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nacomunicacao.ptt NOVEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · jornaldeabrantes@lenacomunicacao.pt

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jornal abrantes

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Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5478 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ESTA a fazer-nos boa companhia O jornal da ESTA volta a estar connosco neste ano lectivo. No momento em que a Escola se prepara para receber o novo Director, Luís Ferreira. Destacável de 12 páginas

O BOM SABOR DA VIDA

Irene Aparício, uma grande mulher Foi a primeira mulher na Câmara e foi presidente de Junta de Freguesia. Sempre trabalhou pelos outros e pela justiça. É um exemplo de mulher. página 12

Jorge Rosa ainda é um homem a descobrir Convenceu a Mitsubishi a investir no Tramagal e tem conduzido a empresa através desta crise. Agora prepara a empresa para levantar voo. página 3

São os bons momentos que tornam a vida feliz. E os produtos tradicionais são segredos bem guardados para todos. Alguns ficam por casa, quase em privado. Outros têm um carácter artesanal, outros ainda têm já produção industrial mas a procurar salvar o melhor da tradição. Fomos à procura de alguns, apenas alguns. paginas 4 a 7


2 abertura

NOVEMBRO2010

SUGESTÕES

FOTO DO MÊS de

jornal abrantes FICHA TÉCNICA Director Geral Joaquim Duarte

Director Alves Jana (TE.756) alves.jana@lenacomunicacao.pt

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@lenacomunicacao.pt

Redacção Jerónimo Belo Jorge (CP.1907

ANABELA CARDOSO

jeronimo.jorge@lenacomunicacao.pt

Joana Margarida Carvalho

IDADE 42 anos

joana.carvalho@lenacomunicacao.pt

André Lopes

RESIDÊNCIA Constância

Publicidade Rita Duarte (directora comercial) rita.duarte@lenacomunicacao.pt

Miguel Ângelo miguel.angelo@lenacomunicacao.pt

Andreia Almeida

PROFISSÃO Bibliotecária

E dentro de alguns meses vamos ouvir dizer que a muralha ameaça ruína e isso custa... um dinheirão que ninguém pode pagar.

UMA POVOAÇÃO Constância UM CAFÉ Pézinhos do rio

andreia.almeida@lenacomunicacao.pt

UM BAR Vento dos Séculos

Design gráfico e paginação António Vieira

Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

INQUÉRITO

UM PETISCO Peixe frito

Se morresse amanhã o que faria hoje?

UM RESTAURANTE Azenhas do Mar

Editora e proprietária

PRATO PREFERIDO Picanha

Jortejo, Lda. Apartado 355 2002 SANTARÉM Codex

UM LUGAR PARA PASSEAR Buçaco

GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira, Gabriela Alves e João Machado info@lenacomunicacao.pt

Sónia Costa

Margarida Gonçalves

Paulo Delgado

Tramagal

Constância

Abrantes

Malpique

Passaria o dia com as pessoas do meu coração, e que toda a vida estiveram comigo. Era com essas pessoas que desejava estar nos últimos momentos.

“Tentava reunir a família e os amigos para uma grande festa, onde iriam imperar as maiores emoções, amor, amizade, alegria. Em que no final todos diríamos olhos nos olhos “Temos que voltar a repetir” e quem sabe isso não será possível noutra dimensão... “

Não contava a ninguém, mas fazia uma grande festa com amigos e família. Não tenho medo da morte, só tenho medo que doa! Acredito na vida depois da morte.

Ligava a todos os meus amigos. Sem lhes contar que iria morrer, iria dizer-lhe o quanto os amo. Não morro enquanto viver na memória dos que me amam.

Marketing Patricia Duarte (Direcção), Catarina Fonseca e Catarina Silva. marketing@enacomunicacao.pt

Recursos Humanos Nuno Silva (Direcção) Sónia Vieira drh@lenacomunicacao.pt

Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@enacomunicacao.pt Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 83%

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Paulo Rodrigues

EDITORIAL

UM RECANTO PARA DESCOBRIR Casa das Histórias Paula Rego UM DISCO Rio Grande UM FILME Titanic UMA VIAGEM República Dominicana UM LEMA DE VIDA Criar laços e, sobretudo, ver sempre com o coração.

ALVES JANA

Sim... mas... Portugal tem cientistas de renome internacional. Tem artistas entre os maiores do mundo. Tem designers de topo. Tem empresas que lideram a nível mundial os respectivos sectores de actividade. Sim, Portugal tem. Mas todos os países desenvolvidos têm. Portanto, isso não faz a diferença. A grande diferença não está no topo, em alguns casos de relevo, mas na “qualidade” do corpo social no seu conjunto. Como nos Ídolos. Quem ganha é

bom, mas a maioria é uma tristeza. Quando Carlos Lopes ganhou a medalha de ouro olímpica, isso não alterou os índices de sedentaridade da “população”portuguesa. Alguns cientistas de ponta e artistas de renome internacional não alteram os níveis de iliteracia da população portuguesa. Do mesmo modo, temos algumas empresas líderes nos seus sectores, como Logoplastes (moldes), Ydreams (interactividade virtual), Altitude e Critical Sofware (software), Number

Five (auto-identificação), Chipidea (microelecytrónica), Vicri (vestuário), Swear (calçado), Ach Brito (sabonetes)… Mas elas são apenas a pequena ponta do icebergue. As suas vitórias globais não alteram os baixos níveis de competitividade do tecido empresarial português. O problema não está no topo, está no miolo, no corpo social no seu conjunto. Temos baixos níveis de formação, baixos índices de literacia, baixos índices de produtividade e competiti-

vidade, baixos índices de criatividade e inovação, baixos níveis de organização, pouco pensamento estratégico, pouca focagem na resolução dos problemas. Se queremos enfrentar os problemas do país… sabemos o que temos de alterar.


à conversa

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA MITSUBISHI FUSO TRUKS EUROPE

Rotary Clube de Abrantes homenageou Jorge Rosa como profissional do ano Há dois anos que estamos em crise global. Como é que o presidente do Conselho de Administração está a lidar com esta crise? Olho com preocupação. Na década de 80 tivemos uma crise grande e uma fase difícil em Portugal com a entrada do FMI. Mas esta crise é muito diferente. Em relação à nossa actividade, o ano 2009 foi terrível para nós. A área dos veículos comerciais foi mais afectada do que a dos passageiros. Criámos formas de ultrapassar a crise com os bancos de horas e muita formação. Em 2010 iniciámos a retoma, vamos produzir o dobro de 2009, mas metade do que produzimos em 2008.

JERÓNIO BELO JORGE

Jorge Rosa, 54 anos, natural de Torres Novas é o homem forte da Mitsubishi Fuso Trucks Europe. Da entrada na MDF com 24 anos, passando pela crise dos anos 80 e pela crise actual, olha para o futuro próximo com optimismo, face aos indicadores de retoma no mercado automóvel na Europa. Entretanto, prepara a fábrica do Tramagal para a produção do novo modelo Canter. Jorge Rosa iniciou a vida laboral há 30 anos no Tramagal. Fez o seu percurso sempre em Tramagal? Eu tinha tido uma pequena experiência numa empresa de Torres Novas de onde sou oriundo. Em 1980 vim para a MDF numa altura em que esta tinha sido reentregue pelo Estado aos seus accionistas. Era um jovem com 24 anos. Esta estrutura foi inicialmente a unidade de produção da Berliet e ficou inactiva entre 1974 e 1980. Curiosamente em 80 consegue dois contratos: um com a Mitsubishi e outro só para 600 unidades com a Ebro, para o exército português. Eu entrei aqui nestes dois projectos. Vi daqui sair a primeira unidade da Mitsubishi. Na década de 80 vive-se a grande crise da MDF. A empresa estava numa situação económica debilitada. Entrámos no período de despedimentos e salários em atraso. Devido à crise, a MDF é desmembrada em três unidades mais pequenas para cada uma procurar o seu futuro. Desse desmembramento surge, em 84, a IAM, criada neste sítio, que tendo o contrato com a Mitshubishi, começou a construir o seu futuro. E eu fiquei. Depois a Mitshubishi Motor’s Portugal com-

Mas é um indicador. É um bom indicador porque também dependemos do mercado externo. A Alemanha está com bons índices de retoma e é um dos nossos principais mercados. É animador. 2011 traz alguma esperança em relação ao futuro, mas será também um ano atípico para nós. Vamos mudar a produção de modelo, teremos por isso o fase “out” da actual Canter e a fase “in” do novo modelo. Em 2012, já estaremos em velocidade cruzeiro com o novo modelo.

pra a unidade e nasce a Tramagauto. É curioso que fui o vendedor da IAM e depois fiquei na administração da Tramagauto. Fui estando nos vários passos e depois em 1996 é a Mitsubishi Corporation (japonesa) que compra as instalações ao importador português e surge a Mitsubishi Truck’s Europe. Fui continuando a estar. Passámos a ter a produção de um só modelo, o Canter. Vendemos para 33 países da Europa.

O Engº Jorge Rosa, em determinada altura arrancou para o Japão para “vender” à Mitsubishi a unidade de produção de Tramagal? Terei tido alguma influência. Tive consciência que não havia lugar a um produtor de automóveis independente. Tinha de interessar a Mitsubishi Corporation a investir. Fui tentar dizer aos japoneses que era interessante para eles terem esta unidade.

Continua a esperar pela ponte Tramagal / A23. O primeiro-ministro esteve aqui nas instalações em 2009 a anunciar o concurso público, mas as medidas de contenção orçamental congelaram esta obra. É mesmo uma necessidade que sente há muitos anos? As acessibilidades são muito importantes em qualquer projecto industrial e nós temos aqui uma barreira física. Não queria dramatizar esta questão, mas é uma limitação grande. E se formos honestos e fizermos um estudo sobre se esta é

a melhor localização para um projecto destes, não é. Temos que encontrar formas para, mesmo num local difícil, conseguimos trabalhar… Ainda para mais da janela do seu escritório vê a A 23 ali à frente… Sim, é mais doloroso ainda. Quando fui ao Japão na década de 80 levei duas cartas na manga. Um desenho da Junta Autónoma de Estradas que tinha o traçado do IP 6, na altura, e uma planta da ponte que o eng. Bioucas me deu. Não foi o argumento principal mas havia projectos para melhorar as acessibilidades. Passaram 25 anos, a A 23 está ali e a ponte não. Mas que é um handicap grande ao desenvolvimento de uma unidade destas, é. Não vamos deixar de produzir, mas é uma contrariedade. Como é a sua vida como presidente do Conselho de Administração de uma Multinacional? Normal. Começo o dia algures entre as 8 e as 9 da manhã, se não tiver vídeo-conferências com o Japão. Se isso acontecer, tenho que vir mais cedo, devido aos fusos horários. É a vida de uma empresa normal, com reuniões internas, vídeo-conferências com o Japão e Alemanha e termina às 19 horas. Mas tem momentos marcantes. Um foi a produção do veículo 150 mil em 2009 e… Há uma piada que temos e de que me orgulho. Foi uma vídeoconferência entre Nova Iorque, Sidney, Tóquio, Estugarda e Tramagal. É um pentágono extraordinário, porque não é Portugal ou Lisboa. Foi ter no mapa mundo aquelas quatro cidades e Tramagal. Fiquei a pensar nisto, com orgulho, às três da manhã.

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destaque

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PRODUTOS REGIONAIS

Para fazer momentos felizes São os bons momentos que tornam a vida feliz. E os produtos tradicionais são segredos bem guardados para todos. Alguns ficam por casa, quase em privado. Outros têm um carácter artesanal, outros ainda têm já produção industrial mas a procurar salvar o melhor da tradição. Fomos à procura de alguns, apenas alguns.

OUROGAL

O perfume do azeite no prato Prova de Azeite já começou na Barquinha Pelo 10º ano consecutivo, o Município de Vila Nova da Barquinha junta-se aos restaurantes do concelho para promover mais uma edição da “Prova do Azeite”, até 19 de Dezembro. Esta iniciativa decorre nos restaurantes e é uma mostra gastronómica de pratos confeccionados com azeite, um produto também com tradição neste concelho. Entre os pratos apresentados pelos restaurantes aderentes, vão estar iguarias como Petingas no Forno, Bacalhau Assado, Sopa de Couve com Feijão e Polvo à Lagareiro. Segundo Fernando Freire, vereador responsável pelo pelouro da cultura, na Câmara local, com esta iniciativa pretende-se “aproveitar todas as características do azeite, um produto mediterrânico, muito saudável, rico em componentes benéficos para o organismo e que permite uma culinária bastante versátil e de grande qualidade”.

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A OUROGAL é uma empresa de S. Miguel do Rio Torto e está a lançar no mercado um novo azeite de alta qualidade. O Ourogal Delicat, virgem extra, surge como um frasco de perfume.

Este novo conceito convida-nos a utilizar este azeite para perfumar o prato com aromas mediterrânicos. É a última aposta a juntar aos Ourogal Prestige, Ourogal Dop Galega e Ourogal Virgem Extra. A empresa vem já do século XIX, tempo em que trabalhava com um lagar de varas. Nos anos 40 do século passado construiu um lagar de prensas. Nos anos 90 construiu um lagar de extracção contínua e em 2008 construiu o lagar actual para a produção de azeites de alta qualidade através da inertização de massas, que pode processar até 4.000 toneladas por campanha. “Somos extremamente competitivos quem em qualidade quer em produtividade”, resume André Luís Lopes, o empresário que mantém a tradição da família e comercializa uma média de 80.000 garrafas por ano. O Ourogal já ganhou vários prémios, mas nos últimos anos não tem participado em concursos. Mas

prepara-se para regressar, sobretudo “nos EUA e na Europa, que é onde os prémios têm de facto influência na comercialização”. Além da produção e comercialização do azeite marca Ourogal, a empresa também presta serviços a outros produtores que recorrem ao seu lagar. Nestes casos, “trabalhamos para que o nosso cliente possa criar mais valias no seu azeite”. André Luís Lopes fala do

seu azeite com paixão e conhecimento. Explica que Portugal “tem grandes potencialidades no azeite, mas não ao nível dos preços mais baixos. Aí não conseguimos competir com a Espanha. A aposta tem de ser na qualidade. Foi o que aconteceu aos azeites portugueses com os chamados “azeites de quinta” quando o boom económico dos anos 90 permitiu aos portugueses desenvolverem uma

cultura mais apurada no prato. Mesmo assim, quem é que sabe o que é um azeite virgem?” Agora, com a crise, verifica-se um certo retrocesso. Mas acredita que nós, portugueses, vamos dar a volta e aumentar o nosso poder de compra. E então, mais uma vez, o futuro vai estar na qualidade. Entretanto, o trabalho vai ser para uma maior internacionalização. Alves Jana


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UM NOVO VINHO

Terras da Gama para a nossa mesa Foi lançado apenas em 2009, mas “foi muito bem recebido pelo mercado”. Quem o diz é o empresário Carlos Simões, que gere esta marca que vem de Vale da Gama, concelho de Mação.

A história deste nascimento é simples. Era uma vez uma casa agrícola familiar com mais de cem anos. Houve partilhas e a aposta de Carlos Simões foi na floresta. Mas vieram os incêndios de 2003 e foi preciso“voltar às origens” e fazer uma aposta integrada: floresta, azeite e vinho. Tratase de “dar sustentabilidade à exploração”, explica. O vinho já chegou à mesa. A primeira colheita, de 2008, apareceu no ano passado com 7.000 garrafas e “teve uma óptima aceitação, o que constitui um estímulo para continuarmos a investir nesta área”, diz Carlos Simões. Neste momento, podemos optar pelo Terras da Gama tinto, a partir das castas Alicante, Trincadeira e Cabernet, e Terras da Gama Ara-

gonês, portanto monocasta. No patamar abaixo ou entrada de gama, a casa produz o Ocreza tinto, das castas Touriga nacional, Syrah e Alicante Bouschet. Os objectivos da empresa

apontam, a prazo, para uma produção de 100.000 litros, ou seja, 130.000 garrafas, então num total de 22 hectares de vinha, contra os 12 ha de hoje. Já em 2011 vai surgir o Ter-

ras da Gama branco. E outras ideias estão em preparação para o próximo ano, mas dependem ainda do conselho técnico do enólogo. No olival, está já aprovado um projecto para 20 ha, mas o objectivo aponta para 50 ha. Entretanto, a empresa tem como objectivo estratégico consolidar a marca na região. E o vinho tem uma particularidade. O Vale da Gama está a 800 metros do Alentejo e a maior parte da vinha está em território alentejano. Como “o Alentejo está na moda”, a Terras da Gama vai lançar um “vinho regional alentejano”. Outro objectivo é construir uma nova adega, pois a actual não tem capacidade para o volume de produção que se avizinha. E em tudo isto, “a nossa aposta é a qualidade”, única forma de marcar pontos num mercado muito competitivo. Sociedade Agrícola Terras da Gama, Lda. R. de S. Bartolomeu - Vale da Gama 6120-030 ENVENDOS. Telefone: 964702986

Vale do Armo lança espumante A Quinta Vale do Armo, de Sardoal, prepara o lançamento do seu novo vinho este mês de Novembro. Trata-se do espumante Vale do Armo e assume-se como a novidade na região já que nenhum outro produtor está a vinificar vinhos espumantes. Tiago Alves, responsável pela Quinta sardoalense, disse ao JA que este vinho surge por três motivos: mercado, vinha de idade avançada e complemento da gama de vinhos produzidos na quinta. O espumante Vale do Armo, colheita de 2009, provém das uvas colhidas em Casais de Revelhos, esteve quatro meses a vinificar como qualquer branco e depois faz um estágio em garrafa de oito meses. Trata-se de um vinho monocasta ou seja 100% Fernão Pires. Em Outubro foi dado o passo final antes da colocação no mercado. Foi congelado o gargalo da garrafa por forma a retirar as impurezas do vinho, é colocada a rolha de cortiça e em Novembro estará pronto para entrar no mercado. Tiago Alves revelou que o espumante vai ter uma garrafa diferente dos espumantes que estão no mercado, já que foi encomendada a uma empresa italiana e apresenta um design mais arrojado. Para já, a intenção da Quinta Vale do Armo é colocar no mercado 6.600 garrafas deste espumante que complementa os outros vinhos da quinta: Altejo, Vila Jardim e Vale do Armo. Jerónimo Belo Jorge

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MARGARIDO & MARGARIDO

Três gerações a produzir fumeiro de qualidade Broa de batata doce Adélia Fernandes veio dos Andreus, Sardoal, à entrega dos cabazes do Prove mostrar as suas broas de batata doce. Como é habitual na sua terra, tinha o seu bocadinho de batata doce, não muito, apenas “uns quatro ou cinco regos”. E um dia lembrou-se de, com aquelas batatas, fazer bolos. Chama-lhe broas, e “são fáceis de fazer”, diz. “Coze-se a batata doce, mistura-se com farinha e açúcar, pouco que a batata já é bastante doce, amassa-se e põe-se no for-

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no. Nem fica a levedar.” Por vezes acrescenta-lhes nozes ou passas de uva. “Mas também são boas sem mais nada.” Aqui está uma ideia que pode ter futuro. Mas Adélia Fernandes põe-se de lado. “Eu não faço vida disto. Faço para mim, ou se uma pessoa miga me pedir. E só enquanto tiver batata minha.” Mas não deve acabar a produção, porque este ano teve uma surpresa, “uma batata doce com dois quilos e setenta gramas”. Dá para muita broa, supomos nós.

Chama-se Margarido & Margarido e é uma empresa familiar, que se dedica ao abate e à transformação de carne de porco, há três gerações. Baseada na cultura tradicional, esta empresa sempre se empenhou, segundo Eduardo Margarido, gerente, “ no abate de carne de qualidade e na arte de produzir produtos alimentares com um sabor inigualável”.

A cura em forno de lenha de azinho é um dos trunfos da empresa, que confecciona todo o tipo de fumeiro: desde o chouriço, a farinheira, a morcela, o presunto, o chourição entre outros produtos alimentares. “Mantemos um processo de fabrico caseiro, e não muito industrializado,” acrescentou o gerente. A história da empresa,

sediada primeiramente em Rossio ao Sul do Tejo, teve o seu início em 1944, pelas mãos do pai de Eduardo Margarido. Em 1977, foi cedida a dois dos filhos e sofreu uma ampliação nas instalações. Com a entrada na Comunidade Europeia e as novas exigências daí resultantes, optou pela construção um novo matadouro no Parque Industrial, sediando-se no parque industrial de Olho-de-boi, no

ano de 1990. Actualmente, a Margarido & Margarido reúne 38 funcionários e é gerida por Eduardo Margarido e sua filha Natália, que explicaram ao JA que “ao longo destes anos, temos procurado ir sempre ao encontro das necessidades do mercado, satisfazendo os nossos clientes da melhor forma”. Não só na produção de fumeiro como de carnes de porco fresca e embaladas.

A venda a retalho é feita para lojas, talhos e salsicharias do concelho de Abrantes e concelhos limítrofes, como Mação, Sardoal, e Entroncamento, entre outros. O lema da política da empresa, “fazer os artigos de salsicharia baseando-se na sabedoria antiga, no método tradicional!” tem mantido estável a sua quota de mercado. JMC


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VILA NOVA DA BARQUINHA

“Fui o produtor número um de geleia real em Portugal” Quem o diz é Domingos Serrano, apicultor profissional, desde 1985. O interesse pela apicultura surgiu por influência do pai. Domingos Serrano contou ao JA que é natural de Bragança, o seu pai era apicultor e ensinou-lhe “tudo” o que sabe.

Após uma temporada no Ultramar, Domingos Serrano casa-se em 1958 e instala-se em Vila Nova da Barquinha. É nesta altura, que a produção de colmeias começa a valer. Há dez anos atrás, Domingos Serrano chegou a reunir cerca de 1200 colmeias nos concelhos de Abrantes, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha e Bragança. A sua marca, Mel Serrano, esteve presente nas grandes superfícies comerciais e era reconhecida por toda a região do Médio Tejo.

Actualmente, devido a uma mudança na legislação na área da apicultura, Domingos Serrano disse que para continuar “teria de realizar grandes investimentos e, por isso, decidi apenas ficar com a minha exploração de Bragança, inserida no agrupamento de produtores do Parque Natural de Montesinho”, acrescentando “ que na Barquinha apenas mantêm colónias para dar formação”. O apicultor explicou ainda ao JA que extrai produtos diversificados das colmeias, como a geleia real, “fui o produtor número um de geleia em Portugal”, o mel, o pólen e a própolis. Este último “tem componentes necessários para a composição de antibióticos, para o combate às infecções” acrescentou. Destes produtos surgem variadíssimos objectos vendáveis, como ba-

tons, cremes para o corpo, aguardentes, ambientadores, geleias, mel âmbar, mel melado, mel escuro e claro entre outros. Também, a partir de 1990 o Apicultor dá aulas de formação de apicultura na Associação de Apicultores do Centro de Portugal, na CARITAS, no SAPE e é o presidente da Associação de Apicultores de Portugal, a entidade mais antiga ligada à área. Por último, Domingos Serrano afirmou que “é preciso gostar muito para apostar neste tipo de área de negócio. Hoje em dia, já estou mais velho já não pretendo dar continuidade às minha produções de colmeias em Bragança, contudo quero continuar a dar formação pois é um exercício que me dá imenso prazer”. Joana Margarida Carvalho

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8 economia

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PROJECTO DO INOV´LINEA CONQUISTA APOIO DE 1,2 MILHÕES DE EUROS A candidatura do INOV’LINEA ao sistema de apoio a infra-estruturas científicas e tecnológicas, do Programa Operacional Regional Mais Centro, foi aprovada. Este projecto de Desenvolvimento e Aplicação de Processos de Conservação Alternativos e Inovadores a alimentos vai contar com o co-financiamento do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) na ordem de 1,2 milhões de euros. O objectivo deste plano, promovido pela Tagusvalley, Tecnopolo do Vale do Tejo, é a expansão do INOV’LINEA - Centro de Transferência de Tecnologia Alimentar, permitindo a aquisição de equipamento piloto que garanta uma resposta ao aumento da procura, por parte dos consumidores, de alimentos mais frescos e nutritivos, minimamente processados e fáceis de manipular. Para tal, contará com a aposta tecnológica em

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sistemas de conservação de ponta como a alta pressão, aquecimento óhmico e luz pulsante. O projecto do INOV’LINEA para o sector Alimentar prevê, tam-

bém, realizar a avalização técnica e económica de processos industriais; organização de eventos de transferência de tecnologia; reprodução de processos e produção em escala piloto; caracterização, estudo da vida útil e teste de novos produtos. O Centro de Transferência de Tecnologia Alimentar, que é um

dos sete projectos âncora da Estratégia de Eficiência Cluster Agro-Industrial do Ribatejo, reúne, assim, as condições necessárias para se assumir como um centro de excelência para o estudo e apoio ao desenvolvimento de produtos tradicionais portugueses e alimentos que se enquadrem na dieta mediterrânea.

GLOSSÁRIO Tecnologia de Alta Pressão – processo de conservação em que o produto é submetido a elevadas pressões com o objectivo de destruir microrganismos e inactivar enzimas. A principal vantagem desta tecnologia sobre a pasteurização dos alimentos é a preservação das características naturais do produto. Aquecimento Óhmico – consiste numa passagem de corrente eléctrica através dos alimentos com o objectivo de os aquecer gerando energia interna. Os alimentos são aquecidos de uma forma uniforme e rápida levando assim a um tratamento térmico menos agressivo, como consequência alimentos com qualidade superior aos processados por métodos convencionais. Luz Pulsante – é uma tecnologia não térmica de conservação usada como alternativa aos tradicionais tratamentos químicos. O equipamento gera sucessivos pulsos de luz, com alto poder bactericida, que não alteram o comportamento reológico dos Alimentos. Tem como vantagens ter um custo médio, ser um processo muito rápido, produzir pouca ou nenhuma mudança nos alimentos e pouco gasto de energia.


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ABRANATUR

Novo projecto nasce em Abrantes Chama-se Abranatur, é uma Ervanária e 1 de Outubro de 2010 foi o dia da inauguração.

Filomena António é a gerente do espaço e contou ao JA como nasceu este projecto. Sempre se interessou por produtos naturais. A pesquisa exaustiva e a leitura de vários livros sobre esta área levou-a à vontade de criar um negócio seu. “ A Abranatur conta com um serviço de consultas de naturopatia

e homeopatia”, bem como, “uma diversidade de produtos naturais para alguns problemas de saúde” referiu. Os problemas que incidem no sistema nervoso, no coração, as dores de cabeça, sintomas de fadiga, queda de cabelo, colesterol alto, vontade de deixar de fumar, entre outros, podem ser resolvidos segundo a gerente “ com o tratamento através de produtos naturais”. Abranatur, Edifício Sopadel , Tel. 919 556 420, abranatur@gmail.com

Jornal de Alferrarede faz 25 anos O mês de novembro marca as bodas de prata de um dos jornais mais antigos da região abrantina. O Jornal de Alferrarede, que conta já com 300 edições impressas, comemorou no passado dia 7 de Novembro, 25 anos de existência. Nascido e criado a partir de um sonho de Manuel Martinho e de um incentivo conjunto de Fernando Simão e Adelino Venâncio, o Jornal de Alferrarede representa a voz da população da freguesia que abrange. Este mensário é, no essencial, o trabalho de um homem só: Manuel Martinho, a quem endereçamos os nossos parabéns.

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ABRANTES

Autarquia anuncia investimento no castelo

BARQUINHA

Paços do concelho em obras para galeria de arte Já estão avançadas as obras nos antigos Paços do Concelho de Vila Nova da Barquinha. Conforme o JA informou, o edifício está a ser adaptado para galeria de arte, no rés-do-chão, e vários gabinetes. As obras tiveram início no passado mês de junho e segundo Miguel Pombeiro, presidente da Câmara, “neste momento estão a decorrer a bom ritmo e dentro dos prazos previstos de conclusão, maio e junho do próximo ano”. Este empreendimento tem um custo de cerca de

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600 mil euros e está inserido no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Conforme referimos em edições anteriores, este é um dos principais equipamentos do Mercado das Artes, e por isso vai ficar integrado com o parque ribeirinho, na criação de um museu de escultura contemporânea de ar livre, previsto para 2011. Esta é uma aposta estratégica da autarquia para dar uma dimensão nacional, e mesmo internacional, a Vila Nova da Barquinha.

O espaço conhecido como antigo heliporto, está a ser transformado num parque de estacionamento com capacidade para 47 automóveis e autocarros turísticos. O objectivo é “acolher os visitantes e os habitantes do centro histórico e servir de porta de entrada ao maior ex-libris da cidade, o castelo de Abrantes”, explicou Rui

Serrano, vereador da Câmara Municipal de Abrantes. É uma obra orçada em 343 mil euros, que tem a sua conclusão anunciada para meados de dezembro próximo. Ainda por concretizar está também, segundo o vereador, “a requalificação dos jardins do castelo e a criação de percursos pedonais nas zonas envolventes”.

Praça aberta ao rio nasce no Aquapolis As obras de requalificação no Aquapolis encontram-se na margem Sul, com um investimento previsto na ordem dos dois milhões de euros. Nesta fase, a autarquia de Abrantes adjudicou 1 milhão de euros para construção de uma praça aberta ao rio com cobertura extensível para a realização de espectáculos musicais e culturais, percursos ribeirinhos, zonas de estar e lazer e um parque infantil. Este equipamento está a ser construído na margem sul e vai estar em obra num período de 12 meses. Na última fase de requalificação, orçada também em 1 milhão

de euros, está prevista a construção de um Centro de Acolhimento do Tejo, bem como, a ampliação do parque de campismo, que vai permitir aumentar a capacidade para cerca de 300 pessoas. Por último, ainda não uma data definida para o inicio das obras, está prevista a construção do Centro Náutico, na margem norte. Desde 2006, já foram investidos cerca de 15 milhões de euros na requalificação do parque urbano ribeirinho e na construção de um açude insuflável sobre o rio Tejo, que permitiu a criação de um espelho de água.

NOTARIADO PORTUGUÊS

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CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia cinco de Novembro de dois mil e dez, exarada de folhas trinta e cinco a folhas trinta e sete, do Livro de Notas para Escritura Diversas OITENTA E QUATRO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores MANUEL ROSA, e mulher MARIA ROSA ANTÓNIO, casados no regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Souto, do concelho de Abrantes, residentes no lugar de Vale da Bairrada, em Fontes, Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios: -UM) Prédio rústico, sito em Pias, na freguesia de Fontes, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense, oliveiras e pinhal, com a área de seiscentos e oitenta metros quadrados, a confrontar de Norte e Poente com António Delgado, de Sul com José da Conceição Aparício e outro e de Nascente com Herdeiros de Joaquim Francisco Machado, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 265 da secção AH. DOIS) Prédio rústico, sito em Quebradas, na freguesia de Fontes, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense e oliveiras, com a área de quatrocentos metros quadrados a confrontar de Norte com João do Carmo Pedro, de Sul com Herdeiros de Joaquim Francisco Machado, de Nascente com Olívia da Silva Pedro Branco e outra e de Poente com Herdeiros de Francisco da Conceição Aparício e outros, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 211 da secção AH. TRÊS) Prédio rústico, sito em Barrancão, na freguesia de Fontes, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense de regadio, cultura arvense, macieiras e mato, com a área de mil e oitenta metros quadrados, a confrontar de Norte com ribeira, de Sul com Olívia de Jesus, de Nascente com António Rodrigues Novo e de Poente com Luísa Mendes Antunes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 62 da secção AS. QUATRO) METADE do prédio rústico sito no Outeiro da Eira, na freguesia de Fontes, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense, figueiras e oliveiras, com a área de mil cento e sessenta metros quadrados, que confronta no todo de Norte com João Francisco e outros, de Sul com Herdeiros de Manuel Rosa Gaspar e outros, de Nascente com Vital Emílio Martins e de Poente com António da Silva Júnior, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 112 Secção AO. Que os prédios ora justificados em DOIS) e TRÊS) estão inscritos na matriz na totalidade em nome dele justificante marido e os prédios UM) e QUATRO) estão inscritos na matriz, em parte, em nome dele justificante, e que são possuidores, da totalidade dos prédios indicados em UM e DOIS desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e dois, os quais vieram à sua posse por compra meramente verbal a Manuel dos Santos e mulher Maria da Conceição Carmo, casados no regime da comunhão geral de bens, residentes em Fontes, Abrantes, e dos prédios indicados em TRÊS e QUATRO desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e quatro, as quais vieram à sua posse por compra meramente verbal a Alfredo Pimenta da Silva e mulher Maria da Luz Rosa Antunes, casados no regime da comunhão adquiridos, residentes em Montalvo, Constância, portanto todos há mais de vinte anos, não tendo sido celebradas as respectivas escrituras. - Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades pelos mesmos proporcionadas, limpando as árvores e os matos, cortando e retirando a madeira, pagando os respectivos impostos, com ânimo de quem exerce um direito de propriedade próprio e legítimo, á vista e com o conhecimento de toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes e sem oposição de ninguém, de modo pacífico, contínuo e público, sendo reconhecidos por toda a gente como seus donos, pelo que se pode afirmar que adquiriram os identificados prédios por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. Abrantes, 5 de Novembro de 2010. A Notária (Sónia Maria Alcaravela Onofre)

Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e nove de Outubro de dois mil e dez, exarada de folhas cinco a folhas sete, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E QUATRO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOAQUIM LOPES D’OLIVEIRA NETO, que também usa JOAQUIM LOPES DE OLIVEIRA NETO e mulher FLORIANA DE MATOS FILIPE, casados no regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes, residentes no lugar de Bogalhinha, em Mouriscas, Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, sito em Cardal, na freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes, composto de citrinos, figueiras, horta, oliveiras, dependência agrícola, pastagem ou pasto, cultura arvense, mato e sobreiros, com a área de quatro mil novecentos e sessenta metros quadrados, a confrontar de Norte com António Alves Bento, de Sul com Fernando Marques Lopes e Outro, de Nascente com Herdeiros de Augusto de Matos Bento e de Poente com Herdeiros de Jacinto Pedro e Fernando Marques Lopes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 427 da Secção U. Que o prédio ora justificado está inscrito na matriz em nome dele justificante marido e que são possuidores do prédio acima identificado, desde, pelo menos, o ano de mil novecentos e cinquenta e dois, o qual veio à sua posse por partilha verbal, com os demais herdeiros, por óbito de seus sogros e pais Afonso Filipe e mulher Felismina de Matos, casados que foram no regime da comunhão geral de bens, residentes no lugar de Outeiro Cimeiro, em Mouriscas, Abrantes. Que, eles justificantes, se encontram na posse do referido prédio desde a referida data, há mais de cinquenta anos portanto, usufruindo de todas as utilidades pelo menos proporcionadas, limpando as árvores e os matos, cortando e retirando a cortiça, apanhando a azeitona e colhendo os frutos, pagando os respectivos impostos, com ânimo de quem exerce um direito de propriedade próprio e legítimo, à vista e com o conhecimento de toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes e sem oposição de ninguém, de modo pacífico, contínuo e público, sendo reconhecidos por toda a gente como seus donos, pelo que se pode afirmar que adquiriram o identificado prédio por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. Abrantes, 29 de Outubro de 2010

(em Jornal de Abrantes, edição 5478 – Novembro de 2010)

(em Jornal de Abrantes, edição 5478 – Novembro de 2010)

A Notária, (Sónia Maria Alcaravela Onofre)


Flávio Joaquim, aluno

Valter Ventura, professor

Programa de trabalho voluntário para o Departamento de Fotografia do IPT dá experiência e créditos aos alunos

p. 5 PUB

www.nyb.pt

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U U JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL » ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES » INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR

Comandante dos Bombeiros diz que não é ditador p. 6

António de Jesus responde às acusações que lhe têm vindo a ser feitas, anonimamente, na net RUI CAPITÃO

A MUDANÇA TRANQUILA Eugénio Pina de Almeida é o novo presidente do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Assume uma linha de continuidade em relação ao passado recente, até porque foi vice-presidente ao longo dos últimos cinco anos. O percurso que foi fazendo dá-lhe o conforto necessário para enfrentar mais este desafio. Em entrevista à ESTATV, Pina de Almeida mostra-se satisfeito com a equipa que escolheu e rejeita a ideia de rupturas. Perante eventuais dificuldades financeiras resultantes da crise nacional, o novo presidente é directo: “A nossa política é respondermos a quaisquer desafios”. O presidente cessante, António Pires da Silva, vai manter-se por perto: passará a dirigir o Conselho da Presidência. No seu sucessor vê qualidades que são essenciais para o cargo: perspicácia, capacidade de trabalho e inteligência. P. 4 e 5 PUB

Alunos de Cinema da ESTA ganham mais um prémio Alunos da licenciatura em Vídeo e Cinema Documental da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes venceram o prémio de melhor documentário, por decisão unânime do júri, com a curta-metragem “Alguma coisa tinha de acontecer” da realizadora Mónica Ferreira, no Cinesc – 1º Festival Nacional de Curtas-Metragens para Escolas de Cinema. Para além da realizadora, fizeram também parte da equipa os alunos Rita Moreira, Daniela Guerra e João Luz. O curso de Vídeo e Cinema Documental da ESTA arrancou em 2008, mas as provas dadas pelos alunos e pelos docentes, em pouco mais de dois anos, fazem com que esta licenciatura seja já uma referência.

Primeiras reportagens e entrevistas da ESTATV online O embrião da ESTATV já está disponível em www. estajornal.com . Depois do ESTAJornal e do estajornal em versão digital, o curso de Comunicação Social da ESTA reforça a sua aposta no jornalismo audiovisual. Nesta primeira fase, os conteúdos estão a ser feitos a nível experimental, por uma equipa de alunos e estagiários, coordenada pelos docentes do Departamento. A ESTATV pretende vir a ter, a curto prazo, a sua própria plataforma online. Integrada num laboratório de produção de conteúdos, esta aposta pretende alcançar três objectivos: por um lado, servir como espaço de prática para os alunos; por outro lado, produzir conteúdos que sejam do interesse de toda a região do Médio Tejo, e não só: finalmente, mas não menos importante, dar corpo às diferentes parcerias que o IPT, em geral, e a ESTA, em particular, têm assumido ao longo dos últimos anos e, também, a próximas que possam surgir. Fazer um retrato da região, divulgar projectos, dar voz às pessoas, servir de ‘ponte’ entre as autarquias e os munícipes e, sobretudo, contar estórias. Esta é a missão da ESTATV.


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OPINIÃO ESTATV, o novo projecto Hália Costa Santos

edito r ial

Este número do ESTAJornal marca o aparecimento de mais uma forte aposta desta instituição de ensino politécnico: a ESTATV. Algumas das entrevistas que aqui são reproduzidas foram feitas pelos quatro alunos que, voluntariamente, aceitaram fazer parte de um projecto que quer crescer e afirmar-se na região. A ESTATV é ainda um embrião, que quer dar passos à medida das nossas possibilidades, mas passos que sejam seguros. Tal como numa televisão profissional, os alunos e os dois estagiários que os acompanham (e que fazem a componente da captação e edição de imagens) desenvolvem o trabalho respeitando todos os procedimentos: escolhem o tema, definem a abordagem, contactam as pessoas, vão para o terreno, escrevem o texto, dão a voz e editam a peça. O resultado ainda tem, naturalmente, muitas arestas para limar. Mas este começo é já um sinal de que muito mais virá. O espírito de profissionalismo e de dedicação que estes seis jovens já demonstraram dá-nos a garantia de que a ESTATV vai passar a ser, a curto ou médio prazo, um canal de comunicação essencial para a região. Evidentemente, nada disto se faz sem o apoio incontestável de que quem dirige a ESTA e o IPT. Desde que a ideia surgiu que se foram trabalhando cenários, com o objectivo de lançar um projecto de forma consistente, que pretende servir de laboratório, para os alunos, e de elo de ligação com a

comunidade envolvente. Quem está à frente destas duas instituições percebeu desde cedo que valia a pena apoiar o projecto da ESTATV e fê-lo de forma clara, disponibilizando meios técnicos e humanos. Também é evidente que este projecto só se faz com a rectaguarda de docentes. Às vezes à distância, outras vezes no

E STATUTO EDITORIAL

pública informada, emancipada e inter veniente - condição fundamental da democracia e de uma sociedade aberta e tolerante.

•O ESTA é um jornal de Escola, de pendor assumidamente regional, mas que nem por isso abdica da dimensão de um órgão de grande informação ou da ambição de conquistar o público para além do meio universitário.

•A democracia participativa e entendida para além da sua dimensão meramente institucional, o pluralismo, a abertura e a tolerância são os valores primaciais em que se alicerça a atitude do ESTA Jornal perante o Mundo.

• O ESTA Jornal adopta como lema e norma critérios de rigor, de absoluta independência e de pluralismo dos pontos de vista a que dá expressão.

•O ESTA Jornal considera-se responsável única e exclusivamente perante a ambição e a exigência dos seus redactores, alunos do Curso de Comunicação Social da Escola • O ESTA Jornal aposta, por isso, numa Superior de Tecnologia de Abrantes informação plural e diversificada, e perante o público a que se dirige. procurando abordar os mais diversos campos de actividade numa atitude O ESTA Jornal está por isso de criatividade e de abertura perante plenamente disponível e empenhado a sociedade e o Mundo. com os leitores, comprometendose a manter canais de comunicação •O ESTA Jornal considera como abertos com quantos connosco parte da sua missão contribuir queriam partilhar as suas ideias e para a formação de uma opinião inquietações.

FICHA TÉCNIC A

RITA PEREIRA, TERESA FRANCO, VANDA BOTAS, VERA AGOSTINHO, VERA

MENDES. DIREC TORA: HÁLIA COSTA SANTOS DIREC TORA-ADJUNTA: RAQUEL BOTELHO PROJEC TO GRÁFICO E PAGINAÇ ÃO: EDITORA EXECUTIVA: SANDRA BARATA REDACÇ ÃO: ANA ISABEL SILVA, DANIELA JOÃO PEREIRA COLABORAÇ ÃO: FERNANDA MENDES, AFONSO, JOANA ANTUNES, JOANA FERREIRA, JOANA RATO, JOÃO RUELA, JULIANA MADEIRA, MANUEL ANTÓNIO,

RUI CAPITÃO TIRAGEM: 5000 EXEMPLARES

próprio local do acontecimento, Rui Capitão, Raquel Botelho e João Pereira têm sido os professores que orientam o trabalho da equipa de jovens alunos e estagiários. Depois do ESTAJornal, do www.estajornal.com, a ESTATV! Dez anos de trabalho do Departamento de Comunicação Social da ESTA.

Oportunidades

E

sta é a história de um rapaz igual a muitos outros. O Manuel podia ter sido um fracasso, podia não ter ninguém com quem falar e ser muito mal visto pela sociedade. No entanto, tal não aconteceu graças a uma oportunidade que o Manelito aproveitou. Este prodígio de que vos falo não sabe multiplicar números com mais de três dígitos sem ser na máquina de calcular. Mas agora há bem pouco tempo, tinha uma cadeira chamada Métodos Quantitativos. O menino não sabe abrir um documento Word para escrever algumas linhas, mas este mesmo menino teve aulas de Informática. Mas a melhor do Manuel é ser daltónico, estar inscrito na cadeira de Pigmentação e ter acabado a mesma com média de 18 valores. Tudo isto, porque o Manel teve uma oportunidade.

Vanda Botas

Este jovem não foi um desastre embora pudesse ter sido. Hoje todos na empresa lhe dirigem a palavra com o maior respeito e têm por ele a maior consideração. Hoje, é um dos mais conceituados gestores e tem muita gente a seu encargo. Bem, mas que oportunidade foi esta? Se o Manuel a teve, todos nós a queremos também! A realidade é que isso é mesmo possível. Meus amigos, o Manuel de que vos falo, há uns anos atrás tinha apenas a 4ª classe no seu currículo. Depois, apareceu uma oportunidade e o Manuel completou em seis meses o 2ºciclo. Meses mais tarde o 3º e

num espaço de dois anos passou da 4º classe para a formação profissional. Como cada vez mais este tipo de aprendizagem é cultivada, hoje o Manuel está bem profissionalmente e até conseguiu emprego muito antes dos licenciados de gestão, que só no próximo ano conseguem acabar o seu curso. Até nisso, o pequeno Manuel leva vantagem. Tirou o seu curso em pouco tempo, está a trabalhar naquilo que gosta e tudo isto por causa de uma oportunidade, uma nova oportunidade. Até aqui nada contra, mas não podemos esquecer que há quem ande muitos anos a queimar parte da sua massa encefálica para que a possa desenvolver. E é aqui que se notam depois as diferenças. Aqui se vêem os grandes e os pequenos crânios. Pequenos somos nós claro porque não soubemos aproveitar as oportunidades!


Novembro 2010 • ESTA JORNAL | 3

DESTAQUE Fernando Nobre, candidato a Presidente da República, em entrevista ao ESTAJornal

“Ergui-me com optimismo, com força e com vontade” Na sua nova sede, em Abrantes, Fernando Nobre apela à necessidade de mudar. O candidato à Presidência da República não se deixa abater com as últimas sondagens, revelando que a sua votação “vai surpreender muita gente.” Em entrevista ao ESTAJornal, o ainda presidente da AMI acredita que tem a “visão estratégica do país e do mundo” para carregar o peso da responsabilidade do cargo de chefe maior da nação portuguesa. VANDA BOTAS

Ana Isabel Silva e João Ruela - ESTATV

O 25º maior português de sempre [votação promovida pela RTP em 2007] é o homem indicado para ocupar o cargo mais importante da República Portuguesa? Não sei se é pelo facto de ter sido catalogado como o 25º português de sempre… Agora pela experiência de vida que tenho, e visto a situação a que o país chegou, é chegado o momento de um cidadão português, com provas dadas de vida, com provas de trabalho, de acção, com visão estratégica (penso eu), e com uma postura de dignidade e exemplaridade, com vontade própria, ocupar o topo da nação. O seu nome tem sido veiculado na comunicação social como sendo o candidato do povo. É mesmo o candidato da sociedade civil? Sou, porque eu não estou a invocar a sociedade civil porque me dá jeito ou porque dá votos. Há 30 e tal anos que actuo na sociedade civil. Nunca pertenci a nenhum partido político. Sempre desenvolvi as minhas actividades e, por isso, dentro da sociedade civil, cada vez mais, tenho tentado afirmar-me. Nós, cidadãos, também temos uma palavra a dizer e queremos ser ouvidos e escutados. Tem uma vida construída em torno de causas humanitárias. Não teme que uma carreira política possa influenciar negativamente o historial que tem vindo a construir até aqui? Não. Como eu costumo dizer, independentemente do resultado de 23 de Janeiro, eu sairei com a mesma dignidade e a mesma postura com que entrei quando me candidatei, a 19 de Fevereiro. Ninguém poderá tirar tudo o que já fiz e, para aqueles que têm algum receio por mim, agradeço, mas eu sou daqueles que não muda. Eu sempre fiz política, mas não política partidária. Há mais de 30 anos que estou no campo humanitário social. Abri 14 centros sociais no país, e isso quer dizer que eu estou bem ao corrente da situação e da pobreza em Portugal. Quando eu sair deste combate, independentemente do resultado, continuarei com o trabalho que tenho hoje. Já mencionou que a intolerância e a indiferença são as duas doenças mais graves deste mundo. Portugal padece desses males? E, mais importante, tem cura para esses males? Sim, sem dúvida. Se não houvesse tamanha indiferença talvez não tivéssemos chegado ao ponto a que chegámos e o povo português não estaria a pagar o preço que está a pagar. Se a governação das

Austeridade. “Sim, cortemos nas despesas mas onde elas não fazem falta nenhuma ao Estado: no excesso de mordomias”

primeiras duas décadas tivesse olhado para o povo português com a sabedoria, sensibilidade e a dignidade que ele merece, de certeza que não estaríamos como estamos. E com o aumento do desemprego, a diminuição do crescimento da nossa economia, o aumento da pobreza pode, perfeitamente, surgir, como está a surgir noutros países da Europa. Uma das maiores preocupações da população abrantina é o aumento da insegurança. Caso chegue a Presidente da República, tenciona promover algum referendo nacional sobre a questão? A questão da segurança versus insegurança só será talhada quando as questões sociais no país melhorarem. Não vamos ter ilusões. À medida que a pobreza se vai alastrando entre a nossa população, à medida que a miséria se vai afundando, a insegurança vai aumentando. Não há como dar a volta a isso. Por exemplo, as nossas prisões estão cheias, sobretudo, de pequenos criminosos, porque os grandes criminosos não roubam, fazem engenharias financeiras. Para evitar isso, é preciso estar presente no terreno com efeito persuasor, pedagógico. Não é pela repressão que nós vamos acabar com

“Se querem uma esperança de mudança, façam uma experiência” a insegurança no nosso país. Nem por implementação de medidas sociais e de medidas laborais. Que comentários faz às medidas de austeridade tomadas pelo Governo? Nós temos estado a viver acima das nossas posses, o que é válido para uma família, é válido para um Estado. Só há duas maneiras: ou aumentamos a nossa receita ou diminuímos a nossa despesa. Aumentar a nossa receita, como o Governo pretende, duvido que seja possível. Porque isso não depende só de nós e as empresas vão, também, entrar em dificuldades. Por isso, a exportação e o aumento das nossas receitas não depende só de nós, depende do mercado internacional. Quanto ao cortar na despesa, sim cortemos nas despesas, mas lá onde elas não fazem falta nenhuma ao Estado: no excesso de mordomias, e de gorduras que

serviu ao longo das décadas para instalar toda uma clientela de vários partidos. O facto de ser um candidato independente traduz-se numa vantagem ou numa desvantagem? Depende. É uma vantagem se entendermos que eu não estou agarrado a nenhum compromisso, seja ele qual for. Sou um homem livre, sou um homem independente e, por isso, estou perfeitamente livre para tomar decisões quando chegar a Belém, como espero. A única desvantagem é que, neste momento de campanha, não tenho os mesmos meios financeiros que os outros terão. Os outros receberão subsídios ilimitados dos partidos e, nesse sentido, terão outros meios. Por outro lado, entendo que no momento de crise em que vivemos, acho que uma contenção financeira só ficará bem junto do povo português, como aquela que eu farei na minha campanha. As últimas sondagens dão-lhe uma percentagem de 6%. Isto não condiciona a sua motivação? Não, antes pelo contrário. Eu erguime enquanto candidato político há oito meses, os outros dois candidatos estão em cena política há trinta ou quarenta anos.

EM PÉRIPLO PELO PAÍS Nasceu em Luanda em 1951 e licenciou-se em Medicina na Universidade Livre de Bruxelas. Foi administrador dos Médicos Sem Fronteiras, na Bélgica. Fundou a Assistência Médica Internacional (AMI) em 1984, organização não-governamental, da qual é o actual presidente. Através da AMI participou como cirurgião em mais de 250 missões de estudo, coordenação e assistência humanitária, em mais de 70 países de todos os continentes. Nobre é Professor Catedrático convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, assim como professor convidado de outras universidades, e faz parte de diversas associações humanitárias. Foi eleito o 25º grande português num programa da RTP1. Sem filiação partidária, Fernando Nobre tem dividido as suas participações políticas em diferentes campos. Em 2002 participou numa convenção do PSD, em 2006 foi membro da Comissão de Honra e da Comissão Política da candidatura de Mário Soares à Presidência da República, em 209 foi mandatário nacional do Bloco de Esquerda nas eleições europeias e, no mesmo ano, foi também membro da Comissão de Honra da candidatura de António Capucho ao Município de Cascais. Em 2010 Fernando Nobre apresentou a sua candidatura à presidência da República como candidato independente. O lema da campanha de Nobre é‘Recomeçar Portugal’ e um dos principais objectivos da sua campanha é mobilizar os portugueses. Enquanto candidato, Fernando Nobre prestou homenagem à democracia, aos valores democráticos e aos Capitães de Abril, ao juntar-se ao desfile do 25 de Abril em Lisboa. No mês de Maio Fernando Nobre saudou a visita do Papa Bento XVI a Portugal. O candidato juntou-se à Marcha contra a Fome 2010, na Torre de Belém, no dia 4 de Junho. A 25 de Setembro, Nobre organizou uma Convenção Nacional no Parque das Nações, em Lisboa, que teve com tema‘Esperança na Mudança’. V.A.

Por isso, eu acredito que haveria poucos cidadãos em Portugal que, surgindo do zero, poderiam ter um resultado como o meu. Estou convicto, também, que a minha percentagem irá surpreender muita gente. Mas o povo português será soberano. Se querem uma esperança de mudança, uma mudança radical, de alguém que vem de fora, do pilar da cidadania, façam uma experiência. Se estão tão satisfeitos assim, continuem a votar como têm votado, mas depois, por favor, não se queixem! Porque a partir de agora, como eu digo em família, eu erro uma vez. Não estou aqui para repetir, isto não é uma brincadeira! Porque isso tem custos profissionais, pessoais e económicos pesadíssimos! Ergui-me com optimismo, com força e com vontade, porque entendo que tenho currículo e experiência de vida. Tenho o conhecimento, a visão estratégica do mundo e do país. Se pudesse definir a sua campanha e o seu projecto de vida em três palavras, que palavras escolheria? Primeiro: Acreditar. Segundo: Mobilizar. Terceiro: Moderar. É fundamental que recomecemos, muita coisa tem que ser feita.


4 | ESTA JORNAL • Novembro 2010

GRANDE ENTREVISTA

versão completa em www.estajornal.com

Eugénio Pina de Almeida, novo presidente do IPT, assume uma mudança traquila

“Quero que o Politécnico seja reconhecido como uma instituição séria e honesta”

A foto dos netos do presidente cessante do IPT ainda estão no gabinete da presidência. A passagem do testemunho para o novo presidente, Eugénio Pina de Almeida, parece fazer-se com calma. Pina de Almeida assume um projecto de continuidade em relação ao passado, até porque foi vice-presidente. Mesmo assim, nomeou dois novos directores de escolas. “Não é uma questão de menorização de quem sai, mas antes uma questão de compatibilidade com o novo modelo” de quem entra, garante. RUI CAPITÃO

Joana Rato - ESTATV

Sente-se preparado para esta nova etapa da sua vida? Sim. A minha preparação advém não só do percurso que tive a oportunidade de fazer dentro desta instituição: primeiro como director de Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e depois fui convidado pelo professor Pires da Silva para ser vice-presidente do Politécnico.O facto de ter estado em contacto com os processos e com os procedimentos todos que estavam a decorrer dá-me o suporte e o conforto necessários. Tendo em conta os cortes orçamentais anunciados, acha que vai conseguir concretizar o seu plano de acção? Isso é uma pergunta difícil porque nós nunca temos bem a verdadeira percepção dos cortes anunciados. E é difícil lidar com variáveis que não controlamos. Sabemos que vai haver cortes, mas não sabemos quais é que serão nem em que áreas é que vão ser. Não é nossa política no Politécnico de Tomar estarmos apreensivos em relação ao que vai ser o futuro só porque os cortes são anunciados. A nossa política é estarmos preparados para responder a quaisquer desafios que nos venham a ser colocados. Apenas a Escola Superior de Gestão de Tomar manteve a mesma direcção. O que é que pretendeu com as mudanças nas outras duas escolas? A questão da mudança dos directores de escola não tem a ver com rupturas. Tem a ver com maior ou menor afinidade e com maior ou menor proximidade de ideias, de opiniões e de projectos. Face ao modelo de gestão que está implementado no Politécnico, existe sempre uma maior ou menor proximidade de opiniões. Há sempre uma maior ou menor proximidade com esse modelo. Não é uma questão de menorização de quem sai, mas antes uma questão de compatibilidade com o novo modelo. Sente-se confiante nas escolhas que fez? Sinto-me! Perfeitamente! Qual foi a razão para escolher o Dr. Miguel Pinto dos Santos? O Dr. Miguel Pinto dos Santos é uma pessoa que eu conheço há muito tempo. Não é uma questão de amizade pessoal, é uma questão das competências que já demonstrou. O Dr. Miguel Pinto dos Santos foi administrador do Politécnico, foi docente do Politécnico, foi director da Escola de Abrantes. Ele desempenhou a missão que lhe foi

Alunos. “Temos uma taxa de transferências e de reingressos que é quase igual à taxe de ingressos na primeira fase”

pedida e confiada. É uma pessoa por quem eu tenho a máxima confiança e não tenho dúvidas nenhumas de que vai ser um elemento extremamente válido. O projecto de construção da ESTA faz sentido numa altura em que o país atravessa uma crise? Eu acho que sim! A crise financeira não tem nada a ver com a nova ESTA porque é suportado por financiamento comunitário, que é o QREN. Uma coisa é a crise financeira que afecta o país; outra coisa são os projectos que são estruturais para o país. Não estamos a falar de TGV's nem de aeroportos. O financiamento já chegou? O projecto já está aprovado. Então, porquê a demora? Não estamos a falar de um ajuste directo de 15.000 euros. Estamos a falar de construir um projecto na ordem dos oito ou nove milhões de euros. É um procedimento muito mais lento, e muito mais complicado, por causa do que é exigido pela União Europeia. Quanto tempo é que vai levar para que os alunos se mudem para lá? Eu percebo a pressão de passar para o novo edifício... A ESTA fez dez anos e eu penso que os próximos dez anos vão ser numas instalações muito mais agradáveis. Penso que, decorridos os prazos legais para o concurso para a adjudicação da obra e decorridos os prazos para a execução da obra poderá, no limite, levar um ano e meio, dois anos.

Entretanto, como é que se colmatam certas necessidades dos alunos, nomeadamente ao nível dos equipamentos? O Dr. Miguel Pinto dos Santos fez chegar à Presidência uma listagem de equipamento para podermos dar resposta às necessidades dos alunos, especificamente no caso de Comunicação Social e de Vídeo e Cinema Documental. A instituição tem a obrigação de proporcionar equipamento como os que são usados para os trabalhos audiovisuais. Mas este equipamento tecnológico custa muito dinheiro e tem que haver cuidado e estima. Uma instituição de ensino público não tem capacidade financeira para poder renovar estes equipamentos como tem uma empresa privada. Não faz sentido encostar equipamento que ainda pode ser utilizado só para comprar equipamento mais actualizado. E o equipamento tem que ser estimado! Os alunos do IPT pagam um dos valores mais altos de propinas. Quais são os motivos que sustentam este valor tão alto? O valor não é assim tão alto. Nós não estamos acima dos valores de outros politécnicos. Estamos na média dos outros politécnicos, que andam todos dentro do mesmo valor, mais ou menos 10 ou 20 euros. É um valor que está mais ou menos normalizado. Quando o valor sobe, por que é que sobe? Os estudantes têm a tendência para

“A nossa política é respondermos a quaisquer desafios” indexar o valor da propina ao serviço que lhe é prestado. E esquece-se que a instituição presta um serviço não a um aluno, mas a 3.600 alunos. Nós temos que colocar vários serviços à disposição de todos os estudantes e isso reflectese no valor das propinas, mesmo que esse aluno não use todos os serviços. Quando nós vamos indexar o preço desses serviços que vamos prestar aos estudantes, tudo isso se reflecte no valor da propina. Como é que justifica que, na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior o IPT não consiga preencher sequer metade das vagas? Esse é um registo que nós temos no Politécnico de Tomar ao longo dos últimos dez anos. Normalmente o Politécnico de Tomar tem um índice de ocupação de 40, 50%. Depois, na segunda e na terceira fase, ficamos com um máximo de 70% de ocupação das 700 vagas que colocamos a curso. Depois temos as mudanças de cursos, transferências, reingressos, +23 e CET's. Quando chegamos ao final do ano, quando fechamos a base de dados que enviamos para o Ministério, temos cerca de 1.200 alunos novos a entrar

para o Politécnico. Temos uma base muito pequena do ponto de vista do contigente geral, mas depois temos todos os outros que são quase tantos como os do contigente geral. Qual é a análise que se faz disto? Os alunos da região que concorrem pela primeira vez querem ir para Lisboa, Porto ou Coimbra. Há esse fenómeno de os jovens quererem sair, quererem conhecer. Mas passado um ano regressam porque vêem que não era bem aquilo que eles pensavam. Outros têm problemas de adaptação aos grandes centros urbanos, não se sentem bem, e regressam. Há dez anos consecutivos que isto se está a passar. Nós temos uma taxa de transferências e de reingressos que é quase igual à taxa de ingressos na primeira fase. Não consigo ter uma explicação para o facto de regressarem como também não tenho uma explicação para o facto de não se candidatarem ao Politécnico na primeira vez. Esse fenómeno pode significar o fim de alguns cursos? A decisão de os cursos fecharem ou não vai ter que passar por uma reflexão ao nível das escolas, do Conselho Académico e do Conselho Geral para vermos o que é adequado ou não à estratégia do Politécnico. O critério dos alunos não é um critério fundamental para tomarmos uma decisão de fechar ou não fechar um curso. É importante, mas há outros critérios que estão associados. Um curso pode não ter alunos, mas pode ser importante porque estrategicamente responde a uma área de desenvolvimento da região. Mesmo não tendo alunos, o respectivo departamento pode ter professores que são importantes porque podem desenvolver investigação e fazer prestação de serviços.Não vamos cair no limite de dizer que quem tem alunos fica, quem não tem alunos fecha. Essa é uma reflexão que tem que ser feita internamente. Que imagem é que gostaria que o IPT tivesse a nível regional, nacional e internacional quando terminar o seu mandato? Eu vou trabalhar para que o IPT consolide a sua imagem junto das instituições ao nível internacional com quem temos inúmeras parcerias. Ao nível nacional, aquilo que eu quero é que o Politécnico seja reconhecido como uma instituição séria e honesta. Daquilo que depender de mim, vejo o IPT melhor, mais consolidado, mais afirmado do ponto de vista das suas competências. Vejo o IPT com um futuro brilhante. Só podia...


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IPT

Os bons e os maus momentos do presidente cessante RUI CAPITÃO

António Pires da Silva, presidente cessante do IPT, vai ficar à frente de um novo órgão, criado no âmbito dos novos estatutos desta instituição de ensino: o Conselho da Presidência. Em entrevista à ESTATV, Pires da Silva explicou que se trata de um grupo de pessoas que vai exercer influências no sentido de ajudar o IPT no seu caminho de afirmação e desenvolvimento. Trata-se de um órgão de ‘lóbi’, que “faz muita falta”. Em jeito de balanço do seu mandato, Pires da Silva diz que os melhores momentos “foram sempre aqueles em que o Instituto teve um reconhecimento, quer tenha sido nacional ou internacional”. Exemplos disso são o prémio que a Escola de Abrantes ganhou no concurso internacional Solid Works, quando o IPT foi premiado pela Comissão Europeia pela mobilidade Erasmus e pelo Suplemento ao Diploma, ou quando recebeu o ECT Label. Para além disso, acrescenta o antigo presidente, foram também marcantes “todos os momentos em que os alunos quiseram compartilhar todas as suas alegrias e também as suas tristezas”. Pires da Silva prefere guardar os piores momentos do seu mandato para si próprio. Mas, depois de uns momentos de hesitação, acaba por referir um momento difícil: “Posso apenas dizer que nestes cinco anos talvez os piores momentos tenham sido quando não tinha a certeza de ter o vencimento para toda a gente nem o dinheiro para o equipamento que os alunos precisavam.”

Reconhecendo que o IPT começou por baixo, mas que já ganhou a batalha da internacionalização, Pires da Silva acredita também que, apesar de todas as dificuldades, “a comunidade já percebeu que o Instituto Politécnico para esta região é absolutamente fundamental”. Relativamente à ideia, defendida por alguns, de que o Politécnico de Tomar se deveria juntar ao de Santarém, o antigo presidente é claro: “Os dois Institutos, cada um com as suas valências próprias, com as suas possibilidades, com a sua massa crítica, tem o seu papel a desempenhar.” E aproveita para lembrar o principal factor de diferenciação do IPT: “O Politécnico de Tomar começou a sua existência por cursos absolutamente novos e que não existiam em mais parte nenhuma.” Relativamente ao seu sucessor, que foi também o seu vice-presidente ao longo dos últimos cinco anos, Pires da Silva reconhece-lhe três características, essenciais para vir a ser um bom presidente do IPT: “É uma pessoa de fina perspicácia, é uma pessoa inteligente e uma pessoa com uma capacidade de trabalho muito grande.” Num elogio próprio de quem apadrinha o seu sucessor, Pires da Silva lamenta não ter tanto de uma dessas características como tem Eugénio Pina de Almeida. Qual? “Ser tão inteligente!” Entrevista conduzida por Joana Rato para a ESTATV

Miguel Pinto dos Santos, vice-presidente do IPT

“Gostei de ser director da ESTA” Miguel Pinto dos Santos, director da ESTA ao longo dos cinco últimos anos, considera que cumpriu a sua missão e o seu dever. “Não fiz nada de mal e acho que dei o meu melhor. Portanto, isso satisfaz-me. Estou satisfeito com o período em que fui director, estou satisfeito com a colaboração que tive dos docentes, estou satisfeito com o comportamento, na generalidade, dos alunos. Gostei de ser director da ESTA.” Em entrevista à ESTATV, Pinto dos Santos confessou orgulho em ter estimulado os docentes a desenvolver projectos, que fizeram a instituição crescer. No momento de passar a pasta, recorda alguns deles. “Nós fomos a primeira Escola do Politécnico a lançar Cursos de Especialização Tecnológica, e actualmente o IPT é o terceiro

a nível nacional em número de alunos inscritos. E esse projecto não fui eu que o desenvolvi, foram os docentes desta escola e particularmente os docentes da área de Tecnologia da Informação e da Comunicação.” Pinto dos Santos refere também o Mestrado em Manutenção Técnica de Edifícios, do departamento de Engenharia Mecânica. “O projecto foi feito pelos professores, e é muito importante porque foi feito entre duas escolas do Politécnico.” Uma outra coisa que Miguel Pinto dos Santos, agora vice-presidente do IPT, considera que fez “relativamente bem” foi a abertura da Escola à cidade de Abrantes. “Isso levou a cidade de Abrantes a compreender, espero eu, que a ESTA é um parceiro, não só ao nível

do ensino, mas a todos os níveis.” Apesar do sentimento de dever cumprido, Miguel Pinto dos Santos não está “completamente satisfeito”. O novo vice-presidente do IPT gostaria de ter deixado o Laboratório de Conteúdos e a ESTATV a funcionar, assim como um Centro de Estudos ligado à área da Comunicação, das Ciências e da Economia, que espera ainda poder vir a concretizar. Lamenta ainda não ter conseguido “um quinto curso a funcionar permanentemente para a ESTA” e tem pena de não ter assistido à mudança da ESTA para as novas instalações. Mesmo assim, garante que “o que é gratificante, mais ainda do que terminar os projectos, é lançar os projectos e vê-los a andar e a entrar nos

carris para que venham de facto a ser terminados”. Relativamente ao seu sucessor, Miguel Pinto dos Santos diz que Luís Ferreira é um colega que estima e aprecia, por quem tem “toda a consideração e respeito”. É uma pessoa “qualificada e inteligente” que “conhece a Escola muito bem”. Por isso, está “convencido de que vai fazer o melhor que souber e que puder pela ESTA”. Quanto à sua passagem para vice-presidente do IPT, Pinto dos Santos considera que não se trata de subir na carreira, mas antes de assumir uma responsabilidade maior. “Todos os desafios são aliciantes, é uma nova tarefa e uma tarefa que eu acho que é importante.” Entrevista conduzida por João Ruela para a ESTATV

TRABALHO VOLUNTÁRIO NO CURSO DE FOTOGRAFIA Os finalistas do Curso Superior de Fotografia (CSF) da Escola Superior de Tecnologia de Tomar (ESTT) vão agora poder fazer trabalho voluntário onde colocarão em prática tudo o que aprenderam ao longo dos três anos. Trata-se de um trabalho equivalente a um estágio profissional não renumerado e tem a duração de um ano lectivo. O esforço dos alunos será recompensado: 200 horas de trabalho ao longo de dez meses corresponderão a sete créditos. Valter Ventura, professor que está na origem do projecto, lembra que os alunos, por sua livre vontade, ofereciam-se para ajudar o técnico encarregado de orientar os materiais de fotografia. “Não era justo para os alunos estarem a trabalhar sem nenhum aproveitamento.” Foi então sugerido que se abrisse um concurso de trabalho voluntário para alunos. O processo de candidatura implicou a entrega de um currículo e de uma carta de motivação. A ideia foi escolher, também com base nas notas, quatros alunos para trabalhar nas várias áreas do departamento, com um enquadramento académico. O trabalho dos alunos, para além de aumentar o seu currículo e experiência, é também recompensado com créditos, que virão discriminados no suplemento ao diploma. Esta iniciativa tem como principais objectivos fazer com que os alunos participem de forma activa nas tarefas do CSF, assim como ensinar a aplicar tudo aquilo que já sabem na teoria sobre as práticas de fotografia. Uma vez que neste processo os professores também estão presentes, cria-se um ambiente profissional. Os alunos têm, desta forma, a oportunidade de aprender as competências específicas das áreas onde planeiam especializar-se. “Os alunos de Fotografia, felizmente, são muito críticos em relação ao funcionamento do seu Departamento, em vez de aceitarem as coisas exactamente como elas são”, explica Valter Ventura. O docente considera muito importante que os alunos desenvolvam as componentes teóricas, assim como as práticas. Flávio Joaquim, finalista do Curso de Fotografia do IPT e candidato a este programa de voluntariado, foi um dos alunos que sugeriu que se criasse uma iniciativa dentro deste género. Considera o voluntariado muito interessante, sobretudo porque pode praticar os conhecimentos que adquiriu nas diversas áreas da fotografia. “Tenho uma grande paixão pela fotografia e queria aprender mais, queria melhorar os meus conhecimentos técnicos e pôr em prática tudo aquilo que aprendi ao longo destes anos.” Valter Ventura conta que a reacção dos alunos “tem sido muito lenta”: para quatro lugares “ainda só recebemos oito candidaturas.” Até aqui os alunos já ajudavam espontaneamente. Aqueles que agora forem seleccionados para o fazer regulamente, terão que respeitar um horário, serão penalizados por faltas, terão a responsabilidade de zelar pelo local de trabalho e ter cuidado para que o equipamento não seja mal utilizado. Este aumento do peso da responsabilidade pode justificar o número de candidaturas. No entanto, o professor não aparenta preocupação. “Com o tempo cada vez vamos ter mais mais candidaturas.” E os alunos que entrarem daqui a dois anos nem saberão que este programa não existia. Valter Ventura acredita que, como não vão ter termo de comparação, vão surgir muito mais candidatos. Joana Antunes


6 | ESTA JORNAL • Novembro 2010

SOCIEDADE

versão completa em www.estajornal.com

António Manuel Henriques de Jesus, Comandante dos Bombeiros Municipais de Abrantes

“Há liberdade, mas isto não é uma anarquia” Detentor de vários louvores e medalhas, o comandante dos Bombeiros Municipais de Abrantes foi acusado, num sítio da Internet, de ser ditador. António de Jesus garante que existe liberdade de expressão no seu corpo de bombeiros e acrescenta: “O meu trabalho não é agradar, é comandar”. JULIANA MADEIRA

Juliana Madeira

Um elemento anónimo do seu corpo de Bombeiros deixou um texto num sítio da Internet no qual lhe faz diversas acusações. Numa delas, acusa-o de autorizar qualquer elemento dos bombeiros que tenha carta de pesados a conduzir o veículo mais caro do município. Por que mudou as regras? As regras não mudaram. Referiu que era um bombeiro anónimo, eu nem sei se é bombeiro; é anónimo, não dá a cara. E não é o comandante que autoriza ou não a conduzir: o comandante manda informação para a presidente da Câmara sobre a experiência, como condutor, do bombeiro, e a presidente é que autoriza ou não a condução de qualquer viatura, não só aquela como qualquer outra. É assim que funciona. Mas nesse texto diz-se que com os antigos comandantes esta situação não acontecia. O que mudou? Os meus outros colegas também faziam exactamente assim. Neste corpo de bombeiros nem todos conduzem, cerca de 50% dos bombeiros que têm carta é que têm autorização para conduzir viaturas dos bombeiros. É uma notícia que, vinda de um anónimo, tem o valor que tem. Tenho outras coisas mais importantes com que me preocupar. É verdade que foi expulso de um quartel de bombeiros? Não, eu não fui expulso, não tenho no meu currículo qualquer expulsão nem neste nem em nenhum quartel de

Defesa. “ Não sou avaliado por anónimos que não têm capacidade técnica”.

bombeiros. Quando saí dos Bombeiros de Ferreira ainda me foi atribuído um louvor do Município pelo trabalho desempenhado e até está no meu currículo. Se isso é expulsão, eu então gostava de ser expulso todos os dias. No mesmo sítio da Internet, alguém que se identificou como bombeiro de segunda classe da sua coorporação, diz que “o melhor líder é aquele que consegue aliar todas as ideias e chegar a um consenso”. Não é possível comandar a cooperar? É, e eu tenho tarefas definidas no corpo

de bombeiros para isso. Por exemplo, todas as primeiras segundas-feiras de cada mês tenho reunião com as chefias; às sextas-feiras tenho reunião com os responsáveis pelas diversas áreas. E tenho recebido alguns trabalhos escritos com diversos tipos de funcionamento, que eu aceito e aplico, se for caso disso. Têm a total liberdade de, aqui e só aqui, no corpo de bombeiros, exporem as suas opiniões. Há liberdade, mas isto não é uma anarquia. Mas aqui há postos, não é um posto de bombeiros para agradar, é para servir. Mas ultimamente pare-

ce que é mais fácil ir para os ‘sites’ falar, apresentando-se como anónimos. Mas o que poderá esse anónimo ganhar com isso? Não sei, se calhar tem a ver com a redução de faltas que se tem vindo a verificar desde que sou comandante. Talvez devido a formas de funcionamento que impus. Se calhar, por estas não lhe agradarem. Mas o meu trabalho não é agradar, é comandar, e também não é mandar, é comandar. Desde que assumiu o cargo de comandante, as faltas de assiduidade da sua equipa passaram mesmo de 535 a 133. Qual é a fórmula? A fórmula tem talvez a ver com a crítica que me fazem: é saber comandar. Eram 135 faltas, mas felizmente este ano tenho apenas meia dúzia, se tanto. Não justificadas, devo ter três ou quatro faltas. Por isso, já não são 135 faltas, passamos para sete no presente ano. Como se consegue uma diminuição tão drástica e em tão pouco tempo? Se calhar, é a tal história do líder. Não ando atrás de ninguém com armas. É saber mandar? Exacto. Dizem que eu sou tão ditador, que em quatro anos ainda não apliquei qualquer pena resultante de um processo disciplinar. E agora o corpo de bombeiros até tem mais operacionais, recebeu cerca de sete bombeiros que pediram transferência para aqui, por vários motivos. Então por que se queixam tanto os seus bombeiros? Não se queixam tanto, basta um anó-

nimo para estar todo o dia a escrever. E é só um. E eu até convido quem tem direito a ir ao CDOS (Centro Estatal de Operações de Socorro) ver a capacidade de resposta do corpo de bombeiros e o trabalho efectuado. Aí é que está quem me avalia. Quem me avalia é a população. E é por aí que eu quero ser avaliado. Não quero, nem sou, avaliado por anónimos que não têm capacidade técnica para me avaliarem. Os Bombeiros Municipais de Abrantes trabalham 13 horas diárias, fazendo um turno pago como profissionais e outro como voluntários pago a 2€ por hora. Qual é a sua posição relativamente a este assunto? Os voluntários vêm aqui fazer o serviço voluntário aos sábados, domingos e noites, e a Câmara dá-lhes uma compensação de 2€ por hora. Os bombeiros profissionais só fazem voluntariado se fizerem uma declaração ao comandante a dizer que querem fazer. Portanto, não estou a ver onde está o problema. O que foi notícia não foi o facto de os voluntários receberem 2€ por hora. A notícia foi que as pessoas que fazem esse trabalho a 2€ por hora são bombeiros profissionais, e um bombeiro profissional de segunda classe que faça horas extraordinárias receberá em média 6,75€ por hora e não 2€ como os voluntários... Mas um bombeiro profissional só faz serviço voluntário se quiser. Tenho bombeiros profissionais que, quando fazem horas extraordinárias, recebem as horas que fizeram. Mas há outros bombeiros que também são profissionais, mas fizeram uma declaração ao comandante a dizer que estão disponíveis para integrar equipas de voluntários, como qualquer cidadão pode integrar. Então os bombeiros profissionais recebem como bombeiros profissionais, no desempenho de horas extraordinárias? Sim, se ele pretender recebe, recebe exactamente o que está na lei. Não há um bombeiro profissional que possa dizer que o comandante lhe cortou uma hora extraordinária que ele tenha feito ou que o Município se tenha negado a pagar.

Município de Abrantes quer aprender na área da prevenção da violência MANUEL ANTÓNIO

Manuel António

Rute Gonçalves e Ana Costa, técnicas da Rede Integrada de Intervenção na Violência da Amadora e a Câmara Municipal da Amadora (RIIVA), têm andado um pouco por todo o país a partilhar a sua experiência na implementação de uma nova forma de abordar as questões da prevenção da violência. Esta experiência tem sido apresentada como um exemplo positivo e, por isso, a Câmara de Abrantes convidou-as a vir apresentar o projecto. O objectivo é identificar soluções, já experimentadas, para aplicar no terreno. Celeste Simão, vereadora da Câmara de Abrantes, explicou que o exemplo da RIIVA pode dar origem a um projecto semelhante nesta cidade, “com a consequente adaptação à realidade e necessidades locais”. A 23 de Outubro, perante uma assistência composta maioritariamente

Futuro. Cenário de crise agrava as condições das vítimas de violência doméstica.

por representantes de insituições que lidam com casos de violência, as técnicas da RIIVA explicaram como têm vindo a contornar “a falta de articulação entre os diversos serviços públicos”.

A experiência da Amadora começou com o Diagnóstico Social realizado em 2004, no qual o fenómeno da violência doméstica aparecia como um problema bastante grave. Mas como a violência é

um fenómeno social, é obrigatório uma visão global, um trabalho integrado e uma clara estratégia no estabelecimento de parcerias. Foi assim que, em 2008, a RIIVA iniciou o seu caminho. Com um Observatório contra a violência a funcionar com o apoio de uma universidade, a investigação, a formação de agentes, a prevenção de comportamentos violentos, o tratamento de agressores e o atendimento e acompanhamento da vítima são hoje realidades implementadas no concelho da Amadora. Mas é o funcionamento em rede, que envolve o Hospital, a Câmara, o Ministério Público, as Juntas de Freguesia e outros organismos, que permite que uma vítima tenha sempre assegurado um espaço aonde se dirigir. A grande vantagem deste trabalho em rede é que a vítima passa a contar com um “gestor de caso” que a acompanha,

evitando, assim, o relato repetido a cada porta que se abre. Com uma taxa de sucesso na ordem dos 50%, hoje, a RIIVA ocupa-se essencialmente sobre os casos de violência doméstica. O futuro levanta ainda mais problemas, tendo em conta o cenário de crise. Se até agora uma vítima de violência doméstica, mesmo com um vencimento de 500€, dificilmente conseguia sair de casa, nos próximos tempos será ainda mais difícil encontrar alternativas. Abrantes continua sem Rede de apoio à Vítima, mas, segundo Sofia Loureiro, psicóloga da autarquia responsável por esta iniciativa, já se recebem pessoas em situações de violência doméstica. Pessoas que, segundo a GNR, desde o início do ano, já materializaram mais de 60 denúncias. Também no Hospital de Abrantes têm vindo a ser identificados alguns casos de mulheres que explicam a origem dos ferimentos.


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SOCIEDADE TERESA FRANCO

Norberto Mourão, biamputado por causa de um acidente, garante que não vai parar

“Quero ser campeão” Rita Pereira

Norberto Mourão foi pasteleiro de profissão durante nove anos e dez dias. A 29 de Setembro de 2009, com 30 anos, sofreu um grave acidente de mota. A partir desse momento a sua vida mudou drasticamente: as duas pernas foram-lhe amputadas. Com a boa disposição que o caracteriza, afirma: “Eu consegui sobreviver, logo a partir daí consegui ganhar força”. Nunca desanimou. Contra todas as expectivas, vai voltar a andar, com próteses no lugar das pernas. Se conseguiu esta vitória, também se sente com forças para ser campeão no remo ou na canoagem. Norberto Mourão usa as redes sociais para contar a sua estória, para dar conta dos avanços que vai fazendo e, também, para apelar à solidariedade de quem o queira ajudar financeiramente. Para além de estar no facebook, tem um blogue que actualiza com as suas angústias e vitórias: http://biamputado.blogspot.com . Num post colocado a 19 de Outubro de 2010, Norberto diz: “Nestas últimas semanas começou uma das fases mais aguardadas neste percurso até voltar a andar, trata-se da construção das próteses. Para já pouco posso falar acerca do assunto, mas a minha felicidade é tanta que não consigo guardar só para mim.” Depois do acidente desejou que a sua vida tivesse terminado naquele preciso momento? Nunca desejei isso. Foi complicado, e a recuperação muito difícil. Os médicos diziam que era muito difícil sobreviver, que era mais fácil eu ganhar o euro milhões do que ter sobrevivido. Consegui sobreviver. Logo a partir daí consegui ganhar força. A família deu-me bastante apoio, tive sempre o hospital cheio, desde amigos a familiares. No início talvez tenha tido um pouco de sorte divina vá…! (risada) Um pouco a ajuda dos Deuses para conseguir aguentar até à operação. Então a sua força inicial foi a força em Deus… No primeiro dia, nas primeiras horas sim… Como descreve a sua recuperação e quais os métodos utilizados? A recuperação tem sido algo excepcional, os métodos utilizados na fisioterapia baseiam-se sempre em exercer os membros superiores, dado que fiquei sem os membros inferiores no acidente. Como fortaleci bastante os membros superiores também faço treino de

marcha com ortopróteses para o efeito, com próteses de treino, que nos dão para manter a postura e ganhar algum equilíbrio. Desta forma adaptamo-nos para termos as nossas próteses e uma vida mais normal, dentro do possível. Têm condições de acessibilidade em casa? Em casa neste momento tenho. No início não tinha porque, como moro num primeiro andar, tenho algumas escadas. Mas o meu pai conseguiu fazer algumas rampas, tenho duas rampas de acesso para a casa que eu consigo subir e descer sozinho. Sei que são bastante inclinadas e é um bocado arriscado… Mas eu consigo subir sozinho (sorriso). Tem algum tipo de ajuda por parte de alguma instituição? Pois…essa é a parte mais triste. As instituições não ajudam… Dentro de casa, do portão para dentro, foi o meu pai que arranjou, mas para fora deveria ser a Junta de Freguesia a tratar disso ou a Câmara Municipal. Nunca fizeram nada, apesar de prometerem que iam arranjar a rua, alcatroar. Nunca fizeram nada. Acha que a sociedade está preparada para receber pessoas com deficiência? Por muito que se diga que se começa a estar preparado, ainda não está. Existe muito trabalho pela frente, não só a nível das barreiras arquitectónicas, que é o que se vê. Vai melhorando, mas ainda não está conforme o necessário. Depois existe também mentalização das pessoas, as pessoas têm sempre tendência a olhar para o lado,

desviar o olhar, olhar para o chão, como se estivessem ali à frente de uma pessoa que não fosse normal, que lhes pudesse pegar alguma doença. Não se trata de nada disso. As mentalidades ainda precisam de ser bastante alteradas. O que sentiu com o olhar das pessoas a primeira vez que saiu à rua? Tentei não dar muita importância, mas acabei por me sentir um pouco triste e um pouco em baixo. Afinal, nós estamos ali, somos as mesmas pessoas que éramos antes. Isto não é nenhuma doença, não é

“As pessoas têm sempre a tendência de olhar para o lado” problema nenhum. Apena temos de olhar em frente e conseguir ultrapassar tudo. Qual foi o objectivo da criação do seu blogue e dos websites com a descrição de toda a recuperação? Numa primeira fase, ainda estava eu internado, comecei a fazer pesquisa juntamente com amigos meus sobre próteses e outros casos semelhantes ao meu, para ter uma noção dos passos que deveria seguir, das possibilidades que haveria em relação ao meu caso, à perna esquerda ou à perna direita para voltar a andar. Vi alguns sites do Brasil, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, mas Portugal não

tinha absolutamente nada. Comecei a pensar que queria tentar fazer algo para que as pessoas em Portugal consigam ter acesso e saibam que processos existem. No meu caso foi um acidente, mas a informação serve também para outras pessoas, tendo em conta as diferentes possibilidades que existem para a utilização de próteses neste país. O que pretende fazer no futuro? Quais os seus projectos e ambições? O que está prestes a realizar-se é meter as próteses e voltar a andar. Ainda tenho muito trabalho pela frente, as próteses estão em construção, mas está tudo muito bem encaminhado. Tendo em conta o treino na fisioterapia, eu penso que está tudo num bom caminho. Já comprei um carro adaptado, só estou à espera que o carro chegue para começar a procurar emprego, tentar fazer algo e começar a treinar remo ou canoagem. Conseguindo adaptar-me bem ao remo ou à canoagem não quero só treinar por treinar, quero treinar para ser o melhor, quero ser campeão nacional, campeão mundial e possivelmente campeão paraolímpico. Pelo menos, é para isso que vou treinar, vou tentar lutar para isso. Se não conseguir, pelo menos tentei. Mas temos de pensar alto, tal como eu sabia que a possibilidade de voltar a andar, no início, ia ser um caminho muito difícil. Eu pensei sempre que ia conseguir e, então, consegui. Na canoagem e no remo eu estou a pensar da mesma maneira. Eu quero conseguir, vou lutar para conseguir!

RITA PEREIRA

Futuro. Arranjar emprego e treinar para ser campeão paraolímpico são as metas de Norberto Mourão

UTIA OFERECE DISCIPLINAS DIFERENCIADAS Teresa Franco

É na Rua Actor Taborda que reside a Universidade da Terceira Idade de Abrantes (UTIA). Uma pequena loja paroquial esconde por trás uma grande escola. Esta Universidade representa, desde 4 de Maio de 1998, todos os alunos que escolheram uma rotina diferente da habitual para pessoas já reformadas. Bancos de jardim, jogos de cartas e televisões foram trocados para dar lugar a toda uma vasta lista de disciplinas disponíveis. Desde o Português ao Inglês, das Artes Decorativas à Introdução ao Estudo da Bíblia, estão no activo cerca de 30 disciplinas. “Não temos mais pois também não temos mais espaço”, lamenta António Trindade, membro da Assembleia Geral, professor e aluno da UTIA. O objectivo da instituição é evitar que “as pessoas da terceira idade 'morram' sentadas em bancos de jardim sem nada para fazer.” Deste modo, a escola encarrega-se de ajudar as pessoas mais idosas, “atraí-las, puxá-las e desenvolver-lhes a mente e o corpo”. Ginástica de manutenção e ginástica geriátrica estão também à disposição dos alunos. A aula de pintura é das preferidas. A funcionar há cinco anos, acabou por ter bastante receptividade por parte dos que lá estudam. Entre conversas paralelas, e enquanto assiste à aula de pintura, Rachel da Rosa descreve os 11 anos que passou na Universidade. Hoje com 83 anos, explica que há dois anos que não voltava ao centro devido à morte do marido, que foi um dos fundadores da UTIA. A antiga aluna diz ter perdido o entusiasmo, mas é com orgulho que fala de todas as obras que fez até então. O trabalho da sua eleição é a pintura a óleo em panos, sendo as flores a sua temática preferida. Rachel da Rosa chegou a fazer exposições do seu trabalho. Agora relembra as palavras do marido: “Tu fizeste os quadros mais lindos da UTIA”. Os professores da UTIA são voluntários, acabando alguns deles por serem professores e alunos ao mesmo tempo. A instituição é auto-sustentável, tendo apenas um pequeno apoio da Câmara. A SIC Esperança também dá a sua contribuição ao pagar a Internet a todas as Universidades da Terceira Idade (UTIS), para além dos alunos que pagam uma cota anual de 15€. Como qualquer Universidade, esta tem também uma Tuna, com cinco anos de existência. Para além disso, existe também um grupo de cavaquinhos. São de Norte a Sul do país os sítios onde já foram e o seu Hino, “O Hino da Amizade”, foi escrito por uma aluna, não uma qualquer, mas sim a mais velha da escola: Dona Piedade, como é conhecida na comunidade, tem 91 anos.


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SOCIEDADE Projecto PROVE promove venda de produtos hortofrutícolas frescos sem intermediários MANUEL ANTÓNIO

Mais de 100 interessados para 40 cabazes Manuel António

Desde 10 de Setembro, dia escolhido para o arranque da iniciativa, que todas as sextas-feiras alguns produtores e muitos consumidores se encontram no âmbito do projecto PROVE – Promover e Vender – com o patrocínio da Tagus. Esta Associação de Desenvolvimento Integrado do Ribatejo trouxe para Abrantes este projecto já difundido um pouco por todo o país, que consiste em assegurar a entrega de cabazes de produtos hortofrutícolas frescos, da época e de qualidade assegurada. Os 10 euros para levar sete a oito quilos de produtos da horta, tornam-se, segundo Maria da Graça, “sem dúvida, muito vantajoso em termos económicos”. Mas o preço não é o único motivo para esta abrantina ter aderido ao PROVE. Maria da Graça partilha o gosto pela economia solidária e trouxe a filha para que também tivesse o contacto com estas coisas e com estes produtos. Nos seus planos estão, também, visitas aos locais de produção. A entrega dos cabazes é feita nas antigas instalações do Quartel dos Bombeiros Municipais de Abrantes por assinatura dum protocolo entre a Câmara Municipal e o Núcleo de Produtores do Ribatejo Interior. Os sete produtores de Abrantes, Constância e Sardoal, envolvidos na iniciativa, já não têm capacidade para fazer face às encomendas. “Foi tudo muito rápido”, dizem os agricultores. A lista de inscritos já ultrapassa a centena e há semanas só se conseguem encher 40 cabazes.

Mesmo sem encomenda assegurada, há gente que aparece em busca de alguma desistência. É o caso de António Augusto, 69 anos, residente no centro da cidade de Abrantes. Para além de considerar que o preço do cabaz é vantajoso, este abrantino valoriza a iniciativa por ser uma forma de apoio à economia local. Por outro lado, o seu interesse em comprar bons produtos traduz-se numa tentativa de prevenir doenças. Finalmente, “vir contactar com estas coisas é uma proximidade sentimental às raízes”. E se há gente que vem em busca do que viveu, há outras pessoas que vêm em busca da surpresa. É o caso de Clara Espósito, que afirma peremptoriamente: “Para além de ter os produtos do campo mesmo à porta de casa, o elemento surpresa anima-me”. Isto porque, apesar de haver uma informação sobre as preferências de cada consumidor, nunca se sabe, ao certo, o que virá no cabaz. Francisco Lopes é um dos elementos do PROVE de Abrantes. Uma das suas missões é distribuir receitas que incluam um produto pouco usado, mostrando as suas potencialidades. Na última sexta-feira de Setembro a receita incluía o marmelo, sugerindo-se que "as pessoas larguem as batatas numa refeição e utilizem o marmelo como guarnição de carne". Também foi sugerida uma sobremesa de marmelo, que não é a tradicional marmelada. Na sua qualidade de agricultor, Francisco Lopes explica que os cabazes vendidos desta forma são um produto colectivo: "em função das possibilidades e

I Encontro da Diáspora Abrantina

Objectivos. Estimular a economia local, garantir a subsistência dos pequenos agricultores e eliminar intermediários.

das características dos terrenos e do que cada um vai plantar nos próximos meses, semanalmente decidimos a composição do cabaz, principalmente em função dos produtos da época." Relativamente à grande procura, Francisco Lopes espera "não defraudar as pessoas", apesar de a organização não estar preparada, inicialmente, para esta situação. Uma das soluções poderá passar pelo aumento do número de produtores envolvidos. Se os objectivos principais do PROVE são uma forma de estimular a economia local, garantir a subsistência dos pequenos agricultores, eliminar os intermediários, garantir o escoamento e garantir aos consumidores hortofrutícolas acabados de sair da horta, frescos, sem longas viagens, nem produtos químicos, imaginemos então o que poderia ser um projecto no qual as escolas e os vários organismos públicos servissem refeições mais amigas da saúde e passassem a ser parceiros deste projecto, de forma a perseguirem

uma “ecologia territorial”. Se esta foi uma temática unânime entre todos os produtores e consumidores, já o Poder Político ficou-se pelo “nim” ou pelo talvez. Francisco Lopes admite que o escoamento de produtos de qualidade para instituições públicas "abriria expectativas extradordinárias", até porque poderia ser "um contributo fundamental para reduzir as terras abandonadas". Mas o problema reside na padronização adoptada pelos organismos públicos, que dificilmente se coaduna com estas "práticas sustentáveis, amigas do ambiente". Este agricultor refere o caso das refeições nas instituições de ensino: "O que se passa nas escolas, por exemplo, com o “catering” chegado não sabe de onde. Cumprem as normas impostas, mas isso apenas nos garante que a gente não morre disso." José Gusmão, economista, eleito nas listas do Bloco de Esquerda pelo distrito de Santarém, lembra que o seu partido apresentou uma proposta de escoamento

FERNANDA MENDES

A terra do coração "A terra onde se nasce é a terra do coração", afirma Pedro Marques, actual director do ACES (Agrupamentos de Centros de Saúde) de Mira D'aire e organizador do I Encontro da Diáspora Abrantina. Esta iniciativa nasceu de uma conversa de amigos e estendeu-se no Facebook. O encontro de pessoas para as quais Abrantes significa algo de importante e positivo acabou por acontecer, a 23 de Outubro, no Parque de São Louenço. Pretendia-se confraternizar e criar laços mais estreitos entre todos aqueles que aqui nasceram, aqui trabalharam ou trabalham, aqui estudaram ou estudam, aqui vivem ou que, apenas, sentem por Abrantes afectos que os levam a identificar-se com a cidade e com o concelho. O ambiente foi muito agradável e contou com a participação de cerca de 40 pessoas.

A iniciativa começou com a degustação de produtos regionais e terminou com a actuação dos Kwantta, uma banda de originais de Abrantes. O som deste grupo é uma fusão de rock, música tradicional, blues, reaggae e funk. Em palco, os instrumentos como o trombone, saxofone, acordeão e alguma electrónica contribuem para um ambiente contagiante de alegria. Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, também compareceu no Encontro para, através de um pequeno discurso, demonstrar o quanto estava honrada por alguém ter tomado uma iniciativa tão importante como esta. De maneira geral, todos os que participaram no Encontro afirmaram que esta foi uma óptima iniciativa e que foi muito agradável. Porém esperavam que

Convívio. Participantes defendem que esta é uma iniciativa a repetir.

houvesse mais pessoas a responder ao desafio. Isabel Pereira, de 50 anos, natural de São José das Matas, em Envendos, esperava ver amigos de outros tempos: "Gostei imenso e só tenho pena é que não tenham vindo mais pessoas para podermos recordar os colegas com quem passámos a fase da adolescência."

Márcia Lourenço, de 50 anos, natural de Envendos, considera que a iniciativa “é de louvar”. Ter a possibilidade de rever as pessoas e voltar a relembrar certos momentos “é extraordinário”. Por isso, acredita que os que não participaram nesta Diáspora por não terem tido conhecimento certamente que vão

de produtos de agricultura biológica para insituições públicas, como hospitais e escolas. "É o mínimo que o Estado poderia fazer, aliás com vários benefícios financeiros indirectos para o Estado, para além dos benefícios para os produtores e consumidores. Só uma visão míope da gestão dos equipamentos do Estado é que impede que isso não seja já uma prática generalizada..." Relativamente ao PROVE, José Gusmão encontra inúmeras vantagens: "Estas experiências contribuem para a estabilização da nossa agricultura, na medida em que a protegem das flutuações dos mercados internacionais". Por outro lado, o deputado salienta que "a proximidade entre produtores e consumidores é um factor de segurança e de melhoria de qualidade dos produtos". Finalmente, a limitação do transporte dos produtos corresponde a um "modelo mais sustentável de distribuição da produção agrícola".

“lamentar”. Márcia Lourenço conclui: “Este tipo de eventos é muito importante, pois temos muitas saudades e é normal que gostemos de nos encontrar. E é uma iniciativa que já há muito tempo esperávamos". Ana Gaspar, de 49 anos, natural de Envendos, afirma que estudou em Abrantes na fase de adolescência. Viveu cá durante quatro anos e o que a levou a afastar-se foi o facto de ter ido estudar para Lisboa. O marido, natural do Algarve, conta que nunca tinha vindo a Abrantes até casar. Agora, José Gaspar confessa que gosta “imenso da cidade". Lurdes Pereira, de 46 anos, aproveita para deixar uma mensagem ao organizador do evento: "É uma mensagem de alento. Acho que é muito positivo e espero que continue, porque as pessoas gostam imenso de reencontrar os amigos, de estreitar laços outra vez com as pessoas que nos dizem alguma coisa. Encontrei aqui uma colega que já não via há 20 anos, o que é muito agradável".Vera Mendes


Novembro 2010 • ESTA JORNAL | 9

SOCIEDADE

JOANA FERREIRA

Da garrafa ou da torneira?

Vale de Roubam. Consumidores nem sempre conhecem a qualidade da água mas dizem que “sabe bem”.

Água que não tem “aquele produto” Joana Ferreira

O chão está repleto de folhas secas que vão caindo com o vento das árvores que fazem sombra à fonte. Em redor da fonte existem mesas de pedra. Num local de passagem onde raramente se escuta o silêncio situa-se, entre Rio de Moinhos e Abrantes, a fonte de Vale de Roubam. A ausência de silêncio é causada pelo som dos veículos que passam constantemente, ou pela água que corre a toda a hora. Corre aparentemente límpida e fresca. Nos dias de hoje, devido à poluição e às contaminações que afectam

a qualidade da água que consumimos, a população pensa duas vezes antes de se dirigir a uma fonte. Com a fonte de Vale de Roubam não é assim. As pessoas vão parando para se refrescar e encher os garrafões ou as pequenas garrafas que trazem consigo. Alguns afirmam não conhecer a qualidade da água. “Eu gosto dela, mas não sei nada relativamente à qualidade ”, afirma Joaquim Costa, que costuma ir regularmente buscar água àquela fonte. “A única coisa que sei é que sabe bem beber esta água”. Nem todos os que param são habitantes de Abrantes ou dos arredores. Alguns estão de passagem e têm por

hábito parar sempre que passam por estes lados. “Quando se passa aqui duas ou três vezes num ano bebe-se esta água”, refere Joaquim Lopes, que vive no Alentejo. Outras pessoas param meramente por acaso. “Parei aqui, porque estava com sede, e calhou ser a caminho”, conta Ricardo Silva. “Para além disso só ouço dizer bem desta fonte”. Como a água não serve só para beber, há quem procure a água da fonte de Vale de Roubam por outros motivos. Por exemplo, para as azeitonas. “Vim buscar água para as azeitonas porque não tem aquele produto, aquele cloro”, explica Francisco Gomes. “Assim a azeitona não amolece tão rapidamente”.

A água é uma substância química composta por hidrogénio e oxigénio essencial para todas as formas de vida. Foi na água que, há cerca de 3800 milhões de anos, surgiu vida na Terra. Muitas fontes de água doce estão agora poluídas ou simplesmente secaram. A porção de água que nos resta encontra-se ameaçada, pois somente agora estamos a dar conta dos riscos que representam os esgotos, o lixo e resíduos. Noventa e sete por cento da água existente no planeta é salgada, podendo ser encontrada nos mares e oceanos. Dois por cento encontra-se congelada sendo inacessível, resta-nos assim um por cento de água doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos. É esta água que se encontra disponível em todo o planeta para que possa atender a mais de seis biliões de pessoas. Um dos problemas que se coloca por questões ambientais é a quantidade de água engarrafada que as pessoas compram. O plástico tem como matériaprima o petróleo e o gás natural, dois recursos não renováveis. Para fabricar garrafas de água, são utilizadas mais d e 1,5 milhões de toneladas de plástico. O plástico liberta algumas toxinas e algumas substâncias podem ser mais difíceis de controlar na garrafa do que na torneira, pois estas encontram-se armazenadas por períodos mais longos e a temperaturas mais altas. Depois de as garrafas serem utilizadas e não sendo recicladas, vão para aterros sanitários. O planeta está cheio de aterros sanitários e é aí que as garrafas permanecem durante uma centena de anos devido à sua baixa decomposição. No entanto, actualmente, o processo de reciclagem

O “nutriente fundamental” JOANA FERREIRA

A roda dos alimentos Portuguesa foi criada em 1977 para a campanha de Educação Alimentar “Saber comer é saber viver”. Ao longo do tempo, os conhecimentos foram evoluindo e surgiram diversas alterações alimentares, que conduziram à necessidade da sua reestruturação. Em 2003, um grupo de nutricionistas da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, em parceria com o Instituto do Consumidor, criaram a Nova Roda dos Alimentos. Fernando Polidoro, professor na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, fala ao ESTAJornal sobre a importância da água na escola, até porque a água se encontra agora no centro da roda dos alimentos. Fernando Polidoro não tem dados objectivos para afirmar se os alunos da sua escola bebem mais água da torneira ou mais água engarrafada. “Mas a

experiência de observar o que se passa, quer no bar, quer no refeitório”, diz-lhe que eles “bebem fundamentalmente água da torneira”. Também depende das épocas do ano. “Na Primavera e no Verão faz muito mais calor e bebem mais água. Provavelmente trarão água de casa.” O professor de Biologia pensa que “na restante parte do ano, quer no bar, quer no refeitório, eles bebem água da torneira”. O mesmo acontece com muitos professores: “bebem água da torneira até porque a água da torneira tem boa qualidade”. Apesar das qualidades da água, os alunos preferem sumos. A estratégia da Escola Dr. Manuel Fernandes é a de fornecer sumos naturais. Têm uma máquina no bar que é exclusiva para fazer sumo de laranja. “Como aqui na escola há um conjunto de laranjeiras, aproveitamos as laranjas que ali se ob-

Essencial. A água surge num lugar de destaque na nova roda dos alimentos.

têm para fazer sumos naturais”, refere Fernando Polidoro. Fernando Polidoro explica que a água é estudada nas disciplinas nas Ciências Naturais do 2º e 3º ciclo e

também na Biologia e Geologia do ensino secundário. Nos diferentes níveis e disciplinas, a água “é estudada do ponto de vista de um nutriente fundamental aos organismos vivos” e “como meio

de resíduos movimenta uma grande indústria, evitando assim que este problema se acentue. Em Portugal a água, em geral, é boa para consumo. Só é imprescindível beber água engarrafada quando viajamos para países subdesenvolvidos ou com águas que contêm microrganismos diferentes daqueles a que o sistema digestivo está habituado. No que diz respeito à água engarrafada, a EPAL informa sobre as suas propriedades e micro nutrientes, o que é especialmente importante para doentes renais, hipertensos ou crianças pequenas. Mas não há nada que indique que a sua concentração é a ideal. Mais de metade da água engarrafada que se vende não é proveniente de nascentes, é água de torneira purificada. Manuel António, um trabalhadorestudante residente em Abrantes, defende a ingestão de água da torneira. São essencialmente “quatro categorias de razões” que o levam a beber água da torneira: “respeito pelas questões ecológicas”; segurança alimentar, uma vez que “o controlo é muito maior”; “natureza económica, pois é muito mais barata”; “ questões ideológicas”. No entanto, também são muitos aqueles que desconfiam da qualidade da água da torneira, não arriscando e optando, assim, pela água engarrafada. Vitória Maria, doméstica que vive na Batalha, refere que tem por hábito beber água engarrafada. “Não confio totalmente na qualidade de água, só em último recurso bebo água da torneira. No entanto, não dou muita atenção a essas questões”. J.F.

ambiente onde existem os seres vivos”. Um instrumento essencial para esta aprendizagem é a nova roda dos alimentos, “um diagrama dividido em sete fatias que tem a água no centro”. O professor de Biologia lembra que a antiga roda dos alimentos só tinha sete fatias e que a nova roda subdividiu o grupo das hortícolas e dos frutos e o grupo dos nutrientes energéticos. “Ou seja, na totalidade não são cinco, mas sete grupos, com a água formando um círculo pequenino no centro.” Fernando Polidoro explica que a presença da água no centro normalmente é interpretada como sendo o constituinte fundamental de todos os alimentos. “Mais ou menos todos têm água, principalmente os hortícolas têm volumes muitos elevados de água. Chegam a ter noventa e tal por cento de água.” Mas o facto de estar no centro dá-lhe algum destaque uma vez que é um “nutriente fundamental”. Fernando Polidoro remata: “Nós podemos passar muito tempo sem comer, mas é muito mais difícil passar sem beber.” J.F.


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SOCIEDADE PIEF, uma nova oportunidade para alunos que abandonam a escola ‘normal’

Incluir quem foi excluído JULIANA MADEIRA

Juliana Madeira

São nove e meia da manhã e estamos na aula de Matemática do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) de 2º ciclo, da Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes. Um powerpoint com figuras geométricas pinta a parede branca ao lado do quadro de giz, que ocupa quase toda a parede. Os alunos conversam e riem muito, mas as constantes perguntas da professora, colocadas de forma amigável, não permitem distracções. O PIEF é uma iniciativa do Ministério da Educação e do Trabalho e da Solidariedade. Este programa destina-se a menores em situação de abandono escolar ou de exploração de trabalho infantil, que correm ainda um forte risco de exclusão social. O objectivo é dar a estas crianças uma nova oportunidade para completarem a escolaridade obrigatória e obterem uma certificação escolar e profissional. Na sala estão presentes alunos com habilitações literárias diferentes. A presença de dois professores por disciplina é essencial para um apoio mais individualizado aos jovens que têm mais dificuldades. Andreia, sozinha numa carteira no fundo da sala, permanece calada e muito atenta a algo que tem no dossier. Responde rápido às perguntas da professora e esconde o olhar para que esta não tenha oportunidade de lhe colocar mais. A outras perguntas, responde. Gostas do PIEF? Sim. O que é que o PIEF tem que o ensino normal não tem? Não sei porque nunca fui às outras aulas. Agora vens? Agora sim. Venho sempre, mas só quero acabar o PIEF. Então e depois o que queres ser? Depois? Depois não quero ser nada, mas gostava de trabalhar num café. Ainda na sala de aula, a um dedo no ar segue-se uma pergunta dirigida à docente: “Podemos fazer equipas e ver quem ganha?” A técnica do jogo funciona sempre, a competitividade saudável é óptima para lhes estimular o interesse e, por isso, a professora aceita a proposta de bom grado. Na sala do lado, o PIEF de 3º ciclo está em Área de Projecto. No quadro, o sumário das lições 5 e 6 refere que a aula será dedicada à elaboração do painel de certificações e à distribuição de tarefas para a concretização do mesmo. Cada um trabalha na tarefa que lhe cabe: uns colocam os pregos, outros pintam o quadro e outros constroem os paralelepípedos que serão depois colados nesse quadro. No painel de certificações estão escritos os nomes de cada um dos alunos que compõem a turma, e na frente de cada nome surgem as competências que vão adquirindo, como a assiduidade, a responsabilidade e os conteúdos. Débora já tem quatro das 17 competências. Cabe-lhe agora a tarefa de manter as que tem, e tentar conquistar as restantes, para obter depois o seu certificado. Gostas do PIEF? Sim. O que é que o PIEF tem que o ensino normal não tem? Tem menos aulas, temos mais liberdade e os professores são nossos amigos. Às vezes até paramos durante as aulas para falar um bocadinho e antes não. Queres continuar a estudar? Ainda não sei bem, mas se continuar quero alguma coisa na área de Mecânica.

Objectivos. Assiduidade, responsabilidade e aquisição de conteúdos são algumas das 17 competências que os alunos devem adquirir.

O ENTENDIMENTO ENTRE PROFESSORES E ALUNOS Os alunos do PIEF têm uma boa relação com os professores, isto deve-se sobretudo aos docentes, que são mais tolerantes no que diz respeito a regras. Horácio Duarte, 40 anos, lecciona no PIEF há um ano, explica como é que se relacionam com os alunos na sala de aula: “Evitamos mandar calar tantas vezes, mas também chamamos a atenção quando é necessário. Eles têm mais liberdade nestas aulas do que no ensino regular, mas ainda acham que deviam ter mais. Não pode ser.” Uma das principais preocupações dos professores “é arranjar estratégias que vão ao encontro das expectativas deles”. De acordo com este professor, para estes alunos “a vida é viver o dia-a-dia, é deixar andar, passar o tempo, se possível sem fazer nada”. Susana Rosa concorreu normalmente e só soube que ia estar no PIEF quando chegou à escola. A primeira coisa a fazer foi informar-se sobre este Programa Integrante e, depois, adaptou-se bem. “Está a ser diferente, mas está a ser interessante. É muito diferente do ensino regular, mas eu também tenho um percurso muito variado e isso talvez ajude.” Uma vez que os alunos do PIEF têm características especiais, também a forma de trabalhar com eles tem que ser diferente. Susana Rosa evita dar aulas demasiado expositivas, simplifica os assuntos e explica-os de forma directa. “Normalmente eles reagem bem a tudo o que são actividades de âmbito experimental e prático.” Umas vezes mais do que outras, a motivação dos alunos acaba por surgir. Sempre que um aluno não está a conseguir integrar determinado projecto, são definidas estratégias de apoio individualizado. A ideia é insistir na procura de diferentes formas para chegar ao mesmo objectivo, ou não fossem estas aulas de integração. Rita Chambel tem 28 anos e trabalha no PIEF há seis anos. O seu papel é acompanhar os alunos que,

na Escola Dr Manuel Fernandes, em Abrantes, frequentam este tipo de ensino. Uma das suas missões é falar abertamente com eles sobre os problemas que surgem na escola. “Eu sou como um mediador, quando existem conflitos tento harmonizar as coisas de ambos os lados”. E os pais são também um elemento determinante neste tipo de formação: “Aqui os pais estão muito presentes e ajudam bastante, isto acontece porque temos uma relação diferente com os JULIANA MADEIRA

Bruno Ribeiro. “Aqui fazemos mais visitas de estudo”

encarregados de educação que o ensino normal não tem. Sempre que o aluno não está presente na escola, telefonamos para saber o que se passa, e eles sentem que nós queremos mesmo ajudar.” O PIEF em Abrantes tem já algumas histórias de sucesso. Rita Chambel recorda o aluno que. em poucos meses. completou a formação que lhe faltava, tendo conseguido alcançar o seu sonho: ir para a tropa. Um outro “foi certificado o ano passado e agora está a tirar um curso de Higiene e Segurança com equivalência ao 12º ano”. Os actuais alunos também querem ser casos de sucesso. Bruno Ribeiro foi expulso do ensino regular porque nunca ia às aulas. Na brincadeira posa para a câmara e diz que é manequim. Gosta do PIEF e diz que é divertido. “Aqui fazemos mais visitas de estudo e outras actividades. Até já fizemos canoagem”. Quando se fala em futuro, diz que depois de acabar a escolaridade obrigatória quer ir para a tropa. Edmundo Dias de 16 anos foi expulso do ensino regular por excesso de faltas. Gosta do PIEF e quer continuar a estudar. Quando acabar o 3º ciclo quer tirar um curso profissional de Mecânica. O que mais gosta do PIEF é que aqui pode aprender com calma, porque “os professores são mais fixes, no ensino normal são mais rigorosos e assim não apetece estudar”. Pedro Pereira gosta do PIEF porque tem um horário melhor do que no ensino regular. Costumava faltar às aulas, mas o que o levou a ser expulso da escola foi o seu mau comportamento. “Fui expulso porque me portava mal. Uma vez, atirei uma cadeira para cima do professor, mas agora já não faço isso, aqui quero portar-me melhor”. Diz que está na altura de se emendar e que quando acabar o PIEF quer tirar um curso de Mecânica e Electricidade com equivalência ao 12º ano.


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CULTURA Mantra: música introespectiva, pessoal e filosófica

“Nem sempre os bons se safam” DANIELA AFONSO

Daniela Afonso

Apesar do ambiente descontraído, o ensaio decorre com muita música e pouca conversa. A garagem fica cheia com os cinco membros da banda, adolescentes entre os 14 e os 19 anos, que se embrenham na sua música. O portão verde da garagem das Lapas, concelho de Torres Novas, fica aberto, deixando o som voar mais longe, atraindo locais e transeuntes curiosos. A banda, formada por dois pares de irmãos e Henrique Almeida, garante que os seus maiores apoiantes são a família, agradecendo aos avós dos irmãos Godinho e à mãe dos irmãos Lopes. No que diz respeito a fãs, acham que não existe nada oficial, mas a ideia divertiu-os. “Não temos clube de fãs, mas vamos ter!” Contaram que gostariam que este hobby avançasse para um outro nível, mas acreditam que será muito difícil: “Em Portugal, a música é algo muito imprevisível, onde nem sempre os bons se safam. O que é importante é ter-se cunhas para se chegar a algum lado e isso, infelizmente, nós não temos. Estamos à espera que surja alguma

Futuro. “Não temos clube de fãs, mas vamos ter!”

coisa. Não estamos a prosperar isso, mas, se surgir, tanto melhor.” Como tudo começou A naturalidade com que os Mantra se formaram deve-se ao facto de surgirem na sequência de uma outra

banda. “Foi relativamente fácil, arranjámos apenas um novo baterista e outro guitarrista” - explica o vocalista. Não se intitularam de Mantra ao acaso, escolhendo este nome devido à paixão que têm pelos Nirvana, a banda grunge já terminada: “Os Nir-

vana têm alguma ligação à filosofia oriental, daí este nome. Mantra é um ritual budista e achámos que fazia parte de nós, que fazia parte da nossa mentalidade. Viver a vida com uma certa tranquilidade, uma certa paz.” Como todas as bandas de garagem, e

esta não é excepção, estão limitados relativamente ao espaço de ensaio, agarrando todas as oportunidades que lhes são fornecidas. Neste caso, tiveram a sorte dos avós de Wilson Godinho (vocalista) e do seu irmão Luís Paulo (baixista) terem cedido a garagem ao grupo de cinco rapazes adolescentes. “A nossa avó cedeu-nos este espaço de uma forma muito altruísta e, por isso, estamos-lhe muito gratos para todo o sempre.” Intitulam-se como sendo uma banda de originais, mas, apesar disso, tocam músicas de outros autores para cativarem mais ouvintes numa parte inicial, admitindo já terem tocado The Doors, Coldplay, U2, Pearl Jam e Guns N’ Roses. Caracterizando os originais criados pela banda, consideram a sua música “introspectiva, pessoal e filosófica”, tendo como principais influências os Nirvana e alguns nomes da música portuguesa, como Jorge Palma. Contudo, querem arriscar: “Queremos fazer um movimento novo. Estamos a tentar conciliar alguns ritmos mais tecnológicos e música mais electrónica, como Depeche Mode.” Os projectos estão sempre a surgir, à excepção do membro mais novo da banda, o baterista Gonçalo Lopes, todos os outros já escreveram músicas ou já compuseram: “Todos os membros têm liberdade para compor.”

Wilson Godinho, vocalista dos Mantra

“A sensação de estar em palco é óptima” Acabado de entrar na universidade, o vocalista dos Mantra, Wilson Godinho, ainda tem tempo para se dedicar a outros projectos. Num dos ensaios da banda de garagem, onde apareceu com uma típica t-shirt do falecido Kurt Cobain, conta pormenores acerca dos concertos e da rivalidade entre bandas. Como vocalista tem algum cuidado especial com a voz? Não tenho, mas deveria ter. Nomeadamente, não fumar. São vícios, mas tento melhorar isso tanto quanto possível. Agora, em casa, tenho treinado os graves para ver se vou evoluindo e se sai alguma coisa melhor. Mas cuidados, como comer maçãs reinetas, nem por isso. Infelizmente. Qual foi a sensação de sair da garagem para o palco? É óptimo. Mas falo por mim, em relação aos outros membros não sei, mas a sensação é óptima. Sentes que vais expor algo de ti, que não vai ficar só preso aqui nestes tectos e nestas paredes, mas vai para o coração de outras pessoas. PUB

O que mais tocam nos concertos? Covers ou originais? Costuma ser fifty-fifty. Nós tocamos muitos covers, na medida em que não temos ainda muitos ouvintes e queremos sempre cativar o mais possível as pessoas. Então, temos de misturar sempre muita música de outros autores em detrimento das músicas que são compostas por nós. Já tocaram em muitos locais diferentes? Em aalguns. Nomeadamente, em Torres Novas. Esta banda resultou de outras e, nesse processo de evolução, já passámos por vários sítios diferentes. Já aconteceram algumas situações hilariantes nos concertos? Depois dos concertos (gargalhadas).

Depois dos concertos já tive de falar inglês com uma italiana e foi muito interessante. É assim… E acontece muitas vezes não termos som ou chegarmos ao palco em situações menos boas, mas é sempre engraçado. Considero sempre qualquer concerto hilariante. Se algum concerto não tiver algumas dessas particularidades é porque não fomos nós que lá estivemos. Quando é o próximo concerto? Ainda não tem data marcada, mas há-de ser este Inverno. Ainda não temos data garantida, mas vamos ter, que eu vou tratar disso. Ouvi dizer que têm uma banda rival… É verdade? Temos uma grande banda rival… Já agora, onde é que sacaste essas informações?

Disseram-me. Temos bandas rivais, sim (gargalhadas). Quer dizer, não são questões pessoais de rivalidade. A questão é que… Tem uma certa lógica essa pergunta e, também, faz parte da evolução de que eu já falei. Em alguns momentos já estivemos juntos. Algumas das nossas bandas rivais já tiveram membros trocados. Já tivemos o vocalista dos Influenza a tocar órgão na nossa banda. Estão aqui ex-membros dos Indefinidos (Wilson e Luís Godinho e Pedro Lopes). Já estivemos todos juntos, mas depois dividimo-nos em dois. Mas estas rivalidades acabam por ser benéficas porque nos incentivam a trabalhar cada vez mais e a superá-los o quanto possível.


Castanhas na Golegã Vanda Botas, finalista do curso de Comunicação Social da ESTA, é a autora destas fotos. Com este trabalho, assinala-se um evento da região, Feira Internacional do Cavalo, e marcase uma época do ano, o S. Martinho.

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actualidade 11

NOVEMBRO2010

TRAMAGAL

Mistsubishi inicia produção da nova Canter em 1011 O novo modelo da Mitshubishi Canter, que sucede ao que actualmente é produzido em Tramagal, vai iniciar a caminhada em 2011. Tratase da nova versão que vai incorporar novas tecnologias, sobre as quais Jorge Rosa, o administrador, não se pode pronunciar, por questões de estratégia comercial. Mas certo é que a nova gama dos comerciais terá uma versão híbrida e iniciará a produção cerca de um ano depois do arranque da linha de montagem. Para iniciar esta produção, já começou o processo de formação de quadros. Já há deslocações de japoneses a Tramagal para passar a informação aos operários portu-

gueses. O início de produção de uma nova versão “garante” mais nove anos à vida da empresa. É este, segundo Jorge Rosa, o tempo de produção de cada um dos modelos das marcas automóveis. O presidente do Conse-

lho de Administração da Mitsubishi Fuso Trucks Europe adianta no entanto, com satisfação, que o mercado da nova Canter vai ser alargado. A fábrica de Tramagal vai acrescentar aos 32 países da Europa e Israel, a exportação para o Médio Oriente.

Pisão, a capela Um erro, de que nos penitenciamos, em Setembro passado, trocou por outra a foto da Capela de S. Francisco, no Pisão, Alcaravela. Corrigimos hoje o lapso. Na imagem do interior, em mosaico, vemos uma figuração estilizada do Pisão e, por detrás do pri-

meiro plano adivinham-se representações da vida de S. Francisco. Trata-se, sem qualquer dúvida, de uma capela única nas redondezas, a merecer uma visita, apesar de a pequenez do lugar tornar tal visita muito pouco acessível. Fica, no entanto, o registo.

TROFÉUS Vozes da Antena Livre Sarau musical com David Quinas e Filipa Rodrigues e a presença de

Susana Félix Sorteio de um fim-de-semana em Portugal

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ORGANIZAÇÃO

jornaldeabrantes


12 retrato tipo passe

NOVEMBRO2010

IRENE APARÍCIO

A mulher que tudo fez pela sua terra Tenho 89 anos, nasci em São Facundo em 1921, o meu pai era GNR e um grande republicano. Aos dois anos fomos viver para Abrantes. Passámos algumas dificuldades, mas sempre fui capaz de fazer tudo… com a minha sensibilidade em prol do próximo. Andei na escola até à terceira classe em Abrantes. O meu pai foi promovido e colocado em Santarém, onde fiz a quarta classe. Logo a seguir fomos viver para Sardoal. Nessa altura tive de ajudar os meus pais e fui aprender a modista. Aos 14 anos já sabia costurar, mas não era esta a profissão que idealizava, eu queria era ser professora. Mais tarde, fui fazer um exame para regente [professora primária apenas com a quarta classe] em Castelo Branco, tinha 21 anos. Passei no exame e fui colocada em Engarnais Fundeiros, Mouriscas. Lá casei e tive dois filhos, um rapaz e uma rapariga. As coisas com o meu marido não correram bem, senti que era impossível criar os meus filhos naquelas condições e acabei por divorciar-me. Naquela altura foi um acto de coragem. Fiquei com a guarda dos meus filhos e para os criar nas horas vagas dedicava-me à costura. O primeiro vestido de noiva que apareceu nas Mouriscas foi costurado por mim. E não tinha máquina de costura, tinha de pedir emprestada às vizinhas. Passei por muitas dificuldades. Mais tarde saiu uma lei que dava a possibilidade às regentes escolares de frequentar as Escolas do Magistério. Mas não queria ir apenas com a minha quarta

jornaldeabrantes

classe. Antes ainda fui tirar o 2º ano [actual 6º ano]. Senti dificuldades, sobretudo na disciplina de francês, mas lá consegui passar no exame. Foi uma experiência muito gratificante. De regresso a Abrantes fui colocada na Chaminé, onde estive até à reforma. Nessa altura, fui convidada para encabeçar a lista da APU, hoje CDU, à Junta de Freguesia de Bemposta. Eu não percebia nada de política, mas disse que sim, era um desafio para mim. A APU não ganhou, mas eu acabei por ganhar um lugar na Assembleia de Freguesia. Mais tarde o vereador Carlos Madeira teve de se ausentar de Abrantes, e acabei por ir substitui-lo. Fui a primeira mulher vereadora em Abrantes. Na eleição seguinte, ganhámos a Junta de Bemposta, por um voto ao partido socialista. Eu era secretária. Ainda estava a viver na Chaminé e acabei por mudar-me para a Bemposta. Algum tempo mais tar-

de o presidente disse-me que eu tinha de tomar conta da Junta, pois ele tinha de se afastar por motivos familiares. Fiquei com algum receio, era tudo uma novidade para mim, pensei mesmo em afastar-me. Mas as pessoas vinham falar comigo e eu, que nunca fui mulher de estar parada, comecei a dar andamento às coisas. A Junta nem tinha sede, nem tínhamos um local para reunir. Então fui informada de que havia um documento, da altura do 25 de Abril, com a expropriação de um terreno a favor da Junta. Tratei do assunto na Zona Agrária, em Abrantes, e depois em Lisboa, no Ministério da Agricultura. Foi um processo difícil, e demorado. Acabámos por ficar com três hectares. Comecei então as obras para o Parque das Festas e de seguida as obras para a sede da Junta. O que idealizei foi tudo concretizado. Depois, acabei por vir a encabeçar a lista para a Junta, e estive no comando dois mandatos. Outro processo que me empenhei foi a criação [nos anos 80] do Jardim de infância de Bemposta. O Centro de Dia foi outro problema. Tínhamos uma doação por duas senhoras, mas as coisas não poderiam ser como elas queriam. Foi uma longa luta. Tivemos de criar uma associação, mas hoje o Centro está a funcionar. Fui presidente da Direcção durante algum tempo, mas hoje já não. Tudo fiz pela minha terra sem pretender receber algo em troca. Joana Margarida Carvalho e Alves Jana


música 13

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THE GRIM REAPER SOCIETY TRAMAGAL

“Hyubris” e projecto Amar juntos e ao vivo A Sociedade Artística Tramagalense (SAT) junta, a 11 de Dezembro, a partir das 22h00, os “Hyubris” e o “Projecto Amar”. O “Projecto Amar” que nasceu e tem crescido n este ano de 2010 nas instalações da SAT, vai pela primeira vez apresentar-se ao vivo no mesmo palco onde ensaiam e recuperam grandes canções da música portuguesa que ganham nova vida com interpretações a três vozes e novos arranjos musicais. A banda é composta por 12 elementos e apresentou-se ao vivo pela primeira vez em Maio deste Ano na V Gala Antena Livre, e apesar de algumas aparições públicas, é em 2011 que planeiam dar-se a conhe-

cer ao país. Os “Hyubris” já conhecem bem o palco da Sociedade Artistica Tramagalense e este será portanto um (sempre esperado) regresso. Com uma carreira já de oito anos, os “Hyubris” já mostraram ao país o EP “Desafio” de 2003, o primeiro disco de originais “Hyubris” em 2005 e em 2009 o 2º trabalho intitulado “Forja”. Este espectáculo reunirá com certeza temas dos 3 trabalhos da banda de Tramagal.

Banda do Sardoal prepara novo disco Os “The Grim Reaper Society” surgiram no Sardoal em 2005, altura em que Carlos Sirgado e Sérgio Marques tinham um projecto antigo que estava a precisar de ganhar um novo estímulo.

No seio dos “Assemblent”, banda nascida anos mais cedo, foram surgindo novas ideias. Mas, para serem postas em prática, “seriam necessários mais elementos, até porque seriam necessários meios electrónicos e nesse campo o Ricardo (Ribeiro) foi o nome que veio logo à nossa mente”, refere Sérgio Marques, guitarrista da banda. Para a bateria a escolha também foi fácil, visto que os “Assemblent” tinham um “Road Manager”, Carlos Sirgado, que se ajeitava para tocar bateria. Os ensaios das duas bandas são numa antiga taberna no centro do Sardoal, a “Taberna do Gilberto”, aberta como tal durante muitos

anos. Actualmente tem incorporado um sistema que evita que o som passe para o exterior. A banda define o seu som como rock, punk, industrial, com nuances electrónicas e sem voz. Sérgio explica que os “The Grim Reaper Society” fazem “este tipo de música acima de tudo porque gostamos de tocar. Não temos nem nunca tivemos pretensões de índole comercial. Sabemos que este tipo de música não chega

a todas as pessoas, pois não é comum uma banda subir ao palco concerto após concerto sem vocalista. Somos, desta forma, uma banda sonora”. As suas referências musicais passam por nomes como Sex Pistols, Nine Inch Nails, Ministry, Mofo, entre outras. Carlos Santos na guitarra, Sérgio na guitarra, Carlos Sirgado na bateria e Ricardo Ribeiro nos teclados completam a banda. Todos têm vidas profissionais

activas que não passam pela música, mas há sempre tempo para ensaios e para compor novos temas. Para o futuro muito vai acontecer aos “The Grim Reaper Society”. Sérgio Marques revela que a banda está “actualmente a meio das gravações do primeiro disco, e após o fim das gravações vamos realizar um vídeoclip de um dos temas gravados”. Depois, continua o guitarrista, “tentaremos marcar o máximo de datas possível para levar o nosso rock para a estrada, e mostrar pelo país que a música que se faz em Portugal não é só a que passa na rádio”. Para saber mais sobre a banda consulte o myspace oficial em www.myspace.com/ thegrimreapersoiety. Em jeito de conclusão a banda anuncia que foram ainda convidados para integrar a colectânea que a “Antena Livre” pretende fazer com bandas da região. André Lopes

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LUGARES COM HISTÓRIA

O Convento de São Domingos TERESA APARÍCIO

Dos vários conventos que existiram em Abrantes, o de São Domingos é o único que preserva, quase intacta, a sua estrutura original.

Oprimeiromosteirofundado pelos monges dominicanos na nossa região localizou-se em Alferrarede, num sítio antigamente denominado Rio Pombal e mais tarde Mosteiro Velho. A data da sua fundação é incerta, sabe-se, no entanto, que foi anterior a 1472 e que já ali existia uma capela dedicada a Nossa Senhora da Consolação. Mas este local era húmido e insalubre, pelo que “os frades morriam muito”. Passados poucos anos, resolveram mudá-lo para um local próximo, apenas um pouco mais alto, o que não resolveu a situação, pois os frades continuavam a morrer. Foi então que o Prior do convento, Frei João de São Vicente, começou

a desenvolver esforços para o transferir para um local mais saudável, bem exposto ao sol e dentro da vila, onde ficou definitivamente. As obras iniciaram-se em 1509, tendo ajudado muito nesta edificação o próprio D. Manuel I, rei muito ligado a Abrantes, onde nasceram alguns dos seus filhos. Um deles, D. Fernando e sua mulher, D. Guiomar Coutinho, fizeram tambémimportantesdoações a este convento, tendo, após a sua morte, ficado sepultados na capela-mor da igreja. Mais tarde, Filipe II tomou a iniciativa de trasladar os restos mortais do infante para o Mosteiro dos Jerónimos, mas os de sua mulher permaneceram em Abrantes. Apesar de todos estes contributos, o dinheiro escasseava, pelo que o Papa Lino X autorizou que os pescadores do Tejo doassem, em benefício do convento, o produto das pescarias realizadas aos domingos e dias santos.

O edifício ficou concluído, segundo parece em 1527 – esta é a data mais consensual, embora Frei Luís de Sousa, talvez por engano, refira a data de 1517. Sobre a porta da igreja, mandou o Prior colocar uma pedra comemorativa do evento, podendo nós, ainda hoje, ver na entrada da Biblioteca António Botto, um

fragmento dessa mesma pedra e sob a sua entrada principal, encontra-se uma cópia, executada pelo artista abrantino Euclides Reis, sob a orientação do Doutor Candeias da Silva. O Senhor Jesus do Capítulo é a imagem mais famosa que este convento possuiu. Segundo parece, foi trazida

de Roma, em 1452, por D. Lopo de Almeida, 1º Conde de Abrantes. O seu nome deve-se ao facto de a imagem ter sido colocada inicialmente na Casa do Capítulo, sendo depois transferida para a capela-mor da igreja, para que todos a pudessem admirar. Era e é uma imagem de grande devoção, sobretudo

em alturas de grandes secas, encontrando-se hoje na igreja de S. João. Este convento foi extinto em 1834, quando da extinção das Ordens Religiosas em Portugal. O edifício foi depois ocupado por várias outras instituições como o Regimento de Infantaria 2, a Escola Preparatória D. Miguel de Almeida e hoje, depois de importantes obras de remodelação, parte das suas instalações estão ocupadas pela Biblioteca Municipal António Botto. No seu interior, ainda se pode admirar o bonito claustro quinhentista e vestígios de pinturas, no que fora em tempos a abóbada da capela-mor do convento. Bibliografia: Morato, Manuel António, “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes”, edição da Câmara Municipal de Abrantes, 1982. Silva, Joaquim Candeias, “Jornal de Alferrarede”, Janeiro 1995

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cultura&espectáculos AGENDA DO MÊS

Pequeno Formato em Abrantes A exposição PEQUENO FORMATO nasceu de um encontro de vontades. Um colectivo unido pela sua ligação à cidade de Abrantes - pelo nascimento ou pela vivência. Uns amantes da arte, outros casados e com certidão passada pelas Escolas Superiores de Arte. Todos, e cada um à sua maneira, foram acompanhando o percurso expositivo desta Galeria, partilhando as suas sensibilidades estéticas e, humildemente, estiveram presentes para receber muitos outros artistas que por aqui passaram. O desafio foi lançado: metro e meio de parede a cada um, os formatos não superiores ao A4 e do chão até ao tecto tudo podia ser arte. Unidos nessa vontade, sem um tema proposto e sem percursos artísticos comparáveis, ou até conciliáveis, resta-nos a surpresa da diferença. Um encontro, sem preconceitos, de poéticas várias, expressões e intenções, resultando numa apresentação em que os distintos aspectos formais, de conteúdo e estéticos estabelecem a dinâmica da própria exposição.

Exposição “Pensamento sobre” no Centro Cultural Gil Vicente O Centro Cultural Gil Vicente no Sardoal vai ser palco da exposição “Pensamento sobre” da autoria de Eduardo Patarrão. A exposição que estará patente no Centro Cultural até ao dia 27 de Novembro, oferece ao público 20 obras do artista nascido em Carnaxide à 72 anos atrás. “Pensamentos sobre” representa o rosto real de figuras conhecidas no panorama nacional. Nomes como Fernando Pessoa, Eusébio, Amália, Raul Solnado entre outros, coexistem num mundo de cores, padrões, efeitos e imaginação. Eduardo Patarrão já participou em mais de 70 exposições, tanto individuais como colectivas, em Portugal e no estrangeiro. Iniciou-se com pintura sobre pano e evoluiu para a pintura a óleo, acrílico e mistura sobre a tela. As suas pinturas pretendem transmitir um sentimento de libertação conjugada com a luz e agarrar as cores da natureza.

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Abrantes

Maria Helena Alho no “País das Maravilhas” Maria Helena Alho acaba de lançar o livro “País das Maravilhas” , com o sub-título de “Histórias do nosso quotidiano escolar contadas no feminino”. Helena Alho é de Abrantes e professora na Escola D. Miguel de Almeida. Da autora podemos respigar algumas palavras de apresentação. “Pelo país fora, os episódios de indisciplina e violência continuam a suceder-se – vitimizando professores e alunos, destruindo famílias, minando a confiança da comunidade na sua escola e nos seus principais agentes educativos, manchando cada vez mais a imagem do ensino público.”“Ao escrever este livro, que mergulha – em larga medida – em episódios de indisciplina e de violência em meio escolar, foi esse o meu principal interesse: uma abordagem centrada nos contextos e nos seus actores.” “Vidas – é também isso o que, com estas histórias de indisciplina e de violência escolar contadas no feminino, se visita.” (Editora Hugo Mota, 12€)

Até 25 de novembro - Exposição “Água é Vida” - Trabalho de alunos de várias escolas do concelho de Abrantes - Biblioteca António Botto Até 10 de dezembro - Exposição Colectiva “Pequeno Formato” – Galeria Municipal de Arte 19 de novembro - Música - A Música e a Percussão - Percussão da Metropolitana - Cine-teatro São Pedro, às 10h30 25 de novembro - Entre nós e as palavras com José Carlos Barros - Biblioteca António Botto, às 21h30 26 de novembro - VIII Jornadas de História Local - Biblioteca António Botto, das 9h30 às 17h30 11 de dezembro - Música - Concerto de Hyubris e “Projecto Amar - Sociedade Artística Tramagalense, a partir das 22h00

Barquinha Até 30 de novembro - Mostra Bibliográfica de Dan Brown - Biblioteca Municipal 20 de novembro - Apresentação do romance - O Segredo de José de Arimateia de Júlio Manuel Pereira - Auditório do Centro Cultural, às 16h00 20 e 21 de novembro - Feira de Época - venda de produtos, artesanato, chás, doçaria e animação com - Barquinha Saudosa e Grupo de Cavaquinhos da Universidade sénior - Centro Cultural , a partir das 15h00

Constância Até 27 de novembro - Exposição de fotografia Constância ao Crepúsculo” - Posto de Turismo, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 17h30

Até 30 de novembro - Mostra Bio-bibliográfica sobre Margarida Fonseca Santos - Biblioteca Alexandre O’Neill, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30 Até 30 de novembro - Exposição -Letras e Cores, Ideias e Autores da República - Biblioteca Alexandre O’Neill Até 20 de dezembro - Exposição Constância em 1910 - Antiga Cadeia, de terça-feira a domingo, das 15h00 às 17h00 De 23 a 28 de novembro - Semana da Cultura Científica - Centro Ciência Viva de Constância 28 de novembro a 5 de dezembro XXIV Feira do Livro - Centro Náutico – Ver destaque Cinema - Biblioteca Alexandre O’Neill, às 15h00: 20 de novembro – “Em Busca de um Milagre” 27 de novembro - As Crónicas de Nárnia: Leão, a Feiticeira e o GuardaRoupa”

Sardoal Até 26 de novembro - Exposição Artes no PIEF - trabalhos de alunos do Programa Integrado de Educação e Formação de Abrantes - Biblioteca Municipal, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 Até 27 de novembro - Exposição - Pensamentos sobre - Pintura de Eduardo Patarrão - Centro Cultural Gil Vicente, de terça a sexta-feira das 16h00 às 18h00 Cinema – Centro Cultural Gil Vicente 27 de novembro - Cartas para Julieta, às 16h00 e às 21h30 12 de dezembro - Toy Story 3, às 16h00



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CLASSIFICADOS

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saúde 19

NOVEMBRO2010

SAÚDE É ...

Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

Inverno - Gripe à porta O Inverno está a chegar e com ele a possibilidade de constipações e gripes serem mais frequentes. A constipação é caracterizada por sintomas normalmente ligeiros a moderados que desaparecem passada uma semana, geralmente sem necessidade de tratamento (congestionamento nasal, alguma tosse e por vezes febre baixa). A gripe ocorre todos os anos, sobretudo nos meses de Outono e Inverno, atingindo um número considerável de indivíduos. A maioria dos casos cura num curto espaço de tempo sem tratamento, no entanto, registam-se casos graves e mortes essencialmente em grupos de risco: idosos, pessoas com doenças crónicas e doenças do sistema imunitário e em crianças muito jovens. A gripe resulta do contágio pelo Vírus Influenza e é altamente transmissível de pessoa para pessoa e a gravidade da doença depende de cada indivíduo. Com inicio sú-

bito, os sintomas normalmente presentes são: febre, podendo ser elevada, arrepios de frio, tosse, congestão nasal, dores musculares e articulares, dores de cabeça e garganta, cansaço, perda de apetite. Como vem sendo hábito nos últimos anos o mês de Outubro e seguintes constituem-se como os períodos da campanha de vacinação contra a gripe sazonal. De acordo com as Orientações da Direcção Geral da Saúde os grupos-alvo prioritários para a vacinação são: pessoas com idade igual ou superior a 65 anos; doentes crónicos e imunodeprimidos, com mais de 6 meses de idade; grávidas com tempo de gestação superior a 12 semanas; profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados; Na presente época, 2010/2011, a vacina contra a gripe sazonal é cedida gratuitamente nos Centros de Saúde a determi-

nados grupos de indivíduos entre os quais, os Beneficiários do Complemento Solidário para Idosos. Informe-se no seu Centro de Saúde. Se ficar doente com gripe deve seguir algumas recomendações: tapar a boca e o nariz com um lenço/toalhete de papel para se assoar, quando tossir ou espirrar; usar os lenços de papel apenas 1 vez, deitando-os de seguida no balde do lixo; lavar frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente depois de se assoar, espirrar ou tossir; arejar frequentemente a casa, abrindo as janelas; beber bastante água por dia; Em caso de necessidade ligue a linha SAÚDE 24 (808242424) e obtenha ajuda Fernando Nogueira Enfermeiro

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