os estudos dentro da área formativa. Este ano deverão sair formados mais 16 técnicos para os quais também se espera uma boa taxa de sucesso, seja ele medido pela colocação no mundo do trabalho ou ingresso no ensino superior. Os alunos encontram-se agora a realizar o estágio profissional, integrados em 8 empresas do sector e localizadas na região, com as quais a Escola estabeleceu protocolos de colaboração. Está patente na escola uma exposição de trabalhos produzidos pelos alunos das turmas de Energias Renováveis do 11º e 12º anos. As energias renováveis assumem-se como uma área promissora para a qual continua a haver incentivos de formação, em especial através do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH). É assim intenção da Escola continuar a proporcionar aos seus alunos a frequência deste curso para o qual se tem preparado e muito tem investido nos últimos anos. J


Entrevista03

WWW.ESTAJORNAL.COM

Pais do Amaral, depois de voltar a marcar presença no grupo Media Capital, fala sobre a sua relação com Abrantes e sobre a formação de jornalistas.

“Os jornais pagos têm a sua vida contada nas próximas duas gerações”

“Abrantes está cada vez mais no mapa” SOFIA SCHABOWSKI ESTA D 2º ANO

e é uma zona do país de que eu gosto muito, porque uma parte da minha vida é passada lá.” Quem o diz é Paes do Amaral, novo presidente não executivo da Media Capital, que passa boa parte do seu tempo em Abrantes, mais precisamente em Alferrarede, numa propriedade que herdou há cerca de 20 anos. Apesar de reconhecer que não frequenta muito o centro da cidade abrantina, Pais do Amaral tem uma opinião positiva acerca de Abrantes: “Gosto muito do património de Abrantes, é uma cidade muito bonita.” O homem forte da Media Capital diz que “é de louvar” o esforço que a autarquia tem feito, ao longo dos últimos 10 / 12 anos, “para manter o centro histórico em bom estado” e para “desenvolver a cidade e a região”. Por isso, diz que “os abrantinos devem estar orgulhosos”. Pais do Amaral lembra que, num passado relativamente recente, “Abrantes era uma cidade do interior, da qual não se falava muito”. Embora siga um “pouco de longe” o desenvolvimento do concelho, o empresário tem “notado que Abrantes está cada vez mais no mapa”. A propósito da existência de um curso de Comunicação Social em Abrantes, mais especificamente na ESTA, Pais do Amaral diz que o fundamental é que “as escolas tenham em conta o panorama da Comunicação Social”. Ou seja, “que tenham a preocupação de se dimensionar para que os seus alunos, quando acabarem os seus estudos, tenham procura”. Isto porque, na opinião do empresário, “existe uma certa desadequação entre a oferta universitária e dimensionamento correcto da oferta em Comunicação Social”. Em entrevista ao ESTAJornal, Pais do Amaral lembra que “o mundo dos Media está em mutação rápida”, e em “permanente evolução tecnológica”. Tendo em conta esta realidade, o presidente não executivo da Media Capital diz que “é preciso que os professores e que o programa de ensino dessas institutições universitárias tenham em conta este grande dinamismo, para não estarem a ensinar modelos ou sistemas que em pouco tempo poderão ficar obsoletos”. Pais do Amaral remata: “Parece-me muito importante que as pessoas que estão a transmitir conhecimentos estejam super-actualizadas porque as mutações sobre as quais está a passar o sector são muito rápidas e vão ter muito impacto sobre aquilo que os profissionais de comunicação vão fazer daqui a cinco, dez ou quinze anos.” Nas palavras de Pais do Amaral, a aliança entre as empresas de Comunicação Social e as instituições de ensino superior “só pode ser positiva”. Se as instituições universitárias estão a formar os seus alunos para o mercado de trabalho na área da Comunicação Social, “quanto mais intervenção das empresas de Comunicação houver” e “quanto maior for a ligação entre as instituições universitárias e as empresas, melhor será a adequação daquilo que as pessoas estão a estudar ao seu desempenho profissional futuro”. J

“VOU MUITO A ABRANTES

TERESA FRANCO ESTA D 2º ANO

POUCOS DIAS DEPOIS de assumir o cargo de presidente não executivo da Media Capital, Pais do Amaral deu uma entrevista ao ESTAJornal. Elogia os jornalistas nacionais, garantindo que “não temos nada a aprender” com outros países do Sul da Europa. Certo de que “os conteúdos online serão o futuro, de uma forma mais flexível e ágil”, o empresário avisa que os jornalistas portugueses terão que se adaptar a esta nova realidade.

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Em geral, o que pensa em relação ao trabalho que os Media portugueses têm vindo a desenvolver? Penso que (o que os Media) fazem cá está na mesma linha do resto que se faz na Europa. Eu conheço bastante bem os Media de Espanha e de França. Pelo menos em relação aos países a Sul da Europa, penso que não temos nada a aprender, seja em termos de rádio, televisão, imprensa ou internet. Fazemos tão bem ou melhor do que se faz no resto da Europa. Portanto, tenho uma visão positiva sobre os Media e sobre o que eles fazem. Tendo já morado em Nova Iorque, qual a comparação que faz entre o jornalismo norte-americano e o jornalismo português? Direccionando-me mais à imprensa, penso que a Comunicação Social dos países anglo-saxónicos (países onde a democracia é um regime mais maduro) é talvez um pouco mais institucional, um pouco mais séria. Nesses países há grandes instituições, jornais, que dificilmente se vêem noutros países. Como exemplo posso dar-lhe o New York Times e o Washington Post. São grandes referências da imprensa americana, que têm pertencido sempre às mesmas famílias e que têm mantido as mesmas linhas editoriais. Em Portugal, penso que o mais antigo seja o Diário de Notícias e já teve dez linhas editoriais. No antigo regime era o jornal do regime, depois da revolução passou a ser o jornal da revolução, depois quando o Governo era socialista era um jornal socialista, quando o Governo era PSD era um jornal democrata. Isto só para dar um exemplo... As maiores instituições americanas têm a mesma linha editorial há décadas, enquanto que o DN tem andado aos zig-zags ao longo de 40 anos. É isso que marca a diferença entre Portugal e outros países.

FOTOGRAFIA JOÃO CALRETAS

L Futuro. Para Pais do Amaral passa pela Internet e pelo multimedia Visto que todos os dias surgem novas plataformas de comunicação que poderão fazer concorrência ao panorama televisivo, qual pensa que será o futuro do jornalismo? O futuro passa pela Internet e pelo multimédia, como é obvio. A Internet é o grande meio do futuro e já está, até certo ponto, a condicionar muito a imprensa. Eu sou daqueles que partilha da opinião de que os jornais pagos têm a sua vida contada nas próximas duas gerações. E a Internet está a alterar a forma como se ouve rádio, pois podemos ouvir online. O mesmo se passa com a televisão. Eu penso que os conteúdos online serão o futuro, de uma forma mais flexível e ágil. E os jornalistas terão de se habituar a isso. Recentemente, quando foi eleito

presidente não-executivo da Media Capital, disse ter expectativas para a TVI num futuro próximo. Quais são? A TVI está numa situação muito boa, continua a estar destacada como líder de audiências e eu penso que existe também o compromisso dos accionistas e do Conselho de Administração para que assuma também a liderança na informação, que é uma área que não tem conseguido liderar. O que o fez voltar agora ao mundo da Comunicação? Fui convidado pelos accionistas da Media Capital e achei que era uma boa altura para eu voltar. É um sector que eu conheço bem, uma empresa que conheço bem, tanto como os accionistas, e achei que poderia contribuir para o seu desenvolvimento. J


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Destaque

NATURAL DE ABRANTES, o Tenente-coronel de Infantaria José Amaral Lopes, de 46 anos, frequentou os cursos de Infantaria na Academia Militar e de Estado Maior no Instituto de Altos Estudos Militares. Militar há 28 anos, foi docente de Estratégia no Instituto de Estudos Superiores Militares e coordenador Administrativo logístico da Presidência Portuguesa da União Europeia na área da defesa. Actualmente comanda uma força nacional no Kosovo, o Segundo Batalhão de Infantaria Mecanizado (2ºBIMec).

MAIO 2011

ESTA JORNAL

“Sou um comandante orgulhoso dos militares que comando” FOTOGRAFIA JULIANA MADEIRA

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JULIANA MADEIRA ESTA D 2.º ANO

Sendo esta a sua primeira missão como comandante de batalhão, que balanço faz? Creio que está a correr bastante bem. Eu sou um comandante orgulhoso dos militares que comando. Não gosto daquilo que é o auto-elogio, mas tenho consciência daquele que é o trabalho do meu contingente, que é de enorme qualidade. Já fomos objecto de uma auditoria por parte da Inspecção Geral do Exército, na qual a nossa cotação foi excelente em 90% dos itens. O trabalho tem exigido uma maior carga horária aos seus militares? Sem dúvida alguma. Mas os militares sabem bem as características destas missões, sabem que aqui não desempenham apenas aquilo que é a sua especialidade. Reconheço que nas primeiras três semanas muito foi exigido ao meu contingente, mas todos eles foram generosos. É difícil comandar um batalhão? Não digo que é difícil, mas não é fácil. Um comandante tem de estar bem consciente das suas decisões e daquilo que elas implicam. Por vezes é a vida dos nossos militares que pode estar em causa. Tenho o aconselhamento do Estado Maior, mas a decisão tenho de a tomar sozinho. E todas as decisões têm vantagens e inconveniências. Como diz um comandante um “sim” sabendo que este pode implicar a vida de um militar? Faz-se uma análise dos prós e dos contras. É sempre um risco, mas os militares sabem isso, não escondemos os riscos das missões. Qual foi a sua maior dificuldade aqui no Kosovo? Tinha algum receio quanto ao relacionamento com o contingente Húngaro, quanto à sua cultura, aos seus processos de decisão e às suas escolhas. Mas à medida que o tempo foi passando, aquilo que eram algumas dúvidas e preocupações foram-se desvanecendo. A vida num espaço restrito, como é este campo, leva a que existam cedências e um pouco mais de compreensão em relação a alguns comportamentos? Deve existir um equilíbrio entre aquela que tem de ser a nossa postura e a gestão do espaço que o militar também deve ter. Gostava que os meus militares pudessem sair um pouco mais, mas não é possível e isso é algo que eles devem ter consciência. Num ambiente operacional, como é este aqui no Kosovo, os militares estão preparados para lidar com a morte de um parceiro? Estamos a falar de uma situação difícil. Não tenho dúvidas de que é algo que condiciona uma força. Mas o facto de nós estarmos consciencializados de que podem exis-

L Futuro. Tenente-Coronel José Amaral Lopes vê vantagens na continuação da força portuguesa no Kosovo tir situações dessas, leva-nos a que possamos ter um conjunto de respostas e instrumentos que possam minimizar os danos. Os militares têm acompanhamento psicológico nesta missão? Não temos uma psicóloga que nos acompanhe os seis meses de missão, não, mas isso não obsta que possamos identificar alguns problemas e basta fazer um telefonema para os resolver. Como vê a preparação realizada em Portugal? Estão preparados. Acho que o programa de treino que nós fizemos corresponde àquelas que são as principais tarefas que aqui desempenhamos.

Adoptou uma postura de chefe ou de companheiro com o seu batalhão? O ideal é existir um equilíbrio entre elas, porque ambas são necessárias e ambas têm de existir. Disse aos militares, no inicio das suas funções como comandante de batalhão, para se sentirem felizes por pertencerem ao 2º BIMec. Após este período, como vê e sente os seus militares? Pedi para encararem o dia de trabalho como um dia de felicidade. Poder estar aqui a trabalhar com países completamente diferentes, e trocar experiências com os mesmos, é uma boa oportunidade e uma experiência de vida.

A sua função é dar orientações e tomar decisões ou a situação no terreno obriga-o a repensar a sua forma de comando? Eu tenho a perfeita consciência que tenho um Estado Maior e comandantes de companhia de grande qualidade, de modo que não tenho razões para não confiar nos meus militares. Quando entendo que há correcções que devem ser feitas, faço as correcções e introduzem-se as alterações, mas isso faz parte do meu trabalho e não está de nenhuma forma relacionado com falta de confiança no batalhão. Portugal está representado nesta missão com viaturas como a chaimite, ou a de transporte de com-

bustíveis, e ainda, armas dos anos 60. Do outro lado temos moderno equipamento de controlo de tumultos (CRC) e soldados muito bons. A visão que a KFOR tem de Portugal é a de bons militares com equipamentos velhos? Não, mas também não vou negar um ou outro aspecto que é evidente. As viaturas Chaimite, essas estão em fim de vida e o exército e o governo têm consciência disso. Quanto ao armamento também é verdade, estamos a falar por exemplo das G3 que são da década de 60, e estamos em 2011, mas não tenho muito mais a dizer, são aspectos que são do conhecimento do exército e do poder político e não sei até que ponto há possibilidade de substituir esse tipo de equipamento. Mas os materiais estão eficientes e operacionais. Estes equipamentos são muito caros e não podemos ter uma renovação sistemática. A crise económica nacional levou a que existam alterações nos vencimentos dos militares? Fazemos parte da população Portuguesa e por isso temos de fazer alguns sacrifícios tais como os outros. E, na situação em que o país está, é natural que nós estejamos presentes nas mesmas restrições que se impõem a toda a sociedade. No futuro, e tendo em conta a situação económica do país, justificase a continuação do envio de tropas portuguesas para o Kosovo? É uma decisão política. Mas faz todo o sentido que Portugal se mantenha por cá. Há até uma justificação de natureza económica: a partir do momento em este campo passou a integrar uma força internacional, passou a dar lucro, gere uma receita ainda apreciável, que ao fim dos seis meses de missão serve praticamente para pagar o investimento feito por Portugal com a sua aquisição. J

Portugueses instruem outras nações JULIANA MADEIRA ESTA D ABRANTES

DESTACADOS em missão de paz há quase dois meses no Kosovo, militares portugueses, pertencentes ao 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado (BIMec), dão acções de formação sobre tácticas, técnicas e procedimentos em controlo de tumultos a contingentes de outras nacionalidades que se encontram no teatro de operações do Kosovo. Segundo o tenente-coronel Amaral Lopes, comandante desta força nacional destacada, “estas acções de formação que temos vindo a desempenhar foram uma proposta nossa que decorreu de uma conversa informal. Oferecemos, assim, aquilo que é o nosso saber e convidamos alguns contingentes a vir aqui

aprender”. Americanos, polacos e gregos foram as forças militares que receberam instruções portuguesas na área de controlo de tumultos, matéria que o exército Português parece dominar: “De facto, nós nessa área estamos um pouco mais desenvolvidos e temos um pouco mais de conhecimento. O exército americano, por exemplo, no seu país não treina este tipo de tarefas e depois, quando as unidades são para aqui destacadas, acabam por ter algumas lacunas neste âmbito. Mesmo o equipamento deles não permite fazer face a todas as áreas específicas no controlo de tumultos, como por exemplo a falta de protecção no pescoço.” As instruções foram divididas em duas fases, correspondendo uma à parte teórica e outra à prática. Capitão Estrela, comandante da companhia Bravo e administrador destas

acções de formação, explica: “De manhã, apresentavam-se as tácticas, técnicas e procedimentos que nós usamos no controlo de tumultos, e de tarde aplicavam-se estas mesmas técnicas nas aulas práticas”. Duarte Correia, Rui Santos e Jorge Bessa são os tenentes encarregues de fazer chegar o ensinamento das aulas práticas às forças internacionais que no quartel se apresentam para aprender. Cada um é instrutor de um contingente e, através da língua inglesa, ensinam aquilo que melhor sabem. No que toca a méritos, o Capitão Estrela crê que estes não podem ser vistos de uma forma individualizada, pois, “apesar de serem alguns militares do 2º BIMec a dar estas acções de formação, nós temos de pensar que temos uma bandeira no ombro e que estamos a representar Portugal.” J


Economia 05

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Jogos da Santa Casa. Situação difícil não impede os portugueses de sonhar

“Se não fossem os jogos, não sei como seria” ANA ISABEL SILVA ESTA D 2º ANO

Como é que funciona o regulamento dos Jogos? Com a Santa Casa não temos grande hipótese. Nem nós, nem ninguém. A Santa Casa manda e nós cumprimos. O que dizem é que os agentes têm que ter todos os jogos, então nós temos todos. Ponto final. Neste momento tudo se pode comprar e vender na máquina. A raspadinha é uma coisa que se vende bem. E não há excedentes. Todo o material que nos mandam, mesmo em termos de exposição, não é uma imposição, mas não temos grandes hipóteses de negar. Todos os agentes têm uma comissão do serviço que prestam. Apesar da situação económica do país, a população abrantina continua a jogar nos jogos da Santa Casa?

L Prémio. Com os prémios mais altos em jogo a afluência de apostas aumenta

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HÁ 40 ANOS que a papelaria Havaneza, no Centro Histórico de Abrantes, tem os jogos da Santa Casa. Ana Isabel Godinho, de 40 anos, descreve a situação actual da papelaria da família. A comerciante considera que os jogos da Santa Casa se tornaram “efectivamente” uma “mais-valia” para o seu negócio. Voltou para Abrantes há cinco anos para ajudar o pai no negócio e, sentada na cadeira, rodeada de canetas e lápis, fala ao ESTAJornal das dificuldades sentidas face à situação económica do país.

FOTOGRAFIA JOANA FERREIRA

Crise não impede apostas APESAR DAS MEDIDAS de austeridade, milhares de portugueses continuam a tentar a sua sorte. “Pode ser que saia desta vez”, desabafa umas das muitas apostadoras que se encontra na fila da papelaria Havaneza. No primeiro dia em que vigora o novo modelo do Euromilhões, Ana Godinho, uma das proprietárias da loja, explica que este é um dia de movimento atípico: “o prémio é elevado, a esperança também au-

menta”. O boletim passa pela máquina registando os números escolhidos por Maria Aurora, de 40 anos: “Algum dia vai ser o meu”, diz esperançosa. Apesar do seu ordenado mínimo, diz que não deixa de “apostar 2€ por semana no Euromilhões”. Com o jornal desportivo debaixo do braço, José Costa, 57 anos, defende: “Se guardassem esses dois euros por semana, ao fim de um ano teriam um dinheiro jeitoso”.J

População de Abrantes comenta resgate financeiro

FMI em Portugal

“Ninguém dá nada a ninguém” JOANA FERREIRA ESTA D 2º ANO

O FUNDO Monetário Internacional chegou a Portugal no passado dia 12 de Abril. Apesar da situação actual em que se encontra o país, muitos abrantinos, à semelhança do resto dos portugueses, ainda não sabem em concreto do que se trata o FMI, uma organização internacional que pretende assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial, criado em 1945 com quarenta e cinco países representados. Adelina Beirão, de Abrantes, setenta anos, reformada há cinco, tem noção de como se encon-

tra o país, no entanto não sabe propriamente o que implica este fundo. “Não sei o que é o FMI, mas as pessoas que sabem dizem que não os devíamos ter cá.” Afirma que não se deve pedir dinheiro emprestado a ninguém: “Estão a pedir milhões de dinheiro emprestado”, portanto, “na minha intuição não presta.” Mas há quem afirme conhecer bem todas as questões relacionadas com o FMI. António Raimundo, também reformado e também ele de setenta anos, diz saber do que se trata o FMI, afirmando que o país não está assim tão mal, como muita gente diz, mas que também não está bom de todo. “O FMI vem fiscalizar os podres que aí há, vem trazer algum dinheiro

que faz falta, vem controlar, vem governar, já que os nossos não são capazes vêm eles governar isto.” Também João Duarte, desempregado, 52 anos, não deixa escapar questões relacionadas com o fundo monetário internacional. “Eles vêm analisar o estado das finanças portuguesas, mas em princípio eles vêm-nos ajudar, mas vão-nos enterrar ainda mais. Eles vão emprestar 50 depois vêm buscar 500. É como passar um pano por onde já está sujo e o pano nunca lá chegou a passar.” João Duarte reforçou ainda que “Ele vem pôr a gente ainda pior que ao que está. Ninguém dá nada a ninguém.” A geração mais nova de Abrantes também está a par do estado

Sim, continuam a jogar como toda a gente. É daquelas coisas... as pessoas têm sempre a tendência para procurar alguma coisa que lhes dê algum tipo de esperança. E os jogos são a hipótese de vir alguma coisa, de aparecer alguma coisa. A hipótese está sempre lá. Portanto, jogase como se joga noutras partes do país. Se por acaso há em Abrantes menos [negócio], tem a ver com o facto de as pessoas não virem tanto à cidade. Sentiu uma quebra de 2010 para 2011? Claro, sentiu-se. Mas isto é cíclico, numa semana joga-se menos, porque são “só” quinze milhões [de euros em jogo], depois começa a crescer. Quando começa a haver mais dinheiro a tendência da pessoa lá vai. “Pode ser que sim”, então lá aposta mais um bocado e aí a coisa já cresce mais um bocadinho. Depois, de repente, sai [o prémio] e volta-se outra vez a apostar menos. Mas há uma quebra, como há em tudo o resto. Há uma quebra nos jogos, se calhar menos acentuada do que em tudo o resto. Mas há uma quebra, como há nos jornais, nas revistas ou no material de papelaria. Pensa que se não tivesse os jogos da Santa Casa, o seu negócio estaria onde está, economicamente? Provavelmente já não estava. Porque as coisas têm vindo por aí abaixo, se calhar já tinha repensado tudo isto. Porque há muitas situações em que uma pessoa tem que pensar: “estou a trabalhar, mas aquilo que estou a fazer dá para tudo ou estou a trabalhar só para aquecer?” É que até pode dar, mas se for mesmo só para aquecer, não se está a fazer nada, então mais vale estar quieto. Por isso, se não fossem efectivamente os jogos, que são neste momento uma mais-valia, não sei como seria. Os jogos da santa casa são, portanto, uma ajuda para lidar melhor com a crise? Claro! Qualquer um que entre na loja para vir pôr o Euromilhões ou o Totoloto, comprar uma raspadinha, ou o que for, tem muito mais hipótese de vir comprar mais qualquer coisa. J

em que Portugal chegou. Muitos daqueles que fazem parte dessa geração temem um futuro menos risonho em muitos aspectos, principalmente no aspecto profissional. João Artur Silva, 19 anos, estudante universitário, afirma que “a intervenção do FMI pode ir desde tentativas de nova orçamentação para reduzir a dívida e, se necessário, injectar dinheiro. Depois esse dinheiro tem que ser pago por nós. E aí haverá medidas rígidas para garantir o pagamento no prazo devido.” Já Ana Rita Constantino, de apenas 13 anos, pouco sabe sobre o FMI, mas sabe que o país está em crise e desabafa: “É desmotivante ter assim o país”. J

A VINDA do FMI não é uma novidade para Portugal, pois nos últimos trinta anos já o recebeu três vezes. 1979 foi o primeiro ano em que foi necessária a ajuda do Fundo Monetário. A segunda vez foi em 1983. Teresa Ter-Minassian, formada em Direito pela Universidade de Roma e em economia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, liderou, nessa altura, a equipa do FMI em Portugal. Jurgen Kroger (Comissão Europeia), Rasmus Ruffer (Banco Central Europeu) e Poul Thomsen (FMI) foram as três figuras que, desta vez, negociaram com o estado português o resgate financeiro. O pacote de ajuda internacional foi fixado nos 78 mil milhões de euros e será disponibilizado em várias tranches a partir de Junho. Deste bolo, o FMI emprestará cerca de 20 800 milhões de euros. J


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Eucação

EPDRA Diversidade, qualidade e bons resultados na empregabilidade dos alunos são alguns dos segredos deste projecto educativo

A escola que mais parece um campo de férias

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ESTA JORNAL

'Muito Bom' na avaliação MANUEL ANTÓNIO ESTA D 2º ANO

MANUEL ANTÓNIO ESTA D 2º ANO

L Natureza. Localização privilegiada da escola é um dos principais atractivos para os alunos muito conhecimento que não se pode perder. Se não, corremos o risco de em duas ou três gerações perdermos o saber da terra”, diz Paulo Vicente. Na herdade há muitas espécies frutíferas e, dentro de cada espécie, as diversas variedades. Mas também têm pinheiro manso, olival, vinha, horticultura e muita forragem para animais. Na EPDRA há 78 cavalos, sendo a maior parte dos próprios alunos. Bem no meio da herdade está a Pousada e o internato feminino. “Tínhamos o projecto que seria recuperar a Pousada, melhorar alguns aspectos para podermos integrar nas rotas do turismo. Vamos ter que adiar ou recorrer a outros programas ou concursos”, diz João Quinas, director da EPDRA. As dificuldades também se fazem sentir nesta Escola. Por essa razão, o pavilhão para recolha de produ-

tos agrícolas tradicionais da escola e da região vai ser adiado. Este equipamento será fundamental para recolher, embalar, acrescentar valor e colocar produtos no mercado. A intenção da recuperar o lagar continua em projecto. João Quinas assegura: “Queremos produzir azeite, vinho e um alambique. Porque o lagar tem uma arquitectura engraçada e, naquela envolvente, se o projecto for aprovado faremos uma cafetaria e um restaurante. Ou seja, gastronomia, ligado à temática do azeite. Tudo a funcionar, tudo para ser utilizado na formação. Para ficarem a conhecer os processos tradicionais de produção. Já produzimos vinho e estamos a aumentar a nossa capacidade de produção. Queremos fazer uma adega a funcionar num espaço antigo mas recorrendo às novas tecnologias”.J

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QUANDO chegamos à Herdade da Murteira, encontramos um lugar em que reina a tranquilidade. Uma vista espantosa, uma lagoa grande onde há barcos de recreio, uma pousada de onde se vislumbram cavalos, vacas, ovelhas e cabras. Pensamos estar a entrar numa qualquer Quinta de Turismo Rural. Foi esse contacto com a natureza que serviu de chamamento e que trouxe a Abrantes, Rui Barros, de 20 anos, de Castelo de Vide, e Diana Félix, 16 anos, de Alvega. Actualmente são estudantes de Turismo na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA). “A escola é fixe, mas o contacto com a natureza… é muito bom”, dizem. Paulo Vicente, adjunto do Director, lecciona na EPDRA há 15 anos. Vai-nos mostrando a Herdade, que pertence à Câmara Municipal de Abrantes: “Aqui é a continuação da Escola, que arrancou há 21 anos com o professor José Abreu, ainda no então chamado Liceu” (actual Escola Dr. Manuel Fernandes). Ao longe vêem-se as estufas com 1000 m2 para assegurar a produção fora de época e para “alimentar” o projecto Prove (venda de produtos agrícolas directamente à população). Na produção agrícola, a EPDRA tenta limitar ao máximo a aplicação de produtos químicos. Produz estrume, porque tem muitos animais, e a vermicompostagem (produção de composto a partir de minhocas) é um outro projecto, desenvolvido nesta Escola, também fruto de uma parceria. São os alunos que, sempre que possível, asseguram os trabalhos. “Mexer nos tractores, alfaias, toda a parte prática é essencial. Esta escola tem que ser um repositório de

FOTOGRAFIA MANUEL ANTÓNIO

FOI A 9 E 10 de Fevereiro de 2011 que chegaram, à Herdade da Murteira, três avaliadoras do Ministério da educação: “Espera-se que o processo de avaliação externa fomente a auto-avaliação e resulte numa oportunidade de melhoria para a Escola, constituindo este relatório um instrumento de reflexão e de debate”, são os objectivos apresentados pelo Ministério para tais avaliações. A EPDRA recebeu a classificação de “Muito Bom”, ao nível de Resultados, na Organização e gestão escolar e Liderança, tendo ainda sendo distinguida com a classificação de “Bom” na Prestação do serviço educativo e capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola. Do exaustivo e fundamentado relatório, poderá perceber-se o que foi decisivo para este excelente resultado a nível nacional. Entre outros aspectos positivos, o relatório evidencia “as elevadas taxas de conclusão, nos últimos três ciclos formativos, registando-se uma progressão relativamente ao triénio anterior” e a “multiplicidade de iniciativas que cultivam nos alunos o espírito de solidariedade e o sentido da partilha, fomentando a sua participação na actividade educativa”. Ao nível pedagógico, a avaliação salientou o facto de a EPDRA desenvolver “práticas de articulação intra e interdepartamental” e uma “gestão conjunta e articulada dos programas, no sentido de encontrar estratégias com vista à superação de dificuldades diagnosticadas nos alunos”. Ainda neste contexto, foi valorizada a “criação de instrumentos de avaliação e de guiões para a elaboração dos trabalhos escritos finais, uniformizados em termos de estrutura, assegurando critérios e procedimentos comuns”. Quanto à oferta educativa da EPDRA, o relatório sublinha a diversidade e a qualidade, “traduzida na disponibilidade das empresas para acolherem os alunos da escola no âmbito da Formação em Contexto de Trabalho”. Considerando que se trata de ensino profissional, os inspectores que avaliaram a escola enalteceram “os melhoramentos introduzidos, proporcionando excelentes condições para uma formação e qualificação em contexto real de trabalho”. O estilo de liderança do Director, a abertura à inovação, na área das tecnologias de informação e comunicação, a abertura ao meio socioeconómico e cultural e o envolvimento em projectos de âmbito local são outros dos aspectos que contribuíram para a avaliação de “Muito Bom”.J

João Quinas, director da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA)

“O ensino profissional tem hoje um papel de relevo” MANUEL ANTÓNIO ESTA D 2º ANO OS EXCELENTES resultados conseguidos na avaliação externa feita pelo Ministério da Educação à Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA), na Herdade da Murteira, nas Mouriscas, são “o reflexo do trabalho de equipa”. Em entrevista ao ESTAJornal, João Quinas, director da escola, fala deste projecto, que pretende, antes de mais, “dar resposta adequada” aos alunos, indo ao encontro das suas expectativas.

Na Avaliação Externa das Escolas, realizado pelo Ministério da Educação, a EPDRA alcançou uma boa classificação. A que se deve tal reconhecimento? Penso que é reflexo do trabalho de equipa, realizado por um conjunto de pessoas que, de uma forma empenhada e dedicada, têm dado o seu melhor a esta instituição. Fomos capazes de dinamizar um projecto, em que acreditamos, conseguindo criar uma cultura de escola, que se tem reflectido de forma bastante positiva em toda a comunidade educativa. Já têm todas as condições para concretizarem esses objectivos,

L João Quinas

ou ainda faltam alguns elementos importantes para conseguirem melhores resultados? Um dos nossos objectivos é dar resposta adequada às solicitações dos nossos alunos e ir ao encontro das suas expectativas. Numa sociedade em permanente transformação, cabe à escola e, neste caso, ao ensino profissional, um papel fundamental. Pois é pedido que, por antecipação, promova as respostas mais adequadas ao futuro daqueles que em nós confiam e depositam muita esperança. Somos uma escola que trabalha para a integração dos jovens no mercado de

trabalho e, para tal, deverão estar preparados e capazes de enfrentar os novos desafios da sociedade. Têm dados sobre a empregabilidade dos alunos? Criámos na Escola um observatório de empregabilidade onde temos dados sobre os alunos dos últimos 10 anos e os resultados são bons. Quais os protocolos com escolas ou países estrangeiros ou lusófonos? Temos protocolos de cooperação com S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde e escolas Francesas da região de Auvergne, em especial Yssengeaux. É nosso objectivo reforçar estas parcerias e celebrar outras que se considerem interessantes. Há algum estigma por ser um ensino profissional? Não sentimos isso. O ensino profissional tem hoje um papel de relevo na sociedade portuguesa e na Europa.J


Sociedade 07

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O F’ESTA, Festival de Tunas de Abrantes

“Para o ano vou voltar” FOTOGRAFIA JULIANA MADEIRA

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JOANA ANTUNES ESTA D 2.ºANO

Ainda não eram sete horas da tarde e já estavam a começar a chegar as tunas visitantes para o XII F’ESTA, o Festival de Tunas Mistas levado a cabo pela ESTATuna. Entre elas encontravam-se a Real Tuna Infantina, da Universidade do Algarve, a Tum’Acanénica, da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, a Tuna Iscalina, do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, a Tuna Vicentuna, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O F’ESTA contou também com a participação extraconcurso da centenária Tuna do Liceu de Évora. No passado dia 29 de Abril, todas as Tunas visitantes ficaram ao cargo de dois guias, alunos da ESTA que cuidariam da Tuna, ficando com a responsabilidade de estas não se perderem ou chegarem tarde aos locais combinados. O primeiro dia do F’ESTA era para começar com as Serenatas, na Igreja de São Vicente, mas o mau tempo não o permitiu. A festa continuou então no Arraial, na Antiga Rodoviária,

com um DJ convidado a animar a comunidade universitária. Ana Rita Matias, de 21 anos, está no 1º ano de Comunicação Social da ESTA. Foi a primeira vez que assistiu ao F’ESTA: “Achei que o ambiente estava bastante agradável. Vi que todas as tunas e outros convidados foram muito bem recebidos. Fiquei também satisfeita por não ter havido conflitos e estava tudo muito bem organizado.” Como demonstração da sua satisfação, Ana Rita Matias já confirmou a sua presença no próximo F’ESTA: “Acho que como Abrantes é um sítio pequeno, e se não aderirmos às festas e procurarmos divertirmo-nos, também não estamos a contribuir para que isto melhore. E acho que tem tudo para correr bem e continuar muitas mais vezes.”. “Foi um fim-de-semana muito agradável. Nunca vi um festival de tunas e acho que a nossa tuna portou-se muito bem.” – defendeu Soraia Afonso, de 22 anos, aluna do curso de Vídeo e Cinema Documental (VCD) da ESTA. Foi a primeira vez que esteve presente durante o F’ESTA e diz que foi uma experiência muito boa porque todos demonstraram o melhor que podiam fazer. “Para o ano vou voltar, sem dúvida. Porque as Tunas

L Tuna Iscalina. A boa disposição marcou presença entre todas as Tunas participantes no evento começaram a fascinar-me desde que entrei para a faculdade.” Foi ao som do hino da ESTATuna que a noite no Cine-Teatro de São Pedro terminou, embora o F’ESTA continuasse noite fora na Cervejaria do Aquapólis. “Notava-se que as pessoas já estavam mais cansadas quando estive no Aquapólis. Sinceramente estava à espera de ver mais gente mas mesmo assim, senti um ambiente agradável.” O comentário é de Fábio Barros, 18 anos, aluno do 1º ano de Comunicação Social da ESTA. Participou pela primeira vez no F’ESTA, e achou que estava muito bem organizado, mas também que havia capacidade para fazer um trabalho melhor. “Aspecto negativo? Talvez a organização do F’ESTA, não sabíamos bem a que horas e em que

lugar é que iam ser os eventos e isso fazia com que as pessoas se separassem muito e não estivessem todas no mesmo sítio.” Para Tiago Costa, aluno do 2º ano de VCD da ESTA, o F’ESTA não foi apenas mais um Festival de Tunas, foi aquele em que conseguiu finalmente passar de Chospra (caloiro da Tuna) para Tuno, ou mais precisamente Tuno Mais Novo (TMN). “O ano passado já tinha participado no F’ESTA, mas foi como Chospra, agora foi como Tuno. Já é diferente.” Manifestando alguma dificuldade em descrever o fim-de-semana, acaba por dizer: “A primeira sensação foi de euforia, euforia ao máximo, até comecei a brincar com os outros Chospras.” Tiago Costa sabe que tornar-se Tuno apenas aumentou as suas responsabilida-

des para com a sua Tuna, mas não consegue deixar de sentir satisfação ao ter conseguido chegar tão longe. Não consegue definir qual foi o melhor dia, “o F’ESTA em si foi o melhor dia.”. Aproveitou também o F’ESTA para conhecer alunos de outras Tunas e até chegar mesmo a travar amizades. A grande vencedora da noite foi a Real Tuna Infantina com mais de quatro prémios, entre eles: “Melhor Instrumental”, “Melhor Solista”, “Tuna mais Tuna”, “Prémio Festival da Canção” e “Melhor Tuna”. Seguiu-se então a Tuna Vicentuna com três prémios: “Melhor Porta-Estandarte”, “Melhor Pandeireta” e a “Tuna do Público”. Finalmente a Tum’Acanénica arrecadou prémio, “Melhor Serenata”. J

PIEF Fundos recolhidos em espectáculo de solidariedade revertem a favor de uma instituição abrantina

“A sensação de ajudar alguém é boa”

FOTOGRAFIA JULIANA MADEIRA

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JULIANA MADEIRA ESTA D 2.º ANO

Ao som da música que saía de uma pequena aparelhagem, os professores treinavam alguns passos de dança que iriam apresentar no espectáculo. Os alunos espalhavamse pela rua que fica em frente ao Cine-Teatro São Pedro, em Abrantes. A dançar, a conversar ou, ainda, a comer pizza do jantar, reuníam-se todos em convívio num clima de festa e alegria. Concentrado, Filipe fazia malabarismos com fogo, que dava luz à noite que estava a surgir. Na noite de 13 de Maio preparavase o espectáculo de solidariedade “POP STAR”. O Filipe tem 17 anos e foi expulso do ensino regular devido ao excesso de faltas. Michael Jackson, Bob Marley e D’ZRT foram as músicas que dançou no espectáculo que, segundo ele, demorou três semanas a preparar os ensaios. “Percebi que este espectáculo é importante

para outras pessoas, sinto-me feliz por ajudar.” O espectáculo surgiu no âmbito do PIEF Voluntário, um projecto desenvolvido pelas duas turmas do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) existentes na Escola Dr. Manuel Fernandes, de Abrantes. O objectivo foi o de comemorar o Ano Europeu do Voluntariado e Cidadania Activa 2011. Introduzir um sentimento solidário e, ao mesmo tempo, incutir um sentimento de responsabilidade foram alguns dos objectivos deste projecto. Susana Pires, professora, 36 anos, explica que foi necessária alguma calma e compreensão por parte dos docentes: “Houve dias em que as coisas correram melhor e outros em que correram pior. Mas, de uma forma geral, apesar de muitas vezes só quererem fazer aquilo que mais lhes interessa, eles empenharam-se.” Com o envolvimento neste projecto, os alunos aprenderam o significado da palavra ‘empenho’. Mavilde Lopes, que vestiu

o papel de Madonna, conclui: “Eu aprendo melhor com este tipo de actividades porque são mais divertidas”, mas “a elaboração do projecto foi um bocado difícil, custou muito.” Chega a noite e as portas do CineTeatro abrem-se, algumas pessoas começam a entrar e espalham-se pela sala. Para além do projecto “POP STAR”, a encenação produzida pelos alunos PIEF, a noite foi preenchida também por artistas locais, que abriram o espectáculo. Entre os artistas da região encontrava-se Salomé Silveira, concorrente do programa televisivo “Uma canção para ti” e convidada especial do alunos PIEF. A noite termina então com o leilão dos quadros das três categorias vencedoras de um concurso de pintura nacional. A venda dos quadros rendeu 120 euros que, juntamente com o valor das entradas para o espectáculo, foram entregues à Associação Vida Cruzadas, Associação de Desenvol-

L Objectivo. Alunos aprendem significado da palavra empenho. vimento Pessoal e Comunitário do Tramagal. Esta instituição foi sorteada entre todas as instituições de solidariedade de Abrantes, cumprindo-se, assim, o objectivo desta iniciativa: ajudar. Depois destas actividades rela-

cionadas com cidadania, ajuda, voluntariado e solidariedade, Gonçalo Magalhães, 16 anos, que reconhecia ter aprendido a trabalhar em grupo: “Aprendi que devemos ajudar os outros e a sensação de ajudar alguém é boa.” J


08

Sociedade

UM DIA NA CONSERVATÓRIA DO BARREIRO O Simplex 2006 veio mudar a vida de quem trabalha no universo da identidade e da singularidade. São profissionais que desempenham diferentes papéis: “Nós aqui servimos de tudo: de padre, psicólogo, de mãe, pai, de confessores, de tudo.”

MAIO 2011

Alice

no “país” do registo civil SOFIA SCHABOWSKI ESTA D 2.º ANO

AINDA NÃO SÃO 10 HORAS e Alice Pires, oficial de Registo da Conservatória do Barreiro, já registou dois óbitos. De seguida chega mais um agente funerário e mais outro. Cumprimentam-se. Colegas de profissão, falam descontraidamente enquanto Alice continua a registar óbitos. Faz parte da rotina, já todos se conhecem. O Sr. António vai lá todos os dias. “Às vezes chegamos a registar 10 óbitos ou mais; outras não registamos nada.” Apesar dos seus 14 anos de Registo Civil, Alice, de 49 anos, confessa que ainda lhe custa fazer os óbitos. “Principalmente quando são crianças e jovens, não me consigo afastar completamente dessa realidade.” Fátima André colega de trabalho, acrescenta: “Faz parte do trabalho e, como estamos apenas a lidar com papéis, é mais fácil”. Na teoria, um dia normal na Conservatória do Barreiro, para um(a) oficial de Registo, começa às 9h00 e acaba às 17h00, com intervalo de uma hora para almoço. Na prática,

nem sempre é assim. Antigamente, para além do Conservador, havia o ajudante principal, primeiro e segundo ajudantes, escriturário superior e escriturário. Hoje em dia, todos são oficiais de registo. Todos fazem de tudo. Desde atender ao balcão, fazer registo de nascimentos, divórcios, óbitos, habilitações de heranças, registo automóvel e predial, ou a parte da contabilidade ou nacionalidades. Enquanto houver pessoas para atender, larga-se o que se está a fazer, sejam averbamentos ou habilitações. E não se abandona o local de trabalho até os utentes serem todos atendidos, embora já sejam 13h30 e a fome já aperte. Desde a implementação, em 2006, do SIRIC (Sistema Integrado do Registo e Identificação Civil) - aplicação informática que permite lavrar os registos em suporte digital em substituição do papel, de uma forma muito mais fácil, rápida, eficaz e cómoda - a vida na Conservatória mudou para muito melhor. “Isto está tão diferente, tão diferente, que não tem nada a ver”, comenta Fátima André, de 54 anos, que está nesta profissão desde 1974 e que, por isso, viu o serviço crescer

Ásia

a olhos vistos. “Quando eu entrei usava-se papel selado, selos nas certidões e era tudo feito em papel. Uma vírgula ou um ponto final assumia uma importância muito grande porque era tudo manuscrito, tudo feito à mão, não havia computadores.” Fazendo uma breve viagem à evolução do serviço, Fátima admite que o Simplex 2006 veio mudar a vida de quem trabalha neste universo da identidade e da singularidade: “Foi uma grande mudança. Agora introduzimos determinados dados no computador e ele praticamente faz tudo sozinho: responde, tem uma sequência lógica de trabalho. É mais fácil.” Fátima explica ainda que esta mudança e os progressos tecnológicos vieram mudar “completamente o conteúdo do Registo Civil”. “Enquanto o Registo Civil era muito específico e burocrático, agora, a meu ver, assumiu uma grande simplicidade.” Saíamos da mesa 18, onde Fátima tratava do departamento das nacionalidades, e para lá do balcão mais pessoas iam entrando. Pais com os seus filhos que, pela primeira vez, faziam o cartão do cidadão (todas as tentativas eram

Agnelo Aixa

Amora

“ ”

Conhecemos o mundo sem ter que sair destas quatro paredes

“Gosto do que faço…Quando concorri para este serviço escolhi-o porque era o que se identificava mais comigo: falar com as pessoas, ouvi-las e poder ajudá-las.” Cada pessoa é uma pessoa e cada caso é um caso e, no Registo Civil, o utente é sempre a prioridade. Todos os dias aparecem situações mais ou menos complicadas e é tarefa dos oficiais estarem disponíveis para resolver o problema de quem aparece na Conservatória. “Nós aqui servimos de tudo: de padre, psicólogo, de mãe, pai, de confessores, de tudo.” “Se uma pessoa vem mudar o estado civil porque se divorciou ou enviuvou e começa a chorar, nós temos que a acalmar; se estamos a tratar dum divórcio e os ânimos se exaltam temos que nos meter, chamá-los à razão e acalmá-los.” Alice Pires explica que há assuntos que tocam sempre, como por exemplo os divórcios, onde há sempre uma parte que sai magoada e que custa ver, ou alguém que tem algum problema e que acaba por contar a sua história e desabafar. Mas, para Alice, é isto que é a essência do Registo Civil, a interacção com as pessoas. “São algumas destas histórias que nos marcam e que depois ficam connosco”, garante Alice, que fala deste emprego como um “trabalho de pessoas, para pessoas”. Aquele dia em que, logo pela manhã se registaram dois óbitos, era também um dia especial que terminava em casamento. Só faltava a marcha nupcial. Dois casamentos no espaço de uma hora. Os noivos estavam presentes, as testemunhas também, e meia dúzia de convidados faziam a festa enquanto tiravam fotografias. “Felicidades”, disse Alice ao entregar os papéis a outra noiva que também tinha acabado de mudar o seu estado civil para “casada”. Eram 18h00 e mais um dia no Registo Civil tinha passado. Com um sorriso cansado, mas com o sentimento de dever cumprido, Alice fecha as portas da Conservatória e diz: “Amanhã há mais!”J

Amor, para rapaz Amora, para rapariga

Amor Adonai Adriel

Africana

válidas para que a criança irrequieta ficasse bem na foto), jovens que vinham perfilhar os seus filhos, pessoas de nacionalidade estrangeira que vinham tratar de tudo para poder casar com o seu parceiro(a)… “O Registo Civil é um mundo para quem cá trabalha. Há de tudo. Conhecemos o mundo sem ter que sair destas quatro paredes”. O toque sonoro da campainha de atendimento não parava. A cada minuto aparecia alguém à sua secretária para ser atendido. Mas é isto mesmo que Alice gosta de fazer. Atender o público, as pessoas.

ESTA JORNAL

SOFIA SCHABOWSKI ESTA D 2.º ANO

VOCÁBULOS ADMITIDOS e não admitidos como nomes próprios. É assim que o Instituto dos Registos e Notariados introduz o documento, disponível na respectiva página da Internet, que apresenta os nomes que cidadãos portugueses podem e não podem dar aos seus filhos e filhas. Actualmente, o nome completo deve compor-se, no máximo, de seis vocábulos gramaticais, simples ou compostos, dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio e quatro a apelidos. O nome próprio deve ser português e não

deve deixar dúvidas quanto ao género da criança. O problema é que, enquanto os cidadãos portugueses têm que se limitar à lista oficial de nomes, uma criança nascida em Portugal que tenha pai ou mãe estrangeira já pode ser registada com qualquer outro nome próprio. O que dá origem a que façam parte da lista nomes para rapazes como Adonai, Adriel e Agnelo e nomes para raparigas como Africana, Aixa e Ásia. Percorrer a lista de nomes autorizados e não autorizados pode ser um verdadeiro divertimento. E, no final, entre muitas outras propostas pouco vulgares, fica a certeza de que um homem português se pode chamar Amor e que uma mulher portuguesa se pode chamar Amora. J


Sociedade 09

WWW.ESTAJORNAL.COM

António Fontes, o padre da medicina popular e das bruxas

Ocidente e Oriente juntos numa medicina milenar que todos os anos ganha mais admiradores

“Energia Subtil” TERESA FRANCO ESTA D 2.º ANO HÁ CERCA DE CINCO MIL ANOS no activo, a Medicina Chinesa (MC) é, nos dias de hoje, cada vez mais procurada por aqueles que preferem métodos de cura mais tranquilos e menos agressivos. Desde acupunctura, fitoterapia, Tui Na, entre outros, a MC tem mostrado progressos, ao longo dos anos, em força e eficácia.

L Tranquilidade. Ambiente relaxante ajuda a despertar energias positivas com dor física e distúrbios psicológicos são os que surgem mais. Entre outros, a MC trata, ainda, mulheres antes e durante a gestação e bebés desde os primeiros dias de vida. Bruno Palma conta ainda que os tratamentos de infertilidade são também casos de sucesso. A acupunctura pode ter várias vantagens nas crianças: “O bebé, desde que nasce, que tem as suas características próprias e que, ao longo do crescimento, perde capacidade energética. Nos primeiros meses de vida, a criança gera facilmente febres e a acupunctura pode tratar isso. Para além de tratar também cólicas e obstipações.” Comparando com a Medicina convencional, este método é mais demorado, também porque não é tão agressivo e precipitado. Os pacientes podem sê-lo apenas um mês ou durante anos. O que se poderá tornar não muito acessível, financeiramente, para algumas pessoas. O início do tratamento começa com uma consulta semanal, depois disso quinzenal e, por fim, mensal,

dependendo, claro, de cada caso. Isaura Silva, de 74 anos, é paciente há cerca de dez anos e procurou esta Medicina para aliviar dores nos ossos e articulações. Contudo, Isaura confessa que já pensou em desistir: “Umas vezes ando melhor, outras, ando pior, e é também o dinheiro que se gasta”. Ao comparar as duas Medicinas, Isaura Silva fica na dúvida, mas acaba por explicar: “Esta é mais calma e natural, enquanto a outra é mais rápida, mas também mais agressiva. Na MC também receitam medicamentos, para além do tratamento com as agulhas, mas são mais moderados. Contudo, aconselho a acupunctura a amigos, sem dúvida, porque melhora muito”. Em género de balanço este médico e professor remata: “Aconselho a procura da Medicina Chinesa, no geral, e não só a acupunctura, pois uma das técnicas quando aplicada sozinha é bastante viável, mas se juntarmos as três principais acupunctura, fitoterapia e Tui Na - temos a abrangência positiva praticamente toda”. J

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Bruno Palma é médico especialista em Medicina Chinesa (MC) nas clínicas Pedro Choy e, também, professor na Universidade de Medicina Chinesa de Lisboa. Ao ESTAJornal confessa que o que o cativou “foi esta energia subtil que não se vê, mas que se consegue manifestar”. Como já estava numa área muito próxima do estudo energético, começou “a perceber a forma como (essa energia) nos afectava e se manifestava”. Também o facto de o estudo da MC ser muito vasto foi um factor de atracção: “Perceber que existia mais alguma coisa para além do órgão físico e que podemos modelar.” A exercer há cerca de treze anos, Bruno Palma explica o que é a acupunctura: “É uma disciplina da Medicina Tradicional Chinesa. No aspecto de patologias e de conseguir dar saída ao número de pacientes, a acupunctura é sem dúvida a mais procurada, também porque é a mais ocidental. Esta técnica faz parte de um todo que é a causa do sucesso da Medicina Tradicional Chinesa, hoje só conhecida como Medicina Chinesa”. Nos tratamentos, existe todo um processo que começa ainda na sala de espera. Na clínica Pedro Choy, em Tomar, a tranquilidade sentese em todo o espaço, fazendo-se acompanhar com música de relaxamento chinesa e toda uma decoração a combinar. Deste modo, quando um paciente entra no consultório, já leva despertas algumas energias e sensações. A acupunctura baseia-se “na inserção de agulhas filiformes, muito finas, em pontos específicos, chamados de pontos de energia do corpo”. Bruno Palma explica: “Cada órgão tem uma energia própria que, ao ser estimulada, transmite essa força para outro órgão. Essas agulhas desencadeiam estímulos a nível corporal que fazem essa terapêutica. Tudo após um diagnóstico baseado em Medicina Chinesa, que normalmente se trata de um desequilíbrio de energias, como por exemplo o Yin e o Yang.” Esta Medicina defende que, antes de as patologias se revelarem no físico, revelam-se primeiro energeticamente. Ou seja, quando tratadas logo na fase energética, dificilmente se irão manifestar fisicamente. Para além de eficaz, é também uma área bastante abrangente. Problemas relacionados

PAULA ISABEL PEREIRA ESTA D 2.º ANO

FOTOGRAFIA TERESA FRANCO

DESDE MIÚDO, sempre disse que queria ser padre. Aos 10 anos, já com a escola primária terminada, ingressou no seminário. Foi para padre por influência do padre da sua aldeia, o padre Francisco, que mais tarde acabou por se casar. Mas António Fontes também foi para padre porque gostava de fazer sermões. O Padre popularizado pelos meios de comunicação social por organizar o Congresso de Vilar de Perdizes, esteve quase para seguir outros caminhos. No 9º ano do seminário, António Fontes foi expulso por ordem do Bispo, por ter andado a dançar o dia inteiro numa festa com as raparigas. Houve alguém que fez queixa. Quando, depois das férias, foi ao seminário buscar a mala, disseram-lhe para ficar. Alguém intercedeu por ele. Os anos que se seguiram foram pouco típicos para um seminarista. O Padre António Fontes conta ao ESTAJornal esta fase da sua vida: “Eu projectava slides, chamava conferencistas, fazia cinema (não era qualquer cinema), fazíamos carnavais. Foram os anos em que menos estudei. Comprava livros que não eram os obrigatórios. Não lia só o livro do professor, lia livros paralelos, de Psicologia, de Filosofia... “. Ordenado pároco em 1963, nunca se imaginou noutra profissão a não ser o sacerdócio. Tentou aprender de tudo um pouco para ser mais útil a si próprio e à sociedade. Nos primeiros tempos, o meio de transporte que utilizava para ir às paróquias celebrar a missa era um cavalo, que mais tarde foi substituído por uma mota e finalmente por um carro. Na sua profissão, o que mais marcou o Padre António Fontes foi “ver despertar a fé nas pessoas, quase sempre pela via material, económica, cultural e social”.” O maior desgosto é ver sofrer as pessoas e não lhes poder valer, não aceitarem a minha ajuda, sugestão, orientação, religião”. O Padre António Fontes é, sem dúvida, um dos principais defensores da cultura popular da região do Barroso, fundador e principal dinamizador do Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes, que anualmente se realiza no primeiro fim-de-semana de Setembro, desde 1983. Este congresso nasceu numa altura em que as tradições e a medicina popular antiga estavam a cair em desuso devido à concorrência ou oposição da “medicina química ou moderna”, assim como da “necessidade de registar e dar a conhecer o uso da medicina caseira, tradicional, ainda muito válida”. Graças aos Congressos de Medicina Popular, Vilar de Perdizes saiu do anonimato e passou a ser notícia nas nossas televisões, nos jornais e nas revistas. Uma vez por ano, esta localidade recebe milhares de visitantes, médicos, naturistas, bruxos e adivinhos, ilusionistas e especialistas em curas espirituais, especialistas em terapias de vidas passadas, endireitas, cartomantes e ervanários. Vilar de Perdizes é o local por excelência onde tudo é permitido. Segundo o organizador, este Congresso é “uma escola aberta a toda a mentira e a toda a verdade”. Para além da participação no congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes, o Padre Fontes é a personagem principal das sextas-feiras 13, conhecidas “Noites das Bruxas”, realizadas no concelho de Montalegre. Nestas noites, bruxas e bruxos invadem as ruas. Faz a reza do esconjuro e prepara a queimada que é partilhada e bebida por todos os participantes, que pode livrar de bruxedos, feitiços e maus-olhados. O povo montalegrense descreve-o como um “homem de uma enorme sensibilidade e inteligência”. J


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Religião

FÁTIMA. Os peregrinos chegam do mundo inteiro. Cansados mas vitoriosos. Neste 13 de Maio, na Cova da Iria, houve um pouco de tudo. Até a suspeita de um milagre.

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

ESTA JORNAL

Pelos caminhos da fé JOANA FERREIRA ESTA D 2.º ANO

12 de Maio

L Mundo. Fiéis de todas as partes do mundo marcaram presença em Fátima para as celebrações do 13 de Maio deste ano de Maio.

13 de Maio Oito horas da manhã. Está um sol radiante. Na rodoviária de Fátima os autocarros vão chegando constantemente. Chegam carregados. A maioria das pessoas move-se em conjunto com um objectivo comum – as celebrações do 13 de Maio. Até chegarmos ao santuário consegue-se sentir um enorme movimento. A ida e volta nas passadeiras são constantes. Os cafés estão cheios. Os copos e os pratos são de plástico e as mesas estão arredadas para que espaço não falte. Ainda há tempo para um pequenoalmoço, pois a missa tem início às dez. Se as ruas se tornaram apertadas no dia anterior, hoje elas encontram-se absolutamente cheias. Há gente por toda a parte e, à semelhança da noite anterior, de diversas nacionalidades, como Espanha, Brasil, França, Alemanha, Itália e outras. Há quem fique pelas ruas esperando que o tempo passe, mas há também quem se apresse para tentar arranjar o melhor lugar para as celebrações. O calor é imenso e não existem muitas opções de sombra para escolher. Os banquinhos são uma solução para algumas horas de imenso calor. São nove horas e trinta minutos. Reza-se o terço e ensaiam-se os cânticos. As pessoas não param de chegar. Trazem consigo bandeiras, símbolos religiosos, t-shirts alusivas às celebrações, terços e muitos outros objectos. Há imensos chapéus-de-chuva abertos para que de alguma forma se reduza o calor

“ ”

Quando chego sinto um grande alívio por ter chegado

que se faz sentir no Santuário de Fátima. A procissão está prestes a começar. Os sinos também começam a tocar. No fim da procissão vem a Nossa Senhora de Fátima e escuta-se: “Ela vem aí.” A agitação é sentida, as pessoas não ficam indiferentes. Umas começam a chorar de emoção e tentam chegar o mais próximo possível. Depois de a procissão passar, muitas pessoas vão atrás. Muitos flashes são disparados, pois querem guardar e registar o momento. Ouvem-se palmas quando a procissão chega à Igreja central do santuário, a Basílica. A celebração continua, mas há quem se encontre fora do recinto do santuário. Sentada no passeio, debaixo de uma sombra, encontra-se Sandra Campos, uma peregrina vinda de Casal de Câmara. Percorreu quilómetros e demorou três dias a chegar a Fátima. É a segunda vez que vem como peregrina. “Nos dias de mais cansaço nunca tive vontade de desistir pelos meus filhos.” Para Sandra Campos a peregrinação de este ano foi marcada por uma história não muito comum. Durante a sua viagem ganhou varicela, julgavam as médicas onde foi assistida. Sandra dá algumas gargalhas e refere: “É tudo picadas das melgas, só que na altura disseram-me que era varicela”, referindo que fez o caminho todo, praticamente, durante a noite. Inserida num grupo de trinta pessoas Sandra pensa voltar para o ano: “Quando chego sinto um grande alívio de ter cá chegado”. Mais à frente, num banco de praça, José Neves, de 59 anos, escuta a missa à distância ao lado da sua esposa. Todos os anos costuma vir a Fátima. “Nem sempre a treze de Maio”, refere. José Neves acabou por vir de carro apesar do seu grande esforço para vir a pé: “Já o ano passado tentei vir a pé e não consegui porque rebentaram-me os pés. E este ano, com muitas dores musculares, também tive de desistir e acabei por vir de carro.” José afirma que quando chega a Fátima a emoção é inevitável: “Sendo

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A noite está agradável e o céu estrelado. As ruas tornam-se apertadas pela pressa de quem quer chegar ao destino o mais depressa possível. Os carros que chegam, vão tentando a sua sorte arranjando um lugar vazio para estacionar, mas os menos pacientes deixam a sua viatura ainda longe e pelo próprio pé apressam-se para não perderem nenhum minuto. Os peregrinos chegam constantemente. O rosto suado faz transparecer um enorme cansaço, mas ao mesmo tempo um enorme alívio e alegria. As pracetas estão cheias, pois todos querem comprar velas para a missa das dez. As lojas ficam abertas até mais tarde e até as lojas de vestuário estão a vender banquinhos, para que em pé ninguém se canse. No ar sente-se o cheiro das velas que ardem carregadas de fé e esperança. Na multidão, apenas se destaca a chama dessas velas. Dos olhos de milhares de pessoas, que se encontram no recinto do santuário de Fátima, escorrem lágrimas em silêncio. Lágrimas de sofrimento, de mudança, de tristeza ou de alegria, simplesmente lágrimas. Sem qualquer idade, nacionalidade ou raça, todos, à semelhança dos anos anteriores, são recebidos de igual modo nas celebrações deste ano. Entre rezas e cânticos a missa decorre com normalidade, apesar da emoção que é sentida por muitas pessoas. Nesta eucaristia de 12 de Maio, 288 padres e 23 bispos juntaram-se ao arcebispo de Boston, para além de grupos organizados de vinte e quatro países vindos de todo o mundo. Pelos corredores, a Nossa Senhora de Fátima, carregada por quatro homens, vai-se despedindo mas amanhã estará de regresso pela manhã, para as comemorações do 13 de Maio. As velas vão-se apagando pouco a pouco e a multidão vai se dispersando lentamente. Alguns regressam a casa nas suas viaturas e outros ficam alojados em hotéis ou simplesmente em tendas para o dia de amanhã, treze de Maio, o dia tão desejado por muitos católicos, vindos de diferentes países. Fátima está repleta de tendas. O tempo tem estado quente e as noites mais frescas são uma solução para quem quer chegar ao destino com menos sofrimento. Na noite de 12 para 13, ainda muitos peregrinos estão a caminho, com o objectivo de chegarem a tempo de assistirem às celebrações do 13

FOTOGRAFIA JOANA FERREIRA

João Paulo II JOÃO PAULO II foi a grande atenção da peregrinação deste treze de Maio. Por decisão da Conferência Episcopal Portuguesa, a beatificação de João Paulo II está particularmente ligada ao santuário, com o carácter de celebração nacional de “acção de graças”. No santuário são distribuídos panfletos com a imagem de João Paulo II, mas há quem traga a sua figura gravada em vários acessórios, como t-shirts ou bonés. Quando se professa palavras sobre este papa, as pessoas sentem um enorme carinho que é visível nos seus rostos. João Paulo II esteve no Santuário de Fátima em 1982, 1991 e, pela última vez, em 2000, altura em que beatificou os videntes Francisco e Jacinta Marto. Beatificado pelo seu sucessor no último dia 1 de Maio, é recordado em Portugal pela sua ligação a Fátima,. Foi mesmo considerado o Papa de Fátima, quando um ano depois do atentado de que foi vítima na Praça de São Pedro, em Roma, a 13 de Maio (mais uma vez) de 1981, veio à Cova da Iria agradecer à Rainha da Paz o ter providencialmente salvo. J

uma pessoa de fé fico comovido”. Voltando até ao recinto do Santuário, e não faltando muito para terminar toda a celebração, já milhares de pessoas se encontram com lenços brancos e acenando como forma de dizer adeus à Nossa Senhora de Fátima. Agora a emoção é realmente notória. As lágrimas que ontem caíam em silêncio, hoje fazem eco e por todo o santuário se escuta um simples fungar. Chegou a hora do Adeus, mas chegou também a hora de novas forças para todo o ano. Chegando ao fim, os ecrãs espalhados pelo santuário mostram um documentário de treze minutos sobre o papa João Paulo II. Algo inesperado acontece. Ouvese em todo o lado “milagre, milagre”, os chapéus para proteger o sol começam-se a fechar rapidamente e todos olham para o sol.

Uma auréola formou-se em torno do sol, levando muitos peregrinos a acreditar que realmente se tratasse de um milagre, que ocorreu devido ao vídeo sobre João Paulo II. No entanto, a ciência tem uma explicação para o que aconteceu. A comunidade científica chamalhe halo solar. Um fenómeno que acontece quando pequenos cristais de gelo suspensos na atmosfera reflectem a luz do Sol. Nestes casos, os cristais estão na ténue nuvem alta que se atravessa à frente do astro. Consoante o tamanho ou espessura, o resultado pode ser o que aconteceu em Fátima, ou mesmo um círculo com o espectro de cores do arco-íris. O que não se consegue explicar é porque é que este fenómeno ocorreu em Fátima, mais uma vez num 13 de Maio, quando se visualizava o vídeo, por volta da uma hora da tarde. J


Verão 11

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Calor. Dietas, afogamentos e condições das escolas são preocupações que surgem quando o sol começa a apertar.

Escolas enfrentam dias mais quentes D MANUEL ANTÓNIO ESTA D 2.º ANO

FOTOGRAFIA DR

POR ALGUMA RAZÃO as férias grandes são durante o Verão. Sabe-se, de há muito, que o sucesso escolar dos jovens - ou a falta dele - não depende exclusivamente das capacidades cognitivas de cada um, mas também do seu bem-estar físico, psíquico e emocional. A par de muitos outros factores, o calor é um dos mais importantes, principalmente nos países do Sul da Europa. “Quando a temperatura sobe, o professor já sabe que o rendimento da turma vai diminuir. A capacidade de concentração diminui, e o aluno tem mais dificuldade para fixar o conhecimento”, diz Ana Paula, de 48 anos, e já com 25 de docência. “Eles ficam mais agitados, não compreendem muito e não conseguem participar nas aulas. Os alunos estão muito mais irrequietos e, consequentemente, muito menos atentos”. Também para fazer face a essas problemáticas, e para cumprir outros objectivos, tem havido uma aposta na renovação do Parque escolar por todo o país. Em Abrantes, no passado dia 11 de Maio, foi inaugurado o novo edifício da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, após um investimento de 10 milhões de euros. A ministra da Educação, assim como o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão - antigo aluno da escola – estiveram presentes na cerimónia. Construída em 1959, as antigas instalações já não tinham condições para os tempos e as exigências de hoje. “De Verão e

estudantes. Há estudos que comprovam que temperaturas acima dos 30ºC diminuem um terço da nossa capacidade intelectual. Por isso, ter condições nas escolas não é questão de luxo. É sim de proporcionar condições de trabalho e aprendizagem, pois a educação é coisa séria. E tem que ser vista globalmente. Devemos promover, sempre que possível, as transformações ao nível da construção e arquitectura. Por exemplo, o ar condicionado pode provocar problemas de saúde, devido às características do ar. Este, sendo muito seco, ao entrar no sistema respiratório causa arrefecimento intenso e irritação da mucosa. Para além disso, o choque térmico, pelo contacto rápido com ares de diferentes temperaturas, é motivo suficiente para irritar pessoas mais sensíveis nessa área. Por outro lado, muitas vezes, nem a dieta é adaptada à estação. O ideal seria que, nestes dias mais quentes, os alunos bebessem mais água e que a alimentação tivesse por base frutas, verduras e saladas, porque repõem os sais minerais perdidos com calor e tornam mais fácil a digestão”, explica.J

L Solano de Abreu. Novas instalações tentam contornar o problema do calor nos dias mais quentes de Inverno isto era uma tormenta”, diz uma funcionária que não se quer identificar. “Dizem que a escola está bonita e é verdade, mas deveria ter ficado bem melhor. Há lugares em que o Sol entra directo durante horas seguidas. Quem é que aguenta estar aí? E agora não há dinheiro para ligar o ar condicionado”, desabafa. E continua: “Mas não é caso único. Por exemplo, a António Torrado, uma escola com meia dúzia de anos, durante o Verão, não tem qualquer condição para as crianças terem aulas naquele ambiente. Tenho lá uma

familiar e ainda a semana passada, no dia 12, às nove horas da manhã, estavam 28ºC. Como é que pode?”. Maria João, de 15 anos, estudante na Solano de Abreu, afirma que “a escola agora está muito mais bonita e melhor” mas não esquece dias mais quentes: “nos dias de mais calor ainda fica muito quente nas salas. Fica-se com preguiça. Depois de almoço só apetece dormir. Não, o calor é para curtir, não é para ter aulas”. Cristina Sousa, médica, 45 anos, é da mesma opinião: “Sabemos que o calor prejudica o rendimento dos

“ ”

O calor é para curtir, não é para ter aulas

Em forma para a praia

Segurança na água

PAULA ISABEL PEREIRA ESTA D 2.º ANO

DANIELA AFONSO ESTA D 2.º ANO

A ESTAÇÃO MAIS ESPERADA pela maioria das pessoas está a chegar e a preocupação com a forma física começa a aumentar. Com a vinda do tempo quente, poucos são aqueles que ficam em casa. Quando se aproxima esta época, surge nas pessoas uma maior preocupação com o peso. Existe uma correria maior aos ginásios e a procura da dieta ideal para chegar ao Verão com a melhor figura possível. Alguns optam pela perda de peso rápido, através da abstinência de certos alimentos e nutrientes, ao passo que outros procuram uma alimentação mais saudável de modo a não porem em risco a saúde. Os especialistas recomendam hábitos saudáveis de alimentação, exercício físico durante todo o ano e dizer não às dietas loucas à medida que se aproxima o Verão. Cristina Venâncio, 42 anos, nutricionista em Abrantes, afirma que as pessoas

“aderem mais a dietas e aos suplementos alimentares para ajudar a perder peso”. A nutricionista aconselha que as “pessoas façam de tudo um pouco, ou seja, comida mais saudável, com ajuda de suplementos, e ao mesmo tempo que aumentem a prática de exercício físico”. E sempre com vigilância médica. Alguns cidadãos procuram ter uma vida saudável durante todo o ano, como é o caso de Isabel Dias, 29 anos, secretária: “faço dieta durante todo o ano, não uma dieta maluca mas regulada. Procuro sempre comer produtos saudáveis, não gosto de doces. A minha família sofre toda de obesidade e tenho a probabilidade do mesmo geneticamente, por isso tento ao máximo ter cuidado. Vou ao ginásio de vez em quando, mas não é uma coisa regular”. Já Teresa Henriques, 45 anos, desempregada, afirma: “preocupo-me com o meu corpo mas mais durante a época balnear. Durante o ano cometo algumas extravagâncias com a comida”.J

COM A CHEGADA do Verão aumentam os casos de afogamentos. A zona de Abrantes, com variadas barragens e praias fluviais, não é excepção. Manuel Valamatos, vereador do desporto da Câmara Municipal de Abrantes, explica que, nas áreas aquáticas mais frequentadas no Verão na região, nenhuma é vigiada, excepto a praia fluvial de Aldeia do Mato: “A Aldeia do Mato é concessionada e com bandeira azul e, como tal, tem previstas questões de segurança que estão na responsabilidade da empresa que possui o contrato de exploração.” Relativamente ao Aquapolis, frisa que “não é ainda praia oficial porque, para ter essa designação, tem que ter três anos seguidos de análises de água”. Como tal, não tem segurança. “Nos anos anteriores, principalmente nos fins-de-semana, os bombeiros vão passando por lá para fazer alguma vigilância, mas nada oficial”, acrescenta. A Associação Para a Promoção da Segurança

Infantil (APSI) explica que a maior parte dos afogamentos entre as crianças e adolescentes ocorre precisamente em locais naturais. Uma das soluções deste problema passa pela escolha de zonas vigiadas. É sempre necessário respeitar as bandeiras e as indicações dos nadadores-salvadores. “É essencial a colocação de barreiras físicas nas piscinas, tanques e poços, a utilização de auxiliares de flutuação e a existência de meios e pessoas que permitam um salvamento imediato em caso de afogamento”, frisa a APSI. Segundo dados da APSI, em 2008 e 2009 morreram 34 crianças e jovens por afogamento em Portugal. 67% desses afogamentos ocorreu na época balnear. Os afogamentos em crianças e adolescentes entre os 10 e os 18 anos ocorreram todos em ambientes naturais (mar, rios, ribeiras). 75% das crianças estavam acompanhadas por adultos ou por outras crianças. Nem todos os afogamentos são fatais: a Organização Mundial da Saúde estima que por cada criança que morre afogada pelo menos duas ficam com incapacidades para toda a vida.J


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Última

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PEDRO COLAÇO

Abrantes pela objectiva dos alunos da ESTA

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TERESA FRANCO

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ANA FERREIRA

Trabalho desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Fotojornalismo, ministrada por José Ribeiro (Reuters), José Carlos Carvalho (Visão) e Alexandre Azevedo (Sábado)

MARIA TAVARES ANA SILVA

D JOÃO MIRANDA

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ESTA JORNAL

VANDA BOTAS

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ECONOMIA 15

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ABRANTES

BNI Estratégia junta empresários da Região Chama-se grupo BNI Estratégia de Abrantes e é um grupo de empresários que tem como objectivo gerar negócio e trocar contactos. Foi apresentado ao público no início deste mês de maio, numa cerimónia que juntou 350 empresários, às 6h30 da manhã.

O grupo de Abrantes conta já com 42 profissionais e pertence à Business Network Internacional (BNI). Segundo Tiago da Cunha, director executivo do BNI Centro, é considerada a maior organização de rede mundial de contactos empresariais. “Nós constituímos equipas de trabalho de cerca de 40 empresários em várias regiões do país, os quais trabalham para passar gratuitamente oportunidades de negócio entre eles, dão informações uns aos outros, aumentam a sua credibilidade, conhecem melhor cada uma das suas empresas.” Não há empresas da mesma actividade dentro de um grupo para que não haja concorrência entre mem-

• Luís Pires e Tiago da Cunha, do Grupo BNI. bros. Tiago da Cunha acrescentou ainda que “não há limite para o número de empresários que desejam ingressar no BNI. Nós temos grupos de 70 e mais empresários, como de apenas 18, depende da capacidade de gestão e da ambição de cada

equipa de trabalho”.

Dar e receber oportunidades de negócio Esta é a natureza do BNI. Segundo o director, é a filosofia que todos devem manter para conseguirem fun-

cionar como membro de um grupo BNI. “Quando damos oportunidades de negócio vamos receber oportunidades de negócio. É uma atitude que cultivamos. Desenvolvemos negócios através de reuniões semanais de Networking e do sistema palavra-passa-palavra”. Este sistema é, segundo Tiago da Cunha, uma troca de contactos entre os empresários quando se reúnem. Assim, cada empresário pode contar com os contactos de todos os outros do seu grupo para, assim, trabalhar oportunidades de negócio. “Basta ter conhecimento de que uma pessoa necessita de um serviço e eu encaminho essa pessoa para um dos membros do grupo que trabalhe nessa área”, explica o director. O Networking é uma forma de fazer negócio baseada na troca de referências e oportunidades entre os membros do grupo. As reuniões semanais dos grupos de empresários do BNI realizamse às 6h45 e terminam às 9 horas.

Porquê tão cedo? O director explica “ Os participantes iniciam o dia já com muito trabalho feito enquanto a concorrência ainda está a dormir. A essa hora não há telemóveis a tocar e é uma atitude. Funcionamos assim no BNI um pouco por todo mundo”. O BNI Estratégia de Abrantes é presidido por Luís Pires, da empresa Grão Café, que se mostrou bastante satisfeito com este recente lançamento do grupo em Abrantes. “Temos como objectivo chegar ao meio milhão de euros de negócio neste primeiro semestre e depois, é claro, chegar aos dois milhões este ano. Quanto ao número de membros, também vai aumentar para cerca de 50. Acredito assim que este grupo marca uma diferença não só pelo número de membros, mas sobretudo pela qualidade que detém”. O BNI foi criado há 26 anos nos Estados Unidos e já conta com mais de 140.000 membros em 47 países. Joana Margarida Carvalho

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16 ECONOMIA

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Carta ao Director Sr. Director, venho por este meio solicitar que seja publicado no Jornal de Abrantes a seguinte informação. Eu, António Ataíde Castelbranco, informo que nunca fiz nem faço parte de qualquer “blog”, assim como re-

pudio em absoluto a autoria de qualquer opinião ou texto que não esteja especificamente assinado por mim. Com os meus melhores cumprimentos, António Castelbranco

CARTÓRIO NOTARIAL DE TOMAR A CARGO DO NOTÁRIO LIC. JOSÉ ALBERTO SÁ MARQUES DE CARVALHO

EXTRACTO ANTÓNIO APARÍCIO SARDINHA, colaborador do Notário do referido Cartório, por competência delegada, CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de hoje, lavrada a folhas 46 e seguintes, do livro de notas número 256 – L, deste Cartório, compareceram como outorgantes: PRIMEIRO: - ANTÓNIO SAMUEL MIRRADO FARRAIA, natural da freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho de Sertã, divorciado, residente na Alameda Conde de Oeiras, n.º 13, 2780-137 Oeiras, contribuinte fiscal número 124 385 605. SEGUNDA: - MARIA MARGARIDA MIRRADO DOS SANTOS FARRAIA SEQUEIRA LOPES, natural da freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, viúva, residente na Rua Miguel Homem de Sampaio e Melo, n.º 24-3.º esquerdo, 2900-080 Setúbal, contribuinte fiscal número 106 239 678. TERCEIRA: - ANA MARIA MIRRADO FARRAIA DE PINA PRATA, natural da freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho de Sertã, casada com Francisco Xavier Pina Martins Prata, na separação de bens, residente na Rua Quirino da Fonseca, n.º 14, 1.º direito, 1000-252 Lisboa, contribuinte fiscal número 108 452 549. QUARTOS: - MARIA EDUARDA GODINHO DE MAIA MIRRADO VAZ SERRA e marido JOSÉ DA MATA VAZ SERRA, ela natural da freguesia e concelho de Mação e ele da freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho de Sertã, casados na comunhão geral de bens, residentes na Avenida Defensores de Chaves, n.º 81, 3.º, 1000-115 Lisboa, contribuintes fiscais números 108 984 877 e 108 984 826. QUINTA: - ANA FRANCISCA GODINHO MIRRADO CAVALHEIRO BARBOSA GAMA, natural da freguesia de S. Julião, concelho de Setúbal, viúva, residente na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro, n.º 95, 1.º esquerdo, 1070-062, Lisboa, contribuinte fiscal número 117 446 955. PELOS PRIMEIROS, SEGUNDA, TERCEIRA, QUARTOS E QUINTA OUTORGANTES FOI DITO: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores na proporção de um nono para o primeiro, um nono para a segunda, um nono para a terceira, três nonos para os quartos e três nonos para a quinta outorgante, do seguinte prédio: RÚSTICO, composto de terra de cultura arvense, olival, pinhal, eucaliptal, sobreiral e mato, com a área de um milhão setecentos e sessenta e dois mil e quinhentos metros quadrados, (176,2500 hectares) sito no lugar de Vale de Caminhos ou Água Branca de Cima, freguesia de BEMPOSTA, concelho de ABRANTES, a confrontar do norte com Samuel Farraia e outros, sul com REFER, S.A.: (Linha do Leste), nascente com herdeiros de João Adegas, poente com Manuel Ribeiro, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na matriz sob o artigo 7, Secção K, com o valor patrimonial e atribuído de 5.000,15 euros. Que o referido prédio veio à posse deles justificantes, no ano de mil novecentos e oitenta e nove, na proporção indicada e já no estado civil referido para cada um deles, por partilha verbal da herança de sua mãe e avó, Ana do Rosário Godinho Mirrado, que também usava Ana do Rosário de Matos Godinho, viúva e residente que foi na vila e concelho de Mação, sem que dela ficassem a dispor de título suficiente e formal que lhes permita o respectivo registo. Que possuem o referido prédio em nome próprio e nas proporções indicadas, há mais de VINTE ANOS, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceram, sem interrupção e ostensivamente com o conhecimento de toda a gente, da freguesia de BEMPOSTA, lugares e freguesias vizinhas, traduzido em actos materiais de fruição, conservação e defesa, nomeadamente, usufruindo dos seus rendimentos, cultivando e recolhendo os respectivos frutos, pagando os respectivos impostos e contribuições, agindo sempre pela forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sendo por isso uma posse pública, pacifica, contínua e de boa fé pelo que adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Autorizada a prática deste acto por delegação do respectivo Notário, conforme autorização n.º 175/4, registada em 01/02/2011 no “site” da Ordem dos Notários.

• A Directora técnica Isabel Pinhão. 111 ANOS

Farmácia Motta celebra capicua com discrição Foi em 28 de Maio de 1900, portanto há 111 anos, tantos quantos conta o Jornal de Abrantes. Nesse dia abriu portas a Farmácia Motta Ferraz no local onde hoje se encontra. Porque já existia, ao que consta no hoje largo João de Deus, em Abrantes. Foi Manuel Ferreira da Motta Ferraz que ali instalou, no local onde antes existia uma ermida. Sucedeu-lhe o filho, Manuel da Serra Motta Ferraz. Desde 1988 tem a direcção técnica de Isabel Pinhão, que é também a proprietária, e reparte a gestão da empresa com o marido, Paulo Pinhão. Não é difícil perceber que a farmácia de hoje pouco terá a ver com pharmacia de há 111

anos. Mas o essencial da função é o mesmo, fornecer os medicamentos que podem aliviar os males do corpo, e às vezes da “alma”. De acordo com Isabel Pinhão, “o negócio farmacêutico está hoje muito difícil, com grandes custos de gestão, porque há um grande controlo burocrático e a legislação é apertadíssima. Notase uma grande diferença, por exemplo em relação há 10 anos atrás.” Já quanto à profissão, “é das mais aliciantes. É um autêntico serviço público de grande proximidade na área da saúde.” Mas confessa que “está a ser desvirtuada a essência da farmácia, passando desse lado de serviço público de saúde para se centrar mais no negócio. Por isso, estamos a assistir à promoção do consumo do remé-

dio. Há poucos anos ainda, era impensável fazer publicidade ao medicamento. Hoje, é comum.” E explica que “não é um fenómeno português, mas acabámos por ser arrastados para isso.” Hoje, o desafio “é mantermo-nos”. A concorrência é muito grande, a crise está instalada e nota-se também na farmácia. “As pessoas perguntam quanto custa e por vezes dizem ‘agora não posso’. Noutras vezes, escolhem o que compram, por exemplo compram o que cura e não compram o que é para aliviar as dores, porque as dores aguentam-se. Ou perguntam se não há mais barato.” As opções estratégicas ficam para depois. Alves Jana

O COLABORADOR DO NOTÁRIO, a) António Aparício Sardinha (em Jornal de Abrantes, edição 5484 – Maio de 2011)

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ECONOMIA 17

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ARMAZÉM SAPEC

25 anos de uma loja que é um mundo Parece um supermercado, mas não é. Ou é e não parece? É e não é um museu, mas vivo. É um labirinto, mas também é uma loja. Mas uma loja que é muito mais que isso. José Manuel Pombo, o proprietário, dá-nos as coordenadas de base: abriu em 16 de Junho de 1986, no Tapadão, Alferrarede, num edifício onde antes tinha ha-

vido umas bombas de combustível e depois uma oficina auto. O seu pai, Manuel Pombo, comprou o edifício e ali estabeleceu uma loja de venda de produtos para o mundo rural. E explica: “Isto é um estabelecimento comercial, mas é muito mais que isso, é um serviço de apoio à agricultura de subsistência e às pessoas que dela vivem. Por isso, além de vendermos

os produtos indispensáveis ao mundo rural, fazemos um serviço de aconselhamento para o qual tivemos de fazer formação.” Não é, portanto, só uma loja, e não é esse o ambiente. “Cultivamos um ambiente familiar, que as pessoas muitas vezes utilizam até para conversar, e mesmo desabafar.” O espaço é o testemunho de um tempo que já não existe, mas que

está ali à mão. Talvez por isso, as contas são feitas de lápis e papel e os mais velhos reavivam ali memórias bem nítidas que não é fácil encontrar noutro lado. Porque ali há de tudo. “Isto não foi pensado assim, mas as pessoas iam pedindo.” José Manuel Pombo gere a casa com uma calma agrícola e um ritmo rural. Ali é aldeia, embora no tecido urbano. Vale uma visita.

• O proprietário José Manuel Pombo.

Mais animação no Verão da cervejaria Aquapolis A Cervejaria Aquapolis, em Abrantes, situada na margem Norte do rio Tejo, vai apostar ainda mais na animação de Verão.

Depois de uma primeira experiência no Verão do ano passado que se revelou positiva, este ano preparam mais eventos. Com uma esplanada sobre o areal, assente numa estrutura metálica amovível (apenas é montada no período mais quente do ano), e uma outra no calçadão, em frente ao edifício, a gerência garante criar mais de duas dezenas de lugares sentados para quem ali queira passar. Nos meses de Junho a meados de Setembro, sempre que o tempo o permita, a música ao vivo (todas as quartas, sextas e sábados) será realizada no exterior. Neste ano, este espaço de lazer quer trazer outro tipo de animação a Abrantes. Por exemplo, para dia 18 de Junho já está agendada a presença de uma banda de karaoke, uma novidade na região. É uma noite em que os clientes podem ir cantar mas em vez do cd serão acompanhados por uma banda. Em julho a gerência quer criar o Aqua Summer Par-

ty, uma festa que poderá ter realização no areal da praia fluvial, sendo animado por DJ’s. Um desfile de moda, com a participação de lojas e modelos de Abrantes, desportos radicais, volei de praia, canoagem e outras actividades outdoor estão nos planos de Luís Mateus e Carlos Catarino, os gerentes deste espaço de diversão. Luís Mateus disse ao JA que pretendem continuar com o serviço de refeições e petiscos, mas este ano a apostar mais na animação no exterior. “É para aproveitar as potencialidades que este espaço nos dá” e, por outro lado, permitir que os clientes o aproveitem da melhor maneira com algumas actividades que antes não eram realizadas. Luís Mateus diz que a Cervejaria Aquapolis tem conseguido afirmar-se como um “espaço de qualidade no serviço mas também de oferta musical e de lazer”, inserido num dos “novos” investimentos públicos feitos em Abrantes. Um outro objectivo poderá passar pela criação de parcerias com empresas que possam ali organizar actividades desportivas e de lazer.

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ALDEIA DO MATO

De novo bandeira azul e novos investimentos A praia fluvial de Aldeia do Mato volta a repetir, este ano, o galardão bandeira Azul, que define o espaço com qualidade da água e das infraestrututuras.

O espaço balnear, concessionado à empresa Segredos da Aldeia, vai, no entanto, ter mais alguns investimentos promovidos pela Câmara Municipal de Abrantes, através de uma candidatura ao programa ProDer. Maria do Céu Albuquerque revelou, no início de maio último, que os bungalow’s que ali existem vão ser substituídos e o seu número será maior, face à procura que têm tido no Verão, e mesmo noutras estações do ano. A piscina existente na albufeira também vai ser qualificada, já que não se encontra nas melhores condições. A autarca revelou que desde que a empresa Segredos da Aldeia assumiu a concessão e a praia ganhou

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a bandeira azul, tem aumentado a procura daquele espaço de lazer. Uma das questões mais prementes é o acesso que se faz a partir do centro de Aldeia do Mato por uma rua estreita e com um grau de inclinação elevado. Também nesta matéria João Carlos Gomes, presidente da Junta de Freguesia, re-

velou que um novo acesso estará para breve. A ligação de saneamento básico de Aldeia do Mato a Martinchel vai permitir fazer a ligação por um estradão florestal que será o acesso à praia fluvial. A aldeia está, nesta altura, toda esburacada devido à instalação

das condutas de saneamento básico, mas durante o mês de Junho os pavimentos estarão repostos. É pelo menos essa a indicação dada ao presidente da Junta de Freguesia, que sente bastante o aumento de população nos períodos de maior calor. “Este é um espaço cada vez mais procurado no Verão, mas

também noutras épocas do ano”. Já a empresa concessionária da praia pretende aumentar os serviços colocando à disposição um barco para que se possam fazer “cruzeiros” na albufeira, criando uma nova oferta turística para os que procuram este espaço. Jerónimo Belo Jorge


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SOLIDARIEDADE JUVENIL

“Colorindo sorrisos” Quem esteve soube como correu. A quem não esteve, não conseguiremos descrever. São estas as palavras que nos sobram depois da apresentação do nosso projecto, no passado dia 17 de Maio, no Cine – Teatro S. Pedro.

A Curta-metragem “Colorindo Sorrisos” abriu a 6ª edição do “AniMaio ” e mostrou a todos os presentes o projecto que o “Colorindo Sorrisos” desenvolveu ao longo dos últimos nove meses, através do qual ajudámos a melhorar o bem-estar e a felicidade dos meninos da casa de S. Miguel. Durante este ano lectivo, rea-

lizámos um conjunto de actividades com as crianças desta instituição, proporcionando-lhes momentos únicos, lúdicos e de lazer. A “Hora do Conto”, na biblioteca António Botto, uma aula de equitação na Quinta do Cabrito e um workshop de Ninjutsu no Parque Urbano de S. Lourenço foram alguns dos momentos retratados na curta-metragem. Mas o nosso trabalho não ficou por aqui, visando colmatar algumas das necessidades da instituição. Em paralelo às actividades com as crianças, realizámos uma campanha pelo concelho de Abrantes, para sensibili-

zar a população e incentivála a participar neste projecto. Com ela, angariámos bens materiais como aquecedores, roupa, brinquedos e algum dinheiro para comprar bens de higiene. Conseguimo-lo com a ajuda de todos. Este projecto não termina com o final deste ano lectivo: abrimos uma série de oportunidades a estas crianças. Demos a conhecer a todos a essência da casa de S. Miguel. E fomos recompensados por isso, com a simpatia e com os agradecimentos das crianças. Manteremos ainda a conta “Colorindo Sorrisos” activa até ao final do ano para que

possa continuar a contribuir! Com este projecto, tentámos transmitir a toda a comunidade abrantina a “magia” com que, sem nos apercebermos, fomos envolvidos! Queremos, por último, agradecer a todos aqueles que contribuíram para este projecto. Muito Obrigado! Daniel Teixeira, Élia Batista, Margarida Pereira, Sara Corda. 12º B, da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes

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ACTUALIDADE 21

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DE 10 A 13 DE JUNHO

Barquinha Non Stop Vila Nova da Barquinha e o Barquinha Parque recebem novamente o Festival de Artes de Animação e Teatro de Rua, no próximo mês de Junho, nos dias 10 a 13, com organização da Câmara Municipal.

O festival denominado Barquinha NON STOP tem como objectivo primordial promover o que existe em Portugal no género da expressão artística e o concelho. Como nos anos anteriores, a vila será palco de dança, teatro, animação de rua, artes circenses, pirotecnia, música, exposições, desporto aventura, folclore, marchas populares, ballet, artesanato e o melhor da gastronomia. Apesar de um orçamento reduzido em 50%, em relação ao ano passado, a autarquia mantém a aposta dos anos anteriores em ter presentes espectáculos internacionalmente reconhecidos. Nestes 4 dias, habitantes e visitantes podem contar com uma programa animado e inovador.

Este ano são vários os artistas nacionais e internacionais, tendo principal destaque o grupo CIA Anagrama, que tem como objectivo principal a aglomeração de diferentes vivências pessoais e profissionais; Carros de Foc Teatre, que produz mostras de grande escala em espaços abertos realizando

espectáculos de rua com movimentos adaptados para desfiles e concursos; Atelier?, as pessoas são transformadas radicalmente em festa e dança; Companhia Gazua, teatro de improvisação ambulante e de intervenção; Sinfonia de Fogo, espectáculo de sincronização entre a Banda do Exercito e a compo-

nente pirotécnica, e Teatro do Mar, um espectáculo visual, sensitivo e emocional. O festival Barquinha NON STOP é também uma oportunidade para conhecer o património histórico e cultural do concelho, como o Castelo de Almourol e a Igreja Matriz de Atalaia.

CIA Anagrama (ao centro) e Teatro do Mar em cima (em cima) são duas das atrações do Barquinha Non Stop.

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AGENDA DO MÊS

Charters de Almeida expõe antologia na Galeria de Arte de Abrantes Vai estar patente na Galeria de Arte de Abrantes uma exposição síntese da obra do escultor Charters de Almeida. Desta mostra expositiva fazem parte dezenas de obras que o escultor doou à cidade de Abrantes para serem expostas no futuro Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. Charter de Almeida nasceu em Lisboa em 1935, terminou o curso especial de Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e o curso Superior de Escultura na mesma escola. Autor de vários prémios o autor recebeu este ano o Doutoramento “Honoris Causa” em Arquitectura, pela Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa. A exposição pode ser vista até 24 de Junho, de terça a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30.

Abrantes Até 24 de junho - Exposição de escultura - Charters de Almeida - Uma Antologia- Galeria de Arte - de terça a sábado, da 10h às 12h30 e das 14h às 18h30 Até 30 de junho - Exposição Biblioteca de Livros Fantásticos de Carmen Domech -Biblioteca António Botto 3 a 16 de junho - Exposição Dávida Benévola de Sangue pelos alunos da Escola D. Miguel de Almeida Biblioteca António Botto 3 e 4 de junho - Festival da criança e do ambiente Palestras e animação Centro histórico e Aquapolis 3 de junho – Teatro “Fulaninha e Dona Coisa”, pelo grupo de teatro Palha de Abrantes – Cine-teatro São Pedro, às 21h30 4 de junho - Teatro Dois Irmãos, pelo grupo de teatro Palha de Abrantes Cine-teatro São Pedro, às 21h A partir de 10 de junho - Exposição Antevisão III do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte Museu Dom Lopo de Almeida - Castelo 10 a 14 de junho - Festas de Abrantes Música com Jorge Palma, Aurea, Virgem Suta, Projecto Amar, entre outros Centro histórico de Abrantes 17 a 30 de junho - Exposição Separar é o que está a dar, pelos alunos das escolas do 1º ciclo Biblioteca António Botto CINEMA - Espalhafitas - Cine-teatro São Pedro, às 21h30 1 de junho – “Mulberry ST” 8 de junho – “O Discurso do Rei” 15 de junho – “Dos Deuses e dos Homens” 22 de junho – “Tulpan”

Fantásticos, os livros, em Abrantes O que é um livro? Pensamos sabê-lo. Mas exposição “Biblioteca de Livros Fantásticos” desafia-nos a pensar para lá do óbvio. É uma exposição que se alimenta da fantasia e do trabalho de narração oral e animação da leitura. E que desafia o visitante a dar asas à sua

imaginação. Carmen Domech, a autora, começou a sua caminhada no âmbito da literatura infantil e da animação da leitura em 1987 e, desde então, publicou vários livros e material para educadores sobre este tema. A ver até 6 de junho.

José Heleno lança livro de filosofia “Filosofia e Medicina” é o título de mais um livro de José Manuel Heleno. Esta edição (Fim de Século) comporta dois textos. O primeiro, é “a versão escrita” da comunicação apresentada pelo autor nas recentes Jornadas de Urologia, em Tomar, no mês passado, e tem o mesmo título que o livro. O segundo texto, “Perspectivas sobre a morte”, republica um artigo da revista de fenomenologia Pahinomenon, do Outono de 2007. Pelo tema, cabe bem nesta obra. O livro é assumidamente de

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filosofia e o autor é doutorado em filosofia. Mas a obra é acessível a um público bem vasto, não sendo necessário um conhecimento técnico da filosofia. E quem é que não está implicado na afirmação de Fernando Pessoa, que José Manuel Heleno assume no seu livro e talvez possa resumi-lo: “Todos nós sabemos que morremos; todos nós sentimos que não morremos.” Paradoxal? Então, este livro permite uma viagem à volta ou por dentro deste problema.

Barquinha 10 a 13 de junho – Festival ”Barquinha Non Stop 2011” - Festival de Artes de Animação e Teatro de Rua Barquinha Parque

Constância Até 24 de junho - Exposição Nascimento de um artista Biblioteca Alexandre O’ Neill Até 30 de junho Mostra Bio-bibliográfica de José Luís Peixoto Biblioteca Alexandre O’ Neill 10 de junho a 3 de Julho - Exposição Vitrais Tiffany, de Maurício Bexiga – Posto de Turismo 19 de junho - Iniciativa DVD Parque com o filme 2012 Parque ambiental de Santa Margarida, às 16h00 25 de junho - Contos ao Sábado - Contos para rir, de Luísa Ducla Soares Parque ambiental de Santa Margarida, às 17h00

Mação 24 a 26 de junho – Happy Rock – Desporto e concertos com AFL, Tributo ao Rock Português, Rock em Stock, DJ Sérgio Delgado – Largo da Feira, entrada livre


CULTURA 23

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LUGARES COM HISTÓRIA

O castelo de Belver TERESA APARÍCIO

Encontramos este magnífico castelo dentro da vila de Belver, erguido sobre um monte, que desce em declive sobre a margem direita do Tejo e de onde se pode admirar um magnífico panorama, justificando plenamente o nome que tem, que teria resultado da aglutinação das palavras Belo Ver.

As lendas, como quase sempre, aparecem para explicar determinados topónimos, como acontece com esta que se segue e que se situa precisamente neste castelo: Certo dia, uma princesa moura resolveu subir à torre de menagem e, encantada com o belíssimo panorama que deslumbrou o seu olhar, exclamou “Ó meu pai, que belo ver!” Este, que era o alcaide e senhor do castelo, concordou em absoluto com a filha, pelo que decidiu que o local se passaria a chamar Belo Ver, que teria dado origem a Belver. É uma lenda bonita, mas que cronologicamente não coincide com a História, pois parece que o nome foi dado pelo próprio rei D. Sancho I, já no tempo dos cristãos.

No início da nacionalidade, os nossos primeiros reis sentiram a necessidade de reforçar militarmente a linha do Tejo, para defender estas terras dos constantes ataques dos mouros. Adoptaram então a política de construir fortalezas e de doar vastos territórios a ordens militares, que ficariam com a obrigação de os defender. Assim D. Sancho I, sucessor de D. Afonso Henriques, resolveu doar à Ordem Religiosa

de S. João do Hospital, mais tarde Ordem de Malta, as denominadas terras de Guidintesta, com a condição de aqui construírem um castelo. A carta de doação está datada de 13 de Junho de 1194 e dela retiro apenas um pequeno extracto: “Eu Sancho, por graça de Deus rei de Portugal…passo carta de doação a vós senhor Afonso Pais, prior do Hospital… da terra de Guidintesta, da qual vos concedemos do-

ação para que façais um castelo, a que damos o nome de Belver”. Segue-se a delimitação das terras de Guidintesta que englobavam um vasto território que ia de Oleiros, passando por Amêndoa, Alvega, Belver e ia até Castelo de Vide. Dentro das muralhas do Castelo, encontra-se a capela de S. Brás, cuja construção deve situar-se em fins do século XV, princípios do XVI. No interior, encontra-se um inte-

ressante retábulo em madeira entalhada, não dourada, contrariamente ao que é mais habitual na talha, que costuma ser dourada. É constituído por bustos de santos vários, que no peito têm uns alvéolos que serviram de relicários, mas que hoje já se encontram vazios. As relíquias estão, agora, dentro de uma pequena arca, na igreja matriz. Segundo a lenda, estas relíquias teriam vindo pelo Tejo abaixo, tendo sido depositadas neste retábulo pelo Infante D. Luís, prior do Hospital e filho do rei D. Manuel I, que para esse fim o oferecera à capela. Ainda hoje as Santas Relíquias são aqui objecto de grande devoção e é em honra delas, que se faz em Agosto, uma festa anual que é a mais importante desta vila. Belver merecia a todos os títulos que o turismo investisse mais nesta zona, pois além das belíssimas vistas e do seu interesse histórico é detentora de uma apetecível gastronomia, onde se destacam os pratos de lampreia. Bibliografia: Ferreira, Lobato J. C., Monografia da Antiga Vila de Belver, edição da C. M. de Gavião, 1999. Foto de Carlos Grácio

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24 ACTUALIDADE

MAIO2011

Faleceu o Doutor José Vasco José Joaquim Brito Ribeiro Vasco, nasceu em Andreus, no concelho de Sardoal, a 7 de Janeiro de 1924. Faleceu a 27 de Abril de 2011.

Médico, professor e político, mas acima de tudo um homem preocupado com as questões sociais e com as pessoas, deixou a sua marca em muitas gerações pelo seu exemplo de dedicação e cidadania. Conhecido em toda a região, o Dr. José Vasco, escolheu Abrantes para exercer medicina em 1955. Aqui trabalhou quase meio século, fechando a porta do seu consultório, junto ao Jardim da República, a 31 de Julho de 2003. O exercício da medicina era para ele um acto sagrado, sem olhar a horários ou esforços, porque a doença também nunca escolhe a hora ou local para se fazer sentir e todos contavam com ele em qualquer momento de aflição. Os doentes eram uma das prioridades da sua vida, nas consultas tantas vezes gratuitas, em tempos em que as dificuldades económicas se faziam sen-

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tir. Foram milhares de doentes que passaram pelo seu consultório. Dedicou um especial interesse e carinho às crianças, numa altura em que as especialidades eram muito raras e a Pediatria uma miragem. Fez Pneumologia (Tisiologia) no Dispensário de Abrantes do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos, onde salvou a vida a centenas de doentes atingidos pela tuberculose, na época uma das

principais causas de morte. Este trabalho na luta contra a tuberculose permitia, simultaneamente, o combate a uma das principais questões sociais que então se fazia sentir. Fez ainda um curso de anestesista, especialidade que praticou longos anos na então Casa de Saúde de Abrantes. Foi também o médico da P.S.P. e dos CTT ao longo de várias décadas. Um homem simples, disponível,

determinado e convicto dos valores que nortearam a sua vida dedicada também à luta pela justiça social. Foi um destacado activista do MUD Juvenil em Coimbra, durante a frequência da Universidade e, mais tarde, no início da sua vida como médico foi preso pela PIDE. Nos anos 50, integrou, por convite do seu Director, Américo Santo, o corpo docente da Escola Industrial e Comercial de Abrantes (EICA), onde foi professor de Higiene, Puericultura e Enfermagem, nos cursos de Formação Feminina. Duas décadas mais tarde, as suas preocupações na luta pela democracia e justiça social fizeram com que integrasse a Comissão Administrativa que geriu a Câmara Municipal de Abrantes. Alguns anos depois, presidiu à Assembleia Municipal de Abrantes, entre 1990 e 1994. Em todas estas vertentes da sua vida deixou sempre a marca da honestidade, tolerância, competência, dedicação e rigor em tudo o que fazia. Foi sempre um homem tranqui-

lo e cultivava o dever de lealdade com os seus amigos, porque a amizade foi um dos valores fundamentais da sua vida. Disso dão testemunho o pequeno grupo que consigo, em 1974, dinamizou a Associação de Moradores de Andreus e que, em 2002, lhe prestaram homenagem. Também no associativismo desportivo, no Amadores de Pesca de Abrantes (APA), participou em concursos de pesca, desporto que praticava com regularidade. Foi dirigente do APA e da Associação Regional de Pesca de Rio, que projectaram a cidade de Abrantes ao nível nacional e internacional. Quem conheceu o Dr. José Vasco sabe que nunca valorizou títulos académicos e sempre foi avesso a homenagens, porque o importante da vida são as pessoas. Ao médico, ao professor, ao político, mas essencialmente ao homem, Abrantes deve, no entanto, o reconhecimento público, para que o seu exemplo de cidadania perdure na memória do tempo e das gerações. Amélia Bento


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OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA Dr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga ORTOPEDIA Dr. Matos Melo OTORRINOLARINGOLOGIA Dr. João Eloi PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Patricia Gerra PSICOLOGIA Dr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch; Dr.ª Maria Conceição Calado PSIQUIATRIA Dr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro SERVIÇO DE ENFERMAGEM Maria João TERAPEUTA DA FALA Dr.ª Susana Martins

Agradecimento

Eduardo Rebelo de Ornelas e Vasconcelos

CRÉDITOS

Falecido em 21-03-2011

PAU LO N I ZA

Na impossibilidade de o fazer pessoalmente, a todos agradeço profundamente reconhecida a presença e o carinhoso apoio, neste momento de dor. Quero ainda manifestar a minha imensa gratidão a todo o pessoal do Hospital de Abrantes, neles incluindo o serviço de segurança, e com especial relevo aos serviços de Cirurgia I e Medicina II, pelo profissionalismo, carinho, disponibilidade e dedicação sempre demonstrados ao longo da doença de meu Pai. Maria Amélia Vasconcelos

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AGRADECIMENTO A Família do Dr. José Vasco vem, por este único meio, agradecer a todos quantos lhe manifestaram pesar, das mais diversas formas, pelo falecimento deste seu ente querido.

Eduardo José Martins Garcia N. 10/02/1946 -F. 25/04/2011

AGRADECIMENTO A família agradece a todos quantos o acompanharam até à sua última morada ou que de outra forma manifestaram o seu pesar. Um agradecimento especial à Equipa Médica e de Enfermagem do Hospital de Abrantes e de Torres Novas. A todos o nosso muito obrigado.

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N. 30/07/1927 - F. 05-05-2011

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Seus filhos, noras, genros, netos e bisnetos, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que se interessaram pelo seu estado de saúde durante a sua doença, a velaram, assistiram à missa de corpo presente e acompanharam á sua ultima morada. Agradecem muito reconhecidamente à D. Karlla Kinack e seu marido, sr. José Alves, da Casa de Acolhimento e suas auxiliares pela forma competente e carinhosa como trataram a nossa familiar. A todos o nosso muito obrigado.

Sua esposa, filhas, genro e netos, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que velaram, assistiram à Missa de Corpo Presente e acompanharam o seu marido, pai, sogro e avô à sua última morada, no cemitério de Santa Catarina. A todos o nosso profundo reconhecimento.

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SAÚDE 27

MAIO2011

SAÚDE É ...

Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

Bate, bate coração As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em Portugal e um dos seus maiores problemas de saúde pública, com graves consequências para a sociedade e para o sistema de saúde.

Os principais factores de risco para as doenças cardiovasculares são a hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, o abuso de álcool, o sedentarismo, o stress excessivo. Perguntar-se-á como “anda” o coração dos portugueses? Em nossa opinião, o risco é demasiado elevado, se tivermos em conta que quase 42% de população adulta é hipertensa e 12% tem diabetes. Estes factores de risco não estão controlados e atingem cada vez mais as pessoas jovens. Também a obesidade crescente, em todos os grupos etários, provoca novos casos de hipertensão, diabetes e alteração dos níveis de gordura no sangue. Em Portugal, uma em cada três crianças é obesa ou tem excesso de peso. Devido à crescente adopção de maus hábitos alimentares, a população

começou a ter problemas cardiovasculares cada vez mais cedo. O abuso do consumo de álcool e de tabaco em homens e mulheres de meia-idade contribui para o aumento do número de pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares e da mortalidade precoce, situações perfeitamente evitáveis através de uma opção consciente por comportamentos saudáveis. Não é possível acabarmos com as doenças cardiovasculares, mas podemos reduzir muito o número de casos na nossa sociedade. A actividade física regular, uma alimentação saudável (com redução do sal, gorduras e hidratos de carbono), o consumo de álcool em quantidades moderadas, a vigilância regular da tensão arterial, a avaliação do peso, não fumar, são algumas das medidas que podem

ajudar o nosso organismo a manter-se mais saudável, durante mais anos. E se já está doente, por favor, não se esqueça de tomar a medicação. A responsabilidade de decidir se queremos viver com mais saúde, bem-estar e melhor qualidade de vida é nossa e depende apenas da nossa vontade. O coração, esse, está mesmo nas nossas mãos… Natáliya Barchuk, médica

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