7 minute read

FICHA TÉCNICA: BRASÍLIA

Next Article
DIAGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO

Ficha técnica Burle Marx e o movimento modernista

O processo de renovação da arquitetura e da arte brasileira reflete diretamente o novo jardim que será produzido no país (VAZ, 2012, p.12).

Advertisement

“O modernismo brasileiro tem entre suas particularidades a relação entre o internacionalismo e nacionalismo, estando esse embate presente na literatura e nas artes a partir dos anos vinte” (CARDOSO, 2012, p. 52). Apresentam uma renovação à realidade brasileira, permitindo a renovação estética a partir dos modelos europeus: cubismo, expressionismo, ideias futuristas, dadaísmo, construtivismo, surrealismo, resultando de inspirações para busca à criação da identidade artística brasileira. Consequência dessa busca pela identidade nacional, surge a primeira fase do movimento moderno (1992-1930) dando início a Semana de Arte Moderna de 22, que influenciaram diretamente no desenvolvimentos nos trabalhos de Roberto Burle Marx. (AMARAL, 1998 apud CARDOSO, 2012). Para melhor compreensão da linguagem adotada por Burle Marx para o desenvolvimento dos projetos paisagísticos, será realizado um panorama resumida das influências e características do estilo adotado por Burle Marx. A principal meio de influência consiste no ingresso na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro – aula ministrada por Lúcio Costa: estética moderna –, compreende os principais pensamentos estéticos e ideias propostos pelos modernista, sendo adquiridas como diretrizes fundamentais em suas obras.

Evidenciar o ensino da arquitetura modernista neste período não é em vão uma vez que, apesar da formação em pintura, praticamente toda sua produção paisagística é vinculada ao desenvolvimento da nova arquitetura, ou seja, foi a partir do contato com os arquitetos modernistas que Burle Marx adquiriu a base para criar seus jardins: o edifício moderno (CARDOSO, 2012, p. 56).

Curiosidade sobre Semana da Arte Moderna realizado em São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1992, no Teatro Municipal da Cidade no qual se consolidou o início do movimento moderno no Brasil: artes plásticas, literatura, design com a linguagem da realizada nacionalista, estabelece então uma ruptura política, econômica e cultural dos movimentos anteriores (BOAVENTURA, 2015)

Sobre Roberto Burle Marx (São Paulo, Brasil, 1909 – Rio de Janeiro, Brasil, 1994): Nomeado um dos maiores paisagistas e fundamentador do paisagismo no brasil e no mundo. Paisagista, arquiteto, desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista reunida a sensibilidade artística tem sido representada em todas suas obras paisagísticas. Sua vinda para Rio de Janeiro (1913), e entrada Escola Nacional de Belas Artes possibilitou conhecer Lúcio Costa, que mais tarde se tornaria representante do Movimento Modernista no Brasil e no Mundo Assim como a arquitetura se torna principal vínculo do paisagismo moderno no Brasil. na década de 50, se consolidou como processo de urbanização em que permitiria “reeducar os hábitos e percepções visual da população” (SANTIAGO, 2009, p. 84) . Nesse momento a produção de espaços urbanos públicos de lazer para população, como: parques e praças se tornam demanda nas cidades brasileiras.

Representando arquitetura moderna brasileira, atribuindo ao

paisagismo a identidade, “caráter tropical aos jardins brasileiro”, sendo notável a composição plástica das formas e composição da paisagem em suas obras. “Desta maneira, percebe-se que uma característica marcante deste artista era seu método de criação. Ele elaborava seus projetos paisagísticos como pinturas sobre tela” (COSTA, 2011, p. 26-27; CARDOSO, 2012).

A vegetação entra no procedimento compositivo como elemento que quando trabalhado em grupos ou maciços, tem suas características morfológicas reforçadas [...] Para Burle Marx o jardim não deveria apresentar apenas coerência quanto à forma, mas quanto às suas funções ecológicas [...] tinha crença de que, além da relação estética entre espécimes vegetais também, em um projeto paisagístico, é necessário considerar aspectos que envolvem a exigência das espécies (VAZ, 2009, p.17-18)

Segundo Vaz (2009), a composição dos jardins de Marx até o início da década de 1950 era predominante curvos, e que depois desse momento ocorre um ressignificado de novas formas (novas experimentações geométricas influenciada pela Bauhaus e Stijl) e relações espaciais, seriam responsáveis por espaços livres como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM. A nova representação da forma dos jardins, em 1960, apresenta da utilização das formas puras, distribuídas sobre uma trama ortogonal (grid) como parte da composição sinuosas presentes em seus jardins anteriores, permitindo experimentação de combinações geométricas mantendo a essência expressa em suas obras iniciais.

O mosaico português, amplamente utilizado nos pisos desde o início de sua carreira, possibilitou ao paisagista a elaboração de multiplicidade de grafismos no desenho de piso e delimitação das áreas de canteiros de seus projetos (VAZ, 2009, p.19-20)

Os estudos formais de linguagem e regras de composição desenvolvidos por Roberto Burle Marx contribuiu para o reconhecimento da identidade brasileira do movimento moderno e da própria cultura brasileira, marcadamente a preocupação com: as características físicas e climáticas do local e o conhecimento botânico como elemento de composição – entendimento da necessidade de cada espécie. Essas soluções serão incorporadas na nova capital e inclusive em algumas superquadras, sendo está a superquadra 306 sul e na

Praça dos cristais – cujos jardins são projetados por Burle Marx. Para entender melhor a paisagem de Brasília e a unidade da superquadras, será apresentado uma breve descrição de seu planejamento e seu processo de criação.

Figura.: Edifício Capanema - São Paulo (1939-1943); Jardim de Burle Marx junto a Arquitetura Moderna Brasileira

Fonte:

1)https://www.facebook.com/SitioBurleMarx.Iphan/photos/pcb.2872074716188878/2872 074652855551/ 2)http://papodearquitetas.blogspot.com/2013/01/palacio-gustavo-capanema-marco-da. html 3)https://bisbilhotandoarqedecor.files.wordpress.com/2016/10/gustavo-capanema-bisbi lhotandoarqedecor-felipe-lago-1.jpg?w=720 Figura.: Pinturas dos Jardins desenhados por Burle Marx e Desenho do Calçãdão de Copa Capacabana - RJ por Burle Marx Fonte:https://i.pinimg.com/originals/75/68/33/756833a20a4c40dae224741fd5d4c01b.jpg ehttps://images.adsttc.com/media/images/57a1/fb85/e58e/ce8a/4000/00cb/large_j pg/BeFunky_Collage.jpg?1470233459 Figura.: Calçãdão de Copa Capacabana - RJ por Burle Marx Fonte:https://images.adsttc.com/media/images/57a1/fb85/e58e/ce8a/4000/00cb/lar ge_jpg/BeFunky_Collage.jpg?1470233459 e https://i.pinimg.com/originals/e3/d8/f7/e3d8f720b5f9b3d648c49c97b3667b71.jpg Figura.: Trecho do paisagismo de Burle Marx na Praça dos Cristais em Brasília Fonte: https://br.pinterest.com/pin/371335931781022515/

Ficha técnica Paisagem urbana Escala Residencial

“Brasília foi erguida do zero, e antes de sua construção, a área era ocupada predominantemente pelo Cerrado – um dos maiores biomas brasileiros e considerados um dos mais ricos tipos de savana do mundo” (BOMTEMPO, 2019, p. 20).

O desenvolvimento do Plano Piloto de Brasília, estrutura a combinação das superquadras (escala residêncial), entrequadras e o comércio local estrutura o tecido urbano como elemento fundamental para concepção das unidades de vizinhança descrito por Clarence Perry em 1929. Este modelo é integrado às:

[...] árvores de porte, prevalecendo em cada quadra determinada espécie vegetal, com chão gramado e uma cortina suplementar intermitente de arbustos e folhagens, a fim de resguardar melhor, qualquer que seja a posição do observador, o conteúdo das quadras, visto sempre num segundo plano e como que amortecido na paisagem. Disposição que apresenta a dupla vantagem de garantir a ordenação urbanística mesmo quando varie a densidade, categoria, padrão ou qualidade arquitetônica dos edifícios, e de oferecer aos moradores extensas faixas sombreadas para o passeio e lazer, independente das áreas livres previstas no interior das próprias quadras. (COSTA, 1991, p. 32)

Curiosidade sobre o paisagismo da superquadra idealizada por Lúcio Costa, é que o chão gramado seria espaço de circulação de veículos e pessoas ao mesmo nível, uma vez que os estacionamentos nas primeiras quadras eram conectadas a edificação por marquise (principalmente na Asa Sul como: SQS 113, SQN 105, SQN 303), ou seja, o sistema viário não continua um projeto definido com vias e calçadas. Alguns desses estacionamentos são possíveis observar até mesmo pelo google maps (os que permaneceram), um exemplo é a SQS 113 Bloco F.

No relatório de Lúcio Costa (1992) para o Plano Piloto, a faixa verde arborizada era definida como “cintas arborizadas de enquadramento” que garantiria ordenação urbanística permitindo que seu conteúdo, em segundo plano de visão, fosse amortecido pela paisagem, gerando o envolvimento e o proteção visual nas áreas residenciais. “A ideia era que cada superquadra fossem plantadas árvores de uma mesma espécie, para facilitar a identificação visual da quadra no conjunto urbano” (ROCHA, 2011, p. 33). E por fim garantia a função de cobrir os passeios, envolvendo com faixas sombreadas para os moradores, criando espaços de caminhadas e lazer. Segundo Lima (2003), nota-se que a ideia da faixa verde, a questão ecológica foi pouco valorizada, pois se na área existisse apenas uma única espécie de árvore no local, em caso de doenças ou pragas, todas essas plantas seriam prejudicadas. Por esse motivo, o processo de ocupação de Brasília no final da década de 50 se torna importante para fundamentar avaliação paisagística das superquadras e suas principais características quanto função ecológica da arborização.

“A fim de se obter um bom planejamento urbano Grey e Deneke, 1978, recomendam que as espécies utilizadas não ultrapassem 10-15% do total de indivíduos da população arbórea” (LIMA, 2009, p. 17).

Figura: Diagrama da superquadra e elementos que caracterizam a morfologia residencialFonte: Autoria (2020) O desenho da superquadra inicialmente proposto pela Equipe do Oscar Niemeyer contava com 11 blocos residenciais sobre pilotis e 6 pavimentos enquanto na faixa da 400 contaria com pilotis e 3 pavimentos. Esse modelo de blocos iniciais para cada superquadra foi alterando, porém a taxa de ocupação da projeção é 15%

O desenho previa o tamanho da quadra 280 metros x 280 metros com a cinta arborizada (20 metros em todos os

lados)

This article is from: